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PETIÇÃO INICIAL COSME COSTA GUIMARÃES


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Kennedy Martins
Advogado OAB /PA 23161
Advocacia e Consultoria Jurídica
EXCELENTÍSSIMO SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ DO TRABALHO DA VARA___ DO TRABALHO DA COMARCA DE SANTA IZABEL DO PARÁ – PARÁ
a quem está por distribuição couber.
COSME COSTA GUIMARÃES, brasileiro, solteiro, inscrito no CPF/PA sob o nº 211.630.732-53, RG. 2573174, residente e domiciliado na rua João Macedo, n° 777, Jardim Mirai, Santa Izabel do Pará, CEP 68790-000.
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
Em desfavor de MDM PROJETOS E CONSTRUÇÕES - EIRELI Pessoa Jurídica de Direito Privado, inscrita no CNPJ 19.313.937/0001-45, podendo ser notificado na rua Ministro Raphael De Barros Monteiro, nº 55 ANDAR 1 SALA 02, Barueri - SP, CEP: 06410-080.
I - DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA.
 O requerente é pessoa pobre na acepção jurídica do termo, não tendo condições de arcar com as custas do processo sem prejuízo do próprio sustento bem como de sua família. Muito pelo contrário. Socorre-se do Poder Judiciário para pleitear indenização por acidente que ceifou tragicamente a vida de seu jovem esposo que era arrimo de família, conforme Certidão de Óbito (documento anexo). Prova sua hipossuficiência, a declaração de hipossuficiência ora juntada nos termos do artigo 4º, da Lei 1060/50 e da declaração de isenção de Imposto de Renda Pessoa Física, 2015/2016. Logo, pleiteia a medida como forma de acesso à Justiça nos termos do art. 5º, incisos XXXV e LXXIV, da Constituição Federal/1988.
II - DOS FATOS.
1 - A parte requerente foi admitida na empresa MDM PROJETOS E CONSTRUÇÕES no dia 24/06/2019, contratado para exercer a função de pedreiro, ficando responsável por; Reboco, revestimento, piso dentre outras atividades inerentes a função, com a promessa de receber quinzenalmente o importe de R$ 1.050,00, laborando de segunda a sexta, das 7:00h (sete) as 17:00h (dezessete), intervalo para almoço de 1 hora (uma) das 12:00h – 13:00h (dose as treze).
 
2 - A empresa em questão, agindo com negligencia, não disponibiliza aos funcionários os equipamentos de proteção individuais (EPI), como previsto na Lei n.º 6.514/77, CLT, quais sejam, Abafador de Ruído, Avental de Raspa, Capacete de Segurança, Calçado de Segurança, Cinto de Segurança, Luvas de Raspa, Máscara Filtradora, Óculos de Proteção, Protetor Facial, Uniforme Profissional, ao invés disso a reclamada passa essa responsabilidade aos funcionários. Ademais, o local em que o reclamante presta serviços não conta com água potável e gelada, o que faz com que o peticionante compre gelo, e se desloque por 950m (Novecentos e cinquenta metros), até a rua Av. Manoel de Sousa Leal, para pegar água em uma torneira, e ainda por não contar com banheiro para as necessidades fisiológicas no local de trabalho, o requerente é obrigado a retornar para sua residência sujo de cimento, ensejando em alguns problemas de saúde, como alergias, frieiras, e coceiras no nariz decorrentes do contato com o mesmo. (Seguem fotos abaixo da ausência de EPI).
