Buscar

Inclusão na Educação Física Escolar Realidade ou Utopia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

- 163 - Educação no Brasil perspectivas, horizontes e possibilidades / Fernanda Monteiro 
Rigue; Tascieli Feltrin; Natália Lampert Batista (Organizadoras). – Rio de Janeiro: Dictio 
Brasil, 2020. 281 p. ISBN 978-65-86953-01-5 doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5 
Inclusão na Educação Física Escolar: Realidade ou Utopia? 
 
Everton de Souza1 
 
Introdução 
A inclusão escolar é uma temática muito abordada no meio 
acadêmico, é grande o número de produções específicas a este tema 
e alguns periódicos são dedicados exclusivamente a pesquisas nesta 
área. Muitos pesquisadores e profissionais da educação estão 
centrando suas atenções em como promover uma inclusão de 
qualidade aos alunos com deficiência, e não apenas integrá-los à 
escola. 
Esta área encontra-se em constante transformação, muitas das 
concepções sobre a educação inclusiva que são consideradas 
inovadoras, com poucos anos, podem tornar-se ultrapassadas. Omote 
et al (2005) salientam: 
 
A educação de crianças e jovens com deficiência 
vem sofrendo profundas mudanças nas últimas 
décadas. Procedimentos muito empregados 
durante um período de tempo acabaram 
contestados e abandonados ou transformados. 
Essas mudanças vêm ocorrendo no sentido de 
ampliar progressivamente as alternativas 
educativas e terapêuticas como também as 
oportunidades de participação nas diferentes 
 
1 Especialista em Psicomotricidade, FESL. 
http://doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5
- 164 - Educação no Brasil perspectivas, horizontes e possibilidades / Fernanda Monteiro 
Rigue; Tascieli Feltrin; Natália Lampert Batista (Organizadoras). – Rio de Janeiro: Dictio 
Brasil, 2020. 281 p. ISBN 978-65-86953-01-5 doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5 
atividades da sociedade (OMOTE et al, 2005, 
p.387). 
 
Partimos da premissa que a educação de qualidade é um 
direito de todos, sendo dever do estado promovê-la de maneira que 
desenvolvam integralmente as potencialidades dos escolares. 
Seguindo esta linha de pensamento, Benite et al (2009) afirmam que 
as leis que garantem a inclusão são claras e nossos constituintes 
reinterpretaram o atendimento escolar visando assegurar o direito de 
uma educação a todos, inclusive aos escolares com deficiência. 
Baseando-se no exposto, neste trabalho objetivou-se debater 
a inclusão de alunos com deficiência em aulas de Educação Física. Para 
tanto, em um primeiro momento investigamos a educação inclusiva, 
elucidando as inúmeras implicações que acompanham o processo de 
inclusão escolar. Em seguida, analisamos a inserção destes alunos em 
aulas de Educação Física, desvelando a relevância que esta disciplina 
possui no processo de inclusão e no desenvolvimento integral destes 
escolares. Vale ressaltar, que ao falar em alunos com deficiência nos 
referimos aos alunos que possuem alguma limitação, seja nas funções 
psicológicas, fisiológicas ou anatômicas. Tais limitações geram 
dificuldades ao indivíduo em seu cotidiano, necessitando, assim, de 
um atendimento diferenciado para que consiga desenvolver suas 
potencialidades. 
Se faz relevante para a área educacional discutir a inclusão de 
alunos com deficiência em aulas de Educação Física, pois a inclusão é 
http://doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5
- 165 - Educação no Brasil perspectivas, horizontes e possibilidades / Fernanda Monteiro 
Rigue; Tascieli Feltrin; Natália Lampert Batista (Organizadoras). – Rio de Janeiro: Dictio 
Brasil, 2020. 281 p. ISBN 978-65-86953-01-5 doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5 
um tema dos direitos humanos que necessita constantemente ser 
investigado para que sempre se tenham conhecimentos atualizados 
sobre esta temática que, apesar de ser uma das áreas de estudo que 
mais produz conhecimentos no campo educacional, necessita 
continuamente de produções que desvelem e disseminem 
informações de maneira que os profissionais da educação possam 
apropriar-se destes com a finalidade de melhorarem suas práticas 
docentes. 
 
