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CurríCulos e Programas II CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD Currículos e Programas II – Profª. Ms. Célia Maria Lopes Mendes Meu nome é Célia Maria Lopes Mendes. Sou graduada em Ci- ências Exatas, com habilitação em Matemática, pela Universida- de de Franca (Franca-SP), bem como em Pedagogia pelo Centro Universitário Moura Lacerda (Ribeirão Preto-SP). Sou mestre em Educação, na área de Educação Escolar, e minha dissertação foi defendida com o tema Magistério: vocação ou sofrimento? Percepções de professores acerca do cotidiano escolar num contexto de precarização e intensificação do trabalho docente, também pelo Centro Universitário Moura Lacerda. Além disso, sou especialista em Psicopedagogia pelo Centro Universitário Claretiano (Batatais-SP) e especialista em Gestão Educacional pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Sou docente de disciplinas da área de Educação e exerço o cargo de supervisora de ensino da rede estadual de ensino do estado de São Paulo, na Diretoria de Ensino da Região de Franca. e-mail: cmlopesmendes@uol.com.br CurríCulos e Programas II Caderno de Referência de Conteúdo Célia Maria Lopes Mendes Batatais Claretiano 2013 Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação © Ação Educacional Claretiana, 2011– Batatais (SP) Versão: dez./2013 375 M49c Mendes, Célia Maria Lopes Currículo e programas II / Célia Maria Lopes Mendes – Batatais, SP : Claretiano, 2013. 126 p. ISBN: 978-85-67425-94-8 1.Teorias pós-críticas do currículo. 2. Seleção, organização e distribuição do conhecimento escolar. 3. Os professores e o currículo: uma relação delicada. 4. Diferentes propostas curriculares: possibilidades e limites de concretização. 5. Diretrizes e normas governamentais e das escolas. 6. Parâmetros Curriculares Nacionais. 7. Diversidade e Currículo. 8. Currículo como conjunto de conhecimentos e como conjunto de experiências. 9. Currículo e Avaliação. I. Currículo e programas II. CDD 375 Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves Preparação Aline de Fátima Guedes Camila Maria Nardi Matos Carolina de Andrade Baviera Cátia Aparecida Ribeiro Dandara Louise Vieira Matavelli Elaine Aparecida de Lima Moraes Josiane Marchiori Martins Lidiane Maria Magalini Luciana A. Mani Adami Luciana dos Santos Sançana de Melo Luis Henrique de Souza Patrícia Alves Veronez Montera Rita Cristina Bartolomeu Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Simone Rodrigues de Oliveira Bibliotecária Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Revisão Cecília Beatriz Alves Teixeira Felipe Aleixo Filipi Andrade de Deus Silveira Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz Rodrigo Ferreira Daverni Sônia Galindo Melo Talita Cristina Bartolomeu Vanessa Vergani Machado Projeto gráfico, diagramação e capa Eduardo de Oliveira Azevedo Joice Cristina Micai Lúcia Maria de Sousa Ferrão Luis Antônio Guimarães Toloi Raphael Fantacini de Oliveira Tamires Botta Murakami de Souza Wagner Segato dos Santos Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana. Claretiano - Centro Universitário Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000 cead@claretiano.edu.br Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006 www.claretianobt.com.br SUMÁRIO CADERnO DE REfERênCIA DE COnTEúDO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 7 2 ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO .......................................................................... 8 3 E-REFERênCiAS ................................................................................................ 26 4 REFERênCiAS BiBLiOGRÁFiCAS ...................................................................... 26 UniDADE 1 – A IMPORTâNCIA DA SELEÇÃO DOS CONTEúDOS E A MEDIAÇÃO PEDAGóGICA 1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 29 2 CONTEúDOS ..................................................................................................... 30 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 30 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 31 5 O PAPEL DA ESCOLA NA CONSTRUÇÃO DE UM CURRÍCULO HUMANIZADOR .............................................................. 32 6 SELEÇÃO DO CONTEúDO: CURRÍCULO E CONHECIMENTO .......................... 36 7 O GRAnDE DESAFiO DA DOCênCiA nO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO CURRÍCULO ............................................... 39 8 EXEMPLIFICANDO UMA SELEÇÃO DE CONTEúDO: A LEITURA NA SALA DE AULA ................................................................ 43 9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 48 10 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 49 11 E-REFERênCiAS ................................................................................................ 50 12 REFERênCiAS BiBLiOGRÁFiCAS ...................................................................... 50 UniDADE 2 – ORGANIZAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DO CONHECIMENTO ESCOLAR 1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 51 2 CONTEúDOS ..................................................................................................... 51 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 52 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .............................................................................. 52 5 O CURRÍCULO COMO CENTRO DO PROCESSO EDUCATIVO ......................... 55 6 A ORGAniZAÇÃO DA ESCOLA COnFORME A LDBEn nº 9.394/96 (LEi DE DiRETRiZES E BASES DA EDUCAÇÃO nACiOnAL) .......................................... 57 7 TIPOS DE CURRÍCULOS EXISTENTES NAS ESCOLAS ....................................... 58 8 O PROFESSOR E O CURRÍCULO: UMA RELAÇÃO DELICADA .......................... 60 9 POSSIBILIDADES E LIMITES DE CONCRETIZAÇÃO DO CURRÍCULO .............. 66 10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 68 11 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 69 12 E-REFERênCiAS ................................................................................................ 71 13 REFERênCiAS BiBLiOGRÁFiCAS ...................................................................... 71 Claretiano - Centro Universitário UniDADE 3 – DIVERSIDADE E CURRÍCULO NA ESCOLA 1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 73 2 CONTEúDOS ..................................................................................................... 74 3 ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 74 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 75 5 CULTURA, CIDADANIA E DIFERENÇA NO CONTEXTO ESCOLAR................... 76 6 A LUTA POLÍTICA PELO DIREITO À DIVERSIDADE .......................................... 81 7 PARâMETROS CURRICULARES NACIONAIS NA ESCOLA .............................. 86 8 ENSINO E APRENDIZAGEM NA PERSPECTIVA DA PLURALIDADE CULTURAL CONFORME OS PARâMETROS CURRICULARES NACIONAIS ............................................................................ 90 9 TEMAS TRANSVERSAIS NO PROJETO PEDAGóGICO CONFORME OS PARâMETROS CURRICULARES NACIONAIS ........................ 92 10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 93 11 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 93 12 E-REFERênCiAS ................................................................................................ 94 13 REFERênCiAS BiBLiOGRÁFiCAS ...................................................................... 95 UniDADE 4 – O PROCESSO DE AVALIAÇÃO DO CURRÍCULO NO CONTEXTO ESCOLAR 1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 97 2 CONTEúDOS ..................................................................................................... 97 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 98 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 98 5 A AVALIAÇÃO PRATICADA NA ESCOLA ........................................................... 100 6 COMO CONSTRUIR INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO ESCOLAR ................... 108 7 COMO APROVEITAR O CONSELHO DE CLASSE/SÉRIE/ANO PARA AVALIAR O ALUNO E O PROCESSO DE AUTOAVALIAÇÃO NA ESCOLA ........................................................................................................ 116 8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 122 9 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 122 10 E-REFERênCiA .................................................................................................. 125 11 REFERênCiAS BiBLiOGRÁFiCAS ...................................................................... 125 CrC Caderno de referência de Conteúdo Ementa ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Teorias pós-críticas do currículo. Seleção, organização e distribuição do conhe- cimento escolar. Os professores e o currículo: uma relação delicada. Diferentes propostas curriculares: possibilidades e limites de concretização. Diretrizes e normas governamentais e das escolas. Parâmetros Curriculares Nacionais. Os temas transversais. Tendências contemporâneas do campo do currículo: iden- tidade e diferença; o multiculturalismo. Diversidade e currículo. Currículo como conjunto de conhecimentos e como conjunto de experiências. Currículo e ava- liação. