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Conceitos gerais da neoplasia 1- Os termos neoplasia e tumor são sinônimos? Hoje em dia são sinônimos. 2- Qual é o conceito histórico de tumor? O termo tumor foi originalmente aplicado ao edema causado pela inflamação, mas o uso não-neoplásico de tumor praticamente desapareceu; portanto, o termo atualmente se iguala a neoplasma. 3- O que se entende por tumor nos dias de hoje? No contexto atual tumor tem o significado de neoplasia 4- O que significa a palavra neoplasia? Neoplasia significa “novo crescimento”, e um novo crescimento é denominado de neoplasma. 5- Quais são as alterações adaptativas do crescimento e da diferenciação celular. Conceitue-as e exemplifique. Alteração adaptativa do crescimento e da diferenciação celular: célula alterando tamanho e forma. As adaptações incluem atrofia, hipertrofia, hiperplasia, metaplasia. Hipertrofia: aumento do volume/tamanho da célula que resulta em aumento do tamanho do órgão, devido à síntese de mais componentes estruturais (aumento de organelas e estruturas celulares). É causada pelo aumento da demanda funcional, por estimulação de hormônios e fatores de crescimento. Existe a hipertrofia fisiológica (no músculo esquelético quando aumentada a carga de trabalho; no útero gravídico por ação de estrogênio) e patológica (cardiopatia congestiva). Hiperplasia: é o aumento do número de células com mesma função em um órgão/tecido, o que resulta em aumento da massa de um órgão. Caso se retire o estímulo, ocorre a volta ao número de células iniciais. Fisiológica (hormonal - mama, útero na gravidez; compensatória - regeneração do fígado pós hepatectomia parcial) ou patológica (hormonal - hiperplasia patológica das glândulas endometriais por níveis aumentados de estrógenos que levam a riscos de câncer endometrial, HPB por androgênios; fatores de crescimento - certos vírus (como o papilomavirus) ao infectar as células epiteliais humanas estimulam a produção de fatores de crescimento, causando proliferação celular e formando verrugas cutâneas e lesões de mucosa). *Hiperplasia prostática benigna: cresce centralmente, dando sintomas urinários (como se fosse uma neoplasia benigna). Já o câncer de próstata cresce perifericamente (zona periférica), assim, normalmente não tem sintomatologia, somente quando já é muito grave e avançado. Atrofia: é a redução do tamanho de um órgão/tecido que resulta da diminuição do tamanho e do número de células. Resulta da diminuição da síntese proteica e do aumento da degradação das proteínas. É acompanhada por autofagia, a célula digere seus componentes para encontrar nutrientes e sobreviver. Fisiológica (durante o desenvolvimento fetal da notocorda e ducto tireoglosso; atrofia do útero pós- parto). Patológica (por desuso, por desnervação, diminuição do suprimento sanguíneo, nutrição inadequada, pressão - como um tumor benigno que cresce e causa a atrofia dos tecidos circundantes saudáveis). 6- Displasia e metaplasia são sinônimos? Justifique. Não. Displasia: crescimento desordenado principalmente em epitélios. Com frequência ocorre no epitélio metaplasico, mas nem todo epitélio metaplasico também é displásico. Perda da uniformidade das células individuais, assim como a perda de sua orientação arquitetônica. As células displásicas exibem pleomorfismo considerável e, frequentemente, contém núcleos hipercromaticos grandes com uma grande razão núcleo/citoplasma. As figuras mitóticas são mais abundantes e apresentaram uma configuração normal, embora apareçam em localizações anormais dentro do epitélio. Quando as alterações displásicas são marcantes e envolvem toda a espessura do epitélio, porém a lesão permanece confinada pela membrana basal, ela e considerada como um neoplasma pré-invasivo e é denominada carcinoma in situ. Uma vez que as células tumorais tenham rompido a membrana basal, diz-se que o tumor é invasivo. A displasia epitelial grave comumente antecede o aparecimento do câncer. Contudo, a displasia não necessariamente progride para câncer. Alterações leves a moderadas que não envolvem toda a espessura do epitélio podem ser reversíveis, e, com a remoção dos agentes causadores, o epitélio pode retornar a normalidade. Neoplasia Intraepitelial Cervical Grau I (NIC I) – Baixo Grau (anormalidades do epitélio no 1/3 proximal da membrana). Se a desordenação avança 2/3 proximais da membrana, estamos diante de uma Neoplasia Intra- epitelial Cervical Grau II (NIC II) – Alto Grau. Na Neoplasia Intra-epitelial Cervical Grau III (NIC III) – Alto Grau, o desarranjo é observado em todas as camadas, sem romper a membrana basal. Metaplasia: substituição adaptativa e reversível de um tipo celular (sensíveis ao estresse) por outro tipo celular (capaz de suportar ambiente hostil - normalmente epitélio estratificado pavimentoso). Ex: cigarro trocando o epitélio da traqueia e brônquios - metaplasia epitelial de colunar a escamosa. Refluxo gastresofágico danifica o epitélio escamoso do esôfago, levando a sua substituição por epitélio glandular gástrico ou intestinal, mais adaptado ao ambiente ácido - metaplasia intestinal. Ao trocar os epitélios, como o respiratório, você perde mecanismos de proteção contra infecções do antigo epitélio (como secreção de muco e ação dos cílios). Se persistirem os estímulos metaplásicos, pode ser causada malignidade, resultado de uma reprogramação das células tronco existentes em tecidos normais ou de células mesenquimais indiferenciadas presentes no conjuntivo. 