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3/8/2019 
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DANÇA 
 
Aula 3: DIVISÃO DA 
HISTÓRIA DA DANÇA 
EM PERÍODOS II 
Na Idade Média, época de expansão do cristianismo, 
percebia-se que a dança ainda possuía escasso campo de 
reconhecimento como manifestação ritualística social, pois 
toda manifestação corporal para o cristianismo era vista como 
pecaminosa, assim como seus registros. 
Havia, então, o clima de 
proibições eclesiásticas e 
instabilidades. Entretanto, a Igreja 
não conseguia proibir todas as 
manifestações de dança, e 
começava a dar um ar de 
misticismos às danças ditas pagãs 
(TADRA, 2009), permitindo se 
dançar apenas as formas que se 
relacionassem aos cultos 
religiosos. 
Com o Renascimento, as danças passaram a ser 
encenadas nos palácios e ostentavam a riqueza 
e o poder. Apareceram, então, os mestres da 
dança com grande prestígio social e, por seu 
intermédio, a dança baixa (deslizada) do 
período anterior dava lugar às danças menos 
majestosas (danças de salto), tomadas da dança 
camponesa (OSSONA, 1988). 
A dança se definiria de acordo com os moldes 
da renascença, que procurava o conhecimento 
racional das coisas e dos homens. 
 
 
As danças que nascem de manifestações populares, livremente 
improvisadas ao som de instrumentos rústicos, são “adaptadas” ao 
gosto e refinamento dos nobres da corte, com suas pesadas 
vestimentas, perucas e para execução em recintos fechados. Como 
eram vistas de cima (das galerias dos palácios), os coreógrafos 
esmeravam-se em intrincados desenhos geométricos, privilegiando a 
horizontalidade (base danse) (WOSNIAK, 2006 apud TADRA et.al. 2009, 
p. 25). 
As danças da corte passaram a ter seus próprios 
passos, suas figuras e regras, surgindo o termo 
balleto, gênero que ainda não seria definido por 
completo. Com o passar dos anos, a dança 
passou a ser codificada, até poder ser estudada 
separadamente, na plenitude de seus passos, 
de acordo com a criatividade do coreógrafo. 
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O casamento da rainha italiana Catarina de Médicis com o 
duque de Órleans aproximou as culturas italiana e francesa, 
deslocando o centro de expansão do balé da Itália para a 
França. Surgiu, assim, a dança como espetáculo artístico, mas 
foi no reinado de Luís XIV que grandes mudanças ocorreram, 
impondo novas características técnicas. Luís XIV, além de 
grande apreciador, era um exímio bailarino, que aos 15 anos 
de idade teve o seu epíteto de “Rei Sol” no “Balé de La Nuit”, 
em 1653 interpretando o papel de Sol (SAMPAIO, 1999, p. 47). 
Luis XIV criou a Academia Real de Música e 
Dança, com o objetivo de profissionalizar a 
dança e a música. Com a mudança das 
apresentações para palcos elevados, foram 
necessárias mudanças fundamentais na técnica 
de dança, possibilitando ao balé codificação 
própria e universal, o en dehors. 
Com a Revolução Francesa, o balé tornou-se 
mais independente da corte, buscando maior 
simplicidade dos gestos, expressando mais a 
dramaticidade com o uso dos temas. Com o 
Romantismo, surgiu a sapatilha de pontas20, 
dando ao balé um tom de surrealismo, em que 
a protagonista sempre interpretava papéis, 
doces, frágeis e delicados. 
Maria Taglione foi a primeira bailarina a realizar 
performance nas sapatilhas de pontas. É 
importante destacar que os temas dos ballés 
românticos eram inspirados em contos, estórias 
de fadas, bruxos e feiticeiros. Grandes nomes 
marcaram este período histórico da dança, 
como Noverre, Lully, Beauchamps, Dupré, 
Pettipá, Diaghilev e outros. 
Com a entrada na era moderna, o balé 
romântico se desgastou e a dança passou por 
mudanças que possibilitaram mais liberdade de 
movimentos. A revolução na dança aconteceu 
no fim do século XIX, e o bailado francês, 
dominado por bailarinos (as), perdeu seu 
prestígio. 
O público acolhia, portanto, com entusiasmo espetáculos 
novos, mesmo que nada tivessem a ver com a dança clássica. 
Ao contrário da verticalidade do balé clássico, o contexto da 
dança moderna é executar os movimentos no solo, com os 
pés descalços e com maiores possibilidades de flexibilidade 
do tronco; “a dança moderna, que nasce neste contexto, tem 
por projeto recuperar a relação do homem com seu corpo e 
do seu corpo com o mundo” (WOSNIAK, 2006 apud TADRA et 
al., 2009, p. 33). 
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Por volta de 1900, Isadora Duncan deixou a América 
para se instalar na França, onde seduziu o público 
com novas interpretações: praticamente sem 
formação, descalça, sem espartilho, vestia somente 
uma túnica que acompanhava as formas de seu corpo 
em movimento. Duncan era uma solista que queria se 
expressar livremente através dos seus movimentos 
corporais, sem medo das técnicas e das convenções. 
Esta experiência destacou-se 
na dança com a aparição do 
expressionismo, que surgiu 
depois da Primeira Guerra 
Mundial, e que tinha como 
figura principal Rudolf Laban, 
com um paralelo de Jacques 
Dalcroze. 
Expressionismo, 
movimento artístico 
de vanguarda que 
surgiu na primeira 
década do século 20, 
manifestou-se 
basicamente em três 
vertentes artísticas: a 
pintura, a literatura e 
o teatro. 
Laban é considerado o grande precursor da dança moderna 
liberta da música e do teatro; estudou as ações humanas, 
dividiu as pessoas em três grupos, analisou os esquemas 
humanos de movimento, classificou toda uma gama de 
energia que cabe entre a máxima tensão e total relaxação, 
desenvolveu escalas harmônicas de movimento espacial 
denominando este método de corêutica, estudou as leis da 
gravidade, chamando o estudo de eucinêutica, e, finalmente, 
baseando-se em todos os seus estudos, desenvolveu seu 
método com conotações próprias, o que denominou 
cinetografia (OSSONA, 1988, p. 75). 
Seria impossível falar em dança 
moderna sem ressaltar Duncan, 
Laban e Dalcroze; no entanto, 
outras figuras importantes estão 
entre os pioneiros do movimento, 
a exemplo dos norte-americanos 
Loie Fuller e Ruth St. Denis. 
Os atuais trabalhos de dança contemporânea não dão tanta 
importância ao belo, às formas, às histórias e às expressões, 
como acontece nas obras de balé clássico. 
Segundo Faro (2004, p. 124): 
 
