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Produção de Texto EM Profª Andréa Fávaro Reis Baroni A introdução da dissertação traz ao leitor o tema a ser discutido além de, muitas vezes, trazer sob qual ângulo a questão será discutida. Desta forma, é ela quem provoca no leitor o primeiro impacto, é ela a apresentação de seu texto e, portanto deve ser muito bem trabalhada, o que não é tão difícil, pois há várias boas maneiras de se começar uma dissertação. As formas abaixo são algumas possíveis, mas, certamente, não são as únicas. Vale ainda salientar que a introdução só deve ser feita após estar concluído o “Projeto de Texto”. Tipos de introdução Roteiro: Como em toda introdução, o tema deve estar presente. Além disso, neste tipo é apresentado ao leitor o roteiro de discussão que será seguido durante o desenvolvimento. Uma possível introdução seria: Por tratar-se um assunto relativamente recente e complexo, a Engenharia Genética ainda não foi discutida de forma abrangente e conclusiva. Para compreendê-la melhor, deve-se, primeiramente, entender como se dá o processo de evolução da ciência, à luz de inúmeros exemplos históricos. Depois, é necessário analisar o que já se sabe sobre essa técnica e, só então, tecer comentários sobre suas possíveis implicações. 1. Introdução - Roteiro: Pontos positivos: A introdução funciona como um resumo da redação, portanto facilita o desenvolvimento. Após ter sido feito o projeto de texto, essa forma de introdução torna-se fácil de fazer. Pontos perigosos: Esse tipo de introdução pode tirar do leitor a surpresa em descobrir, durante a leitura do texto, um argumento inesperado. Quando mal feito, pode tornar o texto repetitivo. Por isso é importante desenvolver os argumentos de maneira criativa. Cuidado: O principal defeito em uma redação que utiliza este tipo de introdução é seguir outro roteiro que não o nela citado. 1. Roteiro: (Hipo)Tese: Este tipo de introdução traz o ponto de vista a ser defendido, ou seja, a tese que se pretende provar durante o desenvolvimento. Na conclusão, a tese será retomada e não copiada. Vejamos um exemplo: Classificar a Engenharia Genética como uma técnica benéfica ou maléfica é de uma ingenuidade pueril. É sempre de grande superficialidade tratar uma técnica científica como algo bom ou ruim. Afinal, pode-se dizer que a energia nuclear, a televisão, os aviões ou serras elétricas são “do bem” ou “do mal”? Obviamente não. Toda técnica, em princípio é neutra. O que se deve observar atentamente são os fins para as quais tais artifícios são utilizados. 2. Introdução tipo Tese: Pontos positivos: Assim como na introdução roteiro, após ter sido feito o projeto de texto, essa forma de introdução torna-se fácil de fazer. Quando bem feita, produz no leitor uma sensação de surpresa logo no início. Caberá ao desenvolvimento dar sustentação ao que foi afirmado na introdução. Pontos perigosos: Uma introdução com tese ‘lugar comum’ acaba com qualquer expectativa do leitor. Quando mal feito, pode tornar a conclusão igual à introdução. Cuidado: O principal risco desse tipo de introdução é não ser capaz de realmente comprovar a tese apresentada. 2. Introdução tipo Tese: Perguntas: Esta introdução constitui-se de uma série de perguntas sobre o tema. Será que algum dia o homem poderá dominar o fogo de Zeus? A Engenharia Genética virá a ser utilizada como uma técnica a serviço da humanidade, ou como um paliativo para nossos mais mundanos desejos? Conseguirão os homens modificar as paisagens do grande quebra-cabeças natural, sem lhes destruir peça alguma? 3. Introdução por Perguntas: Pontos positivos: Bastante simples de ser feita. Como se trata de perguntas, a princípio não produz nem adesão nem negação. Pontos perigosos: Por ser uma forma bastante simples de se começar um texto, normalmente não consegue atrair suficientemente a atenção do leitor. Para evitar esse problema, as perguntas devem ser realmente ‘novas’. Cuidado: O principal problema neste tipo de introdução é não responder ou responder, de forma ineficaz, às perguntas feitas. 3. Introdução por Perguntas: Histórica: Esta introdução traça um rápido panorama histórico da questão, servindo muitas vezes de contraponto ao presente. Na primeira metade do século XX, o líder da China comunista, Mao Tse-Tung, foi questionado sobre as implicações da revolução Francesa, ocorrida no século XVIII, no panorama político e social mundial. Mao, sabiamente, respondeu que ainda era cedo demais para concluir algo sobre esse fato histórico. 4. Introdução Histórica: Pontos positivos: Demonstra capacidade de relacionar fatos históricos ao presente. Demonstra cultura geral. Pontos perigosos: Não basta citar fatos históricos, é necessário relacioná-los com os atuais. Lembre-se de que em uma dissertação você deve analisar os fatos e não apenas citá-los! Cuidado: Procure escolher fatos históricos conhecidos e significativos para o desenvolvimento que se pretende dar ao texto. 