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1 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS EQUAÇÕES DIFERENCIAIS Definições e conceitos básicos Uma equação diferencial é uma equação que envolve uma função incógnita e suas derivadas. Se a função incógnita depender de uma única variável, tem-se uma equação diferencial ordinária, caso contrário, uma equação diferencial parcial. Existe uma quantidade muito grande de problemas que podem ser modelados matematicamente utilizando-se de equações diferenciais. A teoria das equações diferenciais é uma poderosa ferramenta que pode ser utilizada para resolver problemas em todos os ramos da ciência. Talvez a lei de Newton represente o modelo de equação diferencial ordinária mais conhecido: )t(u),t(u,tf)t(um (Lei de Newton) (1) Que estabelece uma relação entre massa, aceleração e força para o caso de um corpo sob a ação de uma força que pode depender do instante t, da posição )t(u , da massa m e da sua velocidade )t(u . A equação diferencial: )t(F)t(ku)t(uc)t(um (2) representa o comportamento de um sistema massa-mola em que m é a massa de um corpo anexada a uma mola de constante elástica k que pode estar atuando num meio que proporcione uma resistência c ao movimento, submetida a uma força externa )t(F . A posição do corpo em qualquer instante é dada pela função )t(u . Pode-se mostrar que a equação diferencial de um circuito elétrico em série do tipo RLC com carga no capacitor )t(q , capacitância C , indutância L , resistência R e voltagem externa )t(V é: )t(V)t(q C 1 dt )t(dq R dt )t(qd L 2 2 (3) Outros exemplos: 0x2y (4) xey6y5y (5) Algumas equações diferenciais parciais importantes são: 0 y )y,x(u x )y,x(u 2 2 2 2 (equação do potencial) (6) t )t,x(u x )t,x(u 2 2 2 (equação da condução do calor) (7) 2 2 2 2 2 t )t,x(u x )t,x(u a (equação da onda) (8) 2 Neste texto serão tratadas apenas equações diferenciais do tipo ordinárias. Ordem A ordem de uma equação diferencial é definida como sendo a ordem da derivada de mais alta ordem que aparece na equação. O exemplo (4) representa uma equação diferencial de ordem 1, enquanto que os demais representam equações diferenciais de ordem 2. Uma equação diferencial de ordem n é uma equação da forma 0)y,y,y,x(F )n( (9) Este texto trata apenas de equações do tipo (9) que puderem ser colocadas na forma: )1n()n( y,,y,y,xfy (10) onde RRD:f 1n sendo D um conjunto aberto do 1nR (isto é, a derivada de ordem n da função incógnita, pode ser isolada). Solução Uma solução para uma equação diferencial ordinária, na função incógnita y e variável independente x , num intervalo ,I é uma função contínua )x(y que verifica identicamente a equação neste intervalo. Em alguns casos a solução é obtida como uma função implícita passando a ser chamada solução implícita. A questão da existência e do número de soluções é estabelecida por um teorema conhecido como Teorema de Existência e Unicidade de soluções (TEU) e não será tratada neste texto. Pode-se verificar facilmente que a equação diferencial 0yy admite como uma solução a função senx)x(y1 para qualquer Rx , uma vez que 11 y''y . É fácil verificar que xcos)x(y2 também é uma solução. De modo geral todas as soluções da equação diferencial 0yy são da forma: senxcxcosc)x(y 21 , 21 c,c constantes (11) É importante observar que nem toda equação diferencial possui solução (função real). Por exemplo, 01y 2 é um caso. Em geral uma equação diferencial possui mais de uma solução. Curvas Integrais As curvas integrais de uma equação diferencial constituem a representação gráfica das suas soluções. Abaixo estão representadas algumas funções da forma cx)x(y 2 que representam as curvas integrais (soluções), da equação diferencial 0x2y . 