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RESUMO DE DIREITO PENAL III

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RESUMO DE DIREITO PENAL III
LESÕES CORPORAIS
· Lesão corporal consiste em qualquer dano ocasionado à integridade física e à saúde fisiológica ou mental do homem, sem, contudo, o animus necandi. A integridade física diz respeito à alteração anatômica, interna ou externa, do corpo humano, geralmente produzida por violência física e mecânica.
· Art. 129 do CP: - “ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem”. Pena - detenção, de três meses a um ano.
· Tal crime integra o rol dos crimes contra a pessoa. A lei tutela a vida do indivíduo e também a sua incolumidade física e mental.
· No tocante ao consentimento do ofendido, em princípio, nenhum efeito gera, em face do caráter indisponível do bem incolumidade física. No entanto, tal concepção sofre certa flexibilização nos casos de lesões esportivas e cirúrgicas. 
ELEMENTOS DO TIPO
· Meios de Execução: São os mesmos utilizados no delito de homicídio. Trata-se de crime de ação livre. Isto posto, a violência física é desnecessária para a produção das lesões corporais, podendo a ofensa à integridade e saúde da vítima dar-se através de outros meios que acarretem transtornos psíquicos.
· Sujeito ativo: Qualquer pessoa, exceto o próprio ofendido, pode praticar o crime em questão. A autolesão é considerada irrelevante penal, desde que a causa da ofensa física não tenha outra finalidade, lesiva de outro objeto jurídico. Assim, haverá crime de fraude se o agente, mutilando se, pretender obter (indevidamente) indenização. 
· Sujeito passivo: Qualquer pessoa, salvo nas hipóteses dos §§ 1º, IV, e 2º, V, do art. 129 do CP, que deve ser mulher grávida.
· Momento consumativo: Trata-se de crime de dano. A consumação se dá no momento da efetiva ofensa à integridade corporal ou à saúde física ou mental da vítima (crime instantâneo – material).
· Tentativa: Há controvérsias. Discute-se na doutrina acerca da possibilidade da tentativa no crime de lesões corporais, pois argumenta-se que não se saberia na prática aferir qual a lesão intencionada pelo agente, ou seja, leve, grave, gravíssima; contudo como bem alerta Com efeito, por se tratar de um crime de dano, a tentativa é perfeitamente admissível. Dúvida não há quanto a isso. A dificuldade surge no momento em que se pretende provar qual a lesão intencionada pelo agente.
· Elemento subjetivo: O elemento subjetivo é o dolo, consistente na vontade livre e consciente de ofender a integridade física ou a saúde de outrem. Exige-se, assim, o chamado animus nocendi ou laedendi. É a intenção de lesionar que diferencia o crime de lesão corporal consumado e a tentativa de morte cruenta.
FORMAS:
Lesão corporal
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Lesão corporal de natureza grave
§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 2° Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incuravel;
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Lesão corporal seguida de morte
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Diminuição de pena
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Substituição da pena
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II - se as lesões são recíprocas.
Lesão corporal culposa
§ 6° Se a lesão é culposa:
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Aumento de pena
§ 7o  Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Código.
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.
Violência Doméstica
§ 9o  Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).
§ 11.  Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência.
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAUDE 
· O Código Penal contempla diversos crimes de perigo, quais sejam: 
a) Perigo de contágio venéreo (art. 130).
b) Perigo de contágio de moléstia grave (art.131).
c) Perigo para a vida ou saúde de outrem (art. 132).
d) Abandono de incapaz (art. 133).
e) Exposição ou abandono de recém-nascido (art. 134).
f) Omissão de socorro (art. 135).
g) Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial (art. 135-A).
h) Maus-tratos (art. 136).
· Tais crimes se diferenciam dos demais quanto ao elemento subjetivo e objetivo.
· Não existe crime sem que haja uma conduta humana (ação ou omissão, dolosa ou culposa) e a produção de um resultado. Resultado é a modificação do mundo exterior. Tanto pode consistir em um dano concreto quanto em um dano potencial. 
· O legislador prevendo a probabilidade de efetiva ocorrência de dano ao bem jurídico, cuidou de tipificar aquela conduta.
· O bem jurídico protegido é a incolumidade física e a saúde da pessoa.
· Periclitação – significa crimes de perigo.
