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1o bim - Apostila 1 - P Grupais e Dinâmica de Grupo

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21
Disciplina: Processos Grupais – APOSTILA 1º BIMESTRE – Prof.a: Clarissa Castilho 
PROCESSO GRUPAL E DINÂMICAS DE GRUPO
(texto adaptado)
1. OS ESTUDOS INICIAIS 
Passamos a maior parte das nossas vidas convivendo em grupos. Seja a nossa família, seja o grupo de amigos, seja a turma do trabalho, estamos sempre compartilhando nosso cotidiano com outras pessoas. Já em 1919, um estudioso chamado Trotter (1919-1953) definia o instinto gregário como um dos quatro instintos básicos do homem, sendo os outros: o instinto de autopreservação, o instinto de nutrição e o instinto sexual. O instinto gregário seria aquele que nos faria procurar sempre viver em grupos, como uma forma – conforme explicação darwiniana – de tornarmo-nos mais resistentes à seleção natural. 
Para a Psicologia, o estudo dos grupos é um dos seus temas fundamentais. A preocupação da Psicologia com o estudo dos grupos começa com os estudos da chamada Psicologia das Massas, que tentava compreender fenômenos coletivos. Na verdade, o início dessas preocupações ocorreu quando os psicólogos, ao se debruçarem sobre a Revolução Francesa, se perguntavam como era possível uma multidão de pessoas ser levada por um líder a comportamentos que muitas vezes colocavam em risco as suas próprias vidas. E assim buscavam saber que fenômeno era aquele capaz de possibilitar a um enorme grupo agir com tamanha coesão. 
A referência clássica para essa discussão é o francês Gustave Le Bon (1841-1931), que publicou em 1895 um livro chamado “Psicologia das Massas”, o qual é reeditado até os dias atuais. Para Le Bom, havia uma ruptura profunda entre o fenômeno individual e o fenômeno coletivo, ao ponto de se poder falar de uma “psicologia das multidões” e de uma psicologia do indivíduo. A multidão é apresentada como uma espécie de ser unitário provido de características psicológicas próprias, de modo que os indivíduos que a compõem perdem suas características pessoais, sua autonomia, e passam a agir como uma espécie de “psiquismo coletivo”, muitas vezes, com comportamentos que o sujeito, quando fora da multidão, jamais teria. Há, pois, a perda da individualidade e a formação de um novo todo, que não é a soma das partes. Para Le Bom, isso se daria por três fatores: o sentimento de poder, o contágio mental e a sugestibilidade.
Freud também se preocupou em estudar a questão dos grupos a partir das ideias de Le Bon. Em seu livro “A Psicologia das Massas e a análise do Eu” (1973), ele propõe que as massas também não podem ser pensadas como tendo uma forma única. Existiriam, então, as multidões efêmeras e as mais duradouras; as homogêneas, formadas por indivíduos semelhantes, e as não homogêneas; as primitivas e aquelas que possuem um alto grau de organização, que ele chama “massas artificiais”. Hoje, conhecemos esses grupamentos organizados e estruturados como “instituições”, como veremos a seguir.
Para Freud, não haveria uma mente grupal ou um “psiquismo coletivo”, como propunha Le Bon. Todos os comportamentos individuais dentro de uma multidão poderiam ser compreendidos a partir do psiquismo dos indivíduos, na medida em que os processos mentais se articulam desde cedo com a dimensão social da existência. 
Exemplos de atuações de massas podem ser observados historicamente, como o Nazi-fascismo; mas também na vida cotidiana, como as torcidas organizadas em estádios de futebol, ou nos protestos, como as manifestações populares de rua.
“A pesquisa e a teorização dos grupos à luz da Psicologia, por sua vez, são mais tardias e decorrem, principalmente, dos empenhos do Psicólogo Social alemão, Kurt Lewin” (Barreto, 2014, p.15).
Kurt Lewin realizou seus estudos iniciais na Alemanha nas décadas de 1910 e 1920, com influência da Psicologia da Gestalt. Depois foi para os EUA, na década de 1930, dedicando ao estudo dos grupos humanos com o enfoque da Psicologia Social e da Psicologia do Desenvolvimento Humano (principalmente sobre minorias). Realizou vários estudos em laboratório sobre grupos e liderança (enfocando os chamados “pequenos grupos” ou “microgrupos”, em contraposição aos grandes coletivos das “massas”). Desenvolveu a Teoria de Campo. Produziu pesquisas experimentais sobre autocracia e democracia. Em 1945 fundou o Centro de Pesquisa para a Dinâmica dos Grupos no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e em 1946, em New Britain (EUA), os primeiros centros de Aprendizagem em Dinâmica de Grupo. Em 1947 criou, em Bethel, o grupo de treinamento ou de formação nas técnicas de base. Faleceu em 1947, deixando em ampla atividade científica um centro de pesquisas nos EUA sobre os grupos humanos, e inúmeros seguidores em diversos países. 
Jacob Levy Moreno (1889 - 1974), contemporâneo de Kurt Lewin, foi outro importante pesquisador das dinâmicas de grupo, e um dos principais iniciadores do trabalho de grupo. Moreno foi um médico, psicólogo, filósofo, dramaturgo turco-judeu nascido na Romênia, crescido na Áustria (Viena) e naturalizado americano, que trouxe grandes contribuições para o estudo dos grupos, em Psicologia Social. Em 1921, criou o "teatro da espontaneidade". Trabalhando em hospitais e usando a técnica do teatro espontaneidade como terapêutica, criou o “teatro terapêutico”, que ficou conhecido como “psicodrama”. Foi o pioneiro no estudo das terapias em grupo e, sob influência também dos estudos de Kurt Lewin, que veio a tomar contato posteriormente, criou a sociometria (conjunto de métodos destinados a desvendar a estrutura socioafetiva dos grupos e a estudar a sua dinâmica).