3 -4 -2 2 4 x -20 -10 10 20 30 40 y Equações diferenciais ordinárias lineares e não lineares A equação diferencial de ordem n, 0)y,,y,y,x(F )n( é dita linear se F é uma função linear nas variáveis )n(y,,y,y , isto é, a equação diferencial pode ser colocada na forma: )x(Gy)x(ay)x(ay)x(a n )1n( 1 )n( 0 (12) onde 0)x(a0 . As funções )x(a , ),x(a ),x(a n10 são chamadas de coeficientes da equação diferencial linear. Se estes coeficientes forem constantes temos uma equação linear de coeficientes constantes, caso contrário, será uma equação linear de coeficientes variáveis. Se 0)x(G , a equação (12) é dita linear homogênea ou incompleta, e se 0)x(G temos uma equação do tipo linear não homogênea ou completa. Caso a equação diferencial não possa ser colocada na forma (12), dizemos que a mesma é não linear. Do mesmo modo tem-se o conceito de equação diferencial parcial do tipo linear, sendo que neste caso os coeficientes passam a serem funções das variáveis independentes. Os exemplos (2) a (5) representam equações diferencias ordinárias lineares. As equações diferenciais que representam um sistema massa-mola (2) e um circuito RLC (3), constituem exemplos de equações lineares de segunda ordem, com coeficientes constantes. Uma equação não linear surge no estudo do problema do pendulo. Se é o ângulo que um pendulo de comprimento l faz com a direção vertical então vale a equação diferencial 0sen l q dt d 2 2 . Para pequenos valores do ângulo , pode-se assumir que sen e a equação acima assume a forma linear 0 l q dt d 2 2 . Neste caso dizemos que o problema foi linearizado e constitui um procedimento útil de resolução de modelos que envolvem equações diferenciais não lineares. Obviamente neste caso teremos uma solução aproximada para o problema real. Solução geral Uma característica importante das equações lineares é que sempre é possível obter um processo geral de resolução, enquanto que para as equações não lineares isso pode não ser possível. Para as equações lineares é sempre possível obter uma expressão )x(y que contem todas as suas soluções. Esta função é chamada solução 4 geral e depende de constantes arbitrárias numa quantidade igual à ordem da equação diferencial. Para cada conjunto de valores destas constantes obtém-se uma dada solução, que é chamada solução particular. Pode-se mostrar que a solução geral da equação diferencial 0yy é da forma senxcxcosc)x(y 21 , onde 1c e 2c são constantes arbitrárias; enquanto que senx3xcos2)x(y é uma solução particular. Problema de valor inicial e problema de contorno Um problema de valor inicial (p.v.i.) consiste de uma equação diferencial de ordem n juntamente com n condições sobre, a função incógnita e as derivadas até a ordem 1n , para um mesmo valor da variável independente. Por exemplo: 10y ; 00y 0yy é um problema de valor inicial cuja solução é senx)x(y . Se as condições não forem para um mesmo valor da variável independente, temos um problema de contorno. Por exemplo: 1y ; 00y 0yy é um problema de contorno cuja solução é senx)x(y . Os problemas de contorno constituem uma classe muito importante para a engenharia. O problema de contorno, 0yy ; 1)0(y ; 0) 4 (y tem como solução (única), a função senxxcosxy , e a seguir é apresentado um esboço do seu gráfico. 1 2 3 4 5 6 -1 -0.5 0.5 1 EXERCÍCIOS Nos problemas 1) a 8) identificar a ordem da equação diferencial e dizer se é linear ou não-linear. Para as equações lineares classificar em homogêneaou não-homogênea. 5 1) 0yyxyx2 2 (equação de Euler) 2) 0y1yx2yx1 2 , cte (equação de Legendre) 3) 0yxyxyx 222 , cte (equação de Bessel) 4) 0yyx1yx , cte (equação de Laguerre) 5) 0yyx2y , cte (equação de Hermite) 6) 0)yx(seny 7) senxxy2y 2 8) xeyyyx Nos problemas 9) a 12) mostrar que as funções dadas são soluções de cada equação diferencial. 