4. Introdução Histórica: Definição: Parte da definição do significado do tema, ou de uma parte dele. Engenharia Genética é o conjunto das técnicas através das quais é possível alterar a carga genética de um ser vivo, atribuindo-lhe novas características. Estas podem variar da maior resistência de vegetais ao ataque de predadores, até a possibilidade de tornar real o sonho nazista da eugenia. 5. Introdução por Definição: Pontos positivos: Uma definição pouco comum pode surpreender o leitor, positivamente. Pontos perigosos: A definição, na maioria das vezes, revela uma tese. Assim, pode ser necessário durante o desenvolvimento justificar a definição usada. Cuidado: Vale perceber que há, muitas vezes, mais de uma maneira de se definir algo e, portanto, a escolha da definição mais adequada dependerá do ponto de vista a ser defendido. 5. Introdução por Definição: Comparação - por semelhança ou oposição: Procura-se neste tipo de introdução mostrar como o tema, ou aspectos dele, se assemelham - ou se opõem - a outros. A Sísifo coube a penosa missão de levar uma grande pedra até o distante topo de uma montanha. Passava o dia todo executando essa árdua tarefa que, quando vinha a noite, era inutilizada pois a pedra caía e seus esforços tornavam-se em vão. A angústia e a desesperança passaram, então, a governar o pobre mortal. Igualmente ao castigado Sísifo, o cidadão brasileiro sofre ao se deparar com o cenário social do país. Com o lema capitalista “trabalhar é preciso, viver bem não é preciso” imbuído nas entranhas de sua essência, transmite um legado de ignorância e infelicidade às futuras gerações. Estas são violentadas psicológica e fisicamente ao terem sua infância arrancada e substituída por um instrumento de trabalho. 6. Introdução por Comparação Pontos positivos: Quando bem feita, quebra o senso comum. Demonstra capacidade de estabelecer relações. Pontos perigosos: A comparação deve servir a um propósito claro, normalmente evidenciar um aspecto do tema (ou encobrir outros). Cuidado: Fuja de comparações óbvias, como ‘Os jovens são o futuro do país’. 6. Introdução por Comparação Ressalva: Contesta uma ideia ou uma citação conhecida. Ao contrário do que muitos afirmam, o vestibular não é o melhor método de seleção de estudantes para o ensino superior. E, muito menos, é o mais justo. Esse posicionamento é próprio daqueles que se contentam com o acúmulo de conhecimento e disseminam o ranço positivista nos círculos acadêmicos. Aqueles que não ouviram as sábias palavras do educador Paulo Freire, que defendia a educação como “exercício de liberdade e processo de libertação dos oprimidos”. 7. Introdução por ressalva Pontos positivos: Quebra o senso comum; demonstra capacidade de questionamento; desfazer clichês atrai mais a atenção do que usá-los. Pontos perigosos: Nem sempre conseguimos contestar o já estabelecido. Cuidado: Não basta apenas questionar o senso comum. Durante o desenvolvimento será necessário, de fato, mostrar por que ele está ‘errado’. 7. Introdução por ressalva Narração: Trata-sede contar um pequeno fato de relevância como ponto de partida para a análise do tema. Ex. 1 - Sentar numa frigideira com óleo quente foi o castigo imposto ao pequeno D., de um ano e meio, pelo pai, alcoólatra. Temendo ser preso, ele levou a criança a um hospital uma semana depois. A mulher, também vítima de espancamentos, o denunciou à polícia. O agressor fugiu. Ex. 2 - Um jovem menino quebra pedra. Trabalha, e teima, e lima, e sua. O que gostaria de ser quando crescer? Criança, seria a resposta. Provavelmente, essa seria a resposta de todas as crianças que se veem obrigadas ao trabalho e muitas vezes à prostituição. Infelizmente, parece que a lei que assegura os direito dos pequeninos e dos adolescentes não condiz com a realidade na prática. 8. Introdução por narração Ex. 3 - “A existência precede a essência”. E quando o homem se dá conta de sua subjetividade, percebe-se limitado diante do mundo, assusta-se. J.M., indiano, pai de dois filhos, sendo um deles doente em estado terminal, vítima de um câncer encefálico. Rumores. Ergue-se sobre a Índia um semi-deus, capaz de curar qualquer doença. Notícias de que inúmeros ficaram curados de todas os males sejam eles físicos, espirituais ou do amor. Preço. Pedras preciosas, dinheiro, muito dinheiro. O que é dinheiro em troca de talismãs de cura de um filho doente? Penhoraram casa e terras. Ritual, fumaça, incenso e rezas. E talismã. O menino melhorou. O pai negou-se a exames posteriores, afinal, o menino estava curado. Coroado de rosas em seu funeral. O semi-deus, milionário, declarava que em breve compraria um canal de televisão e mais aviões, jatos, colecionava. 8. Introdução por narração Pontos positivos: Histórias bem contadas atraem a atenção dos leitores; uma boa história produz adesão. Pontos perigosos: A história deve ser concisa, jornalística; evite ‘enrolações’. Cuidado: Evite transformar toda sua dissertação em uma narrativa. 