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Indexação Qualis com encarceramento do ceco em equino A R ev is ta d o M éd ic o V et er in ár io • w w w .r ev is ta ve te q u in a. co m .b r ANO 12 - Nº 69 - JANEIRO / FEVEREIRO 2017 em equinos tratados com o produto comercial Antiphlokin • Cicatrização por terceira intenção em ferida profunda cervical de equino: Relato de caso • Polidactilismo em muar: Relato de caso • Radiologia Odontológica Equina: Conceitos e casos clínicos (parte 2) • Agronegócio: Raízes históricas, econômicas e sociais da Equideocultura no Brasil • Ortopedia Equina: Treinamento em imagem e observação - Respostas à sua opinião COLOSTRO EQUINO COLOSTRO EQUINO Importância dos principais constituintes físico-químicos Importância dos principais constituintes físico-químicos • 1 S U M Á R I O ANO 12 - Nº 69 - JANEIRO / FEVEREIRO 2017 FOTO CAPA: Pedro Blanco FOTO DESTAQUE: Patrícia C. Bernardes Moss www.passoapasso.org.br 1. REVISTA BRASILEIRA DE MEDICINA EQUINA (ISSN 1809-2063) - publica artigos Científicos, Revisões Bibliográficas, Relatos de Ca- sos e/ou Procedimentos e Comunicações Curtas, referentes à área de Equinocultura e Medicina de Equídeos, que deverão ser destinados com exclusividade. 2. Os artigos Científicos, Revisões, Relatos e Comunicações curtas devem ser encaminhados via eletrônica para o e-mail: (revista.equina@gmail.com) e editados em idioma Português. To- das as linhas deverão ser numeradas e paginadas no lado inferior di- reito. O trabalho deverá ser digitado em tamanho A4 (21,0 x 29,0 cm) com, no máximo, 25 linhas por página em espaço duplo, com mar- gens superior, inferior, esquerda e direita em 2,5 cm, fonte Times New Roman, corpo 12. O máximo de páginas será 15 para artigo científico, 25 para revisão bibliográfica, 15 para relatos de caso e 10 para comu- nicações curtas, não incluindo tabelas, gráficos e figuras. Figuras, grá- ficos e tabelas devem ser disponibilizados ao final do texto, sendo que não poderão ultrapassar as margens e nem estar com apresentação paisagem. 3. O artigo Científico deverá conter os seguintes tópicos: Título, Resumo e Unitermos (em Português, Inglês e Espanhol); Introdução; Material e Métodos; Resultados e Discussão; Conclusão e Referências. Agrade- cimento e Apresentação; Fontes de Aquisição; Informe Verbal; Comitê de Ética e Biossegurança devem aparecer antes das Referências. Pesquisa envolvendo seres humanos e animais obrigatoriamente devem apresentar parecer de aprovação de um comitê de ética institucional já na submissão (Modelo .doc, .pdf). 4. A Revisão Bibliográfica deverá conter os seguintes tópicos: Títu- lo, Resumo e Unitermos (em Português, Inglês e Espanhol); Introdu- ção; Desenvolvimento (pode ser dividido em sub-títulos conforme ne- cessidade e avaliação editorial); Conclusão ou Considerações Finais; e Referências. Agradecimento e Apresentação; Fontes de Aquisição e Informe Verbal devem aparecer antes das Referências. 5. O Relato de Caso e/ou Procedimento deverá conter os seguintes tópicos: Título, Resumo e Unitermos (em Português, Inglês e Espa- nhol); Introdução; Relato de Caso ou Relato de Procedimento; Discus- são (que pode ser unida a conclusão); Conclusão e Referências. Agra- decimento e Apresentação; Fontes de Aquisição e Informe Verbal de- vem aparecer antes das Referências. NORMAS PARA PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS NA REVISTA BRASILEIRA DE MEDICINA EQUINA 6. A comunicação curta deverá conter os seguintes tópicos: Título, Resumo e Unitermos (em Português, Inglês e Espanhol); Texto (sem subdivisão, porém com introdução; metodologia; resultados e discus- são e conclusão; podendo conter tabelas ou figuras); Referências. Agradecimento e Apresentação; Fontes de Aquisição e Informe Verbal; Comitê de Ética e Biossegurança devem aparecer antes das referênci- as. Pesquisa envolvendo seres humanos e animais obrigatoriamente devem apresentar parecer de aprovação de um comitê de ética institucional já na submissão. (Modelo .doc, .pdf). 7. As citações dos autores, no texto, deverão ser feitas no sistema numérico e sobrescritos, como descrito no item 6.2. da ABNR 10520, conforme exemplo: “As doenças da úvea são as enfermidades mais diagnosticadas nessa espécie, com prevalência de até 50%15”. “Se- gundo Reichmann et al.15 (2008), as doenças da úvea são as enfermi- dades mais diagnosticadas nessa espécie, com prevalência de até 50%”. No texto pode citar-se até 2 autores, se mais, utilizar “et al.” Exemplo: Thomassian e Alves (2010). Neste sistema, a indicação da fonte é feita por uma numeração única e consecutiva, em algaris- mos arábicos, remetendo à lista de referências ao final do artigo, na mesma ordem em que aparecem no texto. Não se inicia a nume- ração das citações a cada página. As citações de diversos docu- mentos de um mesmo autor, publicados num mesmo ano, são distin- guidas pelo acréscimo de letras minúsculas, em ordem alfabética, após a data e sem espacejamento, conforme a lista de Referências. Exem- plo: De acordo com Silva11 (2011a). 8. As Referências deverão ser efetuadas no estilo ABNT (NBR 6023/ 2002) conforme normas próprias da revista. 8.1. Citação de livro: AUER, J.A.; STICK, J.A. Equine Surgery. Phila- delphia: W.B. Saunders,1999, 2.ed., 937p. TOKARNIA, C.H. et al. (Mais de dois autores) Plantas tóxicas da Ama- zônia a bovinos e outros herbívoros. Manaus: INPA, 1979, 95p. 8.2. Capítulo de livro com autoria: GORBAMAN, A. A comparative pathology of thyroid. In: HAZARD, J.B.; SMITH, D.E. The thyroid. Balti- more: Williams & Wilkins, 1964, cap.2, p.32-48. 8.3. Capítulo de livro sem autoria: COCHRAN, W.C. The estimation of sample size. In: ______. Sampling techniques. 3.ed., New York: John Willey, 1977, cap.4, p.72-90. 8.4. Artigo completo: PHILLIPS, A.W.; COURTENAY, J.S.; RUSTON, R.D.H. et al. Plasmapheresis of horses by extracorporal circulation of blood. Research Veterinary Science, v.16, n.1, p.35-39, 1974. 8.5. Resumos: FONSECA, F.A.; GODOY, R.F.; XIMENES, F.H.B. et al. Pleuropneumonia em equino por passagem de sonda nasogástrica por via errática. Anais XI Conf. Anual Abraveq, Revista Brasileira de Medi- cina Equina, Supl., v.29, p.243-44, 2010. 8.6. Tese, dissertação: ESCODRO, P.B. Avaliação da eficácia e segu- rança clínica de uma formulação neurolítica injetável para uso perineu- ral em equinos. 2011. 147f. Tese (doutorado) - Instituto de Química e Biotecnologia. Universidade Federal de Alagoas. ALVES, A.L.G. Avaliação clínica, ultrassonográfica, macroscópica e histológica do ligamento acessório do músculo flexor digital profundo (ligamento carpiano inferior) pós-desmotomia experimental em equi- nos. 1994. 86 f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Medicina Ve- terinária e Zootecnia. Universidade Estadual Paulista. 8.7. Boletim: ROGIK, F.A. Indústria da lactose. São Paulo: Departa- mento de Produção Animal, 1942. 20p. (Boletim Técnico, 20). 8.8. Informação verbal: Identificada no próprio texto logo após a in- formação, através da expressão entre parênteses. Exemplo: ...são achados descritos por Vieira (1991 - Informe verbal). Ao final do texto, antes das Referências Bibliográficas, citar o endereço completo do autor (incluir e-mail), e/ou local, evento, data e tipo de apresentação na qual foi emitida a informação. 8.9. Documentos eletrônicos: MATERA, J.M. Afecções cirúrgicas da coluna vertebral: análise sobre as possibilidades do tratamento cirúr- gico. São Paulo: Departamento de Cirurgia, FMVZ-USP, 1997, 1 CD. GRIFON, D.M. Artroscopic diagnosis of elbow displasia. In: WORLD SMALL ANIMAL VETERINARY CONGRESS, 31., 2006, Prague, Czech Republic. Proceedings… Prague: WSAVA, 2006, p.630-636. Acessado em 12 fev. 2007. Online. Disponível em: http://www.ivis.org/ proceedings/wsava/2006/lecture22/Griffon1.pdf?LA=1. 9. Os conceitos e afirmações contidos nos artigos serão de inteira responsabilidade do(s) autor(es). 10. Os artigos serão publicados em ordem de aprovação. 11. Os artigos não aprovados serão arquivados havendo, no entanto, o encaminhamento de uma justificativa pelo indeferimento. 