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Historia do cristianismo

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08- HISTÓRIA DO CRISTIANISMO 
CENTRO BATISTA DE EDUCAÇÃO SERVIÇO E PESQUISA 
 
INTRODUÇÃO 
 
A identidade de um povo é construída pelo conjunto de características sociais, morais, éticas, pessoais, religiosas e 
culturais agrupadas num processo histórico que se perpetua pela transmissão de uma geração à outra, através dos 
meios possíveis. 
Tal processo revela o que os homens fizeram, pensaram e sentiram enquanto seres sociais. Nesse sentido, o conheci-
mento histórico ajuda na compreensão do homem enquanto ser que constrói seu 
tempo. 
 
Portanto, a história é feita por homens, mulheres, crianças, ricos e pobres; por go-
vernantes e governados, por dominantes e dominados, pela guerra e pela paz, por 
intelectuais e principalmente pelas pessoas comuns que desde os tempos mais re-
motos deixaram a sua marca, o seu legado ou simplesmente viveram os seus dias 
como todos os mortais 
 
A história está presente no cotidiano e serve de alerta à condição humana de agente transformador do mundo e ao 
estudá-la nos deparamos com o que os homens foram e fizeram, e isso nos ajuda a compreender o que podemos ser 
e fazer. 
 
Assim, a história é a ciência do passado e do presente, mas o estudo do passado e a compreensão do presente não 
acontecem de uma forma perfeita, pois não temos o poder de voltar ao passado e ele não se repete. Por isso, o passado 
tem que ser “recriado”, levando em consideração as mudanças ocorridas no tempo. 
 
As informações recolhidas no passado não servirão ao presente se não forem recriadas, questionadas, compreendidas 
e interpretadas. 
A história não se resume à simples repetição dos conhecimentos acumulados. Ela deve servir como instrumento de 
conscientização dos homens para a tarefa de construir um mundo melhor e uma sociedade mais justa. 
 
FONTES 
 
O estudo da História foi dividido em dois períodos: A Pré-História (antes do surgimento da escrita) e a História (após 
o surgimento da escrita, por volta de 4.000 a.C). 
 
Para analisar a Pré-História, os historiadores e arqueólogos analisam fontes materiais (ossos, ferramentas, vasos de 
cerâmica, objetos de pedra e fósseis) e artísticas (arte rupestre, esculturas, adornos). Já o estudo da História conta com 
um conjunto maior de fontes para serem analisadas pelo historiador. 
 
Estas fontes podem ser: livros, roupas, imagens, objetos materiais, registros orais, documentos, moedas, jornais, grava-
ções, etc. 
 
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CIÊNCIAS AUXILIARES DA HISTÓRIA 
 
A História conta com ciências que auxiliam seu estudo. Entre estas ciências auxiliares, podemos citar: 
 Antropologia (estuda o fator humano e suas relações). 
 Paleontologia (estudo dos fósseis). 
 Heráldica (estudo de brasões e emblemas). 
 Numismática (estudo das moedas e medalhas). 
 Psicologia (estudo do comportamento humano). 
 Arqueologia (estudo da cultura material de povos antigos). 
 Paleografia (estudo das escritas antigas) entre outras. 
 
O GREGO HERÓDOTO (485 A.C. - 430 A.C.) 
A História nasce unida à Filosofia. São os gregos que descobrem a importância específica da explicação histórica. 
 
Heródoto, historiador grego, nascido no século V a.C, é considerado o pai da História, pois 
é o primeiro a empregar a palavra no sentido de investigação, pesquisa. 
 
O desenvolvimento do termo vai mudando a partir dos paradigmas formulados por cada 
momento histórico. Na idade média, a história está voltada às explicações sobrenaturais, 
segundo um plano de providência divina. 
A partir dos séculos V e VI d.C. (período medieval), quando se forma a civilização ocidental europeia, a realidade está 
dividida em dois planos: o superior, perfeito (Deus) e o inferior, imperfeito (Ser Humano). Essa visão é ainda mais 
arraigada por Santo Agostinho, o primeiro formulador de uma interpretação teológica da História. 
 
Com o declínio do medievo e o desenvolvimento da razão e da busca por respostas mais racionais para a real idade, 
nasce o que comumente chamamos de modernidade. Aos poucos vai se formulando uma concepção não teológica 
do mundo e da história. O conhecimento não parte de mais de uma revelação divina, mas de uma explicação da razão. 
 
Com o advento do racionalismo já não se procura mais a salvação num outro mundo, mas sim o progresso e a perfeição 
aqui neste mundo mesmo. 
 
O ser humano não seria mais guiado pela fé, mas pela razão. Com a mudança de paradigma, agora não mais teocên-
trico, mas antropocêntrico, a maneira de pensar a história também vai se transformando. No século XVIII, com o apa-
recimento da burguesia e a desestruturação de uma sociedade feudal, surge o Iluminismo. Essa corrente de pensa-
mento busca mostrar a história como sendo o desenvolvimento linear, progressivo e ininterrupto 
da razão humana. 
 
Adiante no tempo, no começo do século XIX, surge outra corrente filosófica, o Positivismo, na 
França. Os principais idealizadores do positivismo foram os pensadores Augusto Comte e John 
Stuart Mill. Esta escola filosófica ganhou força na Europa na segunda metade do século XIX e 
começo do XX, período em que chegou ao Brasil. 
 
O positivismo defende a ideia de que o conhecimento científico é a única forma de conheci-
mento verdadeiro. 
Figura –Fonte: 
https://www.infoes-
cola.com/biografias/au-
guste-comte/ 
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De acordo com os positivistas somente pode-se afirmar que uma teoria é correta se ela foi com-
provada através de métodos científicos válidos. Os positivistas não consideram os conhecimentos 
ligados as crenças, superstição ou qualquer outro que não possa ser comprovado cientificamente. 
Para eles, o progresso da humanidade depende exclusivamente dos avanços científicos. Para os 
positivistas, cabe à história um levantamento científico dos fatos, sem procurar interpretá-los. 
 
De certa forma somos herdeiros dessa tradição positivista e aprendemos a olhar a história somente 
a partir de fatos que nos foram passados, pelo pensamento dominante. 
 
Somos acostumados a pensar a história a partir só dos seus heróis, sem levar em conta a rede de relações que esses 
heróis estão envolvidos. 
É muito comum, inclusive, nos debruçarmos sobre a história dos grandes heróis da fé: Moisés, Abraão e tantos outros, 
sem de fato nos voltarmos para pessoas comuns que estiveram junto com esses “heróis”, fazendo a história. O que 
dizer de Hagar, a escrava usada e excluída pela família do “herói” Abraão? 
 
Como vimos, a maneira de olhar a história transforma-se de acordo com o momento histórico em que vivemos. Nos 
dias atuais fala-se de um processo histórico de longa duração, onde o olhar do historiador está voltado para os detalhes 
que permeiam a realidade social. 
 
A história é feita do cotidiano das pessoas que não são apenas sujeitos, mas agentes no seu mundo em construção. 
 
A partir de uma visão mais ampliada do fazer história algumas pergun-
tas são importantes nesse objetivo de contar esta História da Igreja: 
 
Quem fez esta História? 
Quais são os seus personagens? 
Quem nos conta esta História? 
Quais interesses estão em jogo nesta História? 
De que lugar a História é contada? 
Onde estão as mulheres, as crianças, o pobre, o marginalizado nesta 
História? 
 
Há de se pensar nesses questionamentos ao lermos sobre a História do Cristianismo e quiçá possamos resgatar ou-
tros personagens além do que nos é passado nos manuais de estudo da História da Igreja. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura-Fonte: 
https://www.babe-
lio.com/auteur/John-
Stuart-Mill/118457 
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CAPÍTULO 1 - PANORAMA GERAL DA HISTÓRIA DO CRISTIANISMO 
 
A história do Cristianismo é na verdade a história da civi-
lização ocidental. 
 
 
Figura-Fonte:https://pedrophablo.wordpress.com/2010/09/03/%C2%BFquieres-
una-citav-jesucristo/ 
O Cristianismo tem tido uma influência marcante na soci-
edade como um todo – arte, linguagem, política, lei, vida 
familiar,
datas no calendário, música e a forma que pen-
samos – tudo sem sido colorido pela influência Cristã por 
quase dois milênios. 
 
O cristianismo é uma das chamadas grandes religiões. (em 
um contexto e panorama geral). Tem aproximadamente 
1,9 bilhões de seguidores em todo o mundo, incluindo ca-
tólicos, ortodoxos e protestantes. 
 
Como cristãos não temos o cristianismo como uma reli-
gião, isso porque: 
 
1. A religião olha para os seus tabus e o cristianismo olha 
para as pessoas. 
2. A religião valoriza o tradicionalismo, o cristianismo va-
loriza a experiência pessoal. 
3. A religião é uma busca sem fim, o cristianismo é o fim 
desta busca sem fim. 
4. A religião é conformação externa e o cristianismo é ex-
periência da alma. 
5. A religião é um sistema para adequar-se, o cristianismo 
é uma pessoa para seguir. (Pr. Israel Liberato) 
( https://www.youtube.com/watch?v=IA1IL4F3Mzc ) 
 
Cristianismo vem da palavra Cristo, que significa messias, 
pessoa consagrada, ungida. 
 
Do hebraico mashiah (o salvador) foi traduzida para o 
grego como khristos e para o latim como christus. 
 
