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Pergunta 1 (0.55 pontos) Salvo Leia atentamente a definição a seguir: Coerência Coerência é um elemento que permite ao leitor interpretar e compreender um texto. A coerência, de acordo com Koch (1997, p. 52), "longe de constituir mera qualidade ou propriedade do texto, é resultado de uma interação dada pela atuação conjunta de uma série de fatores de ordem cognitiva, situacional, sociocultural e interacional". KOCH, I. G. V. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 1997. Diante disso, leia os textos das alternativas, todos da referência a seguir, e assinale aquele que é textualmente coerente. PLATÃO, F.; FIORIN, J. L. Para entender o texto: leitura e produção. 17. ed. São Paulo: Ática, 2007. Opções de pergunta 1: a) "O quarto espelha as características de seu dono: um esportista, que adorava a vida ao ar livre e não tinha o menor gosto pelas atividades intelectuais. Por toda a parte havia sinais disso: raquetes de tênis, prancha de surf, equipamentos de alpinismo, skate, um tabuleiro de xadrez com as peças arrumadas sobre uma mesinha e, na estante, as obras completas de Shakespeare." (PLATÃO; FIORIN, p. 268). b) "Conheci Sheng no ensino médio e aí começamos um namoro que dura até hoje e talvez para sempre. Mas não gosto de sua família: repressora, preconceituosa e preocupada com as milenares tradições. Sou brasileira e não gosto de comida chinesa. Na casa deles, só falam chinês e de chinês eu só sei o nome Sheng. No dia de seu aniversário, ele criou coragem e me convidou para um jantar na casa da família. Eu fui e fiquei conhecendo os velhos, conversei com eles, ouvi muitas histórias da China e comi muitas coisas diferentes que nem sei o nome." (PLATÃO; FIORIN, 2007, p. 268). c) "Embora existam políticos competentes e honestos, preocupados com as legítimas causas populares, os jornais, na semana passada, noticiaram casos de corrupção comprovada, praticados por um político eleito pelo povo. Isso demonstra que o povo não sabe escolher seus representantes." (PLATÃO; FIORIN, 2007, p. 269). d) "Lá dentro havia uma fumaça formada pelos cigarros e essa fumaça não deixava que víssemos qualquer pessoa, pois ela era muito intensa. Meu colega foi à cozinha, me deixando sozinho. Fiquei encostado na parede da sala, observando as pessoas que lá estavam. Na festa havia pessoas de todos os tipos: ruivas, brancas, negras, amarelas, altas, baixas etc." (PLATÃO; FIORIN, 2007, p. 262). e) "Havia um menino muito fraco que vendia amendoins numa esquina [...]. Ele era tão fraquinho que mal podia carregar a cesta em que estavam os pacotinhos de amendoim. Um dia, na esquina em que ficava, um motorista, que vinha em alta velocidade, perdeu a direção. O carro capotou e ficou de rodas para o ar. O menino não pensou duas vezes. Correu para o carro e tirou de lá o motorista, que era um homem corpulento. Carregou-o até a calçada, parou um carro e o levou para o hospital. Assim, salvou-lhe a vida." (PLATÃO; FIORIN, 2007, p. 261). Pergunta 2 (0.55 pontos) Salvo Leia atentamente o texto a seguir: Alguns sonham com uma língua uniforme. Só pode ser por mania repressiva ou medo da variedade, que é uma das melhores coisas que a humanidade inventou [...]. Em uma língua uniforme, talvez fosse possível pensar, dar ordens e instruções. Mas, e a poesia? E o humor? E como os falantes fariam para demonstrar atitudes diferentes? Teriam que avisar (dizer, por exemplo, "estou irritado", "estou à vontade", "vou tratá-lo formalmente")? E como produzir a uniformidade se a variedade linguística é fruto da variedade social? Essa é uma questão, sem dúvida, interessante. Pesquisas feitas em vários países demonstram que há uma fala de homens e uma de mulheres. A fala das mulheres é mais semelhante à norma culta do que a dos homens. Isso seria resultado de um comportamento linguístico mais "correto" por parte das mulheres. Tal distinção faz com que esperemos comportamentos diferentes por parte de homens e de mulheres [...]