Segundo Moreno, cada um pensa, sente e age em função de múltiplos papéis, no desempenho dos quais a pessoa sente-se congruente ou incongruente; e a organização das relações vividas é uma expressão de afetividade de suas formas e de colocação no grupo e das representações (percepção e conhecimento) que cada participante tem do grupo e dos outros. Aprender a assumir os papéis necessários, ser capaz de mudar de papel de acordo com a situação, é indício, segundo Moreno, de ajustamento da personalidade social e abertura e afirmação da própria personalidade (conjunto de papéis que podemos representar e atitude para assumir o papel adaptado à situação atual). Daí o valor terapêutico atribuído por Moreno ao psicodrama, por possibilitar o florescimento da espontaneidade e a eliminação dos “papéis crônicos” que fazem das pessoas “uns inadaptados” (conservas culturais).
Novas influências: Humanismo (Carl Rogers); Motivação (Abraham Maslow); Gestalt (Frederick Perls); Dialética (Georges Lapassade); Materialismo Histórico (Sílvia Lane).
Segundo Barreto (2014, p. 25), ao longo do desenvolvimento da prática, da teorização e do ensino da Dinâmica de Grupo, diferentes concepções surgiram, direcionando a atuação do profissional que trabalha neste campo, de acordo com a crença em cada uma dessas concepções. Para alguns, ela se refere “a um tipo de ideologia política, interessada nas formas de organização e direção dos grupos”; para outros, “refere-se a um conjunto de técnicas, tais como o desempenho de papéis, discussões, observação e feedback de processos coletivos”; ou ainda, para outros, “[...] refere-se a um campo de pesquisa dedicado a obter conhecimento a respeito da natureza dos grupos, das leis, de seu desenvolvimento e de suas inter-relações com os indivíduos, outros grupos e instituições mais amplas” (Cartwright; Zander, 1967, p.5).
2. GRUPOS
Existem duas direções em psicologia social. A primeira consiste em observar, identificar, definir e interpretar as condutas sociais ou comportamentos em grupo. A presença do grupo não é condição para que estes comportamentos apareçam, mas é por referência à sua participação em um grupo que eles são adotados ou não. A segunda posição preocupa-se com os comportamentos de grupo. Neste caso, para que haja comportamento de grupo é necessário que vários indivíduos experimentem as mesmas emoções de grupo e que estas sejam suficientemente intensas para integrá-los enquanto grupo e que, finalmente, o grau de coesão atingido por esses indivíduos sejatal que eles se tornem capazes de adotar o mesmo tipo de comportamento. Além disso, os comportamentos de grupo podem variar em duração e podem ser provocados por um agente exterior ou um líder.
Segundo Lewin, o ambiente social contribui para a formação e transformação das atitudes coletivas favorecendo, ou, ao contrário, inibindo as tendências sociais já adquiridas. A estrutura de meio tal qual é percebida por um indivíduo depende de seus desejos, necessidades, expectativas, aspirações, atitudes enquanto o conteúdo ideativo do ambiente coloca o indivíduo em um determinado “estado de espírito”. É a relação de reciprocidade entre as atitudes do indivíduo e o conteúdo do meio que cria a situação da qual o comportamento é a função.
Lewin opta por uma exploração sistemática e exclusiva dos microfenômenos de grupos. O estudo dos pequenos grupos constituía para ele uma opção estratégica que permitiria, eventualmente, em um futuro ainda imprevisível, esclarecer a psicologia dos macrofenômenos de grupo. 
Segundo sua visão: 
· nenhum comportamento de grupo ou humano poderia se explicar unicamente em termos de causalidade histórica;
· os comportamentos dos indivíduos enquanto seres sociais são em função de uma dinâmica independente das vontades individuais;
· os fenômenos de grupo são irredutíveis e não podem ser explicados à luz da psicologia individual (toda dinâmica de grupo é a resultante do conjunto das interações do interior de um espaço psicossocial e estas interações poderão ser tensões, conflitos, repulsas, atrações, trocas, comunicações, coerções).
A principal característica de um grupo para Kurt Lewin é a interdependência dos seus membros. A partir disso, ele afirma que 
· O grupo é um todo dinâmico, não é simplesmente a soma de indivíduos e comportamentos individuais (qualquer alteração individual afeta o coletivo); o grupo assume uma configuração própria que influi nos sentimentos e ações de cada um e desenvolve o seu próprio processo. O grupo não é, portanto, uma realidade estática – é um processo em desenvolvimento chamado “quase estacionário”.
· O grupo constitui um terreno sobre o qual o indivíduo se mantém (e este terreno pode ser firme, frágil, móvel, fluido ou elástico). Sempre que uma pessoa não consegue definir claramente sua participação social ou não está integrada em seu grupo, seu espaço vital ou sua liberdade de movimento no interior do grupo serão caracterizados pela instabilidade e pela ambiguidade.
· O grupo é, para o indivíduo, um instrumento, ou seja, o indivíduo mais ou menos conscientemente utiliza o grupo e as relações sociais que mantém em seu grupo como instrumentos para satisfazer suas necessidades psíquicas ou suas aspirações sociais.
· O grupo é uma realidade da qual o indivíduo faz parte, mesmo para aqueles que se sentem isolados, ignorados ou rejeitados (ou seja, a dinâmica do grupo tem sempre um impacto social sobre os indivíduos que o constituem).
· O grupo é, para o indivíduo, um dos elementos ou dos determinantes do seu espaço vital (onde se desenvolve a existência de um indivíduo). É no interior desta parte do universo social que lhe é livremente acessível, que se desenvolve ou evolui a existência de um indivíduo. E o grupo é um setor deste espaço.
