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Vínculo Familiar e Direito de Convivência

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1ª questão:
Marcelo conhece Sílvia em 1997 e se apaixona. Sílvia fora casada com Alberto e de
tal união nasceu Rogério, no ano de 1996. Após um ano de namoro, Marcelo passa a
conviver com Sílvia e Rogério, passando a criá-lo como se filho fosse.
Em fevereiro de 2006, Sílvia rompe com Marcelo e se muda para a cidade de São
Paulo, levando Rogério em sua companhia. Marcelo e Rogério ficam afastados e
passam a sofrer com tal situação, mas, Sílvia é inflexível e não autoriza qualquer
contato entre ambos, alegando que Marcelo não possui qualquer direito por não ser
o pai biológico da criança.
Indaga-se :
a) Com base no direito moderno teriam Marcelo e Rogério algum vínculo de natureza
familiar ? Justifique.
RESPOSTA: Sim. Estamos diante do nascimento da família extensa ou ampliada prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente, onde preve vínculo de afetividade e de afinidade.Reconhecer a importância desses vínculos e sua repercussão para o menor é de suma importância.
b) Se Rogério intentasse ação visando o reconhecimento do direito de visitação
poderia ter sucesso? Esclareça e justifique seu ponto de vista:
RESPOSTA: Sim , teria sucesso no pedido da ação. Reconhecendo que o menor tem o direito à convivência familiar e que esta é instituída em favor do menor e não dos genitores permitiu que fosse destituído o poder familiar do pai biológico para que o padrasto – pai sócioafetivo pudesse vier a recorrer a seu direito. Inovando assim, na seara das famílias extensas ou ampliadas reconhece o direito do menor ao direito à convivência familiar com aquela pessoa que realmente representa a sua família em decorrência dos vínculos de afinidade e de afetividade que foram estabelecidos.Dessa forma, o direito à convivência familiar abrange as pessoas que venha a criar vínculos de afetividade e de afinidade com o menor. Dessa forma, mesmo com a ruptura do relacionamento entre o casal, esse vínculo deve assim ser preservado e, conforme o caso, deverá ser analisado se até mesmo uma múltipla guarda envolvendo assim, os genitores e padrasto para que se mantenha a mesma visão familiar que esse menor conheceu e que se encontrava ambientado.E diante disso creio que em breve iremos nos deparar com essa guarda acontecendo de forma compartilhar, meramente por reproduzir o que vinha ocorrendo no seio daquela família, mantendo assim, intacto o direito à convivência familiar daquele menor.
Nada há para reformar no acórdão recorrido, porquanto a regra inserta no art. 155 do ECA foi devidamente observada, ao contemplar o padrasto como detentor de legítimo interesse para o pleito destituitório, em procedimento contraditório.
c) O Código Civil atual previu em algum dispositivo, expressamente, o elemento afeto
como embasador de alguma solução jurídica ?
Resposta: No ordenamento jurídico pátrio pode-se afirmar, com considerável grau de acerto, que não há dispositivo legal expresso que tenha albergado de maneira límpida o afeto como elemento indissociável do conceito atual de família. Entretanto, um sistema jurídico coeso e fincado em balizas um tanto quanto abstratas, como os princípios, não necessita detidamente de expressões legais para fazer valer determinado valor jurídico.Diante de tanto, buscar um fundamento legal para a afetividade passa a ser um trabalho mais voltado à exegese legal que qualquer outra situação.Em primeiro lugar, dentro do raciocínio apresentado, há de se estabelecer que o Código Civil de 2002 foi edificado diante de três alicerces principais, sendo, a sociabilidade, eticidade e operabilidade. Numa apertada síntese, pode-se dizer que o primeiro alicerce filosófico, que é o que realmente importa para o que se deseja apresentar, transporta maior grau de abstração às cláusulas legais, tornando-as, em verdade, mais abertas a interpretações, voltadas ao coletivo e com natureza de cláusulas gerais.Nesse paradigma, houve o reconhecimento implícito, como frisado ao norte, da filiação socioafetiva no artigo 1.593 do Código Civil, parâmetro este já contemplado pela doutrina mais plural e contemporânea formada pelos integrantes das Jornadas de Direito Civil promovidas em conjunto pelo Superior Tribunal de Justiça e Conselho de Justiça Federal.Sem prejuízo, a igualdade entre os filhos, contemplada constitucionalmente no artigo 227, § 6º, foi indicada de maneira expressa no artigo 1.596 do Código Civil, que aduz: “os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, terão os mesmo direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação”. Nem é preciso divagar sobremaneira a interpretação do artigo para perceber que ele engloba de maneira firme o sentido de afetividade na filiação.Ao que parece o Estatuto da Criança e do Adolescente parecer encampar uma tendência relacionada à afetividade, sobretudo quando se concebe que foi ele edificado sob o pilar da doutrina da proteção integral, do melhor interesse da criança e do adolescente e intenta grande preocupação com a colação de seus sujeitos dentro de algum contexto familiar, seja a família natural, extensa ou ampliada.
