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ERGONOMIA E DOENÇAS OCUPACIONAIS Professora Dra. Ana Elisa Lavezo Professora Esp. Rosangela Barbosa da Silva GRADUAÇÃO Unicesumar C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; LAVEZO, Ana Elisa; SILVA, Rosangela Barbosa da. Ergonomia e Doenças Ocupacionais. Ana Elisa Lavezo; Rosangela Barbosa da Silva. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. Reimpresso em 2019. 232 p. “Graduação - EaD”. 1. Ergonomia. 2. Doenças. 3. Ocupacionais. 4. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-0199-0 CDD - 22 ed. 620.82 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por: Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Diretoria Executiva Chrystiano Minco� James Prestes Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Débora Leite Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Head de Curadoria e Inovação Jorge Luiz Vargas Prudencio de Barros Pires Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Gerência de Curadoria Giovana Costa Alfredo Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila Toledo Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard Coordenador de Conteúdo Luciano Santana Pereira Designer Educacional Agnaldo Lorca Ventura Projeto Gráico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Ilustração Capa Bruno Pardinho Editoração Luís Ricardo P. Almeida Prado de Oliveira Qualidade Textual Cintia Prezoto Ferreira Ilustração Marcelo Goto Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e proissionalismo, não so- mente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in- tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, proissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educa- dores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a quali- dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando proissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Pró-Reitor de Ensino de EAD Diretoria de Graduação e Pós-graduação Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou proissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu- nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desaios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con- tribuindo no processo educacional, complementando sua formação proissional, desenvolvendo competên- cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessá- rios para a sua formação pessoal e proissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cresci- mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis- cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui- lidade e segurança sua trajetória acadêmica. A U T O R A S Professora Dra. Ana Elisa Lavezo Sou a professora-autora Dra. Ana Elisa Lavezo, Doutora e Mestra em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Campinas, Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Universidade Estadual de Maringá e graduada em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Maringá. Sou professora do curso Técnico em Segurança do Trabalho pela Secretaria de Estado da Educação do Estado do Paraná desde julho de 2012. Faço treinamentos em parcerias sobre Brigada de Incêndio e, agora, sou professora-autora e formadora do EAD do Centro Universitário de Maringá, para o curso de graduação de Tecnólogo em Segurança no Trabalho. Para saber mais acesse o currículo disponível em: <http://lattes.cnpq.br/ 5530705655956900>. Professora Esp. Rosangela Barbosa da Silva Sou a Professora-autora Esp. Rosangela Barbosa da Silva, Especialista em Engenharia de Segurança do trabalho pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), Especialista em Engenharia Sanitária e Ambiental pela Faculdade Metropolitana de Maringá (UNIFAMMA), graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) e, no momento, estou cursando Especialização em Engenharia de Segurança contra Incêndio e Pânico pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Agora, sou professora-autora e formadora do EAD do Centro Universitário de Maringá, para o curso de graduação de Tecnólogo em Segurança no Trabalho. SEJA BEM-VINDO(A)! Prezado(a) Acadêmico(a)! Seja bem-vindo(a) ao nosso livro de ERGONOMIA E DOENÇAS OCUPACIONAIS. Inicial- mente, gostaríamos de dizer que estamos felizes em compartilhar os nossos conheci- mentos sobre esta disciplina que norteia qualquer ambiente de trabalho. Como você está sentado neste momento, por exemplo? As suas costas estão totalmente apoiadas e eretas no encosto da cadeira? Sabemos que é difícil. É sobre esse exemplo e outros assuntos que envolvem a Ergonomia que vamos falar. Esperamos que goste do material que estamos disponibilizando para você, que ele pos- sa contribuir para sua vida proissional na área de Segurança do Trabalho e para sua vida pessoal. Durante todas as pesquisas para a construção desse material, sempre pen- samos na melhor forma para apresentar cada um dos assuntos, para que você consiga entender a razão, sua sequência e que, aos poucos, seja construído seu raciocínio, de forma que, durante a execução de seu trabalho na área de Segurança do Trabalho, con- siga ter segurança para aplicar os conceitos aqui apresentadose contribuir para que seu funcionário tenha a menor probabilidade de desenvolver doenças relacionadas com a ergonomia, ainal, você será um Tecnólogo de Segurança no Trabalho. Ergonomia e Doenças Ocupacionais, um livro em que você adquirirá conhecimentos sui- cientes sobre as deinições e evoluções da ergonomia, a ergonomia aplicada ao trabalho, a Norma Regulamentadora 17, que determina as deinições sobre a ergonomia, a metodo- logia de avaliação do trabalho, os conceitos e as deinições sobre doenças ocupacionais. Na Unidade I – Deinição e Evolução da Ergonomia –, abordaremos, inicialmente, a deini- ção e os objetivos, assim como a evolução da ergonomia até os dias atuais. Explicaremos qual é o papel do ergonomista no ambiente de trabalho e os domínios da ergonomia. Na Unidade II – Ergonomia Aplicada ao Trabalho –, como já temos o conhecimento das deinições anteriores, iremos aplicar a antropometria nas condições de trabalho em di- versas situações cotidianas, além de mostrar as posturas (sentada e em pé) e os movi- mentos (levantamento e transporte manual de carga, empurrar e puxar). Já na Unidade III – Norma Regulamentadora 17 –, abordaremos os principais itens dessa norma, seus anexos I e II e suas condições de conforto no ambiente de trabalho. Na Unidade IV – Metodologia de Avaliação do Trabalho –, explicaremos as metodologias para aplicação ou correção de postos de trabalho, adequando para cada trabalhador. Utilizaremos os métodos de avaliação de OWAS, NIOSH e RULA para essas análises do ambiente de trabalho. Na Unidade V – Conceitos e Deinições sobre Doenças Ocupacionais –, explicaremos as diferenças entre as doenças proissionais e as doenças do trabalho, que podem acome- ter seus funcionários no desenvolver incorreto da sua atividade, por exemplo, trabalho repetitivo sem pausa, como o de um digitador. Finalizaremos esta unidade com a ginás- tica laboral, que é uma ferramenta que combate o estresse e promove o aquecimento e o relaxamento da musculatura. APRESENTAÇÃO ERGONOMIA E DOENÇAS OCUPACIONAIS Após todos esses conhecimentos, você perceberá que seu entendimento sobre es- ses assuntos mudará. Caso entre em um ambiente de trabalho, você perceberá que alguns funcionários não estão na postura correta, seja para digitação, carregamen- to de peso ou até para fazer uma substituição de uma simples lâmpada. Esperamos conseguir transferir muitos dos nossos conhecimentos para você e, caso você se empenhe estudando e fazendo as leituras, conseguirá adquirir muitos co- nhecimentos úteis, que poderão te ajudar tanto na sua vida pessoal como, futura- mente, na proissional. Esta é uma disciplina muito útil e que permitirá a você aplicar durante o exercício do seu trabalho muitos conhecimentos adquiridos . Bons Estudos! APRESENTAÇÃO SUMÁRIO 09 UNIDADE I DEFINIÇÃO E EVOLUÇÃO DA ERGONOMIA 15 Introdução 16 Deinição da Ergonomia 22 Evolução do Conceito de Ergonomia 31 O Papel do Ergonomista 36 Domínios da Ergonomia (Físico, Cognitivo e Organizacional) 42 Considerações Finais 49 Referências 51 Gabarito UNIDADE II ERGONOMIA APLICADA AO TRABALHO 55 Introdução 56 Biomecânica, Fisiologia e Antropometria 66 Postura 81 Movimento 94 Considerações Finais 100 Referências 101 Gabarito SUMÁRIO 10 UNIDADE III NORMA REGULAMENTADORA Nº17 105 Introdução 106 Histórico da Norma Regulamentadora Nº 17 109 Norma Regulamentadora NR-17 - Comentários 126 Anexo I da NR 17 – Trabalho dos Operadores de Check-Out 132 Anexo II da NR 17 - Trabalho em Teleatendimento e Telemarketing 139 Considerações Finais 144 Referências 146 Gabarito UNIDADE IV METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO DO TRABALHO 149 Introdução 150 Metodologias de Avaliações 159 Método de Avaliação Owas 164 Método de Avaliação Niosh 171 Método de Avaliação Rula 183 Considerações Finais 190 Referências 192 Gabarito SUMÁRIO 11 UNIDADE V CONCEITOS, DEFINIÇÕES SOBRE DOENÇA OCUPACIONAL RELACIONADAS COM A ERGONOMIA 195 Introdução 196 Doenças Proissionais e do Trabalho 203 Tipos de Doenças Relacionadas com a Ergonomia 210 Ginástica Laboral 222 Considerações Finais 229 Referências 231 Gabarito 232 CONCLUSÃO U N ID A D E I Professora Dra. Ana Elisa Lavezo Professora Esp. Rosangela Barbosa da Silva DEFINIÇÃO E EVOLUÇÃO DA ERGONOMIA Objetivos de Aprendizagem ■ Apresentar a deinição da palavra ergonomia. ■ Fundamentar fatos importantes da história da evolução do conceito da ergonomia, fazendo uma abordagem dentro de sua evolução histórica. ■ Destacar o papel do ergonomista e sua importância. ■ Compreender sobre os domínios da ergonomia (físico, cognitivo e organizacional). Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Deinição da ergonomia ■ Evolução do conceito de ergonomia ■ O papel do ergonomista ■ Domínios da ergonomia (físico, cognitivo e organizacional) INTRODUÇÃO Prezado(a) aluno(a)! Prepare-se, porque vamos iniciar nosso estudo sobre a ergo- nomia. Para continuar a missão e facilitar o seu entendimento, nesta primeira unidade, temos os seguintes objetivos: apresentar a deinição da palavra ergo- nomia; fundamentar fatos importantes da história da evolução do conceito da ergonomia, fazendo uma abordagem dentro de sua evolução histórica; destacar o papel do ergonomista e sua importância; compreender os domínios da ergo- nomia (físico, cognitivo e organizacional). Para isso, dividimos esta unidade em quatro partes: a deinição da ergono- mia, a evolução do conceito de ergonomia, o papel do ergonomista, os domínios da ergonomia (físico, cognitivo e organizacional). Nesta primeira unidade, daremos a você noções básicas de como surgiu e evoluiu a ergonomia, sua aplicabilidade, dentre os diferentes contextos de tra- balho e as suas dimensões. Ao propormos essa descrição, temos como objetivo demonstrar as perspectivas da ação ergonômica, as situações de trabalho e como elas podem ser apresentadas nas organizações. Você verá que há características próprias de cada época da nossa história que contribuiu para o amadurecimento do conceito da ergonomia e instigou novos estudos sobre ela, além de fornecer dados para a evolução e a melhoria das con- dições de trabalho, visto que foram criadas leis do trabalho a partir dos relexos dos ambientes de trabalho. Os temas abordados nesta unidade lhe servirão como base para melhor assi- milação das próximas unidades, assim, você aprofundará seu entendimento no que se refere a nossa disciplina de estudo. Sempre com a intenção de contribuir ainda mais para a sua aprendizagem sobre a ergonomia, separamos, no inal desta unidade, uma indicação de site e de um vídeo, que você poderá consultar. Comecemos por entender como sur- giu a palavra ergonomia. Vamos lá! Introdução R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 15 DEFINIÇÃO E EVOLUÇÃO DA ERGONOMIA R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E16 DEFINIÇÃO DA ERGONOMIA O termo “ergonomia” foi proposto por Woitej Yastem-Bowski, professor e enge- nheiro naturalista polonês, em 1857, em seu artigo “Estudos de Ergonomia, ou Ciência do Trabalho”, baseado nas Leis Objetivas da Ciência sobre a Natureza, em que era proposta a construção de um modelo de atividade laboral humana que relacionasse a Ergonomia com a proteção do homem no trabalho (VILLAR, 2002). Vejamos, a seguir, a explanação que Corrêa (2015, p. 2) faz sobre a ergonomia: De acordo com as condições em que as tarefas são desempenhadas e com o tempo durante o qual o homem permanece na mesma posição, realizando determinadas atividades, podem surgir problemas como desconforto e fadiga. Esforços repetitivos e posturainadequada causam lesões e, para evitá-las, é necessário analisar a adequação do trabalho ao ser humano. Essa análise é o cerne da criação da ergonomia, disci- plina que essencialmente integra as ciências biológicas (antropologia, psicologia, isiologia, medicina, etc.) e a engenharia. Atualmente, a er- gonomia é a mais abrangente, contando com inúmeras áreas do conhe- cimento e sendo aplicada não somente no ambiente de trabalho, mas em qualquer produto que o homem possa utilizar. Deinição da Ergonomia R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 17 A maioria das pessoas não se dá conta, mas passa a maior parte do tempo no ambiente de trabalho, muitas vezes, sem conforto, de maneira inadequada e, o pior, sem perceber que está fazendo mal a própria saúde. No entanto, a ciência já sabe como resolver o problema: por meio da ergonomia, que busca adaptar as condições de trabalho ao homem. É extremamente importante que o ambiente de trabalho seja confortável para o trabalhador. Nesse ponto, a ergonomia tem como objetivo adaptar as condições de trabalho às características do trabalhador, e não vice-versa, ou seja, adequar os mobiliários (cadeira, mesa etc.), as ferramentas e as máquinas da linha de produção ao trabalhador, de forma que todos, mesmo com biótipos diferentes, possam fazer uso do mesmo posto de trabalho. Dessa forma, podemos elencar três objetivos diretos da ergonomia: ■ Humanizar o trabalho. ■ Aumentar a produtividade com segurança. ■ Proporcionar conforto físico e mental ao ser humano. Esses são os principais objetivos, que buscam a satisfação, o conforto dos indiví- duos e a garantia de que a prática laboral e o uso do equipamento/produto não causem problemas à saúde do usuário. A ergonomia vista como ciência multidisciplinar está presente e pode ser aplicada na escola, trabalho, no nosso lar, transporte e lazer, como é apresen- tado na imagem a seguir Figura 1- Aplicação da ergonomia DEFINIÇÃO E EVOLUÇÃO DA ERGONOMIA R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E18 Segundo Wachowicz (2007, p. 99), a ergonomia é uma ciência interdisciplinar e não um estudo autônomo. Nesse raciocínio, ainda acrescenta: Ela pode fazer parcerias com a medicina do trabalho (estudo da biome- cânica, da antropometria e da isiologia), com a engenharia de produção (EPIs e CIPA), com as ciências humanas e sociais (psicologia, sociologia, antropologia) e com a economia (administração, relações sindicais). A igura a seguir mostra a origem da ergonomia, a partir do interrelacionamento entre os diversos campos de conhecimento e disciplinas cientíicas envolvidas. Figura 2 - Ergonomia (Fatores Humanos) Fonte: Villa (2013, on-line)1. Todas essas áreas do conhecimento buscam conceber a ergonomia como dire- triz ética e técnica fundamental: adaptar o trabalho ao ser humano, e nunca o contrário. No entanto, na prática, nem sempre isso é possível em função das diiculdades operacionais, que vão desde a insuiciência técnica até as questões inanceiras e de interesses políticos da empresa. Wachowicz (2007, p. 99) relata “Não sois máquina, Homens é que sois”. (Filme “O Grande Ditador”, de Charlie Chaplin) Deinição da Ergonomia R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 19 que: “trabalhar com ergonomia é desenvolver maneiras para resolver problemas que surgem na vida proissional – ação ergonômica efetiva”. Segundo Iida (2005 apud CORRÊA, 2015, p. 2), para que a ergonomia atinja seus objetivos, o ergonomista deve entender e projetar considerando: ■ O homem e as diversidades inerentes a ele, abarcando atributos, como idade, tamanho, força, habilidade cognitiva, experiência, cultura e objetivos. ■ A máquina, ou seja, todas as ferramentas, o mobiliário, os equipamen- tos e as instalações. ■ O ambiente, que contempla temperatura, ruídos, vibrações, luzes, cores etc. ■ A informação, que se refere ao sistema de transmissão das informações. ■ A organização, que constitui todos os elementos dos sistemas produti- vos, como horários, turnos e equipes. ■ As consequências do trabalho, que abarcam todas as questões relacio- nadas a erros e acidentes, além de fadigas e estresse. Vejamos, a seguir, algumas deinições das principais associações nacionais e internacionais sobre ergonomia: Quadro 1 - Deinições das principais associações de ergonomia DEFINIÇÕES DAS PRINCIPAIS ASSOCIAÇÕES DE ERGONOMIA Fonte Deinição Ergonomics Research Society (Sociedade de Pesquisa em Ergonomia) – hoje Institute of Ergonomics and Human Factors (BROWNE et al., 1950) “Ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e seu ambiente de trabalho, equipamento e ambiente, principalmente a aplicação dos conhecimentos de anatomia, i- siologia e psicologia na solução dos problemas surgidos desse relacionamento”. International Ergonomics Association (2000) (Associação Internacional de Ergonomia) “A ergonomia (ou fatores humanos) é a disci- plina cientíica que se ocupa em compreender a interação entre os seres humanos e outros elementos de um sistema, bem como a pro- issão que aplica teoria, princípios, dados e mé- todos a projetos a im de otimizar o bem-estar humano e o desempenho global do sistema”. DEFINIÇÃO E EVOLUÇÃO DA ERGONOMIA R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E20 Associação Brasileira de Ergo- nomia (2004) “Se pudermos caracterizar a ergonomia como uma disciplina que busca articular conheci- mento sobre a pessoa, sobre a tecnologia e a organização para sustentar sua