9) 0yy ; senx)x(y1 ; ix 2 e)x(y 10) 0y4yx5yx2 , 0x ; 21 x2)x(y ; xlnx)x(y 22 11) xsecyy ; )xcosxsenx( 2 1 )x(y 12) x2ey4y ; x2xe 8 1 )x(y Nos problemas 13) a 15) determinar os valores de r para que rxey seja uma solução da equação diferencial dada. 13) 0yy 14) 0y6y5y 15) 0yy Respostas: 1) a 5) são equações lineares homogêneas de ordem 2 6) não-linear, ordem 1 7) linear de ordem 1, não homogênea 8) não-linear, ordem 3 13) 1r 14) 3 ,2 15) 1 ,0 ,1 6 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE ORDEM 1 São equações diferenciais da forma 0y,y,xF . Deste conjunto estudaremos algumas equações da forma: )y,x(fy (13) onde RRD:f 2 é uma função contínua e D um conjunto aberto. A forma (13) é chamada forma normal da equação diferencial de primeira ordem. Uma equação diferencial de ordem 1, na forma normal pode ser transformada para 0dy)y,x(Ndx)y,x(M (14) com N,M não nulas. Esta é a conhecida forma diferencial de uma equação de ordem 1. A passagem da forma normal )y,x(fy para (14) é feita reescrevendo-se a equação (13) como 0'y)y,x(f ou 0dydx)y,x(f e observando que )y,x(f)y,x(M e 1)y,x(N . O objetivo é encontrar funções )x(y definidas num intervalo I que satisfaçam (13) para todo Ix . Estas funções são as soluções da equação diferencial (13) e sua determinação depende de algumas características que a função f possa apresentar. Estas características definem algumas classes de equações diferenciais de primeira ordem, para as quais serão descritos os procedimentos para resolvê-las. Aqui estudaremos apenas as classes das equações de variáveis separáveis e as lineares. Equações Diferenciais de Variáveis Separáveis Uma equação diferencial de ordem 1, na forma diferencial 0dy)y,x(Ndx)y,x(M , com N,M não nulas é dita separável ou de variáveis separáveis se a função M depende apenas da variável independente x enquanto que a função N depende apenas da variável dependente y . Assim toda equação separável pode ser colocada na forma: 0dy )y(Ndx )x(M (15) Observe que (15) é equivalente a: 0 dx dy )y(N)x(M (16) Como encontrar uma solução para a equação (15) ou (16)? Para responder esta questão, suponha que existam funções )x(F1 e )y(F2 tais que: )x(M dx )x(dF )x(F 11 e )y(N dy )y(dF )y(F 22 (17) Substituindo (17) em (16) temos: 0 dx dy dy )y(dF dx )x(dF 21 ou 0 dx )y(dF dx )x(dF 21 . De modo equivalente, se )x(y é uma função diferenciável de x, então 0 ))x((F)x(F dx d 21 , ou ainda, c))x((F)x(F 21 (18) 7 A expressão (18) fornece a solução )x(y na forma implícita. Observe que para obter (18) é suficiente a partir de (15), integrar a função M em relação à variável x e integrar N em relação à y . Exemplo: Resolver a equação diferencial 0y5y Resolução: Substituindo y por dx dy temos 0y5 dx dy . Separando as variáveis temos dx5 y dy . Integrando o lado esquerdo em y e o lado direito em x temos 1cx5 y ln , ou x5x5ccx5 keeee y 11 . Considerando que k possa ser positivo ou negativo, pode-se representar a solução por x5key . Equações Lineares de 1a Ordem São equações que podem ser colocadas na forma: )x(gy)x(py (19) onde )x(p e )x(g são funções contínuas em ),( . Se 0)x(g , a equação (19) é dita homogênea ou incompleta, caso contrário será não homogênea ou completa. Se ctea)x(p temos uma equação linear de coeficiente constante. Para resolver a equação (19), considere a função dxxp e)x(u que é chamada de fator integrante. O fator integrante tem a seguinte propriedade: Se multiplicarmos a equação linear pelo fator integrante teremos que o lado esquerdo é a derivada do produto xu.y . Vejamos: )x(geye)x(pey dxxpdxxpdxxp xgeye dx d dxxpdxxp ou xg.xuxu.y dx d Integrando ambos os lados em relação à x, temos: cdxxg.xuxu.y ou xu c dxxg.xu xu 1 y ou 8 dxxpdxxpdxxp cedxxgeey que é a solução geral da equação linear (19). Exemplo: Resolver o p.v.i. 0y3y ; 2)0(y Temos x3e)x(u . Multiplicando a equação por xu obtemos: 0ye3ey x3x3 ou de modo equivalente 0 ye dx d 3x- , que integrada em x, fornece x3ce)x(y . A solução geral da