A ligação do artigo em comento com um contexto de afetividade é latente. Isso porque, além de questões meramente financeiras, a manutenção do poder familiar, leia-se, filiação, é dada por substratos que não se medem monetariamente, quais sejam, o carinho, dedicação, amor, afeto, atenção, etc. Para tais valores, quando reais, a questão financeira fica relegada a plano distante. O que se busca, de fato, é a presença, o afeto.Por fim, a Constituição da República Federativa ao afirmar a dignidade da pessoa humana como fundamento da República Federativa do Brasil, colocar a solidariedade como objetivo fundamental, estabelecer a importância da família para o contexto social, pontuar a igualdade e mais uma gama de direitos fundamentais, certamente encampou, de maneira implícita, o afeto como fio condutor da filiação.
d) Que princípios poderiam ser utilizados na apreciação do tema ?
O princípio da igualdade substancial entre os filhos, de matiz, como visto, constitucional, carrega consigo uma preponderância do princípio da igualdade, corolário do princípio condutor de todo o sistema jurídico pátrio, qual seja, a Dignidade da Pessoa Humana. É que ao enunciar que diante da filiação não há status mais ou menos relevantes, sendo todos do mesmo vigor jurídico, atrai para si a filiação socioafetiva como geradora de todos os efeitos jurídicos possíveis.
e) Sílvia e Rogério representam que entidade familiar à luz da classificação existente na
doutrina ?
Resposta: A busca pela felicidade na manutenção da família parte, essencialmente, da possibilidade, sempre quando possível, de escolher os membros que farão parte dela, como se dá, por exemplo, quando há a possibilidade de fixação da filiação socioafetiva, encampada ela que está pela felicidade de ter ao lado àquele que tanto ama, ainda que não haja quaisquer laços consanguíneos. A família eudemonista é uma superação da ideia patriarcal, patrimonializada e a exasperação da família socioafetiva.
Para essa nova tendência de identificar a família pelo seu envolvimento afetivo surgiu um novo nome: família eudemonista, que busca a felicidade individual vivendo um processo de emancipação de seus membros. O eudemonismo é a doutrina que enfatiza o sentido de busca pelo sujeito de sua felicidade.
Numa concepção mais técnica, a família eudemonista é uma das modalidades de família contempladas pelo princípio da não taxatividade do rol de famílias, a despeito da redação do artigo 226, § 4º[5] da Constituição Federal. É que numa visão do Direito de Família impregnado pelas avançadas ideias do Texto Constitucional, sempre em evolução e mutação, sendo acompanhado pelo Código Civil, formando um nítido Direito Civil Constitucional, a taxatividade do rol familiar só faria desnaturar o sentido de afeto e solidariedade que compõem o conceito de família.
2ª questão:
Elizabeth e Alfredo namoraram durante 12 anos. No final do 11º ano, ficaram noivos,
para a alegria de Elizabeth. Em razão doevento, ela mandou confeccionar todo o
enxoval no interior de São Paulo, tendo utilizado todas as suas economias dos
últimos cinco anos. Durante uma viagem para Salvador, Alfredo se apaixona por Elisa
e volta decidido a romper o noivado, o que faz. A paixão é fulminante e ele acaba
marcando o casamento em seis meses. Durante a cerimônia de casamento,
imediatamente após terem ambos manifestado o consentimento, Elisa sofre um
enfarte, vindo a falecer, antes que a autoridade que presidia o ato pronunciasse as
palavras formais, declarando-os casados. Elizabeth ingressou em juízo em face de
Alfredo, requerendo indenização por danos materiais e morais, pelo rompimento do
noivado. Alegou que houve promessa de casamento por parte de Alfredo.
Indaga-se :
a) Qual a natureza jurídica dos esponsais para o direito brasileiro?. Poderiam ser
classificados como um contrato preliminar ? 