prática de mu- dança dos determinados e condicionantes da atividade proissional e do uso e manuseio de produtos ou sistemas, então o objetivo da dis- ciplina e da prática em ergonomia é facilmente compreensível: trata-se de realizar uma trans- formação positiva na coniguração da situação de trabalho e no projeto dos produtos”. Fonte: Corrêa (2015, p. 3). A American Conference of Governmental Industrial Hygienists – ACGIH, em seu livro intitulado Limites de Exposição Ocupacional (TLVs) para Substâncias Químicas e Agentes Físicos & Índices Biológicos de Exposição (BEIs), tem outra deinição para ergonomia: É o termo aplicado ao campo que estuda e projeta a interface homem- -máquina, a im de prevenir doenças e acidentes e de melhorar o de- sempenho no trabalho. Visa a garantir que as ocupações e tarefas de trabalho sejam projetadas de forma compatível com as diversas capaci- dades dos trabalhadores (ABRAHÃO et al., 2014, p.18). Na verdade, existem várias deinições para a ergonomia. Aqui, apresentamos algumas dessas que julgamos mais relevantes para se ter uma noção básica sobre o tema apresentado. Deinição da Ergonomia R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 21 Figura 3 - A ergonomia e a Involução: para onde estamos indo? Conforme a disciplina evoluiu, algumas variações na terminologia surgiram em diferentes países. Embora o termo ergonomia seja muito utilizado na Austrália, no Brasil, na Europa e na Nova Zelândia, no Japão usa-se o termo ergologia. Nos Estados Unidos, foi adotado o termo fatores humanos (hu- man factors). Embora os termos ergonomia e fatores humanos sejam con- siderados sinônimos pelos proissionais, o uso popular parece ter adotado signiicados diferentes. O termo fatores humanos tem sido empregado para denotar as áreas cognitivas das disciplinas (percepção, memória etc.), en- quanto ergonomiaparece se referir aos aspectos físicos (layout do ambiente de trabalho, iluminação, temperatura, ruído etc.). Fonte: Corrêa (2015, p. 3). DEFINIÇÃO E EVOLUÇÃO DA ERGONOMIA R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E22 EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE ERGONOMIA Quando pensamos na palavra ergonomia, com relação à evolução do seu con- ceito, buscamos a deinição de trabalho para iniciar o nosso raciocínio no que podemos chamar de linha do tempo. Registrada em uma das mais antigas refe- rências bibliográicas que temos atualmente, há a Sagrada Escritura, que airma: Disse, pois, o Senhor Deus ao ser humano: maldita é a terra por tua causa; em fadiga comerás dela todos os dias da tua vida. Do suor do teu rosto comerás o teu pão, até que tornes a terra, porque dela foste toma- do; pois és pó, e ao pó tornarás (BÍBLIA, Gênesis, 3,17b-19). Nesse contexto, o trabalho estava relacionado ao sofrimento e à pena. Podemos dizer que desde o início da história da civilização já havia a necessidade de se estudar, desenvolver e aplicar técnicas que proporcionassem uma harmonia sau- dável entre o homem, o ambiente e a produtividade. Veja a importância dessa ciência no ambiente ao entorno do ser humano. De acordo com Silva (2013), formalmente, a ergonomia tida como disciplina aconteceu em 1949, quando o engenheiro inglês Kenneth Frank Hywel Murrell oicializou a primeira sociedade de ergonomia do mundo, a Ergonomic Research Society, na Inglaterra. Posteriormente, outras sociedades foram criadas em países industrializados, como nos Estados Unidos, em 1959, a Human Factors Society (HFS) e a International Ergonomics Society, e na França, em 1963, a Societé d’Er- gonomiende Langue Française (SELF). Os preceitos que atualmente regem a ergonomia começaram nos primórdios da história da humanidade, na pré-história, com o homem das cavernas, que já se preocupava em produzir artefatos cada vez mais apropriados às suas necessi- dades e características. Como relata Corrêa (2015, p. 4), [...] o homem tenha adaptado a pedra às suas necessidades respeitando a anatomia da mão para tornar o seu manuseio mais seguro e eicaz. Essa suposição se baseia no formato dos utensílios da época, como as ferramentas utilizadas para caça e defesa pessoal. De acordo com os elementos que deveriam ser trabalhados e com as características dos trabalhadores, era estabelecido um padrão (formato e dimensões) para as ferramentas que também eram feitas utilizando madeira e ferro. Evolução do Conceito de Ergonomia R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 23 Para Abrahão (2009, p. 20), “[...] a criação de uma ferramenta simples, a partir de um pedaço de pedra lascada, que supostamente tinha por objetivo melhorar o desempenho e o conforto na atividade de caça e na preparação de alimentos”. Figura 4 - Biface (um instrumento lítico pré-histórico) triangular, ferramenta de pedra talhada Fonte: Alvarez (2007, on-line)2. Podemos dizer, basicamente, que é a busca pela adequação das condições do ambiente ou mesmo das ferramentas às características humanas. Essa busca pela adaptação homem-ambiente-produtividade nasce com o início da civilização humana e cresce de acordo com o seu desenvolvimento. Vejamos agora quatro acontecimentos históricos da humanidade e sua relevância para a ergonomia. Época Renascentista (entre o século XIV e o início do século XVII) – esse período marcou o início dos estudos na área, com destaque para Leonardo da Vinci (1452-1519), autor da Figura 6, do homem vitruviano; Bernadino Ramazzini (1633-1714), médico italiano, que fez a primeira sis- tematização de doenças do trabalho, em sua obra De morbis Articum Diatriba, marco histórico no estudo de doenças ocu- pacionais, também, considerado o pai da medicina ocupacional. Fi gu ra 5 - M ar te lo d a pr é- hi st ór ia , fe it o de p ed ra e m ad ei ra . DEFINIÇÃO E EVOLUÇÃO DA ERGONOMIA R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E24 Figura 6 - O homem vitruviano de Leonardo Da Vinci O ponto de partida de da Vinci foram os escritos do arquiteto e engenheiro mili- tar Marco Vitrúvius, o qual estabelecerá, no século I antes de Cristo, o princípio que relacionava a proporcionalidade da bela arquitetura com as do homem de boa formação (CHEREM, 2005). Vitrúvius escreveu também um livro airmando que um homem com as pernas e braços abertos caberia perfeitamente dentro de um quadrado e de um círculo, iguras geométricas perfeitas, e que o centro do corpo é o umbigo. Da Vinci desenhou as dimensões do homem no universo, representado pelo círculo, e a obra tornou-se o mais famoso desenho de proporções do corpo humano no mundo (BEZERRA, 2002). Evolução do Conceito de Ergonomia R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 25 Revolução Industrial (iniciada na Inglaterra em meados do século XVIII) – esse período gerou uma série de avanços tecnológicos. O trabalho ganhou novas abordagens, causando impactos no processo de produção. A jornada de trabalho chegava a 16 horas por dia, sem direito a descan- sos e a férias; crianças, homens e mulheres trabalhavam em locais de péssimas condições de trabalho, como local ruidoso e sem medidas e equipamentos de segurança, seja para os equipamentos/máquinas ou para os operários, além de falta de higiene, ventilação e iluminação. Muitos se acidentavam e contraíam graves doenças, por decorrência das condições do ambiente de trabalho. A relevância desse período abrange o regime de trabalho; consequentemente, a concepção de ergonomia foi tomando novas proporções. Figura 7 - Ambiente de trabalho do período da Revolução Industrial Mulheres nas fábricas de iação Figura 8 - Ambiente de trabalho do período da Revolução Industrial DEFINIÇÃO E EVOLUÇÃO DA ERGONOMIA R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E26 Figura 9 - Ambiente de trabalho do período da Revolução Industrial – Trabalho Infantil Figura 10 - Ambiente de trabalho do período da Revolução Industrial – Linha de Montagem As iguras 8, 9 e 10 retratam o trabalho do período da Revolução Industrial, em que não se tinha a preocupação com a qualidade do ambiente de trabalho e a saúde do trabalhador. Evolução do Conceito de Ergonomia R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 27 No inal do século XVIII, com o Taylorismo – modelo de administração desenvolvido pelo engenheiro norte-americano Frederick Taylor (1856-1915) –, que se caracteriza pela ênfase nas tarefas, objetivando o aumento da eiciência ao nível operacional, os pesquisadores norte-americanos iniciaram estudos rela- cionados ao homem no trabalho, enquanto na Europa, nesse mesmo período, eram realizadas pesquisas sobre a isiologia do trabalho (estudo das funções e das atividades exercidas por cada estrutura de um organismo vivo). Silva (2013) ressalta que, atualmente, têm surgido muitos casos de estresse e depressão, dentre outros transtornos que têm origem no ambiente de trabalho. Segundo os demonstrativos da Previdência Social, em relação à concessão do auxílio-doença em função de transtornos mentais e comportamentais, o número de afastamento subiu de 2008 (12.818) para 2009 (13.478). Em 2010 (12.150), por outro lado,esse número teve uma queda em relação ao ano anterior, voltando