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FACULDADE DE EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE HANNA KALYNE RAMOS FERNANDES GOMES TAMIRES DE ASSIS LEAL FORMAS DE ESTADO FEDERAÇÃO ARIQUEMES-RO 2020 HANNA KALYNE RAMOS FERNANDES GOMES TAMIRES DE ASSIS LEAL FORMAS DE ESTADO FEDERALISMO Trabalho apresentado no curso de graduação em Direito da Faculdade de Educação e Meio Ambiente - FAEMA. Docente: Hudson Carlos Avancini Persech ARIQUEMES-RO 2020 Conceito: A palavra federalismo, provém de foedo que em suma significa união, aliança, ou seja, remete a ideia de que um Estado federado é aquele em que todos os seus membros estão unidos para formar um conjunto. Sendo que essa aliança entre eles é regida por regras, dentre elas, a autonomia política, administrativa, fiscal, organizacional. Sendo assim, um estado federado é aquele em que há uma descentralização política, ou seja, cada ente federativo possui sua autonomia e juntos integram a totalidade estatal. A integração entre os entes federados ocorre por meio do pacto federativo, que em sua essência significa que os Estados membros irão se organizar administrativamente, politicamente através de suas constituições, mas jamais poderão se tornar independente da unidade soberana estando, portanto, sempre sujeito a uma intervenção do Estado soberano. A espécie de união federativa (Bundesstaat), de que ora nos ocupamos, sendo ao mesmo tempo, uma Federação (Bund) e um Estado (Staat), deve conter, por isto mesmo, qualidades essenciais, que só se encontrem na sua personalidade. É uma comunidade (Gemeinwesen) de indivíduos, dotada em princípio de competência universal para todos os fins da vida humana, como qualquer Estado simples ou ordinário, - e bem assim, uma reunião de coletividades públicas, não-soberanas, mas de gênero diferente daquelas de que se constitui o Estado unitário; resultando deste duplo caráter duas ordens de relações, nas quais se manifestam, desde logo, o próprio conjunto da própria organização, e a sua condição jurídica. De um lado, ela possui, como verdadeiro Estado que é, a qualidade essencial da soberania; de outro, como Federação, reconhece a subsistência de seus membros-componentes – os Estados-particulares – e, em conseqüência, a coparticipação deste em escala maior ou menor, ao exercício de atribuições soberanas, o que, sem dúvida alguma, lhe dá um caráter diferente do verdadeiro Estado Unitário. (CAVALCANTI 1983, p. 69) Essa forma de Estado originou-se através do movimento constitucionalista norte-americano, sendo o grande marco do movimento a Constituição estadunidense de 1787. As 13 colônias acabaram unindo-se em um Estado preservando suas autonomias governamentais, administrativas e organizativas, características essas, que correspondem a tríade representativa da autonomia estatal. Um ponto a ser acrescentado é que antes das 13 colônias serem uma federação, havia-se uma confederação, na qual era caracterizada pela junção dos estados soberanos que em sua essência abriam brechas para um desmembramento, uma vez que cada ente confederativo pode romper com a união e fazer jus ao seu direito de secessão. Nos estados unidos a passagem de confederação para federação, veio através da guerra de secessão, somente a partir dos terríveis baixas humanas é que os entes confederados entram em acordo abdicando de sua soberania e de seu direito de secessão. Nesse ínterim é de suma importância que se frise que a união entre os componentes do estado deu-se de maneira “espontânea”, ou seja, já existiam divisões autônomas e soberanas, que apenas firmaram um pacto a fim de solucionar seus conflitos. Esse pacto de união indissolúvel, foi expresso na Constituição, que mais à frente na história irá inspirar os demais países a adotarem. No Brasil o federalismo ocorreu sob uma fortíssima influência das ideias de Ruy Barbosa e foi implantado a partir do momento em que a república fora proclamada, sendo dessa forma, o completo oposto da sua inspiração norte americana, uma vez que as províncias que existiam anteriormente da noite para o dia, tornaram-se entes federados. Tal fato demonstra a principal dificuldade encontrada ao longo dos anos para verdadeira implementação do Estado federado, que é a constante oscilação entre descentralização e centralização. Na qual em sua essência proporciona uma dependência dos entes, provocando uma concentração dos poderes federativos nas mãos de um único, que no caso e a União. Segundo Miranda: A Federação também não surgiu voluntária de entes