12. Em caso de dúvida, consultaros volumes já publicados antes de dirigir-se à Comissão Editorial. • Colostro Equino: importância dos principais constituites físico-químico (Página 4) • Cicatrização por terceira intenção em ferida profunda cervical de equino: relato de caso (Página 12) • Antidoping em equinos tratados com o produto comercial Antiphlokin (Página 20) • Polidactilismo em muar: relato de caso (Página 24) • Agronegócio: Raízes históricas, econômicas e sociais da Equideocultura no Brasil (Página 28) • Radiologia Odontológica Equina: conceitos e casos clínicos (Página 30) • Ortopedia Equina: Treinamento em imagem e observação: Respostas à sua opinião (Página 34) • Gestão Empresarial: O médico-veterinário e o desafio de empreender em momentos de crise (Página 38) • Informativo Equestre: Obesidade Equina (Página 40) 04 20 12 24 30 2 • E D I T O R I A L FUNDADOR Synesio Ascencio (1929 - 2002) DIRETORES José Figuerola, Maria Dolores Pons Figuerola EDITOR RESPONSÁVEL Fernando Figuerola JORNALISTA RESPONSÁVEL Russo Jornalismo Empresarial Andrea Russo (MTB 25541) Tel.: (11) 3875-1682 russo.jornalismo@gmail.com PROJETO GRÁFICO Studio Figuerola EDITOR DE ARTE Roberto J. Nakayama MARKETING Master Consultoria e Serviços de Marketing Ltda. Milson da Silva Pereira milsonbiconsult@gmail.com PUBLICIDADE / EVENTOS Diretor Comercial: Fernando Figuerola Fones: (11) 3721-0207 3722-0640 / 9184-7056 fernandofiguerola@terra.com.br ADMINISTRAÇÃO Fernando Figuerola Pons, ASSINATURAS: Tel.: (11) 3845-5325 editoratrofeu@terra.com.br REVISTA BRASILEIRA DE MEDICINA EQUINA é uma publicação bimestral da EditoraTroféu Ltda. Administração, Redação e Publicidade: Rua Leonardo Gonçalves Caramuru, 249 / casa 23 Condomínio Bella Cittá Bairro Jardim Emília - Jacarei, SP CEP: 12321-490 Tel.: (12) 3959-2412 / 99184-7056 (11) 3721-0207 editoratrofeu@terra.com.br nossoclinico@nossoclinico.com.br NOTAS: a) As opiniões de articulistas e en- trevistados não representam ne- cessariamente, o pensamento da REVISTA BRASILEIRA DE MEDI- CINA EQUINA. b) Os anúncios comerciais e infor- mes publicitários são de inteira res- ponsabilidade dos anunciantes. DIRETOR CIENTÍFICO: Pierre Barnabé Escodro Cirurgia Veterinária e Clínica Médica de Equideos (Univ. Federal de Alagoas) pierre.vet@gmail.com CONSULTORES CIENTÍFICOS: NOSSO ENDEREÇO ELETRÔNICO Home Page: www.revistavetequina.com.br Redação: andrearusso@uol.com.br Assinatura/Administração: editoratrofeu@terra.com.br Publicidade/Eventos: fernandofiguerola@terra.com.br Editora: revistavetequina@revistavetequina.com.br 2 • Alexandre Augusto O. Gobesso Nutrição e Fisiologia do Exercício cateto@usp.br Aline Emerim Pinna Diagnóstico por Imagem aepinna@id.uff.br André Luis do Valle De Zoppa Cirurgia alzoppa@usp.br Cláudia Acosta Duarte Clínica Cirúrgica de Equídeos claudiaduarte@unipampa.edu.br Daniel Lessa Clínica lessadab@vm.uff.br Fernando Queiroz de Almeida Gastroenterologia, Nutrição e Fisiologia Esportiva almeidafq@yahoo.com.br Flávio Desessards De La Côrte Cirurgia delacorte2005@yahoo.com.br Geraldo Eleno Silveira Clínica Cirúrgica de Equinos geraldo@vet.ufmg.br Guilherme Ferraz Fisiologia do Exercício guilherme.de.ferraz@terra.com.br Henrique Resende Anatomia e Equinocultura resende@dmv.ufla.br Jairo Jaramillo Cardenas Cirurgia e Anestesiologia Equina dr.jairocardenas@yahoo.com.br Jorge Uriel Carmona Ramíres Clínica e Cirurgia carmona@ucaldas.edu.co José Mário Girão Abreu Clínica zemariovet@gmail.com.br Juliana Regina Peiró Cirurgia juliana.peiro@gmail.com Luiz Carlos Vulcano Diagnótico de Imagem vulcano@fmvz.unesp.br Luiz Cláudio Nogueira Mendes Clínica de Grandes Animais luizclaudiomendes@gmail.com Marco Antônio Alvarenga Clínica e Reprodução Equina malvarenga@fmvz.unesp.br Marco Augusto G. da Silva Clínica Médica de Equídeos silva_vet@hotmail.com Maria Verônica de Souza Clínica msouza@ufv.br Max Gimenez Ribeiro Clinica Cirúrgica e Odontologia mgrvet@bol.com.br Neimar V. Roncati Clinica, Cirurgia e Neonatologia neimar@anhembi.br Roberto Pimenta P. Foz Filho Cirurgia robertofoz@gmail.com Renata de Pino A. Maranhão Clínica renatamaranhao@yahoo.com Silvio Batista Piotto Junior Diagnóstico e Cirurgia Equina abraveq@abraveq.com.br Tobyas Maia de A. Mariz Equinocultura e Fisiologia Equina tobyasmariz@hotmail.com Casa de ferreiro, espeto de pau Não é nenhuma novidade que muitos proprietários de ca- valos, principalmente daqueles que compõem o grupo que in- veste na qualidade e nos cuidados com o animal, são profissio- nais de áreas diferentes do meio rural. Médicos, advogados, en- genheiros, banqueiros, os mais diversos profissionais bem suce- didos em suas respectivas áreas têm no cavalo seu esporte e lazer. O que surpreende é a quantidade desses profissionais, ex- tremamente zelosos em seus negócios (caso contrário não seri- am bem sucedidos), agem de forma oposta quanto o assunto é o cavalo. Para as diversas áreas técnicas de suas empresas ou negócios, contratam pessoas e empresas que sejam bem quali- ficadas, mesmo que mais caras que concorrentes: a qualidade do serviço justifica o maior preço. Mas quando essas mesmas pessoas vão contratar profissionais ou serviços para seus cava- los os critérios mudam. O resultado desta postura vai desde ins- talações caras e contrárias ao bem-estar até casqueamentos e ferrageamentos inadequados. Infelizmente, nem todos bons profissionais (e são muitos) dão a devida atenção a esse fato. A consequência é concorrên- cia desleal e desvalorização dos serviços, com prejuízos tam- bém para os animais, alguns irreversíveis. Muitos grandes em- presários, que não assinam nada sem uma revisão e parecer de seus advogados, aceitam condições, no mínimo, frágeis em con- tratos (alguns, inclusive, informais) de venda de cavalos, como ocorre em muitos leilões. Isto para citar apenas uma situação, um exemplo. O reflexo disso tudo é uma imagem amadora da equino- cultura, vista como algo supérfluo, um capricho. Dessa forma, é difícil reivindicar tratamentos respeitosos de políticas públicas, inclusive sanitárias e de crédito. Enquanto não for defendida a valorização do profissional que tem no cavalo seu ofício, que a relação seja mais respeitosa e profissional, continuará a ser ár- duo o trabalho e a obtenção de meios para sua realização. Na linha da recente campanha do agro, é preciso conscientizar a todos que o cavalo é Tech, cavalo é Pop, cavalo é tudo. Roberto Arruda de Souza Lima Professor da ESALQ/USP raslima@usp.br • 3 4 • Introdução O colostro é um alimento indispensável para desenvolvimento dos mamíferos, é rico em anti- corpos, nutrientes e fatores de crescimento. Apre- senta funções importantes como na transmissão de imunoglobulinas entre os mamíferos, dos quais 95% são placentários. Dessa forma, estes são ca- racterizados por depender totalmente da secreção láctea produzida e liberada pela mãe ao nascimen- to, pois deixam de nutrir-se pela via placentária. A espécie equina é caracterizada por sua placenta epitélio-corial difusa, a qual possibilita somente passagem de pequenas moléculas, como aminoá- cidos e eletrólitos. Porém, as imunoglobulinas são moléculas grandes que não ultrapassam a barreira placentária. Dessa forma, os potros nascemaga- “Colostrum equine: importance of main constituents physical and chemical” “Colostrum equino: importancia de los componentes principales físicos y químicos” ............................................ Carolina Litchina Brasil* (carolinalitchinabrasil@hotmail.com) Mestranda Programa de Pós-Graduação em Veterinária UFPel/RS Alceu Gonçalves dos Santos Junior (alceugsjr@gmail.com) Doutorando Programa de Pós-Graduação em Veterinária - UFPel/RS; Fernanda Maria Pazinato (fernandampazinato@yahoo.com.br) Doutoranda Programa de Pós-Graduação em Veterinária - UFPel/RS Júlia de Souza Silveira Valente (juliassilveira@gmail.com) Doutoranda Programa de Pós-Graduação em Parasitologia - UFPel/RS Cristina Gomes Zambrano (cris.zambrano@hotmail.com) Doutoranda Programa de Pós-Graduaçãoem Parasitologia - UFPel/RS João Pedro Hubner Etges (jpetges@gmail.com) Graduando Medicina Veterinária - UFPel/RS Carlos Eduardo Wayne Nogueira (cewn@terra.com.br) Prof. Dr. Depto. Clínicas Veterinárias UFPel/RS * Autora para correspondência importância dos principais constituintes físico-químicos RESUMO: A presente revisão objetivou descrever os constituintes colostrais e sua importância sobre qualidade. Caracterizando e apresentando os itens, bem como sua resposta frente aos neonatos. O colostro equino é produzido na glândula mamária durante as últimas semanas de gestação. É a primeira secreção láctea por ocasião do parto, de viscosidade e coloração mais amarelada que o leite. É constituído de eletrólitos, carboidratos, gorduras, quantidades de proteína total, enzimas e imunoglobulinas. Dessa forma, o conhecimento dos constituintes colostrais é importante para estimar a viabilidade e possível assistência ao potro neonato. Unitermos: colostro, imunoglobulinas, neonato ABSTRACT: The present review aims to describe the colostrum components and their importance on the quality of colostrum post-partum. By this way, characterizing and demonstrating the components, as well as their response to neonates. In equinespecies the colostrum its produce in the mammary gland during the last weeks of gestation. The colostrum is the first milk secretion at delivery, exhibitinghigher viscosity and more yellowish coloration when compared with milk. It consists of electrolytes, carbohydrates, fats, amounts of total protein, enzymes and immunoglobulin’s. Thus, the knowledge of colostrum components is important to estimate viability and possible assistance to the newborn foal. Keywords: colostrum, immunoglobulin, neonate RESUMEN: La presente revisióntiene como objectivodescribirlos componentes delcalostro y suimportancia sobre lacalidaddelmismo, caracterizando y demonstrando los artículos, así como sureacción frente a los neonatos. El calostro equino es producidoenlaglándula mamaria durante las últimas semanas de gestación, es laprimerasecreción mamaria post parto, de viscosidad y color mas amarillento que laleche.Se compone de electrolitos, carbohidratos, grasas, cantidades de proteína total, enzimas e inmunoglobulinas.De esta forma, elconocimiento de los componentes delcalostro es importante para evaluarlaviabilidad y posibleasistencia al potro neonato. Palabras clave: calostro, inmunoglobulinas, neonato maglobulinemicos ou hipogamaglobulinemicos, assim dependem totalmente do colostro materno para adquirirem imunidade após o nascimento1,5 (Figura 1). Figura 1: Imagem ilustrando a transferência de imunoglobulinas da glândula mamária da mãe para o recém-nascido. FO N TE : P E D R O B LA N C O FO N TE : C LI N E Q • 5 O colostro equino é produzido na glândula mamária durante as últimas semanas de gestação4,6-7. É a primeira secreção láctea por ocasião do parto, de viscosidade e coloração mais amarelada que o leite3. É constituído de eletrólitos, carboidratos, gorduras, quantidades de proteína total, enzimas e imunoglobulinas4,6,8. Esta secreção é indispensável para o neonato recém-nascido, pois além da grande importância nutricional e auxílio na maturação do trato gastrointestinal, ela ainda confere a este animal imunidade passiva pela ingestão de imunoglobulinas(IgG, IgA e IgM)4. A importância da rápida ingestão do colostro pelo neonato nas primeiras 6 horas se deve ao fechamento das criptas das células intestinais, sendo a permeabilidade absortiva maior imediatamente após o nascimento, e pela maturação do sistema gastrointestinal nas primeiras 24 horas de vida do neonato4. O colostro além de ser responsável por ativar o sistema com- plemento e fornecer nutrientes e hormônios de crescimento, possui também propriedades laxativas, que contribuem para a eliminação dos resíduos acumulados no intestino do feto durante a fase final da gestação, sob a forma de massa escura e viscosa conhecida como mecônio9. Devido a todas essas funções relacionadas ao bem-estar neo- natal, a qualidade do colostro fornecido é de extrema importância. Assim, a composição e avaliação do mesmo através das suas carac- terísticas físico-químicas pode ser um indicativo de qualidade re- fletida ao neonato. O presente trabalho tem por objetivo demons- trar os constituintes colostrais e sua importância sobre a qualidade do mesmo. Qualidade do Colostro A avaliação física do colostro deve ser realizada antes da pri- meira mamada, sendo que colostro apresentando maior viscosida- de e coloração amarelada está relacionado a maiores concentra- ções de imunoglobulinas, indicando melhor qualidade do colostro. A coloração deve ser amarelo ouro e a viscosidade semelhante a parafina líquida3,10 (Figura 2). Proteína O teor de proteína é maior no início da lactação e decresce gradualmente12-16. O colostro de éguas contém mais de 10% de pro- teína, e 80% delas são as imunoglobulinas13,14,17. Após o período de colostro, a concentração diminui de 1,7 à 3,0%. A proteína total, proteína do soro de leite, caseína e conteúdo de nitrogênio não pro- teico (NNP), respectivamente, tem os valores de 16,41, 13,46, 2,95 e 0,052% no colostro pós-parto imediato. Csapó18 (2009) relata que o valor biológico da proteína do leite é bem mais elevado no colostro devido aos níveis elevados de treonina e lisina. E que a maior parte de aminoácidos essenciais como treonina, valina, cistina, tirosina e lisina estão diminuídos, enquanto que o ácido glutâmico e prolina aumentados na proteína do leite após o parto. O teor de aminoácidos livres contidos no colostro é 63,68 mg/100 g, sendo 2 vezes mais elevados assim como no leite, com exceção de treonina, serina e ácido glutâmico18. As concentrações de aminoácidos livres contidas no colostro e leite de éguas estão descritas na Tabela 1. Figura 2: Demonstração da avaliação física específica a coloração do colostro para estimar a qualidade do mesmo. ...................................................................................................................... A coloração e viscosidade estão relacionadas à gravidade es- pecifica, e consequentemente à quantificação de imunoglobulinas presentes no colostro. Em estudo de Luz, et al.11 (1992), com 60 éguas da raça Puro Sangue Inglês, foi observada uma relação dire- tamente proporcional entre estas características. Gordura A gordura do colostro no pós-parto imediato é de 2,49%, au- mentando para 3,03% nas primeiras 12 horas após o parto. As mes- mas decaem no período de transição entre 2 a 5 dias pós-parto para 1,89%19. O teor de gordura de colostro da égua é baixo quando com- parado ao bovino e humano. Da mesma forma que observado no co- lostro, o leite equino mantém valores menores de gordura, alto nível de ácidos graxos poli-insaturados (ácidos linoleico e linolênico) e baixa concentração de colesterol20,21. Acredita-se então que a gor- dura do leite equino seja mais indicada para o consumo humano17. Tabela 1: Concentrações de Aminoácidos Livres contidas no Colostro e Leite de éguas Aminoácido Conteúdo de Aminoácidos Livres mg / livre AA / 100 g g / livre AA / 100 g Colostro Leite Colostro Leite Asp 2,9 0,6 4,6 1,9 Thr 2,9 3,57 4,6 11,5 Ser 5,59 8,97 8,8 28,8 Glu 9,21 9,92 14,5 31,8 Pro 2,5 1,61 3,9 5,2 Gly 4,01 1,01 6,3 3,2 Ala 3,68 0,66 5,8 2,1 Cys 0,53 0,06 0,8 0,2 Val 9,21 1,67 14,5 5,4 Met 0,39 0,03 0,6 0,1 Ile 1,84 0,16 2,9 0,5 Leu 3,75 0,35 5,9 1,1 Tyr 1,38 0,28 2,2 0,9 Phe 1,51 0,57 2,4 1,8 Lys 6,32 0,88 9,9 2,8 His 6,38 0,66 10 2,1 Arg 1,58 0,19 2,5 0,6 Total 63,68 31,19 100,2 100 FO N TE : C LI N E Q 6 • Lactose A lactose é o principal açúcar do colostro, sendo descritas concentrações de 33,48 mg/ml na raça Puro Sangue Arábe8. No leite a mesma também constitui o principal glicídio presente, ocor- rendo um aumento da lactose durante a lactação, diferente dos ou- tros componentes do colostro e leite, que decrescem13,22. A lactose é um fator controlador da pressão osmótica dentro do úbere, favorecendo o enchimentodo mesmo23. Esse glicídio con- tém o fator bifidus, um carboidrato essencial para o crescimento de distintas cepas do Lactobacillus bifidus, o qual melhora a qualida- de da flora intestinal e auxilia na redução de microrganismos pato- gênicos no intestino20,24,25. Eletrólitos e pH Os