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1. InTRODUÇÃO Neste Caderno de Referência de Conteúdo (CRC), o objeti- vo será justamente o de possibilitar uma reflexão criteriosa acerca dos fundamentos do ensino do currículo, no sentido de entender toda a problemática do seu desenvolvimento dentro do contexto escolar. Nas unidades que se seguirão, você terá a possibilidade de compreender esse universo conceitual, além dos seus desafios, para promover um viés sistematizado da prática educativa. © Currículos e Programas II8 Por se tratar de um campo amplo de análise, destacamos os principais assuntos dentro de cada unidade. na Unidade 1, trataremos da discussão sobre a importância da seleção dos conteúdos e a mediação pedagógica; na Unidade 2, faremos uma reflexão sobre a organização e a distribuição do conhecimento escolar dentro das teorias pós-críticas do currículo, levando em consideração o contexto escolar; na Unidade 3, falare- mos da diversidade e do currículo, tratando da diversidade presen- te nas escolas, nas salas de aula; e, na Unidade 4, analisaremos os processos de avaliação existentes na escola. Após essa apresentação aos conceitos principais abordados no Caderno de Referência de Conteúdo, mostraremos, a seguir, no Tópico Orientações para estudo, algumas considerações de caráter motivacional, dicas e estratégias de aprendizagem que poderão fa- cilitar o seu estudo. 2. ORIEnTAÇÕES PARA ESTUDO Abordagem Geral Neste tópico, apresenta-se uma visão geral do que será estu- dado neste Caderno de Referência de Conteúdo. Aqui, você entrará em contato com os assuntos principais deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportunidade de aprofundar essas questões no estudo de cada unidade. Desse modo, esta Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento básico necessário a partir do qual você possa construir um referencial teórico com base sólida – científica e cultural – para que, no futuro exercício de sua profis- são, você a exerça com competência cognitiva, ética e responsabi- lidade social. Vamos começar nossa aventura pela apresentação das ideias e dos princípios básicos que fundamentam este Caderno de Referência de Conteúdo. 9 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo Iniciemos nossos estudos com alguns questionamentos que nos levarão a algumas reflexões sobre as concepções de currícu- lo na visão das teorias pós-críticas: "o que ensinar?", "como ensi- nar?" e "quando e como avaliar?". Discorreremos sobre o processo de currículo que acontece no contexto escolar, entendendo que sua construção não pode es- tar dissociada das práticas políticas e administrativas presentes na sociedade. O currículo vem passando por várias transformações na sua construção nesses últimos tempos; isso significa que: [...] sua construção não pode ser entendida separadamente das condições reais de seu desenvolvimento e, por isso mesmo, enten- der o currículo num sistema educativo requer prestar atenção às práticas políticas e administrativas que se expressam em seu de- senvolvimento, às condições estruturais, organizativas, materiais, dotação de professores, à bagagem de idéias e significado que lhe dão forma e que o modelam em sucessivos passos para a transfor- mação (SACRiSTÁn, 2000, p. 21). Como já estudamos anteriormente, no Caderno de Referência de Conteúdo Currículos e Programas I, relembraremos alguns concei- tos sobre o currículo escolar como uma produção social que envolve relações de poder e interesses de diversos segmentos. Sabemos, tam- bém, que o currículo é o desdobramento do Projeto Político-pedagó- gico, que não é estático e está em constante movimento. Segundo alguns autores da teoria crítica, como Apple (1982), Sacristán (2000), Moreira (2002), Silva (2000), entre outros, o cur- rículo é um projeto que não está pronto e acabado; é algo a ser construído no cotidiano escolar, com a participação de todos os segmentos que atuam na escola: professores, alunos, gestores, pais e comunidade onde a escola está inserida. O currículo não compreende somente as disciplinas e os seus conteúdos, mas tam- bém a sua organização, os métodos de ensino, o seu desenvolvi- mento e a avaliação. Ele é um orientador das práticas pedagógicas do professor e precisa ser constantemente avaliado e modificado. Para que cumpra suas funções na sua concretização, deve levar em consideração todos os segmentos da escola. © Currículos e Programas II10 É o Projeto Político-pedagógico que dará sustentação para a implementação do currículo na escola. A sua construção envolve três momentos interligados, que são: diagnóstico da realidade da escola, levantamento das concepções do coletivo e programação das ações a serem desenvolvidas por todos os segmentos da esco- la envolvidos no processo de aprendizagem dos alunos. A construção do Projeto Político-pedagógicoé feita de ma- neira gradativa, passo a passo ele vai tomando forma, se estrutu- rando, ganhando consistência e se ampliando. Por envolver todos os segmentos da escola, cujas opiniões são diferentes, passa por conflitos e divergências até que se chegue num consenso. Ninguém consegue fazer tudo de uma única vez, necessitando estabelecer metas a curto, médio e longo prazos. O Conselho de Escola pode ser um forte aliado, pois ele au- xilia o gestor a fazer as coisas acontecerem. Buscando parcerias e colaboradores para a construção de uma escola melhor, sua atu- ação é importante para transformar a escola num espaço vivo e participativo, no qual o foco é a aprendizagem do aluno. O Projeto Político-pedagógico visa tornar o coletivo da esco- la capaz de construir uma proposta de ação que tenha significado para o contexto onde a escola está inserida. Ela, muitas vezes, não tem dificuldade em desenvolver a ação; o difícil tem sido em re- lação à sua qualidade, que, em inúmeras vezes, não é significativa para os sujeitos nela envolvidos; por isso há necessidade de plane- jamento e avaliação. Todos os processos do Projeto Político-pedagógico devem ser avaliados, o que permite ao grupo caminhar do real para o ide- al, desde o diagnóstico até a execução das ações. De acordo com Perrenoud (2003), o ensino de hoje já não é mais o mesmo; a educação é para todos, e, assim, a escola recebe crianças que devem ser respeitadas como são. Ensinar, sob essa ótica, é trabalhar com as diferenças, com diferentes culturas, com novos paradigmas. O momento é de refazer a educação escolar, 11 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo seguindo novos padrões e apropriando-se das novas tecnologias e novos preceitos. Sustentar esse projeto de escola inclusiva implica mudanças no Projeto Político-pedagógico e uma organização cur- ricular idealizada e executada por todos os segmentos da escola já mencionados. A comunidade, ao se envolver na construção do Projeto Políti- co-pedagógico da escola, determina uma nova relação com espaço público, envolvendo-se em decisões relacionadas à elaboração, à execução e ao controle das atividades desenvolvidas nesse local. Segundo Abranches (2003, p. 22), podemos perceber que: A partir da abertura para participação, quando os atores sociais passam a ter um papel ativo nas decisões sobre elaboração, exe- cução e controle das políticas públicas, é prioritário que se criem novas configurações sociais e novos espaços políticos que deter- minem uma nova relação com espaço público. E isso é tarefa da sociedade civil, que vai, ainda, depender do grau de organização dos atores sociais, da identificação e agrupamento dos interesses e dos recursos de poder que esses atores sociais dispõem. Assim, você pode perceber que a comunidade terá a oportu- nidade de construir a escola desejada, capaz de atender aos seus anseios e às suas necessidades, bem como que contribua com a formação de cidadãos críticos e participativos. As famílias esperam que os profissionais da educação sejam porta-vozes confiáveis de seus filhos. Hoje, para ensinar, exigem-se do professor competências e habilidades específicas, não mais do senso comum, mas de formação didático- pedagógica contínua. Segundo Grosbaum (2004), a sociedade espera que a escola faça a diferença na vida dos alunos, que estes saiam diferentes dela, que saibam mais sobre si e sobre o meio físico e social, que reflitam sobre a realidade que os rodeia e que consigam discernir, agindo com justiça e de maneira coerente. Para que a aprendiza- gem tenha significado para o aluno, é necessário que seja relevan- te para sua vida e se articule com os conhecimentos que ele traz ao entrar na escola, chamados de conhecimentos prévios. Dessa © Currículos e Programas II12 maneira, a articulação de novos conhecimentos com os antigos irá formando sua estrutura cognitiva. A aprendizagem é mais sólida quando o aluno conhece os er- ros cometidos por ele. É importante que o professor analise as res- postas do aluno nas avaliações, informando-o acerca do que errou e do porquê errou. O erro é construtivo segundo a teoria construti- vista. Ao fazer esse exercício de análise, o professor terá condições de propor novas e adequadas estratégias de ensino para promover a aprendizagem do aluno, adequando o conteúdo, de