a subir em 2011, passando para 12.337 casos. Ainda acrescenta Silva (2013, p. 29): [...] apesar da diferença conceitual, tanto o Taylorismo quanto Fordis- mo visavam à exclusão total do trabalhador das decisões da empresa, o encarando como apenas uma máquina. O desenvolvimento da ergo- nomia veio para ser a principal ferramenta de combate a este tipo de pensamento, trazendo uma maior participação do trabalhador em todo o processo produtivo. Primeira Guerra Mundial (entre 1914-1918) – segundo Corrêa (2015), nesse período, foram aplicados estudos de isiologistas e psicólogos no aprimoramento da fabricação de armamentos na Inglaterra. Nos anos de 1940, como consequência da crescente complexidade dos equipamentos técnicos da época, a ergonomia emergiu como uma dis- ciplina cientíica. Começou-se a perceber que as vantagens decorrentes do uso de novos equipamentos não estavam se concretizando, visto que as pessoas não conseguiam entendê-los e utilizá-los, principalmente os do setor militar onde, inicialmente, esses problemas eram mais eviden- tes, em que se exigia muito dos operários, tanto física quanto cogniti- vamente (CORRÊA, 2015, p. 5). DEFINIÇÃO E EVOLUÇÃO DA ERGONOMIA R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E28 Segunda Guerra Mundial (entre 1939-1945) – segundo Corrêa (2015), os avanços tecnológicos desse período foram aplicados ao cotidiano civil, dessa forma, percebe-se as diiculdades que as pessoas tinham de manusear os equi- pamentos, resultando em um pequeno desempenho e aumento do erro humano. “Isso induziu acadêmicos e psicólogos militares a realizarem pesquisas na área e, posteriormente, investigações sobre intervenção entre pessoas, equipa- mentos e ambiente” (CORRÊA, 2015, p. 5). Embora o ambiente de trabalho tenha sido o foco inicial, a importância da ergonomia foi gradualmente crescendo. O termo ergonomia foi cunhado, em 1949, em um encontro de psicólogos e isiologistas renomados. Nesse mesmo ano, mais tarde, o mesmo grupo de cientistas formou a Ergonomics Research Society (ERS), que se tornou a primeira sociedade mundial de ergonomia (CORRÊA, 2015, p. 5). Em 1960, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) deine ergonomia como a “aplicação das ciências biológicas conjuntamente com as ciências da engenha- ria para lograr o ótimo ajustamento do ser humano ao seu trabalho, e assegurar, simultaneamente, eiciência e bem estar”. De acordo com Hendrick (1993 apud CORRÊA, 2015, p. 7), “a evolução da ergonomia a partir da segunda guerra Mundial pode ser organizada em quatro fases, segundo a tecnologia enfocada”. Vejamos mais detalhes no quadro a seguir: Quadro 2 - Fases da ergonomia segundo Hendrick (1993) 1ª fase: Ergonomia de Hardware ou Tradicional Teve início durante a 2ª Guerra Mundial e concentra- va-se no estudo das características físicas do ser hu- mano (capacidade e limites), primeiramente na área militar e, em seguida, na área civil, com ênfase nas questões isiológicas e biométricas do ambiente de trabalho e na interação dos sistemas homem-máquina. 2ª fase: Ergonomia do Meio Ambiente Trata das questões ambientais naturais e artiiciais (ruí- do, vibrações, temperatura, iluminação, aerodispersoi- des) que interferem no trabalho. Fortaleceu-se em fun- ção do interesse em compreender melhor a relação do ser humano com o meio ambiente, atualmente muito em voga em função do conceito de sustentabilidade. Evolução do Conceito de Ergonomia R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 29 3ª fase: Ergonomia de Software ou Cognitiva Trata do processamento de informações, que eclodiu com o advento da informática a partir da década de 1980. Essa modalidade é focada na interface da intera- ção entre o homem e a máquina, que deixa de ser como na fase tradicional (antropométrica, biomecânica e i- siológica): o operador não manuseia mais o produto, mas comanda uma máquina que opera sobre produto. A tecnologia da informação passa a ser uma extensão do cérebro e as interfaces para a operação devem levar em conta fatores cognitivos para facilitar o comando. 4ª fase: Macroergonomia Visão mais ampla da ergonomia, que não mais se res- tringe ao operador e sua interação com a máquina, ati- vidade e ambiente, mas também engloba o contexto organizacional, psicossocial e político de um sistema. Diferencia-se das anteriores por priorizar o processo participativo envolvendo administração de recursos, trabalho em equipe, jornada e projeto de trabalho, cooperação e rompimento de paradigmas, o que ga- rante intervenções ergonômicas com melhores resul- tados, reduzindo o índice de erros e gerando maior aceitação e colaboração por parte dos envolvidos. Fonte: Corrêa (2015, p. 7). Até aqui, vimos como surgiu a ergonomia no mundo e falamos um pouco sobre a sua abrangência de atuação. Apontamos os diferentes contextos de trabalho e as suas dimensões, da perspectiva da ação da ergonomia, as situações de traba- lho e como elas podem se apresentar nas organizações. Agora, vamos apresentar um pouco da história da ergonomia em nosso país. No Brasil, a ergonomia já era referenciada pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT desde 1943, que dizia em seu art. 180: “Para evitar a fadiga será obrigatório a disposição de assentos ajustáveis à altura e à função exercida”. Porém, segundo Corrêa (2015), foi a partir da década de 1970 que pesquisadores de várias universidades brasileiras começaram a introduzir a ergonomia no escopo de diver- sas áreas do conhecimento, sendo que o primeiro trabalho acadêmico data de 1973. DEFINIÇÃO E EVOLUÇÃO DA ERGONOMIA R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E30 Anos depois, ainda na mesma década, em 1978, é publicada a Norma regula- mentadora do Ministério do trabalho, a NR-17, que visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicoi- siológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eiciente. Em 1983, foi fundada a Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO), uma entidade sem ins lucrativos, cujo objetivo é o estudo, a prática e a divul- gação das interações das pessoas com a tecnologia, a organização e o ambiente, considerando as suas necessidades, habilidades e limitações. Dentro do contexto brasileiro, na atualidade, nota-se que, mesmo após anos de estudos sobre a ergonomia, durante toda a evolução da humanidade até os dias atuais, voltada para a aplicação ao ambiente ocupacional, ainda temos muito a evoluir. Apesar de hoje ser uma norma no Brasil e em alguns outros países, alguns empresários não dão a devida importância à aplicabilidade da ergono- mia no ambiente ocupacional, muitas vezes por não conhecerem a grandeza de sua funcionalidade e suas vantagens, que buscam, ao máximo, proporcionar conforto, segurança, eiciência, criando um ambiente de trabalho com funcio- nários mais satisfeitos e, consequentemente, melhoria da produtividade, pois pode reduzir consideravelmente o número de afastamento por doenças ocupa- cionais, por exemplo, LER/DORT, estresse e outras. Podemos dizer que, de acordo com o que foi apresentado até aqui, a histó- ria da ergonomia se consolida a partir das demandas sociais, e é a partir delas que são construídas e aprimoradas suas ferramentas e técnicas de análise, sem- pre na busca pela harmonia entre o homem e o ambiente de trabalho, quando se trata da ergonomia ocupacional. Já parou para pensar que a ergonomia é muito mais ampla, seja vista como ciênciaou uma disciplina, ela está ligada à nossa vida cotidiana desde os primórdios da civilização; a importância de sua aplicabilidade cresce cada vez mais à maneira que o mundo se desenvolve nas áreas econômicas, sociais, tecnológicas etc. O Papel do Ergonomista R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 31 O PAPEL DO ERGONOMISTA Neste tópico, vamos apresentar a você qual o papel do ergonomista e suas contri- buições dentro do ambiente ocupacional. Segundo a ABERGO (2000, on-line)3: Os ergonomistas contribuem para o planejamento, projeto e a avalia- ção de tarefas, postos de trabalho, produtos, ambientes e sistemas de modo a torná-los compatíveis com as necessidades, habilidades e limi- tações das pessoas. É também função do ergonomista a avaliação dos riscos ergonômicos; além disso, a atuação de um ergonomista poderá estar em diferentes contextos em que ocorrem o trabalho humano ou se concebem equipamentos e instrumentos funcionais. Vejamos um exemplo da abrangência de atuação e desenvolvimento da ergonomia dada por Abrahão (2009, p. 29), que descreve: Imagine uma grande loja de departamentos e seus diferentes ambientes de trabalho: 1. A loja propriamente dita, com as mercadorias expostas em departa- mentos, em estoque, uma seção de atendimento ao cliente para paga- mento de carnês etc; 2. O escritório, onde são realizadas as atividades de treinamento e se- leção de pessoal, gestão e controle dos cadastros dos clientes e dos funcionários etc.; 3. O ambiente virtual, disponível tanto para o público interno, para con- sulta de estoque, preços e condições de pagamento quanto para o ex- terno, onde os clientes podem obter