Educação Inclusiva 
A inclusão escolar é cercada de muitas dificuldades e 
limitações, pois ao longo da história as PCD sempre sofreram 
preconceito de pessoas que os enxergavam como seres anormais e 
incapazes. No entanto, mesmo na sociedade contemporânea e que a 
maioria dos absurdos que eram cometidos com estes sujeitos tenham 
sidos superados, ainda assim, é comum ver esta população sofrer 
muitas discriminações e preconceito devido suas particularidades. 
Foi apenas a partir de meados dos anos de 1980 que a 
educação inclusiva começou a ganhar mais atenção no Brasil, seguindo 
tendências de movimentos mundiais que defendiam a inclusão social. 
Em 1988, na Constituição Federal Brasileira, foi promulgado que a 
educação de qualidade é um direito comum a todos, buscando incluir 
as PCD e promover oportunidades iguais a todos os brasileiros, sem 
diferenciação alguma. Entretanto, algumas iniciativas precursoras de 
http://doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5
- 166 - Educação no Brasil perspectivas, horizontes e possibilidades / Fernanda Monteiro 
Rigue; Tascieli Feltrin; Natália Lampert Batista (Organizadoras). – Rio de Janeiro: Dictio 
Brasil, 2020. 281 p. ISBN 978-65-86953-01-5 doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5 
educação inclusiva foram constatadas ainda no século XIX. Conturdo, 
as iniciativas registradas naquela época eram em instituições 
residenciais e hospitalares, ou seja, fora dos sistemas de ensino que 
estavam se estabelecendo no país (MENDES, 2002; MENDES, 2006). 
Apenas últimas décadas, devido demandas e expectativas 
sociais, que os profissionais da educação tem se voltado para buscar 
novas maneiras de encontrar uma educação escolar inclusiva “com 
alternativas menos segregativas de absorção desses educandos nas 
redes de ensino” (GLAT, PLETSCH, PONTES, 2007, p.344). 
Na década de 1990 dois importantes documentos foram 
elaborados para esta área, a Declaração Mundial sobre Educação para 
Todos em 1990, e a Declaração de Salamanca em 1994. A partir da 
elaboração destes documentos a educação inclusiva passou a ser mais 
discutida no meio cientifico e educacional, desde então, foram muitos 
os ganhos alcançados nesta área que necessita de contínuas 
melhorias. 
A educação inclusiva é compreendida pela igualdade de acesso 
e permanência a uma educação de qualidade a todos, sem restrições 
devido às condições sociais, raças, culturas e individualidades dos 
escolares. As instituições devem acolher os alunos e adaptar-se de 
acordo com as particularidades dos mesmos, para que assim consigam 
atender as suas necessidades (UNESCO, 1994). Glat, Pletsch e Pontes 
(2007) afirmam que a educação inclusiva é mais do que uma nova 
proposta, deve ser compreendida com uma nova cultura escolar que 
http://doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5
- 167 - Educação no Brasil perspectivas, horizontes e possibilidades / Fernanda Monteiro 
Rigue; Tascieli Feltrin; Natália Lampert Batista (Organizadoras). – Rio de Janeiro: Dictio 
Brasil, 2020. 281 p. ISBN 978-65-86953-01-5 doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5 
visa uma educação que atinja a todos, independentemente da 
experiência prévia de escolarização ou das condições intrínsecas. 
Uma escola inclusiva diferencia-se de uma escola tradicional, 
pois em uma instituição tradicional o aluno deve adaptar-se à escola e 
ao seu currículo, enquanto uma escola inclusiva, a instituição, em sua 
totalidade, deve adaptar-se ao educando para atender suas 
necessidades. Contudo, Smeha e Seminotti (2008) percebem a 
educação inclusiva como um paradigma distante da realidade 
observada e muito longe de ser alcançada. Para os autores, no Brasil, 
é inegável a predominância de uma escola excludente pautada nos 
moldes tradicionais. 
O objetivo primordial da educação inclusiva é minimizar as 
situações que impedem os alunos com deficiência de participarem 
plenamente da sociedade, garantindo-lhes o pleno exercício da 
cidadania. Destaforma, a educação inclusiva é fundamental para estes 
por lhes promover a aprendizagem e o desenvolvimento adequado 
das potencialidades (BASSALOBRE, 2008). 
São necessárias mudanças nas atitudes e posturas da 
comunidade escolar para promover a inclusão e não apenas a 
integração destes alunos à escola, pois a inclusão e a integração são 
muito confundidas. Na integração o aluno é apenas inserido no 
contexto escolar, enquanto a inclusão prevê o redimensionamento de 
inúmeros aspectos escolares para assegurar ao aluno com deficiência 
o seu desenvolvimento integral. Dutra e Griboski (2005, p.3) 
http://doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5
- 168 - Educação no Brasil perspectivas, horizontes e possibilidades / Fernanda Monteiro 
Rigue; Tascieli Feltrin; Natália Lampert Batista (Organizadoras). – Rio de Janeiro: Dictio 
Brasil, 2020. 281 p. ISBN 978-65-86953-01-5 doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5 
complementam que “a educação inclusiva não representa a mera 
aceitação dos alunos na escola com suas diferenças, mas a valorização 
da diversidade como uma condição humana e coloca para a educação 
o desafio de avançar no processo” de inclusão e de uma escola que 
atenda à demanda local com qualidade, com apoio educacional 
especializado aos indivíduos que necessitarem. 
Apenas inserir o aluno com deficiência na escola não é o 
suficiente, é necessário que exista todo um processo de adaptação 
para acolhê-lo. Estas adaptações devem abranger desde as estruturas 
físicas até transformações e mudanças na postura dos professores, 
direção, coordenação e alunos da instituição de ensino. Uma escola 
que não se transforma para receber um aluno com deficiência, não 
possibilita o desenvolvimento deste e ainda o excluí, pois não fornece 
os subsídios necessários para assegurar as aprendizagens previstas e 
promover a inclusão. 
No entanto, adaptação e reestruturação de uma escola é um 
processo demorado e muitas vezes fracassado, pois nem sempre a 
instituição terá recursos materiais suficientes, profissionais 
capacitados e a comunidade escolar aberta a práticas inclusivas. Glat, 
Pletsch e Pontes (2007) defendem que para a escola se tornar 
inclusiva, ela precisa formar adequadamente sua equipe e rever a 
interação dos seguimentos interferentes nela, avaliando e 
