Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MÓDULO 02 Armazenamento de grãos MÓDULO 02 | Pós-Colheita de Grãos 34 O armazenamento de grãos apresenta uma série de vantagens, entre elas a possibilidade de es- calonar o escoamento da produção e fazer a comercialização no melhor momento do mercado. Porém, durante o armazenamento podem ocorrer alterações bioquímicas, físicas e microbiológicas dos grãos. Por isso, uma série de práticas e cuidados com a qualidade dos grãos, o sistema de arma- zenagem e os fatores ambientais devem ser observados durante a armazenagem para que não se perca quantidade ou qualidade da produção. Assim, é possível evitar prejuízos diretos ou indiretos ao produtor. Percebe como é importante conhecer as diferentes estruturas de armazenamento, as técnicas de conservação e as boas práticas de manejo dos grãos? Acesse a Aula 1 do Módulo 2 do ambiente de aprendizagem e assista ao vídeo para saber mais a respeito! Além desses conhecimentos que garantem a qualidade da produção e possibilitam vendas mais lucrativas, é muito importante nos atentarmos aos cuidados com a saúde e a segurança dos traba- lhadores, bem como com a qualidade do ambiente de trabalho. Objetivos Ao final deste módulo, você será capaz de: • Descrever os princípios relacionados ao armazenamento de grãos. • Identificar os fatores que influenciam a qualidade e a conservação dos grãos durante o armazenamento. • Compreender os cuidados e a segurança no trabalho na armazena- gem de grãos. • Descrever as diferentes estruturas disponíveis para o armazenamen- to de grãos. • Identificar as principais pragas e microrganismos que atacam grãos armazenados. MÓDULO 02 | Pós-Colheita de Grãos 35 AULA 1 Princípios do armazenamento de grãos A armazenagem é o processo de guardar o produto com o objetivo de preservar as qualidades físicas e químicas da produção desde a colheita até o abastecimento. Esse processo é associado a uma se- quência de operações, como limpeza, secagem, tratamento fitossanitário, transporte, classificação, entre outros. Devido a essa capacidade de preservação, o armazenamento é o método mais eficaz de se obter um produto fora de sua sazonalidade. Mas isso só é possível por meio das boas práticas de armazena- mento, que conservam a qualidade física e fisiológica dos grãos e, por consequência, a quantidade da produção. Durante o armazenamento, os grãos não têm sua qualidade melhorada, porém, ela pode ser preservada. Para isso, é essencial que o controle rigoroso feito no campo para evitar perdas seja seguido dos cuidados na armazenagem. As boas práticas devem estar presentes em todas as sequências de operações das etapas do benefi- ciamento dos grãos: pré-limpeza, limpeza, secagem e controle de fungos e pragas. Apesar de no silo não existir a possibilidade de separar os grãos bons dos ruins, seguir essas boas práticas em cada uma das operações do beneficiamento visa manter o produto dentro de padrões adequados, elimi- nando os riscos de contaminações para o consumidor, além de preservar a qualidade por longos períodos de tempo. Junto com o planejamento da estrutura de armazenagem, as técnicas de conservação e o bom ma- nejo dos grãos evita os fatores que provocam perda de grãos e prejuízo na produção. Acesse o Módulo 2 do ambiente de estudo e confira o podcast para entender melhor. MÓDULO 02 | Pós-Colheita de Grãos 36 Minimiza as perdas quantitativas e qualitativas que ocorrem no campo pelo atraso da colheita ou durante o armazenamento em locais inadequados. Garante a qualidade do produto, evitando o processamento inadequado devido ao grande volume a ser processado no período da safra, como pode ocorrer, por exemplo, quando o produto é submetido à secagem nas unidades coletoras ou intermediárias. Economiza transporte, que tem seu preço máximo no “pico de safra”, por causa da eliminação das impurezas e do excesso de água. Possibilita a obtenção de