eletrólitos contidos no colostro sofrem alteração de con- centração durante os períodos de lactação, os eletrólitos de maior concentração são cálcio (747.7 mg/kg), potássio (928.6 mg/kg), magnésio (139.7 mg/kg) e zinco (2.95 mg/kg). Devido as altera- ções que ocorrem nos eletrólitos durante a formação do colostro, a mensuração dos mesmos pode ser utilizada como método para pre- visão do parto em éguas sadias. Já é descrito o aumento nos valores de eletrólitos, Ca2+ e K+, e redução de Na+ e Cl- nas secreções da glândula mamária com 24 horas prévias ao parto26,30. Entretanto, algumas éguas podem não demonstrar variação na concentração de alguns eletrólitos e não há descrição em casos de éguas com alterações gestacionais, que resultam em lactação pre- coce27. Além disso, as análises dos valores de eletrólitos são reali- zadas a partir de analisador automático, sendo necessário encami- nhar a amostra acondicionada a -20ºC para um centro especializa- do de referência. A mensuração do pH também pode ser um método previsor do parto, onde o pH começa a diminuir 4 dias antes do parto, ocor- rendo uma redução significativa do pH das secreções mamárias no dia do parto em comparação com o dia anterior. Foi demonstrado em estudo de Brasil et. al,28 (2016) que o pH do colostro menor do que 7 é um indicativo de ocorrência do parto em até 24horas. En- tretanto, ainda não há descrição do mecanismo que leva a redução do pH, porém este pode estar associado ao aumento da atividade da enzima anidrase carbônica, semelhante ao descrito para bovi- nos29. Os testes de pH podem ser realizados através de um medidor de pH portátil (Accumet AP 115 Fisher Scientific, EUA), junta- mente com um eletrodo de pH semimicro (Orion 911.600, 120 × 12 mm, a precisão de 0,01 unidades de pH, ThermoScientific, EUA), ou com fita teste de pH (Hydrion, Micro Laboratório Essential, Brooklyn, New York, EUA)28 (Figura 3). Com a proximidade do parto, ocorre aumento significativo do CaCO3 neste pe- ríodo de formação do colostro. Dessa for- ma, o teste de dureza, o qual avalia o teor de CaCO3 no colostro, também pode ser outro método de prever o parto em éguas. O teste de CaCO3 é o mesmo empregado para avaliação do teor de dureza da água,este avalia o teor de metais alcalino- terrosos (Ca2 +, Mg2 + e outros metais raros). Sendo assim,o resultado do teste refere-se ao teor de Ca2 + e também de Mg2 +29 (Figura 4). Figura 3: Fita comercial utilizada para verificar o pH do colostro. Bactérias Sabe-se que na lactação, os componentes colostrais são mais concentrados e decrescem ao se tornar leite. Dessa forma, pode-se presumir a microbiota do colostro por estudos já realizados no leite equino, uma vez que não há descrição da microbiota presente no colostro. Para obter a quantidade e espécies de bactérias presentes no leite, faz-se a contagem bacteriana total, um parâmetro que men- sura a contaminação microbiana do leite sendo um indicativo da saúde da glândula mamária e principalmente da qualidade do lei- te30. Recentes estudos citam que a contagem bacteriana total no leite de éguas é de aproximadamente 40 x 10³ UFC/ml, sendo infe- rior ao convencional em outras espécies13. O baixo valor de bacté- rias encontradas no leite equino ocorre, provavelmente, devido à presença da alta concentração de lisozima, uma enzima com pro- priedades antibacterianas presente também no leite humano25,30,31. Esta enzima é produzida pelos macrófagos e atua diretamente so- bre a bactéria, especificamente destruindo o esqueleto glicosídico do peptidoglicano e consequentemente a parede celular bacteria- na32. A população microbiana do leite cru varia de acordo com a contaminação inicial, como provinda do interior e exterior da glân- dula mamária, superfícies de equipamentos e com as condições de armazenamento33. Imunoglobulinas A imunoglobulina G é mais abundante no colostro equino, en- quanto a IgA é o menor componente34. Comparado com o soro da égua, quase todos os isotipos de IgG, IgA e IgE apresentam maio- res quantidades no colostro. As imunoglobulinas IgG1, IgG3, IgG5 e IgA estão presentes em grande quantidade no colostro, e são importantes mediadores na regulação das funções imunológicas, contribuindo para a prote- ção de diversas doenças do neonato. Enquanto que as imunoglobu- linas IgG4 e IgG7 apresentam maior concentração no soro de equi- nos adultos e no colostro, e também desempenham um papel essen- cial na proteção contra infecções bacterianas e virais34. As IgG são encontradas em altas concentrações no colostro, porém conforme ocorre progressão da lactação, sua concentração diminui e aumentam as concentrações de IgA, a qual é responsá- vel por inibir a aderência de patógenos à superfície mucosa, cau- sando sua imediata neutralização35. À medida que o colostro muda para leite, surgem diferenças entre as espécies. Nos primatas e Figura 4: Fita comercial utilizada para estimar o teor de Carbonato de Cálcio presente no colostro. .................................................................. FO N TE : C LI N E Q FO N TE : C LI N E Q • 7 8 • humanos, a IgA predomina tanto no colostro como no leite. Entre- tanto, para equinos e suínos há predominância de IgG no colostro (Tabela 2). penham na transferência passiva para o desenvolvimento imunoló- gico neonatal, ainda não está bem elucidado. Os linfócitos maternos podem migrar para tecidos linfóides secundários, onde fornecem proteção direta ao neonato ou iniciam respostas imunes adaptativas34. O colostro equino contém princi- palmente células T (CD4 +) e T (CD8 +) com algumas células-B. As células T (CD8 +) citotóxicas aparecem em concentrações mais elevadas no colostro em comparação com o sangue periférico nas éguas. Células T colostrais estimuladas in vitro produziram princi- palmente IFN-γ e IL-17 e apenas pequenas quantidades de IL-4 e IL-10, enquanto que a estimulação das células de sangue periféri- co, a partir das mesmas éguas, resultou em maior IL-4, IL-10, mes- ma quantidade de IFN-γ e menos produção de IL-17. Essa diferen- ça funcional e fenotípica nas células do sistema imunológico entre o sangue e o colostro da égua, sugere que as células T citotóxicas são transferidas para o colostro em um processo seletivo34. Sendo assim, torna-se importante a compreensão das possí- veis funções de células T maternas no fornecimento da imunidade celular passiva, ativando ou modulando um precoce reconhecimento imunológico e talvez o desenvolvimento imunológico em potros neonatos. Outros Constituintes Colostrais O colostro possui efeitos anabólicos, que provocam maior de- sempenho metabólico, e fatores promotores do crescimento, que estimulam a síntese de DNA e divisão celular. Em relação aos leu- cócitos, sua concentração está em 6 - 10 leucócitos/ml, há evidên- cias que estes podem estar relacionados com o desenvolvimento da resistência neonatal a doenças. Para bezerros o colostro privado de leucócitos não fornece proteção adequada contra doenças neona- tais, em relação aos que ingerem colostro de qualidade. Tais fatos são atribuídos a espécie equina por apresentarem concentrações de leucócitos semelhantes6,38. Conclusão Os constituintes colostrais estão relacionados a qualidade do colostro, proximidade do parto e fatores que interferem na sanida- de do potro neonato, como na transferência de imunidade passiva. Dessa forma, o conhecimento dos constituintes colostrais é impor- tante para estimar a viabilidade e possível assistência ao potro neo- nato. Referências 1. JEFFCOTT, L.B. Some practical aspects of the transfer of passive immunity to newborn foals. Equine Veterinary Journal, v.6, n.3, p.109-115, 1974. 2. MCGUIRE, T.C.; CRAWFORD, T.B. Passive immunity in the foal: measurement of immunoglobulinclasses and specific antibody. American Journal of Veterinary Research, v.34, n.10, p.1299-1303, 1973. 3. 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Obstetrícia veterinária. 