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Doutrina empresarial

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Doutrina da Desconsideração da Personalidade Jurídica à Luz do Direito Empresarial
Douglas Gomes de Oliveira, Estudante de DireitoPublicado por Douglas Gomes de Oliveiraano passado172 visualizações
Introdução
O presente estudo tem como objetivo promover uma revisão bibliográfica da doutrina jurídica brasileira sobre o instituo da desconsideração da personalidade jurídica, previsto o art. 50 do Código Civil (CC) e no Capítulo IV, Seção III, Título III, Livro III, do Código de Processo Civil, entre os artigos 133 e 137, sob o prisma do Direito Empresarial brasileiro.
Para discorrer sobre o tema proposto, este trabalho é divido em quatro capítulos. O primeiro se destina a conceituar, a definir o instituo da personalidade jurídica. O segundo tem como objetivo descaracterizar a personalidade jurídica no ordenamento jurídico brasileiro. O terceiro expõe a teoria da desconsideração da personalidade jurídica. E, por fim, o quarto analisa a desconsideração da personalidade jurídica sob o prisma do direito empresarial brasileiro.
Em um primeiro momento, faz-se necessário uma observação. As pessoas jurídicas adquirem direito, contraem obrigações e atual judicialmente, mesmo que por meio dos seus representantes, gerando desta forma um conjunto de relações que estão ligadas com a sua personalidade jurídica. Então, para prevenir o abuso dos representantes nessas relações é que surge o instituto da desconsideração da personalidade jurídica.
Conceito de personalidade jurídica
Constituída a pessoa jurídica conforme o art. 45, caput, do CC, esta tem personalidade jurídica independente da de seus administradores ou sócios, ou seja, a pessoa jurídica passa ter aptidão genérica para ser titular de direito e contrair obrigações.
Carlos Roberto Gonçalves (2012) conceitua pessoa jurídica:
Consiste num conjunto de pessoas ou de bens, dotado de personalidade jurídica própria e constituída na forma da lei, para a consecução de fins comuns. Pode-se afirmar, pois, que pessoa jurídicas são entidade a que a lei confere personalidade, capacitando-as a serem sujeitos de direitos e obrigações. A sua principal característica é a de que atuam na vida jurídica com personalidade diversa da dos indivíduos que as compõem.
Desta fora, dizer que a pessoa jurídica tem personalidade jurídica, é dizer que ela tem personalidade própria, que ela é sujeito de direitos e obrigações, e que essa personalidade independe das pessoas que a compõem.
A desconsideração da personalidade no ordenamento jurídico brasileiro
A personalidade jurídica é um importante mecanismo de proteção legal à pessoa jurídica, pois o risco é inerente à atividade empresarial, de forma que pode prejudicar os recursos individuais das pessoas que constituem a pessoa jurídica. Dessa forma e em virtude do princípio da autonomia patrimonial, a pessoa jurídica e a pessoa natural que a constitui possuem patrimônios próprios e independentes, sendo que cada um responde por suas obrigações assumidas.
No entanto, os atos abusivos cometidos pelos administradores e/ou sócios de um pessoa jurídica, podem acarretar a desconsideração dessa personalidade jurídica. Muitas vezes o sócio, por exemplo, desviam a finalidade da pessoa jurídica para cometer fraudes ou descumprir a lei. Por isso, faz-se necessário o instituto da desconsideração da personalidade jurídica como um mecanismo de proteção para a sociedade, pois responsabiliza o sócio ou o administrador da entidade quando estes agem com o fim de fraudar ou abusivo.
O art. 50 do CC estabelece:
Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócio da pessoa jurídica.
Nestes termos, preleciona Ricardo Negrão (2014).
Haverá desvio de finalidade quando o objeto social é mera fachada para exploração de atividade diversa. Na confusão patrimonial os bens pessoais e sociais embaralham-se, servindo-se, os administradores, de uns e de outros para, indistintamente, realizar pagamento de dívidas particulares dos sócios e da sociedade.
A desconsideração da personalidade jurídica está prevista também no art. 28 do Código de Defesa do Consumidor, que dispõe:
O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.
E o parágrafo 5º deste mesmo artigo, ainda previa que “também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores”.
Há, ainda, previsão normativa sobre a desconsideração da personalidade jurídica na Lei 8.884/94, que será visa no último capítulo deste estudo, e na Lei 9.605/98, que regula os crimes ambientais. Nesta, o seu art. 4º prevê que “poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente”.
Dentre todas essas previsões legais, o art. 50 do CC é a regra matiz da desconsideração da personalidade jurídica, sendo de aplicação obrigatória a todos os casos de desconsideração, exceto quando haver lei específica sobre aquela questão, como nas situações supracitadas.
Teorias da desconsideração da personalidade jurídica
Sendo a personalidade jurídica um meio a incentivar a prática empresarial, ela não poderia, todavia, ser utilizada como um instrumento que favoreça à prática de atos fraudulentos ou abusivos. Por isso, desenvolveu-se teorias que confortariam tais práticas visando cobrir os prejuízos gerados. Destarte, a doutrina construiu a “disregard dooctrine” ou “disregard of legal entity”, também conhecida como a “teoria do superamento” ou “teoria da penetração” no direito pátrio. De acordo com essas teoria, a personalização e autonomia patrimonial não devem corresponder, necessariamente, à limitação da responsabilidade dos integrantes.
