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FACULDADE TECSOMA 
Curso de Enfermagem 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
POSICIONAMENTO DA POPULAÇÃO DE PARACATU, MEDIANTE O 
PROCESSO DE DOAÇÃO DE ÓRGÃOS PARA TRANSPLANTES 
 
 
 
 
 
Maria de Lourdes Silva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Paracatu 
2010 
 
Maria de Lourdes Silva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
POSICIONAMENTO DA POPULAÇÃO DE PARACATU, MEDIANTE O 
PROCESSO DE DOAÇÃO DE ÓRGÃOS PARA TRANSPLANTES 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada a Disciplina Trabalho de 
Conclusão de Curso II, ministrada pelo professor 
Geraldo Benedito B. de Oliveira, como requisito 
parcial para obtenção do título de Bacharel em 
Enfermagem. 
 
 
 Orientadora: Evanir Soares da Fonseca 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Paracatu 
2010 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Silva, Maria de Lourdes 
Posicionamento da população de Paracatu mediante o processo de doação de órgãos 
para transplante. Maria de Lourdes Silva. Paracatu, 2010. 61f. 
 
 Orientadora: Evanir Soares da Fonseca 
Monografia (TCC) - Faculdade Tecsoma, Curso de Enfermagem. 
 
1. Transplante de órgãos. 2. Processo de doação. 3. Educação. 
 
I.Fonseca, Evanir soares. II. Faculdade Tecsoma. III. Título. 
 
 
 CDU: 616.089.843 
 
 
Maria de Lourdes Silva 
 
 
 
 
 
POSICIONAMENTO DA POPULAÇÃO DE PARACATU-MG, MEDIANTE O 
PROCESSO DE DOAÇÃO DE ÓRGÃOS PARA TRANSPLANTE 
 
 
 
 
Monografia apresentada a Disciplina Trabalho de 
Conclusão de Curso II, ministrada pelo professor 
Geraldo Benedito B. de Oliveira, como requisito 
parcial para obtenção do título de Bacharel em 
Enfermagem. 
 
 
 
 
 
 
_____________________________________ 
Evanir Soares da Fonseca 
(Orientadora) 
 
 
 
 
_____________________________________ 
Geraldo Benedito Batista de Oliveira 
(Orientador metodológico) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Paracatu, 
2010 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço a primeiramente a Deus pelo dom da vida, pela força, perseverança, 
proteção e providencia que me tem concedido e principalmente pela oportunidade de realizar 
um dos meus sonhos. 
À minha família que eu tanto amo, eu agradeço pela motivação, apoio, incentivo e 
amor e pela compreensão, vocês é que apesar da distancia sempre me dão força, não 
permitindo que eu desanime nunca. 
Aos meus amigos, em especial Josymara, Vicente e Patrícia que sempre me apoiaram 
e sempre me incentivaram a correr atrás dos meus sonhos, amo vocês. 
Agradeço a Márcia e sua família que me acolheram, suprindo em parte a ausência de 
minha família. 
Agradeço a Eunice e família, Suzana e família que foram muito importantes na minha 
vida, pois foram umas das primeiras amizades que eu construí aqui. 
Aos meus professores, a orientadora Evanir Soares da Fonseca, à coordenação do 
curso de enfermagem representada pela Rosalba Cassuci e a todos aqueles que contribuíram 
para a minha formação profissional. 
A todos meu muito Obrigado! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A minha família, pela compreensão, apoio e amor. Aos meus amigos, pelo 
companheirismo e a os que têm me ajudado no decorrer desta jornada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Um acidente fatal 
A princípio ambulância, hospital... 
Cirurgia tentando recuperar uma vida em agonia 
Cérebro parou!!! 
Coração forte não se inibe com a morte. 
Não tão longe um órgão tenta pulsar compassado 
no peito de um desconhecido, desamparado. 
No leito um ser franzino faz uma oração: 
-Jesus! Faça com que venha me visitar logo um 
novo coração. 
Espera ansioso o tamborilar congelado, para 
soar quente, ritmado 
e devolver a vida a um corpo quase estagnado. 
 
Ramgad 
 
RESUMO 
 
O transplante de órgãos deixou de ser uma terapia experimental para se tornar a terapia de 
escolha para o paciente com falência de órgãos, porém devido alguns impasses para a 
realização do procedimento a demanda de órgãos para transplante no Brasil excede várias 
vezes o número de doações. Diante de tal situação e da inexistência de campanhas que 
incentivem a doação no município, torna-se necessário que sejam desenvolvidos trabalhos 
educativos para esclarecimento da população sobre as questões que norteiam o processo de 
doação e retirada de órgãos para transplante. O presente trabalho teve como objetivo analisar 
o conhecimento da população de Paracatu, sobre a conduta a ser adotada, diante da decisão de 
se tornar um doador de órgãos, bem como identificar a aceitação da população em relação à 
doação de órgãos para transplantes. Para a realização deste trabalho foram entrevistadas 378 
pessoas residentes no município de Paracatu com faixa etária de 20 a 39 anos, selecionadas 
aleatoriamente em todos os bairros do município de Paracatu. Ao final do estudo constatou-se 
que a população recebe informações sobre doação de órgãos, através dos meios de 
comunicação em massa. Maioria das pessoas entrevistadas é favorável a doação, pois doariam 
seus órgãos para ajudar as outras pessoas. O principal fator de recusa á doação apontado pelos 
entrevistados foi o medo relacionado a erro no diagnóstico de morte encefálica. Conclui-se 
que para a modificação da situação dos transplantes no país, é necessária a adoção de medidas 
educativas a fim de esclarecer a população todas as etapas e conceitos envolvidos no processo 
de doação de órgãos e tecidos para transplante. 
 
 
Palavras - chave: Transplantes de órgãos, processo de doação, educação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
Organ transplantation is no longer an experimental therapy to become the preferred therapy 
for patients with organ failure, but because some dilemmas to perform the procedure the 
demand for organ transplantation in Brazil exceeds several times the number of donations. 
Faced with this situation and the lack of campaigns to encourage donation in the city, it is 
necessary that educational work designed to educate the public regarding the issues that guide 
the process of donation and removal of organs for transplantation. This study aimed to 
analyze the population's knowledge of Paracatu on the conduct to be adopted before the 
decision to become an organ donor, and identify the population's acceptance for the donation 
of organs for transplants. For this work were interviewed 378 residents in Paracatu aged 20-39 
years, randomly selected from all districts of Paracatu. At the end of the study it was found 
that the public receives information about organ donation, through the means of mass 
communication. Most people interviewed are in favor of donation, as would donate their 
organs to help other people. The main factor will refuse donation appointed by the 
respondents was fear related to misdiagnosis of brain death. We conclude that for the different 
situation of transplants in the country, it is necessary the adoption of educational measures in 
order to clarify the population all the stages and concepts involved in the donation of organs 
and tissues for transplantation 
 
 
Keywords: Transplantation of organs, the donation process, education. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
TABELA 1: Características Sociodemográficas da População de Paracatu...................39 
TABELA 2: Características Sociodemográficas da População de Paracatu...................40LISTA DE GRÁFICOS 
 
GRÁFICO 1: Distribuição dos entrevistados, segundo a informação recebida sobre a 
doação de órgãos. Paracatu, 2010.............................................................................................40 
 
GRÁFICO 2: Distribuição segundo a fonte de informação referente a doação de órgãos. 
Paracatu, 2010...........................................................................................................................41 
 
GRÁFICO 3: Distribuição dos entrevistados, segundo a intenção de doar os órgãos de um 
familiar.Paracatu, 2010.............................................................................................................42 
 
GRÁFICO 4: distribuição dos entrevistados segundo a introdução de uma discussão familiar 
sobre a doação de órgãos.Paracatu, 2010..................................................................................43 
 
GRÁFICO 5: distribuição , segundo a intenção de doar seus órgãos após a morte.Paracatu, 
2010...........................................................................................................................................44 
 
GRÁFICO 6: distribuição segundo a intenção de doar os órgãos de um membro da família 
que não manifestou em vida o desejo de ser doador.Paracatu, 2010........................................44 
 
GRÁFICO 7: distribuição dos principais motivos que levariam os entrevistados a doarem seus 
órgãos.Paracatu, 2010...............................................................................................................45 
 
GRÁFICO 8: distribuição , dos fatores apontados como principal motivo de recusa a doação 
de órgãos.Paracatu, 2010..........................................................................................................46 
 
GRÁFICO 9: distribuição da conduta a ser adotada diante da decisão de se tornar um 
doador.Paracatu, 2010...............................................................................................................47 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
 
ABTO - Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos 
 
CFM – Conselho Federal de Medicina 
 
CIHDOTT – Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante. 
 
