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Terapia Nutricional em Transtornos Alimentares

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07/05/2018
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Transtornos Alimentares
Profª Rita de Cássia de Aquino
�São doenças psíquicas, em que o comportamento
alimentar está alterado;
�São definidas como eating desorders;
�As principais alterações alimentares são
restrições, compulsões, purgações, preocupações
excessivas com a alimentação, perdas e ganhos
de peso descontrolados, entre outras;
�Aumento significativo nos últimos anos.
CONSIDERAÇÕES GERAIS
�COMPORTAMENTO ALIMENTAR: conjunto de
atitudes em relação à alimentação, associadas
aos hábitos, preferências, experiências,
informações, condições sociais e econômicas,
fase de vida, etc.
�Grande VARIEDADE nas manifestações e nos
comportamentos.
CONSIDERAÇÕES GERAIS �Os principais TA são: ANOREXIA e BULIMIA NERVOSA
(reconhecidos pela DSM-IV -Diagnostic and Statistical Manual
of Mental Disorders).
ANOREXIA NERVOSA
Transtorno Alimentar caracterizado 
por restrição alimentar e perda de peso.
BULIMIA NERVOSA
Transtorno Alimentar caracterizado pela ingestão 
compulsiva e rápida de alimentos, geralmente 
grandes quantidades, seguida de 
comportamentos compensatórios.
�Um importante TA que está sendo muito estudado e
relacionado à obesidade (30% dos obesos):
TRANSTORNO DA COMPULSÃO ALIMENTAR 
PERIÓDICA (TCAP)
Transtorno Alimentar caracterizado pela ingestão 
compulsiva de alimentos NÃO seguida de 
comportamentos compensatórios.
�Outros transtornos em estudo:
TRANSTORNO ALIMENTAR NÃO ESPECÍFICO (TANE)
Transtornos Alimentares caracterizados por 
restrições sem perda de peso, e comportamentos 
compensatórios, sem ingestões compulsivas.
ORTOREXIA
Transtorno Alimentar caracterizado por 
preocupação excessiva com alimentação saudável.
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�Não são recentes, há relatos no Egito antigo,
Roma e Idade Média;
�A incidência tem aumentado ao longo das
últimas décadas, o início tem sido cada vez mais
precoce e presente em idosos;
�Caracterizadas principalmente pelo excesso de
preocupação com o peso e alimentação e medo
de engordar;
CONSIDERAÇÕES GERAIS
�São mais frequentes em mulheres do que em homens
(80 a 90%), mas a incidência está se modificando;
�MULTIFATORIAL;
�Ocorrem em conjunto ou separadamente;
�FATORES DESENCADEANTES: O hábito de fazer dieta
para emagrecer, situações de perdas e algumas doenças
(ex: diabetes mellitus);
�Alta taxa de mortalidade (cerca de 10%).
CONSIDERAÇÕES GERAIS
ETIOLOGIA
�ASPECTOS SÓCIO-CULTURAIS:
�Relação entre magreza e beleza e sucesso
pessoal, “culto ao corpo”, pressão social e
pressão profissional (ex: modelos, atrizes,
atletas, bailarinas).
�ASPECTOS BIOLÓGICOS e GENÉTICOS:
�Alterações hormonais, disfunções de
neurotransmissores e HEREDITARIEDADE.
ETIOLOGIA
�ASPECTOS FAMILIARES:
�Modelos familiares “alterados” (pais ausentes, mães
que competem com filhas, alto nível de exigência
familiar, falta de afeto ou “superproteção”).
�ASPECTOS PSICOLÓGICOS:
�Indivíduos com comportamentos obsessivos,
depressivos, introvertidos, instáveis, perfeccionista,
baixa auto-estima, facilmente estressados e
frequentemente MANIPULADORES.