 
 
Segue abaixo foto da torneira onde o requerente buscava água (Fonte: Street View, by google)
3 – As atividades laborativas exercidas pela parte autora perduraram até o dia 11 de novembro de 2019, e durante esse período o ora peticionante nunca chegou a receber seu salário por completo, contrariando o que foi acordado entre as partes, uma vez que ficou claro que a parte autora receberia por quinzena o equivalente a R$1.050,00 (Mil e Cinquenta Reais) que se refere a metade do salário total do reclamante, que é de R$2.100,00 (Dois Mil e Cem Reais). Acontece que a reclamada efetuava os pagamentos com variações, tendo como moda o valor de R$560,00 (Quinhentos e Sessenta Reais) que ao longo de 5 meses, acumulou um saldo de salário no valor estipulado de R$4.710,00 (Quatro Mil Setecentos e Dez Reais). Excelência, o valor do saldo salário da parte autora corresponde a 0,531% do valor da obra (Anexo), que é de R$ 885.465,02 (Oitocentos e oitenta e cinco mil quatrocentos e sessenta e cinco, Reais e Dois Centavos). Segue abaixo tabela ilustrativa:
Segue abaixo valor da obra:
A reclamada alegava ao requerente que pagaria o que lhe falta na próxima quinzena, entretanto tal pagamento nunca foi positivado, causando prejuízos a parte requerente, uma vez que o mesmo era obrigado a recorrer a “bicos” (sábados e domingos) para poder manter sua subsistência e de sua família. Excelência, ressalta-se ainda que como se não bastasse o pagamento parcial do salário, o peticionante não recebia quaisquer tipos de recibo de pagamento. Segue abaixo Caput do Art. 464 da CLT:
“Art. 464 - O pagamento do salário deverá ser efetuado contra recibo, assinado pelo empregado; em se tratando de analfabeto, mediante sua impressão digital, ou, não sendo esta possível, a seu rogo.”
Outrossim, o reclamante era obrigado a assinar uma folha de papel em branco, sem uma data especifica, podendo ser dias antes ou depois do pagamento que era realizado pelo encarregado da obra Sr. Jordão. Quando a parte autora questionava acerca do porquê assinar a mesma, sempre obtinha a mesma resposta, que segue abaixo;
“Cala a boca e assina, não tô pedindo pra tu fazer perguntas, certo?” Fala do encarregado Jordão
III - DO DIREITO.
1. DO RECONHECIMENTO DO VINCULO EMPREGATICIO/ ANOTAÇÃO DA CTPS
O contrato de trabalho nunca fora anotado na CTPS do Reclamante, embora o mesmo preencha os requisitos da CLT, sejam eles, Habitualidade, Subordinação e remuneração, uma vez que o requerente cumpre uma carga horaria semanal de labor, prestando serviços como pedreiro de maneira subordinada em relação a requerida, e mediante remuneração, desde junho de 2019 até 11 de novembro, deixando claro os requisitos do Art. 3° da CLT.
Art. 3°, CLT - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.
Destarte, deve a empresa ser condenada a proceder a anotação de todo o vínculo empregatício ao reclamante na função de Pedreiro, e salário de R$2.100,00 e, não o fazendo, que seja efetuado pela Secretaria da Vara, como dispõe o artigo 39, § 1º e § 2º, da CLT, penalizando-se o Reclamado nos termos legais.
No mais, registre-se que é um direito fundamental do trabalhador ver o contrato de emprego registrado na CTPS, tanto assim o é que o art. 29, da CLT, determina que o registro seja feito no exíguo prazo de 48 horas, após a admissão do trabalhador.
2. DA INVERSÃO DO ÕNUS DA PROVA
É cediço que, hodiernamente, vige o princípio da aptidão da prova, ou seja, o onus probandi é de quem possui condições de cumpri-lo.
Destaque-se ainda que inversão do ônus da prova é possível no processo do trabalho por aplicação subsidiária do artigo 6º, VIII do CDC, desde que, concomitantemente, presentes os elementos da verossimilhança das alegações e da hipossuficiência da parte, e os meios de prova necessários estejam na posse do empregador.
Assim, o reclamante requer a inversão do ônus da prova, devido a sua hipossuficiência em face do poder econômico da reclamada e por esta se encontrar em posse de todos os documentos do reclamante, que comprovam os fatos alegados, câmeras de segurança, pontos eletrônicos, atestados de saúde ocupacional, etc.