. Assim, tomando como base esse pensamento, o comportamento do homem, em nossa sociedade, aparenta ser menos correto do que o de uma mulher (menos gentil, menos educado, mais descuidado). POSSENTI, S. Por que (Não) Ensinar Gramática na Escola. Campinas/São Paulo: ALB, Mercado de Letras, 1996, p. 36-37. (Adaptado). A alternativa que melhor sintetiza o conteúdo do fragmento de texto acima é: Opções de pergunta 2: a) Os homens, assim como as mulheres, adaptam sua linguagem às situações de comunicação em que se envolvem nos diferentes locais e momentos. b) A variação linguística é uma maneira de demonstrar que as pessoas têm medo de utilizar as normas estabelecidas pela gramática normativa. c) Os comportamentos sociais – como ser mais ou menos "correto", mais ou menos "gentil" – necessitam de uma relação direta com as normas gramaticais. d) As variedades da língua estão ligadas às variedades sociais e culturais de tal maneira que é impossível estabelecer uma uniformização para uma ou para a outra. e) É a uniformização da língua que permite estabelecer o tom de beleza, musicalidade, humor e expressividade nos atos comunicativos. Pergunta 3 (0.55 pontos) Salvo Leia o texto a seguir: O parágrafo é uma unidade de composição, constituída por um ou mais de um período, em que se desenvolve determinada ideia central, ou nuclear, a que se agregam outras, secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dele. GARCIA, O. M. Comunicação em prosa moderna. 7. ed. Rio de Janeiro: FGV, 1978, p. 203. Com base nas discussões sobre a constituição dos parágrafos apresentadas no texto de Garcia, avalie as seguintes assertivas e a relação proposta entre elas: I. O parágrafo é a unidade básica de um texto. Uma vez que: II. A estrutura do parágrafo apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão. A respeito dessas assertivas, assinale a opção correta: Opções de pergunta 3: a) As assertivas são verdadeiras, mas a relação entre elas não está correta. b) A assertiva I é uma proposição falsa e a II é verdadeira. c) As assertivas I e II são falsas. d) A assertiva II contraria a ideia expressa na assertiva I. e) As assertivas I e II são proposições excludentes. Pergunta 4 (0.55 pontos) Salvo Leia atentamente o enunciado a seguir: A leitura exige que o leitor estabeleça relações de proximidade com o texto. Isso não significa dizer que deve concordar com o que lê, uma vez que, como afirma Lajolo (1982), ele precisa ser dono de suas próprias vontades, entregando-se a essa leitura ou rebelando-se contra ela, propondo outra não prevista. LAJOLO, M. O texto não é pretexto. In.: ZILBERMAN, R. (org.) Leitura em crise na escola: as alternativas do professor. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1982, p. 51- 62. Pensando nisso, leia e interprete o poema Tecendo a manhã: Tecendo a manhã Um galo sozinho não tece uma manhã: ele precisará sempre de outros galos. De um que apanhe esse grito que ele e o lance a outro; de um outro galo que apanhe o grito de um galo antes e o lance a outro; e de outros galos que com muitos outros galos se cruzem os fios de sol de seus gritos de galo, para que a manhã, desde uma teia tênue, se vá tecendo, entre todos os galos. E se encorpando em tela, entre todos, se erguendo tenda, onde entrem todos, se entretendendo para todos, no toldo (a manhã) que plana livre de armação. A manhã, toldo de um tecido tão aéreo que, tecido, se eleva por si: luz balão. MELO NETO, J. C. A educação pela pedra. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996, p. 35. A leitura do poema permite, a partir das ideias implícitas e explícitas que o texto apresenta, o estabelecimento de comparações entre as ações dos galos e a "formação", ou "tessitura", da manhã: por meio da ligação dos gritos dos galos forma-se uma rede, uma tenda, que se transforma na manhã. Considerando as ideias presentes no poema, avalie as afirmações: I. O primeiro verso é uma paráfrase do provérbio "uma andorinhasozinha não faz verão". II. As palavras "galo" e "gritos" estão relacionadas, em um primeiro nível, ao que acontece em um aviário. III. A palavra "entretendendo" é um neologismo e significa "divertir-se fazendo tendas". IV. A figura do galo pode ser interpretada como uma metáfora para o trabalhador que constrói o futuro, a tenda protetora. A seguir, assinale a alternativa correta. Opções de pergunta 4: a) I, II e III, apenas. b) I, III e IV, apenas. c) III e IV, apenas. d) I e II, apenas. e) II, III e IV, apenas. Pergunta 5 (0.55 pontos) Salvo Leia a crônica a seguir para responder à questão. No aeroporto Viajou meu amigo Pedro. Fui levá-lo ao Galeão, onde esperamos três horas o seu quadrimotor. Durante esse tempo, não faltou assunto para nos entretermos, embora não falássemos da vã e numerosa matéria atual. Sempre tivemos muito assunto, e não deixamos de explorá-lo a fundo. Embora Pedro seja extremamente parco de palavras, e, a bem dizer, não se digne a pronunciar nenhuma. Quando muito, emite sílabas; o mais é conversa de gestos e expressões, pelos quais se faz entender admiravelmente. É o seu sistema. Passou dois meses e meio em nossa casa, e foi hóspede ameno. Sorria para os moradores, com ou sem motivo plausível. Era a sua arma, não direi secreta, porque ostensiva. A vida da pessoa humana lhe dá prazer. Seu sorriso foi logo considerado sorriso especial, revelador de suas boas intenções para com o mundo ocidental e oriental, e em particular o nosso trecho de rua. Fornecedores, vizinhos e desconhecidos, gratificados com esse sorriso (encantador, apesar da falta de dentes), abonam a classificação. Devo dizer que Pedro, como visitante, nos deu trabalho; tinha horários especiais, comidas especiais, roupas especiais, sabonetes especiais, criados especiais. Mas sua simples presença e seu sorriso compensariam providências e privilégios maiores. Recebia tudo com naturalidade, sabendo-se merecedor das distinções, e ninguém se lembraria de achá-lo egoísta ou importuno. Suas horas de sono – e lhe apraz dormir não só à noite como principalmente de dia – eram respeitadas como ritos sagrados, a ponto de não ousarmos erguer a voz para não acordá-lo. Acordaria sorrindo, como de costume, e não se zangaria com a gente, porém nós mesmos é que não nos perdoaríamos o corte de seus sonhos. Assim, por conta de Pedro, deixamos de ouvir muito concerto para violino e orquestra, de Bach, mas também nossos olhos e ouvidos se forraram à tortura de tevê. Andando na ponta dos pés, ou descalços, levamos tropeções no escuro, mas sendo por amor de Pedro não tinha importância. Objetos que viesse a nossa mão, requisitava-os. Gosta de óculos alheios (e não os usa), relógios de pulso, copos, xícaras e vidros em geral, artigos de escritório, botões simples ou de punho. Não é colecionador; gosta das coisas para pegá-las, mirá-las e (é seu costume ou sua mania, que se há de fazer) pô-las na boca. Quem não o conhecer dirá que é péssimo costume, porém duvido que mantenha este juízo diante de Pedro, de seu sorriso sem malícia e de suas pupilas azuis – porque me esquecia de dizer que tem olhos azuis, cor que afasta qualquer suspeita ou acusação apressada, sobre a razão íntima de seus atos. Poderia acusá-lo de incontinência, porque não sabia distinguir entre os cômodos, e o que lhe ocorria fazer, fazia em qualquer parte? Não. Jamais me voltei para Pedro que ele não me sorrisse; tivesse eu um impulso de irritação, e me sentiria desarmado com a sua azul maneira de olhar-me. Eu sabia que essas coisas eram indiferentes à nossa amizade – e, até, que a nossa amizade lhes conferia caráter necessário de prova; ou gratuito, de poesia e jogo. Viajou meu amigo Pedro. Fico refletindo na falta que faz um amigo de um ano de idade e seu companheiro já vivido e puído. De repente o aeroporto ficou vazio. DRUMMOND DE ANDRADE, C. No aeroporto. In: DRUMMOND DE ANDRADE, C. Poesia Completa e Prosa. Rio de Janeiro: José Aguiar, 1973, p. 1.107-1.108. Os gêneros textuais, entendidos