A doutrina do cristianismo baseia-se na crença de que 
todo o ser humano é eterno, a exemplo de Cristo, que 
ressuscitou após sua morte. A fé cristã ensina que a vida 
presente é uma caminhada e que a morte é uma passa-
gem para uma vida eterna e feliz para todos os que se-
guirem os ensinamentos de Cristo. 
 
Os ensinamentos estão contidos exclusivamente na Bíblia, 
dividida entre o Antigo e o Novo Testamento. 
 
O Antigo Testamento trata da lei judaica, ou Torá. 
 
Começa com relatos da criação e é todo permeado pela 
promessa de que Deus, revelado a Abraão, a Moisés e aos 
profetas enviaria à Terra seu próprio filho como Messias, 
o salvador. 
 
O Novo Testamento contém os ensinamentos de Cristo, 
escritos por seus seguidores. 
 
Os principais são os quatro evangelhos ("mensagem", 
"boa nova"), escritas pelos apóstolos Mateus, Marcos, Lu-
cas e João. 
 
Também inclui os Atos dos Apóstolos (cartas e ensina-
mentos que foram passados de boca em boca no início 
da era cristã, com destaque para as cartas de Paulo) e o 
Apocalipse. 
 
O nascimento do cristianismo se confunde com a história 
do império romano e com a história do povo judeu. Na 
sua origem, o cristianismo foi apontado como uma seita 
surgida do judaísmo e terrivelmente perseguida. 
 
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Figura –Fonte: https://id14withmamquevedo.wordpress.com/2012/03/13/the-
roman-coliseum/ 
Quando Jesus Cristo nasceu, por volta do ano 4 AC, na 
pequena cidade de Belém, próxima a Jerusalém, os roma-
nos dominavam a Palestina. Os judeus viviam sob a admi-
nistração de governadores romanos e, por isso, aspiravam 
pela chegado do Messias (criam que seria um grande ho-
mem de guerra e que governaria politicamente), apon-
tado na Torá (VT) como o enviado que os libertaria da 
dominação romana. 
 
Até os 30 anos Jesus viveu anônimo em Nazaré, cidade 
situada no norte do atual Israel. Aos 33 anos seria crucifi-
cado em Jerusalém e ressuscitaria três dias depois. 
 
Em pouco tempo, aproximadamente três anos, reuniu se-
guidores (os 12 apóstolos) e percorreu a região pregando 
sua doutrina e fazendo milagres, como ressuscitar pes-
soas mortas e curar cegos, logo tornou-se conhecido de 
todos e grandes multidões o seguiam. 
 
Mas, para as autoridades religiosas judaicas ele era um 
blasfemo, pois se autodenominava o Messias. 
 
Não tinha aparência e poder para ser o líder que libertaria 
a região da dominação romana. 
 
Ele era o Deus que num processo de “Kenosis”, assumiu 
a sua humanidade e pregava paz, amor ao próximo. 
 
Para os romanos, era um agitador popular. Após ser preso 
e morto, a tendência era de que seus seguidores se dis-
persassem e seus ensinamentos fossem esquecidos. 
Ocorreu o contrário. 
 
É justamente nesse fato que se assenta a fé cristã. Como 
haviam antecipado os profetas no Antigo Testamento, 
Cristo ressuscitou, apareceu a seus apóstolos (Apóstolo 
quer dizer enviado.) que estavam escondidos e ordenou 
que se espalhassem pelo mundo pregando sua mensa-
gem de amor, paz, restauração e salvação. 
 
O cristianismo firmou-se como uma religião de origem di-
vina. 
Seu fundador era o próprio filho de Deus, enviado como 
salvador e construtor da história junto com o homem. 
 
Ser cristão, portanto, seria engajar-se na obra redentora 
de Cristo, tendo como base a fé em seus ensinamentos. 
 
Rapidamente, a doutrina cristã se espalhou pela região do 
Mediterrâneo e chegou ao coração do império romano. 
 
A difusão do cristianismo pela Grécia e Ásia Menor foi 
obra especialmente do apóstolo Paulo, que não era um 
dos 12 e teria sido chamado para a missão pelo próprio 
Jesus. 
 
As comunidades cristãs se multiplicaram e em Roma, mui-
tos cristãos foram transformados em mártires, comidos 
por leões em espetáculos no Coliseu, como alvos da ira 
de imperadores atacados por corrupção e devassidão. 
 
Em 313, o imperador Constantino se “converteu” ao 
cristianismo e concedeu liberdade de culto, o que facilitou 
a expansão da doutrina por todo o império. 
 
Flavius Valerius Aurelius Constantinus (272-337), conhe-
cido como Constantino I ou Constantino o Grande, foi im-
perador do Império Romano do ano 306 a 337. 
Na História, passou como o primeiro imperador cristão. 
 
Antes de Constantino, as reuniões ocorriam em subterrâ-
neos, as famosas catacumbas que até hoje podem ser vi-
sitadas em Roma. 
O cristianismo, mesmo firmando-se como de origem di-
vina e transformadora, é, como qualquer religião parte de 
uma escolha pessoal, praticado por seres humanos com 
liberdade de pensamento e diferentes formas de pensar. 
VEÍCULOS DE DIFUSÃO DO CRISTIANISMO 
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 Após a morte de Jesus, a mensagem cristã difundiu-se 
rapidamente beneficiando de uma conjectura social e po-
líticas muito propícias. Assim podemos atribuir o sucesso 
da expansão cristã aos seguintes fatores: 
 
1 - Uma excelente rede de estradas que facilitou a circula-
ção dos discípulos e dos ideais cristãos; 
2 - Unidade linguística do império que facilitou a transmis-
são desses mesmos ideais; 
3 - Uma intensa obra evangelização por parte dos após-
tolos, quer pelas suas viagens, quer pela redação dos qua-
tro evangelhos do Novo testamento; 
4 - O apostolado de Paulo e de Pedro; 
5 - A existência de comunidades judaicas (diáspora), por 
todo o Império, que acolheram bem este novo credo, por 
ser também monoteísta; 
6 - O descontentamento e a insatisfação gerais da popu-
lação romana devido às desigualdades sociais existentes; 
7 - Os valores defendidos pelo Cristianismo eram sinôni-
mos de esperança para os povos oprimidos; 
8 - A fuga da perseguição religiosa empreendida inicial-
mente por judeus conservadores, e posteriormente pelo 
Estado Romano; 
9 - A existência de numerosas cidades; 
10 - O cárter universalista da mensagem, uma fé que pro-
põe que a mensagem de Deus se destina a toda a huma-
nidade e não apenas a um povo escolhido; 
11 - O ideal de paz pregado pelos cristãos; 
12 - E por último a corajosa resistência dos mártires cris-
tãos, que, em tempos de perseguição enfrentavam as tor-
turas mais cruéis. 
 
Outro fator coadjuvante foi a crise que a própria religião 
tradicional romana, atravessava nessa época. Excessiva-
mente formal e ritualista incapaz de dar respostas satisfa-
tórias às inquietações dos homens, que procuravam ex-
pectativas de felicidade no Além. 
 
Ao aliar a esta crise religiosa, as correntes filosóficas que 
circulavam, espalhavam a ideia de um Deus único, su-
premo e transcendente, adubando o caminho para o mo-
noteísmo. 
 
A cidade de Jerusalém foi o centro da primeira comuni-
dade cristã até a sua destruição pelos Romanos em 70 d. 
C., por ordem de Tito, que mandou destruir também o 
templo. 
O centro do movimento
cristão irradiou então a sua in-
fluência a outros núcleos urbanos da Palestina. No en-
tanto ironicamente a sua expansão foi mais limitada na 
Palestina do que noutras partes do Império. 
 
Devido a perseguição movida pelas autoridades religiosas 
judaicas, e à morte do primeiro mártir, Estêvão, o cristia-
nismo começa a conquistar os judeus dispersos por todo 
o Império Romano, ganhando força, sobretudo nas pro-
víncias orientais do Egito, da Ásia Menor e da Grécia. 
 
A conversão dos judeus de Alexandria, Éfeso, Antioquia e 
Corinto abriu as portas para a conversão dos povos pa-
gãos. No que diz respeito ao ocidente formou-se uma im-
portante comunidade em Roma em meados II d.C. 
 
Nas Gálias, a expansão cristã teve como eixo principal o 
vale de Ródano. 
 
Também chegou à Germânia e à Britânia. Na remota His-
pânia, expandiu-se de forma inicial nas áreas romaniza-
das, sob a influência de Roma e do vizinho cristianismo 
africano. 
 
 Num determinado momento, os cristãos sem raízes ju-
daicas ultrapassaram em número os judeus cristãos. A 
ação do apóstolo Paulo neste sentido foi crucial. 
 
Paulo que nasceu judeu, com estatuto de cidadão ro-
mano, mas pouco de-
pois da morte do már-
tir Estêvão converteu-
se ao cristianismo, aca-
bando por se tornar 
um dos principias ins-
trumentos de trans-
missão da mensagem 
de Cristo aos gentios 
através das suas Epís-
tolas direcionadas às comunidades cristãs. 
 
Figura –Fonte https://www.you-
tube.com/watch?v=Wd9PT8lnmyM: 
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CAPÍTULO 2- PANORAMA GERAL DA IGREJA PRIMITIVA 
 
A palavra igreja vem do grego ekklesia, que tem origem 
em kaleo ("chamo ou convosco"). 
 
