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DESAFIOS E POSSIBILIDADES DO CURRÍCULO FLEXIVEL PARA OS ALUNOS COM TRANSTORNO DO DESENVOLVIMENTO NA BUSCA PELA COESÃO DA BNCC E RCG
Challenges and possibilities of Flexible Curriculum for development students in the search for BNCC and RCG cohesion
NAZÁRIO, Maxmilian Velho¹
RESUMO
A promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em 1990 consagrou uma nova abordagem para políticas públicas de proteção integral para as crianças e os adolescentes. Em decorrência e com a evolução do ECA, as pessoas com deficiência –transtorno do desenvolvimento, como os excepcionais, deixam de ser vistos como portadores de necessidades especiais – e frequentemente um problema a ser enfrentado – e passam a ser reconhecidos como sujeitos com direitos, cabendo aos adultos o dever de construir um sistema que os acolha e proteja, frente à sua vulnerabilidade social. Com a implementação do Currículo Flexibilizado, com ênfase na Base Nacional Comum Curricular e Referencial Curricular Gaúcho, esses alunos passaram a ter uma evolução pedagógica, cognitva, humanística.
PALAVRAS-CHAVE: Transtorno do Desenvolvimento. Currículo Flexibilizado. Base Nacional Comum Curricular. Referencial Curricular Gaúcho
ABSTRACT 
The promulgation of the Child and Adolescent Statute (ECA) in 1990 enshrined a new approach to comprehensive protection public policies for children and adolescents. As a result of and with the evolution of the ECA, people with disabilities –developmental disabilities, such as the exceptional, cease to be seen as having special needs - and often a problem to be tackled - and are now recognized as subjects with rights, It is up to adults to build a system that welcomes and protects them in the face of their social vulnerability. With the implementation of the Flexible Curriculum, with emphasis on the Common National Curriculum Base and Gaucho Curriculum Referential, these students began to have a pedagogical, cognitive, humanistic evolution.
KEYWORDS: Developmental Disorder. Flexible Curriculum. Common National Curriculum Base. Gaucho Curricular Reference
______________________
 Aluno do curso de Pós-Graduação em Gestão de Cooperativa de Crédito (Uniasselvi). 
INTRODUÇÃO
	A questão central no que toca aos direitos humanos da pessoa com deficiência reside no exercício pleno de sua cidadania e na certeza de uma vida digna, sem nenhum tratamento discriminatório negativo nem abuso de qualquer natureza. Os resultados do Censo 2010, divulgados pelo IBGE, indicam que o Brasil possui 45,6 milhões de pessoas, ou 23,91% da população total, com algum tipo de incapacidade ou deficiência. São indivíduos com ao [footnoteRef:1]menos alguma dificuldade de enxergar, ouvir, locomover-se ou alguma deficiência física ou mental. Diante desse contingente, as políticas públicas de inclusão social são fundamentais. A Constituição Federal de 1988, no que diz respeito a esse conjunto da população, é expressa ao estabelecer a competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios de cuidar da saúde, da assistência pública e das garantias das pessoas com deficiência. [1: Art. 1º Ficam estabelecidas normas gerais que asseguram o pleno exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas portadoras de deficiências, e sua efetiva integração social, nos termos desta Lei. § 1º Na aplicação e interpretação desta Lei, serão considerados os valores básicos da igualdade de tratamento e oportunidade, da justiça social, do respeito à dignidade da pessoa humana, do bem-estar, e outros, indicados na Constituição ou justificados pelos princípios gerais de direito. § 2º As normas desta Lei visam garantir às pessoas portadoras de deficiência as ações governamentais necessárias ao seu cumprimento e das demais disposições constitucionais e legais que lhes concernem, afastadas as discriminações e os preconceitos de qualquer espécie, e entendida a matéria como obrigação nacional a cargo do Poder Público e da sociedade. Art. 2º Ao Poder Público e seus órgãos cabe assegurar às pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer, à previdência social, ao amparo à infância e à maternidade, e de outros que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico. Parágrafo único. Para o fim estabelecido no caput deste artigo, os órgãos e entidades da administração direta e indireta devem dispensar, no âmbito de sua competência e finalidade, aos assuntos objetos esta Lei, tratamento prioritário e adequado, tendente a viabilizar, sem prejuízo de outras, as seguintes medidas:
² Art. 1o  A Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência compreende o conjunto de orientações normativas que objetivam assegurar o pleno exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas portadoras de deficiência. Art. 2o  Cabe aos órgãos e às entidades do Poder Público assegurar à pessoa portadora de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à previdência social, à assistência social, ao transporte, à edificação pública, à habitação, à cultura, ao amparo à infância e à maternidade, e de outros que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico.
] 
	Em nível federal, a Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, como órgão integrante da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República – SDH/PR –, está a cargo das políticas públicas voltadas para essa população. Destaque deve ser dado à Lei Federal nº 7.853, de 19891, e ao Decreto Federal nº 3.298, de 19992, que norteiam a política nacional para integração da pessoa com deficiência, incluindo normas de acessibilidade e a definição de atos que constituem crimes, como, por exemplo: recusar, suspender, adiar, cancelar ou extinguir a matrícula de um estudante por causa de sua deficiência, em qualquer curso ou nível de ensino, seja ele público ou privado; dentro outros.
	O presente trabalho não abordará todas as deficiências, as Políticas Públicas e os caminhos que o usuário deve percorrer para ter os seus direitos garantidos. Mas, sim esse artigo dará ênfase aos Transtornos do Desenvolvimento, que abrangem o Atraso Global do Desenvolvimento (AGD), a Deficiência Intelectual (DI) e os Transtornos do Espectro Autista (TEA), dando ênfase ao Currículo Flexibilizado e como ele é importante para o desenvolvimento do aluno portador de algum transtorno. 
 	No país, durante décadas, o referencial assistencial para deficientes intelectuais esteve quase que totalmente restrito a instituições de caráter filantrópico e organizações não governamentais. Nesse contexto, destaca-se a rede formada pelas Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE). Nessa área de atuação, o maior movimento social do Brasil é o Apaeano, o qual contribuiu para os avanços de diferentes políticas públicas, especialmente aquelas relacionadas à educação, trabalho, habitação e assistência social.
	Através de levantamentos estatísticos, estima-se que mais de um terço dos deficientes intelectuais têm associados diagnósticos de transtornos mentais. O desafio da inclusão social do deficiente intelectual depende da garantia dos direitos à saúde, à assistência social e, não menos importante, à educação.
	