CNCDO – Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos 
 
CNNCDO – Central Nacional de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos 
 
GTA – Grupo Técnico de Assessoramento 
 
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
 
IDH – índice de desenvolvimento humano 
 
IDHM – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal 
 
HIV – Vírus da Imunodeficiência Humana 
 
ME – Morte Encefálica 
 
SNT – Sistema Nacional de transplantes 
 
SUS – Sistema Único de Saúde 
 
TCE – Traumatismo Crânio Encefálico 
 
UTI – Unidade de Terapia Intensiva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................13 
1.1 Justificativa...........................................................................................................14 
1.2 Objetivos...............................................................................................................15 
1.2.1 Objetivos específicos.........................................................................................15 
 
2. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO............................................................16 
 
3 REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................................18 
3.1 História dos Transplantes...................................................................................18 
3.2 Situação Atual dos Transplantes de Órgãos no Brasil.....................................19 
3.2.1 As filas de Espera...............................................................................................21 
3.3.2 Estatísticas dos transplantes..............................................................................22 
3.3 Legislação dos Transplantes...............................................................................23 
3.4 Política de Transplantes no Brasil......................................................................24 
3.4.1 Sistema Nacional de Transplantes....................................................................25 
3.4.2 Centrais de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos..........................26 
3.4.3 Grupo Técnico de Assessoramento...................................................................27 
3.4.4 Comissão Intra-Hospitalar de doação de órgãos e tecidos Transplante.........27 
3.4.5 complexo MG transplantes................................................................................28 
3.5 Processo Doação-Transplante de Órgãos..........................................................28 
3.5.1 Detecção do Potencial Doador..........................................................................29 
3.5.2 Diagnóstico de Morte Encefálica......................................................................30 
3.5.3 Avaliação do Doador.........................................................................................31 
3.5.4 Manutenção do Doador.....................................................................................32 
3.5.4.1 Cuidados com o potencial doador................................................................33 
3.5.5 A Entrevista e o Consentimento Familiar........................................................33 
3.5.6 Extração de Órgãos e Tecidos...........................................................................34 
 
4. METODOLOGIA..................................................................................................36 
4.1 Tipo de Estudo......................................................................................................36 
4.2 Delimitação do público alvo................................................................................36 
4.3 Local do Estudo....................................................................................................37 
 
4.4 Instrumento Utilizado..........................................................................................37 
4.5 Aspectos éticos......................................................................................................37 
4.6 Desenvolvimento do estudo.................................................................................38 
 
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO...........................................................................39 
 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................48 
 
REFERENCIAS.........................................................................................................50 
 
APENDICES..............................................................................................................56 
 
ANEXOS.....................................................................................................................59 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 13 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
Os transplantes de órgãos e tecidos no Brasil tiveram início no ano de 1964 na cidade 
do Rio de Janeiro e no ano seguinte na cidade de São Paulo, através da realização dos dois 
primeiros transplantes renais do país. (BRASIL, 2009a). 
O médico Euricledes de Jesus Zerbini realizou em 1968, respectivamente na cidade de 
São Paulo, o primeiro transplante cardíaco no país amparado pelo critério de morte encefálica 
do doador. (DAIBERT, 2007). 
 Segundo Traiber e Lopes (2006), o transplante de órgãos deixou de ser uma terapia 
experimental para se tornar a terapia de escolha para o paciente com falência de órgãos. 
Segundo o Ministério da Saúde (2009a), desde o seu inicio, a atividade de 
transplantação teve uma notável evolução em termos de técnicas,resultados, variedade de 
órgãos transplantados e número de procedimentos realizados. 
A lei que regulamenta a atividade dos transplantes de órgãos e tecidos no Brasil, é a 
Lei n.º 9.434, de 4 de fevereiro de 1997, que dispõe sobre a retirada de órgãos para fins de 
transplantes. (BRASIL, 2006c). 
A política dos transplantes tem sido uma das políticas de saúde mais trabalhadas em 
nosso país nos últimos anos. Tal esforço tem gerado resultados positivos, porém, ainda existe 
a necessidade de conscientização da sociedade para que haja um aumento significativo no 
número de doações. (NOTHEN, 2006). 
 O que diferencia os transplantes de outras cirurgias“ é a necessidade da utilização de 
um órgão ou tecido, proveniente de um doador vivo, ou falecido, como acontece mais 
comumente.” (GARCIA, 2006, p.313). 
O que limita a realização de transplantes com órgãos de um doador falecido é que 
apenas uma pequena fração dos indivíduos que morrem pode converter-se em doadores de 
órgãos. A remoção de órgãos, neste caso só é possível com o paciente em diagnóstico de 
morte encefálica. (GARCIA, 2006). 
Marinho (2006), afirma que menos de 1% de todas as pessoas que morrem tem morte 
encefálica antes de apresentar parada cardíaca, limitando o número de potenciais doadores. 
No Brasil, a falta de notificação dos casos de morte encefálica, também é outro fator limitante 
ao desenvolvimento do transplante. 
De acordo com Manfro e Fernandes (2001), a demanda de órgãos para transplante no 
Brasil excede várias vezes o número de doações. Essa discrepância entre oferta e demanda 
 14 
acaba por resultar nas enormes filas de espera, onde muitas pessoas acabam morrendo sem 
que consigam receber um transplante. 
Segundo o Ministério da Saúde (2009b), houve um aumento de 24,3%no número de 
transplantes de órgãos realizados em todo o país, com doador falecido no primeiro semestre 
de 2009 em comparação com o mesmo período de 2008. 
A lista de espera por um transplante no Brasil diminuiu 1% entre dezembro de 2008 e 
julho de 2009, quando 63,8 mil pessoas aguardavam por um transplante no país. Para 
equacionar a demanda por um transplante, há muito que ser feito, pois mesmo com tal 
redução na fila de espera, a demanda ainda excede muito o número de doações. (BRASIL, 
2009b). 
Segundo dados da ABTO (2009), o Brasil apresentou um expressivo aumento de 20% 
na quantidade de doadores por morte encefálica no primeiro semestre de 2009, atingindo a 
marca de 8,6 doadores por milhão de população, em comparação com o ano de 2008 em que a 
taxa de doadores era de 7,2. 
 
 
1.1 Justificativa 
 
 
Diante da situação atual dos transplantes de órgãos no Brasil e da inexistência de 
campanhas que incentivem a doação no município, torna-se necessário que sejam 
desenvolvidos trabalhos educativos para esclarecimento da população sobre as questões que 
norteiam o processo de Doação e retirada de órgãos para transplante, pois quando a população 
adquire conhecimento, ela se torna capaz de abrir discussões sobre o tema, tornando-se dessa 
forma, peça fundamental na promoção da doação de órgãos, através da disseminação de 
informação, possibilitando um equilíbrio entre a oferta e demanda por órgãos e tecidos no 
Brasil. 
Considerando a importância da educação em saúde para a compreensão e 
desmistificação dos aspectos integrantes do processo de doação, faz - se necessário conhecer 
o perfil e a opinião da população em estudo, para que a gestão municipal possa programar 
ações educativas a serem desenvolvidas no município, afim de conscientizar e sensibilizar a 
população sobre a necessidade e importância da doação de órgãos. 
 15 
Este estudo pretende levar as pessoas a refletirem sobre o assunto, contribuindo assim 
para a colocação do tema na pauta das discussões em Paracatu, visando contribuir para a 
melhoria dos indicadores de mortalidade associados à escassez de órgãos para transplante. 
 
 
1.2 Objetivo Geral: 
 
 
 Analisar o conhecimento da população de Paracatu, sobre a conduta a ser 
adotada, diante da decisão de se tornar um doador de órgãos, bem como identificar a aceitação 
da população em relação à doação de órgãos para transplantes. 
 
 
1.2.1 Objetivos Específicos: 
 
 
 Conhecer o perfil sociodemográfico do público em estudo; 
 
 Identificar o nível de aceitação da população com relação à doação; 
 
 Identificar os fatores facilitadores e/ ou dificultadores na tomada de decisão de 
ser ou não doador; 
 
 Verificar o conhecimento da população sobre o processo de doação de órgãos 
para transplantes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 16 
2 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO 
 
 
O município de Paracatu está localizado na região noroeste do estado de Minas Gerais, 
com uma área de 8232 Km² de extensão. Limita-se ao leste com os municípios de João 
Pinheiro e Lagoa Grande, a oeste o estado de Goiás, estando a 220 Km da capital brasileira, 
ao norte o município de Unaí, e ao sul os municípios de Vazante e Guarda-Mor e lagoa 
Grande. (OLIVEIRA MELLO, 2007). 
De acordo com Oliveira Mello (2007), o município possui muitos bairros, dentre eles 
o Arraial D’ Angola, Paracatuzinho, Vila Mariana, Alto do Córrego, Amoreiras, Bela Vista, 
Cidade Nova, Nossa Senhora de Fátima, Alto da Colina, JK, Alto do Açude, Novo Horizonte, 
dentre muitos outros. 
Segundo estimativas do censo do INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E 
ESTATÍSTICA (IBGE) para 2009, o município apresentou uma população de 83557 
habitantes, sendo 50,55% relativo ao sexo masculino e 49,45% ao sexo feminino. Em relação 
à faixa etária, Paracatu apresenta uma população relativamente jovem, totalizando 53,36% na 
faixa de 20 a 59 anos. Os idosos, considerados a partir dos 60 anos, representam 8,30% da 
população total do município. (IBGE, 2010). 
A assistência a saúde pública prestada à população encontra-se organizada na atenção 
básica através de 11 Estratégias de Saúde da Família , cobrindo apenas 43,08% da população 
do município. A média mensal de visitas domiciliares por família não chega a 0,5 e a média 
anual de consultas médicas por habitante nas especialidades básicas é de apenas 1,96. 
(PARACATU, 2010). 
O restante da população recebe assistência em 3 unidades de saúde, que desenvolvem 
ações básicas e também atendimento em alguma especialidades médicas prestadas a toda a 
população do município. (PARACATU, 2010). 
A assistência hospitalar é prestada em uma unidade, que conta com 70 leitos de 
internação, um pronto socorro 24 horas, um Centro de Tratamento Intensivo com 11 leitos e 
um Centro Hemodialítico. (PARACATU, 2010). 
No município são realizados exames complementares sofisticados como: Endoscopia 
Digestiva, e mamografia. Os exames de Tomografia, Gasometria, ressonância magnética, 
polissonografia, eletroneuromiografia, holter, teste ergométrico, dentre outros foram 
comprados da iniciativa privada através de processo licitatório. (PARACATU, 2010). 
 