equação diferencial 0y3y é portanto x3ce)x(y . Como 2)0(y , segue que c2 , e assim x3e2)x(y é a solução do p.v.i. Exemplo: Encontrar a solução geral da equação linear xey5y Aqui x5e)x(u . Multiplicando a equação por )x(u , temos x4x5x5 eye5ey ou x45x e ye dx d que integrada em x fornece a solução geral x5x cee 4 1 )x(y . Exemplo: Resolver o p.v.i. xxy3y ; 1)0(y Temos 2x 2 3 xdx3 ee)x(u . Multiplicando a equação por )x(u temos, 222 x 2 3 x 2 3 x 2 3 xexye3ey ou 22 x 2 3 -x 2 3 - xe ye dx d . Integrando em x temos, cdxxeye 22 x 2 3 x 2 3 ou 2x 2 3 ce 3 1 )x(y . Como 1)0(y segue que 3 4 c e assim 2x 2 3 e 3 4 3 1 )x(y é a solução do p.v.i. (solução única). ANÁLISE DE CIRCUITOS RL E RC O Circuito RL A equação básica que rege a quantidade de corrente i (em Ampères) em um circuito simples em série do tipo RL consistindo de uma resistência (em Ohms), um indutor L (em Henries) e uma força eletromotriz tV , (em Volts), é modelado pela lei de Kirchoff: Sabe-se que a tensão no resistor é RiVR e a tensão no indutor é dt di LVL . A Lei de Kirchoff estabelece que neste circuito elétrico vale: tVVV RL . Portanto, se admitirmos uma condição inicial do tipo 0i0i temos o P.V.I.: 0i0i tVRi dt di L 9 que resolvido, fornece a corrente ti do circuito, em qualquer instante t. Observe que temos uma equação diferencial linear na variável dependente i . Transformando o coeficiente da derivada dt di para 1, temos: L V i L R dt di e deste modo L R tp . Exemplo: Considere um circuito RL em série com tensão constante 0VtV volts. Se a corrente inicial é nula, determine: a) A corrente ti em qualquer instante t b) A corrente permanente (estacionária) tiP c) A corrente transitória tiT . Resolução: Temos o p.v.i.: 00i L V i L R dt di 0 Aqui t L R etu . Multiplicando a equação acima por tu temos: t L R 0 t L R t L R e L V ie L R e dt di ou t L R 0 t L R e L V ie dt d Integrando em t tem-se: dt e L V dt ie dt d t L R 0 t L R ou ke R V ie t L R 0 t L R ou t L R 0 ke R V ti Como 00i , segue que R V k 0 E, portanto: t L R 00 e R V R V ti ou t L R 0 e1 R V ti é a corrente em qualquer instante t . a) t L R 0 e1 R V ti 10 b) R V ti 0P c) t l R0 T e R V ti O Circuito RC Para um circuito do tipo RC consistindo de uma resistência, um capacitor C (em Farads), uma força eletromotriz (fem), a equação que rege a quantidade de carga elétrica q (em Coulumbs) no capacitor é: R V q RC 1 dt dq Como dt dq RRiVR e q C 1 VC , segue por Kirchoff que: tVVV CR ou Vq C 1 dt dq R , ou R V q RC 1 dt dq . Temos, portanto para o circuito RC , o p.v.i.: 0q0q R tV q RC 1 dt dq que resolvido fornece a carga tq do capacitor em qualquer instante t . Exemplo: Considere um circuito RC em série com tensão constante 0VtV Volts. Se o capacitor tem uma carga inicial nula, determine: a) A carga tq do capacitor em qualquer instante t b) A corrente ti do circuito em qualquer instante t c) A carga permanente tqP e a carga transitória tqT do capacitor d) A corrente permanente tiP e a corrente transitória tiT do circuito. Resolução do modelo 0 0 q0q R V q RC 1 dt dq : O fator integrante da edo R V q RC 1 dt dq 0 é dado por t RC 1 etu . Multiplicando esta equação por tu temos: t RC 1 0 t RC 1 t RC 1 e R V qe RC 1 e dt dq que pode ser reescrita como, t RC 1 0 t RC 1 e R V qe dt d . Integrando em t, 11 dt e R V qe t RC 1 0 t RC 1 kCeVqe t RC 1 0 t RC 1 ou, t RC 1 - 0 keCVtq Da condição inicial 00q , segue que CVk 0 , e assim: t RC 1 - 00 CeVCVtq ou t RC 1 - 0 e1CVtq a) t RC 1 - 0 e1CVtq Coulumbs b) t RC 1 0 e R V dt tdq ti Amperes c) CVtq limtq 0 t P Coulumbs Observe que vale a lei VCq t RC 1 0T CeVtq Coulumbs d) 0ti limti t P Amperes Capacitor carregado, corrente nula t RC 1 0 T e R V ti Amperes. Exercício: Um circuito RL tem fem de 5 volts, resistência de 50 Ohms e indutância de 1 Henry. A corrente inicial é nula. Determine a