redesenhando toda a instituição. 
Ao comentar sobre a reestruturação da escola, Mazzotta 
http://doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5
- 169 - Educação no Brasil perspectivas, horizontes e possibilidades / Fernanda Monteiro 
Rigue; Tascieli Feltrin; Natália Lampert Batista (Organizadoras). – Rio de Janeiro: Dictio 
Brasil, 2020. 281 p. ISBN 978-65-86953-01-5 doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5 
(1996) elucida que esse processo é complexo, pois também devem ser 
tensionadas as concepções culturais e políticas, e não somente as 
estruturas físicas da escola. 
A educação inclusiva é de longe algo fácil de concretizar-se, são 
muitas as implicações que dificultam ou até mesmo impossibilitam 
que os alunos realmente sejam inclusos. Em muitas situações as 
escolas não adaptam-se a estes educandos, dificultando uma 
educação de qualidade. Bisol, Sangherlin e Valentini (2013) afirmam 
que existe um abismo entre os discursos no que tange a educação 
inclusiva e a prática desenvolvida. Tal acontecimento pode ser 
percebido diariamente nas práticas pedagógicas realizadas nas 
escolas. De acordo com Paulon, Freitas e Pinho (2005 apud Bisol, 
Sangherlin; Valentin, 2013) as dificuldades mais citadas por 
profissionais da área no que tange a inclusão de alunos com deficiência 
são: a ausência de políticas públicas eficazes; a ideia de uma educação 
para a normalidade dificultando abranger as diferenças; as relações 
entre a criança, a família e a escola; a formação dos professores; a 
ausência de recursos materiais; a dificuldade para adaptar o currículo 
e a falta de assistência no processo de inclusão. 
Entre os fatores que dificultam a inclusão escolar, Rodrigues 
(2006) destaca que o grande número de alunos na sala de aula é 
percebido por muitos como uma barreira para as práticas inclusivas. 
Contudo, o autor destaca que quando existe um bom planejamento e 
a efetivação de um programa que possibilita aos escolares 
http://doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5
- 170 - Educação no Brasil perspectivas, horizontes e possibilidades / Fernanda Monteiro 
Rigue; Tascieli Feltrin; Natália Lampert Batista (Organizadoras). – Rio de Janeiro: Dictio 
Brasil, 2020. 281 p. ISBN 978-65-86953-01-5 doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5 
compartilharem conhecimentos, o número de alunos na sala torna-se 
pouco relevante para as práticas inclusivas. 
Para Capellini e Rodrigues (2009) um dos problemas é a 
abordagem educacional fundamentada na limitação do aluno, que 
ainda é utilizada em diversas escolas, esta fundamentação parte-se da 
concepção de que o aluno com deficiência se desenvolverá melhor se 
inserido em ambientes em que os demais alunos também possuem a 
mesma deficiência ou semelhante. 
Ao comentarem sobre a inclusão escolar, Dutra e Griboski 
(2005) defendem que a educação enfrenta o desafio de ressignificar 
os processos de formação dos professores com o objetivo de 
promover conhecimentos sobre as limitações dos alunos. Para os 
autores, também existe a necessidade em redefinir as políticas 
públicas relacionadas à educação especial, reorganizar os espaços e 
recursos de atendimento e aumentar o envolvimento da família no 
processo de inclusão. 
Barbosa, Rosini e Pereira (2007) ao investigarem as práticas 
parentais em relação à inclusão de alunos com deficiência em escolas 
regulares, desvelaram que muitos pais não estão seguros no que se 
refere à preparação das escolas em promoverem a inclusão. Batista e 
Emuno (2004) afirmam que alguns pais receiam que o nível de 
aprendizagem regresse com a inclusão de alunos com deficiência no 
ensino regular. Entretanto, Omote et al (2005) acreditam que as 
práticas educativas inclusivas serão bem sucedidas somente se houver 
http://doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5
- 171 - Educação no Brasil perspectivas, horizontes e possibilidades / Fernanda Monteiro 
Rigue; Tascieli Feltrin; Natália Lampert Batista (Organizadoras). – Rio de Janeiro: Dictio 
Brasil, 2020. 281 p. ISBN 978-65-86953-01-5 doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5 
uma transformação social da escola, destacam também que é 
necessário mudar a mentalidade da comunidade e da família, 
fornecendo uma rede de apoio, orientação e assessoria ao aluno para 
facilitar sua inclusão. 
 Há um longo caminho a ser trilhado nesta área, pois nenhuma 
escola transforma-se de um dia para o outro, é necessário todo um 
processo de adaptação e quebra de paradigmas para que o aluno 
sinta-se parte da instituição. Ao introduzir o aluno com deficiência na 
escola, os profissionais devem ter o conhecimento de que 
enfrentaram grandes desafios e que será necessário criarem meios 
que possibilitem ao aluno a sua inclusão plena, pois segundo Glat, 
Pletsch e Fontes (2007) apenas incluir alunos com deficiência num 
sistema de ensino precário e sem suporte especializado, não romperá 
com o ciclo da exclusão. Capellini e Rodrigues (2009) salientam que a 
inclusão escolar das crianças com deficiência não se realizará sem a 
avaliação das reais condições que permitem inserções de forma 
gradativa, contínua, sistemática e bem planejada. 
Para que ocorra a inclusão, necessita-se que os envolvidos 
revejam suas concepções e passem a ver a deficiência como uma 
particularidade e não como algo anormal, ou seja, a comunidade 
escolar deve aprender a conviver com a diferença e reconhecer que 
estes alunos possuem suas capacidades e, assim como os demais, 
necessitam desenvolvê-las. 
Uma escola inclusiva se constrói, mas depende de um 
http://doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5
- 172 - Educação no Brasil perspectivas, horizontes e possibilidades / Fernanda Monteiro 
Rigue; TascieliFeltrin; Natália Lampert Batista (Organizadoras). – Rio de Janeiro: Dictio 
Brasil, 2020. 281 p. ISBN 978-65-86953-01-5 doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5 
enquadramento legislativo que assegure o suporte necessário, no 
entanto, se consolidará somente com a prática dos atores que a 
compõem (SILVA, 2011). Sanches (2011) destaca que as escolas 
regulares de ensino devem estar em constante transformação para 
receber os membros da comunidade, a escola nunca será perfeita, mas 
sempre deve visar evoluir, segundo o autor: 
 