· Espécies de crimes de perigo: 
(i) Crime de perigo concreto: são aqueles cuja caracterização virá pela efetiva comprovação de que a conduta do agente trouxe a probabilidade do dano ao objeto jurídico protegido. 
(ii) Crime de perigo abstrato: Basta a prática da conduta típica pelo agente, não sendo necessário comprovar o perigo real de acontecimentos dos fatos, para que se opere a presunção legal de perigo. 
(iii) Crime de perigo individual: é o perigo que atinge determinadas pessoas (CP, arts. 130 a 136). 
(iv) Crime de perigo comum ou coletivo: é aquele que diz respeito a um número indeterminado de pessoas (afeta a incolumidade pública – cf. os delitos previstos nos arts. 250 a 285 do CP)
(v) Crime de perigo atual: é a possibilidade presente de ocorrência de dano. 
(vi) Crime de perigo iminente: é aquele que está prestes a acontecer.
(vii) Crime de perigo futuro ou mediato: é aquele que pode advir da conduta; por exemplo, porte de arma de fogo, associação criminosa.
PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO (ART. 130)
· Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, desde que sejam portadores de moléstia venérea (condição particular exigida por esse tipo penal). Ademais, o sujeito passivo também pode ser qualquer ser qualquer pessoa, sem qualquer condição particular.
· Trata-se de um interesse de ordem pública, na medida em que interessa ao Estado zelar pela saúde de cada integrante do corpo social.
· Nélson Hungria aponta que “é irrelevante o consentimento do ofendido, isto é, o seu assentimento ao ato sexual, apesar de conhecer o risco do contágio”. Pois o bem tutelado protegido é indisponível, por se tratar de interesse público (supraindividual).
· A ação consiste em expor a contágio de moléstia venérea de que sabe ou devia saber ser portador. O perigo deve ser direto e iminente, isto é, concreto. É suficiente a exposição ao perigo, sendo desnecessário o dano.
· O meio de exposição a contágio venéreo é somente através de relações sexuais ou qualquer outro ato libidinoso.
· O direito de representação conferido somente à vítima lhe proporciona um juízo de conveniência quanto ao exercício da tutela penal pelo Estado. Na realidade, o legislador, ao prever a representação como condição parao exercício da ação penal, tem em vista o interesse do ofendido em evitar a publicidade do processo que pode vir a ser muito mais prejudicial que o próprio malefício acarretado pelo crime. 
· A ação penal continua é pública; contudo, o Estado outorgou-lhe o direito de autorizar ou não o exercício da tutela penal.
· A exposição a contágio de moléstia venérea ocorre, consoante a lei, através de relações sexuais, que abrange não só a conjunção carnal como qualquer outro ato de libidinagem (p. ex., sexo oral, coito anal). 
Não se poderá falar em crime de perigo de contágio venéreo se o perigo provier de qualquer outra ação física (crime de conduta vinculada). 
· Vale salientar que a AIDS, não é moléstia venérea pela medicina (não se transmite somente por atos sexuais), poderá tipificar o crime do art. 131, lesão corporal seguida de morte ou até mesmo homicídio, dependendo da intenção do agente, mas nunca o crime de perigo de contágio venéreo. 
(i) Se o agente age com o fim de transmitir a doença e acaba transmitindo, o enquadramento da conduta dar-se-á no homicídio doloso tentado ou consumado.
(ii) Se o agente, estando contaminado, transmite o vírus culposamente, responderá pelo delito de lesão corporal culposa (art. 129, § 6º) ou homicídio culposo (art. 121, § 3º).
· Nesse mesmo sentido, para a 5ª Turma do STJ, trata-se de lesão corporal grave a transmissão consciente da síndrome vírus HIV.
· O artigo prevê três distintas modalidades do delito de perigo de contágio venéreo, de acordo com o elemento subjetivo. 
· Vejamos: 
(i) O AGENTE “SABE QUE ESTÁ CONTAMINADO” (CAPUT) – Dolo direto de perigo. O agente tem pleno conhecimento de que é portador de doença venérea e mesmo assim pratica ato sexual com a vítima, consciente de que com tal ação estará criando uma situação concreta de perigo de contágio de moléstia venérea. Não há a intenção de transmitir efetivamente a moléstia. Ele apenas expoe a vítima a situação de perigo. 