1.ed., Rio de Janeiro:G.K., 2006, p.241. O transporte de imunoglobulinas contidas nas glândulas ma- márias para o colostro, e posteriormente para o intestino do potro é mediado transitoriamente por um receptor IgG específico, denomi- nado neonatal Fc-receptor (FcRn)36,37. O tempo útil da transferên- cia passiva é importante, devido ao curto período de absorção das IgGs pelo neonato. Além disso, outros componentes da imunidade materna, como células imunes maternas e citocinas, são transferi- das ao neonato através do colostro, e provavelmente desempenham papel significativo na indução da imunidade neonatal34. Citocinas no Colostro Citocinas são potentes moduladoras da resposta imune. Antes da ingestão e absorção de colostro, o soro do potro neonato saudá- vel não contêm quantidades detectáveis de citocinas interleucina-6 (IL-6) e fator de necrose tumoral-α (TNF-alfa). As concentrações dessas citocinas no soro de potros pós-amamentação variam am- plamente, com uma diferença de 200 a 2500 vezes entre os valores mínimo e máximo para a IL-6 e TNF-alfa, respectivamente. TNF- alfa não foi associada com as concentrações de IgG no soro pós- sucção do neonato34,38. Também presente em humanos, o TNF-alfa é um produto dos leucócitos e constitui um componente imune essencial pelos seus efeitos diretos ou regulatórios sobre a ação de citocinas em diver- sas células do hospedeiro, atuando diretamente na destruição de patógenos. Há evidências de que, o TNF-alfa transferido pelo co- lostro pode auxiliar na manutenção da saúde dos potros39. No colostro, as citocinas TNF-alfa e IL-6, ambas inflamatóri- as, estão presentes, já a IL-10 está ausente, tais afirmações suge- rem que a transferência de citocinas para o neonato através do co- lostro é seletiva e promove uma resposta inflamatória, possivel- mente para aumentar o estado de alerta imunológico após a inges- tão. Dessa forma, na clínica neonatal equina a interpretação das concentrações de citocinas também deve considerar a transferên- cia passiva, e não simplesmente a produção do potro frente a infec- ção38. Entretanto, este mecanismo e função que as citocinas desem- Tabela 2: níveis de Imunoglbulinas no Colostro e no Leite nos Mamíferos Domésticos (Adaptado de Tizard, 1996) Imunoglobulina (mg/dL) Animal Fluído Iga Igm IgG IgG(T) IgG(B) Égua Colostro 500 - 1.500 100 - 350 1.500 - 5.000 500 - 2.500 50 - 150 Leite 50 - 100 5 - 10 20 - 50 5 - 20 0 Vaca Colostro 100 - 700 300 - 1.300 3.400 - 8.000 Leite 10 - 50 10 - 20 50 - 750 Ovelha Colostro 100 - 700 400 - 1.200 4.000 - 6.000 Leite 5 - 12 0 - 7 60 -100 Porca Colostro 950 - 1.050 250 - 320 3.000 - 7.000 Leite 300 - 700 30 - 90 100 - 300 Cadela Colostro 150 - 340 70 - 370 500 - 2.200 Leite 110 - 620 10 - 54 10 - 30 Gata Colostro 25 - 50 30 - 300 700 - 4.600 Leite 10 - 35 10 - 40 60 - 400 • 9 10 • 11. DA LUZ, I.N.C.; ALDA, J.L.; SILVA, J.H.S. et al. A Viscosidade, A Coloração e a Gravidade Específi- ca do Colostro no Prognóstico da Concentração de Imunoglobulina Sérica de Potros Recém-Nascidos. Ciência Rural, v.22, n.3, p.299-305, 1992. 12. 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A cicatrização é um processo dinâmico que consiste de uma sequência de eventos celulares e moleculares que reparam e restabelecem a integridade dos tecidos. A cicatrização por terceira intenção é indicada em casos de feridas contaminadas, sujas, com destruição de tecido e presença de espaço morto, realizando- se a aproximação das bordas da ferida, após o tratamento aberto inicialmente. O objetivo deste trabalho foi relatar o tratamento instituído na cicatrização por terceira intenção em um potro de quatro meses com ferida lacerada profunda, com perda do ligamento nucal e massa muscular no pescoço. Foi instituído o tratamento clínico-cirúrgico, e logo após formação de tecido de granulação, realizou-se a plastia, caracterizando uma cicatrização por terceira intenção. Unitermos: solução de continuidade, reparo, terceira intenção ABSTRACT: Wound is an alteration in the anatomical integrity of the skin, subcutaneous tissue, muscles, tendons or bones, resulted from intentional or accidental trauma. Wound healing is a dynamic process which consists in a sequence of cellular and molecular events that interact repairing and reestablishing the integrity of tissues. Wound healing by third intention is indicated in cases of contaminated, dirty wounds, with tissue destruction and presence of dead space, performing the approximation of the wound edges after treatment initially open.The objective of this study was to report the treatment used in healing by third intention of4 months old foal, with deep lacerated wound and loss of the nuchal ligament and neck muscle. Was instituted clinical and surgical treatment, and after granulation tissue formation, there was plasty,characterizing a healing by third intention. Keywords: solution of continuity, repair, third intention RESUMEN: Heridaes una alteraciónenlaintegridad anatómica de lapiel, tejido subcutáneo, músculos, tendones o huesos, como resultado de trauma intencional o accidental.El proceso de cicatrizaciónes dinámico y consiste en una secuencia de eventos celulares y moleculares que repara y restablece la integridad de lostejidos. La cicatrización por terceraintenciónes indicada en casos de heridas contaminadas, sucias, condestruición de tejido y presencia de espaciomuerto, realizándo se la aproximación de los bordes de la lesión, después del tratamiento abierto inicialmente. El objetivo de este trabajo fue relatar el tratamiento instituido en la cicatrización por terceraintencióne nun potro de 4 meses con herida lacerada profunda, con pierda del ligamento nucal y la masa muscular en el cuello. Fue instituido un tratamiento clínico quirúrgico, y luego después de la formación de tejido de granulación, se realizó la plastia, caracterizando una cicatrización por terceraintención. Palabras clave: solución de continuidad, reparo, tercera intención • 13 Introdução Ferida pode ser definida como altera- ção na integridade anatômica da pele, teci- do subcutâneo, e em alguns casos múscu- los, tendões e ossos1 resultante de qualquer tipo de trauma, sendo este intencional, como incisões cirúrgicas, ou acidental2,3, re- lativamente frequente na rotina da medici- na equina4. As feridas podem ser classificadas con- forme a apresentação clínico-cirúrgica em cirúrgicas ou incisas, contusas, laceradas ou perfurantes. As feridas cirúrgicas ou inci- sas são provocadas por instrumentos cirúr- gicos ou objetos pouco traumáticos, com fi- nalidade terapêutica. As contusas são cau- sadas por objeto rombo, com característica de traumatismo das partes moles, hemorra- gia e edema, podendo comprometer estru- turas profundas, como vasos, nervos e os- sos. As laceradas possuem margens irregu- lares e com mais de um ângulo, onde o me- canismo da lesão é por tração, como as pro- duzidas por mordedura de cão. As feridas perfurantes tem característica de pequenas aberturas na pele, como por arma de fogo ou ponta de faca5,6,7. Em relação ao tempo de cicatrização é classificada como aguda quando há ruptura da vascularização com desencadeamento do processo de hemostasia, sendo as modifi- cações dominantes vasculares e exsudativas, podendo determinar manifestações locali- zadas ou acompanhadas de modificações sistêmicas. A ferida crônica é quando há desvio no processo cicatricial fisiológico, com característica mais proliferativa e fi- broblástica do que exsudativa5. Conforme o grau de contaminação, a ferida pode ser classificada em limpa, quan- do a lesão é feita em condições assépticas e isenta de microrganismos5, não apresenta inflamação e não são atingidos os tratos res- piratório, digestório, urinário e genital6,7,8, onde a probabilidade de infecção é em tor- no de 1 a 5%6; limpa-contaminada em caso de lesão com tempo inferior a seis horas entre o trauma e o atendimento, e sem con- taminação significativa5, onde os tratos res- piratório, digestório, urinário e genital são acometidos7,8, com risco de infecção de aproximadamente 10%6; contaminada quan- do o tempo é de seis à doze horas entre o trauma e o atendimento, com presença de contaminantes, mas sem processo infeccio- so local5e os níveis de infecção podem che- gar a 20 a 30%6; infectada quando ocorre há mais de doze horas, com presença