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Página 1 de 10 Atividade Avaliativa A1 Nota:____________ 7º Semestre | Turma: DIR4AN-BUB | Sala: 211 Disciplina: Direito Penal: Crimes Contra a Administração Pública Professor: Luiz Roberto Cicogna Faggioni Componentes do grupo: Larissa Dicmann Ballo RA. 81713559; Matheus Dutine de Melo RA. 817115281; Natanael Rodolfo Piauhy de Oliveira RA. 81715773. Página 2 de 10 1. Não. A realização de exame de corpo de delito é necessária para fins de comprovação da materialidade delitiva do crime de falsidade material (art. 298, CP), podendo ser empregada inclusive a forma indireta do referido exame – forma essa que será comentada adiante, mas não o é para o de falso ideológico (art. 299, CP), que deverá ser provado por outros meios, como por exemplo a prova testemunhal. Esse entendimento decorre do fato de a falsificação de documento particular ser um crime não transeunte. Transeunte equivale a “não deixar vestígios”. Sendo assim, trata-se de um crime que deixa vestígios materiais de sua prática no mundo real. Quando estamos diante de um crime que deixa tais vestígios, o art. 158, caput, do CPP, dispõe que será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. Destarte, por força de tal mecanismo, é que o exame de corpo de delito é uma prova indispensável a comprovar a materialidade delitiva do crime de falso material. Em conformidade, Guilherme Nucci ensina: “Em determinados crimes, que exigem prova técnica específica e, por vezes, complexa, não há viabilidade em se considerar formada a materialidade pela simples inquirição de testemunhas. É o que ocorre em grande parte dos casos de falsidade documental. Como poderia uma testemunha afirmar ter visto o documento e ser ele falso? Ela é leiga e não examinou satisfatoriamente o que viu. Caso desapareça o objeto material do delito, tornando impossível a perícia, deve-se considerar insubsistente a prova da sua existência. Nesse sentido: TJSP: ‘A falsidade documental é crime que deixa vestígio, portanto, indispensável o exame de corpo de delito, a teor do art. 158 do Código de Processo Penal, que, na hipótese, não pode ser suprido pela prova oral produzida, pois ainda presentes os documentos já que as receitas foram juntadas aos autos’ (Apelação com revisão 436.600-3/4, Atibaia, 6ª. C., rel. Ribeiro dos Santos, 09.06.2005, v.u., JUBI 109/05).”. 1 1 (NUCCI, Guilherme de Souza, Código de Processo Penal Comentado, Rio de Janeiro: Editora Forense, 13ª ed., 2014, p. 346). Página 3 de 10 No entanto, como dito, o mesmo não ocorre para o caso do falso ideológico, dado que esse, ao contrário do falso material, é um crime transeunte, isto é, que não deixa vestígios materiais de sua prática no mundo real. Isso se deve ao fato de aqui não se tratar de documento falso, mas verdadeiro e legítimo, mas que teve informações omitidas de seu conteúdo ou que teve a inserção de informações falsas ou diversas das que deveriam constar (por exemplo, uma carta de motorista que é emitida por órgão legítimo e competente, mas na qual consta categoria D, quando deveria constar categoria B). Em conformidade, Cleber Masson ensina: “Na falsidade ideológica, o documento é materialmente verdadeiro, mas seu conteúdo é forjado, pois a ideia nele veiculada não corresponde à realidade. Não há modificação na estrutura do documento (público ou particular), pois ele é elaborado, preenchido e assinado por quem estava autorizado a fazê-lo. Consequentemente, não há espaço para a prova pericial, pois a falsidade ideológica não deixa vestígios materiais, como exigido pelo art. 158 do Código de Processo Penal. A comprovação do crime somente pode ser efetuada pela verificação dos fatos a que se refere o teor do documento... Nesse caso, a perícia, além de desnecessária, seria manifestamente inútil, pois o espelho do documento é verdadeiro, e seu preenchimento, embora abusivo, foi efetuado pela pessoa legalmente autorizada.”. 