Na literatura secular, ekklesia referia-se a uma assembleia 
de pessoas, mas no Novo Testamento (NT) a palavra tem 
sentido mais especializado. 
 
A literatura secular podia usar a apalavra ekklesia para de-
notar um levante, um comício, uma orgia ou uma reunião 
para qualquer outra finalidade. 
 
Mas o NT emprega ekklesia com referência à reunião de 
cristãos para adorar a Cristo. 
 
QUE É A IGREJA? 
 
Que pessoas constituem esta "reunião"? Que é que Paulo 
pretende dizer quando chama a igreja de "corpo de 
Cristo"? 
 
Para responder plenamente a essas perguntas, precisa-
mos entender o contexto social e histórico da igreja do 
NT. A igreja primitiva surgiu no cruzamento das culturas 
hebraicas e helenística. 
 
FUNDADA A IGREJA 
 
Quarenta dias depois de sua ressurreição, Jesus deu ins-
truções finais aos discípulos e ascendeu ao céu (At 1.1-11). 
Os discípulos voltaram a Jerusalém e se recolheram du-
rante alguns dias para jejum e oração, aguardando o ES, 
o qual Jesus disse que viria. 
 
Cerca de 120 pessoas seguidores de Jesus aguardavam. 
 
Cinquenta dias após a Páscoa, no dia de Pentecoste, um 
som como um vento impetuoso encheu a casa onde o 
grupo se reunia. 
 
Línguas como de fogo pousaram sobre cada um deles e 
começaram a falar em línguas diferentes da sua conforme 
o Espírito Santo os capacitava. 
 
Os visitantes estrangeiros ficaram surpresos ao ouvir os 
discípulos falando em suas próprias línguas. Alguns zom-
baram, dizendo que deviam estar embriagados (At 2.13). 
Mas Pedro fez calar a multidão e explicou que estavam 
dando testemunho do derramamento do Espírito Santo 
predito pelos profetas do Antigo Testamento (AT) (At 
2.16-21; Joel 2.28-32). 
 
Alguns dos observadores estrangeiros perguntaram o que 
deviam fazer para receber o Espírito Santo. Pedro disse: 
"Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em 
nome de Jesus Cristo, para remissão dos vossos pecados, 
e recebereis o dom do Espírito Santo " (At 2.38). 
 
Cerca de 3 mil pessoas aceitaram a Cristo como seu Sal-
vador naquele dia (Atos 2.41). 
 
Durante alguns anos Jerusalém foi o centro da igreja. 
 
Muitos judeus acreditavam que os seguidores de Jesus 
eram apenas outra seita do judaísmo. Suspeitavam que os 
cristãos estavam tentando começar uma nova "religião de 
mistério" em torno de Jesus de Nazaré. 
 
É verdade que muitos dos cristãos primitivos continuaram 
a cultuar no templo (At 3.1) e alguns insistiam em que os 
convertidos gentios deviam ser circuncidados (At 15). 
 
Mas os dirigentes judeus logo perceberam que os cristãos 
eram mais do que uma seita. 
 
Jesus havia dito aos judeus que Deus faria uma Nova Ali-
ança com aqueles que lhe fossem fiéis (Mt 16.18); ele havia 
selado esta aliança com seu próprio sangue (Lc 22.20). 
 
De modo que os cristãos primitivos proclamavam com 
ousadia haverem herdados os privilégios que Israel co-
nhecera outrora. Não eram simplesmente uma parte de 
Israel, mas eram o novo Israel (Ap 3.12; 21.2; Mt 26.28; Hb 
8.8; 9.15). 
 
"Os líderes judeus tinham um medo de arrepiar, porque 
este novo e estranho ensino não era um judaísmo estreito, 
mas fundia o privilégio de Israel na alta revelação de um 
só Pai de todos os homens." (Henry Melvill Gwatkin, Early Church 
History, pag 18). 
 
 
a) A Comunidade de Jerusalém. 
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 Os primeiros cristãos formavam uma comunidade estrei-
tamente unida em Jerusalém após o dia de Pentecoste. 
Esperavam que Cristo voltasse muito em breve. 
 
Os cristãos de Jerusalém repartiam todos os seus bens 
materiais (At 2.44-45). 
 
Muitos vendiam suas propriedades e davam à igreja o 
produto da venda, a qual distribuía esses recursos entre o 
grupo (At 4.34-35). 
 
Os cristãos de Jerusalém ainda iam ao templo para orar 
(At 2.46), mas começaram a partilhar a Ceia do Senhor em 
seus próprios lares (At 2.42-46). 
 
Esta refeição simbólica trazia-lhes à mente sua nova ali-
ança com Deus, a qual Jesus havia feito sacrificando seu 
próprio corpo e sangue. Deus operava milagres de cura 
por intermédio desses primeiros cristãos. 
 
Pessoas enfermas reuniam-se no templo de sorte que os 
apóstolos pudessem tocá-las em seu caminho para a ora-
ção (At 5.12-16). 
 
Esses milagres convenceram muitos de que os cristãos 
estavam verdadeiramente servindo a Deus. 
 
As autoridades do templo, num esforço por suprimir o in-
teresse das pessoas na nova religião, prenderam os após-
tolos. Mas Deus enviou um anjo para libertá-los (At 5.17-
20), o que provocou mais excitação. 
 
A igreja crescia com tanta rapidez que os apóstolos tive-
ram de nomear sete homens para distribuir víveres às vi-
úvas necessitadas. O dirigente desses homens era Este-
vão, "homem cheio de fé e do Espírito Santo" (At 6.5). 
 
 Aqui vemos o começo do governo eclesiástico. Os após-
tolos tiveram de delegar alguns de seus deveres a outros 
dirigentes. À medida que o tempo passava, os ofícios da 
igreja foram dispostos numa estrutura um tanto com-
plexa. 
 
b) O Assassínio de Estevão. 
 
Certo dia um grupo de judeus apoderou-se de Estevão e, 
acusando-o de blasfêmia, o levou à presença do conselho 
do sumo sacerdote. Estevão fez uma eloquente defesa da 
fé cristã, explicando como Jesus cumpriu as antigas pro-
fecias referentes ao Messias que libertaria seu povo da es-
cravidão do pecado. Ele denunciou os judeus como "trai-
dores e assassinos" do filho de Deus (At 7.52). 
 
Erguendo os olhos para o céu, ele exclamou que via a Je-
sus em pé à destra de Deus (At 7.55). Isso enfureceu os 
judeus, que o levaram para fora da cidade e o apedreja-
ram (At 7.58-60). 
 
Esse fato deu início a uma onda de perseguição que levou 
muitos cristãos a abandonarem Jerusalém (At 8.1). Alguns 
desses cristãos estabeleceram-se entre os gentios de Sa-
maria, onde fizeram muitos convertidos (At 8.5-8). 
 
Estabeleceram congregações em diversas cidades gentias, 
como Antioquia da Síria. 
 
A princípio os cristãos hesitavam em receber os gentios 
na igreja, porque eles viam a igreja como um cumpri-
mento da profecia judaica. Não obstante, Cristo havia ins-
truído seus seguidores a fazer "discípulos de todas as na-
ções, batizando-os em nome do Pai e do Filho
e do Espí-
rito Santo" (Mt 28.19). 
 
Assim, a conversão dos gentios foi "tão-somente o cum-
primento da comissão do Senhor, e o resultado natural de 
tudo o que havia acontecido..." (Gwatkin, Early Church History, p. 
56). 
 
Por conseguinte, o assassínio de Estevão deu início a uma 
era de rápida expansão da igreja. 
 
c) Atividades Missionárias. 
 
Cristo havia estabelecido sua igreja na encruzilhada do 
mundo antigo. As rotas comerciais traziam mercadores e 
embaixadores através da Palestina, onde eles entravam 
em contato com o evangelho. 
 
Dessa maneira, no livro de Atos vemos a conversão de 
oficiais de Roma (At 10.1-48), da Etiópia (At 8.26-40), e de 
outras terras. Logo depois da morte de Estevão, a igreja 
deu início a uma atividade sistemática para levar o evan-
gelho a outras nações. 
Pedro visitou as principais cidades da Palestina, pregando 
tanto a judeus como aos gentios. Outros foram para a Fe-
nícia, Chipre e Antioquia da Síria. 
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Figura-Fonte: http://www.umaalmasedenta.com/2014/11/um-conto-de-tres-ci-
dades.html 
Ouvindo que o evangelho era bem recebido nessas regi-
ões, a igreja de Jerusalém enviou a Barnabé para incenti-
var os novos cristãos em Antioquia (At 11.22-23). 
 
Barnabé, a seguir, foi para Tarso em busca do jovem con-
vertido Saulo (Paulo) e o levou para a Antioquia, onde en-
sinaram na igreja durante um ano (At 11.26). 
 
Um profeta por nome Ágabo predisse que o Império Ro-
mano sofreria uma grande fome sob o governo do Impe-
rador Cláudio. Herodes Agripa estava perseguindo a 
igreja em Jerusalém; Ele já havia executado a Tiago, irmão 
de João, e tinha lançado Pedro na prisão (At 12.1-4). 
 
Assim os cristãos de Antioquia coletaram dinheiro para 
enviar a seus amigos em Jerusalém, e despacharam Bar-
nabé e Paulo com o socorro. 
 
