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Seminário de ética-3

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SEGREDO PROFISSIONAL EM MEDICINA
Ana Victória Pithon
Caroline Plínio
Yasmin Gadelha
Isabela Rodrigues
Isis Cavalcante 
Lara Monteiro
Mariano Martins
Paulo Almeida
Pricila Bueno
Luiza Passos 
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Caso clínico
	Adolescente de 15 anos de idade procura serviço especializado em pessoas de sua faixa etária, determinada a iniciar atividade sexual com o namorado de 18 anos – o primeiro rapaz com quem se relaciona afetivamente. Apesar de classificar-se como “um pouco desinformada e distraída”, garante ao médico e à psicóloga do serviço que é segura o suficiente para tomar suas próprias resoluções e que, no momento, seu desejo é obter a prescrição de pílulas anticoncepcionais. Durante a consulta o médico busca, em vão, vincular os familiares da garota ao atendimento, aconselhando-a a informá-los sobre sua decisão. Em resposta, esta enfatiza que não quer “em hipótese alguma” que os pais fiquem sabendo que pretende iniciar uma vida sexual – já que eles são severos, conservadores, enfim, julga que não “iriam entender”. Diz, inclusive, que optou por procurar serviço destinado a adolescentes em vez de consultar o médico que costuma atender sua família, pelo “receio de que os pais fossem informados sobre sua intenção de transar”. Quando indagada pela equipe a respeito do que conhece sobre a vida íntima do namorado, explica: “jamais perguntou, por ter vergonha e, ao mesmo tempo, pelo medo de ser considerada inexperiente demais”, mas que “confia no rapaz, pois sabe que ele a ama”.
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Sigilo médico
Juramento de Hipócrates
“O que, no exercício ou fora do exercício ou no comércio da vida, eu vir ou ouvir, que não seja necessário revelar, conservarei como segredo”.
Obrigação moral/religiosa sem embasamento jurídico.
Atual
Impedir a publicidade de fatos conhecidos cuja revelação traria prejuízos aos interesses morais e econômicos dos pacientes. 
Privacidade do indivíduo.
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Correntes doutrinárias
Três escolas doutrinárias que cercam o sigilo médico:
Absolutista: impõe sigilo total, em todos os casos e em qualquer situação.
Abolicionista: sigilo é uma farsa entre o doente e o médico.
Intermediária: adota critério relativo do sigilo médico, fundamentando-se em razões de ordem social.
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Normas relacionadas ao sigilo profissional
Constituição federal
O sigilo profissional está resguardado como cláusula pétrea inserta no artigo 5º, incisos XIII e XIV da Constituição Federal ao prever que “XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional”.
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Normas relacionadas ao sigilo profissional
Código penal
O artigo 154 do Código Penal Brasileiro é claro ao prever o crime de violação do segredo profissional à todo aquele que “Revelar a alguém, sem justa causa, segredo, de quem tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem: pena — detenção, de três meses a um ano, ou multa”. No mesmo sentido, o artigo 207 do Código de Processo Penal também tutela a proteção ao sigilo profissional ao rezar que “são proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiser dar seu testemunho”.
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Normas relacionadas ao sigilo profissional
Código de ética médica
É vedado ao médico:
Art. 73. Revelar fato de que tenha conhecimento em virtude do exercício de sua profissão, salvo por motivo justo, dever legal ou consentimento, por escrito, do paciente. Parágrafo único. Permanece essa proibição: a) mesmo que o fato seja de conhecimento público ou o paciente tenha falecido; b) quando de seu depoimento como testemunha. Nessa hipótese, o médico comparecerá perante a autoridade e declarará seu impedimento; c) na investigação de suspeita de crime, o médico estará impedido de revelar segredo que possa expor o paciente a processo penal.
Art. 74. Revelar sigilo profissional relacionado a paciente menor de idade, inclusive a seus pais ou representantes legais, desde que o menor tenha capacidade de discernimento, salvo quando a não revelação possa acarretar dano ao paciente.
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Normas relacionadas ao sigilo profissional
Código de ética médica
É vedado ao médico:
Art. 75. Fazer referência a casos clínicos identificáveis, exibir pacientes ou seus retratos em anúncios profissionais ou na divulgação de assuntos médicos, em meios de comunicação em geral, mesmo com autorização do paciente.
Art. 76. Revelar informações confidenciais obtidas quando do exame médico de trabalhadores, inclusive por exigência dos dirigentes de empresas ou de instituições, salvo se o silêncio puser em risco a saúde dos empregados ou da comunidade.
Art. 77. Prestar informações a empresas seguradoras sobre as circunstâncias da morte do paciente sob seus cuidados, além das contidas na declaração de óbito.
Art. 78. Deixar de orientar seus auxiliares e alunos a respeitar o sigilo profissional e zelar para que seja por eles mantido.
Art. 79. Deixar de guardar o sigilo profissional na cobrança de honorários por meio judicial ou extrajudicial. 