 17 
Atualmente se encontra em construção o novo pronto socorro, que deverá ocupar uma 
área de 800m2 na área do hospital, o que possibilitara realizar um atendimento mais rápido e 
mais humanizado aos pacientes. (PARACATU, 2010). 
No período 1991-2000, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de 
Paracatu cresceu 11,76%, passando de 0,680 em 1991 para 0,760 em 2000. Segundo a 
classificação do PNUD, o município está entre as regiões consideradas de médio 
desenvolvimento humano (IDH entre 0,5 e 0,8). (PARACATU, 2010). 
Quanto à educação, o índice de analfabetismo tem diminuído ao longo dos anos, em 
1991 o índice nas pessoas que tinham 18 anos ou mais chegava a 26,46% do total da 
população. Em 2000, nesta mesma faixa etária diminui para 20,85%. Apesar do declínio, 
percebe-se ainda um número significativo de analfabetismo. (PARACATU, 2010). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 18 
3 REFERENCIAL TEÓRICO 
 
 
3.1 História dos TransplantesA idéia de substituição de partes doentes do corpo por outras, obtidas de corpos de 
pessoas que já não precisam delas, faz parte do imaginário da humanidade há muito tempo. 
(NOTHEN, 2006). Segundo Ramos Filho citado por Alencar (2006), Existe um relato 
milenar, que trata se da história de Cosme e Damião. Conta-se que eles teriam transplantado a 
perna de um homem negro que acabara de morrer em outro homem, um indivíduo branco que 
havia perdido a perna naquele mesmo dia. Realizaram o procedimento preocupando-se em 
reconstituir a mutilação sofrida pelo cadáver, com a parte afetada do paciente branco. 
Fonseca e Carvalho (2005), relatam que o termo transplante foi utilizado pela primeira 
vez por John Hunter, em 1778, quando este descreveu sua experiência com órgãos 
reprodutores em animais. 
Graças às técnicas de anastomose vascular, desenvolvidas por Carrel no início do 
século XX, foi possível a realização dos transplantes de órgãos vascularizados como o rim, 
fígado, coração, pulmão, pâncreas e intestinos. (NOTHEN, 2006; LIMA, MAGALHAES, 
NAKAMAE, 1997). 
Guerra e outros (2002), relatam que a história dos transplantes foi marcada por 
frustrações e conquistas. Várias tentativas em animais foram feitas até que se conseguisse 
realizar o procedimento no ser humano. Em 1933, realizou-se na Ucrânia o primeiro 
transplante renal em humanos, infelizmente sem sucesso. 
O sucesso dos transplantes começou a surgir por volta de 1946, quando um enxerto 
renal funcionou por três dias. Observou-se que, embora as técnicas cirúrgicas tivessem 
evoluído, surgiu um novo fantasma: a rejeição do órgão implantado. (GUERRA, et al, 2002). 
Segundo Nothen (2006), As pesquisas de Dausset e o bem sucedido transplante renal 
realizado entre gêmeos univitelinos, realizado em Boston, trouxeram à luz os aspectos 
envolvidos no processo de rejeição e direcionou o foco das pesquisas para a imunossupressão. 
Os transplantes renais sofreram grande impulso na década de 60, devido ao advento da 
ciclosporina. 
 19 
Ianhez citado por Ribeiro e Schramm (2006) relata que no Brasil, o primeiro 
transplante renal com doador vivo e com doador cadáver foram realizados em São Paulo, no 
ano de 1965, no Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo. 
Carrel e Guthrie foram os primeiros a realizar o transplante cardíaco, de um cão para o 
outro, na Universidade de Chicago. Em 1967, Christian Barnard, cirurgião de um hospital sul-
africano, da Universidade de Cape Town, tornou-se o precursor dos transplantes cardíacos, de 
humano para humano, bem-sucedidos. (LIMA; MAGALHAES; NAKAMAE, 1997; 
GUERRA, et. al, 2002 ). 
No ano seguinte, respectivamente no dia 28 de maio de 1969, o Dr. Euriclides J. 
Zerbini realizou o primeiro transplante cardíaco no Brasil, no Hospital das Clínicas da 
Faculdade de Medicina da Universidade de tendo o receptor João Ferreira da Cunha, 
sobrevivido 28 dias após o transplante, devido ao processo de rejeição. (GUERRA, et. al, 
2002 ; LAMB apud ALENCAR, 2006). 
Os avanços na terapia imunossupressiva, na preservação de órgãos, nas técnicas 
cirúrgicas e nas medidas de suporte ventilatório e hemodinâmico permitiram que os 
transplantes de órgãos se tornassem uma terapêutica de escolha para pacientes com vários 
tipos de insuficiência orgânica. (MANFRO; FERNANDES, 2001). 
 
 
3.2 A Situação Atual dos Transplantes no Brasil 
 
 
Os transplantes de órgãos foram um dos maiores avanços obtidos pela medicina no 
século XX, com índice de sucesso acima de 80%.(MARINHO, 2006). A realização deste 
procedimento tem resultado em elevadas taxas de sobrevida do órgão e seu receptor no 
primeiro ano de vida, reintegrando o paciente a sociedade. (VERONESE; CLAUSELL; 
GONÇALVES, 2001). 
Grande parcela dos indivíduos transplantados tem sobrevida superior a cinco, ou até 
mesmo dez anos após a realização do procedimento. (PATTINSON, apud MARINHO, 2006). 
O transplante de órgãos “é atualmente o tratamento de escolha para a maioria dos 
pacientes com doenças crônicas terminais, como insuficiência renal crônica, insuficiência 
cardíaca refrataria, pneumopatias e hepatopatias graves.” (VERONESE; CLAUSELL; 
GONÇALVES, 2001, p.543). 
 20 
Para Marinho (2006), nosso país ocupa o segundo do mundo em número de 
transplantes realizados, sendo superado somente pelos Estados Unidos. Em termos de 
dispêndios públicos, o Brasil tem o maior programa de transplantes do mundo, financiando 
quase 100% dos procedimentos feitos no país, cobrindo os gastos totais. (BRASIL, 2009b). 
Dados do Ministério da Saúde (2009b) demonstram que o Brasil pretende investir o 
dobro do valor pago pelos procedimentos de captação de órgãos, os quais estão incluídos a 
entrevista com a família do doador e a manutenção hemodinâmica desses prováveis doadores, 
gerando um impacto de R$ 6,4 milhões em dois anos. 
O Brasil possui hoje um dos maiores programas público de transplantes de órgãos e 
tecidos do mundo. Com 548 estabelecimentos de saúde e 1.376 equipes médicas autorizados a 
realizar transplantes, o Sistema Nacional de Transplantes está presente em 25 estados do país, 
por meio das Centrais Estaduais de Transplantes. (BRASIL, 2009a, p.01). 
 De acordo com o Ministério da Saúde (2009b), houve uma ampliação de 280% do 
número de unidades habilitadas para a realização de transplantes durante um período de 10 
anos, o que contribuiu para a melhora das estatísticas. 
Em função da demanda crescente, houve um aumento proporcional no número de 
transplantes realizados em todo Brasil e também no mundo. (FONSECA; CARVALHO, 
2005). 
Os dados divulgados recentemente pelo Ministério da Saúde mostram que o número 
de transplantes de órgãos realizados em todo o país, com doador falecido, subiu 24,3% no 
primeiro semestre de 2009 em comparação com o mesmo período de 2008. No primeiro 
semestre de 2008 foram realizados 9.318 transplantes, contra 9.664 cirurgias no mesmo 
período de 2009. (BRASIL, 2009b). 
Porém, Manfro e Fernandes (2001), destacam que o maior obstáculo à realização do 
procedimento no país é a escassez de doadores cadavéricos. 
Nos estudos de Marinho (2006), ele refere que menos 1% dos indivíduos que morrem 
tem morte encefálica antes de apresentar parada cardíaca. No ano de 2008, a taxa de doadores 
no Brasil, era de 7,2 por milhão de população. (BRASIL, 2009b). 
De acordo com dados da ABTO (2010), no primeiro trimestre deste ano o Brasil 
conseguiu atingir a marca de doadores de 10 doadores por milhão de população. 
Roza (2005), afirma que a desproporção existente entre a demanda por órgãos e o 
número de procedimentos é um fator inquestionável. 
No Brasil, de cada oito potenciais doadores, apenas um é notificado e somente 20% 
destes são utilizados como doadores de múltiplos órgãos. Esses potenciais doadores não 
 21 
duram mais que 72 horas. A deterioração dos órgãos passíveis de serem transplantados é 
rápida oscilando entre poucos dias ou até mesmo horas. (MARINHO, 2006). 
 De acordo com o Ministério da Saúde (2009b), o coração e o pulmão retirado do 
doador antes da parada cardíaca e mantido fora do corpo duram por no máximo seis horas, 
enquanto o fígado e o pâncreas podem durar até 24 horas; As Córneas podem retiradas do 
doador até seis horas depois da parada cardíaca e mantidas fora do corpo por até sete dias; 
os Rins retirados do doador até 30 minutos após a parada cardíaca e mantidos fora do corpo 
podem durar até 48 horas; os Ossos retirados até seis horas depois da parada cardíaca podem 
duram até cinco anos. 
As principais causas de não efetivação de potenciais doadores, apontadas são: a falta 
de notificação da ocorrência de morte encefálica, a recusa familiar, parada cardíaca, contra 
indicação médica, problemas logísticos, tais como falta de infra-estrutura hospitalar. (ABTO, 
2003). 
Roza (2005), aponta a falta de notificação dos pacientes em morte encefálica, com um 
dos principais fatoresque limitam a realização dos transplantes. 
A recusa familiar é outra situação que contribui para que o número de doadores seja 
insuficiente para atender à atual demanda por órgãos e tecidos, dessa forma, tem sido 
apontada como um dos fatores responsáveis pela escassez de órgãos e tecidos para 
transplante. (MORAES; MASSAROLLO, 2009). 
 
 
3.2.1 As Filas de Espera 
 
 
Uma vez constatada a necessidade de transplante, o paciente candidato a receptor é 
colocado na fila de espera por um órgão. (MARINHO, 2006). 
 Esse autor relata ainda que a fila para transplantes no SUS para cada órgão ou tecido é 
única, e o atendimento é por ordem de chegada, considerados critérios técnicos, de urgência e 
geográficos específicos para cada órgão. 
Segundo dados do Ministério da Saúde (2009b), no ano de 2008, haviam 58.634 
pessoas estavam na fila de espera por transplantes.em contrapartida no ano de 2009, existiam 
40.110 pessoas à espera por um transplante, o que demonstra uma redução de 
aproximadamente 1,43%. 
 22 
Diante da detecção de um doador efetivo, a central de transplantes é comunicada, pois 
apenas ela tem acesso aos cadastros técnicos com informações de quem está na fila esperando 
um órgão. A distribuição dos órgãos captados deve obedecer além da ordem da lista de 
espera, a compatibilidade entre o doador e o receptor, pois é necessário que haja completa 
compatibilidade clínica entre o órgão doado e o receptor. Por esse motivo, nem sempre o 
primeiro da fila é o próximo a receber o órgão. (BRASIL, 2009a). 
Os potenciais receptores podem escolher o local de realização do transplante, o que os 
coloca na dependência de disponibilidade da equipe médica no momento em que o órgão é 
encontrado. (BRASIL, 2009a). 
De acordo com Marinho (2006), não são divulgados dados oficiais relacionados a taxa 
de mortalidade nas filas, porém sabe-se que uma parcela significativa das pessoas que 
aguardam por um órgão, morrem antes de conseguir um transplante. 
 