financiamento por meio das linhas de crédito específicas para a pré-comercialização. Aumenta o rendimento na colheita, pois evita a espera dos caminhões nas filas das unidades coletoras ou intermediárias. Disponibiliza a utilização do produto no momento mais oportuno. Assim, o armazenamento adequado dos grãos traz uma série de vantagens ao produtor. MÓDULO 02 | Pós-Colheita de Grãos 37 Diminui a dependência do suprimento de produtos de outros locais. Aumenta o poder de barganha dos produtores, já que permite a escolha da época de comercialização dos produtos. Para aproveitar as vantagens de um armazenamento adequado é necessário compreender quais são essas boas práticas que tanto vemos e ouvimos falar. Esse é o assunto da nossa próxima aula! MÓDULO 02 | Pós-Colheita de Grãos 38 Conheça, a seguir, as funções de cada um. Silo de espera (silo-pulmão) São silos que servem de apoio durante o recebimento dos grãos. Eles armazenam os grãos limpos, porém úmidos, por poucas horas, até o momento de os grãos irem para o secador. Esse tipo de silo deve possuir sistema de ventilação de ar natural para evitar o aquecimento da massa de grãos devido à umidade elevada. Para preservar a qualidade dos grãos colhidos e garantir a boa conservação durante seu armazena- mento, é essencial que eles sejam acomodados em estrutura adequada, com as condições e cuida- dos necessários para a cultura. AULA 2 Fatores da conservação e do armazenamento Informações extras Uma boa estrutura de armazenagem e expedição de grãos em uma fazenda deve compreender os silos: de espera, secador, armazena- dor e de expedição. MÓDULO 02 | Pós-Colheita de Grãos 39 Silo armazenador Recebe o produto limpo após a secagem. Se necessário, nesse silo a massa de grãos recebe aeração para resfriar e uniformizar a umidade. Silo de expedição São silos suspensos que, por meio de transportadores, recebem os grãos provenientes dos silos armazenadores. Para descarga, os grãos são liberados por gravidade sobre o veículo transportador (caminhão ou vagão ferroviário). Silo-secador É para onde os grãos são encaminhados após o silo de espera, para atingirem a umidade desejada para o armazenamento. Nele, os grãos recebem ar natural ou aquecido para secagem. Esse processo é lento e a umidade não deve ser elevada, pois pode provocar o aquecimento da massa e, com isso, a fermentação dos grãos, o que afeta a qualidade. MÓDULO 02 | Pós-Colheita de Grãos 40 Além da estrutura adequada, tanto a temperatura como a umidade são variáveis fundamentais para o correto funcionamento do silo e a manutenção da qualidade dos grãos. Se elevadas, a temperatura e a umidade afetam a qualidade do grão por promover o aquecimento da massa até a sua deterioração por decomposição. Por outro lado, se a umidade dos grãos ficar muito baixa, haverá maior facilidade de ocorrerem danos mecânicos, como grãos quebrados ou trincados, o que diminui o valor do produto. Informações extras A decomposição dos grãos provoca a liberação de gases inflamá- veis (como o metano), podendo, inclusive, gerar explosões. Sabendo disso, fica claro que tanto a umidade como a temperatura devem ser controladas, certo? Esse controle vai variar conforme a espécie e a composição química dos grãos armazenados. Em média, a umidade de armazenamento dos produtos fica em torno de 13%; valores maiores costumam ser prejudicais aos grãos. Para evitar surpresas desagradáveis, alguns cuidados precisam ser ponderados pelo gestor da pro- priedade, principalmente aqueles relacionados ao funcionamento do silo e à prevenção de aciden- tes que porventura possam ocorrer. Quanto ao funcionamento do silo, dois cuidados são essenciais: a aeração e o controle de pragas. MÓDULO 02 | Pós-Colheita de Grãos 41 O cuidado e as boas práticas com os grãos são fundamentais para obter bons resultados na pro- dução. Mas, além disso, devemos lembrar que as operações de secagem e armazenamento só são possíveis