DESENVOLVIMENTO
	Participação e inclusão na sociedade, igualdade de oportunidades, acessibilidade e não discriminação são temas inerentes aos direitos humanos e representam aspectos do respeito e da valorização da diversidade humana. Pessoas com deficiência são facetas desse mosaico de diferenças humanas, e apresentam particularidades, incongruências, fraquezas e fortalezas, como qualquer outra pessoa. Ao longo da última década, o movimento de inclusão das pessoas com deficiência ganhou importância no Brasil, repercutindo em avanços sociais, assistenciais e principalmente educacionais para todos. Essa transformação,essa aceitação da sociedade perante as pessoas com deficiência, se deve em grande parte as Políticas Públicas instituídas nas leis brasileiras.
	
Políticas Públicas	
	O Brasil tem, nos últimos anos, avançado na promoção dos direitos das pessoas com deficiência por meio de políticas públicas que buscam valorizar a pessoa como cidadã, respeitando suas características e especificidades.
	Políticas públicas são conjuntos de programas, ações e decisões tomadas pelos governos (nacionais, estaduais ou municipais) com a participação, direta ou indireta, de entes públicos ou privados que visam assegurar determinado direito de cidadania para vários grupos da sociedade ou para determinado segmento social, cultural, étnico ou econômico. Ou seja, correspondem a direitos assegurados na Constituição Federal de 1988. Um programa da Prefeitura Municipal que esteja beneficiando um bairro, por exemplo, é uma política pública. A educação, a saúde, o meio ambiente e a água são direitos universais, assim, para assegurá-los e promovê-los estão constituídas pela Constituição.
	O conceito de políticas públicas pode possuir dois sentidos diferentes. No sentido político, encara-se a política pública como um processo de decisão, em que há naturalmente conflitos de interesses. Por meio das políticas públicas, o governo decide o que fazer ou não fazer. O segundo sentido se dá do ponto de vista administrativo: as políticas públicas são um conjunto de projetos, programas e atividades realizadas pelo governo.
	Uma política pública pode tanto ser parte de uma política de Estado ou uma política de governo. Vale a pena entender essa diferença: uma política de Estado é toda política que independente do governo e do governante deve ser realizada porque é amparada pela constituição. Já uma política de governo pode depender da alternância de poder. Cada governo tem seus projetos, que por sua vez se transformam em políticas públicas, voltadas para a população (geralmente de baixo poder aquisitivo e pouca/nenhuma escolaridade) que vivem a margem da sociedade.
Educação Inclusiva 
	Beyer (2006, p.81) diz: 
A inclusão escolar dos alunos com necessidades especiais é um desafio porque confronta o (pretenso) sistema escolar homogêneo com uma heterogeneidade inusitada, a heterogeneidade dos alunos com condições de aprendizagem muito diversas. E isto inquieta os professores em geral.
	No que tange ao acesso à educação, não se pode esquecer que este é direito de todos, garantido no art. 6º da Constituição Federal. A Constituição garante também, em seu art. 206, I, "igualdade de condições para o acesso e permanência na escola", e no art. 208, III, o "atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino". O que se busca ao garantir o acesso à educação para pessoas com deficiência é a equiparação de oportunidades, a não discriminação. conforme dispõe a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007, aprovados pelo Decreto Legislativo nº 186, de 2008.
	A Politica Nacional define a educação especial como a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educando com necessidades educacionais especiais, entre eles o portador de deficiência. A inclusão refere-se á admissão da pessoa com deficiência na vida social e educativa. Todos os alunos devem ser incluídos nas escolas regulares, em todos os seus níveis, da Educação infantil ao ensino superior (MANTOAN, 1998, MRECH,1999).