 
3.2.2 Estatísticas dos Transplantes de Órgãos 
 
 
Para Marinho (2006), o Brasil é ocupa a segunda posição no ranking mundial em 
número de transplantes realizados, sendo superado somente pelos Estados Unidos, que no ano 
de 2004 realizava 70 transplantes diariamente, e 300 pessoas ingressavam na lista de espera 
por um transplante. 
No Brasil, mais de 90% dos procedimentos de transplantação realizados são 
financiados pelo sistema público de Saúde. (ABTO, 2002). 
No primeiro semestre de 2009, foram realizados 8.192 transplantes no Brasil, sendo 96 
cardíacos, 6.151 córneas, 602 hepáticos, 26 pancreáticos, 22 pulmonar, 1.237 renais. Destes 
8.192, 873 foram realizados no estado de Minas Gerais. (BRASIL, 2010). 
De acordo com o Ministério da Saúde (2010), em contrapartida no mesmo ano, havia 
na fila de espera 305 pessoas a espera por um coração, 23.756 por uma córnea, 4.304 por um 
fígado, 124 por um pâncreas, 161 por um pulmão, 34.640 por um rim e 576 por um 
rim/pâncreas. Totalizando 63.866 aguardando na fila de espera por um órgão ou tecido. 
 
 
 
 
 23 
3.3 Legislação dos Transplantes 
 
 
No Brasil, como na maioria dos países, há uma legislação rigorosa controlando o 
transplante de órgãos e tecidos, sendo que a primeira lei a versar sobre os transplantes no país 
foi a Lei nº 5.479, de 10 de agosto de 1968. (GARCIA, 2006; BRASIL, 2009a). 
De acordo com o Ministério da Saúde (2009a), tal lei posteriormente foi revogada pela 
Lei nº 8.489 de 18 de novembro de 1992, que dispunha sobre a retirada e transplante de 
tecidos, órgãos e partes de cadáver para finalidade terapêutica e científica, mesmo assim, não 
existia uma legislação que contemplasse todos os aspectos envolvidos no processo e que 
regulamentasse de maneira completa a realização desse procedimento. Nesta época, a 
inscrição dos receptores, a retirada e os critérios de distribuição dos órgãos captados eram 
tratados apenas em regulamentações regionais. 
A partir do momento em que os procedimentos relacionados aos transplantes passaram 
a ser financiados por recursos públicos, surgiu-se a necessidade de regulamentar a atividade e 
de definir critérios claros, tecnicamente adequados e socialmente justos para a distribuição 
dos órgãos. (BRASIL, 2006g). 
No ano de 1997, foi sancionada a lei n° 9434 de 4 de Fevereiro de 1997, esta lei dispõe 
sobre a remoção gratuita de órgãos e tecidos do corpo humano, em vida e após mortem para 
fins de transplante e tratamento. Dentre os tecidos a que se refere esta lei, não estão inclusos o 
sangue, o esperma e o óvulo. (BRASIL, 2006c). 
De acordo com as reflexões de Roza (2005), criou-se a partir daí, condições legais 
para um sistema mais igualitário de acesso aos transplantes no país. 
No mesmo ano, a Resolução do Conselho Federal de Medicina n° 1.480, de 8 de 
março de 1997, definiu os critérios para o diagnóstico de morte encefálica, conceituando-a 
como a parada total e irreversível das funções encefálicas, bem como determina a necessidade 
de realização de exames complementares para a confirmação do diagnóstico de morte 
encefálica. (BRASIL, 2006f). 
Em 30 de Junho de 1997, o decreto n°2.268 regulamentou a lei n°9434 de 4 de 
Fevereiro de 1997 e criou o sistema Nacional de Transplantes - SNT, que é responsável por 
desenvolver o processo de captação e distribuição de órgãos e tecidos para fins de transplante. 
(BRASIL, 2006a). 
Esta mesma lei previa a doação presumida, ou seja, todos os indivíduos são doadores, 
salvo aqueles que se declararem não doador de órgãos, tendo a sua opção gravada na carteira 
 24 
de identidade civil ou carteira nacional de habilitação, podendo esta opção ser reformulada a 
qualquer momento. (BRASIL, 2006c). 
No entanto, segundo o Ministério da Saúde (2009a), esta lei não encontrou respaldo na 
sociedade, sendo necessário a criação de uma medida provisória, que foi editada em 24 de 
outubro de 2000, tornando obrigatória a consulta à família para a autorização da doação e 
retirada de órgãos, invalidando a manifestação de vontade do doador, que constava nos 
documentos. 
No mesmo sentido, posteriormente foi sancionada a lei n° 10.211 de 23 de março de 
2001, que alterou os dispositivos da lei n°9434 de 4 de Fevereiro de 1997, que extinguiu a 
doação presumida no Brasil e determinou que a doação com doador cadáver só ocorreria 
mediante a autorização familiar, independente do desejo em vida do potencial doador. 
(BRASIL, 2006b). 
Em seu artigo 9, esta lei estabelece que é permitida a doação de órgãos e partes do 
corpo vivo para fins de transplante em cônjuges ou parentes consangüíneos até o quarto grau, 
ou em outra pessoa mediante autorização judicial. (BRASIL, 2006b). 
Vale ressaltar o inciso 3° do artigo 9 da lei n°9434 de 4 de Fevereiro de 1997, que 
determina que a doação intervivos só é permitida quando se tratar órgãos duplos , de partes de 
órgãos, ou tecidos ou partes do corpo, cuja retirada não prejudique a saúde física e mental do 
doador, sendo comprovada a necessidade indispensável do receptor. (BRASIL, 2006c). 
 
 
3.4 A Política de Transplantes no Brasil 
 
 
 A política Nacional de Transplantes de órgãos e tecidos está fundamentada na 
Legislação (Lei nº 9.434/1997 e Lei nº 10.211/2001), tendo como diretrizes a gratuidade da 
doação, a beneficência em relação aos receptores e não maleficência em relação aos doadores 
vivos. (BRASIL, 2009b). 
Ainda de acordo com o Ministério da Saúde (2009b), esta política estabelece também 
garantias e direitos aos pacientes que necessitam deste procedimento, bem como regula toda a 
rede assistencial através de autorizações e reautorizações de funcionamento de equipes e 
instituições. Toda a política de transplante no Brasil, está em sintonia com as leis que regem o 
funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS). 
 25 
O Sistema único de Saúde financia todos os procedimentos relativos aos transplantes, 
desde os exames para inclusãoem lista de espera até o acompanhamento pós-transplante. 
Fornece toda a medicação imunossupressora, necessária por toda a vida dos pacientes que se 
submetem aos procedimentos. (BRASIL, 2009b). 
Garcia (2006), em seu trabalho sobre a política de transplantes no Brasil, aponta que 
foram empregadas medidas de cunho legal, financeiras, educacionais e organizacionais e que 
foram decisivas para o delineamento de uma política de transplantes no país, impulsionando a 
atividade de transplante. 
Ainda conforme este autor, das medidas legais implementadas, a mais importante foi 
respectivamente, a adequação da legislação que regulamenta os transplantes no Brasil, não 
existindo dessa forma barreiras legais que impeçam a realização do procedimento no país. 
As medidas financeiras, empregadas foram decisivas para a formulação de uma 
política de transplantes para o país, dentre elas destaca-se a criação de um fundo especifico 
para o financiamento dos transplantes. (BRASIL, 2009b; GARCIA, 2006). 
A realização de encontros regionais com os intensivistas realizados no Rio Grande do 
Sul; os encontros periódicos da diretoria da ABTO com os jornalistas, especialistas em 
comunicação e formadores de opinião, caracterizam as medidas educativas. (GARCIA, 2006). 
Esse mesmo autor descreve as principais medidas organizacionais empregadas para a 
formulação da política de transplantes no país, sendo estas: 
 
a criação do SNT que é assessorado pelo Grupo Técnico de Assessoramento (GTA), 
sendo o responsável pela política de transplante no país, possuindo funções 
normativas a nível nacional. O Estado fica com as funções de normatização, 
distribuição e fiscalização em seu âmbito, através da CNCDOs, enquanto a procura 
de doadores é função do hospital, através de seus coordenadores. (GARCIA, 2006, 
P.317). 
 
3.4.1 Sistema Nacional de Transplantes 
 
 
Garcia (2006), relata que a criação do SNT e das Centrais Estaduais de Notificação, 
Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO) foi o primeiro passo no sentido de modificar a 
situação organizacional dos transplantes no país. 
O Ministério da Saúde (2006d), estabelece que o SNT tem como âmbito de atuação as 
atividades de conhecimento de morte encefálica ocorrida em qualquer parte do território 
nacional e a determinação do destino dos tecidos e órgãos captados. Os órgãos integrantes o 
SNT, estão descritos a seguir, conforme estabelece o decreto n°2.268 de 30 de junho de 1997. 
 26 
 Os órgãos que compõe o SNT, são respectivamente: o Ministério da Saúde; as 
secretarias de saúde dos estados, municípios e do distrito federal ou órgãos; os hospitais 
autorizados, bem como a rede de serviços auxiliares necessários a realização dos transplantes. 
(BRASIL, 2006d). 
 