2 Ademais, cabe aqui um breve adendo acerca da diferença existente entre a falsidade material e a ideológica: na primeira, nós estamos diante da alteração formal do documento, já na última, há uma alteração de conteúdo. Na material, o documento não é formalmente verdadeiro, vez que não emitido pela autoridade competente para tanto ou pelo subscritor correto, enquanto que na ideológica o documento é formalmente verdadeiro, porém o seu conteúdo diverge do que realmente deveria constar. Voltando à questão discutida no primeiro parágrafo – necessariedade ou não do exame de corpo de delito, a jurisprudência atual entende que para a prova material do falso material (art. 298, CP) é plenamente cabível o exame de corpo de delito indireto, que é, segundo Guilherme de Souza Nucci, quando os profissionais que fazem o exame se servem de outros meios de 2 (MASSON, Cleber, Direito penal esquematizado – vol. 3: parte especial, São Paulo: Editora Método, 4ª ed., 2014, p. 527). Página 4 de 10 provas para constatar aquele fato (por exemplo: quando um cadáver desaparece e a conclusão sobre o que levou à sua morte decorre apenas e tão somente dos fatos apresentados por leigos – não profissionais, que viram a situação). (NUCCI, 2013). Em conformidade, outro não é o entendimento do Egrégio Superior Tribunal de Justiça, in verbis: “A controvérsia do recurso especial está relacionada à imprescindibilidade de exame de corpo de delito para a comprovação da materialidade dos crimes de falso, nos termos do art. 158 do CPP. O Tribunal assim se manifestou sobre a questão: Em análise aos motivos recursais, observo que, em sua irresignação, o Apelante asseverou não haver prova da materialidade delitiva, porque, segundo ele, nos crimes de falso, apenas o estudo técnico ancora a condenação. A meu ver, este argumento não merece ser acolhido, porque admissíveis outros elementos, desde que, idôneos, para comprovar as referidas práticas delitivas, como bem o fez a sentença vergastada, que se amparou na prova documental, testemunhal e na confissão espontânea. Com efeito, nos termos do artigo 158, do Código de Processo Penal, a perícia é necessária para testificar a ocorrência dos delitos não transeuntes, porém, necessário registrar que o artigo 167, do Código de Processo Penal mitiga a exigência, aceitando o exame de corpo de delito indireto. É dizer, pode a materialidade, ainda que existam vestígios periciáveis, ser comprovada por outros meios, de modo que não está a sentença condenatória vinculada a tal espécie probatória, de acordo com o entendimento jurisprudencial [...] O acórdão recorrido, ao decidir: "pode a materialidade, ainda que existam vestígios periciáveis ser comprovada por outros meios" (fl. 1.090), foi prolatado de acordo com a jurisprudência desta Corte de que "a regra contida no art. 158 do CPP não é absoluta, assim não é obrigatória a realização de perícia no documento quando, através de outros meios de prova, a sua falsidade puder ser comprovada" (AgRg no AREsp n. 6.190/RO, Rel. Ministro Jorge Mussi, 5ª T., DJe 1º/2/2013). A Sexta Turma também já decidiu: "A falta de perícia, por si só, não obstaculiza a constatação da falsidade documental, notadamente quando foi possível comprovar a existência do crime por outros elementos de prova permitidos por lei, os quais podem ser tão convincentes quanto o exame de corpo de delito" (REsp n. 1.305.836/SC, Rel. p/ Acórdão Ministro Sebastião Reis Júnior, 6ª T., DJe 11/3/2014). Isso porque: "o princípio do livre convencimento motivado, vigente em qualquer processo brasileiro, faz com que seja o art. 158 do Código de Processo Penal (quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame decorpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado) interpretado de modo a definir regra geral de necessidade de prova, e não de sua exclusividade, salvo diante de confissão, assim permitindo ao julgador Página 5 de 10 valorar a existência de quaisquer fatos controversos, inclusive quanto aos vestígios do crime, por quaisquer meios de prova" (AgRg no REsp n. 1.257.007/SC, Rel. Ministro Sebastião Reis Júnior, 6ª T., DJe 1º/12/2014). Registro, ainda, quanto aos crimes de falsidade ideológica que: "Não há violação ao disposto no art. 158 do CPP, pois 'Como o crime de falsidade ideológica envolve a inadequação mediante a modificação do conteúdo abstrato do documento, não há se falar em comprovação da imputação mediante perícia, mas pelo cotejo de outros elementos da realidade' (HC n. 108.919/SP, Sexta Turma, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJe de 3/8/2009)" (AgRg no REsp n. 1.304.046/RS, Rel. Ministro Felix Fischer, 5ª T., DJe 