Os dois voltaram de Jerusalém levando um jovem cha-
mado João Marcos (At 12.25). Por esta ocasião, diversos 
evangelistas haviam surgido no seio da igreja de Antio-
quia, de modo que a congregação enviou Barnabé e 
Paulo numa viagem missionária à Ásia Menor (At 13-14). 
 
Esta foi a primeira de três grandes viagens missionárias 
que Paulo fez para levar o evangelho aos recantos lon-
gínquos do Império Romano. 
 
Os primeiros missionários cristãos concentraram seus en-
sinos na Pessoa e obra de Jesus Cristo. Declararam que 
ele era o servo impecável e Filho de Deus que havia dado 
sua vida para expiar os pecados de todas as pessoas que 
depositavam sua confiança nele (Rm 5.8-10). 
 
Ele era aquele a quem Deus ressuscitou dos mortos para 
derrotar o poder do pecado (Rm 4.24-25; 1Co 15.17). 
d) Governo Eclesiástico. 
 
A princípio, os seguidores de Jesus não viram a necessi-
dade de desenvolver um sistema de governo da Igreja. 
Esperavam que Cristo voltasse em breve, por isso trata-
vam os problemas internos à medida que surgiam - ge-
ralmente de um modo muito informal. 
 
Mas o tempo em que Paulo escreveu suas cartas às igre-
jas, os cristãos reconheciam a necessidade de organizar o 
seu trabalho. 
 
O NT não nos dá um quadro pormenorizado deste go-
verno da igreja primitiva. Evidentemente, um ou mais 
presbíteros presidiam os negócios de cada congregação 
(Rm 12.6-8; 1Ts 5.12; Hb 13.7,17,24), exatamente como os 
anciãos faziam nas sinagogas judaicas. 
 
Esses anciãos (ou presbíteros) eram escolhidos pelo Espí-
rito Santo (At 20.28), mas os apóstolos os nomeavam (At 
14.23). 
 
Por conseguinte, o Espírito Santo trabalhava por meio dos 
apóstolos ordenando líderes para o ministério. Alguns mi-
nistros chamados evangelistas parecem ter viajado de 
uma congregação para outra, como faziam os apóstolos. 
 
Seu título significa "homens que manuseiam o evangelho". 
Alguns têm achado que eram todos representantes pes-
soais dos apóstolos, como Timóteo o foi de Paulo; outros 
supõem que obtiveram esse nome por manifestarem um 
dom especial de evangelização. 
 
Os anciãos assumiam os deveres pastorais normais entre 
as visitas desses evangelistas. Algumas cartas do NT refe-
rem-se a bispos na igreja primitiva. Isto é um bocado con-
fuso, visto que esses "bispos" não formavam uma ordem 
superior da liderança eclesiástica como ocorre em algu-
mas igrejas onde o título é usado hoje. 
 
Paulo lembrou aos presbíteros de Éfeso que eles eram 
bispos (At 20.28), e parece que ele usa os termos presbí-
tero e bispo intercambiavelmente (Tt 1.5-9). 
 
Tanto os bispos como os presbíteros estavam encarrega-
dos de supervisar uma congregação. Evidentemente, am-
bos os termos se referem aos mesmos ministros da igreja 
primitiva, a saber, os presbíteros. 
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Paulo e os demais apóstolos reconheceram que o ES con-
cedia habilidades especiais de liderança a certas pessoas 
(1Co 12.28). 
Assim, quando conferiam um título oficial a um irmão ou 
irmã em Cristo, estavam confirmando o que o Espírito 
Santo já havia feito. 
 
A igreja primitiva não possuía um centro terreal de poder. 
Os cristãos entendiam que Cristo era o centro de todos os 
seus poderes (At 20.28). O ministério significava servir em 
humildade, em vez de governar de uma posição elevada 
(Mt 20.26-28). 
 
Ao tempo em que Paulo escreveu suas epístolas pastorais, 
os cristãos reconheciam a importância de preservar os en-
sinos de Cristo por intermédio de ministros que se devo-
tavam a estudo especial, "que maneja bem a palavra da 
verdade" (2Tm 2.15). 
 
A igreja primitiva não oferecia poderes mágicos, por meio 
de rituais ou de qualquer outro modo. 
 
Os cristãos convidavam os incrédulos para fazer parte de 
seu grupo, o corpo de Cristo (Ef 1.23), que seria salvo 
como um todo. 
Os apóstolos e os evangelistas proclamavam que Cristo 
voltaria para o seu povo, a "noiva" de Cristo (Ap 21.2; 
22.17). 
 
Negavam que indivíduos pudessem obter poderes espe-
ciais de Cristo para seus próprios fins egoístas (At 8.9-24; 
13.7-12). 
 
e) Padrões de Adoração. 
 
Visto que os cristãos primitivos adoravam juntos, estabe-
leceram padrões de adoração que diferiam muito dos cul-
tos da sinagoga. 
 
Não temos um quadro claro da adoração Cristã primitiva 
até 150 dC, quando Justino Mártir descreveu os cultos tí-
picos de adoração. 
 
Sabemos que a igreja primitiva realizava seus serviços no 
domingo, o primeiro dia da semana. Chamavam-no de "o 
Dia do Senhor" porque foi o dia em que Cristo ressurgiu 
dos mortos. 
 
 
Os primeiros cristãos reuniam-se no templo em Jerusa-
lém, nas sinagogas, ou nos lares (At 2.46; 13.14-16; 20.7-
8). 
 
Alguns estudiosos creem que a referência aos ensinos de 
Paulo na escola de Tirano (At 19.9) indica que os primitivos 
cristãos às vezes alugavam prédios de escola ou outras 
instalações. 
 
Não temos prova alguma de que os cristãos tenham cons-
truído instalações especial para seus cultos de adoração 
durante mais de um século após o tempo de Cristo. Onde 
os cristãos eram perseguidos, reuniam-se em lugares se-
cretos como as catacumbas (túmulos subterrâneos) de 
Roma. 
Creem os eruditos que os primeiros cristãos adoravam nas 
noites de domingo, e que seu culto girava em torno da 
Ceia do Senhor. 
 
Mas nalgum ponto os cristãos começavam a manter dois 
cultos de adoração no domingo, conforme descreve Jus-
tino Mártir - um bem cedo de manhã e outro ao entarde-
cer. 
 
As horas eram escolhidas por questão de segredo e para 
atender às pessoas trabalhadoras que não podiam com-
parecer aos cultos de adoração durante o dia. 
 
Ordem do Culto: 
 
Geralmente o culto matutino era uma ocasião de louvor, 
oração e pregação. 
 
O serviço improvisado de adoração dos cristãos no Dia de 
Pentecoste sugere um padrão de adoração que podia ter 
sido geralmente adotado. 
 
Ao olharmos o texto de (At 2.14-36) percebemos que o 
padrão apresentado é a leitura do livro do profeta Joel, a 
exposição da Palavra com um apelo que culmina no ba-
tismo
dos convertidos, esta sequência poderia ter sido 
perpetuada na liturgia da igreja primitiva. 
 
Também o apóstolo Paulo em (1Co 14.26), nos dá uma 
visão clara de como funcionava a ordem do culto da Igreja 
Primitiva: "Portanto, meus irmãos, o que é que deve ser 
feito? Quando vocês se reúnem na igreja, um irmão tem 
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um hino para cantar; outro, alguma coisa para ensinar; 
outro, uma revelação de Deus; outro, uma mensagem em 
línguas estranhas; e ainda outro, a interpretação dessa 
mensagem. Que tudo seja feito para o crescimento espi-
ritual da igreja." - NTLH 
 
A Ceia do Senhor: 
 
Os primitivos cristãos tomavam a refeição simbólica da 
Ceia do Senhor para comemorar a Última Ceia, na qual 
Jesus e seus discípulos observaram a tradicional festa ju-
daica da Páscoa. Os temas dos dois eventos eram os mes-
mos. 
Na Páscoa os judeus regozijavam-se porque Deus os ha-
via libertado de seus inimigos e aguardavam com expec-
tação o futuro como filhos de Deus. 
 
 
Figura – Fonte: https://pampanos.wordpress.com/2016/10/20/qu-es-lo-primor-
dial-en-el-ministerio/ 
 
Na Ceia do Senhor, os cristãos celebravam o modo como 
Jesus os havia libertado do pecado e expressavam sua es-
perança pelo dia quando Cristo voltaria (1Co 11.26). 
 
A princípio, a Ceia do Senhor era uma refeição completa 
que os cristãos partilhavam em suas casas. Cada convi-
dado trazia um prato para a mesa comum. 
 
A refeição começava com oração e com o comer de pe-
dacinhos de um único pão que representava o corpo par-
tido de Cristo. 
 
Encerrava-se a refeição com outra oração e a seguir par-
ticipavam de uma taça de vinho, que representava o san-
gue vertido de Cristo. 
 
Algumas pessoas conjeturavam que os cristãos estavam 
participando de um rito secreto quando observavam a 
Ceia do Senhor, e inventaram estranhas histórias a res-
peito desses cultos. 
 
O imperador Trajano proscreveu essas reuniões secretas 
por volta do ano 100 d.C. Nesse tempo os cristãos come-
çaram a observar a Ceia do Senhor durante o culto matu-
tino de adoração, aberto ao público. 
 