Com referência na “disregar doctrine”, Rubens Requião desenvolveu a Teoria Maior da desconsideração da personalidade jurídica. Conforme esta teoria, a superação da personalidade jurídica está vinculada à fraude ou ao abuso, evidenciado o desvio de finalidade da pessoa jurídica. Dessa forma, a mera insatisfação dos credores não justifica a desconsideração, ou seja, o inadimplemento das obrigações não é suficiente para aplicar a desconsideração.
Existe, também, a Teoria Menor da desconsideração da personalidade jurídica, cuja incidência é mais restritiva. Para essa teoria, a execução do patrimônio do sócio por obrigação social está vinculada à impontualidade ou insatisfação do crédito. Sendo assim, compreende dizer que a ausência de bens sociais e a solvência de sócios, atribui a estes a obrigação da pessoa jurídica, sem a necessidade de caracterizar a fraude ou o abuso.
A desconsideração da personalidade jurídica no direito empresarial
Como já foi dito, a atribuição de personalidade às pessoas jurídica é essencial para fomentar a atividade empresarial. Neste contexto, André Luiz Ramos (2014) afirma:
Como bem destaca a doutrina, o reconhecimento de personalidade às pessoas jurídicas corresponde a uma sanção positiva ou premial, pela qual o ordenamento jurídico incentiva os particulares a desempenharem atividades econômicas, o que interessa não apenas aos empreendedores, mas também ao próprio Estado. No caso das sociedades empresárias, o que o Estado quer, ao permitir sua criação e consagrar regras de limitação da responsabilidade dos seus membros, é estimular o exercício de atividade econômica, sobretudo em função da adoção do regime capitalista demercado pela Constituição Federal.
No entanto, essa atribuição não pode servir como um mecanismo para fomentar as atividades empresariais fraudulentas ou que vão contra o ordenamento jurídico. Nesse sentido, Ramos (2014) declara:
Todavia, a história das relações econômicas demonstrou que o uso das pessoas jurídicas e a consagração do princípio da autonomia patrimonial podem dar ensejos a abusos. Empresários maliciosos, não raro, utilizavam-se das mais variadas artimanhas para fraudar seus credores, usando a personalidade jurídica e beneficiando-se da separação patrimonial como um verdadeiro escudo protetor contra aos ataques ao seu patrimônio pessoal.
Destarte, com o objetivo de se evitar essas atividades empresariais fraudulentas e proteger o princípio da autonomia patrimonial, evitando o seu uso abusivo e deturpado, surgiu-se o instituto da desconsideração da personalidade jurídica, “ao que deveria ser aplicada quando se constatasse o uso abusivo da personalidade jurídica em detrimento de seus credores” (RAMOS, 2014).
A Lei 8.884/94, que dispõe sobre a prevenção e a repressão às infrações à ordem econômica, também regulamenta a desconsideração da personalidade jurídica em seu art. 18, que:
A personalidade jurídica do responsável por infração da ordem econômica poderá ser desconsiderada quando houver da parte deste abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.
Dessa forma, a atividade empresarial que constituir infração aos princípios da ordem econômica, elencados no art. 170 da Constituição Federal, também, terá a desconsideração da sua personalidade jurídica.
Importante ressaltar que a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica não importa o fim desta, ou seja, não será dissolvida ou liquidada. A desconsideração visa apenas torna-la ineficaz para determinados atos. Assim considera Ramos (2014):
Assim, a desconsideração da personalidade jurídica tem os seus efeitos adstritos ao caso concreto em que foi requerida continuando a sociedade – ainda que desconsiderada naquele caso - a existir normalmente e a ter os efeitos da sua personalização respeitados em todas as demais relações jurídicas em que figurar. É por isso que se critica a expressão despersonalização da pessoa jurídica, utilizada por alguns autores.
Há ainda, a possibilidade de se aplicar a teoria da desconsideração inversa no direito empresarial, que implica em empregar os fundamentos da desconsideração da personalidade jurídica para permitir que a pessoa jurídica, eventualmente, responda pelas obrigações dos seus integrantes. Este instituto conta com um capítulo autônomo no Código de Processo Civil, no Capítulo IV do Título III, arts. 133 a 137.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 1: parte geral. 10 ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
NEGRÃO, Ricardo. Direito empresarial: estudo unificado. 5 ed. rev. São Paulo, 2014.
RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito empresarial esquematizado. 4 ed. rev. atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2014.
GOMES, Deives Rafael. A teoria da desconsideração da personalidade jurídica – disregard doctrine – no direito empresarial brasileiro. JurisWay. Disponível em: <www.jurisway.org.br> acessado em: 02/07/2016.
KUMPEL, Vitor Frederico. A desconsideração da personalidade jurídica no novo CPC. Migalhas. <www.migalhas.com.br> acessado em: 02/07/2016.

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