A construção fundamental de Lewin, para compreendermos suas proposições sobre os processos grupais, é a chamada teoria de campo, que envolve os conceitos de campo psicológico e campo social.
O campo psicológico é o espaço de vida (espaço vital) de uma pessoa, sendo este constituído da pessoa e do meio psicológico, como ele existe para o indivíduo. O comportamento do indivíduo depende das mudanças que ocorrem em seu espaço vital em determinado momento. O espaço de vida de um grupo consiste em elementos de um grupo e em um meio tal como existe para o grupo naquele momento. Assim, as variações individuais do comportamento humano com relação à norma são condicionadas pela tensão entre as percepções que o indivíduo tem de si mesmo e pelo campo psicológico em que se insere.
O campo social é uma totalidade dinâmica constituída de entidades sociais coexistentes, não necessariamente integradas entre si. Podem coexistir no mesmo campo social grupos, subgrupos ou indivíduos separados por barreiras sociais ou ligados por redes de comunicações. O que caracteriza um campo social são as posições relativas que nele ocupam os diferentes elementos que o constituem, formando uma gestalt (um todo irredutível aos elementos que engloba). 
Assim como o indivíduo em seu ambiente formam o campo psicológico, o grupo e seu ambiente formam o campo social. O comportamento social resulta, portanto, da inter-relação de tais entidades, tais como grupos, subgrupos, membros, barreiras, canais de comunicação etc., ou seja, da distribuição de forças em todo o campo. 
A inserção do sujeito no grupo pode ser consciente (aderimos por uma opção pessoal); ou não consciente (a participação é feita de maneira rotineira e sem necessariamente nos darmos conta).
Cada grupo (unidade social) possui características próprias, que não são a soma das características de cada elemento do grupo, mas formam uma gestalt. A importância de cada grupo para o indivíduo (e sua influência sobre seu comportamento) depende da situação do momento, o que caracteriza a “atmosfera” do grupo.
Um grupo sobrevive quando tem três elementos fundamentais: existência, interdependência de seus membros e contemporaneidade (as propriedades do campo naquele momento são os determinantes do comportamento).
O grupo constrói um clima emocional próprio por meio das relações entre os seus membros. A dimensão em que o grupo opera compreende os movimentos do conjunto como um todo, em seus níveis de interação intrapessoal e interpessoal, de tarefa e sócio-emocional. E a conduta de um grupo será explicada em função das forças objetivas que decorrem da própria situação no momento. 
A pertença ao grupo possibilita: desenvolvimento psicológico e da personalidade; estruturações da identidade; desenvolvimento de capacidades; definição de papéis; estabelecimento da identidade social; produtividade, etc.
A identidade social é um processo social intrapsíquico, interindividual e intergrupal, que implica no “conhecimento do indivíduo de que ele pertence a determinados grupos sociais, juntamente com algum significado emocional e de valor para ele desta associação de grupo”, ou seja, é a consciência que o indivíduo possui de pertencer a um determinado grupo social, com a carga afetiva e emocional que esta pertença traz para o sujeito. 
3. TIPOS DE GRUPOS 
Grupos primários ou secundários
Os grupos primários são aqueles constituídos para a satisfação das necessidades básicas da pessoa e a formação de sua identidade. Caracterizam-se por fortes vínculos afetivos interpessoais e uma hierarquização de poder. Um exemplo pode ser o grupo familiar.
Os grupos secundários são aqueles constituídos para a satisfação das necessidades sistêmicas ou de interesses de grandes grupos e classes. Sua identidade é construída pelo papel social que o indivíduo desempenha e o poder está centrado na capacidade e na ocupação social dos seus membros. Um exemplo de grupo funcional pode ser o grêmio estudantil ou os conselhos de classe de uma escola, etc.
Quanto à formação...
Os grupos podem ser divididos em “Espontâneos" (“Naturais" – ex: família, grupo de amigos, etc.) ou “Estruturados” (com finalidades específicas, organizados e coordenados pelos próprios participantes, ou por profissionais das mais variadas formações).
Também podem ser concebidos, de acordo com Lewin, como:
· “sócio-grupo” - grupo de tarefa estruturado e orientado em função da execução ou do cumprimento dessa tarefa. 
· “psico-grupo” - grupo centrado sobre si mesmo, onde os afetos se desenvolvem; seria um grupo de formação, estruturado e orientado em função dos próprios membros que constituem o grupo.
Quanto à composição e relação de seus membros...
De acordo com Pichon–Rivière, podemos encontrar grupos homogêneos e grupos heterogêneos (Ex: homens e/ou mulheres; gruposmistos, grupos por profissões). E também grupos horizontais (todos os membros participam das decisões) e grupos verticais (uma ou mais pessoas tomam para si a decisão das tarefas do grupo).
4. DINÂMICA DE GRUPO 
 
A dinâmica de grupo como ciência empírica dos processos científicos depende de observação, quantificação, mensuração e experimentação. Não apenas os grupos constituem seu objeto de estudo, mas principalmente a dinâmica da vida coletiva, os fenômenos e os princípios que regem seu processo de desenvolvimento. As forças psicológicas e sociais que atuam no grupo se fazem sentir através de coesão, coerção, pressão social, atração, rejeição, resistência à mudança, interdependência, equilíbrio e quase-equilíbrio. 
Todo grupo tem uma história e, através dela, podemos verificar as mudanças. As normas podem alterar-se no sentido de criação de novas ou revisão das antigas. O sistema de punição aos infratores pode tornar-se mais ou menos rígido, dependendo do grau de controle que o grupo quer manter sobre o comportamento de seus membros. O sentimento de solidariedade pode estabelecer-se como um importante fator de manutenção do grupo, e podem surgir conflitos com relação a valores (cumprir ou não a tarefa), a normas (quem não cumpre uma tarefa deve ser punido) e a outros aspectos da vida grupal. Esses conflitos originam-se do confronto permanente entre a diversidade de ponto de vista presentes no grupo. “O conflito não leva, necessariamente, à dissolução do grupo e pode caracterizar-se como um estágio de seu crescimento”. O processo de desenvolvimento do grupo proporciona a seus integrantes condição de evolução e crescimento pessoal. Participar de um grupo significa partilhar representações, crenças, informações, pontos de vista, emoções, aprender a desempenhar papéis de filho, estudante, profissional...