Batismo: 
 
O batismo era um acontecimento comum da adoração 
cristã no tempo de Paulo (Ef 4.5). Contudo, os cristãos não 
foram os primeiros a celebrar o batismo. 
 
Os judeus batizavam seus convertidos gentios; algumas 
seitas judaicas praticavam o batismo como símbolo de pu-
rificação, e João Batista fez dele uma importante parte de 
seu ministério. 
 
O NT não diz se Jesus batizava regularmente seus con-
vertidos, mas numa ocasião, pelo menos, antes da prisão 
de João, ele foi encontrado batizando. 
 
Em todo o caso, os primitivos cristãos eram batizados em 
nome de Jesus, seguindo o seu próprio exemplo (Mc 1.10; 
Gl 3.27). 
Parece que os primitivos cristãos interpretavam o signifi-
cado do batismo de vários modos - como símbolo da 
morte de uma pessoa para o pecado (Rm 6.4; Gl 2.12), da 
purificação de pecados (At 22.16; Ef 5.26), e da nova vida 
em Cristo (At 2.41; Rm 6.3). 
 
De quando em quando toda a família de um novo con-
vertido era batizada (At 10.48; 16.33; 1Co 1.16), o que pode 
significar o desejo da pessoa de consagrar a Cristo tudo 
quanto tinha. 
 
Calendário Eclesiástico: 
 
O NT não apresenta evidência alguma de que a igreja pri-
mitiva observava quaisquer dias santos, a não ser sua ado-
ração no primeiro dia da semana (At 20.7; 1Co 16.2; Ap 
1.10). 
Os cristãos não observam o domingo como dia de des-
canso até ao quarto século de nossa era, quando o impe-
rador Constantino o designou como um dia santo para 
todo o Império Romano. 
 
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Os primitivos cristãos não confundiam o domingo com o 
sábado judaico, e não faziam tentativa alguma para apli-
car a ele a legislação referente ao sábado. 
 
O historiador Eusébio diz-nos que os cristãos celebravam 
a Páscoa desde os tempos apostólicos; 1Co 5.6-8, talvez 
se refira a uma Páscoa cristã na mesma ocasião da Páscoa 
judaica. Por volta do ano 120 dC, a igreja de Roma mudou 
a celebração para o domingo após a Páscoa judaica en-
quanto a igreja Ortodoxa Oriental continuou a celebrá-la 
na Páscoa Judaica. 
f) Conceito do NT sobre a Igreja. 
 
É interessante pesquisar vários conceitos de igreja no NT. 
 
A Bíblia refere-se aos primeiros cristãos como família e 
templo de Deus, como rebanho e noiva de Cristo, como 
sal, como fermento, como pescadores, como baluarte 
sustentador da verdade de Deus, de muitas outras manei-
ras. 
 
Pensava-se na igreja como uma comunidade mundial 
única de crentes, da qual cada congregação local era aflo-
ramento e amostra. 
Figura- Fonte: http://slideplayer.com.br/slide/1269360/ 
 
Os primitivos escritores cristãos muitas vezes se referiam 
à igreja como o "corpo de Cristo" e o "novo Israel". 
 
Esses dois conceitos revelam muito da compreensão que 
os primitivos cristãos tinham da sua missão no mundo. 
 
O Corpo de Cristo: 
 
Paulo descreve a igreja como "um só corpo em Cristo" 
(Rm 12.5) e "seu corpo" (Ef 1.23). 
 
Em outras palavras, a igreja encerra numa comunhão 
única de vida divina todos os que são unidos a Cristo pelo 
Espírito Santo mediante a fé. 
Esses participam da ressurreição (Rm 6.8), e são a um 
tempo chamados e capacitados para continuar seu minis-
tério de servir e sofrer para abençoar a outros (1Co 12.14-
26). 
 
Estão ligados numa comunidade que personifica o reino 
de Deus no mundo. 
 
Pelo fato de estarem ligados a outros cristãos, essas pes-
soas entendiam que o que faziam com seus próprios cor-
pos e capacidades era muito importante (Rm 12.1; 1Co 
6.13-19; 2Co 5.10). 
 
Entendiam que as várias raças e classes tornam-se uma 
em Cristo (1Co 12.3; Ef 2.14-22), e deviam aceitar-se e 
amar-se uns aos outros de um modo que revelasse tal re-
alidade. 
 
Descrevendo a igreja com o corpo de Cristo, os primeiros 
cristãos acentuaram que Cristo era o cabeça da igreja (Ef 
5.23). 
Ele orientava as ações da igreja e merecia todo o louvor 
que ela recebia. Todo o poder da igreja para adorar e ser-
vir era dom de Cristo. 
O Novo Israel: 
 
Os primitivos cristãos identificavam-se com Israel, povo 
escolhido de Deus. 
 
Acreditavam que a vinda e o ministério de Jesus cumpri-
ram a promessa de Deus aos patriarcas (Mt 2.6; Lc 1.68; At 
5.31), e sustentavam que Deus havia estabelecido uma 
Nova Aliança com os seguidores de Jesus (2Co 3.6; Hb 
7.22, 9.15). 
 
Deus, sustentavam eles, havia estabelecido seu novo Israel 
na base da salvação pessoal, e não em linhagem de famí-
lia. Sua igreja era uma nação espiritual que transcendia a 
todas as heranças culturais e nacionais. 
 
Quem quer que depositasse fé na Nova Aliança de Deus, 
rendesse a vida a Cristo, tornava-se descendente espiri-
tual de Abraão e, como tal, passava a fazer parte do "novo 
Israel" (Mt 8.11; Lc 13.28-30; Rm 4.9-25; Gl 3-4; Hb 11-12). 
 
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Características Comuns: 
 
Algumas qualidades comuns emergem das muitas ima-
gens da igreja que encontramos no NT. Todas elas mos-
tram que a igreja existe porque Deus trouxe à existência. 
Cristo comissionou seus seguidores a levar avante a sua 
obra, e essa é a razão da existência da igreja. 
 
As várias imagens que o NT apresenta da igreja acentuam 
que o Espírito Santo a dota de poder e determina a sua 
direção. Os membros da igreja participam de uma tarefa 
comum e de um destino comum sob a orientação do Es-
pírito. 
 
A igreja é uma entidade viva e ativa. Ela participa dos ne-
gócios deste mundo; demonstra o modo de vida que 
Deus tenciona para todas as pessoas, e proclamam a Pa-
lavra de Deus para a era presente. 
 
A unidade e a pureza espirituais da igreja estão em nítido 
contraste com a inimizade e a corrupção do mundo. 
 
É responsabilidade da igreja em todas as congregações 
particulares mediante as quais ela se torna visível, praticar 
a unidade, o amor e cuidado de um modo
que mostre 
que Cristo vive verdadeiramente naqueles que são mem-
bros do seu corpo, de sorte que a vida deles é a vida de 
Cristo neles. 
 
ANOTAÇÕES 
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CAPÍTULO 3 - O CONCÍLIO DE JERUSALÉM 
 
 
O capítulo quinze do livro de Atos é o ponto crucial de 
toda narrativa e da própria história da Igreja cristã como 
a conhecemos, foi neste contexto que ocorreu o primeiro 
concílio da Igreja Cristã. 
 
A discussão iniciada em Antioquia e que posteriormente 
se desloca para Jerusalém e suas conclusões irão definir o 
futuro do cristianismo que se permanecesse atrelado ao 
judaísmo corria o risco de desaparecer e emancipando-se 
alcançaria as fronteiras do mundo. 
 
Paulo e Barnabé retornam da primeira viagem missionária 
com relatórios exuberantes da aceitação por parte dos 
gentios da mensagem evangélica. Muitas comunidades 
cristãs foram estabelecidas em diversas cidades, incluindo 
alguns grandes centros cosmopolitas. 
 
Tais relatos produziram duas reações conflitantes: por um 
lado os crentes de Antioquia vibraram com entrada de um 
número cada vez maior de gentios na Igreja; por outro 
lado, alguns dos judeus convertidos vindos da Judéia e 
segundo Lucas, originalmente haviam pertencido ao 
grupo dos fariseus (15.1-5) sentiram-se grandemente in-
comodados e começaram a ensinar que os convertidos 
gentios deveriam se submeter à circuncisão e aos ritos ju-
daicos prescritos na Lei de Moisés. 
 
Paulo e Barnabé reagem imediatamente e uma grande 
celeuma se forma. O que está em pauta não é uma ques-
tão secundária, mas o ponto nevrálgico do próprio cristi-
anismo: para ser cristão é preciso antes se converter ao 
judaísmo? A salvação provida por Cristo esta subordinada 
aos ritos judaicos? 
 
Após um período curto, mas intenso, de discussões a li-
derança da Igreja em Antioquia entende ser melhor levar 
a discussão para Jerusalém. 
 
A razão de subirem a Jerusalém não esta vinculada a falta 
de autonomia ou uma subordinação eclesiástica, mas uni-
camente pelo fato de que ainda por aqueles dias vários 
apóstolos permaneciam naquela comunidade e poderiam 
dar maior embasamento à resolução deste debate – o que 
realmente veio acontecer. 
 
Inicio dos Debates 
 
Paulo e Barnabé e alguns outros delegados de Antioquia 
chegam à Jerusalém e são recepcionados pelos apóstolos 
e presbíteros e/ou anciãos daquela igreja. 
 