7- Displasia e metaplasia são consideradas lesões pré- neoplásicas? Justifique Caso persistam, os estímulos carcinogênicos podem levar a neoplasia. De uma metaplasia, pode surgir uma displasia e evoluir para uma neoplasia. *Displasia é uma condição pré-maligna. Esôfago de barret: epitélio escamoso para colunar do intestino → metaplasia → displasia → neoplasia (adenocarcinoma por conta do epitélio colunar e glandular). 8- Explique os termos displasia leve, moderada e acentuada. Displasia leve (1/3 do epitélio basal - NIC 1), displasia moderada (até 2/3 do epitélio basal - NIC 2), displasia grave (mais que 2/3 do epitélio basal - NIC 3 [pode ser chamado de carcinoma em situ]). 9- Conceitue e caracterize do ponto de vista macroscópico e microscópico as neoplasias benignas. Benigna: coloração homogênea, bem diferenciado, com estrutura típica do tecido de origem, não tem capacidade metastática, crescimento desornado progressivo e lento, mas com limite. Geralmente são massas expansivas, bem delimitadas que não invadem ou infiltram o tecido subjacente, apenas comprimem eles. Características micro e macro relativamente inocente, permanece localizado, não consegue se disseminar para outros sítios e pode ser removido por cirurgia local. 10- Explique a nomenclatura das neoplasias benignas, exemplificando. Nomenclatura: célula de origem + sufixo OMA. 11- Conceitue e caracterize do ponto de vista macroscópico e microscópico as neoplasias malignas. Maligna: coloração heterogênea, capacidade metastática (quanto mais indiferenciado maior a probabilidade de metástase), invade a MB e infiltra os tecidos adjacentes. Certa falta de diferenciação com anaplasia; estrutura frequentemente atípica. Taxa de crescimento instável pode ser lenta a rápida, figuras mitóticas podem ser numerosas e anormais. Bordas irregulares, frequente ver necrose central do tumor pois não tem suprimento adequado na porção central. Ocorre angiogênese para haver suprimento adequado. 12- Explique a nomenclatura das neoplasias malignas, exemplificando. Sufixo sarcoma: surgem do tecido mesênquimal com pouco estroma conjuntivo (são carnosos). Sufixo carcinoma: surgem das células epiteliais de qualquer das três camadas germinativas (ectoderma, mesoderma e endoderme).Sufixo adenocarcinoma: quando as células epiteliais crescem em padrões glandulares. 13- Conceitue diferenciação e anaplasia. O termo anaplasia significa, literalmente, “transformar-se para trás”, indicando uma reversão da diferenciação para um nível mais primitivo. Acredita- se, contudo, que a maioria dos cânceres não representa uma “diferenciação reversa” das células normais maduras, mas, de fato, surgem de células menos maduras com propriedades “semelhantes a células-tronco”, tais como as células tronco teciduais. 14- Correlacione os termos taxas de crescimento/ neoplasias benignas/neoplasias malignas. Benigna: geralmente a taxa de crescimento é progressiva e lenta; pode chegar a um ponto de paralização ou regredir; figuras mitóticas raras e normais. Maligna: a taxa de crescimento é instável e pode ser lente a rápida; as figuras mitóticas são numerosas e anormais. 15- Correlacione os termos invasão local/neoplasias benignas/neoplasias malignas. Benigna: geralmente crescem como massas coesivas, expansivas, localizadas e bem delimitadas, que não invadem ou infiltram o tecido normal circunjacente ela, apenas empurra o tecido adjacente de maneira expansiva. Como ela crescem lentamente, desenvolve uma margem de tecido conjuntivo comprimido (cápsula fibrosa), que o separa do tecido hospedeiro. Essa cápsula não evita que o tumor cresça, mas mantém o tumor benigno como uma massa discreta, facilmente palpável e bem móvel, que pode ser enucleada cirurgicamente. Maligna: é localmente invasivo, infiltrando o tecido circunjacente e destruindo ele. É pouco demarcada do tecido normal; algumas vezes pode ser coesiva e expansiva. 16- Correlacione os termos metástase/neoplasias benignas (não têm capacidade metastática)/ neoplasias malignas (têm capacidade metastática). Benigna: metástases ausentes. Maligna: as metástases são frequentemente presentes (exceções: gliomas, e os carcinomas basocelulares da pele). Quanto maior e mais indiferenciado o primário, maior a probabilidade de metástases. A invasividade dos tumores malignos permite que eles penetrem nos vasos sanguíneos, linfáticos e cavidades corpóreas, provendo a oportunidade para a disseminação. 