Segundo seu pensamento, as pessoas, os objetos, as instituições, os grupos e os acontecimentos sociais são elementos das situações sociais. Estes elementos entretêm entre eles relações dinâmicas cujo conjunto determina a estrutura do campo social. As atitudes coletivas como, aliás, as atitudes pessoais não aparecem em Lewin nem como resultado de mecanismos exteriores às consciências, nem como atos subjetivos das consciências. Elas são segmentos de uma situação social na qual se fundem em uma mesma realidade dinâmica elementos objetivos e conscientes. 
Três conceitos básicos, tomados de empréstimo da psicologia topológica, permitem a Lewin extrapolar as implicações deste teorema sobre a gênese e a dinâmica dos grupos, sendo o mais importante o do campo social. 
1. totalidade dinâmica (Lewin foi o primeiro a utilizar este termo): todo conjunto de elementos interdependentes constitui uma totalidade dinâmica. Todos os grupos são totalidades dinâmicas, porém, nem todas as totalidades dinâmicas são grupos, como por exemplo, a personalidade. 
2. eu social: a personalidade é uma configuração de regiões, tendo uma estrutura “quase-estacionária”, ou seja, é um sistema que tende a reencontrar-se idêntico a si mesmo em todas as situações. O eu (self) revela-se em relação às realidades sociais como um sistema de círculos concêntricos. Ao centro, encontra-se um núcleo constituído “eu íntimo”; este núcleo é dinâmico e formado por valores para ele fundamentais, aqueles valores aos quais o indivíduo consagra a maior importância. Em torno deste núcleo central, localiza-se o “eu social”, que engloba os sistemas de valores que são partilhados com certos grupos, por exemplo, os valores de classe ou profissionais. Na periferia da personalidade encontra-se situado o “eu público”, que é um eu “aberto” (ao contrário do “eu íntimo” que é um eu “fechado”). O eu público é a região mais superficial de uma personalidade, aquela que está engajada nos contatos humanos ou nas tarefas em que apenas os automatismos são suficientes ou são exigidos (como, por exemplo, certas situações de trabalho em que somente a periferia de seu ser é engajada ou os fenômenos de massa). Segundo as situações sociais, os graus de distância social, nosso eu público ou nosso eu social reveste-se de dimensões diferentes. Nem um nem outro são estáticos. 
3. campo social: como já vimos, o campo social é uma totalidade dinâmica, constituída por entidades sociais coexistentes, não necessariamente integradas entre elas; um todo irredutível aos subgrupos que nele coexistem e aos indivíduos que ele engloba. 
A partir disto, Lewin explicita o conceito dinâmica como um conjunto de forças sociais, intelectuais e morais que produzem uma atividade e mudanças em esferas especificas. Segundo ele, a dinâmica de grupo é o estudo das forças que agem no seio dos grupos, suas origens, consequências e das condições modificadoras do comportamento do grupo.
Para o autor, conduta e a postura de todo indivíduo em grupo é determinada de uma parte pela dinâmica dos fatos e, de outra, pela dinâmica dos valores que percebe em cada situação. O campo de forças que surge da interação dos fatos e dos valores depende de três coisas: 
1 - tendências do eu concebidas como a maneira única pela qual cada indivíduo percebe cada instante presente em função de seu passado pessoal. Suas percepções neste plano são condicionadas por sua sensibilidade geral, as orientações fortuitas de seu ser são capacidades de atenção afetadas ou estimuladas por seus estados nervosos e suas preocupações materiais e morais.
2 - tendências do superego, que apresentam os imperativos da sociedade, tais quais foram interiorizados pelo indivíduo. 
3 - a própria situação social, concebida como o momento sócio-histórico vivido (tanto em seu aspecto objetivo quanto subjetivo); ou também como um conjunto dos fragmentos do universo social com os quais o sujeito está em estado de interdependência. 
A dinâmica dos valores é constituída pelas tendências do eu e do superego; a dinâmica dos fatos nos é dada pela situação social.
5. ALGUNS PROCESSOS GRUPAIS
Quando um grupo se estabelece, uma série de fenômenos passa a atuar sobre as pessoas individualmente e, consequentemente, sobre o grupo. Esses fenômenos são denominados “dinâmicas de grupo” ou “processos grupais” e são experiências fundamentais para as nossas formações, estruturações de convicções e para o desenvolvimento de nossas capacidades e personalidade.
1) Coesão
 “É a resultante das forças que agem sobre um membro para que ele permaneça no grupo...”. Significa o resultado da aderência do indivíduo ao grupo, a fidelidade aos seus objetivos e a unidade nas suas ações. Todo grupo só consegue sobreviver se mantiver uma atração entre seus membros, assim, faz-se necessário uma certa pressão entre os membros para que nele permaneçam. Um grupo, de acordo com suas características, pode apresentar uma maior ou menor coesão. Uma maior coesão geralmente é obtida quando o grupo observa que as finalidades estão sendo cumpridas e os resultados estão sendo obtidos. Quando maior a coesão do grupo: a) maior a satisfação experimentada por seus membros; b) maior a quantidade de influência exercida pelo grupo em seus membros; c) maior a quantidade de comunicação entre os membros; d) maior a produtividade do grupo. Isso pode ser claramente observado, por exemplo, em um time de qualquer esporte. Quanto mais ele se reveste do sentimento de equipe, melhores são os resultados obtidos. E vice-versa: quanto melhores os resultados, mas aumenta a coesão do time. A coesão grupal não gera apenas vantagens, pois os grupos altamente coesos estão sujeitos ao “pensamento grupal”, o que pode fazer com que o grupo tome decisões desastradas: a união entre os participantes é tamanha que eles se tornam pouco críticos, podendo apresentar distorções da realidade social. 