3. DO DANO MORAL
Por se tratar de uma obra municipal (Mercado Municipal de Santa Izabel-PA) que custou R$ 885.465,02 (Oitocentos e oitenta e cinco mil quatrocentos e sessenta e cinco, Reais e Dois Centavos), e que já conta com um atraso no cronograma de mais de 1 (um) ano, a parte requerente vivia sob pressão psicológica, do secretário de obras do município (PEDRO PAULO), que vez ou outra visitava o local da obra, sempre fazendo cobranças excessivas a todos os funcionários de modo a inferiorizar os mesmo, menosprezando os feitos realizados por estes. Ressalta-se também que o responsável da empresa (Encarregado JORDAN), de maneira repetitiva e intencional, solta frases com tom de agressividade como:
 “Tu tá recebendo pra trabalhar, agiliza isso rapaz a gente tem que entregar o quanto antes essa obra! Eu não quero saber de descanso não ouviu? Pra colocar outrono teu lugar é fácil” - Fala do encarregado Jordan
Sendo demasiadamente cobrado de modo a produzir o resultado de imediato que ao longo do tempo, vem causando um abalo emocional no requerente uma vez que exerce suas funções de forma demasiada, agravado pelo não pagamento na data firmada. Outrossim, a parte autora vem presenciando atitudes de opressão no local de trabalho, onde o mesmo já testemunhou o responsável da empresa (Encarregado JORDAN) pegar um pedaço de Ripa de madeira e ameaçar agredir um companheiro de trabalho, uma vez que o mesmo teria questionado a demora no pagamento dos salários.
O peticionante já chegou a ligar para o engenheiro da obra o Sr. EULER, e acabou surpreso, pois foi atendido com tom de raiva e escutou do mesmo o que segue abaixo:
“Escuta aqui, eu não quero que tu me ligue mais certo? O pagamento vai ser na data que eu quiser, ta insatisfeito? Procura teus direitos, mas eu vou logo avisando que tu vai perder tudo viu! então é melhor ir trabalhar que vai ser melhor pra ti”
 Lis Andréa P. Soboll sita em um trecho de um artigo publicado no site da SASP (Sindicato dos Advogados do Estado de São Paulo) que:
1 - A Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2003) descreve o assédio moral como o comportamento de uma pessoa para rebaixar uma pessoa ou um grupo de trabalhadores, através de meios vingativos, cruéis, maliciosos ou humilhantes contra uma pessoa ou um grupo de trabalhadores - Lis Andréa P. Soboll, Especialista em Psicologia do Trabalho.
O artigo 200 da CLT estabelece o seguinte: 
"Cabe ao Ministério do Trabalho estabelecer disposições complementares às normas de que trata este Capítulo, tendo em vista as peculiaridades de cada atividade ou setor de trabalho, especialmente sobre: (...) V - proteção contra insolação, calor, frio, umidade e ventos, sobretudo no trabalho a céu aberto, com provisão, quanto a este, de água potável, alojamento profilaxia de endemias; (...); VII - higiene nos locais de trabalho, discriminação das exigências, instalações sanitárias, com separação de sexos, chuveiros, lavatórios, vestiários e armários individuais, refeitórios ou condições de conforto por ocasião das refeições, fornecimento de água potável, condições de limpeza dos locais de trabalho e modo de sua execução, (...)".
Diante de todas essas mazelas, conclui-se que o Reclamante é submetido a condições desumanas e degradantes, como as arroladas ao norte, consorciados com o arsenal de descumprimentos decorrentes da inexistência do contrato de trabalho, todos listados anteriormente.
Resta, portanto, demonstrado que a Reclamada violou direitos elementares contidos em dispositivos legais pátrios e feriu uma série de normas constitucionais, como as que estabelecem princípios basilares do Estado democrático de direito, principalmente o princípio da dignidade da pessoa humana, prevalência dos direitos humanos e, ainda, uma serie de garantias individuais, como aquela contida no art. 5º, III, da CF, em que:
 "ninguém será submetido a tortura e nem a tratamento desumano ou degradante" (grifo nosso).
Excelência, o dever de indenizar pela prática dos atos ilícitos resta presente e, neste caso, evidencia-se a existência de culpa por parte da Reclamada, considerando-se o conjunto de inadimplências contratuais havidas pela Reclamada.