17- Caracterize as vias de disseminação das neoplasias malignas. Existem três vias de disseminação: (1) implante direto das cavidades ou superfícies corpóreas, (2) disseminação linfática e (3) disseminação hematológica. 1- Implante em cavidades e superfícies corpóreas: principalmente cavidade peritoneal, mas também pleural, pericárdica, subaracnoidea e do espaço articular. Ex: carcinomas de ovário, carcinomas mucossecretores do apêndice, tumor de intestino. 2- Disseminação linfática: é a via preferencial das neoplasias epiteliais (carcinoma) {QUESTÃO TBL}, mas o sarcoma também a utiliza. 3- Disseminação hematogênica: é a via preferencial em sarcomas, mas o carcinoma também utiliza. A invasão venosa segue o fluxo venoso de drenagem, assim, o fígado e os pulmões são mais frequentemente envolvidos nessa disseminação hematogênica, porque toda a drenagem da área portal flui para o fígado e todo o sangue da cava flui para os pulmões. Resumindo... Carcinoma → linfática. Neoplasias mesenquimais (sarcoma) → sanguínea. Tumor de ovário → invasão direta cav. abdominal. Metástases locais → linfática. Metástases a distância → sangue. Metástase do carcinoma pulmão para o cérebro → sangue. 18- O que são biomarcadores e marcadores tumorais? 19- Exemplifique aplicações clínicas de biomarcadores/marcadores tumorais. Biomarcadores/marcadores biológicos: pode-se referir a muitos compostos diferentes no corpo humano que indicam alguma coisa sobre sua saúde. Existem biomarcadores para doenças do coração, esclerose múltipla, câncer (substâncias produzidas pelo organismo que indicam a presença de massa tumoral) etc. Quando se fala sobre biomarcadores geralmente se refere a proteínas, genes e outras moléculas que afetam como as células cancerosas crescem, multiplicam, morrem e respondem a outros compostos. Enquanto alguns biomarcadores podem ser usados para prever quão agressivo é um câncer e, por conseguinte, são úteis para o prognóstico da doença, o uso mais promissor de biomarcadores hoje é para identificar, em um determinado, paciente quais terapias podem (ou não) responder. Os biomarcadores incluem: ✓ Proteínas. ✓ Mutações genéticas. ✓ Rearranjos genéticos. ✓ Cópias extra de genes. ✓ Falta de genes. ✓ Outras moléculas. Marcador tumoral: são substâncias produzidas pelo tumor que estão presentes no tumor, no sangue ou em outros líquidos biológicos, cujo aparecimento e alterações nas concentrações estão relacionados com o crescimento de células neoplásicas. São hormônios, antígenos oncofetais, isoenzimas, proteínas específicas, mucinas e outras glicoproteínas e marcadores moleculares (como p53, RAS e APC). Contribuem para a detecção do câncer e, em alguns casos, são úteis na determinação da efetividade da terapia ou no aparecimento de uma recorrência. Os marcadores também podem ser produzidos por uma variedade de condições não-neoplásicas, como o PSA. Com a ressecção bem-sucedida do tumor, esses marcadores desaparecem do soro. PSA (antígeno prostático-específico): marcador tumoral de adenocarcinoma de próstata, quando em níveis elevados no sangue. Os níveis de PSA também podem estar elevados na hiperplasia prostática benigna. Além disso, não há níveis de PSA que certifiquem que a pessoa não tenha câncer de próstata. Assim, o teste de PSA sofre tanto de baixa sensibilidade quanto de baixa especificidade. CEA (antígeno carcinoembrionário): é elaborado por carcinomas de intestino, de pâncreas, do estômago e de mama. AFP (α-Fetoproteína): é produzido por carcinomas hepatocelulares, remanescentes do saco vitelino nas gônadas, e ocasionalmente teratocarcinomas e carcinomas de células embrionárias. B-HCG (gonadotropina coriônica humana): produzido por tumores testiculares (tumores de células germinativas) e tumores trofoblásticos como o coriocarcinoma (neoplasia trofoblástica gestacional). 20- O que é a imunoistoquímica? Qual a utilidade clínica e patológica deste método? Imunoistoquímica: identificação de produtos celulares ou de marcadores de superfície por anticorpos específicos. É usado para diagnóstico e conduta dos neoplasmas. É também é usada para: 1- Categorização de tumores malignos indiferenciados (difíceis de distinguir). 2- Determinação do sítio de origem dos tumores metastáticos. 3- Detecção de moléculas que apresentam significado prognóstico e terapêutico. 22- Qual é e como é definido o sistema internacional de classificação/estadiamento das neoplasias malignas? O sistema de estadiamento é o preconizado pela União Internacional Contra o Câncer (UICC), denominado Sistema TNM de Classificação dos Tumores Malignos. Este sistema baseia-se na extensão anatômica da doença, levando em conta as características do tumor primário (T), as características dos linfonodos das cadeias de drenagem linfática do órgão em que o tumor se localiza (N), e a presença ou ausência de metástases à distância (M). Estes parâmetros recebem graduações, geralmente de T0 a T4, de N0 a N3 e de M0 a M1, respectivamente.
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