local do agente infeccioso e lesão com evidente reação inflamatória intensa e destruição de tecidos, podendo haver pus5,7,8. Imediatamente após a lesão, inicia-se o processo de cicatrização, onde o tecido lesionado passa por quatro fases de reparo da ferida: hemostasia, inflamação aguda, proliferação e remodelamento. As fases ocorrem nessa sequência, mas podem evo- luir em diferentes velocidades, e mesmo em uma única lesão, diferentes áreas podem estar em fases distintas de cicatrização9,10. A fase da hemostasia ocorre logo após a lesão, exceto se houver um distúrbio da coagulação, podendo estender-se, controla- da por vasoespasmo, processo no qual os vasos sanguíneos contraem-se em resposta à lesão9,10, ativando a cascata de coagula- ção extrínseca, mas este espasmo termina depois de cinco a dez minutos e os vasos lesionados relaxam, permitindo mais san- gramento caso não haja ativação de plaque- tas11. No início da vasoconstrição as plaque- tas agregam-se e são aderidas ao colágeno exposto, principalmente o colágeno da membrana basal subjacente às células en- doteliais lesionadas10,12,13. A agregação de plaquetas e a exposição de colágeno a par- tir da pele danificada inicia a cascata de coagulação intrínseca11. As plaquetas secre- tam substâncias vasoconstritoras para man- ter a constrição dos vasos lesionados, inici- am o processo de trombogênese para con- ter o extravasamento e impedem outro san- gramento, promovendo a cicatrização vas- cular, também chamada de hemostasia10,14. Vinte e quatro horas após a lesão vas- cular, a fase inflamatória da cicatrização é estabelecida completamente, podendo du- rar 96 horas ou mais, caso o processo de cicatrização seja interrompido por infecção ou trauma. É nesta fase que são observados os sinais cardeais da inflamação: rubor, tu- mor, calor, dor e perda de função. Através da fagocitose e de enzimas de neutrófilos e macrófagos, há a degradação e remoção dos debris celulares resultantes da lesão10,15,16. Os neutrófilos fagocitam os microrganismos presentes na ferida, e também iniciam a re- paração ativando os fibroblastos locais e células epiteliais11,13,17. Na ausência de infecção, os monóci- tos diferenciam-se em macrófagos e se tor- nam a principal célula fagocítica no local da lesão durante o restante do processo de cicatrização11,12,13. Além da fagocitose, os macrófagos sintetizam óxido nítrico, produ- zem metaloproteinases de matriz (MMP) e secretam citocinas, incluindo fatores de crescimento envolvidos na migração, proli- feração, e organização de um novo tecido conjuntivo, para iniciar a reparação de feri- das. Estudos demonstraram que as feridas podem cicatrizar normalmente na ausência de neutrófilos, mas não na ausência de ma- crófagos11. Embora a função exata do óxido nítri- co na cicatrização de feridas seja desconhe- cida, os estudos em animais sugerem um pa- pel importante na regulação de queratinó- citos, ou seja, baixas concentrações de óxi- do nítrico aumentam a proliferação de cé- lulas, enquanto concentrações elevadas re- sultam num aumento da diferenciação celu- lar11. As MMPs são capazes de degradar todos os componentes da matriz extracelu- lar (ECM), e são induzidos em resposta a sinais exógenos como as citocinas e fatores de crescimento, sempre que é necessária a proteólise, como durante a migração celu- lar, angiogênese, e remodelação da matriz. A sua atividade proteolítica é inibida por inibidores teciduais de metaloproteinases (TIMP)13. Na fase inflamatória a fibronectina também apresenta papel importante. Ela é sintetizada por várias células, como os fi- broblastos, queratinócitos e células endote- liais, se aderindo à fibrina, ao colágeno e a outras células, funcionando como uma cola para consolidar o coágulo de fibrina, célu- las e os componentes de matriz, possuindo propriedades quimiotáticas e promovendo a opsonização e fagocitose de corpos estra- nhos e bactérias18. A fase de proliferação pode durar de três a quatro semanas, ou mais, dependen- do do tamanho da ferida. Caracteriza-se pela angiogênese, epitelização e fibroplastia para restaurar a estrutura e a função normal do tecido lesionado10. Os fibroblastos e quera- tinócitos são importantes nesta fase da ci- catrização e o ambiente quente e úmido fa- cilita a proliferação. O exsudato que forma o edema é rico em citocinas que estimulam o crescimento de tecidos novos11. O processo de restauração dos vasos sanguíneos, denominado neovascularização ou angiogênese é estimulado por fatores de crescimento, hipóxia tecidual e acidose. O aumento da permeabilidade vascular permi- te que os nutrientes passem do leito vascu- lar intacto para o local da lesão e interstí- cio, criando um ambiente rico em nutrien- tes que permite a reparação tecidual até a angiogênese ocorrer. Novos vasos sanguí- neos originam-se a partir de vasos intactos na derme subjacente, e se unem para for- mar alças capilares, estabelecendo assim o fluxo sanguíneo dentro da ferida11,13. O outro mecanismo de proliferação e reparação é o desenvolvimento do tecido de 14 • granulação, que substitui a matriz de fibri- na/fibronectina, e começa a aparecer cerca de quatro dias após a lesão, sendo rico em ácido hialurônico, fibronectina e outros compostos da matriz extracelular (ECM), altamente vascularizado6,11,15,16,19. A epitelização ocorre quando os que- ratinócitos cobrem toda a superfície lesio- nada da pele, isolando a ferida do meio ex- terno11,15. Os queratinócitos são submetidos à intensa atividade mitótica estimulada por fatores de crescimento, e migram das bor- das da ferida para o centro9,10,11, também participam na formação da ECM, expres- sando marcadores de superfície que melho- ram a migração através da matriz. Quando a migração estiver concluída, os queratinó- citos estabilizam-se através da formação de ligações firmes entre si e a nova membrana basal. No momento em que a superfície da pele está completamente coberta por novas células epidérmicas, a ferida é considerada fechada11. A fase final da cicatrização de feridas é o remodelamento ou maturação do tecido de granulação em tecido conjuntivo madu- ro e/ou cicatriz. A ferida desenvolve sua re- sistência final, sendo os macrófagos e fibro- blastos as principais células para a remode- lação10,11,15. Esta fase começa entre três a quatro semanas após a lesão e pode durar dois anos ou mais, mas inicia-se apenas quando há o término e o sucesso das fases anteriores10,15 e continua até que o tecido de cicatrização tenha recuperado aproximada- mente 80% da força original da pele, sendo um tecido com risco maior de ser lesiona- do, pois a sua força de tensão é inferior à da pele íntegra6,13,15,19. Existem três maneiras pelas quais uma ferida pode cicatrizar, que variam de acor- do com a quantidade de tecido lesionado e da presença ou ausência de infecção, po- dendo ser por primeira intenção, segunda intenção e terceira intenção ou fechamento primário retardado6. A cicatrização por primeira intenção ocorre quando as bordas da ferida são apos- tas ou aproximadas, com perda tecidual mínima, ausência de infecção e mínimo ede- ma. A formação de tecido de granulação não é visível quando o tecido é submetido à sín- tese5,6,10, e demora de quatro a quatorze dias para fechar completamente5. A cicatrização por primeira intenção é indicada em feridas limpa ou limpa-contaminada recente20 e re- sulta em melhor aspecto estético e cicatri- zação mais rápida. No entanto, pode resul- tar em deiscência parcial ou total dependen- do do tipo de ferida, da escolha do método de tratamento, da resposta do próprio ani- mal, das condições ambientais e principal- mente da presença de infecção21. O processo de cicatrização por segun- da intenção é utilizado quando o fechamen- to não é exequível, sendo uma opção quan- do ocorre perda excessiva de tecido, e pode envolver o tecido subcutâneo, músculos e até mesmo ossos, com a presença ou não de infecção,quando a ferida possui mais de seis horas, ou ainda após deiscência de um fe- chamento por primeira intenção. A aproxi- mação primária das bordas não é possível, fechando por meio de contração e