As sábias palavras de Silvio de Salvo Venosa ensinam o seguinte:
"dano moral é o prejuízo que afeta o ânimo psíquico, moral intelectual da vítima. Sua atuação é dentro dos direitos de personalidades. Nesse campo, o prejuízo transita pelo imponderável, daí porque aumentam as dificuldades de se estabelecer a justa recompensa pelo dano. Em muitas situações, cuida-se de indenizar o inefável."
Pode-se concluir, então, que o dano moral é decorrente de uma conduta humana ilícita ou antijurídica que resulte em danos extrapatrimoniais ao ofendido, ocasionando-lhe, por exemplo, tristeza, vexame, sentimentos de consternação, pesar a seu íntimo, bem como resultando em acidente de trabalho, incidindo inclusive em crime.
Excelência, também somos adeptos à lógica que no dano moral nas relações de trabalho há nexo de causalidade de forma objetiva, bastando, para tanto, UMA CONDUTA DE DESCUMPRIMENTO DAS NORMAS TRABALHISTAS e/ou esparsas para que fique configurado o dano moral, pela evidência dos prejuízos ocasionados à parte mais frágil da relação contratual de trabalho. 
Diz-se mais frágil, posto que o empregado não pode concorrer com a vitalidade do poderio econômico do empregador, associada a ausência de garantia legal no emprego, que poderia estimulá-lo a contrapor-se aos desmandos empregador, sem que corresse o risco de ser dispensado por este motivo.
No caso em tela, este contexto resta plenamente evidenciado, considerando que a Reclamante manteve vínculo de emprego com a Reclamada e, neste período, viu-se açoitado pela avidez do lucro da Reclamada, sem que a onipresença do Estado, através de seus veículos de fiscalização (DRT e/ou PRT), tomasse conhecimento dos fatos e viabilizasse o resgate da cidadania do Reclamante. Aliás, nem os sindicatos de classe, representativos dos empregados, fizeram-se presentes no ambiente laboral com essa finalidade.
Assim, ainda que o ofensor tenha praticado determinada conduta sem a intenção de provocar o resultado danoso ao ofendido, o que não é o caso dos autos, há o dever de reparar o dano, por aplicação da responsabilidade objetiva, que, a rigor, deve ser reconhecida nas normas que regem as relações de trabalho e emprego, ainda sim, pela falta do dever do empregador em vigiar seus prepostos, por seus atos, incidindo neste caso, a culpa in vigilando. Cediço que o abuso do poder diretivo e a submissão do empregado a condições que violam sua intimidade, privacidade ou dignidade - como as que ora se relata - implicam a necessidade de reparar o dano causado, por meio do reconhecimento do dano moral e da indenização que lhe é consectária.
Entendemos que a origem do dano moral é mais ampla. Não decorre necessariamente de um abuso, mas pode decorrer, por exemplo, de omissão no cumprimento da norma trabalhista, no caso, a culpa in omittendo. Seria o caso de conferir o dano moral a quem não teve sua CTPS anotada, a remuneração ou não era paga corretamente ou nem isso, o ambiente de trabalho estava em desacordo com a proteção a saúde, e aí por diante.
Assim, o descumprimento da norma, por si só, no campo do Direito do Trabalho resulta em ato atentatório a dignidade humana e à honra do ofendido, eis que todas elas estão relacionadas à subsistência, à sobrevivência, ou à preservação de uma qualidade de vida da qual não se pode abrir mão, sendo totalmente indisponível. Na extensa seara da relação laboral, havemos de acordar que os atos ilícitos praticados em desfavor do trabalhador fazem gerar danos incomensuráveis ao íntimo do obreiro, independentemente de nexo de causalidade. 
Diante disto, entendemos que a vítima deve ser indenizada quando há, em seu íntimo, sentimento de ofensa à honra, ao afeto, à liberdade, à profissão, ao respeito, à psique, à saúde, ao nome, ao crédito, ao bem-estar e à vida.