independentes, mas nasceu de cima, a partir de uma unidade nacional já existente no momento da proclamação da nossa República. Dessa maneira, o poder da União – por meio de investimentos públicos das suas estatais, verbas orçamentárias, grandes projetos nacionais que propiciavam algumas satisfações de interesses localizados - tornou-se o principal elemento da construção e consolidação federativa do País. Essa participação preponderante de um dos entes federativos na consolidação da Federação provocou distorções históricas e pode ser uma das causas de nossas enormes desigualdades regionais. Diante da correlação desigual entre a União e os Estados, a Federação não pôde se impor como um instrumento da equidade na repartição de recursos. (MIRANDA. 2003, P.213) Características: O Estado Federativo possui determinadas características que o definem por excelência, que independentemente do modo como fora estabelecido em cada país, seguirá duas principais leis, sendo elas a da autonomia e da participação. A primeira estabelece que cada ente pode desenvolver sua própria Constituição, políticas econômicas independentes, desenvolver seus projetos sociais de acordo com as necessidades populacionais, bem como organizar-se da melhor maneira que promova sua harmonia, no entanto todas as suas ações devem estar de acordo com a Carta maior. A segunda lei, a da participação, diz que cada ente federativo deve participar ativamente do processo de elaboração das ações voltadas para o todo federal, ou seja, cada parte do Estado deve contribuir para a formação de todos os aparelhos institucionais, na qual irá estabelecer o modo como os mesmos terão que se submeter a ele. Para Bonavides, essas leis contribuem diretamente para o processo de emolduração federal, na qual sujeita a todos a um ordenamento superior, que no caso e a constituição federal. Diante disso, pode-se utilizar a visão do referido autor na classificação de um Estado federado: No Estado federal deparam-se vários Estados que se associam com vistas a uma integração harmônica de seus destinos. Não possuem esses Estados soberania externa e do ponto de vista da soberania interna se acham em parte sujeitos a um poder único, que é o poder federal, e em parte conservam sua independência, movendo-se livremente na esfera da competência constitucional que lhes for atribuída para efeito de auto-organização. (BONAVIDES,p.231) Além das duas principais leis o sistema estatal federado possui, outras características como por exemplo repartições de competências que visam justamente priorizar um melhor desenvolvimento social, político e econômico. Já que cada ente conhece as necessidades populacionais mais do que qualquer outro membro do Estado. Independente da autonomia existe sim, uma intervenção federal, que objetifica o estabelecimento de um equilíbrio federativo. Cada ente é responsável por estabelecer suas próprias normas, estando essas por sua vez, sujeitas a Constituição federal, que limita os poderes com a finalidade de garantir todos os direitos fundamentais assegurados por ela. Nesse ínterim pode-se dizer que as principais características de um Estado federativo são estado federal soberano, auto-organização, representatividade, repartição de competências bem como de receitas, uma constituição rígida que visa guardar todos os seus princípios, e como característica, essencial para definição do estado federado e a inexistência de direito de secessão. Um ponto a ser abordado é que a descentralização presente no estado federativo representa a concentração de todas as características que o definem, bem como a sua pluralidade jurídica, assim como Reis a define: O que marca o conceito de descentralização é a ideia de uma estrutura jurídica única, mas pluralista, uma vez que a manifestação política no Estado dá-se, por excelência, pela capacidade para criar o direito e para organizar as instituições políticas segundo o sistema único positivado. Assim, a descentralização política define uma pluralidade de ordens jurídicas, ordenando-se e coordenando-se numa estrutura total, conformada por ordens jurídicas acopladas harmoniosa e complementarmente. (REIS 2000, p.22) Pontos Positivos e Negativos: Mesmo o federalismo oferecendo uma lista de características positivas, sendo elas a difusão de poder, a formação de uma responsabilidade pessoal e coletiva, assim como a possibilidade de desenvolvimento de leis que se derem certo poderão ser implementadas do âmbito federativo, bem como também favorece intimamente o sistema