epiteli- zação, podendo evoluir para uma cicatriz exuberante5,6,9,21,22. O tecido conjuntivo é sintetizado e depositado de forma desorganizada, poden- do retardar ou impedir a epitelização e pre- judicar a deposição ordenada de ECM na ferida. A força tensora do tecido de granu- lação é menor e as lesões podem ser lacera- das. Em alguns casos, o tecido conjuntivo fibroso pode sofrer proliferação contínua e protrair da superfície cutânea, originando uma cicatriz hiperplásica10. A cicatrização por terceira intenção ou fechamento primário retardado designa a aproximação das bordas da ferida após o tratamento aberto inicialmente. Este proces- so de cicatrização assemelha-se ao de pri- meira e ao de segunda intenção5,6. A ferida é deixada aberta por pelo menos cinco dias, funcionando como cicatrização por segun- da intenção, sendo suturada posteriormente quando já existe a formação de tecido de granulação, podendo ser associado com téc- nica de plastia20. Este procedimento é utilizado geral- mente nas feridas cirúrgicas com suspeita de infecção, quando é necessário determi- nar se o processo de cicatrização está evo- luindo sem infecção ou se é necessário ini- ciar a intervenção terapêutica específica5,6. A cicatrização por terceira intenção é indi- cada também quando há presença de tecido necrótico que necessita de debridamento ou ocorrência de resposta inflamatória mode- rada à grave23. O objetivo da cicatrização por terceira intenção é acelerar a cicatriza- ção e melhorar o efeito estético final8. Relato de Caso Foi encaminhado ao Hospital Veteri- nário das FACIPLAC (HOVET), um potro com 4 meses de idade, da raça Mangalarga, apresentando ferida profunda, lacerada, de aproximadamente 15 cm de comprimento e 12 cm de largura no lado esquerdo (Figura 1), e no lado direito do pescoço uma solu- Figura 1: Ferida profunda e lacerada em equi- no, no lado esquerdo do pescoço, antes (A) e após remoção de pelos e debridamento (B) Figura 2: Solução de continuidade de aproxi- madamente 3 cm de abertura, no lado direito do pescoço de equino, antes (A) e após re- moção de pelos (B) A B A B • 15 ção de continuidade de aproximadamente 3 cm (Figura 2), com presença de flutua- ção, crepitação e isquemia na pele, com perda do ligamento nucal e lesão nos mús- culos esplênio, trapézio cervical e serrátil cervical ventral (Figura 3). O proprietário relatou que o potro foi atacado de madru- gada por um garanhão da mesma proprie- dade, sendo notado o ocorrido somente pela manhã. Durante o exame clínico inicial, os parâmetros mensurados foram, FC: 92 bpm, TPC: 3 seg, FR: 20 mrpm, mucosas: róseas e TR: 39,5ºC. Foram realizados hemogra- mas semanais, apresentando inicialmente anemia normocíticanormocrômica, anisoci- tose, e leucocitose por neutrofilia relativa e absoluta, com desvio à esquerda regenera- tivo, e presença de neutrófilos tóxicos. No decorrer do tratamento esses valores hema- tológicos não estavam se normalizando e suspeitou-se de babesiose, realizando-se o tratamento com dipropionato de imidocarb na dose de 2,2 mg/kg, via IM, duas aplica- ções com intervalo de 24 horas. Após o pe- ríodo de tratamento, o animal apresentou melhora dos valores hematológicos, fican- do dentro dos padrões da espécie. O tratamento inicial foi instituído com utilização de penicilina procaína (20.000 UI/ kg, BID, IM, 10 dias) e gentamicina (6,6 mg/kg, SID, IV, 5 dias), flunixim meglumi- ne (1,1 mg/kg, SID, IM, 4 dias), complexos vitamínicos e minerais, soro antitetânico (5.000 UI, IM, dose única). Após remoção ampla de pelos do pes- coço, foi realizada lavagem com PVPI di- luído em solução fisiológica a 1%, utilizan- do-se no curativo inicial duas vezes ao dia, açúcar granulado e óleo de girassol. Com a evolução da ferida, após 15 dias optou-se pela aplicação de spray à base de rifamici- na, pomada com alantoína, óleo de girassol e bandagem com algodão e atadura, além do uso de fraldas humanas geriátricas, apre- sentando grande melhora no processo cica- tricial. Após debridamento de todo tecido des- vitalizado, aproximadamente aos 37 dias de internação, observou-se a formação de dois segmentos de tecido de granulação, separa- dos dorso ventralmente, com comunicação entre os dois lados do pescoço, notando-se que a pele estava se invaginando pelas bor- das da ferida (Figura 4), optando-se pela cicatrização por terceira intenção. O animal foi sedado com xilazina 10% na dose de 0,1 mg/kg, via IV e bloqueio lo- cal com lidocaína 2% sem vasoconstritor, permanecendo em estação, realizando-se plastia por divulsão da pele, utilizando-se pontos Sultan, com fio poliglactina 910 nº0, para aproximação dos segmentos dorsal e ventral, e sutura das bordas da pele no mes- mo padrão de sutura com fio nailon nº 0. Do lado esquerdo as bordas foram uni- das sem tensão e do lado direito, apesar da divulsão, a porção mais caudal da sutura apresentou deiscência após 6 dias, cicatri- zando por segunda intenção. Os pontos fo- ram retirados com 12 dias e o tratamento da Figura 3: Ferida em região cervical de equino. Nota-se necrose do ligamento nucal (seta) (A) e perda de massa muscular do pescoço (B) ............................................................................... Figura 4: Região cervical de equino, onde nota- se o segmento de tecido de granulação sepa- rado dorso ventralmente (A) e invaginação da pele (seta) (B) Figura 5: Região cervical de equino em que nota-se a plastia e sutura após formação do tecido de granulação (cicatrização por terceira intenção) (A) e ferimento cicatrizado (B) e (C) A B A B A C B 16 • ferida continuou com pomada a base de alantoína. O animal recebeu alta após 30 dias da retirada dos pontos, com a ferida cicatrizada e apresentando depressão na re- gião cervical, devido à perda de parte do li- gamento nucal e massa muscular (Figura 5). Discussão De acordo com Pavletic e Trout (2006)24, todas as feridas ocasionadas por mordidas, mesmo sendo recentes, devem ser consideradas contaminadas, pois contém flora microbiana aeróbica e anaeróbica pro- veniente da cavidade oral do agressor, as- sociadas às bactérias da pele da vítima e do meio ambiente. Sendo assim, optou-se ini- cialmente pelo tratamento por segunda in- tenção, para o completo debridamento da ferida. Nas feridas que cicatrizam por segun- da intenção, é importante a realização ini- cial do debridamento, que é o processo de remoção de corpos estranhos e tecidos des- vitalizados ou necróticos, para que a ferida apresente condições adequadas para a cica- trização25, iniciando-se no caso deste ani- mal com debridamento cirúrgico, seguido pelo debridamento mecânico, com o uso de bandagens, assim como indicam Waldrom e Pope (2007)26. Muitas das infecções em feridas são mistas, onde os microrganismos possuem padrões diferentes de suscetibilidade anti- microbiana27, havendo necessidade da as- sociação de antibióticos, para obter siner- gismo e aumentar a eficiência terapêutica28. Optou-se pela associação de penicilina pro- caína e gentamicina, pois a penicilina pro- caína possui ação bactericida contra bacté- rias Gram-positivas aeróbicas e anaeróbi- cas, cocos Gram-negativos, espiroquetas e actinomicetos, provocando lise osmótica celular ao se ligarem e inibirem as enzimas que sintetizam o peptideoglicano, manten- do concentrações séricas por 12 a 24 horas. A gentamicina é bactericida, ligando-se ao ribossomo bacteriano e causando a produ- ção de proteínas defeituosas, com excelen- te atividade contra Gram-positivos e mode- rada atividade contra Gram-negativos28. Observou-se com essa associação boa res- posta terapêutica através da avaliação clí- nica da ferida e do hemograma. No tratamento tópico utilizou-se o açú- car granulado inicialmente pelo baixo cus- to e fácil aquisição, e segundo Ferreira et al. (2003)29 propicia diminuição da conges-tão passiva, do edema local, estimula a epi- telização e granulação tissular, além da ação antibacteriana, que foi fundamental, por se tratar de uma ferida contaminada. Oliveira Junior (2010)30 estudou os efeitos do uso do óleo de semente de giras- sol no tratamento de feridas cutâneas indu- zidas