 
3.4.2 Centrais de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos 
 
 
As centrais de notificação, captação e distribuição de órgãos - CNCDOs são as 
unidades executivas das atividades do SNT (BRASIL, 2006d). Suas atribuições são em linhas 
gerais: a inscrição e classificação de potenciais receptores em lista de espera; o recebimento 
de notificações de morte encefálica, o encaminhamento e providências quanto ao transporte 
dos órgãos e tecidos, notificação à Central Nacional dos órgãos não aproveitados no estado 
para o redistribuição dos mesmos para outros estados. (BRASIL, 2006d; BRASIL, 2009a). 
A CNCDO possui de 22 Centrais de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos 
estaduais e oito regionais, cobrindo praticamente todo o território nacional. (MARINHO, 
2006). 
É responsabilidade do coordenador estadual de transplantes, determinar o 
encaminhamento e providenciar o transporte do receptor ideal, respeitando os critérios de 
classificação, exclusão e urgência de cada tipo de órgão que determinam a posição na lista de 
espera. (BRASIL, 2009a). 
Como a atividade das Centrais Estaduais se dá no âmbito estadual e com o 
desenvolvimento e aumento das atividades de transplante no País, surgiu a necessidade da 
criação de uma estrutura que articulasse as ações interestaduais. Assim, em 16 de agosto de 
2000, foi criada a Central Nacional de Transplantes – CNNCDO. (BRASIL, 2009a). 
A Central Nacional articula o trabalho das Centrais Estaduais e providencia os meios 
para as transferências de órgãos entre estados com intuito de suprir as situações de urgência e 
evitar os desperdícios de órgãos, quando estes não podem ser aproveitados no estado de 
origem. (BRASIL, 2009a). 
 
 
 
 
 27 
3.4.3 Grupo Técnico de Assessoramento 
 
 
De acordo com o ministério da saúde (2009a), o GTA - Grupo Técnico de 
Assessoramento foi criado no ano de 1998, coma finalidade de assessorar a Coordenação 
Nacional do SNT no exercício de suas funções. 
Esse Grupo reúne o Coordenador Nacional do SNT, representação das Centrais de 
Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos, de associações nacionais de pacientes 
candidatos a transplante, do Conselho Federal de Medicina (CFM), do Ministério Público 
Federal e da Associação Médica Brasileira. (BRASIL, 2009a). 
A portaria GM n. 3.407, de 5 de Agosto de 1998, seção1, artigo 2, estabelece que o 
GTA, tem como função, propor diretrizes para a política de transplantes e enxertos, propor 
temas de regulamentação complementar, identificar os índices de qualidade para o setor, 
analisar os relatórios com os dados sobre as atividades do SNT e dar parecer sobre os 
processos de cancelamento de autorização de estabelecimentos e equipes de retirada de órgãos 
e realização de transplantes ou enxertos. (BRASIL, 2006d). 
 
 
3.4.4 Comissão Intra-Hospitalar de doação de órgãos e tecidos para Transplantes 
 
 
Com o intuito de incrementar a captação de órgãos e apoiar as atividades da CNCDO, 
foi estabelecida a obrigatoriedade da existência de uma Comissão Intra-Hospitalar de doação 
de órgãos e tecidos para Transplantes (CIHDOTT) nos hospitais com unidade de terapia 
intensiva (UTI) do tipo II ou III, hospitais de referência para urgência e emergência e 
hospitais transplantadores. (BRASIL, 2009a). 
A existência de uma CIHDOTT se faz necessária, para favorecer o processo de 
identificação de possíveis doadores para captação e doação de órgãos, para implementar 
protocolos para realização de testes diagnósticos e comprovar a existência de morte encefálica 
e notificá-la, para sensibilizando a família e reduzindo possíveis obstáculos para a efetivação 
de transplantes no país. (CAPPELLARO et. al, 2009). 
Essa comissão deve ser composta de, no mínimo, três profissionais de nível superior, 
dentre os quais um médico ou um enfermeiro será o coordenador. ( RECH; RODRIGUES 
FILHO, 2007a). Cappellaro e outros (2009, p.4575), complementam que “além de ser uma 
 28 
exigência legal, a participação de trabalhadores capacitados de diferentes áreas na comissão, e 
a atuação de uma equipe multidisciplinar favorece as relações interpessoais do grupo, 
contribuindo para a qualidade do processo”. 
 A Portaria GM n. 905, de 16 de agosto de 2000, Determina a obrigatoriedade da 
constituição de uma comissão intra-hospitalar de doação de órgãos e tecidos para transplante 
em todos os hospitais públicos, privados e filantrópicos com mais de 80 leitos. (RECH; 
RODRIGUES FILHO, 2007a; BRASIL, 2006e). 
 
 
3.4.5 Complexo MG – Transplantes 
 
 
A política de transplantes de órgãos e tecidos no estado de Minas Gerais só foi 
institucionalizada no ano de 1992, através da criação da coordenação estadual de transplantes, 
atualmente essa coordenação e conhecida como complexo MG – Transplantes. (DAIBERT, 
2007). 
Em 1999, o governo de Minas Gerais promoveu a descentralização das atividades de 
notificação, captação e distribuição de órgãos e tecidos através da criação de centrais 
regionais. O complexo MG transplantes estabeleceu uma regionalização para as atividades 
relativas a captação e distribuição de órgãos . Dessa forma cada região do estado conta com 
uma CNCDO. (DAIBERT,2007). 
O Complexo MG Transplantes é composto por centros de notificação, captação e 
distribuição de órgãos no estado, sendo que estes estão localizados em Belo Horizonte, Juiz 
de Fora, montes Claros, Uberlândia, Governador Valadares e Pouso Alegre (MINAS 
GERAIS, 2009). 
 
 
3.5 Processo Doação-Transplante de Órgãos 
 
 
Schelemberg, Andrade e Boing (2007), definem o processo de doação, como todas as 
etapas transcorridas, desde a identificação de um potencial doador até que este seja convertido 
em doador efetivo. 
 29 
Para Moraes e Massarollo (2009), este processo envolve a introdução do conceito de 
doação de órgãos na família, a solicitação da doação, bem como o seu consentimento, a 
identificação e manutenção do potencial doador, a confirmação da morte encefálica, até a 
captação propriamente dita. 
O processo de doação e transplante de órgãos é complexo e sofre influencia de 
diversos fatores, tais como, legislação, treinamento, opinião pública e custos. E essa 
complexidade, onde há vários atores desde a identificação do potencial doador até os cuidados 
pós-operatórios de um transplantado, torna o processo vulnerável a várias adversidades. 
(SCHELEMBERG, 2006; SILVA, 2004). 
De acordo com Santos e Massarollo (2005), esse processo pode ser estressante e 
traumático à família, visto que pode demorar horas ou dias. 
 
 
3.5.1 Detecção do Potencial Doador 
 
 
O processo inicia-se com a detecção de um paciente com Morte Encefálica, o que deve 
respeitar todas as orientações da resolução nº 1.480/97 do CFM, para todos os pacientes com 
suspeita de morte encefálica, independentemente da possibilidade de doação de órgãos. 
(ABTO, 2003). 
A lei n° 9.434, de 4 de Fevereiro de 1997, em seu artigo 13, estabelece que pós o 
diagnóstico de morte encefálica, deve acontecer a notificação às Centrais de Notificação, 
Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDOs). (BRASIL, 2006c). 
Essa notificação é compulsória, independente do desejo familiar de doação ou da 
condição clínica do potencial doador de converter-se em doador efetivo. (ABTO, 2002). 
Santos e Massarollo (2005), conceituam o potencial doador, como o paciente com 
diagnóstico de morte encefálica, no qual tenham sido descartadas contra-indicações clínicas 
que representem riscos aos receptores dos órgãos 
É necessário que haja monitorização permanente nas unidades de terapia intensiva, 
com o objetivo de identificar precocemente pacientes com possível evolução para morte 
encefálica (ME), afim de que os cuidados com o potencial doador iniciem antes da 
degeneração dos órgãos. (RECH; RODRIGUES FILHO, 2007b). 
Dentre as atribuições do intensivista, a principal diz respeito à identificação do 
possível doador, sem o qual não existe doação de órgãos. Diante da confirmação do quadro de 
 30 
morte encefálica e o paciente não tenha nenhuma contra-indicação para a doação, prossegue-
se com o processo de doação, expondo à família do potencial doador a proposta de doação. 
(RECH; RODRIGUES FILHO, 2007b; NOTHEN, 2006). 
 
 
3.5.2 Diagnóstico de Morte Encefálica 
 
 
Com os avanços tecnológicos e científicos, a evolução das técnicas de ressuscitação e 
suporte vital, a atividade cerebral veio definir a vida e a morte do indivíduo, vinculando assim 
a morte a critérios neurológicos, evoluindo para o que conhecemos atualmente como ME. 
(GUETTI; MARQUES, 2008). 
Morte cerebral é uma definição que começou a ser utilizada, na década de 60, nos 
Estados Unidos e na maior parte da Europa, visando facilitar a doação de órgãos e justificar o 
desligamento dos aparelhos. (VARGAS; RAMOS, 2006). 
Estes mesmos autores relatam que é possível sustentar uma pessoa em morte cerebral 
por algumas horas, semanas ou por períodos mais longos de tempo. Devido aos avanços 
tecnológicos, muitas pessoas em ME permanecem com seus corações batendo normalmente, e 
quando este coração pára, ele pode ser reanimado, ou máquinas podem mantê-los 
funcionando. 
A morte encefálica é um processo complexo que altera de forma dramática a fisiologia 
e a bioquímica celulares de todos os sistemas orgânicos. A síndrome clinica da ME produz 
mudanças bruscas na pressão arterial, hipoxemia, hipotermia, coagulopatia, disturbios 
eletrolítico e hormonal. (RECH; RODRIGUES FILHO, 2007b). 
A ME ocorre quando o dano ao encéfalo é tão extenso, que o órgão não tem mais 
capacidade de recuperação e não consegue mais manter o equilíbrio das funções do 
organismo. (MANFRO; FERNANDES, 2001). 
De acordo com Manfro e Fernandes (2001), As causas mais freqüentes da morte 
encefálica são: 
 traumatismo crânio-encefálico (TCE), decorrentes de colisões automobilísticas ou 
agressões; 
 doença cerebrovascular, como o acidente vascular encefálico seja de natureza 
hemorrágico ou isquêmico; 
 Neoplasia intracerebral; 
 31 
No Brasil, o diagnóstico de Morte Encefálica é definido pela Resolução do conselho 
federal de medicina - CFM nº 1480/97, devendo ser registrado, no prontuário em um termo de 
Declaração de Morte Encefálica, descrevendo os elementos do exame neurológico que 
demonstram ausência de reflexos do tronco cerebral, bem como o relatório de um exame 
complementar. (ABTO, 2003). 
O CFM n° 1.480, de 8 de Agosto de 1997, determina que a morte encefálica deverá ser 
conseqüência de processo irreversível e de causa conhecida, e estabelece os parâmetros 
clínicos a serem observados para a constatação do diagnóstico de morte encefálica, sendo 
estes, coma aperceptivo com ausência de atividade motora supra-espinhal a apnéia. (BRASIL, 
2006f). 
Guetti e Marques (2008), afirmam que para a constatação do diagnóstico de ME, 
deverá ser excluída qualquer causa reversível do coma, tais como: intoxicação exógena, uso 
terapêutico de barbitúricos, alterações metabólicas e hipotermia. 
Após tais certificações, o paciente é submetido a dois exames neurológicos que 
avaliem a integridade do tronco cerebral e que demonstrem a ausência de atividade elétrica 
cerebral ou que certifique a ausência de atividade metabólica cerebral e ausência de perfusão 
sanguínea cerebral. (ABTO, 2003). 
O conselho federal de medicina determina que os intervalos entre as duas avaliações 
clínicas necessárias para a caracterização da ME, serão definidos por faixa etária. (BRASIL, 
2006f). 
 