democrático, tal sistema em inúmeros momentos promove a desigualdade. Uma vez que os entes federados estão submissos em alguns aspectos a vontade e decisões da União. Diante disso, tem-se uma pouca liberdade econômica, pois há uma demasiada dependência dos recursos financeiros provindos da União, para suprir as necessidades econômicas, sociais dos demais entes federados. Sendo assim, faz-se visível uma concentração nas mãos do ente que está no topo da hierarquia federativa, desmoralizando o ideário de que não deveria existir superioridade entre os membros, mas sendo pessoas jurídicas dotadas de capacidade administrativa, econômica e política. Nesse ínterim, um dos principais defeitos do federalismo é a concentração de poderes nas mãos da união, fazendo com que a mesma seja fortalecida, em detrimento das demais. O traço principal que marca profundamente a nossa já capenga estrutura federativa é o fortalecimento da União relativamente às demais pessoas integrantes do sistema. É lamentável que os constituintes não tenham aproveitado a oportunidade para atender ao que era o grande clamor nacional no sentido de uma revitalização do nosso princípio federativo. O estado brasileiro na nova Constituição ganha níveis de centralização superior à maioria dos Estados que se consideram unitários e que, pela via de uma descentralização por regiões ou por províncias, consegue um nível de transferências das competências tanto legislativas quanto de execução muito superior àquele alcançado pelo Estado brasileiro. Continuamos, pois, sob uma constituição eminentemente centralizadora, e se alguma diferença existe relativamente à anterior é no sentido de que esse mal (para aqueles que entendem ser um mal) se agravou sensivelmente. (BASTOS 1996, p.263) Mesmo com defeitos dentre eles destacando-se a dificuldade de ações igualitárias para todos, dispersão de recursos financeiros, possíveis conflitos jurídicos e políticos, as qualidades os sobrepõe e alguns países adotam essa forma de estado sendo eles Brasil, estados Unidos, Argentina, Emirados Árabes, México, Índia, dentre outros, que buscam em sua maioria o fortalecimento de um Estado integrado. Bibliografias BASTOS, Celso. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 1996. BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. 10. ed. São Paulo: Malheiros, 2000. CAVALCANTI, Amaro. Regime Federativo e a República Brasileira: Coleção Temas Brasileiros. Brasília: Universidade de Brasília, 1983. COELHO, Daniela. Resumão sobre Federalismo. Disponível em: <https://danicoelho1987.jusbrasil.com.br/artigos/656011374/resumao-sobre-federalismo>. Acesso em 04 de maio 2020. GIANNINI, Marcelo Henrique. Aspectos Gerais do Federalismo. Disponível em: <https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/41043/aspectos-gerais-do-federalismo>. Acesso em: 03 de maio 2020. MARTINS, Vicente. Aspectos do Federalismo Brasileiro. Disponível em: <https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/673/Aspectos-do-federalismo-brasileiro>. Acesso em: 03 de maio 2020. MIRANDA, Sérgio, A Federação no contexto da Reforma Tributária. In: Morhy, L.(org.). Reforma Tributária em Questão. Brasília: UNB, 2003. p. 213 a 227. REIS, Elcio Fonseca. Federalismo Fiscal: competência concorrentes e normas gerais de Direito Tributário. Belo Horizonte: Mandamentos, 2000. THOMAZINI, Beatriz Stinguel. Federalismo brasileiro: Origem e evolução histórica de seus reflexos na atualidade. Disponível em: <https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-constitucional/federalismo-brasileiro-origem- e-evolucao-historica-de-seus-reflexos-na-atualidade/>. Acesso em: 03 de maio 2020. ULIANO, André Borges. 5 razões pelas quais o federalismo é uma boa ideia. E você… deveria apoiá-la!. Disponível em: <https://www.gazetadopovo.com.br/instituto-politeia/5-razoes-federalismo/> . Acesso em: 04 de maio 2020. https://danicoelho1987.jusbrasil.com.br/artigos/656011374/resumao-sobre-federalismo https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/41043/aspectos-gerais-do-federalismo https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/673/Aspectos-do-federalismo-brasileiro https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-constitucional/federalismo-brasileiro-origem-e-evolucao-historica-de-seus-reflexos-na-atualidade/ https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-constitucional/federalismo-brasileiro-origem-e-evolucao-historica-de-seus-reflexos-na-atualidade/
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