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Caso Concreto 03 - DPC II PD

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Caso Concreto 03 – Processo Civil II
Juan é advogado e está terminando seus estudos complementares de pós-graduação fora do Brasil, razão pela qual resolveu contratar um advogado para a defesa de seus interesses em processo judicial no qual fora citado dias antes da viagem, de forma inesperada e, segundo ele, sem qualquer nexo de causalidade com as pessoas, fatos narrados na petição inicial. Segundo Juan, trata-se de pedido de reintegração de posse realizado por Jurema, tendo por objeto um sítio em Maricá, município do Rio de Janeiro, onde Juan afirma apenas frequentar em propriedades de seus primos e tios. O advogado contratado, Dr. Rafael, tranquiliza Juan e afirma ter descoberto em documentos cartorários na municipalidade o verdadeiro possuidor (ao menos de fato) do referido sítio e que irá realizar a resposta do réu, na modalidade de Contestação, tudo nos termos do CPC. 
a)Está correta a modalidade de defesa (resposta) indicada pelo Dr. Rafael ? Caso o Juiz entenda pela ilegitimidade passiva de Juan, o processo será extinto sem resolução do mérito? 
b)Quais os significados dos Princípios da Eventualidade e Ônus da Impugnação Específica para fins do momento processual dos artigos 335 e seguintes do CPC ?
Resposta: 
a) A resposta do advogado está correta, pois ofereceu contestação, conforme o Art. 338, NCPC onde é facultado ao autor substituir o réu na petição inicial em um prazo de 15 dias, além disso o autor terá que que custear as despesas e honorários ao procurador do réu excluído. O processo não seria extinto pela ilegitimidade passiva de Juan, pois segundo o que consta no Art. 338, NCPC, o autor poderá promover a substituição do réu quando este se declarar parte ilegítima. 
b) Princípio da Eventualidade nada mais é a definição do ato processual denominado contestação onde é concentrada toda a matéria de defesa (art. 336, NCPC). Além disso, uma vez que a contestação é apresentada irá se consumar a preclusão. O princípio da Impugnação Específica devemos entendê-lo como a obrigação que o réu tem de se manifestar precisamente sob os fatos e fundamentos, articulados pelo autor na Peça Inicial. A inobservância deste princípio conduz a presunção de veracidade.
O que entende a doutrina sobre a questão apresentada:
“(...) o mecanismo do art. 338 aplica-se sempre que o réu alegar que é parte ilegítima ou que não é o responsável pelo prejuízo invocado. Nesse caso, o autor será ouvido, podendo requerer, no prazo de 15 dias, o aditamento da inicial com a substituição do réu originário pelo indicado na contestação, pagando ao advogado dele honorários advocatícios entre 3% e 5% do valor da causa (art. 338 do CPC). Para que isso se viabilize, manda a lei que o réu indique o nome do sujeito passivo da relação jurídica discutida, sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais e prejuízos que causar ao autor pela falta de indicação. Aceita a indicação, o autor procederá à alteração da inicial para substituir o réu. O novo mecanismo tem amplitude muito maior do que a nomeação à autoria, pois permite a regularização do polo passivo em qualquer caso de ilegitimidade, e não apenas nos casos em que a nomeação era cabível, previstos nos arts. 62 e 63 do CPC de 1973.
(...)
Preclusão é mecanismo de grande importância para o andamento do processo, que, sem ele, se eternizaria. Consiste na perda de uma faculdade processual por: 
■ não ter sido exercida no tempo devido (preclusão temporal); 
■ incompatibilidade com um ato anteriormente praticado (preclusão lógica);
■ já ter sido exercida anteriormente (preclusão consumativa).
(...)
O réu tem o ônus de impugnar especificamente os fatos narrados na petição inicial, sob pena de presumirem-se verdadeiros. Cada fato constitutivo do direito do autor deve ser impugnado pelo réu. É o que dispõe o art. 341 do CPC: “incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas (...)”. Todavia, há exceções à regra do ônus da impugnação especificada. O parágrafo único do art. 341, parágrafo único, estabelece que tal ônus não se aplica ao advogado dativo, ao curador especial e ao defensor público. Estes podem contestar por negativa geral, sem impugnar especificamente os fatos, tornando-os ainda assim controvertidos, sem presunção de veracidade.
(Gonçalves, Marcos Vinícius Rios, Direito Processual Civil Esquematizado, 2020, 11. Ed., p. 523, 699, 702)

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