8. Introdução por narração Contextualização: consiste em criar um quadro descritivo do tema abordado. Todos os anos ele é alvo da atenção de milhares de jovens e adultos por todo o país. Causa medo, angústia, incertezas. Movimenta um setor econômico milionário e representa, para muitos, um muro proibitivo para continuação de seus estudos. Esse é o vestibular, método de seleção utilizado pela grande maioria das instituições de ensino superior brasileiras. 9. Introdução por contextualização Pontos positivos: Descrições bem feitas atraem a atenção dos leitores; uma boa descrição produz adesão. Pontos perigosos: Esse é um dos tipos mais comuns, portanto a descrição só vale a pena se feita de maneira criativa; fuja do clichê ‘Hoje em dia, no Brasil...’ Cuidado: Evite descrições muito simplistas que pouco acrescentam à redação. 9. Introdução por contextualização Estatística: Consiste em se apresentar dados estatísticos relativos à questão a ser tratada. Quarenta mil crianças morreram hoje no mundo, vítimas de doenças comuns combinadas com a desnutrição. Para cada criança que morreu hoje, muitas outras vivem com a saúde debilitada. Entre os sobreviventes, metade nunca colocará os pés em uma sala de aula. Isso não é uma catástrofe futura. Isso aconteceu ontem, está acontecendo hoje. E irá acontecer amanhã, exceto se o mundo decidir proteger suas crianças. 10. Introdução estatística Pontos positivos: Demonstra conhecimento de números relevantes para a análise do tema; dados consistentes produzem adesão. Pontos perigosos: Não ‘invente’ números. Os leitores normalmente têm como checar a sua informação; o dado estatístico não diz nada por si só. É necessário que ele apareça acompanhado de uma análise criteriosa. Cuidado: Procure sempre mencionar a fonte, caso contrário a credibilidade dos dados pode ficar comprometida. 10. Introdução Estatística Mista: Procura fundir várias formas de introdução em uma só. Essa forma de introdução é a mais utilizada. Qual é o melhor método de seleção de candidatos para o ingresso no ensino superior? O vestibular, apesar das críticas constantes dos estudantes e especialistas, ainda é o método mais utilizado pelas universidades brasileiras. Assim, perpetua-se, de uma forma maquiada, o uso da sabatinas que horrorizavam alunos no início do século passado. O autor do exemplo anterior fundiu introdução por pergunta, descrição, histórica e tese. Importante: Com esse tipo de introdução, é possível ‘somar’ os pontos positivos dos vários tipos. 11. Introdução Mista Observa-se que o governo brasileiro quer ensinar aos governantes estrangeiros como sair da penúria. Do jeito que falam, dão a entender que o Brasil é um exemplo de administração pública e prosperidade, ao contrário dos outros países. Mas basta viajar para a Europa, por exemplo, para se ter uma opinião bem diferente. Modelo de Introdução Nessa introdução, o autor começa com uma frase inicial bem irônica e ela já contém o tema: o governo brasileiro quer ensinar aos estrangeiros a como sair de uma crise econômica. Depois, ele apresenta um argumento para explicar o que disse anteriormente e na última frase, ele demonstra que não concorda com a atitude dos governantes brasileiros e assim já nos mostra qual é o objetivo do texto. Análise da Introdução Tema: O governo brasileiro. Delimitação do tema (tópico frasal): O governo brasileiro quer ensinar aos estrangeiros a como sair de uma crise. Objetivo: Mostrar que a realidade não é outra. Análise da Introdução Apresento, aqui, algumas frases que podem ajudar, para iniciar a introdução. Não tomem estas frases como receita infalível. Antes de usá-las, analise bem o tema, planeje incansavelmente o desenvolvimento, use sua inteligência, para ter certeza daquilo que será utilizado em sua dissertação. Só depois disso, use estas frases: Frases para Introdução Cogita-se, com muita frequência, de ... O mesmo raciocínio da anterior, agora com a circunstância de modo (com muita frequência). Muito se tem discutido, recentemente, acerca de ... Muito se debate, hoje em dia, ... No Brasil, observa-se ... Cuidado com a concordância: Partícula apassivadora. Frases para Introdução É de fundamental importância o (a) .... É indiscutível que ... / É inegável que ... Muito se discute a importância de ... Comenta-se, com frequência, a respeito de ... Não raro, toma-se conhecimento, por meio de ..., de Frases para Introdução Não raro, toma-se conhecimento, por meio de ..., de Apesar de muitos acreditarem que .... (refutação) Ao contrário do que muitos acreditam ... (refutação) Pode-se afirmar que, em razão de ...( devido a, pelo ) ... Ao fazer uma análise da sociedade, busca-se descobrir as causas de .... Frases para Introdução
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