A Educação inclusiva supõe uma escola inclusiva, 
uma escola que ‘arranja maneira’ de acolher todas 
as crianças e jovens da sua comunidade, flexibiliza 
e adapta os seus currículos, não se limitando a 
reduzi-los, reestrutura as suas práticas de 
organização e de funcionamento, de forma a 
responder à diversidade dos seus estudantes, 
desde os mais vulneráveis aos mais dotados, 
apostando na mudança de mentalidades e de 
práticas, implicando, valorizando e 
corresponsabilizando todos os intervenientes no 
processo educativo. Uma escola inclusiva é uma 
escola em movimento, uma escola que evolui 
sempre, que nunca atinge o estado perfeito 
(SANCHES, 2011, P.137). 
 
Um cenário que alguns atrás parecia impossível de mudar está 
se transformando, atualmente é grande o número de escolares com 
deficiência frequentando as mesmas instituições que os alunos sem 
limitações. Silva (2006) afirma que a convivência entre escolares com 
e sem deficiência está se concretizando, a ideia de uma escola para 
todos está se tornando realidade, em especial aos alunos que sempre 
foram considerados anormais e incapazes. Contudo, conforme 
http://doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5
- 173 - Educação no Brasil perspectivas, horizontes e possibilidades / Fernanda Monteiro 
Rigue; Tascieli Feltrin; Natália Lampert Batista (Organizadoras). – Rio de Janeiro: Dictio 
Brasil, 2020. 281 p. ISBN 978-65-86953-01-5 doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5 
apontam Bisol, Sangherlin e Valentini (2013) existe uma grande 
diferença entre a prática e os discursos, desta forma, se faz necessário 
investigações que aprofundem este tema, pois não basta apenas o 
aluno frequentar a escola, é necessário que o mesmo tenha um 
desenvolvimento significativo. 
São necessários grandes avanços nesta área. Entretanto, 
observa-se progressos nos últimos anos, cabe aos profissionais da 
educação, tanto os da escola quanto os pesquisadores, desvelarem 
meios que proporcionem melhorias na educação inclusiva, 
proporcionando aos alunos com deficiência uma educação de 
qualidade e assegurando-lhes o status de cidadão, que lhe é direito, 
mas comumente são impedidos de exercerem. 
 