em seis equinos sem raça definida, que se mostrou eficiente no processo de cicatri- zação. A aplicação tópica do óleo de semen- te de girassol neste caso, assim como ob- servado na literatura, acelerou o processo de cicatrização, reduzindo a área e aumen- tando a contração das feridas, promovendo a formação mais rápida do tecido de granu- lação. A explicação para a melhora do efeito cicatricial, pode estar relacionada às obser- vações de Ferreira et al. (2012)31, que citam que o ácido linoleico possui importante pa- pel quimiotáxico para macrófagos, sendo essencial na expressão de componentes do sistema fibrinolítico, favorece o debrida- mento por contribuir com a produção de metaloproteinases, induzindo a granulação e podendo acelerar a cicatrização, sendo também capaz de inibir o crescimento de Staphylococcus aureus, alterando a síntese de proteínas, parede celular, ácidos nuclei- cos e membrana celular durante a divisão. O uso da alantoína para auxiliar a epi- telização e reconstituição da pele, foi ob- servada também por Silva et al. (2014)32 em um estudo com feridas cutâneas induzidas em cinco éguas da raça Quarto de Milha, observando que a ferida tratada apresentou menor edema, com superfície mais lisa e com menos crostas, devido provavelmente à ação epitelizante da alantoína e a ativida- de adstringente do óxido de zinco, assim como observado também por Araújo et al. (2010)33 em 60 ratos da linhagem Wistar, fêmeas, sugerindo que o mecanismo de ci- catrização ocorre via controle da resposta inflamatória e estímulos à proliferação fi- broblástica e síntese de matrix extracelular de maneira mais intensa, demonstrando ser capaz de melhorar e acelerar o processo de reconstituição da pele. Durante o tratamento utilizou-se ban- dagens que auxiliaram no fechamento da ferida através da diminuição da contamina- ção e maior tempo de ação dos medicamen- tos tópicos, corroborando com Viana et al. (2014)34. Optou-se ainda pela cicatrização por terceira intenção no 37º dia de tratamento para acelerar a cicatrização e melhorar o efeito estético final, já que a ferida não iria cicatrizar de forma adequada devido à in- vaginação da pele. Segundo Tazima et al. (2008)6, a cicatrização por terceira intenção é indicada quando há presença de infecção na ferida e, neste caso, foi primordial, pois era necessário unir os segmentos de tecido cicatricial que estavam separados dorso ven- tralmente. Foram retirados flapes de pele e divul- são desta, para aproximação das bordas da ferida de acordo com Pereira e Arias (2002)20, que citam que o processo de sutu- ra secundário pode envolver ou não a res- secção do leito de granulação e margens da pele, associando técnicas de cirurgias re- construtivas. Conclusão A análise do resultado do tratamento nos permitiu concluir que é importante uma decisão rápida e assertiva sobre a melhor escolha do tratamento de uma ferida conta- minada, visto que uma escolha errada pode comprometer a cicatrização, o resultado es- tético e funcional do local lesionado. Observou-se uma resposta satisfatória ao tratamento empregado, tanto em relação aos princípios ativos quanto ao tipo de ci- catrização escolhida, já que foi necessário a divulsão e plastia da pele que estava inva- ginando e iria impedir a cicatrização ade- quada. A cicatrização por terceira intenção foi primordial para o sucesso do tratamen- to, favorecendo ao animal uma qualidade de vida, sem comprometer os movimentos funcionais do pescoço. Referências 1. SMANIOTTO, P.H.S.; GALLI, R.; CARVA- LHO, V.F. et al. Tratamento clínico das feridas - curativos. Revista Médica, v.89, n.3, p.137- 141, jul. 2010. Acessado em 26 jul. 2016. Onli- ne. Disponível em: https://www.ufrgs.br/teles- sauders/documentos/biblioteca_em_saude/ 062_material_saude_artigo_tratamento_ feridas.pdf. 2. ARAUJO, C.F.R.; SOUZA, F.Z.A.; GRECA, F.H. et al. Effects of Agarol® and Trigliceril® on cutaneous wound healing: experimental stu- dy in rats. Acta Cirurgia Brasileira. v.13, p.232-237, 1998. 3. 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Natália de Castro Alves, Hellen Patrícia Domingos Lopes, Júlia Naves Saraiva de Melo Queiroz, Larissa Costa Andrade, Felipe Fantini dos Santos Scarpelli Estudantes do curso de graduação em Medicina Veterinária - UFMG Adalgiza Souza Carneiro de Rezende* (adalgizavetufmg@gmail.com) Profa. da Escola de Veterinária - UFMG Ângela Maria Quintão Lana Profa. da Escola de Veterinária - UFMG Rafael Henrique Prado Silva Estudante de doutorado - Programa de Pós-Graduação em Zootecnia - Escola de Veterinária - UFMG Laura Maria G. Santos Esquárcio Médica Veterinária do Regimento de Cavalaria Alferes Tiradentes - RCAT * Autora para correspondência em equinos tratados com o produto comercial Antiphlokin® RESUMO: O produto comercial Antiphlokin® é recomendado nos processos de dores musculares. Dentre as substâncias de sua composição, o ácido salicílico e o salicilato de metila são metabolizados no fígado, e seus metabólitos são excretados na urina e detectados nos exames de antidoping. O objetivo deste trabalho foi verificar se o produto comercial Antiphlokin® pode ser utilizado com segurança em equinos, sem risco de comprometimento nos exames de antidoping. Para isso, foram utilizados seis machos do Regimento de Cavalaria Alferes Tiradentes - RCAT, com alimentação composta por ração concentrada comercial e feno de gramínea. O Antiphlokin® foi aplicado na extensão dos quatro membros dos animais, diariamente, durante 14 dias. Foi realizada coleta de urina utilizando sonda uretral, nos seguintes dias: D0: coleta antes da primeira aplicação do Antiphlokin®; D1: coleta no 7º dia de aplicação do produto; D2: Coleta no 14º dia de aplicação e D3: 7 dias após a última aplicação do Antiphlokin®. A urina coletada foi enviada ao laboratório CEMSA/SP para análise qualitativa e quantitativa dos compostos ácido salicílico e ácido metilsalicílico através da técnica CLAE-EM/EM (cromatografia líquida de alta eficiência acoplada a espectrometria de massas do tipo triplo quadrupolo). Os resultados da concentração de ácido salicílico nos 4 tratamentos variaram de 3,2 a 41,8 ug/ml e o ácido metilsalicílico não foi detectado em nenhuma das amostras. As concentrações quantitativas do composto ácido salicílico foram abaixo de 750 ug/ml, limite máximo permitido publicado na relação de substâncias proibidas para animais em competições pela FEI6 (Federation Equestre Internacionale). Portanto, o produto comercial testado pode ser utilizado, no tratamento das lesões dos equinos, em datas próximas a provas, sem que seus componentes resultem em doping positivo. Unitermos: doping; salicilato de metila; ácido salicílico ABSTRACT: The commercial product Antiphlokin® is recommended in the processes of muscular aches. Among the substances of its composition, salicylic acid and methyl salicylate are metabolized in the liver, and its metabolites are excreted in the urine and detected in the antidoping tests. The objective of this paper was to verify if the commercial product Antiphlokin® can be used safely in horses without risk of compromise in antidoping tests. For this, six males of the Alferes Tiradentes Cavalry Regiment - RCAT were used, with feed composed of commercial concentrated feed and grass hay. Antiphlokin® was applied to the extension of the four limbs of the animals daily for fourteen days. Urine collection using a urethral catheter was performed on the following days: D0: collection before the first application of Antiphlokin®; D1: after 7 days of product application; D2: after 14 days of application and D3: 7 days after the last application of Antiphlokin®. The collected urine was sent to the CEMSA/SP laboratory for qualitative and quantitative analysis of salicylic acid and methylsalicylic acid compounds by the high efficiency liquid chromatography coupled to triple quadrupole mass spectrometry - HPLC-MS/MS. The results of the salicylic acid concentration in the experimental treatments ranged from 3.2 to 41.8 ug/ml and methylsalicylic acid was not detected in any of
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