	Conforme essa Política, a educação especial é uma modalidade de educação escolar que permeia transversalmente todos os níveis e modalidades de ensino, e sua oferta deve ser obrigatória e gratuita nos estabelecimentos públicos. 
	E percebe-se que é urgente pensar e agir numa perspectiva inclusiva para que se tenha
uma educação de qualidade para todos os alunos, de acordo como o que prescreve a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394/96 para que se construa com eficácia uma prática escolar que opere sobre a lógica inclusiva. Mas a estrutura da instituição educacional ainda é uma grande barreira, pois apesar de existirem políticas públicas educacionais avançadas, as escolas regulares, em esmagadora maioria, carecem de recursos físicos e financeiros, e principalmente humanos (professores especializados), para que aconteça realmente a inclusão do aluno na sala de aula (BRASIL.1996, p.14).
	É de suma importância que se tenha consciência que a educação inclusiva não se faz apenas por decretos ou diretrizes. Ela é construída na escola por todos, na confluência de várias lógicas e interesses sendo preciso saber articulá-los. Por ser uma construção coletiva requer mobilização, discussão e ação de toda a comunidade escolar.
	A verdadeira transformação da escola acontecerá quando realmente se criar condições para que TODOS os alunos possam atuar efetivamente nesse espaço educativo. Para Mittler (2001), “a escola inclusiva só começa com uma radical reforma da escola, com a mudança do sistema existente e repensando-se inteiramente o currículo para alcançar as necessidades de todas as crianças”.
	Visitando Foucault e o que ele fala sobre educação e discurso, encontra-se: 
Sabe-se que a educação, embora seja, de direito, o instrumento graças ao qual todo indivíduo, em uma sociedade como a nossa, pode ter acesso a qualquer tipo de discurso, segue, em sua distribuição, no que permite e no que impede, as linhas que estão marcadas pela distância, pelas oposições e lutas sociais. Todo sistema de educação é uma maneira política de manter ou de modificar a apropriação dos discursos, com os saberes e os poderes que eles trazem consigo. (Foucault, 2002, p. 43-44).
	No Brasil, ao longo da década de noventa, cresceram as discussões sobre práticas curriculares, especialmente a partir da divulgação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) (BRASIL, 1997) elaborados em consonância com o artigo 210 da Constituição Federal. Os PCNs, tal quais as políticas de inclusão escolar, sofreram influências dos organismos internacionais em sua elaboração (FERREIRA, 2005).
	Diante do exposto, há varias estratégias que o professor poderá considerar em sala de aula para o desenvolvimento do trabalho com aluno deficiente intelectual. Como orientações de pensamento têm as seguintes doutrinas, no caso das teorias da aprendizagem, as filosofias subjacentes – a comportamentalismo (behaviorismo), a humanista e a cognitivista (construtivismo) – embora nem sempre se possa enquadrar claramente determinada teoria de aprendizagem em apenas uma corrente filosófica. 
	A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), enquanto documento de caráter normativo, define o conjunto de aprendizagens essenciais que todos os estudantes, de todas as etapas e modalidades da Educação Básica, deverão desenvolver durante sua escolaridade, como também indica os conhecimentos e competências a serem desenvolvidos. Orientada pelos princípios éticos, políticos e estéticos traçados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica, a BNCC soma-se aos propósitos que direcionam a educação brasileira para a formação humana integral e para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. 
	Nesse sentido, a educação inclusiva deve fazer parte da rotina do educador, pois o que era uma possibilidade tornou-se um direito de todo cidadão. No entanto, a concepção de inclusão escolar tem uma abrangência que supera a inserção de estudantes com necessidades educacionais especiais (NEE) no ensino comum, uma vez que implica repensar a escola em seu papel educacional e social, no sentido de assegurar a todos esses estudantes, o direito ao desenvolvimento de competências que lhe assegurem o direito de aprender:
“Nesse processo, a BNCC desempenha papel fundamental, pois explicita as aprendizagens essencial que todos os estudantes devem desenvolver e expressa, portanto, a igualdade educacional sobre a qual as singularidades devem ser consideradase atendidas. Essa igualdade deve valer também para as oportunidades de ingresso e permanência em uma escola de Educação Básica, sem o que o direito de aprender não se concretiza.” (Base da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, p. 15)	
Currículo
	O currículo corresponde ao conjunto de conteúdos que devem ser abordados pelos educadores em cada nível de ensino. Um currículo fundamentado na perspectiva inclusiva precisa estar alinhado com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e, ao mesmo tempo, dialogar com as particularidades sociais, culturais, regionais e os diferentes modos de aprender de cada estudante, onde o Referencial Curricular Gaúcho traz essa proposta. Não se trata de adaptar o conteúdo curricular a fim de reduzi-lo para alguns alunos, mas, sim, de flexibilizá-lo para que todos se reconheçam nele e sejam protagonistas do próprio processo educacional.
	A chegada de crianças e adolescentes com deficiência demandou reformas também no âmbito pedagógico que resultou em inúmeros arranjos e concessões no fazer cotidiano da escola. “Remendos” que se revelam insuficientes, visto que haviam alunos que continuavam não aprendendo, e contraditórios em relação aos pressupostos da educação inclusiva, já que continuavam fundamentados na ideia de incapacidade a partir de características individuais. Outro remendo, bastante comum, é o das chamadas adaptações curriculares – muitas vezes apontadas como “a” solução diante do desafio de incluir alunos com deficiência intelectual, autismo ou dificuldades de aprendizagem.
	A inclusão implica em oferecer uma mesma proposta ao grupo como um todo e, ao mesmo tempo, atender às necessidades de cada um, em especial daqueles que correm risco de exclusão em termos de aprendizagem e participação. Ou seja, o que pode (e deve) diferir são as estratégias pedagógicas e aspectos como complexidade, quantidade e temporalidade para acessar um mesmo currículo.
	É justamente aí que entra o conceito de flexibilização curricular. O termo flexível indica oposição ao que é duro, fixo, fechado. Assim, no contexto educacional, flexibilizar significa garantir o direito à diferença no currículo. Implica a busca pela coesão da base curricular comum com a realidade dos estudantes, suas características sociais, culturais e individuais – incorporando assim também os diferentes modos de aprender e as múltiplas inteligências presentes em sala de aula. De modo que todos se reconheçam no currículo e sejam protagonistas no próprio processo educacional. Ou seja, flexibilizações e adaptações curriculares não são a mesma coisa, a diferença entre ambas é basilar. 
	O processo de flexibilização não pode ser entendido como uma mera modificação ou acréscimo de atividades complementares na estrutura curricular. Ele exige que as mudanças na estrutura do currículo e na prática pedagógica estejam em consonância com os princípios e com as diretrizes do Projeto Político Pedagógico, na perspectiva de um ensino de qualidade para todos os alunos. Sobre as adequações do Projeto Político Pedagógico para atender à diversidade, Beyer (2006, p. 75) dá a seguinte contribuição: 
O projeto político pedagógico inclusivo [...] objetiva não produzir uma categorização “alunos com e sem deficiência, com e sem distúrbios, com e sem necessidades especiais” (a adjetivação é ampla e flutuante, conforme os vários diagnósticos possíveis). Para tal abordagem educacional não há dois grupos de alunos, porém apenas crianças e adolescentes que compõem a comunidade escolar e que apresentam necessidades variadas.
	