corrente no circuito em qualquer instante t. Resolução Temos 5V , 50R e 1L . O p.v.i. fica: 00i 5i50 dt di A solução da equação diferencial é 10 1 ceti t50 . Utilizando a condição inicial 00i obtemos 10 1 c e assim 10 1 e 10 1 ti t50 . A quantidade t50T e 10 1 ti é chamada corrente transitória, pois tende a zero quando t . A quantidade 10 1 tiP é chamada corrente permanente ou estacionária. Quando t , a corrente ti tende à corrente estacionária. EXERCÍCIOS Resolver as seguintes equações diferenciais e os problemas de valor inicial: 1) xey7y 2) x14y7y 3) x2seny7y 4) 22 xyxy 12 5) xy x 2 y , 01y 6) 0xy6y , 5y 7) 0dyyydx1x 22 8) 1y yyx y 2 , 13y 9) Uma bateria de 12 Volts é conectada a um circuito RL em série no qual a indutância é de 2 1 Henry e a resistência de 10 Ohms. Se a corrente inicial é nula, determine: a) A corrente ti em qualquer instante t, b) A corrente transitória. 10) Uma força eletromotriz de 100 Volts é aplicada a um circuito RC em série no qual a resistência é de 200 Ohms e a capacitância é de 410 Farad. A carga inicial no capacitor é nula. Determine: a) A carga tq em qualquer instante t; b) A corrente ti em qualquer instante t; c) As componentes transitória e permanente da carga tq ; d) As componentes transitória e permanente da corrente ti . RESPOSTAS 1) xx7 e 6 1 cey 2) 7 2 x2cey x7 3) x2sen 53 7 x2cos 53 2 cey x7 4) 1cey 3 x3 5) 22 xx 4 1 y 6) 22x3e5y 7) ky3y2x6x2 233 , c6k 8) 7ylnyx 3 x3 9) a) t20e1 5 6 ti A b) 5 6 tiT A c) t20 P e 5 6 ti A 10) a) t50e 100 1 100 1 tq C b) t50e 2 1 ti A c) t50T e 100 1 tq C 100 1 tqP C d) t50 T e 2 1 ti A 0tiP A 13 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE ORDEM 2 São equações do tipo: 0)y,y,y,x(F (19). Estudaremos apenas aquelas que podem ser colocadas na forma )y,y,x(fy (20), (isto é podemos isolar a derivada de maior ordem y ). Equações Diferenciais Lineares de Ordem 2 São do tipo: )x(gy)x(qy)x(py (21), onde )x(p , )x(q , )x(g são funções contínuas em , . Se 0)x(g temos uma equação linear homogênea ou incompleta, caso contrário será chamada não homogênea ou completa. As funções )x(p e )x(q são chamadas coeficientes da equação (21). Caso )x(p e )x(q sejam constantes dizemos que temos uma equação linear com coeficientes constantes. Exemplos: 1) senxey4y x (linear não-homogênea de coeficientes constantes) 2) 0yyxy (linear homogênea com coeficientes variáveis) 3) )t(Vq C 1 dt dq R dt qd L 2 2 (linear não-homogênea de coeficientes constantes) Toda equação diferencial de ordem 2, que não puder ser colocada na forma (21) é dita não linear. Soluções Fundamentais da Equação Linear de Ordem 2 Seja a equação diferencial linear homogênea 0y)x(qy)x(py (22) onde )x(p e )x(q são funções contínuas no intervalo , . Resultado 1. Se )x(y1 e )x(y2 são duas soluções particulares de (22) então a combinação linear )x(yc)x(yc)x(y 2211 com 1c e 2c constantes também é solução. Prova: Se )x(y1 é solução de (22) então 0y)x(q'y)x(p"y 111 . Do mesmo modo sendo )x(y2 solução de (22) tem-se 0y)x(q'y)x(p"y 222 . Substituindo )x(yc)x(yc)x(y 2211 em (22) temos: 221122112211 ycyc)x(qycyc)x(pycycy)x(qy)x(py 00c0cy)x(q'y)x(p"ycy)x(q'y)x(p"yc 2122221111 Observação: O resultado 1 é conhecido também como princípio da superposição. Definição: Duas soluções )x(y1 e )x(y2 da equação (22) são ditas linearmente independentes (l.i.) no intervalo b , a se o quociente cte y y 2 1 neste intervalo. Caso contrário, serão linearmente dependentes (l.d.). 