(ii) § 1º A VONTADE DE TRANSMITIR A MOLÉSTIA – dolo direto de dano. O agente, consciente de que é portador da moléstia grave, pratica ato sexual com a vítima com a intenção de efetivamente transmiti-la. Mais do que a exposição a perigo, pretende o efetivo contágio, o que qualifica o crime, com a consequente majoração da pena.
(iii) O AGENTE “DEVE SABER QUE ESTÁ CONTAMINADO” (CAPUT) – Dolo eventual de perigo (há controvérsias). No entendimento de Fernando Capez “trata-se não de dolo eventual, mas de uma anômala previsão de figura culposa. Com efeito, nosso Código Penal exige para o dolo eventual que o agente não apenas preveja, mas também assuma o risco de produzir o resultado. A expressão “deve saber” indica apenas que o agente desconhecia a circunstância de estar contaminado, quando devia saber. Infringiu, portanto, uma obrigação de cautela. Isso não é dolo; é culpa”.
· Dá-se a consumação com a prática de relações sexuais ou atos libidinosos capazes de transmitir a moléstia venérea. Não é necessário o contágio; basta a criação de perigo de contágio (crime formal).
· Haverá a tentativa na hipótese em que o agente, querendo manter relação sexual com a vítima, não consegue realizá-la. A tentativa é possível principalmente na hipótese do § 1º, em que há o dolo direto de dano.
· Formas: 
a) Simples (art. 130, caput) A pena prevista para o delito em questão é a de detenção, de três meses a um ano, ou multa.
b) Qualificada (art. 130, § 1º) É importante destacar que o especial a intenção do agente de transmitir a moléstia, qualifica o crime em questão, acarretando o aumento da pena do tipo básico (reclusão, de 1 a 4 anos, e multa). 
· O efetivo contágio não é necessário para a consumação do delito, mas, se aquele ocorrer, a hipótese continuará sendo a do § 1º, pois será considerado mero exaurimento do crime em tela.
· Trata-se de crime de ação penal pública condicionada à representação do ofendido ou de seu representante legal. É a manifestação de vontade do ofendido ou do seu representante legal no sentido de autorizar o desencadeamento da persecução penal em juízo. Sem a representação do ofendido não se pode dar início à persecução penal.
ART. 131 – PERIGO DE CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE
· Tutela a saúde e a incolumidade física das pessoas.
· A ação nuclear do tipo é praticar ato capaz de produzir o contágio de moléstia grave. Ao contrário do art. 130, o tipo penal não exige a prática de relações sexuais ou atos libidinosos como meios de transmitir a moléstia. Trata-se, aqui, de crime de ação livre.
· A transmissão pode se dar mediante relações sexuais ou atos libidinosos, desde que a moléstia não seja venérea. 
· A contaminação de moléstia venérea grave e realizada por outro meio que não o ato sexual configura o de​lito em tela.
· Sujeito ativo - Qualquer pessoa, contaminada de moléstia grave e contagiosa.
· Sujeito passivo - Qualquer pessoa, desde que não infectada com a mesma moléstia (se não estamos diante de um crime impossível).
· Não basta a mera consciência e vontade do agente de praticar ato capaz de produzir o contágio, pois o tipo penal exige, também uma finalidade de transmitir a outrem moléstia grave. Desse modo, no tipo penal em estudo, há o dolo direto de dano acrescido do fim especial de agir.
· Cabe acentuar que o risco dentro da normalidade não é abrangido pelo tipo penal (ex- médicos e enfermeiros).
· O momento consumativo do crime ocorre com a prática do ato capaz de produzir o contágio, aliada à intenção de transmitir a moléstia grave. Na realidade, não é crime de perigo, é um delito formal, em que não se exige necessariamente que o agente consiga o efetivo contágio.
· Se do efetivo contágio da moléstia grave advier a produção de um dos resultados do art. 129, §§ 1º e 2º, o agente responderá pelo delito de lesão corporal grave ou gravíssima.
· Quanto ao resultado morte produzido pela contaminação da moléstia grave, o agente responderá, se teve a intenção de matar, por homicídio tentado ou consumado, conforme ocorra ou não a morte.
· É inadmissível quando o ato com que se pretende o contágio é único. Se houver vários atos, ela será possível – ou seja, é possível a tentativa.