Os dois missionários não discutem, apenas relatam tudo 
quanto o Espírito Santo realizou por meio deles e o nu-
mero grande de gentios que se converteram mediante a 
pregação do Evangelho. 
 
Mas, o grupo de ascendência farisaica insiste com vee-
mência de que os gentios convertidos devem ser tratados 
como prosélitos judeus e se submeterem à circuncisão e 
ritos judaicos e suas reivindicações estão relacionadas à 
interpretação que dão ao que Deus disse a Abraão em Gn 
17.10-14 (cf Js 5.2-9) e a Moisés em Dt 5.28-33. 
 
O TESTEMUNHO DE PEDRO (15.6-12) 
Após ouvir o relatório dos missionários e as reivindicações 
dos judeus-cristãos, o apóstolo
Pedro levanta-se e des-
creve sua própria experiência, colocando-se como o pre-
cursor da missão entre os gentios, relembrando os acon-
tecimentos da casa do romano Cornélio (Atos 10). 
 
A conclusão de Pedro é enfática, uma vez que os gentios 
receberam o mesmo Espírito Santo que os judeus conver-
tidos, e declara que Deus “não fez nenhuma distinção 
Figura Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=Lr5v66I9gaU 
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entre nós e eles, 
purificando o co-
ração deles, medi-
ante a fé”. 
Portanto, a ques-
tão central dos 
convertidos, tanto 
dos judeus como 
dos gentios, não é 
a Lei ou a circunci-
são, mas a fé em Jesus e o compromisso de vivenciar as 
verdades do Evangelho ensinado por Ele. 
 
Uma vez mais Paulo e barnabé relatam tudo quanto Deus 
realizou por meio deles (15.12). 
 
O POSICIONAMENTO DE TIAGO (15.13-21) 
 
Este Tiago é o meio irmão de Jesus, uma vez que seu ho-
mônimo havia sido martirizado por Herodes alguns anos 
antes. 
 
A posição de Tiago era aguardada com muita expectativa, 
pois além de ocupar um lugar de liderança inquestionável, 
ele também era considerado o baluarte do ponto de vista 
judaico conservador. 
 
Partindo do testemunho de Pedro ele faz mais um re-
forço, citando “as palavras dos profetas” uma vez que 
eles anunciaram que Deus haveria de adquirir para si um 
povo de entre os gentios. 
 
O texto principal é o do profeta Amós 9.11-12, provavel-
mente da versão grega, onde se lê que “o resto dos ho-
mens procure o Senhor com todas as nações que foram 
consagradas ao meu Nome”. 
 
A ideia aqui é que tanto o resto fiel de Israel como os 
convertidos das demais nações haveriam de formar um 
único povo de Deus. 
 
O que se cumpre no surgimento da Igreja. As palavras 
enfáticas de Tiago “Eu sou de parecer que não devemos 
importunar os pagãos que se convertem a Deus” ratifi-
cam a decisão final que será promulgada. 
A interpretação de Tiago parecer ser que a profecia não 
trás qualquer exigência sobre os gentios que entram no 
reino, de maneira que nada se deve exigir deles. 
 
RECOMENDAÇÕES (15.20) 
As quatro recomendações feitas por Tiago visam aos 
crentes gentios que compartilham da mesma comunidade 
com os convertidos judeus, de maneira que possam con-
viver harmoniosamente e em plena comunhão. 
 
Distintamente da preposição defendida pelo grupo da cir-
cuncisão, que entendiam que a obediência a Lei era ne-
cessário para a salvação, ele tem vista tão somente o mo-
dus vivendi entre gentios e judeus convertidos. 
O raciocínio dele é bem coerente, pois uma vez que os 
judeus cristãos estavam dispostos a colocar de lado seu 
preconceito de séculos contra os gentios, estes deveriam 
demonstrar a mesma disposição ao fazerem concessões 
frente aos escrúpulos judaicos. 
 
E sua argumentação é lógica, pois a lei vinha sendo lida 
(ensinada) “desde os tempos antigos ... nas sinagogas” 
(15.21), ou seja, ela fazia parte da vida judaica durante sé-
culos e seria muito difícil pô-la de lado facilmente. 
 
As quatro recomendações estão inseridas em uma parte 
da lei de santidade em Levítico 17-18, que proíbe certas 
coisas não apenas a “todo homem da casa de Israel”, 
mas também, a todos “os estrangeiros que residem no 
meio deles” (Lv 17.8). 
 
As quatro recomendações são: 
 
1) Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos – 
literalmente “que se abstenham da poluição dos ído-
los”. A palavra ídolos pode ter uma conotação mais am-
pla, e que a proibição aqui não seja simplesmente alimen-
tar, mas contra participar de qualquer ato associado aos 
ídolos. E os crentes de Corinto são provas de que o risco 
naqueles dias era muito grande (1 Co 8.1-13; 10.19-30). 
 
2) Que se guardassem contra a prostituição – é possível 
que haver uma conexão entre estas duas primeiras reco-
mendações, pois a idolatria com frequência envolvia a 
Figura Fonte: http://vitorgermano.blogs-
pot.com/2015/12/o-concilio-de-jerusalem.html 
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imoralidade. A palavra "porneia” (fornicação, prostitui-
ção) também é usada em sentido mais amplo, referindo-
se a toda sorte de desvios sexuais e frequentemente é tra-
duzida simplesmente por “impureza". Os judeus incluíam 
aqui o casamento de parentes próximos. 
 
3) Não comessem da carne sufocada – era proibido prin-
cipalmente porque o sangue não era retirado da carne. 
Este mandamento vem desde o tempo de Noé, quando 
os homens tiveram a primeira permissão de comer os ani-
mais (Gn 9.4) e repetido na lei mosaica. 
A ideia original é de que a vida humana está no sangue e 
visava à valorização e preservação da vida. 
 
4) E que não comessem do sangue – provavelmente está 
relacionada ao precedente. Entretanto, alguns manuscri-
tos antigos omitem “animais sufocados” e interpretam 
sangue como derramamento de sangue ou assassinato. 
Mas as evidências textuais favorecem o texto comum 
dado acima. 
 
CIRCULAR ÀS IGREJAS (15.22-29) 
 
Uma vez resolvido as questões os apóstolos e demais li-
deranças entenderam ser oportuno emitirem uma circular 
esclarecendo oficialmente a questão dos gentios e envia-
ram através de dois representantes Judas, chamado Bar-
sabás e Silas às igrejas em Antioquia, Síria e Cilícia. 
 
O documento desautoriza quaisquer vozes dissonantes 
(15.1); elogiam e reafirmam o ministério missionário gentí-
lico de Paulo e Barnabé; transcreve a decisão tomada em 
Jerusalém: “Decidimos, o Espírito Santo e nós, não impor 
sobre vocês (gentios) nenhum fardo” e por fim, as quatro 
restrições que foram solicitadas. 
 
A ALEGRIA DA LIBERDADE (15.31) 
As comunidades gentílicas se alegram sobremaneira, pois 
agora não paira mais nenhuma barreira quanto à missão 
entre os gentios. 
 
A presença de Judas e Silas trouxe aquela atmosfera de 
fraternidade entre Antioquia e Jerusalém. 
 
Ao final de um tempo, Judas retorna a Jerusalém, mas Si-
las opta por permanecer em Antioquia e vai se tornar o 
novo companheiro de Paulo na segunda viagem missio-
nária, em lugar de Barnabé que prefere investir no jovem 
Marcos e vai para sua cidade de origem Chipre. 
 
ANOTAÇÕES 
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CAPÍTULO 4- AS PERSEGUIÇÕES E AS HERESIAS 
 
A história da Igreja de Deus tem sido sempre, desde a 
era apostólica até o presente, a história da graça divina 
no meio dos erros dos homens. 
 
Muitas vezes se tem dito isso, e qualquer pessoa que exa-
mine essa história com atenção não pode deixar de se 
convencer que assim é. 
Lendo as Epístolas do Novo Testamento vemos que 
mesmo nos tempos apostólicos o erro se manifestou, e 
que a inimizade, as contendas, as iras, as brigas e as dis-
córdias, com outros males, tinham apagado o amor no 
coração de muitos crentes verdadeiros. 
 
Deixaram as suas primeiras obras e o seu primeiro amor 
e alguns que tinham principiado pelo espírito, procuravam 
depois ser aperfeiçoados pela carne. 
 
Mas havia muito mais do que isso. Não somente existiam 
alguns verdadeiros crentes em cujas vidas se viam muitas 
irregularidades, e que procuravam, pelas suas palavras, 
atrair discípulos a si, como também havia outros que não 
eram de modo algum cristãos, mas que entraram desper-
cebidamente entre os irmãos, semeando ali a discórdia. 
 
Isto descreve o estado de coisas a que se referem os pri-
meiros versículos do capítulo dois de Apocalipse, na carta 
escrita ao anjo da igreja em Éfeso. 
 
TEMPOS DE PERSEGUIÇÃO 
 
Porém estava para chegar um tempo de perseguição para 
a Igreja, e isso foi permitido pelo Senhor, na sua graça, a 
fim de que se pudessem distinguir os fiéis. Esta persegui-
ção, instigada pelo imperador romano Nero, foi a primeira 
das dez perseguições gerais que continuaram, quase sem 
interrupção, durante três séculos. 
 