14 Exemplo: Sabe-se que as funções xe , xe , xe3 , xe5 são soluções da equação diferencial 0yy . Observe que xe e xe são l.i para Rx , pois ctee e e x2 x x . Já xe e xe3 são l.d., pois cte 3 1 e3 e x x . Definição: Dadas as funções )x(y1 e )x(y2 , o determinante )x(y)x(y)x(y)x(y )x(y)x(y )x(y)x(y )x)(y,y(W 2121 21 21 21 é chamado Wronskiano das funções )x(y1 e )x(y2 . Exemplo: Se x1 e)x(y e x 2 e3)x(y , então 0 e3e e3e )x)(y,y(W xx xx 21 Resultado 2. Se as funções )x(y1 e )x(y2 são l.d. no intervalo b , a então 0)x(y,yW 21 x neste intervalo. Prova: Se )x(y1 e )x(y2 são l.d. temos 12 y y , R e 'y 'y 12 e assim 0 y 'y y y 'y'y yy )x(y,yW 11 11 21 21 21 Observação: A forma como este resultado será utilizado é: Se 0)x(y,yW 21 para algum b , a x então )x(y1 e )x(y2 são l.i. Resultado 3. Se )x(y1 e )x(y2 são soluções da equação diferencial ordinária linear homogênea 0y)x(qy)x(py (4) então: )x(y1 e )x(y2 são l.i. em b , a 0)x(y,yW 21 para b , a x Prova: Consultar bibliografia. Resultado 4. Se )x(y1 e )x(y2 são duas soluções l.i. da equação diferencial ordinária linear homogênea 0y)x(qy)x(py (22) então, )x(yc)x(yc)x(y 2211 21 c ,c constantes é a forma da solução geral de (22). Prova: Consultar bibliografia. Conclusão: Dos resultados anteriores temos que para que duas soluções )x(y1 e )x(y2 formem um conjunto fundamentalde soluções (l.i.) para a equação diferencial 0y)x(qy)x(py (22) q,p contínuas em , é necessário e suficiente que 0)x(y,yW 21 para algum ,x . Nestas condições a solução geral de (22) é dada por )x(yc)x(yc)x(y 2211 onde 21 c ,c são constantes. 15 Resolução de Equações Lineares Homogêneas com Coeficientes Constantes Seja a equação diferencial: 0cyybya (23), onde Rc ,b ,a , 0a . Uma solução de (23) deverá ser uma função )x(y x tal que a multiplicado pela derivada segunda de , mais b multiplicado pela derivada primeira de , mais c multiplicado por é igual à zero. As funções que tem esta propriedade possuem as derivadas diferindo por uma constante. Estas funções são as funções exponenciais (reais ou complexas). Seja rxe)x(y uma solução de (23). Temos rxrey e rx2ery . Substituindo y ,y ,y na equação (23) temos: 0cebreear rxrxrx2 ou 0)cbrar(e 2rx . Como 0erx Rx , segue que: 0cbrar2 (equação característica ou auxiliar) Assim a2 ac4bb r 2 1 e a2 ac4bb r 2 2 Três casos podem ocorrer: Caso 1: 0ac4b2 Caso 2: 0ac4b2 Caso 3: 0ac4b2 Caso 1: 0ac4b2 Existem duas raízes reais e distintas 1r e 2r e portanto xr 1 1e)x(y e xr2 2e)x(y são duas soluções da equação (23). Serão l.i? Como 0err erer ee )x()x(y),x(yW xrr 12xr 2 xr 1 xrxr 21 21 21 21 Rx , segue que xr1 1e)x(y e xr 2 2e)x(y são duas soluções l.i. de (23) e, portanto: xr 2 xr 12211 21 ecec)x(yc)x(yc)x(y é a solução geral no caso 0 . Exemplo: Encontrar a solução geral da equação diferencial 0y6y5y . Equação característica: 06r5r2 2r1 e 3r2 . Portanto x2 1 e)x(y e x3 2 e)x(y são duas soluções l.i. e assim x32 x2 1 ecec)x(y com 21 c ,c constantes é a solução geral. Caso 2: 0ac4b2 Neste caso temos a2 b rr 21 e somente uma solução xr 1 1e)x(y . Uma segunda solução l.i. será encontrada tomando xr2 1e)x(u)x(y . Substituindo-se 2y na equação (23) chega- se a x)x(u e deste modo xr2 1xe)x(y . Como ctex y y 2 1 segue que xr1 1e)x(y e 16 xr 2 1xe)x(y são duas soluções l.i. de (23) e assim xr2 xr 12211 11 xecec)x(yc)x(yc)x(y é a solução geral no caso 0 . Exemplo: Resolver a equação diferencial 0y9y6y Equação característica: 09r6r2 , raízes: 3rr 21 . Solução l.i.: x3 1 e)x(y e x3 2 xe)x(y . A solução geral será x32 x3 1 xecec)x(y Caso 3: 0ac4b2 Como c b, ,a são reais, se existir uma raiz complexa, sua conjugada também será raiz. Sejam ir1 e irr 12 com 0 . Fórmula de Euler: isenxxcoseix (adotar com definição) Deste modo, xisenxcoseeee)x(y xxixxi1 e xisenxcoseeee)x(y xxixxi2 . Aqui )x(y1 e )x(y2 estão na forma complexa. A solução geral é: xisenxcosekxisenxcosek)x(y x2 x 1 ou xsene kkixcose kk)x(y x21 x 21 Fazendo 211 kkc e 212 kkic Temos, portanto xsenecxcosec)x(y x2 x 1 , na forma real. Observe que xcose x e xsene x são duas soluções de (23) e são l.i. pois: ctextg xsene xcose x x . Deste modo xsenecxcosec)x(y x2 x 1 é a solução geral no caso 0 . Exemplo: Resolver a equação diferencial 0y2y2y Equação