2) Padrões grupais (ou formação de normas)
São as expectativas de comportamentos partilhados por parte dos membros do grupo. Esses padrões ou normas de comportamento são estabelecidos com a especificação de atitudes ou comportamentos desejáveis por parte dos membros. De um modo geral podemos conceituar normas sociais como sendopadrões ou expectativas de comportamento partilhados pelos integrantes de um grupo, que utilizam estes padrões para julgar a propriedade ou adequação de suas análises, sentimentos e comportamentos. Todo grupo, não importa o tamanho, necessita estabelecer normas para poder funcionar adequadamente. Por exemplo, “um casal estabelece normas a serem cumpridas por ambos, no propósito de evitar atritos e gerar uma convivência mais harmoniosa”. Em grupos de pouca coesão pode haver dificuldade no estabelecimento de normas, devido à multiplicidade de interesses. As normas grupais são um excelente substituto para o uso do poder que, quase sempre, provoca tensão nos integrantes do grupo. “Em vez de o líder estar constantemente utilizando sua capacidade de influenciar seus liderados, a existência de normas facilita seu trabalho e dispensa o constante exercício e demonstração de poder.” As normas sociais (ou os padrões grupais) facilitam a vida dos membros de um grupo. Elas não são necessariamente explícitas, mas partilhadas, conhecidas e seguidas pelos integrantes do grupo – e espera-se que o indivíduo ao ingressar no grupo as perceba.. Geralmente, quem não aceita as normas é isolado pelos demais participantes do grupo. O convívio em sociedade necessita da existência de normas sociais. 
3) Motivações individuais e objetivos do grupo
 São os elementos que estão relacionados com a escolha que cada indivíduo faz quando decide participar de um grupo e são importantes para garantir a adesão. Uma pessoa geralmente escolhe participar de um grupo a partir de suas motivações pessoais, sejam motivações referentes aos objetivos do grupo, sejam atrações exercidas por membros daquele grupo. É importante observar as respostas que o grupo dá a essas manifestações individuais, as quais até podem ser admitidas, desde que não interfiram nos objetivos centrais do grupo, que sempre prevalecerão. Quanto mais o grupo zela pela sua coesão, menos manifestações individuais serão toleradas. Uma manifestação individual que atente contra os objetivos do grupo será punida com a exclusão daquele membro. 
Quanto aos objetivos do grupo é preciso salientar que não precisam necessariamente ser idênticos aos objetivos do indivíduo, mas as divergências entre o indivíduo e o grupo não podem ultrapassar determinados limites, além dos quais um rompimento é inevitável. Assim, o grau de concordância do indivíduo com os objetivos do grupo pode variar. Quanto mais o indivíduo concorda com os objetivos e valores do grupo, mais ele adquire valência positiva em relação a esse grupo; quanto menos concordar, mais adquire valência negativa – e se esta for muito forte, o indivíduo precisa locomover-se para outro grupo; essa locomoção é sempre geradora de conflitos. 
4) Cooperação 
“Associação de pessoas trabalhando juntas em prol de um ou mais objetivos”. É a ação conjunta de dois ou mais indivíduos a fim de influir nos resultados de uma ou mais pessoas. Membros de um grupo formam coalizões quando isto lhes parece oportuno, quando os resultados podem ser mais compensadores. Esta estratégia permite que diferenças iniciais de poder entre os membros de um grupo venham a ser anuladas. 
 
5) Liderança 
A habilidade do líder para motivar e influenciar o grupo produz efeitos na atmosfera deste. O grupo pode desenvolver-se em um clima democrático, autoritário ou permissivo (“relaxado” ou “laissez-faire”), dependendo da vocação do grupo e de lideranças que viabilizem essa vocação. Assim, por exemplo, um grupo cujos membros acreditam que a melhor forma de organizar as relações é a autoritária, vai necessitar de um líder autoritário, que, por sua vez, reforçará a atmosfera autoritária dentro do grupo. Kurt Lewin foi um dos grandes estudiosos da questão da liderança. Para ele, os grupos democráticos tinham mais eficiência a longo prazo, enquanto os autoritários tinham uma eficiência imediata. Como as decisões são centralizadas na figura do líder, os membros somente funcionam a partir de sua demanda e são, geralmente, cumpridores de tarefas. Já os grupos democráticos exigem maior participação de seus membros, que dividem as responsabilidades com a liderança. Isso torna a realização dos objetivos mais demorada, entretanto, mais duradoura. Nesse mesmo sentido, Lewin descobriu também que a produtividade de um grupo e sua eficiência estão estreitamente relacionadas não somente com a competência de seus membros, mas com a solidariedade de suas relações interpessoais. 
Temos, portanto, três tipos de liderança:
a) autocrática - onde ocorre a total centralização do poder, exercido através da coerção; 
b) democrática - as decisões são tomadas por maioria, o líder é apenas um representante da vontade de seus liderados; 
c) permissiva - onde é permitido a cada integrante do grupo agir como deseja, não há efetivamente uma ação de liderança. 
Estudos realizados por diversos psicólogos, levando em conta estes três tipos de classificação, demonstraram que a liderança democrática torna os integrantes do grupo menos dependentes do líder. Já a classificação autocrática gera maior produtividade, elevando o grau de dependência dos integrantes do grupo em relação ao líder, chegando ao ponto de não saberem produzir sem a sua presença. A liderança permissiva (“laissez-faire” = “deixar fazer”) gerou os piores resultados.