Por que razão permite Deus que o seu povo amado sofra 
assim? Muitas vezes se tem feito esta pergunta, e a res-
posta é simples: é porque Ele ama esse povo. Podia haver, 
e sem dúvida há outras razões, porém a principal é esta - 
Ele o ama. "Porque o Senhor corrige o que ama ' e se o 
coração se desviar, tornar-se-á necessária a disciplina. Ele 
nos trata como filhos; e se sofremos com paciência, cada 
provocação pela qual Ele nos faz passar dará em resultado 
mais uma bênção para a nossa alma. Tal experiência não 
nos é agradável, porém, à noite de tristeza sucede a ma-
nhã de alegria, e dizemos com o salmista Davi: "Foi bom 
para mim, ter sofrido aflição". 
 
A Perseguição 
 
No ousado e santo Estevão temos um exemplo do verda-
deiro crente militante. Foi ele o primeiro mártir cristão. 
E que grande vitória ele ganhou para a causa de Cristo 
quando morreu pedindo ao Senhor pelos seus persegui-
dores! Davi, séculos antes da era cristã, disse: "O justo se 
alegrará quando vir a vingança: lavará os seus pés no san-
gue do ímpio", porém Estevão, que viveu na época cristã, 
orou: "Senhor, não lhes imputes este pecado". Isto foi um 
exemplo da verdadeira milícia cristã. 
 
A primeira onda da perseguição geral que veio sobre a 
igreja fez-se sentir no ano 64, no reinado do imperador 
Nero, que tinha governado já com certa tolerância du-
rante nove anos. Neste tempo, o assassinato de sua mãe, 
e a sua indiferença brutal depois de ter praticado aquele 
crime tão monstruoso, mostrou claramente a sua natural 
disposição, e indicou ao povo aquilo que havia de esperar 
dele. 
Figura Fonte: http://figurasdabiblia.blogspot.com/2015/09/estevao-um-
homem-poderoso-em-palavras-e.html 
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Desgraçadamente, as tristes apreensões que muitos ti-
nham a seu respeito tornaram-se negra realidade. 
ROMA INCENDIADA 
https://www.pinterest.pt/pin/355221489330827362/ 
 
Uma noite no mês de julho, no ano acima citado, os ha-
bitantes de Roma foram despertados do sono pelo grito 
de "Fogo!" Esta terrível palavra fez-se ouvir simultanea-
mente em diversas partes da cidade, e dentro de poucas 
horas a majestosa capital ficou envolvida em chamas. 
 
A grande arena situada entre os montes Palatino e Aven-
tino, onde cabiam 150.000 pessoas, em pouco tempo es-
tava ardendo, assim como a maior parte dos edifícios pú-
blicos, os monumentos, e casas particulares. 
 
O fogo continuou por espaço de nove dias, e Nero, por 
cujas ordens se tinha praticado este ato tão monstruoso, 
presenciou a cena da torre de Mecenas, onde manifestou 
o prazer que teve em ver a beleza do espetáculo, e, ves-
tido como um ator, acompanhando-se com a música da 
sua lira, cantou o incêndio da antiga Tróia! 
 
O grande ódio que lhe votaram em consequência deste 
ato, envergonhou-o e tornou-o receoso; e com a ativi-
dade que lhe deu a sua consciência desassossegada, logo 
achou o meio de se livrar dessa situação. 
O rápido desenvolvimento do cristianismo já tinha levan-
tado muitos inimigos contra essa nova doutrina. Muita 
gente havia em Roma que estava interessada na sua su-
pressão, por isso não podia haver nada mais oportuno, e 
ao mesmo tempo mais simples para Nero, do que lançar 
a culpa do crime sobre os inofensivos cristãos. 
Tácito, um historiador pagão, que não era de modo al-
gum favorável ao cristianismo, fala da conduta de Nero 
da seguinte maneira: 
 
"Nem os seus esforços, nem a sua generosidade para com 
o povo, nem as suas ofertas aos deuses, podiam pagar a 
infame acusação que pesava sobre ele de ter ordenado 
que se lançasse fogo à cidade. Portanto, para pôr termo 
a este boato, culpou do crime, e infligiu os mais cruéis 
castigos, a uns homens... a quem o vulgo chamava cris-
tãos", E acrescenta: "quem lhes deu esse nome foi Cristo, 
a quem Pôncio Pilatos, procurador do imperador Tibério, 
deu a morte durante o reinado deste. 
 
"Esta superstição perniciosa, assim reprimida por algum 
tempo, rebentou de novo, e espalhou-se não só pela Ju-
déia, onde o mal começara, mas também por Roma, para 
onde tudo quanto é mau na terra se encaminha e é pra-
ticado. Alguns que confessaram pertencer a essa seita fo-
ram os primeiros a ser presos; e em seguida, por informa-
ções destes prenderam mais uma grande multidão de 
pessoas, culpando-as, não tanto do crime de terem quei-
mado Roma, mas de odiarem o gênero humano". 
 
É quase escusado dizer que os cristãos não nutriam ódio 
algum pela humanidade, mas sim pela terrível idolatria 
que prevalecia em todo o Império Romano; e só por este 
motivo eram considerados como inimigos da raça hu-
mana. 
CRUÉIS TORMENTOS DOS CRENTES 
 
Não se sabe quantos sofreram por essa ocasião, mas de 
certo foram muitos, e eram-lhes aplicadas todas as tortu-
ras que um espírito engenhoso e cruel podia imaginar, 
para satisfazer os depravados gostos do imperador. 
Alguns foram vestidos com peles de animais ferozes, e 
perseguidos pelos cães até serem mortos, outros foram 
crucificados; outros envolvidos em panos alcatroados, e 
depois incendiados ao pôr do sol, para que pudessem 
servir de luzes para iluminar a cidade durante a noite. 
 
Nero cedia os seus próprios jardins para essas execuções 
e apresentava, ao mesmo tempo, alguns jogos de circo, 
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presenciando toda a cena vestido de carreiro, indo umas 
vezes a pé no meio da multidão, outras vendo o espetá-
culo do seu carro. Hegesipo, um escritor do II século, faz 
algumas referências interessantes sobre o apóstolo Tiago, 
que acabou a sua carreira durante esse período, e fornece 
um detalhado relatório do seu martírio, que podemos in-
serir aqui: " 
 
Consta que o apóstolo tinha o nome de Oblias, que sig-
nificava justiça e proteção, devido à sua grande piedade 
e dedicação pelo povo. 
 
Também se refere aos seus costumes austeros, que sem 
dúvida contribuíram para aumentar a sua fama entre o 
povo. Ele não bebia bebidas alcoólicas de qualidade al-
guma, nem tampouco comia carne. Só ele teve licença de 
entrar no santuário. Nunca vestiu roupa escolhendo ele 
aquela posição por se achar indigno de sofrer na mesma 
posição em que sofreu o seu Senhor. 
 
Paulo que sofreu
no mesmo dia foi poupado a uma morte 
tão dolorosa e lenta, sendo degolado. 
 
A estes santos apóstolos", acrescenta Clemente, "se ajun-
taram muitos outros, que tendo da mesma maneira so-
frido vários martírios e tormentos, motivados pela inveja 
dos outros, nos deixaram um glorioso exemplo. "Pelos 
mesmos motivos, foram perseguidos, tanto mulheres 
como homens, e tendo sofrido castigos terríveis e cruéis, 
concluíram a carreira da sua fé com firmeza." 
 
MORTE DE NERO 
Figura Fonte: https://www.akg-images.fr/archive/Mort-de-Neron-
2UMDHURGEHFY.html 
O miserável Nero morreu às suas próprias mãos, no ano 
68, cheio de remorsos e de medo; depois da sua morte a 
igreja teve descanso por espaço de trinta anos. 
Contudo durante esse tempo 
Domiciano (que podia quase le-
var a palma a Nero, quanto à in-
tolerância e crueldade) subiu ao 
trono; e depois de quatorze 
anos do seu reinado, rebentou a 
perseguição geral. 
 
Tendo chegado aos ouvidos do 
imperador que alguém, descen-
dente de Davi, e de quem se tinha dito: "Com vara de ferro 
regerá todas as nações", vivia na Judéia, fez com que se 
procedesse a investigação, e dois netos de Judas, o irmão 
do Senhor Jesus, foram presos e conduzidos à sua pre-
sença. 
 
Quando ele, porém, olhou para as suas mãos, calosas e 
ásperas pelo trabalho, e viu que eram uns homens pobres, 
que esperavam por um reino celeste, e nada queriam sa-
ber do reino terrestre, despediu-os com desprezo. Diz-se 
que eles foram corajosos e fiéis em testemunhar a ver-
dade perante o imperador, e que, quando voltaram para 
sua terra natal, foram recebidos com amizade e honras 
pelos irmãos. 
 
PERSEGUIÇÃO A JOÃO 
 
Pouco se sabe a respeito desta perseguição; mas esse 
pouco é sem dúvida interessante. E entre os muitos már-
tires que sofreram, encontra-se João, o discípulo amado 
de Jesus, e Timóteo, a quem Paulo escreveu com tão afei-
çoada solicitude. 
 
Diz a tradição que o primeiro foi lançado, por ordem do 
tirano, numa caldeira de azeite fervente mas, por um mi-
lagre, saiu de lá ileso. Incapaz de o ferir no corpo, o im-
perador desterrou-o para a ilha de Patmos, onde foi obri-
gado a trabalhar nas minas. 
 