A Inclusão em Aulas de Educação Física 
As aulas de Educação Física, quando bem planejadas, tornam-
se um ambiente privilegiado para promover a inclusão de alunos com 
deficiência. Contudo, se a prática for desorganizada poderá alargar as 
diferenças existentes entre os alunos, tornando-se uma ação 
excludente. Alves e Duarte (2005) também avistam a Educação Física 
como uma disciplina propícia para promover a inclusão, os autores 
acreditam que os professores desta disciplina são mais positivos para 
este processo, que existe também a possibilidade em se desenvolver 
os conteúdos de diferentes maneiras permitindo que sejam realizadas 
as adaptações necessárias para que todos os alunos possam participar, 
http://doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5
- 174 - Educação no Brasil perspectivas, horizontes e possibilidades / Fernanda Monteiro 
Rigue; Tascieli Feltrin; Natália Lampert Batista (Organizadoras). – Rio de Janeiro: Dictio 
Brasil, 2020. 281 p. ISBN 978-65-86953-01-5 doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5 
além do mais, as atividades geralmente apresentam caráter lúdico, 
estimulando a participação de todos. Rodrigues (2003) complementa 
que aparentemente a Educação Física é uma área da educação 
naturalmente inclusiva devido à flexibilidade de seus conteúdos. 
Contudo, Darido (2001) e Soler (2009) afirmam que a Educação Física, 
no contexto escolar brasileiro, tradicionalmente privilegia os mais 
fortes, acarretando na exclusão dos alunos menos habilidosos, dos 
“gordinhos”, das meninas e dos alunos com deficiência. 
A Educação Física tradicional baseada na valorização dos 
corpos fortes dificulta, ou até mesmo impossibilita, a inclusão na 
disciplina. Esta Educação Física, que prioriza a aptidão física, precisa e 
está sendo superada, pois quando se comenta em educação inclusiva 
as práticas educativas devem valorizar a cooperação entre os escolares 
e não a competição, como acontece na Educação Física tradicional que 
privilegia a competitividade ocasionando a exclusão dos menos aptos. 
Os professores têm a tarefa de criarem meios que incluam os 
alunos com deficiência nas aulas sem deixar em segundo plano os 
demais escolares, e vice-versa. Os docentes devem criar os subsídios 
necessários para desenvolver as capacidades motoras, cognitivas e 
afetivas, e principalmente transformar a mentalidade dos alunos em 
relação inclusão, promovendo práticas que cultivem valores humanos 
e atitudes de respeito mútuo. Palma e Manta (2010) compreendem 
que a inclusão de alunos com deficiência em aulas de Educação Física 
é um estigma para a maioria dos professores e alunos da escola, pois 
http://doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5
- 175 - Educação no Brasil perspectivas, horizontes e possibilidades / Fernanda Monteiro 
Rigue; Tascieli Feltrin; Natália Lampert Batista (Organizadoras). – Rio de Janeiro: Dictio 
Brasil, 2020. 281 p. ISBN 978-65-86953-01-5 doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5 
as barreiras de atitude existem, entretanto precisam ser eliminadas 
para que aconteça a inclusão dos alunos. 
As limitações causadas pelas deficiências excluem uma grande 
quantidade de pessoas das atividades sociais. Avanços são 
perceptíveis nos últimos anos, mas existe um longo caminho a ser 
percorrido até que todas as PCD sejam atuantes perante à sociedade. 
A seguir, destacam-se estudos que abordaram a inclusão de alunos 
com deficiência em aulas de Educação Física objetivando trazer novos 
entendimentos sobre o assunto. 
Ao analisarem a participação de um aluno deficiente físico em 
aulas de Educação Física, no ensino fundamental, Palma e Lehnhard 
(2012) constataram que houve uma inclusão parcial do aluno, pois o 
mesmo não participou de todas as atividades realizadas. Os autores 
afirmam que as aulas práticas de Educação Física fazem os alunos 
aproximarem-se, gerando conhecimento por meio das convivências 
que ocorrem. Os resultados da pesquisa, comentada acima, não se 
distanciou da pesquisa de Lehnhard, Palma e Antunes (2011) que 
também investigaram a inclusão de um aluno com deficiência motora 
em aulas de Educação Física, os autores constataram que ocorreu o 
processo de inclusão, entretanto, verificaram que ainda é necessário 
que existam mais diálogos e interações entre os escolares para que a 
inclusão escolar efetive-se de maneira satisfatória. 
Em ambas as pesquisas, observa-se que não ocorreu a inclusão 
dos alunos com deficiência física nas aulas de Educação Física como os 
http://doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5
- 176 - Educação no Brasil perspectivas, horizontes e possibilidades / Fernanda Monteiro 
Rigue; Tascieli Feltrin; Natália Lampert Batista (Organizadoras). – Rio de Janeiro: Dictio 
Brasil, 2020. 281 p. ISBN 978-65-86953-01-5 doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5 
professores almejavam. Pois algumas das aulas desenvolvidas não 
incluíram integralmente os alunos, nas quais ficavam excluídos de 
certas atividades. No entanto, conforme Vitta, Vitta e Monteiro (2010) 
estudos apontam que os deficientes físicos geralmente são muito 
beneficiados com a inclusão na escola regular, pois o que impede a 
aprendizagem desses é a falta de materiais e organização das 
estruturas e não suas restrições. 
A deficiência existe, mas o queimpede a aprendizagem é a não 
adaptação do ambiente que o aluno frequenta. Deste modo, quando 
o professor consegue organizar as atividades de forma que inclua os 
alunos com deficiência nas aulas, estes desenvolvem suas 
competências, pois os alunos possuem limitações, porém, também 
possuem suas capacidades, ao contrário do que muitos pensam. 
As aulas, nas quais participam alunos com deficiência física, 
devem promover uma infinidade de experiências motoras, 
estimulando o aluno, sempre que possível, a desenvolver as atividades 
de maneira autônoma, promovendo desafios que o instigue a superar 
seus limites, mostrando-se capaz e para que, aos poucos, comece 
modificar as concepções dos indivíduos que enxergam a PCD como um 
ser incapaz. 
Cassiano e Gomes (2003) analisaram o processo de inclusão em 
aulas de Educação Física de uma aluna com deficiência visual. Os 
autores desvelaram que a aluna relacionava-se com a maioria dos 
escolares, os quais procuravam interagir e auxiliá-la na execução das 
http://doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5
- 177 - Educação no Brasil perspectivas, horizontes e possibilidades / Fernanda Monteiro 
Rigue; Tascieli Feltrin; Natália Lampert Batista (Organizadoras). – Rio de Janeiro: Dictio 
Brasil, 2020. 281 p. ISBN 978-65-86953-01-5 doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5 
atividades. As diferenças existentes entre os alunos durante as aulas 
foram minimizadas, não existindo nenhuma forma de preconceito ou 
discriminação, demonstrando que muitos dos paradigmas, que 
normalmente se tem em relação à deficiência, já tinham sido 
superados. 
Falkenbach e Lopes (2010) investigaram a inclusão de alunos 
com deficiência visual na educação infantil e no ensino fundamental, 
os autores observaram que os escolares da educação infantil foram 
mais receptivos, enquanto os alunos do ensino fundamental 
apresentaram certa resistência. Segundo os autores, o aluno que foi 
incluso na educação infantil apresentou maior interesse pelas 
atividades desenvolvidas nas aulas de Educação Física, esse fato pode 
ser explicado pela receptividade dos alunos da escola, pois na 
educação infantil interagiam mais espontaneamente. Os autores ainda 
destacam que os professores sentem falta de apoio da comunidade 
escolar e de mais materiais pedagógicos, que são escassos, para a 
prática com os alunos inclusos. 
Maruyama, Sampaio e Rehder (2009) relatam que a maioria 
dos professores acreditam que os deficientes visuais possuem 
dificuldades para aprender. Os autores também destacam que os 
docentes não sabem como proceder com o deficiente visual quando 
inserido em suas aulas. 
A princípio, a crença dos professores de que os alunos com 
deficiência visual apresentam dificuldades na aprendizagem pode ser 
http://doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5
- 178 - Educação no Brasil perspectivas, horizontes e possibilidades / Fernanda Monteiro 
Rigue; Tascieli Feltrin; Natália Lampert Batista (Organizadoras). – Rio de Janeiro: Dictio 
Brasil, 2020. 281 p. ISBN 978-65-86953-01-5 doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5 
explicado pela falta de conhecimento sobre o assunto e de como 
trabalharem com estes, pois os educandos com este tipo de deficiência 
necessitam de metodologias diferenciadas para aprender e não, 
necessariamente, possuem algum atraso cognitivo. 
Ao comentar sobre a deficiência visual, Melo (2004) defende 
que os alunos com esta deficiência, ao realizarem atividades físicas, 
necessitam de intervenções que não fujam de suas realidades, os 
desafios surgidos em decorrência da deficiência não podem impedir 
que a o deficiente visual demonstre suas potencialidades. 
Nas aulas de Educação Física, é necessário que o docente 
realize uma grande diversidade de atividades para que o aluno com 
deficiência visual consiga vivenciar uma pluralidade de estímulos e 
consiga desenvolver suas aptidões. Pois a deficiência visual, apesar dos 
desafios que a acompanham, não gera limitações nos movimentos dos 
alunos que a possuem. Se houve atraso no desenvolvimento motor 
dos alunos deficientes visuais, este se dá pela falta de exploração das 
suas competências motoras e não, propriamente, pela deficiência 
apresentada. 
Em uma pesquisa, Falkenbach et al (2007) elucidaram que os 
professores, de Educação Física, enfrentaram muitas dificuldades para 
trabalharem com alunos com deficiência intelectual, pois os escolares 
não participavam das atividades propostas e ficavam excluídos. Nessa 
mesma pesquisa, os autores analisaram a participação de um aluno 
com síndrome de Down. Segundo os autores, a professora destacou 
http://doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5
- 179 - Educação no Brasil perspectivas, horizontes e possibilidades / Fernanda Monteiro 
Rigue; Tascieli Feltrin; Natália Lampert Batista (Organizadoras). – Rio de Janeiro: Dictio 
Brasil, 2020. 281 p. ISBN 978-65-86953-01-5 doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5 
que não enfrentou grandes dificuldades em trabalhar com o aluno, 
mas que sempre precisava estar atenta para que nada acontecesse de 
errado. O único fato negativo destacado pela docente foi que certas 
vezes o aluno com síndrome de Down agredia os colegas. 
 É possível observar que em relação aos alunos com deficiência 
intelectual, os autores não destacam nenhum desenvolvimento das 
capacidades no decorrer das aulas. Tal fato pode ser explicado por 
Batista e Enumo (2004) ao afirmarem que os alunos com essa 
deficiência são os mais rejeitados pelos escolares de classes regulares. 
Sousa (2008) acrescenta que é mais lenta aprendizagem de um aluno 
com deficiência intelectual. Vitta, Vitta e Monteiro (2010) 
complementam que esses alunos são os que menos se desenvolvem 
ao serem inseridos no ensino regular. 
Segundo Juncken, Oliveira e Malta (1987), o esporte adaptado 
é de grande relevância para a PCD, pois, por meio das práticas 
motoras, desenvolvem-se tanto as capacidades motoras quanto as 
capacidades cognitivas. Para os autores, a PCD torna-se mais 
independente e atuante nos ambientes que frequenta a partir do 
momento que começa a praticar esportes. 
Portanto, uma Educação Física escolar inclusiva é fundamental 
para os discentes com deficiência, pois muitos possuem a 
oportunidade de vivenciarem as práticas esportivas apenas no 
contexto escolar. Ao serem inseridos em uma escola de educação 
básica, é essencial que os alunos que possuem deficiência tenham uma 
http://doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5
- 180 - Educação no Brasil perspectivas, horizontes e possibilidades / Fernanda Monteiro 
Rigue; Tascieli Feltrin; Natália Lampert Batista (Organizadoras). – Rio de Janeiro: Dictio 
Brasil, 2020. 281 p. ISBN 978-65-86953-01-5 doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5 
diversidade de experiências por meio das práticas esportivas e das 
relações que podem estabelecer com os demais alunos. Os 
professores devem incentivar os demais a criarem laços de amizade 
com o aluno que apresenta deficiência, para que ele consiga sentir-se 
confiante, passe a interagir com os colegas e sinta-se parte da escola. 
 