por que há pessoas que fazem com que as atividades aconteçam.São vidas que se ex- põem a situações com certo risco, por isso, cuidar da saúde dos trabalhadores e prevenir acidentes é imprescindível. No entanto, o cuidado nem sempre acontece e o maior impedimento para a prevenção de acidentes nos espaços confinados é a falta de informações sobre os meios de prevenção. Que tal mudar essa realidade e entender como podemos garantir a segurança no trabalho em silos? Acesse a Aula 2 do Módulo 2 do ambiente de estudo e assista ao vídeo que preparamos para você! Aeração Essa é uma ferramenta muito útil para manutenção e conservação do produto armazenado, pois ela diminui a umidade e a temperatura da massa de grãos. No entanto, se manejada de maneira errada, pode promover umedecimento ou seca- gem excessiva da massa, afetando negativamente a qualidade e a conservação. Controle de pragas Algumas pragas que se desenvolvem em grãos com baixa umidade, como gorgu- lho, roedores e traças, podem comprometer a qualidade dos grãos, favorecendo a penetração de fungos. Nesse sentido, ter um controle efetivo de pragas é medi- da fundamental para o bom funcionamento do silo. Saiba mais O trabalho em silos de armazenamento de grãos deve atender a duas legislações vigentes: a Segurança no Trabalho em Silos é regulada pela Norma Regulamentadora (NR) 31.14 e a Segurança e Saúde nos Traba- lhos em Espaços Confinados pela NR 33. Acesse a biblioteca do curso e leia essas Normas para conhecer mais sobre as orientações e as regras de segurança para o trabalho nesta área. NR-31.14: http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr31.htm NR-33: http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr33.htm MÓDULO 02 | Pós-Colheita de Grãos 42 AULA 3 Estruturas de armazenamento Armazenar grãos em silos vem sendo uma estratégia muito comum para os produtores rurais brasi- leiros que querem esperar o melhor momento para vender seus grãos por preços melhores. Com o armazenamento, o produtor rural tem a possibilidade de se livrar do chamado “pico de safra”, já que com a produção bem armazenada a conservação fica garantida e ele poderá comercializar os grãos na entressafra, época em que os preços estão mais aquecidos. Período em que há maior volume de grãos e baixo valor das commodities, que são as mercadorias produzidas em larga escala, com características físicas homogêneas e destinadas ao comércio externo, geralmente em estado mais básico. Para que isso seja possível, precisamos conhecer os vários tipos de silos que existem, suas respecti- vas funções e divisões. A primeira divisão dos silos é quanto ao material utilizado para a sua construção. Há silos metálicos, de concreto, de alvenaria, de lona e de madeira. Por vezes, vemos também algumas variações e im- provisações de armazéns para uso emergencial. Além dos materiais, há silos de tamanhos, tecnologias e preços diferentes. Em razão disso, as variá- veis que o produtor deve considerar ao escolher o silo que melhor se adequa às suas necessidades são muitas. Tome nota Na hora de escolher os silos, é importante pensar pelo menos nas seguintes questões: • Qual grão será armazenado? • Qual é a quantidade estimada de grãos a ser armazenada? (indica a capa- cidade necessária do silo) MÓDULO 02 | Pós-Colheita de Grãos 43 • Qual é o custo do frete? (para comparar o armazenamento com silos de terceiros) • Quanto há de capital disponível para o investimento? • Há pessoal capacitado para trabalhar nos silos? Independentemente do modelo adotado para a unidade armazenadora, ela deverá apresentar as condições básicas para preservação da qualidade do produto, além de ser economicamente viável. O funcionamento do silo poderá ser simples, porém deverá seguir os princípios básicos da armaze- nagem, ou seja, beneficiar (limpar), secar e armazenar os grãos de forma eficiente. Confira os principais tipos de silo para armazenagem de grãos, a