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Quando não há quebra de sigilo
Autorização do paciente: consentimento por escrito do paciente.
Dever legal: atestado de óbito, notificação de doença compulsória, comunicação de crime de ação pública.
Justa causa: razão que possa ser utilizada como justificativa para a prática de um ato excepcional, fundamentado em razões legítimas e de interesse ou procedência coletiva.
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Reflexão
“Sigilo profissional e relação médico paciente”
Necessidade de confiança irrestrita do paciente no profissional de saúde, garantindo integridade nas informações fornecidas implicando em relação salutar médico-paciente. 
Paciente seguro e à vontade: anamnese e o exame físico ricos, com diminuição de omissões por motivo de vergonha, acarretando em condutas profissionais mais satisfatórias.
Menores possibilidade de erros iatrogênicos. 
Vínculo positivo entre o médico e seu paciente, onde não há espaço para exposições.
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Discussão de caso clínico 
Decisão do médico: a quebra do sigilo é justificada pelo fato de civilmente a paciente ser considerada incapacitada para decidir 
A autonomia da adolescente deve ser sempre respeitada?
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Segundo recomendações para o atendimento do adolescente do departamento de bioética e de adolescência da Sociedade de Pediatria da Sociedade de São Paulo “os pais ou responsáveis serão informados sobre o conteúdo das consultas como, por exemplo, nas questões relacionadas à sexualidade e prescrição de métodos contraceptivos, com o expresso consentimento do adolescente”
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A jovem que pretende usar pílula para evitar a gravidez não
estaria arriscada a contrair doença sexualmente transmissível, já que seu pedido pode pressupor sexo sem preservativo?
Se a pílula falhar e ela engravidar. Como justificar aos pais haver sido o responsável pela prescrição de pílulas anticoncepcionais – “endossando”, de certa forma, o início da vida sexual da adolescente?
Se foi o pai quem pagou a consulta, este teria o direito de saber de minúcias do atendimento à filha?
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Adolescência
Faixa etária
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), adolescência compreende a faixa etária entre 10 e 19 anos. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8069/90), é considerado adolescente o indivíduo entre 12 e 18 anos de idade. Essa diferença é pouco relevante frente a todas as modificações biológicas, psicológicas e sociais que caracterizam esse período da vida. Diante do exposto, a paciente é enquadrada como adolescente independente da definição a ser escolha.
Caracteristicas da adolescência: o desenvolvimento psicossocial, nesse período da vida, caracteriza-se pela busca da idade adulta.
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Consulta do Adolescente:
três aspectos primordiais: confiança, respeito e sigilo- o contato que antes era feito através da mãe ou responsavel, passa a ser de relação medica direta médico-adolescente- orientação dos familiares sobre confidencialidade e sigilo médico
 - ausência de um familiar inviabiliza a consulta apenas em caso de portadores de distúrbios psiquiátricos ou outras deficiências graves
- sigilo médico: garantir confidencialidade e privacidade aí adolescente
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O profissional que se propõe a atender adolescentes não deve adotar posturas estereotipadas e/ou preconceituosas; seus valores devem ser exclusivamente relacionados à saúde e bem-estar do jovem.
No caso em discussão, o fato de a adolescente procurar aconselhamento médico já é um indício de decisão maduraO momento é adequado não apenas para a eventual prescrição de anticoncepção, mas, também e principalmente, para o esclarecimento e instrução sobre os outros e relevantes aspectos da prática sexual segura e responsável, como, por exemplo, a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis.
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Privacidade e confidencialidade
 favorecem a abordagem preventiva ligada ao exercício da sexualidade, ao uso de drogas, às doenças sexualmente transmissíveis e à denúncia de maus-tratos, abuso sexual, negligência e todas as formas de violência a que são submetidos os adolescentes. 
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Recomendações para o Atendimento ao Adolescente, dos Departamentos de Bioética e de Adolescência da Sociedade de Pediatria de São Paulo
Situações de risco (álcool, drogas, gravidez, doenças graves) torna-se necessária participação e consentimento dos pais
O médico deve respeitar a individualidade de cada adolescente, mantendo uma postura de acolhimento, centrada em valores de saúde e bem-estar do jovem;
Os pais ou responsáveis somente serão informados sobre o conteúdo das consultas como, por exemplo, nas questões relacionadas à sexualidade e prescrição de métodos contraceptivos com o expresso consentimento do adolescente;
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O adolescente tem o direito de ser atendido sem a presença dos pais ou responsáveis no ambiente da consulta, garantindo-se a confidencialidade e a execução dos procedimentos diagnósticos e terapêuticos necessários. Dessa forma, o jovem tem o direito de fazer opções sobre procedimentos diagnósticos, terapêuticos ou profiláticos, assumindo integralmente seu tratamento
Em todas as situações em que se caracterizar a necessidade da quebra do sigilo médico, o adolescente deve ser informado, justificando-
se os motivos para essa atitude
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OBRIGADA!
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