forma a lhe atender em suas dificuldades. Elogiar os alunos é uma forma incentivá-los, de motivá-los, ajudando-os na construção de autoconceitos positivos, mas to- mando o cuidado para que isso seja individualizado, pois o que pa- rece difícil para alguns na realização das tarefas escolares é muito fácil para outros. O professor deve oportunizar ao aluno "construir" o seu co- nhecimento. As situações de aprendizagens devem ser criadas, e isso é muito mais que "dar aulas". Para darmos conta das novas exi- gências do mundo contemporâneo, é necessário saber trabalhar em equipe, cooperar, ser solidário e participar do projeto da escola. Sobre esse assunto, assim se expressa Camargo (1997, p. 20): Sinto que estamos ainda aprendendo a estudar, nos livrando aos poucos, dos modelos vividos no nosso passado escolar. Estamos ainda construindo o sentido que faz o estudo hoje, para nós. Você pode perceber que, segundo a autora, há a necessida- de de que o estudo faça sentido na nossa prática, otimizando esse fazer, tomando consciência dele. Não há necessidade de despre- zarmos o que foi aprendido, mas devemos conseguir enxergar em nossa prática o espaço para construirmos novas possibilidades de ensinar. Ensinar é, sobretudo, propor e regularizar atividades de aprendizagens, adaptando-as às necessidades de cada um, pois os alunos são diferentes e encontram-se em estágios e níveis di- 13 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo ferentes de aprendizagem. O professor precisa saber lidar com a temporalidade de cada um. O sistema educacional, assim como a sociedade, tem avan- çado nos últimos tempos para um ideal democrático de justiça, igualdade e garantia de direitos sociais e culturais. Mesmo assim, ainda há exclusões que exigem respostas e propostas firmes de superação de tratos desiguais, e a escola, a docência, deve conver- gir seus esforços, a fim de colaborar na construção de estruturas mais igualitárias e menos seletivas por meio da implantação do seu currículo. Ao desenvolver as atividades, os professores devem propor atividades coletivas, reinventando os processos de conhecimento e de sua organização, praticando avaliações formativas, respeitan- do as diferenças e superando as desigualdades. Segundo Hoffmann (2000), a avaliação formativa permite ao professor reorientar os processos de aprendizagem e a orga- nização curricular, bem como conhecer os saberes, as atitudes, as capacidades e o estágio de desenvolvimento dos alunos, propor- cionando o feedback, que indica o que é necessário para seguir em frente. O aluno deve saber onde se encontra no processo de ensino-aprendizagem. A autora Hoffmann (2000) afirma que a avaliação deve pro- mover a cidadania, dando ao aluno não apenas a consciência dos seus direitos e deveres, mas também o acesso a todas as oportuni- dades sociais que a vida lhe possa oferecer. Camargo (1997, p. 27) assevera que: Existe em nós, agora, as verdadeiras e legítimas demandas, por- que são nossas. Queremos de fato aprender: saber melhor quem é o aluno, criança, adolescente ou adulto, dos quais nos ocupamos; saber mais da escola, nas relações que se estabelecem em seu in- terior e das faltas que enfrenta no dia a dia de trabalho; entender os pais, nas suas aflições ou nas suas resistências: saber fazer bem feito, dando conta quer da sala de aula, quer daquela da coorde- nação, contemplando, num planejamento adequado, necessidadesindividuais e de grupo; almejamos conhecer a teoria, naquilo que ela pode iluminar e otimizar a nossa prática. © Currículos e Programas II14 Alguns questionamentos devem ser feitos constantemente pelos profissionais das escolas sobre seu papel, como, por exem- plo: "qual é o papel do professor, da Pedagogia e da escola?", "qual concepção de sociedade, escola, conhecimento, cultura e currícu- lo emergirá a escolha das práticas pedagógicas?". Esse conjunto de questionamentos tem sido debatido nas últimas décadas no cenário educacional. É de conhecimento de todos nós que a função da escola tem sido ampliada à medida que a sociedade muda, os alunos mudam e o direito à educação se es- tende, incluindo o direito ao conhecimento, às ciências, aos avan- ços da tecnologia e às novas tecnologias de informação, bem como o direito à cultura, às artes, às diferentes linguagens e às diferentes formas de comunicação. Quanto mais o professor se conscientizar do seu ato educati- vo, mais verdadeiro será o resultado da aprendizagem dos alunos. Isso se torna possível quando se tem clareza da função social da escola. De acordo com Grosbaum (2004), a organização do espaço escolar é importante, pois ela reflete as concepções de educação dos sujeitos que trabalham no ambiente. Não se trata somente de limpeza e organização, é necessário que o espaço aguce a curiosi- dade e o interesse dos alunos na busca do saber. A organização da escola deve constar no Projeto Político-pe- dagógico e ser articulada com seu regimento interno, no qual estão explicitados as normas e os critérios de funcionamento da escola. Conforme Grosbaum, além da organização do espaço escolar, outro item importante a ser organizado é o tempo. A escola precisa pla- nejar os encontros dos professores e criar espaços e horários que favoreçam a participação de todos. Esses encontros, para que se- jam bem aproveitados, devem ser regulares. A presença do gestor é importante, pois ele é a liderança da escola; além disso, as regras devem ser flexíveis, mas precisam ser cumpridas. 15 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo Segundo Grosbaum (2004), a organização da sala de aula também é muito importante para o aluno e para o professor, e existem fatores que fazem que os alunos a frequentem com pra- zer, pois sabem que vão aprender coisas interessantes e desco- brir novidades todos os dias. Para isso, o tempo pedagógico deve ser bem aproveitado: a chamada dos alunos não deve durar meia hora, a classe nunca deve ficar ociosa esperando o professor cor- rigir os cadernos dos alunos, todo o tempo escolar deve ser usado para que o aluno tenha sucesso na aprendizagem. A autora ainda afirma que, nas escolas, há muitos materiais pedagógicos, jogos e livros que devem estar à disposição de professores e alunos; todo material existente na escola é para ser usado, e não guardado. Quantas vezes passamos por salas de aula em que o aluno fala para o professor: "acabei a lição! E agora, o que vou fazer?". Você já parou para pensar que o tempo gasto com outras coisas não relacionadas à aprendizagem do aluno é um tempo roubado que você poderia ter aproveitado melhor? Para que não se tenha um ambiente de sala de aula tumul- tuado e se tenha produtividade, é importante esclarecer para os alunos como será a rotina diária dos trabalhos. Essa informação orienta e torna os alunos autônomos, liberando o professor para ajudar individualmente aqueles alunos que estão com mais difi- culdades. Estabelecer regras juntamente com os alunos facilita a regu- lação do cotidiano da sala de aula. Tais regras devem ser flexíveis e exigem negociação, podendo mudar quando não forem consen- suais. A sala de aula é um lugar que necessita de organização, que deve estar sempre limpo pois isso, interfere no aprendizado. Quando entramos numa sala de aula em que existem carteiras quebradas, cujo ambiente está desorganizado, há indícios de que alguma coisa não vai bem na relação professor e aluno, o que ine- vitavelmente acarreta na ausência de um bom ensino. © Currículos e Programas II16 Quando a sala é "viva", isto é, quando seu arranjo muda em função da tarefa, ela evidencia uma distinta concepção do significado de aprender: um ato dinâmico, estimulante e instigante, do qual todos querem, podem e devem participar (GROSBAUM, 2004, p. 69). Conforme Moura (2009), o maior desafio dos educadores é elaborar ações pedagógicas na perspectiva de uma educação transformadora. Para que isso aconteça, é necessário conhecer os alunos, suas concepções, suas inquietações, suas expectativas em relação à vida e a maneira como lidam com o conhecimento. Para a autora, a escola é um espaço de construção do conhe- cimento; os alunos necessitam transformar as informações rece- bidas de todos os meios sem perder de vista que a aprendizagem envolve ação, emoção e afetividade. Ainda de acordo com Moura (2009), muitas escolas têm usa- do o trabalho em grupo, que permite um trabalho múltiplo e par- ticipativo. Além de as aulas ficarem mais interessantes e envolven- tes, os alunos aprendem a trabalhar em equipe. Segundo Freire (1993, p. 59): [...] um grupo se constrói no espaço heterogêneo das diferenças entre cada participante: da timidez de um, do afobamento do ou- tro; da serenidade de um, da explosão do outro; do pânico de um, da sensatez do outro; da serenidade desconfiada de um, da ousa- dia e risco do outro; da mudez de um, da tagarelice do outro; do riso fechado de um, da gargalhada debochada do outro; da lividez de um, do encarnado do rosto do outro. Conforme Freire (1993), pode-se estudar individualmente, mas só se cria saber em grupo, entre educando e educador. O tra- balho em grupo pode causar cansaço, além de ansiedade nos pro- fessores e nos alunos, mas isso pode ser visto com uma meta a ser alcançada. na LDB n. 9.394/96, são previstas várias possibilidades para a organização da Educação Básica, mas cada sistema e cada escola têm suas especificidades, podendo adotar a possibilidade que con- siderar mais adequada, privilegiando sempre a que melhor atende ao processo de aprendizagem dos alunos. A lei sugere os seguintes tipos de organização: 17 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo Séries anuais ou períodos semestrais, que é a forma mais comum nas escolas. 