seguir. Silos elevados de concreto Depósitos de concreto de média e grande capacida- des. São constituídos por duas partes fundamentais: torre (elevadores, secadores, exaustores, máquinas de limpeza, distribuidores e demais componentes) e con- junto de células e entre células (grãos em pós-seca- gem e limpeza). Vantagens Ocupam menos espaço por serem verticais. Têm paredes espessas que evitam transmissão de calor para a massa de grãos. Proporcionam melhor conservação dos grãos, permitindo mais tempo de armazenagem. Desvantagens Alto custo e longo tempo de instalação. Alto custo de manutenção. Alta incidência de quebra do grão devido à altura do silo. MÓDULO 02 | Pós-Colheita de Grãos 44 Silos metálicos Silos de média capacidade, em geral metálicos, de chapas lisas ou corrugadas, de ferro galvanizado ou alumínio, fabricados em série e montados sobre um piso de concreto. Vantagens Fundações mais simples e menor custo. Custo por tonelada inferior ao silo de concreto. Célula de capacidade média que possibilita mais flexibilidade operacional. Desvantagens Possível infiltração de umidade. Possibilidade de vazamento de gases durante o processo de expurgo. Transmissão de calor para dentro da célula, podendo ocorrer condensação. Maior custo de instalação que os graneleiros. Armazéns graneleiros Apresentam estruturação bem simplificada e o méto- do de estocagem é vantajoso: os produtos são estoca- dos em montes, sobre lajes de concreto executadas diretamente sobre o terreno. MÓDULO 02 | Pós-Colheita de Grãos 45 Vantagens Baixo custo por tonelada instalada. Rapidez de execução. Grande capacidade em pequeno espaço. Desvantagens Pequena versatilidade na movimentação de grãos. Pequeno número de células. Grande possibilidade de infiltração de água. Silos-bolsa Túneis de polietileno de alta densidade constituídos por camadas internas e uma camada exterior branca de dióxido de titânio, responsável por conferir mais resistência e reflexão dos raios solares, que poderiam causar ressecamento da lona plástica. Substância química útil para uma vasta gama de aplicações, desde tintas para pintura até corante alimentar. MÓDULO 02 | Pós-Colheita de Grãos 46 Vantagens Baixo custo operacional. Possibilitam separar a safra por lotes e qualidades diferentes. Otimizam a logística durante a colheita. Protegem os grãos armazenados de agentes externos e de pragas. Conservam a qualidade dos grãos. Desvantagens Necessidade de adquirir as máquinas embutidoras, extratoras e trator (manuten- ção e treinamento). Vulnerabilidade a predadores que podem furar a superfície plástica. Tempo de armazenagem menor que os outros sistemas de armazenamento. Certa dificuldade para descarregar os grãos armazenados. Silos móveis Estrutura improvisada com lonas de alta resistência e big bags. Sua estrutura é flexível e expansível conforme a necessidade. Contentores flexíveis para armazenar e transportar granulados ou produtos em pó. São grandes sacolas, com capacidade unitária acima de 1.000 kg. GaúchaZH (2018) MÓDULO 02 | Pós-Colheita de Grãos 47 Vantagens Baixo custo em relação aos demais sistemas de armazenagem. Baixo custo de manutenção. Rapidez de instalação e desmontagem com baixa necessidade de mão de obra. Possibilidade de separar a safra por lotes. Na imagem, os big bags são parte da estrutura improvisada dos silos móveis, fazendo a contenção dos grãos na lateral dos silos. Devido à baixa capacidade de armazenamento e difícil operação de carga e descarga de caminhões a granel, os big bags não são as estruturas de armazenamento. Além dos big bags, é possível montar outros tipos de estrutura para realizar a contenção dos grãos. Desvantagens Capacidade de armazenagem limitada. Necessidade de equipamentos móveis para carga e descarga. Vida útil menor em relação aos sistemas de armazenagem fixos. Maior possibilidade de perdas. MÓDULO 02 | Pós-Colheita de Grãos 48 Saiba mais Há outros métodos de