ANOREXIA NERVOSA
�A palavra anorexia deriva do grego e
significa “falta de apetite”;
�Na anorexia nervosa os padrões de fome,
apetite e saciedade estão alterados;
�O comportamento alimentar é caracterizado
por: baixa ingestão, jejum ou “padrões
idiossincráticos”;
�O paciente elimina da dieta alimentos que julga ser
“calóricos” e “ruins” e gradativamente exclui todos
os alimentos;
�As refeições são irregulares e geralmente poucas
refeições/dia (< 3 refeições/dia);
�Severa “distorção da imagem corporal”;
�Escondem alimentos, são bons cozinheiros e
apresentam “rituais” durante a refeição;
ANOREXIA NERVOSA
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�Preferências por saladas, frutas e alimentos light e
diet, aversões a alimentos fontes de CHO e
gorduras;
�Geralmente possuem bons conhecimentos sobre
nutrição, distorções de saúde e “medos irracionais”;
�Negam a doença, mostrando-se indiferentes à perda
de peso e a seu estado nutricional;
�Ocorre geralmente em adolescentes (14 a 18 anos);
�ADOLESCÊNCIA: transformações corporais, sociais,
psicológicas e comportamentais.
ANOREXIA NERVOSA
�SUBTIPOS:
�RESTRITO (restrição quantitativa e qualitativa de
alimentos).
�BULÍMICO (associado a compulsão e
comportamentos compensatórios).
ANOREXIA NERVOSA
� MANIFESTAÇÕES E SINAIS CLÍNICOS
� Perda acentuada e rápida de peso
� Inadequação de peso (< 85% de adequação)
� Desnutrição e seus ajustes metabólicos (�TMB,
� PA, bradicardia, hipotermia e bradispneia)
� Depressão e desânimo (isolamento social)
� Desidratação, descamações e petequias
� Cabelos finos, quebradiços e acentuada queda
ANOREXIA NERVOSA
� MANIFESTAÇÕES E SINAIS CLÍNICOS
� AMENORREIA
� Lanugo
� Anemia, leucopenia e hipoglicemia
� Osteopenia e osteoporose
� Dislipidemia (Hiperlipidemia)
� Constipação intestinal
� Distúrbios de sono
� Irritabilidade
LANUGO
ANOREXIA NERVOSA
�O termo vem do grego, significa “fome de boi”;
�É caracterizada por EPISÓDIOS BULÍMICOS;
�São comportamentos compensatórios: vômito auto-
induzido; uso de laxantes e diuréticos; jejum ou
restrição alimentar; exercícios físicos; uso de drogas
e fármacos;
BULIMIA NERVOSA
� Os alimentos escolhidos são de alta
densidade energética;
�Os episódios bulímicos ocorrem às
escondidas e são seguidos por uma sensação
de culpa e vergonha;
�Durante os episódios, o paciente perde o
controle no ato de comer, não dando atenção
ao sabor e textura dos alimentos;
BULIMIA NERVOSA
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�Era tratado como uma evolução atípica da
AN (cerca de 40% pode desenvolver BN);
�Ocorre geralmente em jovens, sexo
feminino, entre 16 e 19 anos, também muito
frequente em ADULTOS;
�O peso geralmente é adequado ou pouco
acima , ocorrendo frequentes oscilações;
�Distorções de IMAGEM CORPORAL;
BULIMIA NERVOSA
�Para critério diagnóstico, a frequência mínima de
episódios bulímicos é de duas vezes/semana, por no
mínimo três meses;
�SUBTIPOS:
�Purgativo (uso de vômitos, laxantes ou
diuréticos)
�Não-purgativo (outros métodos compensatórios)
BULIMIA NERVOSA
� MANIFESTAÇÕES E SINAIS CLÍNICOS (uso
de vômitos)
� Hipertrofia bilateral de glândulas salivares
� Dilatação gástrica e herniações esofágicas,
chegando a rupturas
� Alterações Hidroeletrolíticas (� K, Na, Cl e
alcalose metabólica)
� Falência cardíaca (� K)
� Desgaste dentário (ação de HCl)
BULIMIA NERVOSA
� MANIFESTAÇÕES E SINAIS CLÍNICOS (uso de
vômitos)
� Uso de “vários objetos” para indução dos
vômitos ou mãos
� Lesão da pele do dorso da mão (sinal de
“Russell”)
BULIMIA NERVOSA
� OUTRAS MANIFESTAÇÕES
� Constipação intestinal
� Nefropatias (uso abusivo de diuréticos)
� Alterações de humor (depressão e
ansiedade)
BULIMIA NERVOSA
� GERAL
� MULTIDISCIPLINAR;
� Preferivelmente AMBULATORIAL;
� Caracterizado pelo atendimento médico
(avaliação clínica), psicoterapia e
acompanhamento nutricional;
� Uso de PSICOFÁRMACOS: antidepressivos
(fluoxetina e sertralina) e antipsicóticos
(olanzapina e risperidona);
� Internação apenas em caso de risco de morte.