informações sobre as ofertas ou comprar um produto como, por exemplo, um livro ou uma camisa. A atuação do ergonomista dentro desse contexto está em diferentes dimensões: ■ As condições ambientais, como temperatura, iluminação e ventilação, os carrinhos utilizados para transportes de materiais, os equipamentos, a altura das prateleiras. ■ Pode analisar o sistema de estoque das mercadorias, informatizado ou manual, de modo a minimizar o tempo e o erro na procura de uma mercadoria. ■ Pode identiicar se a organização do trabalho é compatível com as ati- vidades realizadas na loja. DEFINIÇÃO E EVOLUÇÃO DA ERGONOMIA R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E32 ■ Se a comunicação entre o vendedor e o estoquista interfere no tempo de espera do cliente. ■ Se o rodízio entre postos favorece a aquisição de novas competências. ■ Se a realização das tarefas concorrentes contribui para aumentar os erros no caixa. ■ No escritório, pode avaliar e propor soluções compatíveis com as ativi- dades de trabalho. No caso do escritório, o ergonomista vai além do redesenho do arranjo físico do layout (mobiliário que compõe os postos de trabalho), que é uma face mais conhecida da ergonomia; contudo, como mostram os exemplos já citados, uma ação da ergonomia pode abranger dimensões que, por sua vez, nem sempre são visíveis em um primeiro contato com o ambiente de trabalho. Abrahão (2009, p. 30) vai um pouquinho além em seu exemplo e acrescenta: Suponhamos que a loja queira incrementar suas vendas pela internet. • Como apresentar os produtos ao cliente de maneira que sejam identi- icados facilmente, que se compreenda sua funcionalidade? • Quais linguagens (termos e ícones) adotar? • Como permitir que o usuário navegue eicazmente no programa in- formatizado até o momento da aquisição do produto? • Como evitar o insucesso na ação e frustração do cliente? E inaliza seu exemplo ressaltando que o ergonomista tem diferentes possibili- dades de atuar e que pode ser solicitado para resolver uma gama de problemas de natureza diversiicada, muito além da popularmente conhecida “cadeirolo- gia” – postura correta –, sempre com a visão de analisar e propondo soluções aos problemas encontrados. Para Corrêa (2015, p. 8), também, o papel do ergonomista varia segundo a sua atuação “como saúde e segurança, os postos de trabalho, os produtos, os ambientes e sistemas para torná-los compatíveis com as necessidades, as habilidades e as limi- tações das pessoas”. O autor cita, dentre outras, algumas atividades do ergonomista: ■ Investigar as habilidades físicas e psicológicas e as limitações do corpo humano. O Papel do Ergonomista R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 33 ■ Analisar como as pessoas utilizam os equipamentos e as máquinas. ■ Avaliar os riscos do ambiente de trabalho. ■ Avaliar os riscos do ambiente de trabalho e seus efeitos nos usuá- rios. ■ Utilizar o resultado dessa avaliação para sugerir melhorias. ■ Projetar soluções práticas para implementar essas melhorias. ■ Produzir um manual do usuário para garantir que novos sistemas e produtos sejam utilizados de forma correta. ■ Produzir relatórios de achados e recomendações e compilar dados estatísticos. ■ Aplicar conhecimento especíico da isiologia humana para otimi- zar o projeto de produtos, como carro, mobiliário organizacional e espaços de lazer e descanso. ■ Entrevistar indivíduos e observá-los em um tipo especíico de am- biente (de trabalho, de lazer e descanso, etc.) como parte do pro- cesso de pesquisa. ■ Conversar com todos os funcionários da organização para realizar a pesquisa. ■ Visitar uma ampla variedade de ambientes, como escritórios, fá- bricas, hospitais e plataforma de petróleo, a im de estimar padrões de saúde e segurança ou para investigar acidentes no ambiente de trabalho. ■ Avisar, informar e treinar colegas e clientes. ■ Pesquisar sobre indústrias especíicas e seus sistemas de produção (CORRÊA, 2015, p. 8). Além disso, acrescenta que o ergonomista deve ter conhecimento avançado em diversos campos do conhecimento, como antropometria e biomecânica, anato- mia e isiologia humana, engenharia e qualquer outra área de conhecimento que seja necessária à sua prática. A seguir, apresentaremos dois quadros. O primeiro mostra algumas disci- plinas da ciência ergonômica e suas contribuições e o segundo mostra alguns problemas retrospectivos e prospectivos levantados pelo ergonomista. DEFINIÇÃO E EVOLUÇÃO DA ERGONOMIA R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E34 Quadro 3 - Algumas disciplinas e suas contribuições para ergonomia DISCIPLINA CONTRIBUIÇÃO PARA A ERGONOMIA Antropometria e biomecânica Informações sobre as dimensões e os movimen- tos do corpo humano. Anatomia e isiologia aplicada Dados sobre a estrutura e o funcionamento do corpo humano. Psicologia Dados sobre os parâmetros do comportamento humano. Higiene industrial, física, estatística etc. Conhecimento e estudo completo do siste- ma homem-máquina-ambiente de trabalho, visando a uma melhor adequação do trabalho ao homem. Medicina do trabalho Prima pela qualidade de vida do trabalhador. De forma ampla, sua aplicação está direcionada à busca de soluções apropriadas aos usuários, sejam eles operadores de equipamentos ou proissionais que permanecem por longos perí- odos diários na mesma posição ou exercendo as mesmas atividades laborais. Fonte: Corrêa (2015, p. 10). Quadro 4 - Algumas disciplinas e suas contribuições para ergonomia PROBLEMAS RETROSPECTIVOS PATOLOGIAS RELACIONADAS AO TRABALHO Inadequação dos ambientes ou postos de trabalho Técnicas de produção, formação ou inspeção deicitárias Diiculdade no uso ou manuseio de produtos, equipamentos ou software Funcionamento inadequado de produtos, equi- pamentos ou software Problemasprospectivos Concepção de novos produtos, sistemas de produção ou de novas instalações Inovação nos equipamentos: mobiliários, ma- quinários, equipamentos e acessórios Implantação de novas tecnologias e/ou novos sistemas organizacionais Fonte: Corrêa (2015, p. 11). O Papel do Ergonomista R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 35 A intervenção do ergonomista, em geral, ocorre mediante a elaboração de um diagnóstico ergonômico do sistema de trabalho, apresentado no quadro ante- rior, sugerindo soluções ao objeto analisado. Agora, vejamos, segundo Silva (2013), alguns conceitos básicos de tipos de ergonomia, como descritos a seguir: Ergonomia Industrial – ligada à automação dos processos industriais. Ergonomia Cognitiva – ligada aos trabalhadores que desenvolvem atividades que exigem alto conhecimento, memorização e concentração, como controlado- res de tráfego aéreo, trabalhadores de centros de controle, dentre outros. Ergonomia de produtos – ligada ao atendimento dos requisitos do usuário, estudando um produto ou ambiente de trabalho com pessoas. Ergonomia Comunicacional ou Interacional – ergonomia que desenvolve a comunicação visual do produto ou ambiente de trabalho com pessoas. Ergonomia Física – estuda as interfaces e, também, como se comporta o conforto ocupacional. Ergonomia de Sotware – ergonomia que pesquisa sistemas informatizados. Ergonomia Ocupacional – está voltada para a prevenção de doenças ocu- pacionais e acidentes do trabalho. Veremos essa ergonomia na Unidade III deste livro, na interpretação da NR17. Para o ambiente ocupacional, a ergonomia é deinida em três tipos: de cor- reção, de concepção e de conscientização: Ergonomia de Correção – ergonomia que atua na modiicação dos proje- tos de trabalho, em relação a suas dimensões, iluminação, ruído, temperatura, dentre outros. Atua para corrigir problemas que, de alguma forma, estão pena- lizando o trabalhador. Tem eicácia um pouco limitada. Ergonomia de Concepção – atua diretamente no projeto, no planejamento do posto de trabalho, no maquinário, no sistema de produção, na organização do trabalho, na formação de pessoal. Sendo aplicada com eiciência, evita a atu- ação da ergonomia de correção. Ergonomia de Conscientização – trabalha na conscientização do trabalha- dor sobre os benefícios da ergonomia no ambiente ocupacional. É de extrema importância, pois um trabalhador consciente é um parceiro ideal das empresas na busca de melhorias para o ambiente de trabalho. DEFINIÇÃO E EVOLUÇÃO DA ERGONOMIA R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E36 No próximo e último item de estudo deste capítulo, apresentaremos as três linhas de pesquisas sobre a ergonomia dadas pela Associação Internacional de Ergonomia (IEA), a ergonomia física, a cognitiva e a organizacional. Sendo assim, podemos dizer que o ergonomista tem ampla atuação dentro das organizações, intervêm em setores particulares da economia ou em domínios de aplicação especíicos, e seu papel é de fundamental importância, visto que, por meio de um diagnóstico ergonômico, levanta os problemas e propõe solu- ções para a correção deles, seja na fase de projeto ou em um no posto de trabalho. DOMÍNIOS DA ERGONOMIA (FÍSICO, COGNITIVO E ORGANIZACIONAL) De acordo com a classiicação feita pela Associação Internacional de Ergonomia (IEA), atualmente, a ergonomia se divide em três domínios de especialização ou linha de estudo: a ergonomia física, a ergonomia cognitiva e a ergonomia organizacional. Sua aplicabilidade visa proporcionar ao homem melhores condições de trabalho, asse- gurando sua saúde, satisfação, segurança e eiciência no desempenho das atividades. Vejamos cada uma dessas especializações a seguir: Ergonomia física: está relacionada com às características da anatomia humana, antropometria, isiologia e biomecânica, em suas relações com a ati- vidade física. Os tópicos relevantes incluem o estudo da postura no trabalho, manuseio de materiais, movimentos repetitivos, distúrbios musculoesquele- tais relacionados ao trabalho, projeto de posto de trabalho, segurança e saúde (ABERGO, 2000, on-line)3. De acordo com Vidal (s/d, on-line)4, o corpo tem um sistema de múscu- loesquelético, movimentado por uma central energética. O sistema esquelético confere ao corpo suas dimensões antropométricas: estatura, comprimento dos membros, capacidades de movimentação limitadas, alcances mínimos e máxi- mos. O autor ainda complementa: Domínios da Ergonomia (Físico, Cognitivo e Organizacional) R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 37 Por óbvio que possa parecer, um dos aspectos mais importantes da Er- gonomia é que o posto de trabalho, seus utensílios e elementos estejam de acordo com as dimensões do ocupante do posto de trabalho. É de suma importância, obviamente, que o posto de trabalho esteja de acor- do com as dimensões antropométricas, daí a essencialidade da antro- pometria para a ergonomia. A inadequação antropométrica causa o desequilíbrio postural e consequentemente, LER – lesões por esforços repetitivos e DOT – distúrbios osteomusculares relacionados ao traba- lho. (VIDAL, s/d, on-line)4. Para desempenhar suas atividades de trabalho, o indivíduo realiza trabalho mus- cular estático, por exemplo, segurar um peso com o braço esticado, e dinâmico, como girar uma roda. Um processo fundamental para a realização de trabalho muscular é a ingestão de nutrientes na forma de alimentos (bebida e comida) para converter a energia química em energia mecânica e calor que nosso corpo precisa. Ainda, completa Vidal (s/d, on-line)4, além de estarem adequadas às capacidades, limitações esqueléticas e mus- culares do homem, as atividades de trabalho devem respeitar o metabo- lismo do homem, pois requerem liberação de calor e energia mecânica, e nisso consiste a importância da isiologia humana para a ergonomia. As inadequações isiológicas agravam e ampliam os problemas de inadequação antropométrica. Vidal (s/d, on-line)4 apresenta, também, que esse organismo musculoesquelético é dotado de um sistema de transforma- ção de energia, em que interage com o ambiente onde se encontra, reagindo a situações não ideais de tempera- turas, iluminação ou acústica. Nisso, estabelece a importância da ergonomia ambiental ou ambiente construído, que trata das questões ambien- tais naturais ou artiiciais que interferem no local de traba- lho, como: vibração, ruído, iluminação, temperatura etc. Figura 11 - Os sistemas esquelético e muscular conferem ao corpo humano suas dimensões antropométricas DEFINIÇÃO E EVOLUÇÃO DA ERGONOMIA R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E38 Dentro desse contexto, citamos algumas formas de manifestações que pro- movem o desconforto no trabalho: ■ Climáticas: condições do tempo, da temperatura e da circulação do ar. ■ Visuais: condição da visão, como irritação e falta de descanso. ■ Sonoras: níveis de ruído, de música e de voz. ■ Corporais: situações dos músculos e articulações. ■ Auditivas: ruído do ambiente e velocidade do vento. ■ Olfativas: odores e sua intensidade. ■ Respiratórias: níveis de poluição e umidade do ar. Esses tipos de manifestações atrapalham a concentração dos trabalhadores e, sejam em menor ou maior escala, contribuem para o desconforto no desempenho de suas atividades laborais. A ergonomia física estuda constantemente a possibilidade de conseguir melhorias nas posturas mais frequentes doambiente de trabalho, com o intuito de viabilizar uma postura corporal que acarrete o menor dano/desgaste musculoesquelético possível. O campo da ergonomia física, do ponto de vista de sua aplicabilidade, vai se con- substanciar na realização de especiicações relativas ao posto, ao método de trabalho e conscientização dos funcionários. De forma crescente no campo de aplicações da ergonomia física, as análises ergonômicas têm subsidiado a elaboração de progra- mas de atividades compensatórias, como escalonamento de pausas para repouso, exercícios e alternâncias de várias ordens (lazer, yoga etc.) Vidal (s/d, on-line)4. Ergonomia cognitiva: refere-se aos processos mentais, tais como percep- ção, memória, raciocínio e resposta motora conforme afetem as interações entre seres humanos e outros elementos de um sistema. Os tópicos relevantes incluem o estudo da carga mental de trabalho, tomada de decisão, desempenho especializado, interação homem-computador, estresse e treinamento conforme esses se relacio- nem a projetos envolvendo seres humanos e sistemas (ABERGO, 2000, on-line)3. A ciência da cognição é basicamente multidisciplinar. Segundo Moura e Correa (1997, p. 17), essa ciência “relaciona-se às pesquisas dos processos cog- nitivos e abrange a psicologia cognitiva, a neurociência, a lingüística, a lógica e Domínios da Ergonomia (Físico, Cognitivo e Organizacional) R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 39 as ciências da computação, sendo um ramo impregnado de várias abordagens e métodos”. No campo ocupacional, abrange as ações mentais de atenção, cogni- ção ou conhecimento, percepção, armazenamento e recuperação de memória e ao controle da motricidade, complementa o autor. Figura 12 - A ergonomia cognitiva se ocupa da análise dos processos mentais direta ou indiretamente implicados na atividade laboral Vejamos, agora, alguns pontos de vista de alguns autores sobre a ergonomia cognitiva: Segundo Marmaras e Kontogiannis (2001 apud CORRÊA, 2015, p. 17) “o objetivo da ergonomia cognitiva é tornar as soluções tecnológicas compatíveis às características e necessidades dos usuários”. Dessa forma, acrescentam que é preciso: ■ Considerar as naturezas cognitivas e isiológicas nas quais houve regis- tros de erros e falhas humanas e suas condições. ■ Estimar as capacidades e limitações humanas, buscando emitir um diag- nóstico de origem do problema. Dessa forma, é presumível restaurar os artifícios de obtenção, processamento e recuperação de informações. DEFINIÇÃO E EVOLUÇÃO DA ERGONOMIA R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E40 ■ Tratar da forma como esses fatores atuam na interação entre o indiví- duo, com suas capacidades e limitações, e o ambiente, as imputações e os equipamentos. ■ Analisar a carga mental de trabalho, a tomada de decisão, a atuação espe- cializada, os níveis de estresse e a fadiga. ■ Observar a relação desses fatores com os projetos, abrangendo o ser humano e os sistemas empregados na corporação. Abrantes (2001, on-line)5 cita como marco da ergonomia cognitiva o im da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Período marcado por grandes avanços tecno- lógicos, exigindo dos sistemas de produção uma maior interação cognitiva entre homem e máquina. Um exemplo disso foi o emprego de mostradores e painéis, utilizados pelos trabalhadores, o que os leva a ter uma percepção de qualidade e, assim, maior velocidade na tomada de decisão. Para Kroemer e Grandjean (2005, p. 30), as atividades mentais que são importantes na ergonomia cognitiva se dão por três fatores: a capacitação da informação, a memória e a manutenção do estado de alerta. Ainda, acrescentam que “as atividades mentais dependem do suprimento da informação e do uso da memória de curta e longa duração para tomada de decisões”. O projeto ergonô- mico adequado para o sistema de trabalho evita sobrecargas mentais, inclusive a perda ou a falsa interpretação de sinais, e facilita as ações corretas e rápidas. Ergonomia organizacional: concerne a otimização dos sistemas sociotéc- nicos, incluindo suas estruturas organizacionais, políticas e de processos. Os tópicos relevantes incluem comunicações, gerenciamento de recursos de tripu- lações (CRM - domínio aeronáutico), projeto de trabalho, organização temporal do trabalho, trabalho em grupo, projeto participativo, novos paradigmas do trabalho, trabalho cooperativo, cultura organizacional, organizações em rede, teletrabalho e gestão da qualidade (ABERGO, 2000, on-line)3. Domínios da Ergonomia (Físico, Cognitivo e Organizacional) R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 41 Um ponto chave da ergonomia organizacional é diagnosticar como os tra- balhadores avaliam seu ambiente de trabalho. Esse tipo de ergonomia tem como pilares: educar, treinar e desenvolver uma cultura comportamental adequada aos postos de trabalho, aos seus trabalhadores, em caráter de acompanhamento contínuo em situações reais de interações interpessoais e humano-máquina, para a