armazena- mento que também merecem des- taque, de acordo com a região, as características da propriedade e o produto.Entre eles, destacamos o ar- mazenamento de grãos em big bags e em sacarias, que são acomodadas dentro de um galpão ou armazém. Esse método de controle é am- plamente utilizado para armaze- namento de café, mas também se aplica a outras culturas. Em pequenas propriedades ainda se armazena grãos em paiol, que é um pequeno galpão onde se guarda o milho em espiga, por exemplo. Com grandes volumes de produção de grãos e uma estrutura limitada de armazenamento e logísti- ca, comumente vemos o armazenamento de grãos a céu aberto. Neste caso, a produção fica sujeita aos efeitos das condições climáticas até o momento do escoamento e comercialização, principal- mente por causa da chuva, que pode provocar a perda dos grãos. MÓDULO 02 | Pós-Colheita de Grãos 49 Você imagina qual é a quantidade de grãos perdidos no Brasil devido ao mau manejo da colheita e pós-colheita da produção? São 10 milhões de toneladas de grãos por ano, segundo o Ministério da Agricultura e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). As perdas ocorrem principalmente pelas condições fitossanitárias dos grãos e do local de armaze- namento. O ataque de fungos, bactérias, insetos e roedores resultam em perdas de até 10% do ren- dimento total de grãos armazenados. Qualidade e sanidade são os principais requisitos da produção mundial de alimentos, e os padrões do mercado estão cada vez mais rigorosos. As principais pragas são os insetos, os roedores e os fungos. Vamos conhecer mais de cada um. Insetos As principais pragas dos grãos armazenados são, com certeza, os insetos. Eles se desenvolvem em produtos armazenados e apresentam características adaptadas ao ambiente em que se encontram os grãos e subprodutos. São pequenos, capazes de viver em ambientes muito secos e escuros, onde muitos outros organismos não sobreviveriam. AULA 4 Pragas em grãos armazenados MÓDULO 02 | Pós-Colheita de Grãos 50 Tome nota As principais consequências de ataques de insetos nos grãos são: • perda de peso dos grãos; • perda do valor nutritivo dos grãos; • redução do valor comercial; • perda da qualidade por contaminação da massa de grãos; e • perdas provocadas pela associação de fungos. Os principais insetos de grãos e subprodutos armazenados pertencem à ordem Coleoptera, que são os pequenos gorgulhos, ou carunchos, e à ordem Lepidoptera, das mariposas ou traças. Gorgulhos (carunchos) São insetos que, por serem muito pequenos e resistentes, podem se movimentar pelos reduzidos espaços entre os grãos, inclusive nas grandes profundidades dos silos e graneleiros, onde os espaços são muito comprimidos. Conheça as espécies mais comumente encontradas como pragas no armazenamento de grãos. Besourinho dos cereais (Rhyzopertha dominica) MÓDULO 02 | Pós-Colheita de Grãos 51 Gorgulho ou caruncho do milho (Sitophilus zeamais) Gorgulho ou caruncho do arroz (Sitophilus oryzae) Gorgulho ou caruncho do arroz (Sitophilus oryzae) MÓDULO 02 | Pós-Colheita de Grãos 52 Roedores Os ratos são responsáveis por grandes perdas no armazenamento de grãos, que podem ocorrer pela destruição direta ou pela contaminação por fezes e urina. Além do prejuízo econômico, os ratos também são responsáveis pela transmissão de várias doenças, como leptospirose, peste, tifo murino, salmoneloses, febre da mordedura, triquinelose, entre outras. Mariposas São insetos frágeis e, em geral, permanecem na superfície da massa de grãos, por isso, causam menos prejuízos que os gorgulhos. A mariposa mais comum, que pode aparecer em diferentes grãos, é a Sitotroga cerealella, também conhecida como traça. Para um controle eficaz dos roedores é necessário identificar corretamente a espécie e conhecer suas características e hábitos. Conheça as espécies de roedores responsáveis por infestações em complexos de armazéns. Camundongos (Mus musculus) MÓDULO 