Outra questão importante sobre liderança é que durante décadas acreditou-se na figura do líder nato, que apresentava as seguintes características: inteligência, criatividade, persistência, autoconfiança e sociabilidade. É certo que muitas destas características ajudam o indivíduo a desenvolver o potencial de liderança, mas não se pode afirmar que um indivíduo será líder por apresentar estas credenciais. É fundamental que estes e outros aspectos sejam harmonizados com os objetivos perseguidos pelo grupo. Os ídolos de ontem não despertam mais o mesmo interesse nas novas gerações, como faziam com o público nas décadas passadas, pois os padrões de beleza e comportamento já não são os mesmos. Atualmente verificamos uma forte inclinação em não aceitar as teorias baseadas nas características de liderança enumeradas acima. Hoje em dia é mais aceita a posição da liderança como fenômeno decorrente da interação entre os participantes, com acentuada dependência dos objetivos e clima do grupo. Ou seja, a liderança é um processo interacional, com características próprias, sendo impossível estabelecer, a princípio, com certeza absoluta, qual a pessoa mais preparada para comandar determinado grupo. O líder deverá surgir durante o processo de interação dos participantes. 
6) Status 
“É o prestígio desfrutado por um membro do grupo”. Pode ser como o indivíduo o percebe, status subjetivo; ou pode ser o resultado do consenso do grupo sobre este indivíduo, o chamado status social. O primeiro pode ou não corresponder ao segundo. Caso, em comparação aos resultados obtidos pelos demais participantes do grupo, “um dos membros se considera recebedor de resultados mais gratificantes, isto produzirá nele a sensação de status subjetivo elevado”, pois se destaca dos demais no que diz respeito às gratificações recebidas em seu grupo. Se os demais participantes consideram essa pessoa como necessária ao grupo, capaz de gerar benefícios que agradem a maioria, ela terá status social elevado neste grupo.
Determinados atributos pessoais, dependendo da natureza do grupo, poderão ser ou não significativos para o bom desempenho do status social. Vejamos: se num grupo de jornalistas econômicos um deles joga basquete muito bem, tal qualidade terá pouca importância para a sua performance de status social no grupo. Mas, se ele possui uma coluna em um jornal diário de grande circulação, diversas obras sobre economia publicadas, títulos acadêmicos, isto certamente irá conferir um alto grau de status subjetivo e social junto aos leitores do veículo e do público em geral. 
A falta de equilíbrio entre os status pode causar problemas de adaptação do indivíduo no grupo. Se ele possui status subjetivo elevado e baixo statussocial, deverá sentir-se desconfortável no grupo, sendo provável ocorrer um desligamento. Se o caso for ao contrário, status subjetivo baixo e alto status social, ele poderá permanecer no grupo, devido ao tratamento amistoso por parte dos integrantes, mas isto poderá causar dificuldades de funcionamento no grupo. “O status subjetivo faz com que a pessoa espere receber do grupo determinadas recompensas”. Quando não há harmonia entre as expectativas e a realidade, surgem os problemas de adaptação do indivíduo ao grupo. É o caso das mulheres executivas que ganham mais do que seus maridos. Elas passaram a esperar, devido ao aumento do status subjetivo, outras recompensas do grupo familiar. “Sendo uma situação nova, esta incongruência entre status subjetivo e status social da mulher no grupo familiar tem suscitado conflitos e problemas que, não raro, terminam com a dissolução do vínculo matrimonial”. 
7) Papel social 
Em quase todos os grupos sociais é possível se estabelecer o status de cada integrante bem como o papel que lhe cabe desempenhar. Papel seria a totalidade de modos de conduta que um indivíduo guarda numa determinada posição no interior de um grupo. O papel social é um modelo de comportamento definido pelo grupo. Nenhum grupo social pode ter bom funcionamento sem estabelecer papéis para seus integrantes. É certo que a diversidade de papéis a serem desempenhados pelos participantes de um grupo frequentemente causam tensão e conflitos entre seus membros. Tal situação pode ocasionar o abandono ou a expulsão do integrante do grupo. As normas sociais ou os padrões grupais, assim como o status subjetivo e social, influenciam no papel a ser desempenhado pelos integrantes de um grupo. Os indivíduos desempenham o mesmo papel quando um mesmo conjunto de normas dirigem o seu comportamento. Para o funcionamento harmonioso do grupo é necessário que o papel subjetivo do indivíduo (atribuído pelo próprio) seja coerente com o que dele esperam os demais participantes. Vários são os aspectos que influenciam no estabelecimento de papéis: normas culturais, idade, sexo, status, nível educacional, etc. As expectativas dos papéis a serem desenvolvidos pelos membros de um grupo variam à medida que o grupo se desenvolve. Os papéis são desempenhados pelos integrantes de acordo com as peculiaridades do grupo a que pertencem.
8) Mudança social e controle social 
Para Lewin esses conceitos são indissociáveis. 
Há grupos que não sentem nem experimentam nenhum desejo, nenhuma aspiração a evoluir, a mudar. É o caso de todos os grupos conformistas que se comprazem nas percepções estereotipadas da situação social e cujas atitudes coletivas e comportamentos de grupo são determinados e condicionados por preconceitos. Para diagnosticar estes casos, Lewin recorre ao termo “constância social”. Não constitui mais uma dinâmica de grupo, mas uma estática de grupo, de tal modo as estruturas formais absorveram ou anularam em uma estratificação cristalizada as dimensões funcionais destes grupos.