Ação Docente na Inclusão Escolar 
Muitas das implicações que cercam a inclusão de alunos com 
deficiência se dá pela formação inicial que os docentes tiveram, pois 
segundo Filho (2002) muitos cursos de Educação Física não tinham em 
suas grades curriculares disciplinas que contemplassem as atividades 
motoras adaptadas. Para Sousa (2002) a inclusão é um assunto que 
deveria permear todas as disciplinas do curso e não apenas a disciplina 
de atividades adaptadas. Carmo (2002) salienta que um dos desafios 
da Educação Física é conciliar os princípios do curso com os princípios 
da inclusão. Gomes e Barbosa (2006) destacam a importância de um 
aprimoramento contínuo dos professores para que sempre estejam 
aptos à promoverem a inclusão escolar. 
A inclusão de alunos com deficiência em aulas de Educação 
Física é um grande desafio para todos os envolvidos, e não apenas aos 
docentes,pois o aluno com deficiência estará inserido em um novo 
cenário e precisa adaptar-se à escola - e não apenas a escola a ele - 
enfrentando muitas dificuldades e deparando-se com alunos e 
profissionais que nem sempre serão receptivos, os demais membros 
http://doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5
- 181 - Educação no Brasil perspectivas, horizontes e possibilidades / Fernanda Monteiro 
Rigue; Tascieli Feltrin; Natália Lampert Batista (Organizadoras). – Rio de Janeiro: Dictio 
Brasil, 2020. 281 p. ISBN 978-65-86953-01-5 doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5 
da comunidade escolar deverão apreender a conviver com as 
diferenças existentes, deixando de lado qualquer forma preconceito. 
Tavares e Krug (2003) visualizam estes desafios como um 
acontecimento positivo, para os autores os desafios encontrados 
durante a inclusão escolar não proporciona benefícios apenas para a 
PCD e sim para todos os envolvidos neste processo, uma vez que todos 
adquirem experiências por meio das convivências existentes. 
Portanto, compreende-se que a inclusão escolar é um 
considerável aprendizado à comunidade escolar, pois os professores e 
demais membros da instituição adquirem experiência para práticas 
futuras. Os escolares, sem deficiência, têm a oportunidade de 
conviverem com alguém que pode ensinar grandes lições de vida e 
superação. Enquanto o aluno com deficiência passa a exercer seus 
direitos de cidadão, sentindo-se parte da escola e desenvolvendo suas 
potencialidades. De uma maneira geral, a inclusão na educação básica 
somente acrescenta à sociedade, as pessoas devem visualizar a 
convivência com o aluno que possui deficiência como uma experiência 
enriquecedora e não como um problema. 
 