Foi ali que ele escreveu o livro de Apocalipse, e teria sem 
dúvida terminado ali mesmo a sua vida, se não fosse a 
inesperada morte do imperador, assassinado pelo próprio 
administrador da sua casa, no dia 18 de Setembro de 96 
d.C. 
Figura –Fonte: https://en.wi-
kipedia.org/wiki/Domitian 
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Sendo então o apóstolo João posto em liberdade, voltou 
para Éfeso, onde escreveu a sua história do Evangelho e 
as três epístolas que têm o seu nome. 
 
Parece que ali, como sempre, foi levado em toda a sua 
vida pelo amor, e quando morreu, na avançada idade de 
cem anos, deixou, como legado duradouro, este simples 
preceito: "Filhinhos, amai-vos uns aos outros". Frase sim-
ples esta, e pronunciada há muitos anos, mas qual de nós 
tem verdadeiramente aprendido o seu sentido? 
 
ASSASSINATO DE TIMÓTEO 
Timóteo sustentou virilmente a verdade, na mesma ci-
dade, até o ano 97, em que foi morto pela turba numa 
festa idolatra. 
 
Muitos homens do povo, mascarados e armados de paus, 
dirigiam-se para os seus templos para oferecer sacrifícios 
aos deuses, quando este servo do Senhor os encontrou. 
 
Com o coração cheio de amor, encaminhou-se para eles, 
e lembrando-se talvez do exemplo de Paulo, que poucos 
anos antes tinha pregado aos idolatras de Atenas, falou-
lhes também do Deus vivo e verdadeiro. 
 
Mas eles não fizeram caso do seu conselho, zangaram-se 
por serem reprovados e, caindo sobre ele com paus, ba-
teram-lhe tão desapiedadamente, que expirou poucos 
dias depois. 
 
E agora, lançando a vista por um momento para os tem-
pos passados, encontram-se, de certo, na história destas 
primitivas perseguições, muitos exemplos para dar ânimo 
e coragem aos nossos corações. 
 
Em vista de tais sofrimentos, não se pode deixar de admi-
rar o ânimo dos santos, e agradecer a Deus a graça pela 
qual eles puderam suportar tanto com tão sofredora pa-
ciência. 
 
Nem a cruz, nem a espada nem os animais ferozes, nem 
a tortura, puderam prevalecer contra aqueles fiéis discípu-
los de Jesus Cristo. Quem os poderia separar do seu 
amor? Seria a tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, 
ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Não! 
 
Em todas essas coisas eles foram mais do que vencedores 
por meio daquele que os amou. Não lhes dissera o Senhor 
que deviam esperar tudo isso? Não tinha Ele dito aos seus 
discípulos, quando ainda estava entre eles: "No mundo ter 
eis aflições"? e não era bastante compensação para os 
seus sofrimentos, que duraram poucos anos, a brilhante 
esperança da glória eterna que Ele lhes tinha dado? 
 
Depois de mais alguns anos, tanto perseguidores como 
perseguidos teriam deixado este mundo, e passado para 
a eternidade; então - que grande mudança! Para os pri-
meiros, a escuridão das trevas para sempre; para os últi-
mos, aquele "peso eterno de glória muito excelente". Que 
contraste! 
 
HERESIAS E DISSENSÕES 
 
Estando para terminar este capítulo, devemos notar a im-
possibilidade que temos em vista, por causa do pequeno 
espaço de que dispomos, de enumerar todas as heresias 
e dissensões que têm entristecido e dividido a Igreja de 
Deus desde o seu princípio; portanto, apenas nos propo-
mos a lançar a vista para os atos que nos apresentem 
maior interesse, tanto pela sua especial astúcia, como pela 
sua grande influência. 
 
O gnosticismo era um desses males, e foi talvez a primeira 
heresia que depois dos tempos dos apóstolos se desen-
volveu mais. Era um amontoado de erros que tinham a 
sua origem na cabala dos judeus, uma ciência misteriosa 
Figura- Fonte: http://www.umsocorpo.com.br/site/paulo-e-timoteo-pai-e-filho-
discipulador-e-discipulo/ 
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dos rabinos, baseada na filosofia de Platão, e no misti-
cismo dos orientais. 
 
Um judeu chamado Cerinto, mestre de filosofia em Ale-
xandria, introduziu parte do Evangelho nesta massa hete-
rogênea da ciência (falsamente assim chamada) e sob esta 
nova forma foram enganados muitos crentes verdadeiros, 
e se originou muita amargura e dissensão. 
 
Mas havia muito tempo que não se ocupavam com esse 
erro, nem com muitos que se lhe seguiram, e a Palavra de 
Deus, que é a única que contém as doutrinas inabaláveis 
da Igreja, já tinha predito que "os homens maus e enga-
nadores irão de mal a pior, enganando e sendo engana-
dos" (2 Tm 3.13). 
 
Já o apóstolo Paulo tinha aconselhado o seu filho Timóteo 
a opor-se aos clamores vãos e profanos que só poderiam 
produzir maior impiedade (2 Tm 2.16); e se tinha referido, 
em linguagem inspirada pelo Espírito Santo, às "perversas 
contendas de homens corruptos de entendimento e pri-
vados da verdade" (1 Tm 6.5): 
 
"Mas tu, ó homem de Deus", clamou ele, "foge destas coi-
sas, e segue a justiça, a piedade, a fé, a caridade, a paci-
ência, a mansidão. Milita a boa milícia da fé, lança mão da 
vida eterna, para a qual também foste chamado, tendo já 
feito boa confissão diante de muitas testemunhas" (1 Tm 
4.11, 12). 
 
O amado apóstolo já tinha combatido o bom combate e 
acabado a sua carreira e guardado a fé, e com a consci-
ência que o esperava pronunciou palavras que deviam 
servir para animar a Igreja de Deus nos tempos futuros: 
"Pelo demais a coroa da justiça está-me guardada, a qual 
o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente 
a mim, mas também, a todos os que amarem a sua vinda" 
(2 Tm 4.7,8). 
ANOTAÇÕES 
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CAPÍTULO 5- PANORAMA GERAL DO CRISTIANISMO NO SEGUNDO E TERCEIRO SÉCULO 
 
 
Figura Fonte: https://destrave.cancaonova.com/o-martirio-dos-primeiros-cris-
taos/ 
O fato de maior destaque na História da Igreja no se-
gundo e terceiro séculos foi, sem dúvida, a perseguição 
ao Cristianismo pelos imperadores romanos. 
 
Apesar de a perseguição não haver sido contínua, con-
tudo ela se repetia durante anos seguidos, por vezes. 
Mesmo quando havia paz, a perseguição podia recome-
çar a qualquer momento, cada vez mais violenta. 
 
A perseguição, no quarto século, durou até o ano 313, 
quando o Edito de Constantino, o primeiro imperador 
cristão, fez cessar todos os propósitos de destruir a igreja 
de Cristo. 
 
Surpreendente é o fato de se constatar que durante esse 
período, alguns dos melhores imperadores foram mais 
ativos na perseguição ao Cristianismo, ao passo que os 
considerados piores imperadores, eram brandos na opo-
sição, ou então não perseguiam a igreja. 
 
Antes de apresentar a história, investiguemos alguns dos 
motivos que forçaram o governo, de um modo geral justo 
e que procurava o bem-estar de seus concidadãos, a ten-
tar durante duzentos anos, suprimir uma instituição tão 
reta, tão obediente à lei e tão necessária, como era o Cris-
tianismo. 
 
Podem-se apresentar várias causas para justificar o ódio 
dos imperadores ao Cristianismo. 
O paganismo em suas práticas aceitava as novas formas 
e objetos de adoração que iam surgindo, enquanto o Cris-
tianismo rejeitava qualquer forma ou objetos de adora-
ção. Onde os deuses já se contavam aos centos, quiçá aos 
milhares, mais um ou menos um não representava dife-
rença. 
 
Quando os habitantes de uma cidade desejavam desen-
volver o comércio ou a imigração, construíam templos aos 
deuses que se adoravam em outros países ou cidades, a 
fim de que os habitantes desses países ou cidades fossem 
adorá-los. Eis por que nas ruínas da cidade de Pompéia, 
Itália, se encontra um templo de Ísis, uma deusa egípcia. 
 
Esse templo foi edificado para fomentar o comércio de 
Pompéia com o Egito, fazendo com que os comerciantes 
egípcios se sentissem como em seu próprio país. Por ou-
tro lado, o Cristianismo opunha-se a qualquer forma de 
adoração, pois somente admitia adoração ao seu próprio 
Deus. 
 
Um imperador desejou colocar uma estátua de Cristo no 
Panteão, um edifício que existe em Roma até hoje, e no 
qual se colocavam todos os deuses importantes. Porém 
os cristãos recusaram a oferta com desprezo. Não dese-
javam que o seu Cristo fosse conhecido meramente como 
um deus qualquer entre outros deuses. 
 
A adoração aos ídolos estava entrelaçada com todos os 
aspectos da vida. As imagens eram encontradas em todos 
os lares para serem adoradas. Em todas as festividades 
eram oferecidas libações aos deuses. As imagens eram 
adoradas em todas as cerimônias cívicas ou provinciais. 
 
Os cristãos, é claro, não participavam dessas formas de 
adoração. 
 
Por essa razão, o povo não dado a pensar considerava-

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