1) Alternância regular de períodos de estudos, em que o aluno, em certos momentos, permanece na escola e, em outros, desenvolve atividades em sua residência. 2) Grupos não seriados, organizados levando em conside- ração a idade e a competência dos estudantes. 3) Ciclos que aumentam o tempo de aprendizagem e redis- tribuem os conhecimentos escolares, propiciando avan- ços dos alunos em sua trajetória escolar. A Lei n. 9.394/96 possibilita, ainda, alternativas de organiza- ção além dessas, sempre para atender às necessidades dos alunos no seu processo de aprendizagem. Grosbaum (2004, p. 46) enfa- tiza que: [...] essa conquista, por si, só, não parece ser suficiente; a autono- mia não pode ser simplesmente decretada por lei. É preciso que ela seja construída e implementada no trabalho coletivo e diário de cada escola. Reorganizar os espaços na escola é propiciar a presença e o acesso de materiais e recursos pedagógicos aos professores e aos alunos. Um dos documentos norteadores do processo educacional brasileiro são os Parâmetros Curriculares nacionais (PCNs), que trazem em seu bojo a questão da diversidade cultural existente no Brasil. Os PCns foram publicados no ano de 1997 e objetivam cons- truir referências nacionais comuns ao processo educativo, de Nor- te a Sul do país, permitindo aos jovens o acesso ao conhecimento socialmente elaborado e reconhecido para o exercício da cidada- nia, levando em consideraçãoas diversidades regionais, culturais e políticas existentes. Dentro dos PCNs, existe a parte diversificada do currículo, em que a diversidade é tratada de maneira transver- sal, permeando todas as disciplinas do currículo, sendo a cidada- nia o seu eixo principal. © Currículos e Programas II18 Os PCNs constituem o primeiro nível de concretização cur- ricular. Eles são uma referência curricular nacional para o Ensino Fundamental e estabelecem uma meta educacional para a qual devem convergir as ações políticas do MEC, tais como os projetos ligados à formação inicial e continuada de professores, à produ- ção de livros e outros materiais didáticos, à avaliação nacional etc. Além disso, os PCNs têm como função subsidiar a elaboração ou a revisão curricular dos estados e municípios, dialogando com as propostas e experiências já existentes e incentivando a discussão pedagógica interna às escolas e a elaboração de projetos educa- tivos, assim como servir de material de reflexão para a prática de professores. Ao ser elaborado, o objetivo principal dos PCNs foi propor- cionar uma formação ampla ao aluno, torná-lo alguém que põe o conhecimento em uso na vida social. Cabe às escolas o papel de adequação dos PCNs ao contexto local e, por meio do seu Projeto Político-pedagógico, definir as prioridades, as ações e as metas a curto, médio e longo prazo. É obrigatório que a equipe de docente saiba a fundamentação teórica adotada, o histórico do ensino das disciplinas, os objetivos de aprendizagem de cada ciclo ou série, os conteúdos que devem ser trabalhados e as orientações didáticas. Não é fácil para o professor garantir a comunicação entre as áreas, mas isso não é impossível, desde que, na escola, haja um projeto coletivo propiciando momentos de discussões e reflexões sobre o que e como ensinar. Um currículo democrático pressupõe a humanização de to- dos os alunos, considerando isso, a escola deve ser a mediadora, a facilitadora do acesso aos bens culturais básicos: como a literatu- ra, os livros, atualização científica, conhecimentos teóricos, produ- ção científica, acesso a computadores, instrumentos básicos das ciências (física, biologia, química), as artes, proporcionando opor- tunidade de crescimento, sobretudo para os menos favorecidos economicamente. Cabe também à escola discutir os direitos e de- veres, os conflitos, a violência, a exclusão, a pobreza e as questões sociais que fazem parte do cotidiano dos alunos. 19 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo Conforme nobre (2009), o professor tem um importante pa- pel para o debate sobre essas questões, para que seja ampliado o conceito de cidadania. Aliás, a formação da cidadania acontece quando os alunos são educados para construir uma sociedade me- lhor, mais igualitária. De acordo com Colares-Mendes (2004, p. 64): [...] ao mesmo tempo, eles devem trabalhar para criar condições que dêem aos estudantes a oportunidade de tornarem-se cidadãos que tenham o conhecimento e a coragem para lutar a fim de que o desespero não seja convincente e a esperança seja viável. Apesar de parecer uma tarefa difícil para os educadores, esta é uma luta que vale a pena travar. A cidadania é uma prática cotidiana que não depende de ór- gãos governamentais para ser vivida, discutida e refletida. Nesses termos, ela vai além do conhecimento formal e sistematizado da escola, pois, para nobre (2009), só possuir os conhecimentos das disciplinas não a garante, afinal, muitas pessoas tem acesso à es- cola, mas não tem seus direitos garantidos, vivendo na margina- lidade e na condição de não cidadãos. Portanto, a formação do cidadão não pode ser limitada somente à formação do indivíduo na convivência com seu espaço, mas deve possibilitar ao aluno a compreensão de sua realidade local até ele atingir uma visão mais ampla do mundo. Arroyo (2000) enfatiza a importância de a escola trabalhar com as questões sociais que aparecem na sala de aula, não de- vendo o professor fechar os olhos para elas. Não que a escola ou o professor dará conta de resolver tudo ou que não seja essa a sua função, mas é preciso conhecer o aluno na sua concretude, tendo como base a sua realidade, para recuperar a humanidade que lhe foi roubada. Para Arroyo (2000), há uma forte relação entre cidadania e educação, pois lutar por cidadania é, na verdade, um espaço pe- dagógico que emerge no processo de formação e criação do cida- dão. © Currículos e Programas II20 Assim, a escola não é culpada pelos males que atingem a sociedade, mas é seu papel defender a educação como parte in- tegrante de um processo que contribui para o exercício da cidada- nia. Glossário de Conceitos O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rá- pida e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conhecimento dos temas tratados no Caderno de Referência de Conteúdo Currículos e Programas II. Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos: 1) Autoformação: a ideia de professor reflexivo entende, também, que a formação é, na verdade, autoformação, "uma vez que os professores reelaboram saberes iniciais em confronto com suas experiências práticas" (MENE- ZES, 2011). 2) Bullying: é um termo da língua inglesa (bully = "valen- tão") que se refere a todas as formas de atitudes agres- sivas, verbais ou físicas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivação evidente e são exercidas por um ou mais indivíduos, causando dor e angústia, com o objetivo de intimidar ou agredir outra pessoa sem ter a possibilidade ou capacidade de se defender, sendo rea- lizadas dentro de uma relação desigual de forças ou po- der. 3) Caricaturar: Representar em caricatura ou grotescamen- te. 4) Clichê: chapa metálica que traz gravada em relevo a reprodução de uma composição tipográfica ou de uma imagem destinada à impressão. 5) Decodificação: decifrar. 6) Desvelamento: ato de encobrir, ocultar, esconder, velar os desejos. 7) Memória semântica: "é responsável por nossos conhe- cimentos acerca do mundo, por produtos verbais, como 21 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo nomes dos lugares, descrições de acontecimentos sobre o mundo, vocabulários e normas sintáticas. Sua função é lembrar o passado, mas também planejar o futuro" (ME- DiCinA PRÁTiCA, 2011). 8) Portfólio: "é uma técnica inovadora, de avaliar o pro- gresso das crianças através de um conjunto de procedi- mentos contínuo, são instrumentos de estimulação do pensamento reflexivo. Essa técnica, pode-se dizer que é uma avaliação contínua mais autêntica, objetiva e com- preensiva, permitindo acompanhar todos os processos de aprendizagem. Resumindo PORTFóLIO não é um depósito de trabalhos ‘organizados’ é sim um suporte para podermos observar e respeitar o ritmo e auxilian- do e dialogando com as crianças sendo um ser singular" (LinS, 2011). 