02 | Pós-Colheita de Grãos 53 Ratos de telhado (Rattus rattus) Ratazanas (Rattus norvegicus) Fungos Também denominados mofos ou bolores, os fungos são microrganismos multicelulares e filamento- sos que, ao infestarem os grãos e alimentos, podem produzir substâncias tóxicas – as micotoxinas. Ao serem ingeridas, inaladas ou absorvidas pela pele, as micotoxinas podem causar estado de letargia, perda de peso, intoxicações, câncer e até mesmo o óbito em pessoas e animais. MÓDULO 02 | Pós-Colheita de Grãos 54 Saiba Mais As principais micotoxinas que se desenvolvem são: • Aflatoxina – muito tóxica e cancerígena. A intoxicação é chamada de aflatoxicose. • Tricoteceno – promove acumulação de gordura e sérios danos renais. • Zearalenona – pode causar vômitos, hemorragias, interferências no sistema imunológico, entre outros problemas. • Ocratoxina – pode causar hiperestrogenismo, aborto, infertilidade, entre outros prejuízos à saúde. Veja, a seguir, as principais espécies de fungos que se desenvolvem nos grãos armazenados. Aspergillus spp. Penicillium spp. MÓDULO 02 | Pós-Colheita de Grãos 55 Fusarium spp. Uma das soluções para o problema de perdas ocasionadas por pragas em armazéns é o Manejo Integrado de Pragas (MIP) na Unidade Armazenadora de Grãos, assunto que vamos ver em seguida. Manejo Integrado de Pragas na Unidade Armazenado- ra de Grãos (MIP) O MIP consiste em um tratamento preventivo de pragas com base no preparo dos armazéns para re- ceber os grãos. Muitas pragas se reproduzem na poeira e nos resíduos de grãos, causando prejuízos que podem ser evitados por meio de um processo de higienização – uma limpeza comum, com nada mais que mão de obra, vassoura, aspirador e água. O manejo para a redução de perdas de grãos armazenados é um processo com oito etapas. 1. Mudança de comportamento dos armazenadores Conscientizar os trabalhadores sobre a importância das pragas no armazenamento e seus danos diretos e indiretos. 2. Conhecer a unidade armazenadora de grãos Inspecionar as instalações para identificar e prever pontos de entrada e abrigo de pragas dentro do sistema de armazenagem. 3. Limpeza e higienização da unidade armazenadora Eliminar os focos de infestação dentro da unidade para permitir o armazenamento sadio. MÓDULO 02 | Pós-Colheita de Grãos 56 4. Identificação de pragas Identificar as pragas para defi- nir as medidas de controle que devem ser tomadas e a conse- quente potencialidade de destruição dos grãos. 5. Potencial de destruição de cada espécie/praga Entender as características de cada espécie/praga e como ela interfere no armazenamento. Desse modo, é possível determi- nar a viabilidade de comercializa- ção desses grãos armazenados. 6. Proteção do grão com inse- ticidas Tratar os grãos preventivamen- te com inseticidas protetores de origem química ou natural. 7. Tratamento curativo Identificar as pragas para defi- nir as medidas de controle que devem ser tomadas e a conse- quente potencialidade de destruição dos grãos. 8. Monitoramento da massa de grãos Acompanhar a evolução do aparecimento de pragas duran- te o período em que os grãos permanecerem armazenados, realizando periodicamente a diagnose visual, amostragem e a análise da massa de grãos armazenados. O monitoramen- to permite detectar o início de infestações. É importante observar também que o MIP de grãos adequado reduz a quantidade de inseticidas químicos necessários, pois a utilização incorreta de agroquímicos para o controle das pragas pode comprometer a qualidade dos grãos. MÓDULO 02 | Pós-Colheita de Grãos 57 Para saber mais sobre o MIP, assista ao vídeo elaborado pela Embrapa Soja – Radar da Tecnologia, disponível no AVA ou no link https://www. youtube.com/embed/jDvxkR8KXgw Hora da revisão! Muito bem! Você está chegando ao final no Módulo 2 – Armazenamento de grãos. Como está o es- tudo até aqui? Vimos muitos detalhes sobre o processo de guardar os produtos de culturas de