15/2/2016). Na hipótese, admitiu-se o temperamento do art. 158 do CPP à vista de outros meios de prova, documentais e testemunhais, comprobatórias da materialidade delitiva. Assim, quanto à absoluta necessidade da prova pericial, não merece reparo a decisão agravada, que negou admissibilidade ao reclamo por incidência da Súmula n. 83 do STJ. No mais, para afastar a conclusão acerca da materialidade dos crimes, seria necessário o reexame de provas, providência incabível no recurso especial, a teor da Súmula n. 7 do STJ. À vista do exposto, com fundamento no art. 932, VIII, do CPC, c/c o art. 253, parágrafo único, II, b, parte final, do RISTJ, conheço do agravo para negar provimento ao recurso especial. Publique-se e intimem-se. Brasília (DF), 1º de agosto de 2017. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ.”. 3 Por fim, quanto à desnecessidade de exame de corpo de delito quando se tratar de falso ideológico, o falado anteriormente também se encontra respaldado na jurisprudência do STJ, que corrobora com o quantum alhures exposto, senão vejamos, in verbis: “A conduta atribuída ao recorrente foi a de inserção de declaração falsa em um documento materialmente verdadeiro, consistente em apresentar dados inverídicos sobre os custos de pessoal e encargos das empresas concessionárias de transporte, declarando valores muito superiores aos valores reais, para solicitar o aumento das tarifas de ônibus coletivo. Nessa hipótese, o falso ideológico diz respeito ao conteúdo do documento, e não à sua materialidade, o que implica na desnecessidade de exame pericial. Segundo Julio Fabbrini Mirabete, in Código Penal Interpretado 2ª edição: afetando a falsidade ideológica o documento tão-somente em sua ideação, não em sua autenticidade ou inalterabilidade, é desnecessário o exame pericial. Ademais, não se pode olvidar que: Na falsidade ideológica não cabe a produção de prova pericial, pois inexiste alteração formal a ser demonstrada. A mentira, quanto ao conteúdo, não se prova por perícia, pois não há vestígios de uma afirmação ideologicamente falsa. (Fernando Capez, Curso de Direito Penal, Parte Especial - vol. 3, São Paulo: Saraiva, 2004, p. 3 (STJ - AREsp: 887457 SE 2016/0097216-3, Relator: Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, Data de Publicação: DJ 09/08/2017) Página 6 de 10 319). Nesse sentido a jurisprudência, verbis: STJ: Faz-se desnecessária a prova pericial para se demonstrar a falsidade ideológica, na medida em que o falso recai sobre o conteúdo das ideias, podendo a comprovação se dar por outros meios. TJSP:(RT 832/479). O falso ideológico diz respeito ao conteúdo do documento, a seu teor intelectual, e não à materialidade. Materialmente verdadeiro, o escrito é mentiroso no conteúdo, fato que pode ser demonstrado por testemunhas e outros documentos, mas não por perícia grafotécnica."[...] Na falsidade ideológica o vício incide sobre as declarações que o objeto material deveria possuir, sobre o conteúdo das ideias. Inexistem rasuras, emendas, omissões ou acréscimos. O documento, sob o aspecto material, é verdadeiro; falsa é a ideia que ele contém. Daí também chamar-se falso ideal. Distinguem-se, pois, as falsidades material e ideológica. A primeira pode ser averiguada pela perícia; a segunda não, cumprindo ser demonstrada por outros meios." (in Código Penal Anotado 13ª edição, Ed. Saraiva, São Paulo, p. 914/915; sem grifo no original).[...].”. 4 4 (STJ - Ag: 1162951, Relator: Ministra LAURITA VAZ, Data de Publicação: DJe 09/09/2010) Página 7 de 10 2. A primeira parte do art. 297 do CP diz que incorre no tipo todo aquele que falsificar, no todo ou em parte, documento público. Enquanto que na segunda parte, o tipo diz que incorre no crime aquele que alterar documento público verdadeiro. Conforme ensina Cleber Masson, na falsificação total, o documento é criado em sua integralidade (indivíduo fabrica em sua casa uma CNH). Já na falsificação parcial, o agente acrescenta palavras, letras ou números ao objeto, sem estar autorizado a fazê-lo, fazendo surgir um documento parcialmente inverídico. 5 A segunda parte do art. 297 fala sobre alterar, no sentido de modificar um documento público verdadeiro, já existente, mediante a substituição do seu conteúdo com frases, palavras ou número que acarretem mudança na sua essência (O sujeito modifica a data de validade da sua CNH). 