9) Protagonismo: "o Protagonismo Juvenil, enquanto mo- dalidade de ação educativa, é a criação de espaços e condições capazes de possibilitar aos jovens envolver-se em atividades direcionadas à solução de problemas re- ais, atuando como fonte de iniciativa, liberdade e com- promisso" (COSTA, 2011). Esquema dos Conceitos-chave Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais im- portantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um Es- quema dos Conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteú- do. O mais aconselhável é que você mesmo faça o seu esquema de conceitos-chave ou até mesmo o seu mapa mental. Esse exercício é uma forma de você construir o seu conhecimento, ressignifican- do as informações a partir de suas próprias percepções. É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos Conceitos-chaveé representar, de maneira gráfica, as relações en- tre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você na ordenação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino. © Currículos e Programas II22 Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-se que, por meio da organização das ideias e dos princípios em esque- mas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu conhecimen- to de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pedagógicos significativos no seu processo de ensino e aprendizagem. Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es- colar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda, na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es- tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim, novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem pontos de ancoragem. Tem-se de destacar que "aprendizagem" não significa, ape- nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci- so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con- siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei- tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog- nitivas, outros serão também relembrados. Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você o principal agente da construção do próprio conhecimento, por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações in- ternas e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por ob- jetivo tornar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhecimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, estabelecendo uma relação entre aquilo que você acabou de co- nhecer com o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do site disponível em: <http://penta2.ufrgs.br/eduto- ols/mapasconceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11 mar. 2011). 23 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo Como poderá observar, esse Esquema oferece a você, como dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais im- portantes deste estudo. Ao segui-lo, será possível transitar entre os principais conceitos e descobrir o caminho para construir o seu processo de ensino-aprendizagem. Neurônio e Células da Glia Projeto Político Pedagógico Construção coletiva Currículo Escolar Construção contínua O que ensinar Como ensinar Organização e seleção dos conteúdos Onde queremos chegar Prática Pedagógica Avaliação da aprendizagem Avaliação da escola Avaliação externa Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteúdo Currículos e Programas II. O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambien- te virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como àqueles relacionados às atividades didático-pedagógicas realiza- © Currículos e Programas II24 das presencialmente no polo. Lembre-se de que você, aluno EaD, deve valer-se da sua autonomia na construção de seu próprio co- nhecimento. Questões Autoavaliativas No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem ser de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertati- vas. Responder, discutir e comentar essas questões, bem como relacioná-las com a prática do ensino de Pedagogia pode ser uma forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a re- solução de questões pertinentes ao assunto tratado, você estará se preparando para a avaliação final, que será dissertativa. Além disso, essa é uma maneira privilegiada de você testar seus conhe- cimentos e adquirir uma formação sólida para a sua prática profis- sional. As questões de múltipla escolha são as que têm como respos- ta apenas uma alternativa correta. Por sua vez, entendem-se por questões abertas objetivas as que se referem aos conteúdos matemáticos ou àqueles que exigem uma resposta determinada, inalterada. Já as questões abertas dissertativas obtêm por res- posta uma interpretação pessoal sobre o tema tratado; por isso, normalmente, não há nada relacionado a elas no item Gabarito. Você pode comentar suas respostas com o seu tutor ou com seus colegas de turma. Bibliografia Básica É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio- grafias complementares. 25 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo figuras (ilustrações, quadros...) Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte in- tegrante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilus- trativas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os conteúdos do Caderno de Referência de Conteúdo, pois relacionar aquilo que está no campo visual com o conceitual faz parte de uma boa formação intelectual. Dicas (motivacionais) O estudo deste Caderno de Referência de Conteúdo convida você a olhar, de forma mais apurada, a Educação como processo de emancipação do ser humano. É importante que você se atente às explicações teóricas, práticas e científicas que estão presentes nos meios de comunicação, bem como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao compartilhar com outras pessoas aqui- lo que você observa, permite-se descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a ver e a notar o que não havia sido perce- bido antes. Observar é, portanto, uma capacidade que nos impele à maturidade. Você, como aluno dos Cursos de Graduação, na modalidade EaD, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente. Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugeri- mos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades nas datas estipuladas. É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas pode- rão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produ- ções científicas. Leia os livros da bibliografia indicada para que você amplie seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discuta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas. © Currículos e Programas II26 No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure- cimento intelectual. Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores. Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a este Caderno de Referência de Conteúdo, entre em contato com seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você. 3. e-referênCias COSTA, A. C. G. Protagonismo juvenil: o que é e como praticá-lo. Disponível em: <http:// escola2000.net/aprendizagem/ac-protagonismo.htm>. Acesso em: 31 ago. 2011. DiCiOnÁRiO OnLinE DE PORTUGUêS. Caricaturar. <Disponível em: http://www.dicio. com.br/caricaturar> Acesso em: 10 set. 2011.LINS, M. O que é portfólio? Disponível em: <http://www.marylins.eev.com.br/?area=text o&pg=O+QUE+%C9+PORTF%D3LiO%3F>. Acesso em: 31 ago. 2011. MENEZES, E. T.; SANTOS, T. H. Professor reflexivo. Disponível em: <http://www. educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=442>. Acesso em: 9 set. 2011. MEDiCinA PRÁTiCA. Memória semântica. Disponível em: <http://www.medicinapratica. com.br/tag/memoria-semantica/>. Acesso em: 31 ago. 2011. BRASIL ESCOLA. O que é Bullying? Disponível em: <http://www.brasilescola.com/ sociologia/bullying.htm>. Acesso em: 31 ago. 2011. SUPERAÇÃO COACHIING. Ressignificação: que significado você dá aos fatos? Disponível em: <http://superacaocoaching.com.br/?p=487>. Acesso em: 31 ago. 2011. 4. REfERênCIAS BIBLIOGRÁfICAS ABRANCHES, M. Colegiado escolar: espaço de participação da comunidade. São Paulo: Cortez, 2003. APPLE, M. Ideologia e currículo. São Paulo: Brasiliense, 1982. ARROYO, M.G. Ofício de mestre. Petrópolis: Vozes, 2000. 27 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo BRASIL. Lei nº 9.394. Lei das diretrizes e bases da educação nacional, 20 de dezembro de 1996. 5. ed. Brasília: Câmara/Câmara dos Deputados, 2010. CAMARGO, D.M.P. Pedagogia universitária. A aula em foco. Campinas: Papirus, 1997. COLARES-MENDES, M. A. Docência no ensino superior: uma construção permanente. Montes Claros: Unimontes, 2004. FREIRE, M. O que é um grupo? In: GROSSI, E. P.; BORDIN, J. A paixão de aprender. 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O currículo: uma reflexão sobre a prática. Tradução de Ernani F. da Fonseca Rosa. El curriculum: uma reflexión sobre la práctica. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. Claretiano - Centro Universitário 1 EA D a Importância da seleção dos Conteúdos e a mediação Pedagógica 1. OBjETIVOS • Demonstrar a forma de selecionar os conteúdos e refletir sobre ela. • Rever a prática pedagógica, tendo em vista os objetivos propostos por ela, mostrar como o aluno é levado a apren- der, com base na sua realidade, articulando os conteúdos com as demais disciplinas existentes, integrando as mídias na sua prática. • Mostrar como a seleção dos conteúdos e a mediação pe- dagógicasa contribuiem para a democratização do ensino e para a humanização da educação. • Perceber e caracterizar a importância da leitura para a participação social efetiva do aluno, no exercício da cida- dania. © Currículos e Programas II30 2. COnTEúDOS • Papel da escola na construção de um currículo humani- zador. • Seleção dos conteúdos: currículo e conhecimento • Grande desafio da docência no processo de desenvolvi- mento do currículo. • Exemplificação da seleção de um conteúdo: a leitura na sala de aula. 3. ORIEnTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UnIDADE Vejamos, a seguir, algumas orientações que nortearão o es- tudo desta unidade: 1) Tenha sempre à mão o significado dos conceitos expli- citados no Glossário e suas ligações pelo Esquema de Conceitos-chave para o estudo de todas as unidades deste CRC. Isso poderá facilitar sua aprendizagem e seu desempenho. 