A inobservância gravosa do empregado ao cumprimento das regras contratuais impostas pelo empregador pode acarretar a demissão por justa causa, severa punição pelo descumprimento da obrigação. Em nosso ordenamento jurídico, inexiste reciprocidade de penalidades, e a rescisão indireta do contrato de trabalho não poderá ser caracterizada como sanção ao trabalhador.
O dano moral ocasionado pelo descumprimento da norma trabalhista ou esparsa com essa natureza é efetivo. Deve ser reconhecido independentemente do nexo de causalidade, e a reparação pecuniária deve exercer um caráter punitivo e pedagógico ao ofensor a fim de preservar as relações sociais de trabalho.
Pois sempre que o trabalhador, em razão do contrato de trabalho, por ação ou omissão do empregador, sofrer lesão à sua dignidade, honra, ou ofensa que lhe cause um mal ou dor (sentimental ou física) causando-lhe abalo na personalidade ou psiquismo, terá o direito de exigir a reparação por danos moraise materiais decorrentes da conduta impertinente. É nesse sentido dispõe o artigo 5º, V e X, da CF e os artigos 186 e 927 do Código Civil.
São pressupostos da responsabilidade por danos morais e/ou materiais: a) ação ou omissão do agente; b) culpa do agente; c) relação de causalidade; d) dano experienciado pela vítima. Presentes os pressupostos, surge o direito à reparação. Neste sentido, a Reclamante, dentre outras mazelas, não recebeu adicional de insalubridade, horas extras e adicionais noturnos com a exatidão devida, não recebeu apoio por parte da empresa em decorrência do acidente, sendo assistida por outros funcionários nos momentos de crise, com total descaso da empresa.
Diante de todas as mazelas antes arroladas, a indenização por danos morais implica ressarcimento dos danos extrapatrimoniais sofridos e também se reveste do caráter de penalidade aplicada ao agente culposo, salientando-se que não se trata de valor que se possa aferir de forma matemática, posto que subjetivo.
Diante do exposto, requer-se a condenação da Reclamada ao pagamento de indenização no valor de 10 (Dez) salários mínimos, ou conforme melhor entendimento a título de indenização por dano moral, como comunicação à DRT e à Procuradoria Regional do Trabalho (PRT) para adoção das providências cabíveis.
4. DA INSALUBRIDADE
(as imagens abaixo são MERAMENTE ILUSTRATIVAS para demonstrar a este juízo a dimensão do dano à saúde)
 
O trabalho em contato com cimento gera direito ao adicional de insalubridade, nos termos do Anexo 13 da NR 15 da Portaria 3214/78, ainda que fornecidas luvas como equipamento de proteção individual, uma vez que o empregado sofre a ação do agente nas partes do corpo não cobertas por tal equipamento de proteção, motivo pelo qual requer que a ré pague ao requerente os adicionais de insalubridade que não foram pagos no período laborativa pois o requerente tinha contato direto com agentes químicos como QUIMIKAL ,CIMENTO, bem como POEIRA, SOLDA.
"Art. 7.º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
(...)
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;"
5. DO AVISO PRÉVIO INDENIZADO.
O aviso prévio é o período transcorrido após o desligamento de um colaborador da empresa sem justa causa. Esse tempo é importante tanto para o empregador quanto para o empregado. Visto que garante à empresa um prazo para substituir o funcionário e assegura ao profissional tempo para procurar outra vaga de trabalho, além de remuneração.
Constatado a inexistência de justa causa para a rescisão do contrato de trabalho, faz jus o direito ao aviso prévio indenizado, uma vez que o § 1º do Art. 487 da CLT, estabelece que;
§ 1º - A falta do aviso prévio por parte do empregador dá ao empregado o direito aos salários correspondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a integração desse período no seu tempo de serviço.
Deste modo, o aviso prévio indenizado corresponde a mais de 30 dias de tempo de serviço para efeitos de cálculo do 13° salário, férias + 40%. Portanto, o reclamante faz jus ao aviso prévio, uma vez que o mesmo iniciou suas atividades laborativas em 24 de junho, e foi desligado sem justa causa, em 11 de novembro de 2019
6. HORAS EXTRAS
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) prevê a obrigatoriedade do cálculo da hora extra. Sobretudo como forma de valorizar o serviço realizado além do expediente contratado.
“Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
(...)
XVI da CF - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal.”
A hora extra é remunerada em, pelo menos, 50% a mais do que a hora de trabalho na jornada comum. Para fazer esse cálculo, o empregador deve dividir o salário integral do funcionário pelo número de horas trabalhadas durante o mês, entretanto estas não foram pagas em sua integralidade, motivo pelo qual requer o pagamento das horas não pagas de acordo com os cálculos (Anexo)
O requerente laborava de segunda a sexta das 07:00 ás 17:00 com intervalo de 1 (uma) hora para almoço perfazendo um total de 09 (nove) horas diárias trabalhadas dessas horas 01(uma) hora era extra, assim a empresa deixou de pagar 20 horas extras mensais, do início das atividades laborativas em 24 de junho, até 11 de novembro de 2019.
7. FÉRIAS PROPORCIONAIS.
Todo empregado tem direito a receber o período incompleto de férias, acrescido do terço constitucional, em conformidade com o Art. 146, parágrafo único e Art. 147 ambos da CLT, assim como o Art. 7°, inc. XVII da CF/88 conforme transcrição abaixo;
“Art. 146 da CLT_ Parágrafo Único - Na cessação do contrato de trabalho, após 12 (doze) meses de serviço, o empregado, desde que não haja sido demitido por justa causa, terá direito à remuneração relativa ao período incompleto de férias, de acordo com o art. 130, na proporção de 1/12 (um doze avos) por mês de serviço ou fração superior a 14 (quatorze) dias
Art. 147 da CLT _ O empregado que for despedido sem justa causa, ou cujo contrato de trabalho se extinguir em prazo predeterminado, antes de completar 12 (doze) meses de serviço, terá direito à remuneração relativa ao período incompleto de férias.
Art. 7º da CF _ São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal.”
Sendo assim, tendo o contrato iniciado no mês de junho de 2019 até novembro do mesmo ano, a parte autora faz jus as férias proporcionais acrescidas do terço constitucional.
8. DO 13° SALÁRIO PROPORCIONAL.
As leis 4090/62 e 4749/65 preceituam que o decimo terceiro salário deverá ser pago até o dia 20 de dezembro de cada ano, sendo ainda certo que a fração igual ou superior a 15 dias de trabalho será havida como mês integral para efeitos de cálculo do 13° salário.
 “Art. 1º - No mês de dezembro de cada ano, a todo empregado será paga, pelo empregador, uma gratificação salarial, independentemente da remuneração a que fizer jus.
        § 1º - A gratificação corresponderá a 1/12 avos da remuneração devida em dezembro, por mês de serviço, do ano correspondente.
        § 2º - A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias de trabalho será havida como mês integral para os efeitos do parágrafo anterior.
(..)
   Art. 3º - Ocorrendo rescisão, sem justa causa, do contrato de trabalho, o empregado receberá a gratificação devida nos termos dos parágrafos 1º e 2º do art. 1º desta Lei, calculada sobre a remuneração do mês da rescisão.”
Sendo assim, deverá ser paga a parte reclamante a quantia de 5/12 (Cinco Doze avos) em relação a remuneração percebida até a presente ação. Haja vista que o contrato do mesmo se iniciou em 24 de junho, até 11 de novembro de 2019.
9. DO FGTS + MULTA DE 40%.
O Art. 15 da lei 8036/90 diz que todo empregador deverá depositar até o dia 7 de cada mês na conta vinculada do empregado a importância correspondente a 8% de sua remuneração devida no mês anterior.
“Art. 15. Para os fins previstos nesta lei, todos os empregadores ficam obrigados a depositar, até o dia 7 (sete) de cada mês, em conta bancária vinculada, a importância correspondente a 8 (oito) por cento da remuneração paga ou devida, no mês anterior, a cada trabalhador, incluídas na remuneração as parcelas de que tratam os arts. 457 e 458 da CLT e a gratificação de Natal a que se refere a Lei nº 4.090, de 13 de julho de 1962, com as modificações da Lei nº 4.749, de 12 de agosto de 1965.”