A mudança social tem pouca ou nenhuma possibilidade de se operar num grupo assim, no qual o status quo é valorizado. Nesses casos, a possibilidade de mudança social se coloca quando iniciada e deseja pelos elementos não conformistas do grupo. Mas estes últimos encontram resistências da parte dos membros do grupo que têm interesses investidos no status quo. Os elementos conformistas freiam ou tentam contrariar as tentativas de mudança. Suas manobras são geralmente clandestinas e tendem a criar climas de grupo que tornam as transformações sociais provisoriamente impossíveis, de modo a não comprometer seus privilégios adquiridos. Quando os elementos conformistas estão em maioria, as mudanças sociais não se operam senão lentamente e na superfície, por conta de suas resistências à mudança.
Porém, há também os grupos não conformistas, no interior dos quais a totalidade ou a maioria dos membros experimenta e sente uma inclinação para a mudança. Nesses grupos, as percepções de grupo, as atitudes coletivas, os comportamentos de grupo são polarizados por uma aspiração dos membros em crescer e em superar a si mesmos como grupo. Nesses grupos as estruturas formais são flexíveis e funcionais. Elas favorecem as relações interpessoais, laços de interdependência e interações cada vez mais dinâmicos.
Dito de outra forma, é só conseguindo derrubar a resistência à mudança social que se pode melhor chegar à compreensão de seus mecanismos e processos. A única maneira de experimentar a mudança social é de dentro, planificando-a e controlando-a. Como vimos, duas atitudes típicas podem ser observadas em relação à mudança social: a) a atitude conformista – a “esclerose social” ou constância social, manifestada como nenhum desejo de mudar o status quo; e 
 b) a atitude não-conformista: nesta, a mudança social é desejada.
Mas, os não conformistas só se transformam em agentes transformadores da sociedade, se se tornarem “grupos-testemunhos”, especialistas em técnicas de comunicação, que lhes permitirão operar as mudanças de clima e de atitudes, rompendo a resistência dos conformistas. Os grupos não-conformistas que desejam a mudança social, segundo Lewin, devem superar a si mesmo como grupo; nestes, a estrutura formal deve ser flexível e funcional, primar por boas relações interpessoais, relações de independência e interações dinâmicas, relações dialéticas e clima de grupo democrático.
O fator determinante que tornará possível a mudança social, será sempre o clima de grupo dominante. Ora, o clima de um grupo, segundo Lewin, é sempre determinado pelo tipo de autoridade que nele se exerce. Daí porque enuncia Lewin, modificar as atitudes coletivas ou produzir uma mudança social consiste, na quase totalidade dos casos, em introduzir um novo estilo de autoridade ou uma nova concepção do poder no interior da situação social que se quer fazer evoluir. 
Portanto, pode-se estudar um grupo e suas dinâmicas a partir de diversos aspectos:
Para Lewin, a pesquisa em psicologia social deve ser uma ação social, a experimentação deve engajar-se em problemas sociais reais, realizada por pessoas engajadas e motivadas em relação às mudanças sociais que querem introduzir (os grupos-testemunhos), com autenticidade em suas propostas. 
Uma pesquisa social deve atender às seguintes etapas: a) diagnóstico (levantamento ou análise das percepções de grupo); b) conjecturas sobre a possível evolução destas percepções; c) descobrir novos modos de comportamento de grupo, que estarão em harmonia (a reestruturação das percepções de grupo). 
O objetivo estratégico deve ser tornar os grupos conscientes e lúcidos da dinâmica inerente à situação social em evolução. Após isto, o grupo poderá organizar e estruturar complementos e corretivos às suas percepções. Passam suas atitudes e comportamentos do nível subjetivo ao nível mais objetivo, do pessoal ao situacional, sem ruptura, sem negação, mas por sintonização e por sincronização. Segundo Mailhiot (1991) podemos firmar que, através da pesquisa-ação se tem acesso às constantes e variáveis em jogo nas transformações sociais, aos processos, aos determinantes na gênese dos grupos e às leis essenciais da dinâmica dos grupos. 
Lewin dava grande importância a existência da autenticidade na comunicação –descobriu, com o próprio de trabalho de sua equipe de colaboradores, que os bloqueios na comunicação prejudicam a integração e a criatividade, sendo necessário um aprendizado da autenticidade, para se obter coesão e solidariedade (para ele, a autenticidade não é um dom inato). A existência de , segundo Lewin, cria “zonas de silêncio” que comprometem a comunicação e, consequentemente, a realização da tarefa ou dos objetivos do grupo. 
Segundo Amado e Guittet (1989), os teóricos da teoria de campo de Lewin afirmam que existem etapas essenciais na aprendizagem da autenticidade: 
a) a objetivação de si (objetivação da imagem de si) – ou seja, distinguir o seu Eu atual, do seu Eu ideal e do seu Eu autêntico (“Que sou para mim mesmo?”). A lucidez de si, aliada àaceitação de si, gera a autenticidade interpessoal; 
b) a objetivação do outro, ou seja, reconhecer o ponto em que suas percepções do outro são subjetivas e seletivas (mitos, preconceitos, projeções, transferências, etc.). 
 
Portanto, o objetivo do estudo das dinâmicas de grupo, que é um ramo da psicologia social, consiste em estudar a natureza (ou estrutura) dos pequenos grupos; a dinâmica da vida grupal e o seu funcionamento, assim como o seu processo de desenvolvimento, fenômenos e princípios que o regem, as forças psicológicas e sociais que o influenciam (como por exemplo, forças de atração, rejeição, coesão, a liderança, a resistência à mudança, a interdependência, etc.).
A preocupação central com o estudo dos pequenos grupos em suas dimensões mais concretas e existenciais é atingir a autenticidade nas suas relações, a criatividade e a funcionalidade nos seus objetivos; para isto, é importante descobrir que estruturas são mais favoráveis, que clima de grupo permite isto, que tipo de liderança é mais eficaz, que técnicas são mais funcionais e facilitadoras, como se dão os mecanismos de atração e rejeição interpessoais, etc. 
