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1 FACULDADE DE QUIXERAMOBIM CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE PÓS-GRADUAÇÃO PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL ALUNA: MARIA ROSÁLIA SOUSA PINTO MATRÍCULA: 202010122.0 UM BREVE HISTÓRICO SOBRE A POLÍTICA DE SAÚDE MENTAL NO BRASIL FORTALEZA - CE 2020 2 ALUNA: MARIA ROSÁLIA SOUSA PINTO MATRÍCULA: 202010122.0 UM BREVE HISTÓRICO SOBRE A POLÍTICA DE SAÚDE MENTAL NO BRASIL Trabalho apresentado ao Curso de Pós- Graduação em Saúde Mental da Faculdade de Quixeramobim – UNIQ como atividade para compor parte da avaliação da disciplina: Participação, Controle Social, Geração de Renda e Trabalho. PROFESSORA: MARIA LILIANE MIRANDA DA COSTA FORTALEZA - CE 2020 3 SUMÁRIO 01 – Introdução.........................................................................................................................................3 02 – Um Breve Histórico Sobre a Política de Saúde Mental no Brasil....................................................3 03 – Considerações Finais........................................................................................................................7 04 – Referências Bibliográficas................................................................................................................8 4 Introdução Este artigo tem como objetivo elencar um breve resumo acerca da história das políticas de saúde mental no Brasil, pontuando os fatos mais relevantes que contribuíram para extinguir o antigo modelo manicomial, descrevendo que transtornos mentais são empecilhos ao ser humano de gerir sua própria vida e expondo que Quando existe uma falta de acompanhamento adequado a esses indivíduos pode acarretar ao indivíduo exclusão familiar e isolamento social. Este artigo discorre sobre as principais leis que marcaram a evolução do modelo atual de atendimento a indivíduos com transtorno mental, que consiste em uma assistência adequada ao cidadãos, promovendo a abolição do sistema asilar com atendimento fora dos hospitais. A mesma pretende disponibilizar o melhor sistema de saúde mental nos CAPS ou NAFS que articulam o cuidado clínico com programas de reabilitação psicossocial. A pesquisa foi realizada de forma bibliográfica e teve como base: livros, revistas eletrônicas, artigos de publicação cientificas, bem como a apostila disponibilizada pela faculdade e as aulas presenciais realizadas com professora, a qual, explanava a história das políticas de saúde, que foram fundamentais para o entendimento do conteúdo. Um Breve Histórico Sobre a Política de Saúde Mental no Brasil As políticas públicas de saúde mental enfrentaram no decorrer dos anos, modificações com propósito de promover aos cidadãos com transtorno mental um melhor bem estar físico, cognitivo e emocional, auxiliando o indivíduo a desfrutar dos benefícios das terapias ou fármaco, com objetivo de deixá-lo com ausência de sintomas, para que possam gerir sua própria vida. No Brasil, a primeira inciativa a saúde mental foram as Santas Casas de Misericórdia, onde ainda não haviam especialistas em psiquiatria, por isso, prestavam assistência precária aos doentes em hospitais da Irmandade que mais abrigavam do que tratava-os. Inicialmente foram mantidas pela caridade, posteriormente, passaram a ter um caráter filantrópico, sendo mantidas pela comunidade que sustentava o funcionamento destes locais. 5 A chegada da urbanização adotou o modelo francês como padrão para as políticas de saúde mental brasileiras, porém, esta circunstância expôs para a população novos problemas sanitários do país. Os hospícios do Brasil possuíam péssimas condições sanitárias mesmo para os padrões da época, dando assim, visibilidade aos enfermos psiquiátricos, que eram improdutivos no meio rural e perturbadores ao meio urbano, por essas razões, estes indivíduos eram excluídos da sociedade e confinados nos hospitais psiquiátricos da época. O mais árduo neste contexto era ambulatorizar o tratamento da doença mental, que tornou-se fonte geradora de riqueza para os empresários no ramo da saúde mental. Na década de 1970 ocorreram, no país, dois relevantes movimentos simultaneamente: a reforma sanitária e a psiquiátrica, sendo a primeira por parte da população e a segunda realizada por profissionais da área da saúde mental. Estas reivindicações eram contra à ditadura e as crises na divisão nacional de saúde mental, nos quais o povo e os trabalhadores dos manicômios estavam insatisfeitos com o atendimento do modelo manicomial, pois, neste ocorriam maus tratos aos pacientes e precárias condições de trabalho, além de baixos salários para os trabalhadores da área, havendo críticas a mercantilização da loucura e a pretensão da garantia da cidadania e respeito a individualidade humana, assim como uma busca por melhorias na assistência hospitalar, desopitalização e reinserção deste indivíduos na sociedade. Essas reivindicações passaram a compor os direitos legalmente constituídos na carta magna de 1988 e norteiam os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). Bravo pontua, I) A saúde como direito inerente a à personalidade e à