O desafio é construir e pôr em prática no ambiente escolar uma pedagogia que consiga ser comum e válida para todos os alunos da classes escolar, porém capaz de atender os alunos cujas situações pessoais e características de aprendizagem requeiram uma pedagogia diferenciada. Tudo isto sem demarcações, preconceitos ou atitudes nutridoras dos indesejados estigmas. (2006, p. 76).
	Fabio Adiron se refere às adaptações curriculares como um modelo de intervenção individualizado, baseado em “um paradigma que define a deficiência das pessoas como única causa de seus problemas de aprendizagem”, no qual o currículo é definido pelo déficit, o que ressalta as incapacidades e não as possibilidades dos alunos. E pondera: “esse é um problema ideológico, mais do que pedagógico, pois está focado na homogeneidade e não na diversidade”.
	Assim, o currículo representa não apenas uma discussão do que merece ser ensinado, mas a razão pela qual aquele conteúdo deve ser ensinado em uma condição de verdade. A gênese do currículo estaria imbricada na lógica foucaultiana de controle, de seleção, de organização e de redistribuição do que será não apenas discurso, mas conhecimento válido para novas gerações. Nessa perspectiva, as questões de fundo são: 
Qual é o tipo de ser humano desejável para um determinado tipo de sociedade? Será a pessoa racional e ilustrada do ideal humanista de educação? Será a pessoa otimizadora e competitiva dos atuais modelos neoliberais de educação? Será a pessoa ajustada aos ideais de cidadania do moderno estado-nação? Será a pessoa desconfiada e crítica dos arranjos sociais existentes preconizada nas teorias educacionais críticas? [...] No fundo das teorias do currículo está, pois, uma questão de “identidade” ou de “subjetividade”. (SILVA, 2007, p. 14-15).
	Um currículo inclusivo nada mais é que a coesão da Base curricular comum com o contexto da sala de aula, ou seja, de cada um dos estudantes que a compõe. Para que isso seja possível, é importante que o professor e a equipe pedagógica conheçam os alunos, suas características sociais, culturais e individuais e as levem em consideração ao elaborar o planejamento pedagógico.
Acessibilidade
	A acessibilidade prevê a eliminação de barreiras presentes no ambiente físico e social que impedem ou dificultam a plena participação das pessoas com e sem deficiência em todos os aspectos da vida contemporânea. A acessibilidade é fundamental para a inclusão e deve estar presente em diferentes contextos, tais como: arquitetônico, comunicacional, metodológico, instrumental, atitudinal, programático, entre outros. É nessa fase que entra o Atendimento Educacional Especializado.
	O atendimento educacional especializado (AEE) é um serviço destinado a estudantes com deficiência, transtorno do espectro autista (TEA) e altas habilidades/superdotação. Seu objetivo é desenvolver práticas pedagógicas inclusivas e atividades diversificadas para eliminar barreiras no processo de ensino-aprendizagem e garantir o pleno acesso e participação desses alunos na escola regular. Por esse motivo, o AEE configura como uma das principais estratégias de acessibilidade no contexto educacional brasileiro.
	A Política nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva define que a função do atendimento educacional especializado é identificar, elaborar e organizar os recursos pedagógicos e de acessibilidade para a eliminação de barreiras em prol da plena participação dos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento (TGD) e altas habilidades/superdotação, considerando suas necessidades específicas.
	Trata-se de um serviço complementar e/ou suplementar ao processo de escolarização para a autonomia e independência desses alunos na escola e fora dela, não devendo ser substitutivo, nem acontecer isoladamente. Recomenda-se que o AEE seja realizado no contra turno das aulas regulares, preferencialmente na mesma escola e em salas de recursos multifuncionais (SRM). Além disso, é fundamental que haja articulação entre o atendimento educacional especializado, as equipes pedagógicas e as famílias dos alunos atendidos por esse serviço.
CONCLUSÃO
“Na educação inclusiva não se espera que a pessoa com deficiência se adapte à escola, mas que esta se transforme de forma a possibilitar a inserção daquela.” (GUIMARÃES, 2004, p. 44)
	