Resposta: Embora o nosso Código Civil não disponha sobre os esponsais, atualmente tramitam em diversos Tribunais do nosso país inúmeras ações indenizatórias em face ao seu rompimento . Entendimento majoritário da Jurisprudência é que o rompimento dos esponsais não caracteriza ato ilícito que enseje o dever de indenizar.
Uma pessoa não pode obrigar outrem a contrair o matrimônio, mesmo que o rompimento do compromisso gere sofrimento, dor e frustração. Todavia, é possível que em casos excepcionais, o rompimento injustificado do noivado acarrete danos morais à parte abandonada.Assim, o rompimento dos esponsais pode causar o dever de indenizar, mas devem os Tribunais realizar uma análise profunda acerca dos fatos e dos seus possíveis efeitos jurídicos. Por isso , a boa-fé objetiva tem aplicação no campo dos contratos, desde a fase preliminar, passando pela fase de execução ou contratual propriamente dita, até a fase pós-contratual. Ao falar da responsabilidade pré-negocial no casamento de início, devemos já esclarecer que a responsabilidade pré contratual decorre “não do fato de a tratativa ter sido rompida e o contrato não ter-se concluído, mas do fato de uma das partes ter gerado, à outra, a expectativa legítima, de que o contrato seria concluído.”Em resumo, entendemos que se um dos interessados, por sua atitude, cria para o outro a expectativa de contratar (casar-se), obrigando-o, inclusive, a fazer despesas, sem qualquer motivo, põe termo às negociações, o outro terá o direito de ser ressarcido dos danos que sofreu.
b) Esclareça qual o posicionamento doutrinário e a tendência da jurisprudência no
tocante a possibilidade de indenização em razão da ruptura do noivado.
Resposta: A possibilidade de reparação nesses casos vem sendo abordada há tempos pela doutrina e pela jurisprudência, havendo posicionamentos em ambos os sentidos. De todo modo, cabe esclarecer que não se trata de indenização pretendida em decorrência de vínculo familiar, pois, no caso de noivado, esse ainda não existe. Vislumbra-se que a boa-fé objetiva dá um novo tratamento à matéria, pois a quebra de promessa de casamento futuro deve ser encarada como uma quebra dos deveres de lealdade, de transparência e de confiança, ínsitos a qualquer relação jurídica.
Diante de todo o exposto conclui-se o dano moral no rompimento da promessa de casamento é devido em casos especiais, sendo que um simples fim de relacionamento amoroso não é cabível a aplicação do dano. Os casos especiais para a aplicação do dano moral são aqueles que trazem para a vítima o profundo sentimento de perda, tristeza, abalos psicológicos, vergonha perante familiares e amigos, são casos como exemplo, de abandono no altar, ou as vésperas do casamento, entre outros, nestas situações são perfeitamente cabível a aplicação do dano moral.
O sentido do princípio da boa-fé objetiva pode ser percebido da análise do art. 422 do Código Civil, pelo qual “os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios da probidade e da boa-fé”. O dispositivo em análise consagra a necessidade de as partes manterem, em todas as fases contratuais, sua conduta de probidade e lealdade. Compreende-se que tal dispositivo legal traz especializações funcionais da boa-fé: a equidade, a razoabilidade e a cooperação. Essas três expressões servem para demonstrar os deveres anexos.
c) Qual o estado civil de Alfredo após a morte de Elisa? 
Resposta : Permaneceu solteiro pois nao foi concluida pela autoridade judical a oficalizacao do casamento defido a morte de Elisa.
3ª questão:
Carlos, em 2001, casou-se apenas no religioso com Maria, sem efeitos civis, tendo
esta falecido no ano de 2003. Hoje, Carlos pretende contrair matrimônio com Glória,
mãe de Maria.
Indaga-se :
a) Qual a natureza jurídica da união entre Carlos e Maria?
Resposta: A validade civil do casamento religioso continua vinculada à
exigência de sua inscrição no registro próprio, que é o Registro Civil das Pessoas
Naturais, desde que atendida a providência da habilitação dos nubentes, antes ou
depois da celebração religiosa.
O prazo para registro, que a Lei n. 6.015/73 limita a 30 dias, é
aumentado, pelo novo Código Civil, para 90 dias, no caso de prévia habilitação.
Mas, ainda depois desse prazo será possível o registro a qualquer tempo, desde
que efetuada nova habilitação.