6 Destarte, quanto à falsificação parcial, essa não se confunde com a alteração de documento. Senão vejamos: Na alteração, há a modificação de um documento público verdadeiro preexistente. Aqui o verbo que prevalece é o “substituir”. Já na falsificação parcial, há a criação de informações falsas dentro do documento. Aqui o verbo que prevalece é o “acrescentar”. Quando estivermos diante de um caso em que o documento verdadeiro preexistente sofre falsificação parcial, há a necessidade de estabelecer a base que deixa clara a diferença entre a alteração e a falsificação parcial na prática. A respeito desse tema, é a lição de Cleber Masson, in verbis: “Com efeito, a falsificação parcial também pode restar caracterizada quando, em documento verdadeiro preexistente, vem a ser efetuado um acréscimo totalmente individualizável (exemplo: inserção de aval falso em cheque autêntico)”. Não há falar, nessa 5 (MASSON, Cleber, Direito penal esquematizado – vol. 3: parte especial, São Paulo: Editora Método, 4ª ed., 2014, p. 525); 6 (MASSON, Cleber, Direito penal esquematizado – vol. 3: parte especial, São Paulo: Editora Método, 4ª ed., 2014, p. 525). Página 8 de 10 situação, em alteração, pois não foi atingida a parte já existente do documento, e sim incluída uma parte absolutamente autônoma. De outro lado, estaria configurada a alteração se o sujeito modificasse o texto lançado na cártula, aumentando seu valor, uma vez que sua conduta alcançaria parte já existente do documento verdadeiro.[...] Nessas hipóteses há da parte do criminoso a fabricação de uma porção do documento que se caracteriza por sua autonomia em relação à outra ou às outras porções. Com tal sentido deve ser entendida a expressão falsificação parcial, do Código Penal, sob pena de não poder o intérprete estabelecer distinção aceitável entre falsificação parcial e alteração.”. 7 Assim, conclui-se que na falsificação parcial é criada informação falsa autônoma dentro do documento público verdadeiro preexistente, enquanto que na alteração documental o documento sofre alteração em conteúdo já existente, que foi ali colocado no momento de seu nascimento válido e dentro da legalidade, mas que sofreu uma substituição pelo falsário e veio a se tornar coisa inverídica. Corroborando tal tese, no que concerne a diferença entre afalsificação parcial e a alteração, outro não é o entendimento dos tribunais, in verbis: “... Esclarece a acusação que houve a confissão da falsificação parcial dos livros contábeis da Fundema e que os bens jurídicos atingidos foram diversos entre o peculato (Administração Pública) e a falsificação (fé pública), motivo pelo qual a acusada deve ser condenada por falsificação de documento público. Dispõe o artigo 297, § 1º do Código Penal: Art. 297. Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro. Pena: reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. § 1º Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. Sobre o tipo penal, descreve Fernando Capez: Ações nucleares Consubstanciam-se nos verbos: A) falsificar: [...] B) alterar: isto é, modificar o documento. Na hipótese o documento é verdadeiro, e o agente substitui seu conteúdo, isto é, frases, palavras que alterem sua essência, incidindo, portanto, sobre aspectos relevantes do documento. Se o agente simplesmente rasura ou cancela palavra ou frase do texto sem realizar qualquer substituição, haverá o crime previsto no art. 305. Caso suceda a substituição, o delito será o aqui examinado, por constituir alteração do documento. 7 (MASSON, Cleber, Direito penal esquematizado – vol. 3: parte especial, São Paulo: Editora Método, 4ª ed., 2014, p. 526). Página 9 de 10 A falsificação ou alteração deve ser apta a iludir o homo medius, pois, se grosseira, poderá o fato constituir crime impossível ou o delito de estelionato [...] (Curso de Direito Penal. Vol. 3. São Paulo: Saraiva 2007, p. 305). Realmente, a acusada confessa que procedia a falsificação dos documentos contábeis, inserindo informações inverídicas, porque era dessa forma que os cheques eram compensados. Veja-se suas palavras em juízo: que o pagamento da empresa era lançado na contabilidade como pagamento de empenho de alguma empresa, pois não era possível fazer empenho no nome da depoente; que era orientada a fazer esses lançamentos dessa maneira; [...] (fls. 422/423) Contudo, tem-se que essa conduta era necessária para que fosse consumado o crime de peculato e não havia dolo específico em cometer outro delito autônomo, como pretende fazer crer a acusação. Desta maneira, a sentença deve ser mantida no ponto em que entendeu que há a absorção dos delito de falsificação pelo de peculato. [...].”