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Alienação Parental - RESENHA

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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DE SÁ DE BELO
HORIZONTE
Resenha Crítica de Caso 
Aluno: Roberta Lorena Martins Dias
Trabalho da disciplina: Psicologia Jurídica
 Tutor: Marco Lobo
Belo Horizonte
2020
http://portal.estacio.br/
Alienação Parental x Harmonia Familiar
A Alienação Parental é uma nomenclatura usada para quando o pai, a mãe, avós ou
pessoas que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância
tentam desconstruir o vínculo existente com outro genitor, dificultando ao máximo a
convivência. Foi a partir do psiquiatra Richard Gardner, em 1985, que se teve essa
nominação.
Conforme a separação do casal e uma vez outorgada a guarda dos filhos a um dos ex-
consortes, assiste ao outro, como cediço, o direito-dever de com eles estar. É o chamado
direito de visitas, o qual não compreende, ao contrário do que possa parecer, apenas o
contato físico e a comunicação entre ambos, mas o direito de o progenitor privado da
custódia participar do crescimento e da educação do menor. Trata-se de uma forma de
assegurar a continuidade da convivência entre o filho e o genitor não guardião, ou seja,
do vínculo familiar, minimizando, assim, a desagregação imposta pela dissolução do
casamento.
Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança
ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que
tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância, para que
repudie o genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos
com este.
Define-se por vítima da Alienação Parental a criança ou adolescente que, por motivos
alheios a esta, adquire um sentimento negativo que a afasta de um dos genitores.
Este conceito baseia-se no art. 3º da lei responsável por este tema, que ressalta “a prática
de ato de alienação parental fere direito fundamental da criança ou do adolescente de
convivência familiar saudável, prejudica a realização de afeto nas relações com genitor e
com o grupo familiar, constitui abuso moral contra a criança ou o adolescente e
descumprimento dos deveres inerentes à autoridade parental ou decorrentes de tutela ou
guarda”.
Fernanda Meirelles e alguns outros autores ressaltam ainda que o genitor alienado é
também vítima do processo da Alienação, visto que este sofre consequências
ocasionadas por este ato.
Muitos são os motivos que levam à prática da Alienação Parental, mas alguns aparecem
de forma mais frequente, sendo assim listados por mais vezes pelos autores que tratam
do assunto, tais como: ódio para com o ex-cônjuge; sentimento de exclusividade sobre o
filho após o divórcio, como forma de garantir a guarda; forma de ganhar discussões com o
cônjuge.
Estudiosos ressaltam que as consequências da Alienação Parental vão muito além do
que, somente ‘ atingir o cônjuge’, mesmo que este, por muitas vezes, seja o principal
motivo para a iniciação deste ato. Os impactos decorrentes da prática deste também
acabam por atingir diretamente a criança ou adolescente, visto que ainda encontram-se
em processo de formação. Exemplo disso seria a chamada Síndrome da Alienação
Parental.
Além das consequências que já são conhecidas, tais como dificuldade no exercício da
relação paterno-filial, dificuldade na demonstração de afeto por parte do filho para com
seu genitor ausente, e distanciamento voluntário do filho para com o genitor que foi
“agredido” verbal e psicologicamente pelo genitor alienador, existem também
consequências psicológicas que devem ser levadas em consideração para o bem-estar
da criança ou do adolescente. As consequências criadas por essa confusão mental no
íntimo do indivíduo se estende ao seu processo de aprendizagem, à formação da sua
personalidade e caráter.
Uma abordagem trazida pelo orientador e estudioso Carlos Magno Gurgel Cavalcante é
da alienação parental com a visão baseada em princípios do Direito. Este salienta que o
crime supracitado fere alguns princípios norteadores, tais como o princípio da
solidariedade familiar, o que deixa muito evidente a falta de recursos para recorrer, pois o
principal enfoque do genitor que pratica a alienação é distanciar, proibir, coibir, enfim, não
deixar, ou deixar o mínimo possível, que a criança tenha contato com o genitor alvo,
dando como exemplo os artigos 229 e 230 da Carta Magna.
É imprescindível a conscientização, diante dos argumentos expostos, de que a Alienação
Parental não é classificada apenas como um crime, mas também como uma síndrome,
movida por um desequilíbrio emocional que pode tornar uma relação paterno-filial
instável, ou até mesmo impossível. Importante salientar que as consequências da
alienação se estende no tempo, a SAP se mostrará no futuro da criança ou adolescente
alienado, tornando difícil o desenvolvimento intelectual, social e da personalidade,
podendo até mesmo chegar a interferir em uma futura relação afetiva.
Ademais, convém ressaltar a dominação e seus efeitos sobre as crianças e os
adolescentes. A par disso, para o pensador Michel Foucault em sua obra Microfísica do
Poder, as relações humanas são estabelecidas pela coerção minimalista de agentes
diários que não representam grandes entidades sociais. Assim, com a dominação do
discurso sutil e discriminatório parental, as consequências baseiam-se em um medo
constante que afeta o desenvolvimento lúdico dos cidadãos indefesos, uma vez que os
direitos constitucionais são coibidos, e há uma tendência no desenvolvimento de casos
clínicos de depressão, doença que será até 2030 a mais comum do mundo, de acordo
com a Organização Mundial da Saúde. Portanto, fica evidente que a alienação parental é
precursora de diversos distúrbios psicológicos e carece de intervenções no país. Em vista
disso, o Estado, na figura do Ministério da Justiça, deve aprimorar a aplicação de leis e
fiscalizações sobre essa manipulação familiar, de modo que haja uma parceria com os
sistemas de ensino para acolher denúncias, a fim de restaurar a integridade juvenil, uma
vez que dilemas psicológicos podem causar sérias problemáticas sociais.
Por fim, as prefeituras, em associação com as universidades, precisam criar campanhas e
palestras públicas, através de auxílios de pedagogos e psicólogos especializados, para
que, enfim, a responsabilização social erradique esse paradigma no Brasil.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 
ALMEIDA JÚNIOR, Jesualdo. Comentários à Lei da Alienação Parental – LEI 12.318, de 
26 d e Agosto de 2010. Revista síntese direito de família 62 (2010). 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http: // 
www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm 
CLARINDO, Aniêgela Sampaio. Guarda unilateral e síndrome da alienação parental.
In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XV I, n. 112, maio 201 3. Disponível em: 
<http://ambitojuridico.com.b r/si te/? n_ link= revista_artigos_leitura& artigo_i d=12751 
&revista_ caderno=14 >.

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