Da mesma forma, se o casamento religioso foi celebrado sem as
formalidades da lei civil, poderá vir a ser inscrito no registro civil a qualquer tempo,
bastando que se faça a devida habilitação perante a autoridade competente.
Deu-se, portanto, acertada valorização do casamento religioso,
uma vez que podem ser admitidos os seus efeitos civis a qualquer tempo, desde
que regularizado mediante habilitação dos contraentes e o devido registro. Note-se
que os efeitos, ainda que tardio o registro, retroagem à data da celebração do
casamento religioso.
O que prevalecerá se, no interstício entre a celebração e o
registro do casamento religioso, vier um dos cônjuges a contrair com outrem
 casamento civil? Haverá impedimento para o registro ou nulo será o registro, como
prevê o novo Código Civil, no § 3°de seu artigo 1.516.
b) Com a morte de Maria é possível o casamento de Carlos com Glória ? Explique.
Resposta: Não, pois sao afins em linha reta ( grau de parentesco) 
4ª questão:
Adriana casa com Felipe em 2003, pelo regime da comunhão universal de bens,
desconhecendo que ele já era casado. Apenas dois anos depois ela descobre que
Felipe era casado e ajuíza ação anulatória.
Indaga-se :
a) Como deverá ser julgado o pedido ? Justifique :
Resposta: Procedente, devido ao Art. 1.521, VI . que diz: "Não podem casar: as pessoas casadas;
b) Ante a boa fé de Adriana há algum efeito jurídico reconhecido por lei ?
Resposta: Segundo Art. 1.563. A sentença que decretar a nulidade do casamento retroagirá à data da sua celebração, sem prejudicar a aquisição de direitos, a título oneroso, por terceiros de boa-fé, nem a resultante de sentença transitada em julgado.
c) Sabendo-se que Adriana levou para o casamento um imóvel e ele dois imóveis e três
carros, como serão partilhados os bens? Justifique a resposta.
Resposta: Segundo o Art. 1.564. Quando o casamento for anulado por culpa de um dos cônjuges, este incorrerá:
I - na perda de todas as vantagens havidas do cônjuge inocente;
II - na obrigação de cumprir as promessas que lhe fez no contrato antenupcial.
5ª questão:
Ana e Miguel celebram um pacto antenupcial, no qual escolhem o regime da
comunhão universal de bens, para o casamento que seria celebrado em breve. Na
mesma ocasião, Miguel faz uma doação a Ana de uma fazenda de gado leiteiro no
Mato Grosso do Sul.
Diante do exposto, responda:
a) Quais os requisitos necessários para que o pacto celebrado tenha validade?
Fundamente.
Resposta: O pacto antenupcial é um contrato pré-nupcial ou convenção matrimonial firmado pelos casais antes da celebração do casamento. Que serve para indicar a escolha do regime de bens a ser adotado durante a união e também trata das questões patrimoniais do casal. Ele deve ser feito, principalmente, quando o casal optar pela adoção do regimede bens, durante o casamento, diverso do chamado regime legal ou convencional, neste caso, o regime da comunhão parcial de bens. Para sua validade os pactos antenupciais devem revestir-se de algumas formalidades legais e sua ausência acarretará a nulidade do instrumento; considerando sua natureza contratual deverá atender a alguns requisitos considerados essenciais neste cenário jurídico, quais sejam, ser o agente capaz, ter um objeto lícito, possível e determinável ou determinado, forma prescrita e não defesa em lei. Neste contexto a lavratura de escritura pública perante o Cartório de Notas com sua remessa ao Serviço Registral de Pessoas Naturais onde se deu a habilitação para o casamento, é um dos requisitos fundamentais para validar o pacto. A presença dos nubentes é outro requisito para validação do pacto, porém, poderá ser nomeado representante legal para representar as partes, no entanto, para ser válida referida nomeação deve ser seguida de procuração pública com poderes específicos para o ato. No caso de menores de idade, entendidos aqui como os relativamente incapazes, com idade entre 16 e 18 anos, poderá haver a celebração de pacto antenupcial, mas o menor deverá estar assistido por seu representante legal para que este participe e convalide o ato.
Na seara patrimonial também poderão ser pactuadas cláusulas atinentes a doações entre os cônjuges, destes para terceiros, compra e venda ou promessa, cessão de direitos, permutas, usufruto, comodato, uso e destinação de frutos decorrentes da aquisição de bens ou daqueles já existentes. Questões de ordem pessoal também poderão ser redigidas no pacto, podendo ser exemplificadas nas renúncias aos deveres de fidelidade, necessidade de coabitação, livre escolha religiosa das partes. Poderão ainda ser eleitas cláusulas que contemplem reconhecimento de filhos e nomeação de tutores para estes.