	Durante muito tempo se entendeu que os alunos eram quem deveria adaptar-se a escola, fossem sem deficiência ou com deficiência, e não o contrário. Assim, aprocura por uma homogeneidade utópica foi buscada incansavelmente por governantes, gestores educacionais, professores, a sociedade, e, inclusive, os pais - familiares. O resultado foi frustações de todos os lados e graves equívocos educacionais, demandando a necessidade da construção de uma escola inclusiva.
	Com a formulação de uma escola inclusiva e aberta a diversidade, paulatinamente a sociedade foi compreendendo que a escola é um espaço plural e diverso, multifacetado e dinâmico, lugar não apenas de iguais, mas também de diferentes. E os alunos deveriam ser incluídos nas politicas e práticas educacionais, não importando a raça, o sexo, a cor, a deficiência e/ou a dificuldade de aprendizagem.
	A abertura de uma escola para a inclusão e diversidade, para desenvolver caminhos que valorize a reflexão permanente para lidar com situações diferentes e plurais, através de uma formação polivalente e ética, para proporcionar ao aluno o máximo de estímulos, possibilidades de vivências e ampliação de sua aprendizagem também foi necessário uma “reforma” no currículo.
	O currículo escolar é um campo de significação que pode promover a formação de sujeitos críticos, criativos, capazes de iniciativas ou de sujeitos que detêm a dificuldade de articulação e criticidade. Na organização dos currículos escolares é necessário considerar, além das experiências dos educandos, aquelas traduzidas pelas discursividades, na influência da mídia, na revolução nos sistemas de informação e comunicação e nos processos de socialização promovidos pela escola. A educação do futuro depende da capacidade de interagir com as novas formas de aprender e os novos modos de construção do conhecimento. 
	A educação inclusiva não pode ser entendida unicamente como a possibilidade de integração física, social e moral, mas, sobretudo ela precisa ser pensada como a possibilidade de integração acadêmica. As flexibilizações curriculares e estruturais da escola precisam ser analisadas e desenvolvidas de forma a atender a diversidade, as diferenças entre os alunos – partindo, até mesmo, da deficiência presente. A heterogeneidade das turmas nas quais os alunos com necessidades educativas especiais estão ou estarão incluídos deverá ser pensada e fazer parte nos planos nacionais e estaduais de educação e consequentemente do Projeto Político Pedagógico da escola.
	Com relação ao processo de mudança da escola para atender as necessidades educacionais dos alunos, Oliveira e Leite (2000) fazem uma importante alerta, que não pode passar despercebida:
Deve-se considerar, inclusive, a dificuldade que as escolas têm para administrar a conquista da flexibilização e da sua autonomia, pois está também em suas mãos a responsabilidade de efetivar mudanças que impeçam o processo de exclusão e permitam construir, verdadeiramente, uma escola inclusiva que dê respostas educativas à diversidade, sejam elas sociais, biológicas, culturais, econômicas ou simplesmente, educacionais. (p.14).
	Segundo Anache (2007), é no coletivo que a pessoa com deficiência aprende a conhecer, a conceituar, a elaborar e a significar o mundo. E é na sociedade que nascem as desigualdades, não sendo, portanto, responsabilidade da escola, a tarefa de eliminá-las, nem de dissimulá-las, mas sim de denunciá-las para que possa provocar desacomodações.
REFERENCIAL
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BRASIL. Decreto No 3.298/99 - Regulamenta a Lei no 7.853, de 24 de outubro de 1989, que
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FOUCAULT, M. A ordem do discurso. 8. ed. São Paulo: Loyola, 2002c.
 