Considerações Finais 
A inclusão no ensino regular é uma tarefa complexa que exige 
professores capacitados, o envolvimento da comunidade escolar e 
uma participação ativa dos pais em todo o processo. Para que a 
inclusão realmente ocorra é necessário que a escola transforme-se e 
http://doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5
- 182 - Educação no Brasil perspectivas, horizontes e possibilidades / Fernanda Monteiro 
Rigue; Tascieli Feltrin; Natália Lampert Batista (Organizadoras). – Rio de Janeiro: Dictio 
Brasil, 2020. 281 p. ISBN 978-65-86953-01-5 doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5 
adapte-se às necessidades do aluno com deficiência, e este adapte-se 
à escola. Além disso, é necessário quebrar os estereótipos no que 
tange este tema, pois conforme apontam Aguiar e Duarte (2005, 
p.227) “a presença do deficiente na escola pressupõe uma mudança 
radical no interior da mesma, seja nos procedimentos de ensino, na 
avaliação, no currículo, enfim, em todas as áreas do sistema escolar”. 
A Educação Física apresenta-se como uma disciplina 
apropriada para promover a inclusão por ser um ambiente mais 
descontraído e possibilitar maior adaptação dos conteúdos. São 
perceptíveis avanços nesta área, pois conforme afirmam Venturini et 
al (2010) a Educação Física está deixando de trabalhar apenas com os 
alunos tidos como normais e vem agregando todos os alunos nas 
atividades, respeitando as particularidades e limitações individuais. 
Compreende-se que são inúmeras as dificuldades enfrentadas 
no processo de inclusão - que nem sempre acontece - de alunos com 
deficiência em aulas de Educação Física, tal fato pode ser observado 
na tentativa de inclusão dos alunos com deficiência intelectual, em 
que os alunos não participavam das aulas e ficavam excluídos, ou seja, 
não há inclusão e sim a integração do aluno às aulas, apenas 
cumprindo as legislações vigentes, sem ganho algum ao escolar. Já em 
alguns casos, os alunos são inclusos “parcialmente”, pois interagem 
com os demais e realizam a maioria das atividades propostas, mas suas 
limitações e a não adaptação de algumas atividades os impedem de 
participarem de determinadas aulas. Rodrigues (2003) relata sobre 
http://doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5
- 183 - Educação no Brasil perspectivas, horizontes e possibilidades / Fernanda Monteiro 
Rigue; Tascieli Feltrin; Natália Lampert Batista (Organizadoras). – Rio de Janeiro: Dictio 
Brasil, 2020. 281 p. ISBN 978-65-86953-01-5 doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5 
este problema afirmando que muitas vezes os alunos com deficiência 
têm acesso à escola, contudo, são dispensados ou excluídos das aulas 
de Educação Física devido à falta de adaptação e receio dos 
professores em trabalhar com estes. 
Apesar de citarmos estudos que abordam a inclusão de alunos 
com deficiência, ressalta-se que a prática com estes é muito singular, 
muitas das atividades desenvolvidas com um aluno podem não dar 
certo com outro que tenha deficiência semelhante. Os professores 
devem procurar conhecer seus alunos para então adaptar a aula, não 
levando em conta apenas a deficiência, mas também os gostos e todas 
as particularidades do discente, pois é comum estes alunos 
apresentarem certa resistência em relação as atividades propostas, 
devido experiências prévias que nem sempre foram positivas. 
A maioria das pesquisas na área educacional, voltadas a este 
campo de estudo, abordam o processo de inclusão escolar com ênfase 
nas relações sociais que os alunos com e sem deficiência estabelecem 
no decorrer das aulas de Educação Física. Muitas pesquisas também 
abordam as concepções dos alunos sem deficiência e dos professores 
no que tange a inclusão de alunos com deficiência no contexto escolar. 
São poucos os estudos que enfatizam o processo de desenvolvimento 
motor e cognitivo desses alunos ao serem inclusos no ensino regular. 
Desta forma, destacamos a relevância de estudos longitudinais 
nesta área, pois é necessário avaliar o processo de inclusão e 
desenvolvimento do aluno com deficiência a longo prazo. Sendo 
http://doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5
- 184 - Educação no Brasil perspectivas, horizontes e possibilidades / Fernanda Monteiro 
Rigue; Tascieli Feltrin; Natália Lampert Batista (Organizadoras). – Rio de Janeiro: Dictio 
Brasil, 2020. 281 p. ISBN 978-65-86953-01-5 doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5 
assim, ressaltamos a importância de pesquisas que aprofundem a 
presente temática, produzindo os conhecimentos necessários para 
atualizar os profissionais da educação e diminuir os preconceitos sobre 
a deficiência, visando proporcionar uma participação ativa dessa 
população na escola e na sociedade. 
 