Concluindo...
Lewin deu ênfase a conceitos que estão presentes nos grupos, como a coesão do grupo, as regras para sua manutenção, as pressões e padrão do grupo (que são os argumentos que seus membros utilizam para garantir a fidelidade aos objetivos do grupo), a liderança (que é a força de convencimento, o carisma, exercido por um ou mais indivíduos sobre os outros), as propriedades estruturais do grupos (que são os padrões de comunicação, desempenho de papeis e as relações de poder), dentre outros. Para ele, a função do grupo é definir papéis e a história considerada é a da aprendizagem.
6. DISCUSSÕES e DESCOBRAMENTOS
Críticas:
· Na tradição lewiniana temos um ideal de grupo coeso, estruturado, acabado; 
· Passa a ideia de um processo linear; 
· Neste modelo não há lugar para o conflito;
· Os conflitos são vistos como algo ameaçador ao grupo; 
· O grupo é como um modelo de relações horizontais, equilibradas, eqüitativas, onde as pessoas se amem e se respeitem; 
· Um modelo ideal de funcionamento social.
Segundo Lane (2001), os estudos sobre pequenos grupos nesta abordagem têm implícitos valores que visam reproduzir os de individualismo, de harmonia e de manutenção. Esse individualismo nega o próprio processo histórico de cada grupo e de uma sociedade, se referindo apenas à história da aprendizagem de cada indivíduo com os outros que constituem o grupo.
O grupo precisa ser visto também, segundo a autora, como um campo onde os trabalhadores sociais que se aventuram devem ter claro que o homem sempre é um homem alienado e o grupo é uma possibilidade de libertação (Lane, 1986), possibilidade de ser sujeito. Mas o grupo pode, por outro lado, funcionar como uma maneira de fixá-lo na sua posição de alienado. As relações que se estabelecem podem ser meramente de reprodução das relações de dominação e de alienação.
Outros autores concebem o grupo como um lugar:
· onde as pessoas mostram suas diferenças;
· onde as relações de poder estão presentes e perpassam as decisões cotidianas, 
· onde o conflito é inerente ao processo de relações que se estabelece;
· onde há uma convivência do “plural”; num confronto de ideias, buscando conciliar apenas o conciliável, deixando claro as individualidades e a importância de reconhecer que as pessoas são diferentes, possuem e pensam valores diferentes.
Principais teorias que desenvolveram o estudo da dinâmica de grupo:
1. Teoria de Campo – criada por Kurt Lewin, propõe que o comportamento é produto de um campo de determinantes independentes, conhecido como espaço de vida. 
2. Teoria de Interação – desenvolvida por Bales, Homans e Whyte, concebe o grupo como um sistema se indivíduos que interagem entre si. 
3. Teoria de Sistema – apresentada por Newcomb, Miller, Stogdill, concebe o grupo como um sistema de interação, de comunicação, de encadeamento de posições e de papéis e, principalmente, de vários tipos de entrada (input) e saída (output) do sistema. 
4. Teoria Sociométrica – criada por Moreno, estuda essencialmente as escolhas interpessoais que ligam o grupo às pessoas. 
5. Teoria Psicanalítica – idealizada por Freud, estuda os processos motivadores e defensores do indivíduo na vida grupal. Tem sido trabalhada por Bion, Thelen, Stock, Berne e outros pesquisadores. 
6. Teoria Cognitiva – preocupa-se em verificar como o indivíduo recebe e interioriza as informações sobre o mundo social e como essa cognição passa a influir no desempenho de seu comportamento. Dedicaram-se a esse estudo Piaget, Festinger, Heidar, Krech e Crutchfield. 
7. Orientação empírica e estatística – seguidores dessa linha (Cattell, Meyer, Hemphill, entre outros) acreditam que os conceitos de dinâmica de grupo devem ser descobertos por processos estatísticos e não constituídos de antemão por um teórico. 
8. Modelos formais – de orientação acentuadamente matemática, seus pesquisadores lidam com rigor formal em apenas alguns aspectos do processo de um grupo.
 
Referências Bibliográficas
AMARAL, Vera Lúcia do. A dinâmica dos grupos e o processo grupal. (UFRGN)
Alexandre, Marcos. BREVE DESCRIÇÃO SOBRE PROCESSOS GRUPAIS. Comum, Rio de Janeiro, v.7, nº 19, p. 209 – 219, ago./dez. 2002
BARRETO, M.F.M. Dinâmica de grupo: história, práticas e vivências. Campinas: Alínea, 2006. 
BOCK, A. M. B. Psicologias: uma introdução ao estudo de Psicologia. São Paulo: Saraiva, 1999.
FREUD, S. Psicologia de lãs masas y analisis del “yo”. Madrid: Editorial Biblioteca Nueva, 1973. Tomo III. (Obras completas).
LANE, S. T. O processo grupal. In: LANE, S. T.; CODO, W. (Orgs.). Psicologia social: o homem em movimento. São Paulo: Brasiliense, 1984. p. 18-98. 
LEWIN, K. Problemas de dinâmica de grupo. São Paulo: Cultrix, 1978.
MARTINS, Sueli Terezinha Ferreira. Processo grupal e a questão do poder em Martín-Baró. Psicol. Soc., Porto Alegre, v.15, n.1, jan./jun. 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0102-71822003000100011&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt>
MAILHIOT, G. B. Dinâmica e Gênese dos Grupos. São Paulo: Duas Cidades, 1991.
MELO, A. S. E.; MAIA FILHO, O. N.; CHAVES, H. V. Conceitos Básicos em Intervenção Grupal. Encontro: Rev. de Psicologia, v. 17, n. 26, 2014. Disponível em: http://psibr.com.br/leituras/psicologia-clinica/conceitos-basicos-em-intervencao-grupal

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