característica: 02r2r2 . Raízes: i1r1 e i1r2 . Duas soluções l.i. são xcosexcose)x(y xx1 e senxexsene)x(y xx2 . Assim a solução geral é dada por: senxecxcosec)x(yc)x(yc)x(y x2 x 12211 com Rc ,c 21 . EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES NÃO-HOMOGÊNEAS DE ORDEM 2 Seja a equação diferencial )x(gy)x(qy)x(py (24), com )x(g ),x(q ),x(p contínuas em x . Resultado 1. A diferença entre duas soluções de )x(gy)x(qy)x(py (24) é uma solução da equação homogênea associada 0y)x(qy)x(py (23). Prova: Se )x(y1 solução de (24), então )x(gy)x(qy)x(py 111 (a). Do mesmo modo se )x(y2 é solução de (24) então )x(gy)x(qy)x(py 222 (b). Fazendo (a) – (b), temos: 0yy)x(qyy)x(pyy 212121 , e assim )x(y)x(y)x(y 21 é solução de (23). 17 Resultado 2. Dada uma solução particular )x(yp de (24), qualquer solução )x(y desta equação pode ser escrita como )x(y)x(y)x( ph , onde )x(yc)x(yc)x(y 2211h é a solução geral de (23) e (isto é 1y e 2y são soluções l.i. de (23)). Obs: hy é chamada solução complementar (ou resposta natural do mecanismo) py é chamada solução particular de (14) (embora não satisfaça necessariamente uma dada condição inicial) (ou resposta forçada do mecanismo) Prova: Observe que do resultado 1, py é solução da equação homogênea associada. Logo )x(yc)x(ycy 2111p , ou )x(y)x(yc)x(yc)x( p2111 . Resultado 3. (O princípio da superposição) Se )x(g)x(g)x(gy)x(qy)x(py n21 (25) e se podemos encontrar soluções )x(y ip das equações )x(gy)x(qy)x(py i n,,2,1i então uma solução particular de (25) é: )x(y)x(y)x(y)x(y n21 pppp Prova: Imediata Exemplo: Achar uma solução particular de xex1y9y Inicialmente resolvemos a equação homogênea associada 0y9y . A equação característica é 09r2 com soluções i3r e, portanto x3sencx3cosc)x(y 21h . Como encontrar uma solução particular )x(yp ? Determinamos uma solução particular para cada uma das equações diferenciais seguintes: 1y9y xy9y xey9y Encontramos respectivamente, 1)x(y 1p , 9 x )x(y 2p e xp e 10 1 )x(y 3 Portanto uma solução particular da equação dada é: xp e 10 1 x 9 1 9 1 )x(y , e a solução geral será: x21p2211 e 10 1 x 9 1 9 1 x3sencx3cosc)x(y)x(yc)x(yc)x(y . Métodos para determinação de soluções particulares Existe o método dos coeficientes a determinar (Descartes), e o método da variação dos parâmetros devido a Lagrange (este último não será estudado neste curso). O Método dos coeficientes a determinar Este método deve ser utilizado preferencialmente quando temos uma equação linear de coeficientes constantes. Funciona apenas para alguns casos de )x(g . Caso 1) )x(g é um polinômio inteiro em x, do grau m . )x(yp será um polinômio inteiro em x do grau hm onde h é a ordem da derivada de menor ordem contida na equação diferencial. 18 Exemplo: Resolver a equação diferencial 1x3y5y4y 2 a) solução da homogênea associada 0y5y4y . 05r4r2 5r1 e 1r2 . Assim x 2 x5 1h ecec)x(y . b) cálculo de )x(yp . 2m , ( )x(g é polinômio do grau 2) e 0h . Logo 2hm e CBxAx)x(y 2p . Temos, BAx2)x(yp e A2)x(yp . Substituindo ppp y, y,y na equação completa temos: 1x3CBxAx5BAx24A2 22 , ou 1x3C5B4A2xB5A8Ax5 22 . Igualando os coeficientes do polinômio temos o sistema linear: com solução 5 3 A , 25 24 B e 125 101 C assim 125 101 x 25 24 x 5 3 )x(y 2p Solução geral: 125 101 x 25 24 x 5 3 ecec)x(y)x(y)x(y 2x2 x5 1ph Caso 2) )x(g é da forma kxe )x(yp será da forma kxheAx , onde h é o grau de multiplicidade de k como raiz da equação característica. Exemplo: Resolver a equação diferencial x5ey5y4y a) homogênea: Do exemplo anterior 5r1 e 1r2 e x 2 x5 1h ecec)x(y . b) completa: 1h ( 5k é raiz (uma vez) da equação característica. Portanto x5 p Axe)x(y , x5x5p Axe5Ae)x(y e x5x5p Axe25Ae10)x(y . Substituindo ppp y, y,y na equação completa temos: x5x5x5x5x5x5 eAxe5Ae5Ae4Axe25Ae10 ou x5x5 eAe6 , o que acarreta 6 1 A e x5p xe 6 1 )x(y . Solução geral: x2cosx 4 