2) Pesquise em livros ou na internet a importância dos as- suntos tratados nesta unidade, e se encontrar algo inte- ressante, disponibilize tal informação para seus colegas na Lista, não se esquecendo de citar as fontes de sua pesquisa. Lembre-se de que você é protagonista do pro- cesso educativo. 3) Leia os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), a LDB 9394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) e a Constituição Federal nos artigos que tratam sobre a edu- cação, lembrando que esse ato não deve ser visto como uma obrigação, mas sim como uma preocupação em se interar sobre o que acontece com a educação em nossas escolas. Procure descobrir quais são as propostas essen- ciais contempladas neles. A que tipo de perfil de egresso ele quer levar? 4) Leia os livros da bibliografia indicada para que você am- plie seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material 31 Claretiano - Centro Universitário © U1 - A Importância da Seleção dos Conteúdos e a Mediação Pedagógica didático e discuta sobre esta unidade com seus colegas e com o tutor. 5) Estude um pouco todos os dias, não se esqueça de en- viar as atividades dentro dos prazos estipulados. 4. InTRODUÇÃO À UnIDADE Educadores de todos os lugares do mundo têm mostrado preocupações sobre o que ensinar e aprender, e sobre quais prá- ticas educativas privilegiar nas salas de aula. A questão curricular tem sido tema central do Projeto Político Pedagógico (PPP) das escolas e dos sistemas de ensino, bem como no meio acadêmico mediante várias pesquisas que tecem sobre o tema. Assim, várias questões têm sido suscitadas: tempo-espaço, avaliação, metodo- logias, conteúdo, gestão, formação dos profissionais da educação. Os pesquisadores e sujeitos escolares entendem que o cur- rículo é orientado pela dinâmica da sociedade e que cabe a nós, profissionais da educação, encontrar as respostas mais coerentes às demandas sociais. Diante desse contexto, esta unidade apresenta reflexões so- bre o currículo, tendo como apoio conhecimentos das seguintes áreas: Psicologia, Neurociências, Antropologia e Linguistica. Vamos abordar questões como a capacidade de imaginação e memória; discutir sobre a aquisição do conhecimento, as informações, as ati- vidades de estudo e a capacidade humana de constituir e ampliar conceitos. Abordaremos, ainda, a questão do tempo da aprendizagem e da construção e desenvolvimento dos conceitos por parte dos alunos. Quando um professor, na sala de aula, inicia um conteúdo novo, os alunos podem, ou não, se interessar por ele, dependendo da estratégia de ensino que será utilizada. © Currículos e Programas II32 A aprendizagem é um processo em que os alunos utilizam diversas estratégias para aprender, de acordo com o período de desenvolvimento em que se encontram. Para as crianças, estas po- dem se dividir, por exemplo, em: 1) Movimento. 2) Desenvolvimento de conceitos. 3) Sistema simbólico. 4) Oralidade. Portanto, para que a aprendizagem ocorra é necessário que o professor ofereça aos alunos atividades desafiadoras, mas que sejam compreendidas por eles, mantendo, assim, certa articula- ção com aquilo que eles já trazem em suas memórias. Além disso, os conteúdos devem ser organizados, integrados e retomados ao longo do tempo. 5. O PAPEL DA ESCOLA nA COnSTRUÇÃO DE UM CURRÍCULO HUMAnIZADOR O que seria um currículo humanizador? Pense sobre essa questão e, depois, veja o que o conteúdo a seguir tem a responder. O questionamento acerca de como aliar a teoria à prática de reorientação curricular sempre existiu, cabendo aos órgãos respon- sáveis pela educação o exercício de aplicação dessa reorientação no currículo e todas as reflexões que ela abarca. Para tanto, torna-se necessário definira concepção de currículo, lembrando que você já traz uma bagagem sobre esse assunto, uma vez que já teve a opor- tunidade de estudar o Caderno de Referência de Conteúdo Currícu- los e Programas I. Segundo Sacristán (2000), o currículo deve ser compreendi- do como um instrumento conceitual que carregue uma resposta para os apontamentos: o que se deve ensinar, como esse ensino deverá ser transmitido, qual o motivo ou a razão pela qual se ensi- na determinado conteúdo. O autor ainda revela que o surgimento de um currículo não deve ser encarado apenas como um problema 33 Claretiano - Centro Universitário © U1 - A Importância da Seleção dos Conteúdos e a Mediação Pedagógica acadêmico ou "teórico", que ele existe para ser aplicado, realizado. Portanto, a questão curricular está estreitamente ligada à função da escola como instituição, uma vez que a composição curricular objetiva a formação político-social-cultural de um indivíduo. Os estudos a respeito do currículo apontam para uma primei- ra constatação, a de que não são conteúdos acabados, são conte- údos construídos por meio das práticas pedagógicas. Segundo Sa- cristán (2000, p. 20), "o currículo acaba numa prática pedagógica [...], sendo a condensação ou expressão da função social e cultural da instituição escolar [...]". O autor ainda afirma que o "currículo é o cruzamento de práticas diferentes e se converte em configura- dor, por sua vez, de tudo o que podemos denominar como prática pedagógica nas aulas e nas escolas" (SACRiSTÁn, 2000, p. 26). Por isso, pode-se afirmar que o currículo está diretamente vinculado à formação humana. Temos, ainda, uma vertente relevante, porém pouco men- cionada, do papel da escola, explicitada por Lima (2008, p. 17), de que a instituição escolar "subsiste, exatamente, pela transmissão que seus membros mais velhos fazem aos bebês, às crianças pe- quenas e aos jovens, das ações humanas, dos conhecimentos, dos valores, da cultura". Lima (2008) ressalta, também, que, na escola, a ação do adulto se concretiza pedagogicamente como maneira de permitir a apropriação do conhecimento sistematizado, o que significa di- zer que o conhecimento formal caracteriza as ciências e as artes. Essa função pedagógica é uma relação específica, pois encara o professor não como um indivíduo mais velho (adulto) com quem a criança realiza uma interação, mas como alguém que possui uma ocupação: a de utilizar o tempo de interação com o aluno tendo a finalidade de promover o seu processo de humanização. Lima (2008) ainda questiona sobre o que seria o processo de humanização, designando-o como o desenvolvimento cultural de uma espécie. Para que um currículo vise à formação, ele necessi- © Currículos e Programas II34 ta se estabelecer em um determinado contexto histórico, pois as áreas do conhecimento alteram-se com o passar do tempo. Novos conhecimentos necessitam ser selecionados e trabalhados, per- mitindo aos alunos compartilhar de experiências que somente se realizarão no ambiente escolar. A autora afirma, ainda, que para um currículo ser democrático deve, obrigatoriamente, se pautar na humanização de todos os indivíduos e se basear naquilo que está inacessível à população, como os livros, a literatura e a produ- ção artística, ou seja, culturas que a maioria das pessoas não tem acesso. Para Lima (2008, p. 19): A ação pedagógica implica, portanto, numa relação especial em que o conhecimento é apropriado. Para tanto, o educador necessi- ta adequar sua prática pedagógica às possibilidades de desenvolvi- mento e de aprendizagem de seus educandos. O aluno por sua vez, depende, também, de formar atividades que levem à formulação do conhecimento. Nessa mesma vertente humanizadora, referindo-se à pro- ximidade existente entre o currículo e a relação de poder, Apple (1982) ressalta que é de extrema relevância considerar as escolas como instituições de distribuição cultural. O papel da escola não se restringe a preparar pessoas, ela é responsável por dispor conheci- mentos e ampliar as formas econômicas desiguais. Segundo o au- tor, deve-se lembrar aquilo que realmente é priorizado no ensino escolar, o que as escolas consideram mais importante. Apple (1982) mostra como as escolas priorizam os conhecimentos técnicos rela- cionados às áreas de produção econômica mais valorizadas, como a ciência, a matemática, a física, a química e a biologia. Podemos concluir, dessa maneira, o motivo pelo qual as artes, a educação física e as humanidades, são secundarizadas no currículo. Lima (2008) monta um breve panorama histórico acerca dos currículos, expondo como eles eram compostos na antiguidade. Nas escolas do antigo Egito, da Suméria e da Grécia, os currículos baseavam-se na escrita, na matemática e nas artes. No que con- cerne à escrita e à leitura, enquanto esta era ensinada a todos, o ensino daquela era reservado