grãos. Então, que tal recordar os principais pontos dessas operações, das vantagens e dos cuidados, e re- lembrardas estruturas de armazenamento e quais as pragas que podem atrapalhar a conservação dos grãos? Acesse a Aula 4 do Módulo 2 do ambiente de aprendizagem e assista ao vídeo com o resumo do que você estudou. Vamos verificar como está o seu aprendizado! Responda às questões a seguir para entender em qual parte do assunto seus conhecimentos estão fortes e o que você precisa estudar um pou- co mais. Finalizar as atividades também desbloqueia o módulo seguin- te – lembre-se de que isso é um requisito para receber seu certificado e deve ser feito no AVA. MÓDULO 02 | Pós-Colheita de Grãos 58 Atividade de aprendizagem 1. No início do módulo, você viu que existem alguns princípios fundamentais da armazenagem. Sabendo desses princípios, analise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa correta: a) O Brasil possui estrutura de armazenamento dentro das fazendas maior do que o atual volu- me de grãos produzidos, devido a grandes investimentos realizados em uma estrutura moderna. b) A ocorrência de pragas no armazenamento é um fator pouco preocupante devido ao baixo potencial de perdas e à grande habilidade dos trabalhadores em realizar seu controle. c) Entre as vantagens do armazenamento está a possibilidade de comercialização dos grãos no pico da safra seguinte, quando o mercado está mais favorável. d) Pré-limpeza, limpeza, secagem e controle de fungos e pragas são boas práticas e princípios do armazenamento que visam à conservação da qualidade dos grãos e evitam perdas. 2. Existem diferentes fatores de conservação e armazenamento de grãos, como você estudou na Aula 2. Sobre esse assunto, analise as seguintes afirmativas e marque a alternativa correta: a) O silo armazenador pode ser definido como aquele que serve de apoio durante o recebimen- to dos grãos úmidos até seu envio ao secador. b) A umidade e a temperatura são fatores que afetam a qualidade dos grãos e, quanto maiores forem os valores, melhor será a conservação do produto. MÓDULO 02 | Pós-Colheita de Grãos 59 c) Os produtores rurais e trabalhadores que desenvolvem a atividade de armazenagem de grãos devem conhecer as Normas Regulamentadoras NR-31.14 e NR-33, que tratam das técnicas de segurança relacionadas a esta atividade. d) A ausência de ventilação e de controle de pragas são fatores essenciais, durante o armaze- namento, para preservar a qualidade dos grãos. 3. Considerando as estruturas de armazenamento de grãos, analise as afirmativas a seguir e rela- cione a coluna A com a coluna B. Selecione a alternativa que apresenta a sequência correta da coluna B, de cima para baixo: a) 3, 1, 2 b) 2, 1, 3 c) 2, 3, 1 d) 1, 3, 2 Coluna A 1 – Armazéns graneleiros 2 – Silos metálicos 3 – Silo-bolsa Coluna B ( ) Silos de média capacidade, de chapas lisas ou corrugadas, de ferro galvanizado ou alumínio, fabricados em série e montados sobre um piso de concreto. ( ) Método de estocagem em que os produtos são estocados em montes, sobre lajes de concreto executadas sobre o terreno. ( ) Túneis de polietileno de alta densidade constituídos por camadas internas e uma camada exterior branca de dióxido de titânio, que possibilitam o armazenamento de grãos separados por lote dentro da propriedade. MÓDULO 02 | Pós-Colheita de Grãos 60 4. Considerando as pragas em grãos armazenados, como insetos, roedores e fungos, analise as se- guintes afirmativas e marque a alternativa correta: a) Os gorgulhos ou carunchos são insetos que conseguem se movimentar entre pequenos espa- ços, alimentando-se dos grãos armazenados. b) Os ratos provocam danos apenas pelo consumo dos grãos. c) As micotoxinas são produzidas a partir do ataque de fungos, aumentando a qualidade dos grãos para alimentação animal e humana. d) As pragas só podem ser contidas por meio de um método de controle que use produtos químicos.
Compartilhar