adoção de mudanças que visem promover o bem-estar no trabalho, a eiciên- cia e a eicácia dos processos produtivos. Dessa forma, os trabalhadores devem ser treinados (conscientizados) con- tinuamente, como já mencionado, mas a abordagem recomendada é que, além dessas possibilidades, seja criado um sistema que respeite as limitações e capaci- dades humanas. A participação dos trabalhadores nesse processo é uma maneira eicaz de entender a raiz de problemas ergonômicos, que, muitas vezes, estão relacionados à cultura organizacional. Corrêa (2015, p. 20) pontua: A premissa da análise ergonômica organizacional é uma compreensão de que o comportamento e o desenvolvimento dos funcionários depen- dem de quanto a situação favorece ou interfere nos objetivos de suas ta- refas. Ou seja, embora cada um tenha sua própria personalidade (e suas singularidades devem ser reconhecidas e respeitadas pelo ergonomista), não agem da mesma maneira em todas as situações; na prática, esse pen- samento seria considerado anormal, porque indica uma insensibilidade das pessoas às normas sociais, sistemas de recompensa e outras condi- ções externas. O comportamento das pessoas varia de acordo com a si- tuação, mesmo que o comportamento esteja em desacordo com sua per- sonalidade, assim, é de suma importância que, (...) sejam acompanhados em situações reais de interações interpessoais e humano-máquina. Contudo, a ergonomia organizacional pretende potencializar os sistemas existentes na organização, incluindo a estrutura, as políticas e os processos da organiza- ção, com a pretensão de reduzir a monotonia, a fadiga e os erros operacionais, criando ambientes mais cooperativos e motivadores. Os tópicos relevantes desse tipo de ergonomia incluem comunicações, gerenciamento de recursos de equi- pes e operações com sistemas estratégicos. DEFINIÇÃO E EVOLUÇÃO DA ERGONOMIA R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E42 CONSIDERAÇÕES FINAIS Terminamos a primeira unidade. Vimos até agora como surgiu a ergonomia e falamos um pouco sobre sua abrangência de atuação e a importância da aná- lise ergonômica dentro do ambiente de trabalho. Ressaltamos que uma análise ergonômica bem realizada pode reduzir os números de afastamentos e aumen- tar a produtividade. Como apresentamos, a ergonomia aplicada ao ambiente de trabalho traz benefícios tanto ao trabalhador como à empresa, proporcionado um ambiente de trabalho saudável e confortável,respeitando os limites humanos e, conse- quentemente, aumentando a produtividade, adaptando a máquina ao homem e nunca o contrário. Apesar do estudo da ergonomia apontar sua evolução e eiciência compro- vada nos ambientes de trabalho, atualmente, ainda nota-se uma certa “resistência” por parte dos empresários, apontada pelos altos índices, ainda crescentes, de afas- tamento por doenças proissionais ou do trabalho registrados pela Previdência Social; talvez o nosso capitalismo ainda tenha muitas raízes tayloristas e fordistas. Para desmistiicar essa resistência, o empregador deve promover um ambiente de trabalho que alie seus empregados ao desenvolvimento de suas atividades, e nunca o contrário, lembrando que a ergonomia e sua aplicabilidade servem como forma de prevenção e conforto para o trabalhador no exercício de suas atividades e, para as empresas, em geral, resultam em menor perda (como afastamento, cau- sados por inadequações do ambiente de trabalho) e aumento da produtividade. A ergonomia não serve somente ao ambiente de trabalho, mas pode e deve ser aplicada em nossa vida cotidiana, pois vários acidentes podem acontecer ao carregarmos um peso maior que o recomendado. Visando a proteção do traba- lho, precisamos conscientizá-lo que muitas tarefas do cotidiano podem trazer prejuízos a saúde do trabalhador. 43 A ESCOLA COMO EXPRESSÃO E RESPOSTA ÀS EXIGÊNCIAS DOS MODELOS DE PRO- DUÇÃO DO CAPITAL Na escola Clássica, destaca-se o conjunto de princípios desenvolvidos pelo empresário norte-americano Henry Ford com o objetivo de racionalizar e aumentar a produção. Em 1909, Ford introduz a linha de montagem, uma inovação tecnológica revolucionária, na qual os veículos são colocados numa esteira e passam de um operário para outro, para que cada um faça uma etapa do trabalho. A expressão Fordismo tornou-se sinônimo de produção em série, e exigia grandes fábricas e forte concentração inanceira. Assim foram criadas as sociedades anônimas. Ford estabe- leceu o salário mínimo de 5 dólares por dia, para seus empregados e a jornada de 8 horas de trabalho, enquanto que na Europa, a jornada ainda variava de 10 a 12 horas por dia. De acordo com Coriat, (1994, p. 59) o “ive dolars day” não se estendia a todos os traba- lhadores, uma vez que não se beneiciavam dele os operários que tivessem menos de seis meses na empresa, os jovens menores de vinte e um anos e as mulheres. Henry Ford, em 1899, fundou sua primeira fábrica de automóveis; e, em 1913, já fabrica- va 800 carros por dia, modelos populares, com planos inanciados de vendas e de assis- tência técnica, que revolucionaram a estratégia comercial da época, pela racionalização da produção. Por meio da racionalização da produção, idealizou a linha de montagem, o que lhe permi- tiu a produção em série, isto é, moderno método que permite fabricar grandes quantida- des de um determinado produto padronizado. Na produção em série ou de massa, o pro- duto é padronizado em seu material, mão de obra, desenho e ao mínimo custo possível. A condição necessária e suiciente para a existência da produção em massa é a capaci- dade de consumo em massa, seja real ou potencial; três aspectos suportam o sistema: a progressão do produto através do processo produtivo planejado, ordenado e contínuo; o trabalho é entregue ao trabalhador em vez de deixá-lo com a iniciativa de ir buscá-lo; as operações são canalizadas de forma progressiva em seus elementos constituintes. Os princípios adotados por Ford, consistem em: A) Princípio de intensiicação: consiste em diminuir o tempo de duração com o empre- go imediato dos equipamentos e da matéria prima e rápida colocação do produto no mercado. B) Princípio de economicidade: consiste em reduzir ao mínimo o volume do estoque da matéria-prima em transformação. Por meio desse princípio, conseguiu fazer com que o trator ou o automóvel fosse pago à sua empresa antes de vencido o prazo de pagamen- to da matéria-prima adquirida, bem como do pagamento de salários. A velocidade de produção deve ser rápida. Diz Ford, em seu livro: “O minério sai da mina no sábado e é entregue sob a forma de um carro, ao consumidor, na terça feira, à tarde”. 44 C) Princípio da produtividade: consiste em aumentar a capacidade de produção do homem no mesmo período (produtividade) por meio da especialização e da linha de montagem. Assim, o operário pode ganhar mais, num mesmo período de tempo, e o empresário ter maior produção. A concepção Fordista baseava-se na produção para o consumo de massas, visando à diminuição do custo por unidade produzida, e consistia nos aumentos simultâneos da produção com os salários dos trabalhadores. Segundo Waters (1999) o Fordismo trans- formou os trabalhadores em “trabalhadores instrumentais”. Dessa forma, o modelo fordista pode ser entendido por uma série de características: Meticulosa separação entre projeto e execução, iniciativa e atendimento a comandos, liberdade e obediência, invenção e determinação, com o estreito entrelaçamento dos opostos dentro de cada uma das oposições binárias e a suave transmissão de comando do primeiro elemento de cada par ao segundo (BAUMAN, 2001, p. 68). Outras características do mesmo modelo: baixa mobilidade dos trabalhadores; homo- geneização da mão-de-obra; mão de obra numerosa e predominantemente masculina (BEYNON, 1995, p. 6); produção em massa; consumo em massa; rotinas de trabalho; con- trole do tempo; adaptação ao ritmo da máquina; e homogeneidade dos produtos. Texto extraído parcialmente de Cavalheiro Neto, Afonso. A escola como expressão e resposta às exigências dos modelos de produção do capital. Dissertação apresenta- da ao Programa de Pós-Graduação em Educação, Área de Concentração: Aprendizagem e Ação Docente, da Universidade Estadual de Maringá, como um dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Educação. Fonte: Neto (2006, on-line)6. 45 1. A ergonomia é um estudo que veio a contribuir para a melhoria das condições de trabalho, visando a diminuição do número de afastamentos por doenças do trabalho e aumento da produtividade. Diante disso, analise as airmações a se- guir sobre o signiicado da palavra ergonomia. I) Ela busca soluções para os problemas decorrentes da relação homem-máquina. II) É avaliação do posto de trabalho, no intuito de assegurar uma postura correta para o trabalhador. III) É o estudo do comportamento humano no seu trabalho. IV) Ela concebe, modiica e readapta o trabalho às condições humanas. Assinale a alternativa correta. a) I e II, apenas b) I e III, apenas. c) I e IV, apenas. d) I, II e III, apenas. e) I, III e IV, apenas. 