FOUCAULT, M. O governo de si e dos outros. São Paulo: Martins Fontes, 2011.
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______. Decreto No 5.296/04 - Regulamenta as Leis n° 10.048 e 10.098 com ênfase na
Promoção de Acessibilidade. Brasília/DF. 2004.
______. Política Nacional de Assistência Social (PNAS). Brasília/DF: Senado Federal.
2005.
 
 
DESAFIOS E POSSIBILIDADES D
O CURRÍCULO FLEXI
VEL
 
PARA OS ALUNOS 
COM TRANSTORNO DO DESENVOLVIMENTO NA BUSCA PELA COESÃO DA 
BNCC 
E RCG
 
 
Challenges and possibilities of Flexible Curriculum for development students in the 
search for BNCC and RCG cohesion
 
 
NAZÁRIO
, 
Maxmilian Velho
¹
 
 
RESUMO
 
A
 
promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em 1990 consagr
ou
 
uma 
nova abordagem para políticas 
públicas 
de proteção integral para 
as crianças e os 
adolescentes. Em decorrência e com a evolução do ECA
, as pessoas com deficiência 
–
transtorno do desenvolvimento
, como os excepcionais,
 
deixam de ser vistos como portadores 
de necessidades
 
especiais
 
–
 
e frequentemente um problema a ser enfrentado 
–
 
e passam a
 
ser 
reconhecidos como 
sujeitos
 
com
 
direitos, cabe
ndo 
aos adultos
 
o dever de construir um 
sistema 
que os acolha e proteja, frente à sua vulnerabilidade social
. 
Com a implementação do 
Currículo Flexibilizado
, com ênfase na Base Nacional Comum Curricular
 
e Referencial 
Curricular Gaúcho
, esses alunos passaram a ter uma evolução pedagógica, cognitva, 
humanística.
 
 
P
ALAVRAS
-
CHAVE
: 
Transtorno do Desenvolvimento
. 
Currículo Flexibilizado
.
 
Base 
Nacional Comum Curricular
. Referencial Curricular Gaúcho
 
 
ABSTRACT 
 
The promulgation of the Child 
and Adolescent Statute (ECA) in 1990 enshrined a new 
approach to comprehensive protection public policies for children and adolescents.
 
As a result 
of and with the evolution of the ECA, people with disabilities 
–
developmental disabilities, 
such as the exce
ptional, cease to be seen as having special needs 
-
 
and often a problem to be 
tackled 
-
 
and are now recognized as subjects with rights, It is up to adults to build a system 
that welcomes and protects them in the face of their social vulnerability.
 
With the
 
implementation of the Flexible Curriculum,with emphasis on the Common National 
Curriculum Base and Gaucho Curriculum Referential, these students began to have a 
pedagogical, cognitive, humanistic evolution.
 
 
KEYWORDS: 
Developmental Disorder. Flexible Cur
riculum. Common National 
Curriculum Base. Gaucho Curricular Reference
 
______________________
 
1
 
Alun
o
 
do curso de 
Pós
-
Graduação
 
em Gestão d
e
 
Cooperativa d
e Crédito (Uniasselvi
)
. 
 
 
 
 
DESAFIOS E POSSIBILIDADES DO CURRÍCULO FLEXIVEL PARA OS ALUNOS 
COM TRANSTORNO DO DESENVOLVIMENTO NA BUSCA PELA COESÃO DA 
BNCC E RCG 
 
Challenges and possibilities of Flexible Curriculum for development students in the 
search for BNCC and RCG cohesion 
 
NAZÁRIO, Maxmilian Velho¹ 
 
RESUMO 
A promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em 1990 consagrou uma 
nova abordagem para políticas públicas de proteção integral para as crianças e os 
adolescentes. Em decorrência e com a evolução do ECA, as pessoas com deficiência –
transtorno do desenvolvimento, como os excepcionais, deixam de ser vistos como portadores 
de necessidades especiais – e frequentemente um problema a ser enfrentado – e passam a ser 
reconhecidos como sujeitos com direitos, cabendo aos adultos o dever de construir um 
sistema que os acolha e proteja, frente à sua vulnerabilidade social. Com a implementação do 
Currículo Flexibilizado, com ênfase na Base Nacional Comum Curricular e Referencial 
Curricular Gaúcho, esses alunos passaram a ter uma evolução pedagógica, cognitva, 
humanística. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Transtorno do Desenvolvimento. Currículo Flexibilizado. Base 
Nacional Comum Curricular. Referencial Curricular Gaúcho 
 
ABSTRACT 
The promulgation of the Child and Adolescent Statute (ECA) in 1990 enshrined a new 
approach to comprehensive protection public policies for children and adolescents. As a result 
of and with the evolution of the ECA, people with disabilities –developmental disabilities, 
such as the exceptional, cease to be seen as having special needs - and often a problem to be 
tackled - and are now recognized as subjects with rights, It is up to adults to build a system 
that welcomes and protects them in the face of their social vulnerability. With the 
implementation of the Flexible Curriculum, with emphasis on the Common National 
Curriculum Base and Gaucho Curriculum Referential, these students began to have a 
pedagogical, cognitive, humanistic evolution. 
 
KEYWORDS: Developmental Disorder. Flexible Curriculum. Common National 
Curriculum Base. Gaucho Curricular Reference 
______________________ 
1
 Aluno do curso de Pós-Graduação em Gestão de Cooperativa de Crédito (Uniasselvi).