como formas relativamente estáveis de discurso, organizam-se a partir dos seguintes elementos: – Tema – conteúdos ideologicamente marcados (ponto de vista e a maneira como se defende uma posição sobre determinado assunto). – Estilo – configurações específicas das unidades e da estrutura da linguagem (escolha por uma palavra, e não outra; a forma como se organizam as ideias nas frases, para defender o que pensamos). Em outras palavras, traços da posição assumida pelo autor e indicados pela forma composicional do texto. – Estrutura composicional – agrupa elementos das estruturas comunicativas e semióticas compartilhadas pelos textos pertencentes ao gênero – a maneira como os textos se constituem, sua forma e seus elementos. Com base na leitura e na interpretação do trecho, especialmente do elemento "tema", avalie as afirmativas que se referem à crônica "No aeroporto". I. A crônica apresenta e retrata a visita de um adulto ("já vivido e puído" – o avô) à casa de um bebê ("um amigo de um ano de idade" – o neto). II. As escolhas e a apresentação das palavras e expressões tornam o texto curioso, emocionante, humorístico e reflexivo. III. O texto envolve o leitor de tal maneira que, curioso, só consegue saber quem é a visita do narrador no último parágrafo. IV. A cor dos olhos de Pedro é marcante para o narrador, que os descreve como "pupilas azuis", "olhos azuis" e "a sua azul maneira de olhar-me". V. As diferentes maneiras de se referir aos olhos do bebê demonstram que o avô se sente envolvido pela sua inocência e torna-se cúmplice dele. A seguir, assinale a alternativa correta. Opções de pergunta 5: a) I, III e IV, apenas. b) II, III e V, apenas. c) I e II, apenas. d) III, apenas. e) II, III, IV e V. Pergunta 6 (0.55 pontos) Salvo Leia atentamente o texto a seguir para responder a questão. O sofisma da especialização Alguém disse que um especialista é uma pessoa que sabe cada vez mais sobre cada vez menos. A frase é engraçadinha, porém errada. Cadê o especialista que só sabe de um assunto? Certamente, não está nos empregos mais cobiçados. Pensemos no caso dos cientistas. (...) Um cientista fez um primário e secundário genérico, uma faculdade pouco especializada e os cursos de doutorado são bastante amplos e, quase sempre, multidisciplinares. (...) No fundo, o bom cientista é um grande generalista que, além disso, domina uma área específica (...). É a maior capacidade de pensar de forma abrangente que faz de alguém um grande cientista e não um reles operador de laboratório. Robert Merton demonstrou que a diferença entre um prêmio Nobel e outros cientistas é sua capacidade de escolher o problema certo na hora certa. Portanto, não é o conhecimento especializado – por certo necessário na pesquisa e em muitas outras áreas – que conta, mas a combinação deste com uma série de competências generalizadas. (...) Dentre as ocupações valorizadas e mais bem remuneradas, há duas categorias. A primeira é a dos cientistas, engenheiros e muitos outros profissionais cuja preparação requer o domínio de técnicas complexas e especializadas – além das competências "genéricas". (...) Essas ocupações envolvem administrar, negociar, coordenar, comunicar-se e por aí afora. (...) A profissionalização mais duradoura e valiosa tende a vir mais do lado genérico que do especializado. Entender bem o que leu, escrever claro e comunicar-se, inclusive em outras línguas, são os conhecimentos profissionais mais valiosos. Trabalhar em grupo e usar números para resolver problemas, pela mesma forma, é profissionalização. (...) A lição é muito clara: o profissional de primeira linha pode ou não ser um especialista, dependendo da área. Pode ou não ter a necessidade de conhecer as últimas teorias da moda. Mas não pode prescindir dessa "profissionalização genérica", sem a qual será um idiota, cuspindo regras, princípios e números que não refletem um julgamento maduro do problema. Portanto, lembremo-nos: especialistanão é quem sabe só de um assunto, e ser profissional não é apenas conhecer técnicas específicas. O profissionalismo mais universal é saber pensar, interpretar a regra e conviver com a exceção. CASTRO, C. M. O sofisma da especialização. In.: Veja, 4 de abril de 2001. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/040401/ponto_de_vista.html>. Acesso em: 05/02/2014. Para sustentar sua tese, Cláudio de Moura Castro faz uso de argumentos e exemplos que vão desde o senso comum até argumentos de autoridade. Pensando nisso, leia e avalie as afirmações que se seguem, colocando V quando forem verdadeiras e F quando forem falsas: ( ) Um bom cientista é um grande generalista que, além disso, domina uma área específica. ( ) É a capacidade de pensar de forma abrangente que faz de alguém um grande cientista, e não um reles operador de laboratório. ( ) Os empregos mais cobiçados e valorizados são ocupados por profissionais que dominam profundamente as técnicas de suas áreas. ( ) O profissional universal é aquele que sabe pensar sobre o assunto, interpretar a regra e conviver com a exceção. A seguir, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta: Opções de pergunta 6: a) V, V, F, V. b) F, F, V, V. c) V, F, V, F. d) V, V, V, F. e) V, V, F, F. Pergunta 7 (0.55 pontos) Salvo Tipo textual é uma espécie de construção teórica definida pela natureza linguística de sua composição. Essa natureza se apresenta nos aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas da construção das frases, orações, períodos e parágrafos. Ou seja, a organização das sequências linguísticas no texto caracteriza a: narração, descrição, exposição, argumentação, injunção e conversação. MARCUSCHI, L. A. Produção Textual, Análise de Gêneros e Compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008. Leia os fragmentos de texto a seguir e identifique sua tipologia textual: narração, descrição, exposição, argumentação, injunção ou conversação. 1. Para preparar o bolo, siga os seguintes passos: Bata as claras em neve e reserve; no liquidificador, misture o leite, a farinha, a baunilha e as gemas dos ovos. Bata até obter uma massa homogênea; em uma forma untada, despeje a mistura feita no liquidificador, as claras em neve e adicione o fermento, misturando bem; leve ao forno em temperatura de 200º por 20 minutos. 2. "Até os preparativos já me deixavam tonta de felicidade. Nunca me sentira tão ocupada: minuciosamente, minha amiga e eu calculávamos tudo, embaixo da fantasia usaríamos combinação pois se chovesse e a fantasia se derretesse pelo menos estaríamos de algum modo vestidas [...]". LISPECTOR, C. Restos do Carnaval. In: Felicidade Clandestina. Rio de Janeiro: Sabiá, 1971, p. 22. 3. O sermão há de ter um só assunto e uma só matéria. Por isso Cristo disse que o lavrador do Evangelho não semeara muitos gêneros de sementes, senão uma só [...]. Semeou uma só semente e não muitas, porque o sermão há de ter uma só matéria, e não muitas matérias. Se o lavrador semeara o primeiro trigo, e sobre o trigo semeara centeio, e sobre centeio semeara milho grosso e miúdo, e sobre o milho semeara cevada, que havia de nascer? Uma mata brava, uma confusão verde. Eis aqui o que acontece aos sermões desse gênero. VIEIRA, A. Sermões da Sexagésima. In: PÉCORA, A. (Org.). Sermões. São Paulo: Hedra, 2000, p. 98. 4. Texto é uma unidade de sentido. Ou seja, é um conjunto de elementos combinados, organizados entre si, de maneira a permitir que as pessoas captem seus sentidos, funcionam como meio de registro, conservação e transmissão de informação. Texto, portanto, não é um amontoado de palavras e frases, mas sim um todo organizado. KOCH, I. V. A Coesão Textual. São Paulo: Contexto, 1989. 