A dança contemporânea é tudo aquilo que se faz hoje dentro desta arte. 
Não importam o estilo, a procedência, os objetivos nem sua forma. É 
tudo aquilo que é feito em nosso tempo, por artistas que nele vivem. 
[...] Para ser contemporâneo, não se precisa forçosamente buscar 
estradas até então impenetradas. A dança, como arte ou diversão, já se 
diversificou de tal forma que sua contemporaneidade implica hoje, mas 
necessariamente o novo. 
Muitas coreografias e produções contemporâneas 
exploram o movimento pelo movimento e retratam o 
cotidiano das pessoas, o ser simples, a modernidade, 
as evoluções, o homem e o poder do movimento e 
suas formas. O contemporâneo é alvo de inúmeras 
transformações, pesquisas contínuas, criações de 
novos estilos e de novas técnicas. 
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Considerando as situações históricas da dança como 
cultura, ritual de socialização, processo de 
desenvolvimento, criatividade, forma de expressão e 
comunicação não verbal, cada uma das manifestações 
em dança expressa um significado, compreende um 
sentido, expressa uma cultura ou formas particulares 
de se dançar. 
Como já foi apontado, cada 
manifestação de dança esteve 
pautada aos acontecimentos e 
pensamentos da época 
correspondentes. 
REFERÊNCIAS 
BOURCIER, P. História da dança no Ocidente. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006. 
FARO, A. J. Pequena História da Dança. Rio de Janeiro: Zahar, 2004. 
GARAUDY, R. Dançar a vida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. 
HANNA; J. L. Dança, Sexo e Gênero – Signos de identidade, dominação, 
desafio e desejo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999. 
NANNI, D. Dança Educação: Pré-escola à Universidade. Rio de Janeiro: Sprint, 2001. 
PORTINARI, M. História da dança. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989. 
MENDES, M. G. A dança. 2. ed. São Paulo: Ática, 1987. 
OSSONA, P. A educação pela dança. 3. ed. São Paulo: Summus, 1988. 
SBORQUIA, S. P. A Dança no Contexto da Educação Física: os (des) encontrosentre a formação e 
a atuação profissional. 2002. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de Campinas − 
UNICAMP, Campinas , 2002. 
TADRA, D. S. A. et al. Metodología do ensino de artes: Linguagem da Dança. 
Curitiba: Ibpex, 2009. 
SAMPAIO, F. Balé Essencial. 2. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 1999. 
MEDOVA, M. L. A Dança Clássica. Lisboa: Estampa, 1998.

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