cidadania; II) Reformulação do Sistema Nacional de Saúde em consonância com os princípios de integração orgânico-institucional, descentralização, universalização e participação, redefinição dos papeis institucionais das unidades políticas (União, estado, municípios, territórios) na prestação de serviços de saúde; III) Financiamento setorial. (Anais da VIII Conferência Nacional de Saúde, 1987 apud BRAVO, 2011, p. 110) As percepções de Bravo são reafirmadas na lei 8080/1990 que estabelecem o sistema único de saúde(SUS) adotando princípios universais, integrais e descentralizados, ramificando a atenção aos municípios e regiões centradas na rede social com base nos territórios. Segundo o Art. 3 da lei 8.080, “A saúde tem como 6 fatores determinantes e condicionantes, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais”; http://www.cff.org.br/userfiles/file/leis/8080.pdf Assim, as políticas de saúde psíquica são desenvolvidas pelos estado no sentido de minorar os condicionantes, proporcionando dignidade aos cidadãos com transtorno mental, para estes indivíduos possam atingir sua emancipação e consigam inserir-se e viver em sociedade. Dentre os principais avanços conquistados, surgiu também a declaração de Caracas em 1990, que foi uma Conferência Regional para a Reestruturação da Atenção Psiquiátrica na América Latina no contexto dos Sistemas Locais de Saúde (SILOS), organizada pela organização mundial de saúde visando uma reestruturação na atenção psiquiátrica e almejando uma nova vertente aos serviços de saúde a partir de uma releitura dos manicômios, provocando inquietações sob o modo e aplicabilidade das técnicas e cuidados com indivíduos que possuíam transtornos mentais. A partir de então, o Brasil segui os padrões estabelecidos nesta conferência. A Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001, que dispõe e discorre sobre a proteção dos direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais, redirecionando o modelo assistencial em saúde mental e propondo a transformação do sistema asilar com atendimento fora dos hospitais, art. 1º determina que, Os direitos e a proteção das pessoas acometidas de transtorno mental, de que trata esta Lei, são assegurados sem qualquer forma de discriminação quanto à raça, cor, sexo, orientação sexual, religião, opção política, nacionalidade, idade, família, recursos econômicos e ao grau de gravidade ou tempo de evolução de seu transtorno, ou qualquer outra. A lei n° 10.216/2001,conhecida como Lei do Deputado Paulo Delgado (PT/MG), que extinguiu os antigos manicômios do país, abrindo espaço para criar novas maneiras de cuidar dos cidadãos com transtorno mental, a mesma determina que os indivíduos com transtornos mentais devem desfrutar dos seus direitos sem sofrer descriminação, tendo acesso ao melhor sistema de saúde mental. O CAPS (centros de atenção psicossocial), surgiu para atender as novas políticas de saúde mental e articula cuidado clínico com programas de reabilitação psicossocial, por isso, 7 constituem a principal estratégia do processo de reforma psiquiátrica. Os CAPS ou NAFS são: Instituições destinadas a acolher os pacientes com transtornos mentais, estimular sua integração social e familiar, apoiá-los em suas iniciativas de busca da autonomia, oferecer-lhes atendimento médico e psicológico. Sua característica principal é buscar integrá-los a um ambiente social e cultural concreto, designado como seu “território”, o espaço da cidade onde se desenvolve a vida quotidiana de usuários e familiares. (Ministério da saúde ,2004 pág. 9) acesso 17/02/2020 http://www.ccs.saude.gov.br/saude_mental/pdf/sm_sus.pdf Sendo assim, os CAPS tem o objetivo de prestar a população em sua área de abrangência acompanhamentos clínicos e de reinserção social por meio de projetos terapêuticos de inclusão que venham possibilitar o retorno social e familiar desses indivíduos, neles são atendidos os casos mais severos e persistentes de transtornos metais que apresentem a necessidade de acompanhamento personalizado ou de permanência neste modelo específico de dispositivo. Considerando os projetos e oficinas, diversas atividades podem ser desenvolvidas num CAPS, desde que estas promovam as melhores oportunidades de trocas afetivas, simbólicas, materiais, capazes de favorecer vínculos, interação humana, melhor interação social e familiar. A ressocialização é realizada com base no territórios em escolas, igrejas, associações de bairro e dispositivo de trabalho e renda. As ações acontecem de forma articulada multidisciplinar que trabalham em conjunto com as equipes de Saúde da Família e Agentes Comunitários de Saúde. Para a reinserção e socialização a comunidade une-se a outras redes sócio sanitárias, jurídicas, cooperativas de trabalho, escolas, empresas. Nos CAPS existem Três tipos de internamento: o voluntário, em que o usuário solicita a internação, involuntária é feita sem o consentimento do usuário e a compulsória é realizada por determinação judicial e os acompanhamentos são efetuados conforme as portarias nº 336/gm/2002 e ainda pode ser classificado em: • Intensivo: o paciente passa a semana toda no centro de atendimento e final de semana