somente aos mais favorecidos eco- 35 Claretiano - Centro Universitário © U1 - A Importância da Seleção dos Conteúdos e a Mediação Pedagógica nomicamente. Os escravos que cuidavam dos filhos dos senhores aprendiam a ler para auxiliá-los nas lições de casa. Na Roma anti- ga, esses escravos eram denominados "pedagogos". Um estudo minucioso da história da composição curricular na escola mostra que, ao longo dos milênios, a ideia de se apresen- tar a cultura nas escolas não é nova no processo de escolarização, o que de fato se alterou foi a abrangência nos estudos a respeito do desenvolvimento humano. De acordo com Lima (2008), esse desenvolvimento humano é definido pelo período que começa na infância e vai até a velhice; porém, ele afirma que é mais apropriado tratar o desenvolvimento humano pela perspectiva das transformações sucessivas que bio- logicamente ocorrem com os seres vivos. Esclarece, ainda, que o ser humano é a consequência do meio no qual está inserido, por isso ele e os processos de desenvolvimento e de aprendizagem são produtos das práticas culturais. Considerando que o desenvolvimento do cérebro decorre do diálogo entre a espécie (fatores genéticos) e a cultura, na escola, o currículo interfere diretamente no desenvolvimento do indivíduo. Em virtude disso, os conteúdos (matérias) selecionados para com- por um currículo desempenharão uma função importantíssima na vida escolar do aluno. A execução do currículo necessitará envol- ver certas funções centrais no que diz respeito ao desenvolvimen- to humano: 1) função simbólica; 2) percepção; 3) memória; 4) atenção; 5) imaginação. Lima (2008) explica que nos seres humanos a percepção é realizada pelos cinco sentidos: visão, tato, paladar, olfato e audi- ção. Quando há uma deficiência em algum dos sentidos, os outros compensam; por exemplo: quando há uma deficiência visual, a au- © Currículos e Programas II36 dição se torna bem mais apurada. Essa capacidade mostra que os sentidos são interdependentes, competência importante para os professores, uma vez que o ensino necessita utilizar as variadas esferas da percepção para que o aluno retenha os conteúdos na memória de longa duração. Torna-se, portanto, imprescindível a maneira como o conteúdo é transmitido e não somente o conte- údo em si. Explicita Lima (2008) que não há aprendizado sem memória, sendo três os movimentos que ela realiza: • arquivar; • evocar; • esquecer. Esses movimentos participam do sistema límbico, responsá- vel pelas nossas emoções, isso quer dizer que a memória é molda- da pelos estados emocionais, podendo interferir na formação de uma nova memória, facilitando-a ou dificultando-a. Na consideração do currículo, o professor necessita enten- der que as aprendizagens que possibilita ao aluno, a fim de que este desenvolva suas potencialidades, interferem na direção do seu desenvolvimento. Assim, o currículo, como os conteúdos,as informações e as atividades humanas, são importantes para a for- mação de novas bases, capazes de contribuir para a aquisição de novos conhecimentos e para a solução dos problemas cotidianos. 6. SELEÇÃO DO COnTEúDO: CURRÍCULO E COnHECI- MEnTO Como vimos no tópico anterior, o currículo visa à formação humana e, portanto, acontece numa relação de mediação, na qual alguém exerce uma "ação educadora" sobre outro alguém, base- ada em conhecimentos, valores e atitudes significativos para uma determinada cultura. 37 Claretiano - Centro Universitário © U1 - A Importância da Seleção dos Conteúdos e a Mediação Pedagógica No entanto, dada a abrangência cultural, é impossível o de- senvolvimento de todos os "conteúdos" disponíveis em uma socie- dade, havendo, pois, necessidade de selecioná-los, por exemplo, em razão do tempo, do espaço e das necessidades e condições reais da escola. Assim, um dos grandes problemas educacionais, e mais especificamente do professor, é fazer a seleção de conteúdos curriculares. Você deve estar se perguntando: quais conteúdos incluir e quais descartar? Como acontece a seleção dos conteúdos nas es- colas? Por que a seleção é tão centrada nos livros didáticos? Conforme Bernstein (1971, p. 47), um dos teóricos que tra- balham dentro da vertente da sociologia da educação sustentada pela sociologia do conhecimento (a nova sociologia): [...] o modo como uma sociedade seleciona, classifica, distribui, transmite e avalia os saberes educacionais reflete a distribuição do poder em seu meio e a maneira pela qual trata de assegurar o con- trole social dos comportamentos individuais. Atualmente, essa visão crítica do currículo, pelos teóricos, abriu-se a uma maior efetividade e problematização do conheci- mento, discutindo aspectos tais como: valores transmitidos via conteúdos, conhecimentos como verdades inquestionáveis, con- sideração ou não das diversidades culturais no currículo escolar, relações do conhecimento com o trabalho, relações geopolíticas das etnias e da terra além de inúmeros outros problemas. Segundo Pedra (1993, p. 32): Currículo é essencialmente uma seleção (LAWTOn, 1975, p. 6). Seleção de conhecimentos, atitudes, valores e modos de vida, presentes na cultura de uma determinada sociedade, considera- dos importantes para serem transmitidos às gerações sucessoras. O currículo é, então, um recorte intencional. Recorte que sempre terá, explicita ou não, uma lógica justificante. Sob esse ponto de vista, o currículo é entendido como um recorte dos conhecimentos disponíveis em uma determinada cul- tura. No entanto, o que é conhecimento e quais conhecimentos são objetos da seleção? © Currículos e Programas II38 Os conhecimentos não podem ser entendidos somente como uma estruturação científica de uma área do saber, mas de- vem pressupor a cultura histórica que os envolve e valida para um determinado grupo social, visto que resultam de uma cultura concreta que deve permear as diversas disciplinas. Expressa, des- se modo, para além do "conhecimento científico", uma visão do mundo vivenciado. No entanto, pergunta-se: que critérios utilizar para a seleção dos conteúdos curriculares? Durante muito tempo, o critério foi a racionalidade, tanto em relação à estrutura científica de um conhecimento, como à análise prévia da vida cotidiana e às teorias da aprendizagem, ou seja, conteúdos selecionados por referência a seus destinatários, o estado do conhecimento científico e a realidade cotidiana da cul- tura. Recentemente, percebeu-se na literatura educacional que a questão curricular vai além dessa racionalidade, sendo um proces- so conflituoso que envolve contradições, mediações e negociações coletivas que se intercruzam no espaço social e escolar e exigem uma construção e reconstrução cotidiana dos conteúdos a serem trabalhados. O currículo se faz na relação da ideologia dominante em concorrência com as demais ideologias que estão no espaço social. Tal concorrência dá-se não em um tempo e lugar específi- cos, mas cotidianamente, no interior das relações sociais. Confor- me destaca Pedra (1993, p. 33): É neste sentido que a seleção dos conteúdos curriculares não pode- rá ser adequadamente compreendida senão como um processo no qual participa todo o conjunto da sociedade (alguns com mais ou menos poderes, outros com maior ou menor consciência), pois se- lecionar, classificar, distribuir e avaliar conhecimentos põe em ação as múltiplas representações que percorrem os espaços culturais e não somente aquelas elaboradas pelos grupos dominantes. Assim, se as leis e os órgãos centrais da educação (LDBN n°. 9394/96, Ministérios e Secretarias de Educação) lançam documen- tos de orientação e prescrição curricular que dimensionam e demar- cam a amplitude dos conhecimentos escolares dentro de uma visão 39 Claretiano - Centro Universitário © U1 - A Importância da Seleção dos Conteúdos e a Mediação Pedagógica ideológica, por outro lado, não há garantia de que essa seleção seja viabilizada na prática, na medida em que esses não são assimilados passivamente, pois se efetivam concretamente após interpretação e reconstrução por aqueles que devem planejar e colocar o currículo em ação. Apple e King (1977, p. 116) asseveram que: As definições sociais do conhecimento escolar, que estão dialetica- mente relacionadas e contidas em um contexto muito mais amplo das instituições sociais e econômicas ambientais, se mantêm e se recriam nas práticas de ensino e nas avaliações escolares. Portanto, cabe ao professor ter o cuidado com a seleção dos conteúdos escolares, utilizando a programação oficial, a progra- mação das ciências (caráter científico) e as exigências da vida dos alunos (relevância social), sendo este último o que exige a conside- ração das condições dos progressos, das experiências dos alunos e dos fatos e problemas da sociedade. 