 
 
Referências 
AGUIAR, J. S.; DUARTE, E. Educação inclusiva: um estudo na área da 
Educação Física. Revista Brasileira de Educação Especial, Marília, v.11, 
n.2, p.223-240, 2005. 
ALVES, M. L. T.; DUARTE, E. A inclusão do deficiente visual nas aulas de 
educação física escolar: impedimentos e oportunidades. Acta sci. 
Human Soc. Sci. Maringá, v.27, n.2, p.231-237, 2005. 
BARBOSA, A. J. G.; ROSINI, D. C.; PEREIRA, A. A. Atitudes parentais em 
relação à educação inclusiva. Revista Brasileira de Educação Especial, 
Marília, v.13, n.3, p.447-458, 2007. 
BASSALOBRE, J. N. As três dimensões da inclusão. Educação em 
Revista, Belo Horizonte, n.7, p.293-297, 2008 
BATISTA, M. W.; ENUMO, S. R. F. Inclusão escolar e deficiência mental: 
análise da interação social entre companheiros. Estudos de Psicologia, 
Natal, v. 9, n.1, p.101-111, 2004. 
BENITE, A. M. C. et al. Formação de Professores de Ciências em Rede 
Social: Uma Perspectiva Dialógica na Educação Inclusiva. Revista 
Brasileira de Pesquisas em Educação em Ciências. v.9, n.3, p.1-21, 
http://doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5
- 185 - Educação no Brasil perspectivas, horizontes e possibilidades / Fernanda Monteiro 
Rigue; Tascieli Feltrin; Natália Lampert Batista (Organizadoras). – Rio de Janeiro: Dictio 
Brasil, 2020. 281 p. ISBN 978-65-86953-01-5 doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5 
2009. 
BISOL, C. A.; SANGHERLIN, R. G.; VALENTINI, C. B. Educação Inclusiva: 
estudo de estado da arte de publicações brasileiras em educação e 
psicologia. Cadernos de Educação, Pelotas, n.44, p.240-264,2013. 
CAPELLINI, V. L. M. F., RODRIGUES, O. M. P. R. Concepções de 
professores acerca dos fatores que dificultam o processo da educação 
inclusiva. Revista Educação, v.32 n.3, 355-364, 2009. 
CARMO, A. A. C. Inclusão escolar: roupa nova em corpo velho. Revista 
Integração, São Paulo, v.14, p.6-12, 2002. 
CASSIANO, F.; GOMES, N. M. O Deficiente Visual no Ensino Regular, 
um Estudo de Caso em Aulas de Educação Física. Londrina: Eduel, 
2003. 
DARIDO, S. C. A Educação Física, a formação do cidadão e os 
parâmetros curriculares nacionais. Revista Paulista de Educação 
Física, São Paulo, v.15, n.2, p.17-32, 2001. 
DUTRA, C. P.; GRIBOSKI, C. M. Gestão para inclusão. Revista Educação 
Especial, Santa Maria, n.26, 2005. 
FALKENBACH, A. P. et al. A inclusão de crianças com necessidades 
especiais nas aulas de Educação Física na educação infantil. 
Movimento, Porto alegre, v.13, n.2, p.37-53, 2007. 
FALKENBACH, A. P.; LOPES, E. R. Professores de Educação Física diante 
da inclusão de alunos com deficiência visual. Pensar à Prática, Goiânia, 
v.13, n.3, p.1-18, 2010. 
FILHO, G. P. Depoimento: O despreparo do futuro professor de 
Educação Física diante das pessoas com necessidade educativas 
especiais. Temas Sobre Desenvolvimento, São Paulo, v.11, n.61, p.45-
47, 2002. 
http://doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5
- 186 - Educação no Brasil perspectivas, horizontes e possibilidades / Fernanda Monteiro 
Rigue; Tascieli Feltrin; Natália Lampert Batista (Organizadoras). – Rio de Janeiro: Dictio 
Brasil, 2020. 281 p. ISBN 978-65-86953-01-5 doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5 
GLAT, R.; PLETSCH, M. D.; FONTES, R. S. Educação inclusiva & educação 
especial: propostas que se complementam no contexto da escola 
aberta à diversidade. Educação, Santa Maria, v.32, n.2, p.342-356, 
2007. 
GOMES, C.; BARBOSA, A. J. G. A inclusão escolar do portador de 
paralisia cerebral: atitudes de professores do ensino fundamental. 
Revista Brasileira de Educação Especial, Marília, v.12, n.1, p.85-100, 
1999 
JUNCKEN, J. T., OLIVEIRA, S. C., MALTA, S. T. M. O esporte na vida do 
deficiente mental. Rio de Janeiro: Rotary Club do Rio de Janeiro, 1987. 
LEHNHARD, G. R.; PALMA, L. E; ANTUNES, M. R. Participação de Alunos 
com Deficiência Física nas Aulas de Educação Física. In: XVI Seminário 
Interinstitucional de Ensino, Pesquisa e Extensão. UNICRUZ, Cruz Alta, 
2011. 
MARUYAMA, A. T.; SAMPAIO, P. R. S.; REHDER, J. R. L. Percepção dos 
professores da rede regular de ensino sobre os visuais e a inclusão de 
alunos com baixa visão. Revista Brasileira de Oftalmologia, v.68, n.2, 
p.73-75, 2009. 
MAZZOTTA, M. J. S. Educação especial no Brasil: História e políticas 
públicas. São Paulo: Cortês, 1996. 
MELO, J. P. O ensino da educação física para deficientes visuais. 
Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v.25 n.3, 117-131, 2004. 
MENDES, E. G. A radicalização do debate sobre inclusão escolar no 
Brasil. Revista Brasileira de Educação, v.11, n.33, p.387-405, 2006. 
MENDES, E. G. Perspectivas para a construção da escola inclusiva. São 
Carlos: Edufscar, p. 61-86, 2002. 
OMOTE, S. et al. Mudança de atitudes sociais em relação à inclusão. 
Paidéia, v. 15, n. 32, p. 387-396, 2005. 
http://doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5
- 187 - Educação no Brasil perspectivas, horizontes e possibilidades / Fernanda Monteiro 
Rigue; Tascieli Feltrin; Natália Lampert Batista (Organizadoras). – Rio de Janeiro: Dictio 
Brasil, 2020. 281 p. ISBN 978-65-86953-01-5 doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5 
PALMA, L. E.; LEHNHARD, G. R. Aulas de educação física e inclusão: um 
estudo de caso com a deficiência física. Revista Educação Especial, 
Santa Maria, v.25, n.42, p.115-126, 2012. 
PALMA, L. E.; MANTA, S. W. Alunos com deficiência física: a 
compreensão dos professores de Educação Física sobre a 
acessibilidade nos espaços de prática para as aulas. Educação, Santa 
Maria, v.35, n.2, p.303-314, 2010. 
PAULON, S. M.; FREITAS, L. B. L.; PINHO, G. S. Documento subsidiário 
à política de inclusão. Repositório Digital - UFRGS, 2005. Disponível 
em: http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/26653. 
RODRIGUES, D. A Educação Física perante a educação inclusiva: 
reflexões conceptuais e metodológicas. Revisa da Educação 
Física/UEM, Maringá, v.14, n.1 p.67-73, 2003. 
RODRIGUES, D. Dez ideias (mal) feitas sobre a educação inclusiva. São 
Paulo: Summus Editorial, p. 299-318, 2006. 
SANCHES, I. Do `aprender para fazer´ ao `aprender fazendo´: as 
práticas de educação inclusiva na escola. Revista Lusófona de 
Educação, v.19, p.135-156. 2011. 
SILVA, C. M. D. Inclusão: dos limites à possibilidades. In. Experiências 
Educacionais Inclusivas. Programa Educação Inclusiva: direito à 
diversidade. Brasília, p.103-109, 2006. 
SILVA, M. O. E. Educação Inclusiva – um novo paradigma da escola. 
Revista Lusófona de Educação, v.19, p.119-134, 2011. 
SMEHA, L. N.; SEMINOTTI, N. Educação inclusiva: perspectivas da 
diferença no grupo de alunos. Educação, Santa Maria, v.33, n.2, p.305-
322, 2008. 
SOLER, R. Educação Física Inclusiva na Escola: em busca de uma 
escola plural. 2.ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2009. 
http://doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5
http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/26653
- 188 - Educação no Brasil perspectivas, horizontes e possibilidades / Fernanda Monteiro 
Rigue; Tascieli Feltrin; Natália Lampert Batista (Organizadoras). – Rio de Janeiro: Dictio 
Brasil, 2020. 281 p. ISBN 978-65-86953-01-5 doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5 
SOUSA, S. B. Educação Física inclusiva: um grande desafio para o século 
XXI. Revista Integração, Brasília, v.14, p.35-38, 2002. 
SOUSA, S. B. Inclusão e aprendizagem do aluno deficiência mental: 
expectativas dos professores. 2008. 136f. Tese (Doutorado em 
Educação Especial) – Universidade Federal de São Carlos. São Carlos-
SP, 2008. 
TAVARES, J. E. B.; KRUG, H. N. Formação profissional em Educação 
Física: um olhar para o processo de inclusão e inserção social. Revista 
Educação Especial, Santa Maria, n.21, 2003. 
UNESCO. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre 
necessidades educativas especiais. Brasília: Corde, 1994. 
VENTURINI, G. R. O. et al. A importância da inclusão nas aulas de 
Educação Física escolar. Lecturas: Educación Física y Deportes, Revista 
Digital, Buenos Aires, n.147, 2010. Disponível em: 
http://www.efdeportes.com/efd147/inclusao-nas-aulas-de-
educacao-fisica-escolar.htm 
VITTA, F. C. F.; VITTA, A.; MONTEIRO, A. S. R. Percepção de professores 
de educação infantil sobre a inclusão de crianças com deficiência. 
Revista Brasileira de Educação Especial, Marília, v.16, n.3, p.415-428, 
2010. 
http://doi.org/10.35417/978-65-86953-01-5
http://www.efdeportes.com/efd147/inclusao-nas-aulas-de-educacao-fisica-escolar.htm
http://www.efdeportes.com/efd147/inclusao-nas-aulas-de-educacao-fisica-escolar.htm

Continue navegando