3 ecec)x(y)x(y)x(y x2 x5 1ph Caso 3) )x(g é da forma senkx ou kxcos )x(yp será da forma hxkxcosBAsenkx onde h é o grau de multiplicidade da raiz imaginária ki , como raiz da equação característica. Exemplo: Resolver a equação diferencial x2sen3y4y a) homogênea: 04r2 i2r e x2sencx2cosc)x(y 21h b) completa: 1h ( i2ki é raiz (uma vez) da equação característica. Portanto xx2cosBx2Asen)x(yp , xx2Bsen2x2cosA2x2cosBx2asen)x(yp e xx2cosB4x2Asen4x2Bsen4x2cosA4)x(yp . Substituindo ppp y, y,y na equação completa temos: x2sen3xx2cosBx2Asen4xx2cosB4x2Asen4x2Bsen4x2cosA4 1C5B4A2 0 B5A8 3 A5 19 ou x2sen3x2Bsen4x2cosA4 . Temos o sistema linear 3B4 e 0A4 que fornece 0A e 4 3 B , e portanto x2cosx 4 3 )x(yp . Solução geral: x2cosx 4 3 x2sencx2cosc)x(y)x(y)x(y 21ph Caso 4) )x(g reúne dois ou mais dos casos anteriores. Neste caso utilizamos o principio da superposição. Exemplo: Resolver x2cosex3y9y6y x3 a) homogênea: 09r6r2 3rr 21 e x3 2 x3 1h xecec)x(y b) completa: Tomamos BAx)x(y 1p como solução particular de x3y9y6y e x2cosDx2Csene)x(y x3p2 como solução particular de x2cos3y9y6y x3 e desta forma teremos x2cosDx2CseneBAx)x(y x3p . Resolvendo teremos 3 1 A , 9 2 B , 0C e 4 1 D . Assim x2cos 4 1 9 2 x 3 1 )x(yp e a solução geral será x2cos 4 1 9 2 x 3 1 xecec)x(y x32 x3 1 . Exercícios propostos Utilizando a formulação do circuito RLC, )t(V)t(q C 1 dt )t(dq R dt )t(qd L 2 2 , resolver os problemas abaixo: 1) Um circuito RLC , com 6R Ohms, 02,0C Farad, 1,0L Henry, tem uma voltagem aplicada de 6)t(V volts. Supondo que não haja corrente inicial nem carga inicial quando 0t , ao ser aplicada inicialmente a voltagem, determine a carga subseqüente no capacitor e a corrente no circuito. Resp: 100 12 e 100 15 e 100 3 )t(q t10t500 t50t10 ee 2 3 )t(i 2) Um circuito RLC , com 5R Ohms, 210C Farad, 8 1 L Henry, não tem voltagem aplicada. Determine a corrente subseqüente no circuito se a carga inicial no capacitor é 10 1 Coulomb e a corrente inicial é nula. Resp: t20sene4)t(i t20 Utilizando a formulação do sistema massa-mola )t(F)t(ku)t(uc)t(um , resolver os problemas a seguir: 1) Uma massa de 10 Kg acha-se suspensa de uma mola, distendendo-a de 7,0 metro além de seu comprimento natural. Põe-se o sistema em movimento, a partir da posição de equilíbrio, com uma velocidade inicial de 1 m/s “para cima”. Determinar o movimento subsequente se existe um mecanismo frenador cuja resistência ao movimento é dada por u90 N. Utilize 8,9g m/s2. 20 Resp: t2t7 ee 5 1 tu (observe que 0u quando t e assim o movimento é transitório) 2) Uma massa de 4 1 kg acha-se suspensa de uma mola, distendendo-a de 4,0 metro além de seu comprimento natural. Põe-se a massa em movimento, a partir da posição de equilíbrio, com uma velocidade inicial de 4 m/s “para baixo”. Determinar o movimento subsequente da massa se existe um mecanismo frenador cuja resistência ao movimento é dada por u 2 N. Utilize 10g m/s 2. Resp: t3sene 3 4 tu t4 ( 0u quando t e o movimento é transitório) 3) Uma massa de 10 kg acha-se suspensa de uma mola cuja constante elástica é 140 N/m. Põe-se a massa em movimento, a partir da posição de equilíbrio, com uma velocidade inicial de 1 m/s “para cima” e com uma força externa aplicada sent5tF . Determinar o movimento subsequente da massa se existe um mecanismo frenador cuja resistência ao movimento é dada por u 90 N. Resp: tcos9sent13e99e90 500 1 tu t7t2 4) Um peso 2,39 N acha-se suspenso de uma mola cuja constante elástica é 64 N/m. Põe-se o peso em movimento sem velocidade inicial, deslocando-se de 5,0 metros “para cima” da sua posição de equilíbrio e simultaneamente aplicando-lhe uma força externa t4sen8tF . Desprezando-se a resistência do ar, determine o movimento subsequente do peso. Utilize 8,9g m/s2. Resp: t4cost 4 1 t4sen 4 1 t4cos 2 1 tu
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