TRATAMENTO
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� TRATAMENTO NUTRICIONAL
� INDIVIDUALIZADO e baseado em ajuda, apoio
e orientação nutricional;
� ORIENTAÇÃO ALIMENTAR baseada em:
� Conhecimento do comportamento
� Mudanças nas atitudes alimentares
� Estabelecimento de padrões alimentares
adequados
TRATAMENTO
� TRATAMENTO NUTRICIONAL
� CONSULTAS INDIVDUAIS
� Avaliação de fatores desencadeantes
� Discussão das causas, medos e crenças
� Orientação de novos padrões alimentares
� Negociações e desafios a cada consulta
� ATENDIMENTO A GRUPOS POR PROGRAMAS
ESPECÍFICOS
TRATAMENTO
� Pontos importantes no ATENDIMENTO:
� Coleta de informações sobre o comportamento
alimentar (REGISTROS ALIMENTARES/ DIÁRIO
ALIMENTAR);
� DIÁRIO ALIMENTAR: instrumento para
avaliação do PADRÃO e do COMPORTAMENTO
ALIMENTAR;
� Técnica comportamental de auto-monitoração.
TRATAMENTO
� Possibilita o controle, disciplina e avaliação
constante;
� INFORMAÇÕES: data, hora, o que comeu?,quanto comeu?, duração?, onde comeu?, com
quem comeu?, comeu com compulsão?, houve
purgação?, avaliação da FOME (0 a 10), houve
satisfação? qual foi o SENTIMENTO?;
� Estabelecimento de uma relação de
colaboração recíproca;
TRATAMENTO
� Discussões relevantes sobre alimentos,
nutrição e peso;
� Apresentação de exemplos de padrões
alimentares corretos e incorretos;
� Orientação em situações especiais como
compras de alimentos e festas;
� Orientação familiar;
� PROFISSIONAL EXPERIENTE.
TRATAMENTO
� Segundo a ADA (American Dietetic Association) há
duas fases de Atendimento:
� FASE EDUCACIONAL:
� Coleta e transmissão de informações e todos
nutricionistas estão aptos a atuar nessa fase;
� FASE EXPERIMENTAL:
� Relacionamento entre os comportamentos;
� Necessário treinamento/experiência em TA e
abordagem PSICONUTRICIONAL.
TRATAMENTO
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� São atributos do nutricionista:
� Conhecimento da Ciência da Nutrição;
� Habilidade no aconselhamento educacional;
� Habilidades psicoterapêuticas e
comportamentais;
� OUTROS: ser flexível, compreensível,
sensível, paciente, cuidadoso, otimista,
esperançoso, colaborativo, não controlador.
TRATAMENTO
�ANOREXIA NERVOSA
�Restabelecer as funções fisiológicas alteradas;
�Propiciar ganho de peso gradual e efetivo;
�Eliminar as práticas alimentares inadequadas;
�Estabelecer um padrão alimentar saudável e
regular;
�Reintroduzir os alimentos excluídos da
alimentação.