7. O GRAnDE DESAfIO DA DOCênCIA nO PROCESSO DE DESEnVOLVIMEnTO DO CURRÍCULO Com base no que estudamos até agora, você saberia respon- der o que o professor deve levar em consideração no desenvolvi- mento do currículo? O grande desafio da docência é justamente o de garantir que o ensino se efetive na memória de longa duração. Para que o co- nhecimento ocorra, o aluno necessita refazer o processo, ou seja, refazer os exercícios mentais que o fizeram guardar o conteúdo na memória de longa duração. Lima (2008) apresenta dois tipos de memória: • Memória semântica: responsável por fazer lembrar as imagens, os símbolos ou os sistemas simbólicos ligados à linguagem. • Memória operacional: responsável pelo comportamento de andar, de dançar. © Currículos e Programas II40 Tendo conhecimento dessas duas memórias, o professor pre- cisa atentar para esses aspectos no processo de desenvolvimento do currículo. No início da escolarização, a atenção do professor deve estar voltada para que o aluno aprenda a refazer o processo de aprendizagem, ou seja, recapitular o conteúdo ensinado, guar- dando o conteúdo aprendido na memória de longa duração. Outro aspecto a ser considerado é a aptidão inventiva do aluno, a qual será desenvolvida com a ajuda do professor, contan- do uma história, fazendo a leitura de um livro por partes todos os dias, deixando para os alunos a invenção do final de uma história e assim por diante. Dependendo da imaginação, o seu funciona- mento e desenvolvimento são visíveis no ato de aprender. Pode-se afirmar que para as aprendizagens escolares a imaginação desem- penha um papel fundamental e deve ser considerada no planeja- mento político pedagógico e, obrigatoriamente, devem ser acom- panhados os desempenhos dos alunos. Lima (2008) explica que a imaginação possui um papel im- portante na aprendizagem, pois ela se encontra no processo de construção do conhecimentoque irá ser introduzido pelo profes- sor. A imaginação está ligada aos conhecimentos científicos e téc- nicos, ao longo dos vários períodos históricos. Um ponto que merece destaque é que a imaginação se en- contra na origem do conhecimento que será desenvolvido pelo aluno, ela traz motivação, por isso é um fator que merece grande destaque, o aluno que se interessa aprende. Apresentar proble- mas para que os alunos respondam é uma ótima maneira de con- seguir que eles utilizem a imaginação: como o peixe respira dentro d'água? As galinhas voam? Por que o mar é azul? Por que as folhas caem das árvores? Por que não conseguimos ver o vento? Lima (2008) afirma que o desenvolvimento humano e a aprendizagem, na escola, envolvem a dialética de captar informa- ções por meio dos sentidos e possui a capacidade de ir além das funções mentais. Explicita que, ao ingressar na escola, o que é 41 Claretiano - Centro Universitário © U1 - A Importância da Seleção dos Conteúdos e a Mediação Pedagógica experienciado pela criança se torna constitutivo de sua persona- lidade. Tudo o que a criança vive fora e dentro da escola interfere diretamente em seu desenvolvimento. As aprendizagens escolares são o resultado da articulação entre as possibilidades de desenvol- vimento. Para que ocorra conhecimento, duas condições precisam ser satisfeitas: • primeira: a nova informação precisa ser entendida pela criança, deve haver um elo entre o que ela vai aprender e aquilo que já aprendeu, o que se encontra armazenado na memória; • segunda: deve ocorrer uma ligação entre a criança e o que ela vai aprender. Desenhar, observar, imitar e criar são estratégias fundamen- tais para o aprendizado, por isso a escola necessita utilizar exercí- cios que as utilizem, pois não é qualquer interação que mobiliza o aprendizado. Toda atividade necessita de um objetivo claro com o intuito de permitir que o conhecimento se efetive. A visão do currículo, então, amplia-se, pois os currículos são os conteúdos, as informações e os exercícios necessários para a construção de uma memória nova. A ciência já comprovou que determinados conteúdos for- mam as redes neuronais que dão suporte ao pensamento e são a base para diferentes aprendizagens na escola, e já mostrou que o desenvolvimento biológico não está ligado à escola, pois toda criança, independentemente de frequentar ou não a escola, se de- senvolverá. A capacidade de desenhar, por exemplo, não depende do ensino escolar sistematizado para ocorrer, visto que as imagens mentais que se formam por meio dos cinco sentidos se devem ao desenvolvimento genético. Porém, o aprendizado da leitura e da escrita, o aprendizado do sistema numérico e das operações ma- temáticas e o aprendizado sistêmico de ciências dependerão do ensino. © Currículos e Programas II42 Assim, a elaboração de um currículo deve se pautar naqui- lo que a criança já desenvolve, isto é, naquilo que é inerente à sua espécie, mas deve propor novas aprendizagens. Por exemplo, se a criança já conhece as cores primárias, podemos levá-la a for- mar novas nuances derivadas a partir das cores conhecidas. O que acontece se misturarmos o branco e o azul? Podemos aproveitar sua capacidade de desenhar e registrar seu universo, para apri- morar a função motora, para desenvolver instrumentos mentais como os esquemas, os mapas, entre outros. Lima (2008) defende que a aquisição do conhecimento não é consequência de discursos e intenções, mas é um exercício sis- temático que deve ser adequado à natureza biológica e cultural do desenvolvimento humano. Tendo em vista tal afirmação, o cur- rículo é a soma dos conteúdos e das atividades necessárias para que o aluno obtenha o aprendizado. Para adquirir o conhecimento formal, o cérebro humano precisa realizar atividades específicas, como resgatar a memória e ativar a vivência cultural do indivíduo. No que diz respeito ao desenvolvimento, a autora explicita que o ser humano quando assimila as formas de atividade histo- ricamente construídas precisa ter consciência das delas, ou seja, conhecer a metodologia envolvida. Outro aspecto a ser considerado no desenvolvimento do currículo é a afetividade e as emoções. Wallon (1990), que foi o primeiro a levar não só o corpo da criança, mas também suas emoções para dentro da sala de aula, fundamentou suas ideias em quatro elementos básicos que se comunicam o tempo todo: 1) afetividade; 2) movimento; 3) inteligência; 4) formação do eu como pessoa. As emoções, para Wallon (1990), têm papel preponderante no desenvolvimento da pessoa. É por meio delas que o aluno exte- rioriza seus desejos e suas vontades. Em geral, são manifestações 43 Claretiano - Centro Universitário © U1 - A Importância da Seleção dos Conteúdos e a Mediação Pedagógica que expressam um universo importante e perceptível, mas pouco estimulado pelos modelos tradicionais de ensino. De acordo com Wallon (1990), o exercício instintivo da crian- ça não garante o processo de aprendizagem do conhecimento formal, pois o conhecimento formal não advém da própria crian- ça. Como o professor possui o papel definido de socializador do conhecimento formal, ele deve ser obrigatoriamente incluído nas discussões acerca do currículo. Compete ao professor levar ativi- dades que promovam o conhecimento, pois desenvolver no aluno uma atividade de estudo é uma tarefa indispensável no processo de ensino. O ensino deve possibilitar a concepção de novas esferas de pensamentos, de novas ideias, que devem ser trazidas para a sala pelo professor. Como vimos, são muitas as varáveis que interferem no de- senvolvimento do currículo. 8. EXEMPLIfICAnDO UMA SELEÇÃO DE COnTEúDO: A LEITURA nA SALA DE AULA Iniciamos este tópico refletindo: que atividade se constitui fundamental para a aprendizagem dos saberes escolares? Que não seja um espanto a reposta um tanto quanto clichê: a leitura. No entanto, que valor faz com que a leitura seja uma atividade cur- ricular importante para o desenvolvimento humano? A leitura é fundamental na construção do conhecimento em suas diferentes dimensões: linguística, matemática, social, histórica, geográfica e política, contribuindo para a formação da cidadania na busca da integração efetiva entre a escola e a realidade social, ou seja, é uma aprendizagem que faz a leitura do mundo e com o mundo. O currículo tradicional relaciona apenas conteúdos neutros, tratando a leitura totalmente desvinculada do seu aspecto social e cultural. Por outro ângulo, o currículo contextualizado, por tratar o conhecimento como rede de significados, faz a inter-relação da leitura com as demais disciplinas e com os aspectos culturais. © Currículos e Programas II44 Até algum tempo, os livros didáticos e as aulas de português não davam muita atenção aos usos linguísticos reais e se ocupa- vam mais dos aspectos formais (regras e normas da língua), desen- volvendo um ensino metalinguístico. Atualmente, há uma grande sensibilidade para os usos da língua, para o trabalho com os gê- neros que circulam socialmente. Isso se deve a uma nova visão curricular cujas concepções sobre a construção do conhecimento trazem uma visão sócio-interacionista que propõe uma formação integral (física, intelectual, emocional e cognitiva) pautada em uma proposta curricular que relacione o conhecimento a situações de aprendizagens problematizadoras e reais. Novos autores expressam essa visão da leitura. Para Solé (1998), por exemplo, o ato simples de ler encontra-se amplamente intrincado ao educando e prioriza, principalmente, a construção e a interpretação de textos, a pesquisa e a elaboração de persona- gens em seu mundo, a criação de contos, de poesias e de histórias diversas do cotidiano familiar ou escolar etc.. Utilizando-se de ma- teriais
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