 
3.5.3 Avaliação do Doador 
 
 
Após a confirmação da morte encefálica, inicia-se a etapa de avaliação clínica e 
laboratorial do possível doador visando assegurar ótimas condições de segurança biológica e 
viabilidade dos órgãos passíveis de serem transplantados. (NOTHEN, 2006). 
Segundo D’Império (2007), esta avaliação envolve uma cuidadosa revisão da história 
clinica e social, exame físico com atenção especial à sinais de malignidade, trauma e 
comportamento de risco. 
 Nesta avaliação ”deve se considerar a inexistência de contra-indicações clínicas e 
laboratoriais à doação”. (ABTO, 2002, p.02). 
 32 
Sendo assim, as situações que determinam a contra-indicação absoluta da captação de 
todos os órgãos de um potencial doador são: Portadores de enfermidades infecto-contagiosas 
transmissíveis, como soropositivos para HIV, doença de Chagas, hepatites B e C; Pacientes 
em sepse bacteriana ou em Insuficiência de Múltiplos Órgãos e Sistemas ; Portadores de 
neoplasias malignas, excetuando-se tumor restrito ao sistema nervoso central, carcinoma 
basocelular e carcinoma de cérvix uterino e doenças degenerativas crônicas e com caráter de 
transmissibilidade. (GUETTI; MARQUES, 2008; ABTO, 2002). 
Doadores com critérios alargados, conhecidos como “doadores marginais” podem ser 
utilizados, uma vez determinada a qualidade de órgãos específicos e da urgência médica do 
receptor em transplantar. (VERONESE; CLAUSELL; GONÇALVES, 2001). 
 Para estes autores, os critérios como idade superior a 65 anos e menor que um ano; 
hipertensão arterial severa; diabete melito com diagnóstico recente, hepatite pelo vírusB e C e 
doador e para cardíaca não contra-indicam a doação, mas exigem uma avaliação criteriosa. 
A manutenção do potencial doador deve buscar a estabilidade hemodinâmica, durante 
todas as etapas do processo, garantindo assim a viabilidade e qualidade dos órgãos passíveis 
de doação. (NOTHEN, 2006). 
 
 
3.5.4 Manutenção do Doador 
 
 
Knobel citado por Guetti e Marques (2008) ressalta que o diagnóstico de ME deverá 
ser seguido de manutenção prolongada do corpo através de ventilação mecânica e outras 
medidas que visem a preservação dos órgãos, com a possibilidade de doação de órgãos. 
Um dos grandes obstáculos na manutenção de potenciais doadores consiste em manter 
parâmetros hemodinâmicos estáveis com o propósito de tornar os órgãos viáveis para 
transplante. (BARROS E SILVA, 2008). 
O cuidado de um potencial doador de órgãos e tecidos representa a perspectiva de 
beneficio a no mínimo nove pessoas, com a efetivação otimizada desse processo. Manter o 
doador em boa condição hemodinâmica possibilitara a doação e preservação do enxerto em 
curto, médio e longo prazo. (FAGIOLI; BOTONI, 2009). 
Um potencial doador poderá beneficiar, através de seus órgãos e tecidos para 
transplantes, mais de 10 pacientes, mas para isso seja possível, é necessário garantir uma 
 33 
adequada preservação dos órgãos, bem como sua viabilidade até o momento da extração. 
(GUETTI; MARQUES, 2008). 
De acordo com os estudos de Guetti e Marques (2008), a ME é um processo complexo 
que altera a fisiologia de todos os sistemas orgânicos, culminando em alterações de ordem 
cardiovascular, pulmonar, endócrina, hepática, térmica e da coagulação. 
 
 
3.5.4.1 Cuidados com o potencial doador 
 
 
 A assistência oferecida ao doador de múltiplos órgãos deve ser realizada 
preferencialmente em uma UTI, pois requer uma vigilância constante por profissionais 
capacitados no manejo de doentes críticos. (BARROS E SILVA, 2008). 
Veronese, Clausell e Gonçalves (2001), ressaltam que devem ser avaliados os sinais 
vitais, a saturação de O2, sangramentos, deformidades, débito urinário, bem como história 
clínica de hipertensão arterial, diabetes, dentre outras doenças crônicas, neoplasias, infecções 
transmissíveis e traumatismos aspiração de secreções endotraqueais devem ser aspiradas. 
Os cuidados específicos incluem a garantia de acessos venosos, o tratamento da 
hipotensão através da reposição volêmica de soluções colóides e cristalóides, monitoração da 
ventilação, controle da hipotermia, reposição de eletrólitos, antibióticoterapia profilática e 
correção da hiperglicemia com o uso de insulina regular. (ABTO, 2003). 
 
 
3.5.5 A Entrevista e o Consentimento Familiar 
 
 
Em nosso país, a lei N° 10.211 de 23 de março de 2001, em seu artigo 4° estabelece 
que a retirada de órgãos e tecidos de pessoas falecidas para fins de transplante, só acontecerá, 
mediante a autorização da família, ou seja, dependerá da autorização do cônjuge ou parente, 
maior de idade, obedecida à linha sucessória, reta ou colateral, até o segundo grau, sendo 
firmada em documento assinado por duas testemunhas presentes à verificação da morte. 
(BRASIL, 2006b). 
As reflexões de Rech e Rodrigues Filho (2007a), apontam que o melhor momento para 
a abordagem familiar sobre doação de órgãos é após a notícia da morte encefálica. 
 34 
Primeiramente, o médico intensivista informa a família sobre o diagnóstico de morte 
encefálica e o seu significado, permitindo que ela expresse suas dúvidas, esclarecendo-as. 
Depois de passado algum tempo, uma nova equipe, que não participou do tratamento do 
paciente, faz a solicitação de doação de múltiplos órgãos. (MARKS; WAGNER; PEARSON 
apud RECH; RODRIGUES FILHO, 2007a). 
A abordagem da família deverá ser feita por uma profissional capacitado para tal, seja 
ele médico, enfermeiro, psicólogo ou assistente social, desde que esse profissional não faça 
parte da equipe que atendeu o paciente durante sua internação hospitalar. (RECH; 
RODRIGUES FILHO, 2007a). 
 A entrevista deve ser realizada em local apropriado, longe do doador, com todo o 
conforto possível onde a família se sinta segura e acolhida. (BARROS E SILVA, 2008). 
Segundo as reflexões de Barros e Silva (2008), a família do doador precisa ser 
informada e esclarecida sobre todo o processo de doação e suas implicações, para que possa 
tomar a decisão com coerência. Todas as informações devem ser fornecidas as famílias de 
forma clara e objetiva, antes de se introduzir a possibilidade doação de órgãos para 
transplantes. 
Ainda de acordo com esse autor, a família pode se manifestar de imediato, ou pedir 
um tempo para pensar, ou consultar outras pessoas do convívio do doador. Quando a família é 
contrária à doação, os motivos de recusa são apresentados ao profissional da comissão intra-
hospitalar e o caso é encerrado junto a CNCDO. 
Todas as etapas do processo de doação e seus tempos devem ser explicados à família 
do doador. A família deverá ser esclarecida da possibilidade de alguns órgãos não poderem 
ser doados. A decisão de doar pode ser anulada a qualquer momento, mesmo após a assinatura 
do termo de consentimento. (RECH; RODRIGUES FILHO, 2007a). 
 