2. O ergonomista é um proissional que será responsável por avaliar as condições de trabalho. Essas avaliações podem ser realizadas de diversas formas, e é muito inte- ressante ter um proissional que esteja familiarizado com o tipo de ambiente que analisará, para que as análises se tornem mais completas. Diante disso, analise as alternativas e assinale a correta quanto ao papel do ergonomista. a) Realizar análise ergonômica do posto de trabalho, observando as condições climáticas (ventilação, iluminação e temperatura), propondo soluções aos pro- blemas levantados. b) Contribui para o planejamento, o projeto e a avaliação de tarefas, postos de trabalho, produtos, ambientes e sistemas, de modo a torná-los compatíveis com as necessidades, habilidades e limitações das pessoas. c) Análise do ambiente de trabalho levando em consideração apenas as partes da jornada mais crítica, visto que é onde pode ocorrer os acidentes de trabalho. d) Fazer análise do comportamento humano com relação ao posto de trabalho, adaptando o homem à máquina. e) Análise do posto de trabalho utilizando ferramentas ergonômicas para funda- mentar suas propostas. 46 3. Em qual momento, no contexto histórico, o termo ergonomia se tornou oicial e, no Brasil, em que data foi criada a norma especíica sobre a ergonomia? a) No período Renascentista, foi comos estudos de Leonardo da Vinci – “homem vitruviano” – e de Bernadino Ramazzini – “doenças ocupacionais” – que se se oicializou o termo ergonomia. No Brasil, em 1968, quando foi publicada a nor- ma especíica que trata de ergonomia do Ministério do Trabalho. b) Durante a segunda Guerra Mundial, o termo ergonomia foi oicializado, por meio das pesquisas acadêmicas e de psicólogos militares e nas investigações sobre a intervenção entre pessoas, equipamentos e ambiente. No Brasil, data- -se no ano de 1943, quando foi publicada a Norma Regulamentadora NR17, que trata especiicamente de ergonomia. c) O termo ergonomia foi oicializado após a Segunda Guerra Mundial, em 1949, em um encontro de psicólogos e isiologistas renomados. No Brasil, em 1978, quando foi publicada a norma regulamentadora NR17 do Ministério do Traba- lho, que trata especiicamente sobre ergonomia no trabalho. d) No período Renascentista, com os estudos de Leonardo da Vinci – “homem vi- truviano” e de Bernadino Ramazzini – “doenças ocupacionais” –, oicializou-se o termo ergonomia. No Brasil, em 1978, quando foi publicada a norma especíica que trata sobre ergonomia do Ministério do trabalho. e) O termo ergonomia foi cunhado, oicialmente, durante a Revolução Industrial, a partir dos estudos do norte-americano Frederick Taylor. No Brasil, a primeira norma que trata especiicamente da ergonomia foi publicada em 1978, a Nor- ma Regulamentadora 17. 4. De acordo com a Associação Internacional de Ergonomia (IEA), a ergonomia se divide em três domínios: físico, cognitivo e organizacional. Relacione esses três tipos com os descritivos a seguir. a) ergonomia física. b) ergonomia cognitiva. c) ergonomia organizacional. ( ) Refere-se aos processos mentais, tais como percepção, memória, raciocínio e resposta motora conforme afetem as interações entre seres humanos e outros elementos de um sistema. Sua ciência é basicamente multidisciplinar. ( ) Está relacionada com as características da anatomia humana, antropometria, isiologia e biomecânica em suas relações com a atividade física. Os tópicos re- levantes incluem o estudo da postura no trabalho, manuseio de materiais, mo- vimentos repetitivos, distúrbios musculoesqueletais relacionados ao trabalho, projeto de posto de trabalho, segurança e saúde. ( ) Concerne à otimização dos sistemas sociotécnicos, incluindo suas estruturas organizacionais, políticas e de processos. Um ponto chave é diagnosticar como os trabalhadores avaliam seu ambiente de trabalho. 47 Assinale a alternativa correta. a) A, B, C. b) A, C, B. c) B, A, C. d) B, C, A. e) C, A, B. 5. De acordo com as informações apresentadas nesta unidade sobre ergonomia, é possível perceber que o ambiente de trabalho mudou. Diante dessas informa- ções, analise as airmações a seguir. I) Mais simples e os ambientes mais arejados. II) Melhor adaptado às condições físicas dos trabalhadores. III) Uma atividade na qual a ênfase é a segurança e o conforto. Analise as alternativas a seguir e assinale a correta. a) I, apenas. b) II, apenas. c) III, apenas. d) I e II, apenas. e) II e III, apenas. MATERIAL COMPLEMENTAR Tempos Modernos - 1936 Sinopse: o i lme retrata as contradições trazidas pela modernidade do capitalismo e pelo avanço tecnológico da época. O homem era obrigado, de forma impositiva, a se adaptar às máquinas, sob a teoria do fordismo e do taylorismo de trabalho, regido por um ambiente de trabalho de forte pressão, em que o trabalhador era regido pelo tempo do relógio do capitalista. Charlie Chaplin, autor principal do i lme, interpreta um personagem que chega a ser internado em um hospício, devido ao estresse e à fadiga causados pelos movimentos repetitivos de seu trabalho. Comentário: observe como esse tipo de ambiente de trabalho pode trazer malefícios aos trabalhadores. Será que isso não acontece nos dias atuais? REFERÊNCIAS ABRAHÃO, J.; SZNELWAR, L. I.; SILVINO, A.; SARMET, M.; PINHO, D. Introdução a er- gonomia: da prática a teoria. São Paulo: Blucher, 2009. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA. O que é ergonomia? 2005. Disponível em: <http://www.abergo.org.br/internas.php?pg=o_que_e_ergonomia>. Acesso 03 ago. 2017. BEZERRA, A. J. C. As proporções do corpo humano segundo vitruvius. In: Admirável mundo médico: arte na história da medicina. Brasília: Conselho regional de Medi- cina do DF, 2002. BÍBLIA. A. T. Gênesis. In: BÍBLIA. Português. Bíblia sagrada. São Paulo: Paulus, 1990. BRASIL. Decreto-Lei n° 5.452, de 1 maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Presidência da Republica, 1943. Disponível em: <http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm>. Acesso em: 13 nov. 2017. ______. Normas Regulamentadoras de Segurança e Saúde no Trabalho: Nor- ma Regulamentadora – NR17. Ministério do Trabalho e Emprego. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BE914E6012BEFBAD7064803/ nr_17.pdf>. Acesso em: 19 jun. 2015. CHEREM, A. J. Medicina e arte: observações para diálogo interdisciplinar. 2005. Disponível em: <http://www.actaisiatrica.org.br/v1%5Ccontrole/secure/Arquivos/ AnexosArtigos/D645920E395FEDAD7BBBED0ECA3FE2E0/acta_vol_12_MedxArte_ color%5B1%5D.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2013. CORRÊA, V. M. Ergonomia: fundamentos e aplicações. Porto Alegre: Bookman, 2015. KROEMER, K. H. E.; GRANDEJEAN, E. Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005. MOURA, M. L. S.; CORREA, J. Estudo psicológico do pensamento: de W. Wundt a uma ciência da cognição. Rio de janeiro: EDUERJ, 1997. SILVA, A. P. Ergonomia: interpretando a NR-17. São Paulo: LTr, 2013. VILLAR, S. M. R. Produção do Conhecimento em Ergonomia na Enfermagem. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002. WACHOWICZ, M. C. Segurança, Saúde & Ergonomia. Curitiba: IBPEX, 2007. 49 REFERÊNCIASREFERÊNCIAS 50 REFERÊNCIAS ONLINE 1 Em: <http://slideplayer.com.br/slide/336270/>. Acesso em: 13 jul. 2015. 2 Em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Bifaz_triangular.jpg>. Acesso em: 13 jul. 2015. 3 Em: <http://www.abergo.org.br/internas.php?pg=o_que_e_ergonomia>. Acesso em: 18 jun. 2015. 4 Em: <www.ergonomia.ufrj.br/arquivos/erg001.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2015. 5 Em: <http://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos11/55314676.pdf>. Acesso em: 16 jun. 2015. 6 Em: <http://www.ppe.uem.br/dissertacoes/2006-Afonso_Cavalheiro_Neto.pdf>. Acesso em: 31 maio 2017. GABARITO 51 1) Opção correta D. 2) Opção correta B. 3) Opção correta C. 4) Opção correta C. 5) Opção correta E. GABARITO U N ID A D E II Professora Dra. Ana Elisa Lavezo ERGONOMIA APLICADA AO TRABALHO Objetivos de Aprendizagem ■ Entender como a biomecânica, a isiologia e a antropometria inluenciam no ambiente do trabalho. ■ Compreender como a postura do seu trabalho pode interferir na sua vida laboral em pé ou sentado. ■ Analisar se o levantamento e transporte manual de cargas estão adequados ao seu trabalho, além da forma de empurrar e puxar as cargas. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Biomecânica, Fisiologia e Antropometria ■ Postura ■ Movimento Introdução R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 55 INTRODUÇÃO Prezado(a) aluno(a), nesta segunda unidade, temos os seguintes objetivos: enten- der como a biomecânica, a isiologia e a antropometria inluenciam no ambiente do trabalho; compreender como a postura do seu trabalho pode interferir na sua vida laboral em pé ou sentado; e, por im, analisar se o levantamento e transporte manual de cargas estão adequados ao seu trabalho, além da forma de empurrar e puxar as cargas e, para isso, dividimos esta unidade em três partes, que são: 1) biomecânica, isiologia e antropometria; 2) postura e 3) movimento. Na primeira parte, explicaremos
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