OBJETIVOS DA TERAPIA NUTRICIONAL
�BULIMIA NERVOSA
�Interromper os episódios bulímicos;
�Eliminar as práticas alimentares inadequadas;
�Estabelecer um padrão alimentar saudável e
regular.
OBJETIVOS DA TERAPIA NUTRICIONAL
�INADEQUAÇÃO OBSERVADA
�AN: < 1.000 kcal/dia e BN: até 11.000 kcal/dia;
�Inadequada distribuição energética, principalmente
HIPOLIPÍDICA;
�Inadequada ingestão de VITAMINAS e MINERAIS;
�Pouca VARIEDADE alimentar;
�Inadequação de GRUPOS ALIMENTARES.
TERAPIA NUTRICIONAL
�PRINCIPAIS CONDUTAS DIETÉTICAS
�Introdução muito GRADATIVA de ENERGIA (1,2 a
1,3 x TMB);
�Introdução muito GRADATIVA de alimentos e
grupos;
�FRACIONAMENTO (<volumes e quantidades);
�Suplementação de VITAMINAS e MINERAIS
(“resistência”);
TERAPIA NUTRICIONAL
Dados de saúde e sintomas (ESPECÍFICOS)
• Estatura, peso atual, peso desejado;
• Ciclo Menstrual: menarca, data da última
menstruação, frequência/falhas na menstruação;
• Alterações em cabelos (aparência, espessura,
volume, ressecamento);
• Dor de cabeça, tontura e desmaios;
• Exames bioquímicos (“limitações”);
TERAPIA NUTRICIONAL
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• Termoregulação: sensibilidade ao frio e calor;
• Alterações em unhas (fracas, quebradiças,
mudança brusca de cor no frio);
• Alterações em pele (lanugo, ressecamento);
• Concentração, ânimo e disposição;
• TD: hematêmese, diarreia, constipação, flatulência;
• Saúde bucal: dentição e mau hálito.
TERAPIA NUTRICIONAL
�Prevenção de TA em adolescentes
�Identificação de RISCO (instrumentos validados: EAT 26);
�Redução da insatisfação corporal;
�Incentivo ao pensamento crítico sobre normas sociais;
�Orientações sobre alimentação saudável;
�Desmistificação de restrições alimentares;
�Evitar fornecer informações de TA (“apologia”).
EDUCAÇÃO NUTRICIONAL
�SITES DE RELACIONAMENTO
�Formação de comunidades;
�Incentivo e apoio aos TA;
�Exemplos de compensação;
�Desenvolvimento de vocabulário próprio;
�Depoimentos:
TRANSTORNOS PÓS-INTERNET
“ Tô com 44 kg, mas eu me olho no espelho e vejo
uma gorda monstruosa e por isso não tô com
vontade que ninguém me veja assim”
“ Olá migas! Tô muito mal! Bateu compulsão na
madrugada e detonei um vidro de picles. Quero me
livrar desta comida o mais rápido possível. Já tomei
laxante e MIEI e parece que ela ainda está aqui.
Mas tomei uma decisão: cortei minha garganta com
lixa. Assim não consigo engolir mais nada hj”
DEPOIMENTOS
“ Já se foram duas amigas e companheiras do mundo. A
cada ano uma se vai e cada vez que isso acontece me
sinto sozinha. Agora morro de medo de me relacionar
com vocês, pois não sei o que pode acontecer no
amanhã. Não só a ANNA, como a MIA também são
amigas egoístas. Elas nos levam embora quando menos
a gente espera. Eu também me pergunto se tudo isso
acontece como forma de alerta. Antes da companheira
morrer ele sempre falava: gente, por favor, continuem
por mim. Nunca desistam por causa da morte. A Anna
leva mesmo os mais fracos e isso é inevitável”
AMBULIM: (011) 3069-6975
http://www.ambulim.org.br
PROATA: (011):5579- 1543 
http://www.unifesp.br/dpsiq/site_proata
GENTA: www.genta.com.br
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