 
3.5.6 Extração de Órgãos e Tecidos 
 
 
Um único doador com diagnóstico de morte encefálica pode doar órgãos e tecidos 
como: coração, pulmões, fígado, pâncreas, rins, valvas do coração, olhos, pele, ossos, tendões, 
cartilagem veias e artérias. (BARROS E SILVA, 2008). 
 35 
Segundo o Ministério da Saúde (2006d), a Portaria GM n° 3.407, de 5 de agosto de 
1998, estabelece que para a realização da retirada de órgãos e tecidos, o estabelecimento 
devera dispor de: 
 Uma equipe cirúrgica com permissão para realizar o procedimento de retirada de 
órgãos, com disponibilidade para realizá-lo a qualquer momento do dia; 
 Meios diagnósticos que possibilitem a comprovação da ME, conforme os parâmetros 
estabelecidos pelo Conselho Federal de Medicina; 
 Laboratórios equipados, com capacidade para realizar os exames que se fizerem 
necessários; 
 UTI; 
 Infra-estrutura hospitalar geral. 
 A captação dos órgãos deverá ocorrer no hospital em que o doador está internado, 
posteriormente, as equipes de retirada dirigem-se para seus hospitais de origem para 
realizarem a transplantação. (ABTO, 2003). 
 De acordo com o decreto n. 2. 268, de 30 de junho de 1997, caberá a CNCDO, de 
acordo com as informações que lhe são transmitidas pela equipe de retirada, indicar o destino 
dos órgãos, tecidos e partes captadas, em observância a ordem dos receptores inscritos na 
lista, com compatibilidade para recebê-los. (BRASIL, 2006a). 
 De acordo com esse mesmo decreto, o procedimento de transplante só poderá 
realizado mediante a realização no doador, de todos os testes que garantam a integridade dos 
órgãos a serem transplantados, bem como o consentimento expresso do receptor, após o 
devido esclarecimento sobre a excepcionalidade e os riscos do procedimento. (BRASIL, 
2006a). 
 Após a retirada dos órgãos e tecidos, o corpo do doador deverá ser entregue à família 
devidamente recomposto, sendo fornecida a família toda orientação que se fizer necessária. 
(ABTO, 2003). 
 A prefeitura da cidade de São Paulo oferece as famílias doadoras um auxílio funerário, 
após a doação de órgãos, sendo este apontado como aspecto positivo, pois ajuda a família com 
as despesas do funeral. (SANTOS; MASSAROLLO, 2005). 
 
 
 
 
 
 36 
4 METODOLOGIA 
 
 
4.1 Tipo de Estudo 
 
 
O presente trabalho trata-se de um estudo de campo, analítico e de abordagem 
quantitativa, para a análise do conhecimento da população da cidade de Paracatu-MG em 
relação à doação de órgãos para transplantes. Foi realizada junto a população paracatuense 
com idade entre 20-39 anos. 
De acordo com Lakatos e Marconi (2006), a abordagem quantitativa é aquela que 
emprega métodos estatísticos e transforma em números as opiniões e informaçõespara que 
sejam analisados e classificados. 
 
 
4.2 Delimitação do Público Alvo 
 
 
A amostra se constituiu de 378 pessoas com idade entre 20 e 39 anos selecionadas 
aleatoriamente dentre uma população de 27.844 pessoas jovens com a faixa etária definida 
para o estudo. 
Devido a impossibilidade de se trabalhar com o universo total da população descrita 
acima foi realizado um calculo estatístico para delimitação da amostra a ser estudada. 
A amostragem foi obtida através da teoria de dimensionamento da amostra proposta 
por Fonseca e Martins (2006) sendo a variável do estudo nominal/ordinal e identificando a 
população como finita, aplicando-se a seguinte formula: 
n= ___z² . p. q. N __ 
 d² (N-1)+ Z². p. q 
Sendo: 
n = amostragem 
Z= abscissa da normal padrão, fixado um nível de confiança; (Z= 1,96, onde o nível é 
de 95%) 
d = erro amostral; (5%) 
p = estimativa da proporção; (50%, expresso em decimais: 0,5) 
 37 
q= 1- p 
N= tamanho da população; (N=27.884) 
 
 
4.3 Local do estudo 
 
 
O estudo será realizado no município de Paracatu-MG, abrangendo toda a cidade. 
 
 
4.4 Instrumento utilizado 
 
 
Os dados foram obtidos através de uma entrevista estruturada, utilizando um 
questionário com 15 perguntas fechadas. 
Na entrevista padronizada o pesquisador segue um roteiro previamente estabelecido, 
as perguntas feitas ao indivíduo são predeterminadas. (LAKATOS; MARCONI, 2006). 
 
 
4.5 Aspectos éticos envolvidos na pesquisa 
 
 
 O estudo foi embasado na Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, que 
regulamenta as diretrizes e normas de pesquisas envolvendo seres humanos, respeitando todos 
os aspectos éticos. (BRASIL, 1996). 
 As informações foram coletadas, mediante a assinatura do termo de consentimento 
livre e esclarecido, em conformidade com a resolução 196. Os participantes foram 
esclarecidos quanto aos objetivos e finalidade deste trabalho e de que a participação é de livre 
e espontânea vontade, podendo se retirar do estudo no momento em que desejar, sendo as 
informações sigilosas. 
 
 
 
 
 38 
4.6 Desenvolvimento do estudo 
 
 
Inicialmente foi enviado ao secretário municipal de Saúde Euripedes Tobias, um 
Oficio (ANEXO A), solicitando a autorização para coleta de dados para elaboração do 
trabalho de conclusão de curso. Mediante sua aprovação, este documento foi apresentado à 
enfermeira responsável pelo serviço de saúde. 
As entrevistas foram realizadas na sala de espera da clínica da mulher e da criança de 
Paracatu-MG durante um período de 30 dias, o restante das entrevistas foram realizadas nos 
domicílios nos períodos matutino e vespertino nos meses de abril e maio de 2010. 
Os dados provenientes das entrevistas foram computados e digitados em uma 
planilha do Programa Microsoft Excel. Os resultados obtidos foram apresentados em forma de 
gráficos e tabelas. 
Após o processamento dos dados, foi realizada a discussão dos resultados a luz do 
referencial teórico e a posterior conclusão do trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 39 
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
 
 
TABELA 1: CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGRAFICAS DA POPULAÇÃO DE PARACATU 
 Fonte: Dados coletados pela acadêmica de Enfermagem Maria de Lourdes Silva, Paracatu, Abril-
Maio de 2010. 
 
Das 378 pessoas entrevistadas, 41% tinham idade entre 20 e 27 anos, 29% entre 28 
a23 e 30% entre 33 a 39 anos. Quanto ao sexo, 21% eram do sexo masculino e 79% feminino. 
52% dos entrevistados eram solteiros, 33% casados, 4% divorciados, 1% eram viúvos e 4% 
tinham outros tipos de relacionamento. 
No quesito religião, 68% dos entrevistados era católicos, 22% eram evangélicos, 3% 
se denominaram agnósticos, 3 % espíritas e 4% pertenciam a outros tipos de religião. 
 
 Variável N % 
 
 
Idade 
 
 
20 a 27 
28 a 32 
33 a 39 
 
 
154 
109 
115 
 
 
81 
297 
 
 
197 
126 
16 
2 
37 
 
 
258 
82 
10 
11 
17 
 
 
41% 
29% 
30% 
 
 
21 % 
79% 
 
 
52% 
33% 
4% 
1% 
10% 
 
 
68% 
22% 
3% 
3% 
4% 
 
 
Sexo 
 
 
Masculino 
Feminino 
 
 
 
Estado civil 
 
 
 
Solteiro 
Casado 
Divorciado 
Viúvo 
Outros 
 
 
 
Religião 
 
 
Católico 
Evangélico 
Agnóstico 
Espírita 
Outros 
 
 40 
 
TABELA 2: CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGRAFICAS DA POPULAÇÃO DE PARACATU 
 Fonte: Dados coletados pela acadêmica de Enfermagem Maria de Lourdes Silva, Paracatu, Abril-Maio de 
2010. 
 
Dos entrevistados, 45% possuíam renda familiar de apenas 1 salário mínimo, 3% 
enquanto 37 % tinham rendimento de 2 a 3 salários, e apenas 7% relataram ter renda acima de 
4 salários mínimos.6% não souberam informar o rendimento da família, e 5% declararam não 
ter rendimento. 
Quanto a variável escolaridade, percebe-se que apenas 1% dos entrevistados eram 
analfabetos, 37% cursaram o 1° grau incompleto, 10% têm o 1° grau completo, 32% cursaram 
o 2° grau completo, 10% têm o 2° grau completo e 10% possuem o ensino superior. 
 
33%
67%
sim 
não
 
 GRÁFICO 1: DISTRIBUIÇÃO DOS ENTREVISTADOS, SEGUNDO A INFORMAÇÃO RECEBIDA 
SOBRE A DOAÇÃO DE ÓRGÃOS. 
FONTE: Dados coletados pela acadêmica de enfermagem Maria de Lourdes Silva. Paracatu, Abril - Maio 
de 2010. 
 Variável N % 
 
 
Rendimento 
Familiar 
 
 
 
 
1 salário mínimo 
2 a 3 salários 
Acima de 4 salários 
Não sabe 
Sem rendimento 
 
 
171 
138 
25 
24 
20 
 
 
3 
143 
37 
121 
36 
38 
 
 
45% 
37% 
7% 
6% 
5% 
 
 
1% 
37% 
10% 
32% 
10% 
10% 
 
 
 
 
Escolaridade 
 
 
Analfabeto 
1° grau Incompleto 
1°grau completo 
2° grau incompleto 
2° grau Completo 
Superior 
 41 
Dentre as 378 pessoas entrevistadas, 67%, relataram já ter recebido algum tipo de 
informação sobre a doação de órgãos enquanto 33% disseram que nunca tiveram acesso a 
nenhum tipo de informação sobre esse assunto. 
Diante do resultado percebe-se que a população paracatuense tem acesso à informação 
sobre a doação de órgãos, o que é um fator positivo e muito importante para a promoção da 
doação de órgãos e tecidos. 
 
82%
14%
4%
 TV, rádio, jornal etc.
através de amigos ou
profissionais de saúde
 campanhas educativas em
escolas
 
GRÁFICO 2: DISTRIBUIÇÃO SEGUNDO A FONTE DE INFORMAÇÃO REFERENTE A DOAÇÃO DE 
ÓRGÃOS 
FONTE: Dados coletados pela acadêmica de enfermagem Maria de Lourdes Silva. Paracatu, Abril - Maio 
de 2010. 
 