vai para casa e retorna na segunda. • Semi-intensivo: passa o dia e vai para casa à noite. http://www.ccs.saude.gov.br/saude_mental/pdf/sm_sus.pdf 8 • Aberto: estes caso o paciente acompanhado em casa só comparece ao centro de atendimento nos dias de consultas. As Portarias nº 224/1992 ditam a diretrizes e normas para o atendimento ambulatorial e a SNAS nº 189/1991 considerava uma melhorar a qualidade da atenção às pessoas com transtorno mental, estas complementa a lei 10.216/2001. Por tanto, as conquistas da sociedade entorno do acompanhamento a saúde metal, demostram as evoluções na maneira de entender os sujeitos que passam por sofrimento psíquico devido fatores que desencadeiam transtornos, “estamos longe de estar confortáveis com relação a como conviver com as pessoas que apresentam as características e as dificuldades típicas dos graves problemas de saúde mental”, (Matheus, 2013 Pág. 78) a afirmação de Matheus traz uma reflexão sobre as formas de diagnóstico do transtorno metal, pois só existem exames para casos de hereditariedades e os outros, são concluídos a partir da anamnese, ou seja, lembranças muitas vezes incertas. Considerações Finais As mudanças nas políticas de saúde mental fazem parte das lutas da sociedade que tiveram como pauta uma melhoria nas condições, para que os indivíduos com transtornos metais possam ser inclusos e aceitos pela sociedade e pelo estado como indivíduos merecedores de direitos inerentes a pessoa humana. Os transtornos mentais desencadeados dos mais variados fatores conduziram a sociedade moderna a pensar novas formas de conviver com pessoas que necessitam de acompanhamentos específicos, visando a ausência de sintomas para que possam ser reinseridas a sociedade. A lei Paulo delgado de 1990, reflexo das reivindicações feitas pela sociedade e fruto de direito já incorporados a constituição federal de 1988, ofereceu um novo modelo de promoção a saúde metal no país, abrindo espaço para acompanhar estes pacientes em meio aberto com apoio de uma rede com base no território, que contemplasse moradia, trabalho e inserção social das pessoas que viviam em manicômios por logos períodos de tempo. A configuração legal possibilitou a criação de instrumentos que proporcionassem a compreensão e proteção as pessoas com transtornos mentais. Contudo, os centros de atenção psicossocial (CAPS), tem conseguido dar suporte aos indivíduos, mas enfrentam o desafio com a má administração, falta de fiscalização nos serviços prestados, falta de mão de obra qualificada no atendimento destes casos e falta de recurso destinado as políticas de saúde, fatores que desfavorecem os resultados dos tratamentos. 9 Portanto, a evolução no trato com a saúde mental ainda necessita evoluir não apenas na maneira de conviver com esses pacientes, mais, a ciência carece de novas descobertas em torno do funcionamento da mente humana para que os diagnósticos sejam mais precisos e evitando que os pacientes se exponham ao uso de medicação desnecessárias e desenvolva outras doenças físicas causadas pelos efeitos colaterais das medicações. Este artigo contribuiu para entender como funciona as políticas de saúde destinadas a rede de atenção psicossocial e possibilitou conhecer as leis ao entorno da saúde mental e servirá como breve fonte de pesquisa, pois, devido a amplitude do assunto ele não se esgota aqui carecendo ainda de mais discussões no meio acadêmico para que possam desenvolver uma olhar crítico sobre a temática. Referências Bibliográficas HARADA, Maria de Jesus Castro Sousa. Promoção da Saúde Fundamentos e Práticas. 1º edição São Paulo/SP: Yendis, 2013. https://hpm.org.br/wp-content/uploads/2014/09/lei-no-10.216-de-6-de-abril-de- 2001.pdf. LEGISLAÇÃO CITADA ANEXADA PELA COORDENAÇÃO DE ESTUDOS LEGISLATIVOS – CEDI. Acesso em: 18/02/2020. http://www.ccs.saude.gov.br/saude_mental/pdf/sm_sus.pdf. SAÚDE MENTAL NO SUS: OS CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Brasília-DF-2004. Acesso em: 17/02/2020. http://www.saude.sp.gov.br/resources/instituto-de-saude/homepage/outras- publicacoes/politicas_de_saude_mental_capa_e_miolo_site.pdf. Políticas de saúde mental, Baseado no curso Políticas públicas de saúde mental, do CAPS Professor Luiz da Rocha Cerqueira. Acesso em: 19/02/2020. http://www.saude.sp.gov.br/resources/instituto-de-saude/homepage/outras- publicacoes/politicas_de_saude_mental_capa_e_miolo_site.pdf Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990 – Planalto. Lei nº 10.216 de 2001: Reforma Psiquiátrica e os Direitos das Pessoas com Transtornos Mentais no Brasil. https://hpm.org.br/wp-content/uploads/2014/09/lei-no-10.216-de-6-de-abril-de-2001.pdf https://hpm.org.br/wp-content/uploads/2014/09/lei-no-10.216-de-6-de-abril-de-2001.pdf http://www.ccs.saude.gov.br/saude_mental/pdf/sm_sus.pdf http://www.saude.sp.gov.br/resources/instituto-de-saude/homepage/outras-publicacoes/politicas_de_saude_mental_capa_e_miolo_site.pdf http://www.saude.sp.gov.br/resources/instituto-de-saude/homepage/outras-publicacoes/politicas_de_saude_mental_capa_e_miolo_site.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm
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