 Sendo assim a parte reclamada deverá efetuar os depósitos correspondentes a todo período da relação de emprego que teve início em 24 de junho, e perdurou até 11 de novembro de 2019. Ademais, é justo o pagamento de multa de 40% sobre o valor total a ser depositado a título de FGTS, de acordo com § 1° do Art. 18 da lei 8036/90 c/c Art. 7°, I, CF/88.
10. DA MULTA DO ART. 467 E DO ART. 477, § 6º
No mais, a restar incontroverso, já na primeiraaudiência, que não houve pagamento de nenhuma verba rescisória, haverá a necessária incidência da multa prevista no art. 467, da CLT, que assim dispõe:
“Art. 467. Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo controvérsia sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador é obrigado a pagar ao trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de cinquenta por cento.”
Ainda devido ao inadimplemento do empregador, deverá incidir a multa prevista no § 8, decorrente no § 6º, do art. 477, da CLT, em que se dispõe:
“§ 6º O pagamento das parcelas constantes do instrumento de rescisão ou recibo de quitação deverá ser efetuado nos seguintes prazos: (Incluído pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
a) até o primeiro dia útil imediato ao término do contrato; ou
b) até o décimo dia, contado da data da notificação da demissão, quando da ausência do aviso prévio, indenização do mesmo ou dispensa de seu cumprimento. (grifou-se e sublinhou-se).
§ 8º - A inobservância do disposto no § 6º deste artigo sujeitará o infrator à multa de 160 BTN, por trabalhador, bem assim ao pagamento da multa a favor do empregado, em valor equivalente ao seu salário, devidamente corrigido pelo índice de variação do BTN, salvo quando, comprovadamente, o trabalhador der causa à mora. (Incluído pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)”
Nesse tocante, como perfeitamente relatado pela Excelentíssima Desembargadora VIVIANE COLUCCI, em Acórdão proferido no RO 00153-2011-015-12-00-1-22, em que foi acompanhada a unanimidade, tem-se que:
“A multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT é passível de aplicação nas hipóteses de reconhecimento judicial do vínculo de emprego. A não aplicação da penalidade, além de premiar o empregador que não procede à formalização da contratação de seus empregados, é destituída de justificativa de ordem legal.”
Conclui-se, portanto, que o reclamante faz jus a multa do Art. 465 uma vez que já se passou o prazo máximo previsto de 10 (dez) dias para o pagamento das parcelas constantes do instrumento de rescisão, assim como a multa do Art. 477, uma vez que o requerente não deu motivos para a cessação da relações de trabalho, tendo assim o direito a indenização.
IV - DO PEDIDO.
1. Justiça gratuita, requer os benefícios da justiça gratuita, conforme fundamentado.
2. A TOTAL PROCEDÊNCIA dos pedidos formulados.
3. Reconhecimento de vinculo e anotação da CTPS, para a função de pedreiro, com a remuneração que percebia e que foi acordada totalizando o montante de R$ 2.100,00 mensais.
4. Dano moral conforme fundamentado	 R$ 10.000,00
5. A inversão do ônus da prova conforme fundamentado.
6. O pagamento a título de adicional de insalubridade conforme fundamentado R$ xxxx
7. A execução da multa do artigo 467
8. A execução da multa do artigo 477 R$ 2.100,00 
9. Horas extras conforme fundamentado R$ xxxx
10. Pagar o aviso prévio indenizado R$ 2.100,00
11. Saldo salário R$ xxxx
12. 13° salário proporcional R$ xxx
13. Férias proporcionais + 1/3 R$ xxxx
14. Os depósitos do FGTS de todo período acrescido de multa de 40% à título de indenização R$ xxxx
15. Honorários sucumbenciais na proporção de 20% do valor da causa conforme fundamentado.
Dá-se à causa o valor de R$ xxxxx
Termos em que
pede e espera deferimento.
Santa Izabel do Pará, 29 de novembro de 2019.
 
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KENNEDY DA NOBREGA MARTINS
OAB – PA 23161
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Telefones. 91981732300/ 91987376216