Não podem ser contratados no pacto antenupcional situações contrárias às normas legais, como aquelas que ferem direta ou indiretamente a dignidade, os direitos e garantias fundamentais de um ou ambos os nubentes. Cláusulas que impõe renúncia ao dever de mútua assistência, guarda dos filhos ou que obste eventual pedido de divórcio e até mesmo cláusulas que modifiquem normas de ordem sucessória e que disponham sobre herança de pessoa viva.
O pacto antenupcial, apesar da inexistência de legislação específica, poderá formar regimes de casamento mistos, ou também conhecidos como regimes híbridos. A estes regimes, interpretados como um regime de bens secundário, as partes podem, a partir da eleição de um dos quatro regimes primários de bens (comunhão universal de bens, comunhão parcial de bens, separação de bens e participação final nos aquestos), acrescentar aos pactos antenupciais cláusulas que contemplem regras e benefícios específicos entre os nubentes.
Diante da possibilidade de contemplar questões de diversas naturezas, o pacto antenupcial não produzirá efeitos somente entre os cônjuges. No que se refere a constituição patrimonial deverá produzir efeitos em relação a terceiros, visando a proteção do acervo bem como evitar prejuízos ou até práticas fraudulentas em relação aos demais envolvidos.
Assim, o pacto antenupcial torna-se válido perante terceiros a partir de seu registro, que ocorrerá perante o oficial do Registro de Imóveis no domicílio do casal em livro especial. A averbação do pacto antenupcial também deverá acontecer no Ofício de Registro de Imóveis de cada um dos bens já existentes, garantindo assim, a oponibilidade das disposições pactuada entre o casal perante terceiros. As disposições contempladas também podem abranger as relações profissionais dos cônjuges, mais especificamente quando um ou ambos exercer a função empresária, ocasião em que o pacto antenupcial deverá ser averbado e arquivado junto ao Registro Público de Empresas Mercantis.
Não havendo a observância dos procedimentos prescritos em lei, o pacto antenupcial não será nulo, porém, suas disposições somente terão validade entre os nubentes, não alcançando qualquer direito perante terceiros. Por fim, em relação aos bens móveis, estes dispensam todas as formalidades exigidas em lei em relação aos imóveis, bastando a simples apresentação do pacto devidamente registrado quando a situação assim o exigir.
b) O que ocorrerá com a fazenda em caso de dissolução dessa sociedade conjugal?
Resposta: Do Regime de Comunhão Universal: A comunhão universal de bens estabelece entre os cônjuges um vínculo patrimonial de todos os bens que possuam e os que venham a possuir na constância do casamento. Ou seja, na comunhão universal de bens quando os cônjuges decidem por fim ao casamento terão de dividir de forma igualitária todos os bens que possuírem. Neste regime também existem exceções, como no caso do recebimento de herança por um dos cônjuges que não se comunicará com o restante do patrimônio
c) Quais os bens que não se comunicam no casamento celebrado sob o regime da
comunhão universal de bens? 
Resposta: Já o regime da comunhão universal (arts. 1.667 ao 1.671, CC) estabelece que os bens adquiridos antes e durante o casamento ficam pertencendo ao casal, com exceção das situações constantes do art. 1.668. é mister a celebração de escritura pública de pacto antenupcial. Pode-se considerar que este regime de bens é uma forma de aquisição da propriedade não elencada expressamente nos capítulos II e III, do Título III, do Livro III, do CC.
Recomenda-se a inserção do termo “universal” quando da convenção antenupcial. Ao que parece, não haveria necessidade, pois a própria palavra comunhão nos dá idéia de partilhar, de participação na totalidade de um patrimônio, sendo o aludido termo um excesso. Assim, a expressão “comunhão universal” seria demasia, somente havendo que se restringir quando a comunhão não fosse do todo, ou seja, comunhão parcial. Entretanto, a supressão da palavra poderia gerar confusões. O próprio art. 1.667 do Código Civil utiliza a expressão “universal” para diferenciar da “parcial”.
Parece-nos que o ideal é que conste na escritura “comunhão universal de bens”, a fim de não gerar problemas futuros aos cônjuges quando forem celebrar negócios jurídicos.

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