. 8 “Para que seja configurado o crime de falsificação de documento público, basta sua simples adulteração ou criação, não sendo necessário o seu uso, por se tratar de um crime formal. Neste sentido leciona Guilherme de Souza Nucci: "falsificar quer dizer reproduzir, imitando, ou contradizer; alterar significa modificar ou adulterar. A diferença fundamental entre falsificar e adulterar é que o primeiro caso o documento inexiste, sendo criado pelo agente, enquanto na segunda hipótese há um documento verdadeiro, atuando o agente para modificar-lhe o aspecto original. E salienta Sylvio do Amaral:" O que caracteriza a falsificação parcial e permite discerni-la da alteração é o fato de recair aquela, necessariamente, em documento composto de duas ou mais partes perfeitamente individualizáveis. "O delinquente fabrica parte do documento, que é autônoma em relação à demais frações. (...). O objeto é documento público. Este tipo penal preocupa-se com a forma do documento, por isso cuida da falsidade material. Não há necessidade de resultado naturalístico, nem de posterior uso do documento falso." NUCCI; Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. 13ª Ed. - São Paulo: Editora revista dos Tribunais, 2013.p. 1129-1130. No presente caso, ao analisar a prova produzida, entendo que restou caracterizado o crime de falsificação de documento público face o Laudo de Confronto de Impressões Digitais acostado às fls. 15/25. A Perícia realizada pelo Instituto Nacional de Criminalística da Superintendência Regional em Roraima, Setor Técnico Científico/RR, concluiu o laudo nos seguintes moldes (fl. 17): "Dos exames realizados, concluem os signatários que: 8 (TJ-SC - ACR: 482261 SC 2009.048226-1, Relator: Hilton Cunha Júnior, Data de Julgamento: 17/12/2010, Primeira Câmara Criminal, Data de Publicação: Apelação Criminal n. , de Joinville). Página 10 de 10 1. As impressões digitais apostas na Individual Datiloscópica em nome de Joelson Pianço Lima (documento descrito no Subitem I.1) e a impressão datiloscópica aposta na cópia reprográfica de Carteira de Identidade com timbre da Polícia Civil do Estado de Rondônia, em nome de Joelson Picanço Lima (documento descrito no item I.2) não foram produzidas pela mesma pessoa. 2. As impressões digitais apostas na Individual Datiloscópica em nome de Joelson Pianço Lima (documento descrito no Subitem I.1) e as impressões apostas na Individual Datiloscópica do candidato fornecido em pesquisa no Sistema Automático de Identificação de Impressões Digitais - AFIS, em nome de Valter Barreto Coelho (documento descrito no Subitem I.3) foram produzidas pela mesma pessoa. (...).". 9 Por fim, Guilherme de Souza Nucci, em sua doutrina, ao analisar o núcleo do tipo do artigo 297, no que concerne a falsificação parcial, ensina que: “... a falsificação parcial pode dar-se ao pé de um requerimento genuíno de certidão negativa de impostos, lançando o interessado certidão apócrifa do teor desejado (Falsidade documental, p. 50-51). O objeto é documento público. Este tipo penal preocupa-se com a forma do documento, por isso cuida da falsidade material. Não há necessidade de resultado naturalístico, nem de posterior uso do documento falsificado. Na jurisprudência: TRF-3.ªR.: “O delito de adulterar documento público é formal, não sendo necessário resultado naturalístico para a sua tipificação, e, assim, não depende do uso do documento em data posterior para restar caracterizado. Sendo assim, não há que se falar em atipicidade” (ACR 2009.03.99.004580-9 – SP, 5.ª T., rel. Ramza Tartuce, 06.12.2010, v.u.).”. 10 9 (TJ-RR - ACr: 0010071664378, Relator: Des. ALMIRO PADILHA, Data de Publicação: DJe 15/11/2013); 10 (NUCCI, Guilherme de Souza, Código Penal Comentado, Rio de Janeiro: Editora Forense, 14ª ed., 2014, p. 1919/1920).
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