Diante do exposto, nota-se que das 255 pessoas que relataram já terem recebido algum 
tipo de informação sobre doação de órgãos (gráfico 1), destes 82% apontam com principal 
fonte de informação os meios de comunicação como a TV, rádio, jornal e outros meios de 
comunicação, 14% adquiriram informação através de amigos ou profissionais de saúde e 4% 
através de campanhas educativas realizadas em escolas. 
A maioria da população recebe informações sobre transplante de órgãos através da 
televisão, rádio, jornais, revistas, uma pequena parcela é influenciada por familiares, amigos, 
profissionais da saúde e campanhas educativas. (EVERS; FAREWELL; HALLORAN apud 
TRAIBER; LOPES, 2006). 
Para muitas famílias brasileiras, a mídia representa o único meio de acesso à 
informação sobre doação de órgãos. (MORAES; MASSAROLLO, 2009). 
O esclarecimento da população, sobre os processos que norteiam a doação de órgãos e 
tecidos em nosso país é crucial para a modificação da atual situação dos transplantes de 
órgãos no Brasil. 
 42 
A desproporção entre o número de pacientes em lista de espera e o número de doações 
de órgãos para transplantes no Brasil, só poderá ser solucionado do através de um intenso 
esforço de educação de toda a sociedade. (ADOTE, 2009). 
Conesa e Ramirez citado por Traiber e Lopes (2006), descrevem que quandoa 
população adquire conhecimento, ela se torna capaz de abrir discussões sobre o tema, 
tornando-se dessa forma, peça fundamental na promoção da doação de órgãos, através da 
disseminação de informação. 
 
56%
20%
24%
sim
não
não sabe
 
GRÁFICO 3: DISTRIBUIÇÃO DOS ENTREVISTADOS, SEGUNDO A INTENÇÃO DE DOAR OS 
ÓRGÃOS DE UM FAMILIAR 
FONTE: Dados coletados pela acadêmica de enfermagem Maria de Lourdes Silva. Paracatu, Abril - Maio 
de 2010. 
 
Quando questionados sobre a autorização da doação de órgãos de um membro da 
família, 56% dos entrevistados responderam que autorizariam sim a doação de órgãos de um 
membro da família, 20% não autorizariam a doação e 24% não sabe, porque nunca pararam 
para pensar sobre o assunto. 
 
 
 
 43 
27%
71%
2%
sim
não 
não se lembra
 
GRÁFICO 4: DISTRIBUIÇÃO DOS ENTREVISTADOS SEGUNDO A INTRODUÇÃO DE UMA 
DISCUSSÃO FAMILIAR SOBRE A DOAÇÃO DE ÓRGÃOS. 
FONTE: Dados coletados pela acadêmica de enfermagem Maria de Lourdes Silva. Paracatu, Abril - Maio 
de 2010. 
 
 Dentre os entrevistados apenas 27% já comunicaram a sua família a sua decisão em 
relação à doação de órgãos, 71% nunca falaram sobre esse assunto com seus familiares e 2% 
não se lembram de já terem discutido este assunto em família. 
 Visto que a doação de órgãos no Brasil depende única e exclusivamente da autorização 
da família, é muito importante que as pessoas comuniquem a família sobre o destino de seus 
órgãos após a morte. 
 Desta forma, é muito positivo para a doação de órgãos que a maioria dos entrevistados 
já tenha discutido a sua opinião sobre doação com seus familiares. (COELHO, et. al, 2007). 
 De acordo com Rech e Rodrigues Filho (2007a), a maioria das pessoas não toma a 
decisão de ser um doador em vida e mesmo aqueles que o fazem não compartilham tal 
decisão com a família, o que acaba se tornando um empecilho à doação de órgãos. 
 
 
 
 44 
61%17%
22%
sim
não
indeciso
 
GRÁFICO 5: DISTRIBUIÇÃO , SEGUNDO A INTENÇÃO DE DOAR SEUS ÓRGÃOS APÓS A MORTE. 
FONTE: Dados coletados pela acadêmica de enfermagem Maria de Lourdes Silva. Paracatu, Abril - Maio 
de 2010. 
 
Quanto ao desejo de destinar seus órgãos a salvar vidas após a sua morte 61% 
responderam que tem intenção de doar, 17% disseram que não autorizaria a família a doar 
seus órgãos e 22% ficaram indecisas, pois nunca pararam para pensar no assunto. 
Percebe-se que a maioria da população tem uma atitude positiva em relação à doação 
como mostra o (gráfico 3). Boa parte da população entrevistada ainda não tem opinião 
formada sobre a doação de órgãos. 
Os achados desta pesquisa condizem com as taxas apontadas por Rech e Rodrigues 
Filho (2007a), onde eles colocam que nos Estados Unidos mais de 65% do público é 
favorável à doação e doaria seus próprios órgãos. 
 
25%
43%
32%
sim
não
indeciso
 
GRÁFICO 6: DISTRIBUIÇÃO SEGUNDO A INTENÇÃO DE DOAR OS ÓRGÃOS DE UM MEMBRO DA 
FAMÍLIA QUE NÃO MANIFESTOU EM VIDA O DESEJO DE SER DOADOR. 
FONTE: Dados coletados pela acadêmica de enfermagem Maria de Lourdes Silva. Paracatu, Abril - Maio 
de 2010. 
 
 45 
Dos entrevistados 25% autorizariam a doação de órgãos de um parente em morte 
encefálica que não tivesse manifestado em vida o desejo de ser doador, 43% não autorizaria a 
doação sem o prévio conhecimento do desejo do seu familiar e32% se declararam indecisos 
diante de tal situação. 
Rech e Rodrigues Filho (2007a), destacam o desconhecimento do desejo do familiar 
sobre doação de órgãos, como uma das principais razões declaradas pelas famílias não-
doadoras. 
De acordo com Santos e Massarollo (2005), esse desconhecimento é decorrente da 
inexistência de diálogo sobre o assunto dentro das famílias. 
Como visto anteriormente no (gráfico 4), maioria das pessoas não comunicam a 
família a sua decisão de ser um doador. Quando a família conhece o desejo de seu familiar em 
relação ao destino de seus órgãos a tomada de decisão se torna mais fácil, ao passo que o seu 
desconhecimento dificulta a tomada de decisão e está associado a maiores taxas de negativa. 
 
69%
7%
1%
10%
13%
ajudar as pessoas
reaproveitamento dos órgãos
motivos religiosos
necessidade social de doação
outros
 
 GRÁFICO 7: DISTRIBUIÇÃO DOS PRINCIPAIS MOTIVOS QUE LEVARIAM OS ENTREVISTADOS A 
DOAREM SEUS ÓRGÃOS. 
FONTE: Dados coletados pela acadêmica de enfermagem Maria de Lourdes Silva. Paracatu, Abril - Maio 
de 2010. 
 
Os principais motivos que levariam as pessoas a doarem seus órgãos após a morte 
apontados foram: ajudar as pessoas 69%, reaproveitamento dos órgãos 7%, motivos 
religiosos1% , necessidade social de doação10% e outros motivos 13%. 
A partir daí, pode-se concluir que o desejo de ajudar ao próximo é o principal fator 
que influencia a decisão de se tornar um doador, pois as pessoas têm um sentimento de 
solidariedade, sem esperar nada em troca, vendo aqueles de opinião contrária como egoístas. 
Bendassolli (2001), afirma que a opção por ser um doador, está ligada a diretivas que 
colocam especial importância na ajuda, no auxílio social e na solidariedade. Além de ajudar 
ao próximo, a intenção é manter a vida, e prolongá-la ao máximo. 
 46 
De acordo com o estudo realizado por Coelho e colaboradores (2007), os principais 
motivos pelos quais as pessoas doariam seus órgãos foram respectivamente: salvar vida, 
ajudar o próximo e doar vida. 
 
12%
26%
7%
45%
10%
religião
falta de confiança no sistema de
saúde brasileiro
mutilação do corpo
medo relacionado a erro no
diagnóstico de morte
outros
 
GRÁFICO 8: DISTRIBUIÇÃO , DOS FATORES APONTADOS COMO PRINCIPAL MOTIVO DE RECUSA 
A DOAÇÃO DE ÓRGÃOS. 
FONTE: Dados coletados pela acadêmica de enfermagem Maria de Lourdes Silva. Paracatu, Abril - Maio 
de 2010. 
 
Na opinião dos entrevistados, a respeito dos motivos que levam as pessoas a não 
doarem seus órgãos, maioria 45% acredita que o medo relacionado ao erro no diagnóstico de 
morte seja o principal motivo de recusa, 26% atribui à recusa a doação de órgãos a falta de 
confiança no sistema de saúde brasileiro, 12% a religião, 7% a mutilação do corpo decorrente 
da remoção dos órgãos, e 10% outros motivos. 
A resistência à doação de órgãos provindos de doadores cadavéricos se deve à falta de 
informação sobre o problema, incertezas religiosas, falta de confiança na medicina, 
hostilidade às novas idéias e desinformação. (CANTAROVICH apud COELHO, et. al, 2007). 
No presente estudo, o principal fator contribuinte para a resistência a doação de órgãos 
e tecidos foi o medo relacionado à possibilidade de erro no diagnóstico de morte encefálica. 
A falta de compreensão do diagnóstico de morte encefálica é o principal fator 
dificultante para a doação de órgãos e tecidos, pois é muito difícil aceitar que uma pessoa que 
ainda está quente, respirando e com o coração batendo com ajuda de aparelhos esteja morta. 
(MORAES; MASSAROLLO, 2009). 
Na pesquisa realizada com estudantes de enfermagem em São Paulo, demonstrou que 
o medo de um falso diagnóstico de morte encefálica é uma das várias razões para que as 
pessoas sejam contrarias a doação. (MORAES; GALLANI; MENEGHIN, 2006). 
 47 
69%
11%
20%
conversaria com seus familiares
entraria em contato com a
central de transplantes
não sabe
 
GRÁFICO 9: DISTRIBUIÇÃO DA CONDUTA A SER ADOTADA DIANTE DA DECISÃO DE SE 
TORNAR UM DOADOR. 
FONTE: Dados coletados pela acadêmica de enfermagem Maria de Lourdes Silva. Paracatu, Abril - Maio 
de 2010. 
 
Quando questionados sobre a conduta a ser adotada diante a decisão de se tornar um 
doador de órgãos, 69% responderam que conversaria com a família, 11% entraria em contato 
com a central de transplantes e 20% não sabem qual deve ser a conduta nesta situação. 
Torna-se interessante a comparação com o (gráfico 4), visto que 71% declararam 
nunca ter discutido sobre doação de órgãos, enquanto que 69% apontaram a discussão 
familiar como a atitude correta a

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