5. Era um sobrado; na parte de baixo, o armazém do meu avô, onde se vendia um pouco de tudo. Tecidos, renda, sianinha, botões, fumo de rolo, açúcar, feijão e grãos de um modo geral – não em pacotes, mas em sacos grandes, que ficavam no chão. No andar de cima, onde morava a família, era a casa da minha avó – nunca do meu avô. LEÃO, D. A casa de minha avó. Folha de São Paulo, 21 jul. 2002. Caderno C, p. 2. A seguir, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta da classificação da tipologia dos fragmentos. Opções de pergunta 7: a) Descrição; narração; argumentação; injunção; exposição. b) Injunção; narração; argumentação; exposição; descrição. c) Argumentação; descrição; injunção; exposição; descrição. d) Injunção; narração; descrição; exposição; argumentação. e) Narração; descrição; argumentação; exposição; injunção. Pergunta 8 (0.55 pontos) Salvo Leia o texto Meu engraxate, de Mário de Andrade: Meu engraxate 1. É por causa de meu engraxate que ando agora em plena desolação. Meu 2. engraxate me deixou. 3. Passei duas vezes pela porta onde ele trabalhava e nada. Então me 4. inquietei, não sei que doenças mortíferas, que mudanças pra outras portas se 5. pensaram em mim, resolvi perguntar ao menino que trabalhava na outra 6. cadeira. O menino é um retalho de hungarês, cara de infeliz, não dá simpatia 7. alguma. E tímido o que torna instintivamente a gente muito combinado com 8. o universo no propósito de desgraçar esses desgraçados de nascença. "Está 9. vendendo bilhete de loteria", respondeu antipático, me deixando numa 10. perplexidade penosíssima: pronto! Estava sem engraxate! Os olhos do 11. menino chispeavam ávidos, porque sou dos que ficam fregueses e dão 12. gorjeta. Levei seguramente um minuto pra definir que tinha de continuar 13. engraxando sapatos toda a vida minha e ali estava um menino que, a gente 14. ensinando, podia ficar engraxate bom. ANDRADE, M. de. Os filhos da Candinha. São Paulo: Martins, 1963, p. 167. Ainda pensando na leitura, leia atentamente o que se segue e responda a questão. O leitor atento, ao ler um texto, constrói hipóteses sobre o que lê, comprovando-as ou refutando-as com passagens, afirmações e ideias do próprio texto. Pensando nisso, é possível afirmar que o sentimento do narrador pela perda dos serviços do engraxate, e não de um amigo, são demonstrados na seguinte passagem: Opções de pergunta 8: a) "[...] pronto! Estava sem engraxate!" (linha 10). b) "[...] resolvi perguntar ao menino que trabalha na outra cadeira" (linhas 5-6). c) "[...] tinha que continuar engraxando sapatos toda a minha vida ali" (linhas 12-13). d) "[...] sou desses que ficam fregueses e dão gorjeta" (linhas 11-12). e) "O menino é um retalho de hungarês, cara de infeliz" (linha 6). Pergunta 9 (0.55 pontos) Salvo Leia atentamente o que se segue: A língua, de acordo com Bakhtin/Voloshinov (1995 [1929/1930]), é um conjunto de códigos combinados que formam um sistema de práticas usadas em diferentes tempos e esferas da atividade humana pelos falantes de uma determinada comunidade, região ou país. Esse sistema permite agir, expressar ideias e estabelecer relações com os outros. BAKHTIN, M.; VOLOCHINOV, V. N. Marxismo e Filosofia da Linguagem. 10. ed. São Paulo: Hucitec, 1995[1929/1930]. A partir da leitura do trecho acima e dos conteúdos abordados no texto-base, julgue as afirmativas a seguir. I. A língua é um conjunto de códigos combinados, que é elaborado pelo falante no momento da produção discursiva. II. Os códigos combinados e compreendidos pelos interlocutores, em situações de comunicação específicas, são chamados de língua. III. Em uma comunidade de falantes, a utilização da língua permite o estabelecimento de ações e a expressão de ideias. IV. As esferas de atividade humana e o momento de construção discursiva determinam a combinação dos códigos utilizados na comunicação. V. O funcionamento dos atos comunicativos é estabelecido pelos interlocutores, que determinam a combinação dos códigos a serem utilizados, e pelo contexto social, histórico e cultural em que eles estão inseridos. Estão corretas: Opções de pergunta 9: a) apenas as afirmativas II, III, IV e V.b) apenas as afirmativas I e II. c) apenas as afirmativas I, II e V. d) apenas as afirmativas IV e V. e) apenas as afirmativas II, III e V. Pergunta 10 (0.55 pontos) Salvo Leia atentamente o texto a seguir. Traços minimalistas surpreendem a cidade Linhas simples e racionais da arquitetura contemporânea privilegiam conforto e funcionalidade Entre as tradicionais casas e sobrados de uma rua tranquila no bairro Barreirinha, na Zona Norte de Curitiba, está uma construção diferente. A Casa Cubo, projeto dos arquitetos Gustavo Utrabo, Pedro Duschenes e Juliano Monteiro, causa impacto: as formas retas, cores vibrantes e janelas desalinhadas, em tamanhos e níveis diferentes das nove casas do conjunto é inspirado nos conceitos da arquitetura contemporânea. Esse estilo retoma uma linguagem arquitetônica mais racional, com tendência ao minimalismo. Linhas e ângulos retos, poucas curvas ou elementos decorativos, uso de cimento cru e cores fortes estão entre suas características. Além do desenho simples, uma preocupação dos arquitetos que optam por esse modelo é o foco na qualidade dos ambientes, especialmente no que diz respeito ao conforto térmico e acústico, itens que são sempre prioridade nesses projetos. O arquiteto curitibano Marcos Bertoldi afirma que a arquitetura contemporânea oferece recursos mais modernos. Ele não acredita no resgate de antigos estilos e rechaça o neoclássico. Para Bertoldi, a arquitetura só se realiza se for contemporânea. "Temos que acompanhar o que há de melhor, porque o objetivo do arquiteto é montar um espaço de qualidade, que possa ser desfrutado com conforto. Além disso, o desenho de um imóvel interfere na paisagem urbana. Traços originais são, inclusive, uma forma de respeitar o entorno", comenta. Orlando Ribeiro, presidente da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura no Paraná (Asbea-PR), observa que os imóveis de arquitetura contemporânea usam soluções construtivas relativamente simples, mas se diferenciam por conferir mais qualidade aos ambientes criados. "Uma abertura em posição inovadora ou o uso de grandes espaços livres proporcionam maior riqueza de detalhes e quebram o modelo tradicional. Nesse tipo de desenho, a preocupação é maior com a qualidade do espaço do que com o desenho do edifício", comenta Ribeiro. [...] BUBNIAK, T. Traços minimalistas surpreendem a cidade. Jornal Gazeta do Povo, 9 fev. 2014. Caderno Imóveis, p. 2-3. Disponível em: <http://www.gazetadopovo.com.br/imobiliario/conteudo.phtml?id=1445653>. Acesso em: 20/02/2014. A notícia é um gênero textual que tem a função de informar o leitor. Para que cumpra essa função, ela apresenta uma estrutura composicional própria e uma organização temática e estilística peculiar. A notícia precisa veicular informações fidedignas (confiáveis), apresentar um texto claro (que permita que o leitor entenda e se informe sobre o assunto tratado), privilegiar apenas um assunto (a escrita deve manter o foco e concentrar-se em apenas um assunto) e possuir um texto isento de opiniões (a notícia tem por função informar os leitores de um determinado fato, e não demonstrar a opinião de seus autores). Com base nessas informações, avalie as afirmações abaixo e marque V se elas forem verdadeiras ou F se forem falsas. ( ) O título e o subtítulo estão em desacordo, pois induzem o leitor a pensar que o texto tratará de temas diferentes. ( ) O texto, ao ouvir e apresentar as opiniões de dois arquitetos, demonstra respeito pelo leitor e traz informações mais precisas, tornando-se confiável. ( ) A organização do texto perde o foco ao falar de vários assuntos (localização do imóvel, nome de arquitetos, estilo do imóvel etc.). ( ) O assunto do texto é apresentado com isenção de opiniões, pois a jornalista procurou apresentar o assunto sem emitir juízo de valor. ( ) A organização do assunto permite que o leitor saiba: qual é o tema, onde está localizada e como é a casa, quem a projetou. A seguir, assinale a sequência correta. Opções de pergunta 10: a) F, V, F, F, F. b) F, V, V, F, F. c) F, V, F, F, V. d) F, V, F, V, V. e) V, V, V, F, V.
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