· Formas:
a) Simples (art. 131, caput).
b) Culposa - Não há forma culposa do delito em estudo. 
c) Concurso de crimes - Se, para além do potencial atingimento da vítima, o agente desejar a causação de uma epidemia, pode apresentar-se, em concurso, a figura do art. 267.
· Trata-se de crime de ação penal pública incondicionada, pois independe de representação do ofendido ou de seu representante legal.
· Pena: reclusão de 1 a 4 anos, e multa.
ART. 132 - PERIGO PARA A VIDA OU SAÚDE DE OUTREM
· Trata-se de delito de caráter subsidiário, por expressa disposição contida em seu preceito secundário: “se o fato não constitui crime mais grave”. Assim, se praticado crime de maior gravidade, este absorverá o delito de perigo em tela.
· O Código tutela o direito à vida e à saúde das pessoas humanas. Cuida-se de objeto jurídico indisponível.
· O consentimento da vítima na sua violação é irrelevante para excluir o crime de perigo para a vida ou saúde de outrem.
· Sujeito ativo – Qualquer pessoa.
· Sujeito passivo - Qualquer pessoa, apenas se exige que o sujeito passivo seja determinado, pois o crime é de perigo individual.
· O verbo expor, que significa colocar em perigo a vida ou a saúde de outrem. 
· A exposição a perigo pode ser realizada mediante uma conduta comissiva, por exemplo, agredir motorista de ônibus, colocando em perigo todos os passageiros que no seu interior se encontravam, ou omissiva, por exemplo, familiares que não autorizam a urgente transfusão de sangue, por motivos religiosos, em favor de paciente anêmica.
· Elemento subjetivo - É o dolo de perigo, consistente na consciência e vontade de expor a perigo. Não Há forma culposa.
· A consumação do crime em estudo dá-se com a produção efetiva do perigo. Trata-se de delito de perigo concreto. Ou seja, a caracterização do crime virá pela efetiva comprovação de que a conduta do agente trouxe, a probabilidade do dano ao objeto jurídico protegido (crimeformal).
· E se da conduta de expor a perigo sobrevier lesão corporal à vítima? Nesse caso, em tese, deveria o agente responder pelo delito de lesão corporal culposa (CP, art. 129, § 6º),
· Em tese é possível à tentativa, mas somente na modalidade comissiva; jamais na omissiva.
· Causa de aumento de pena (art. 132, parágrafo único)- A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais. 
· A finalidade primordial dessa majoração é coibir o transporte em condições irregulares dos chamados boias-frias, evitando-se com isso os acidentes que geralmente acontecem. O transporte a que a lei se refere é o veículo motorizado. Exige o tipo que as pessoas sejam transportadas para prestar serviços em estabelecimento de qualquer natureza.
· Trata-se de crime de ação penal pública incondicionada, que independe de representação do ofendido ou de seu representante legal.
· Pena: detenção de 3 meses a 1 ano, se o fato não constitui crime mais grave.
ART. 133 – ABANDONO DE INCAPAZ
· É um crime de perigo concreto em decorrência do próprio verbo empregado na figura criminosa, qual seja, abandonar, o que exige um risco efetivo, real.
· Bem jurídico tutelado: incolumidade física e saúde das pessoas incapazes (a objetividade jurídica é o interesse relativo a segurança do incapaz).
· Abandonar significa deixar a vítima sem assistência, ao desamparo. 
· O crime pode realizar-se mediante uma conduta comissiva, por exemplo, conduzir um incapaz até uma floresta, abandonando; como também por uma conduta omissiva, por exemplo, babá que abandona o emprego, deixando as crianças. Não basta para a configuração do crime o simples abandono do incapaz; o abandono deve criar uma situação de perigo concreto para a vítima.
· Sujeito ativo - Esse crime somente pode ser cometido por aquele que tenha o indivíduo sob o seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade.
· Sujeito passivo - Qualquer pessoa que se encontre sob o cuidado, guarda, vigilância ou autoridade do sujeito ativo e por qualquer motivo seja incapaz de defender-se dos riscos advindos do abandono. 
· A incapacidade não é apenas a civil, podendo ser corporal ou mental, durável ou temporária. Pode também ser absoluta (inerente à condição da vítima, uma criança, um ancião, um alucinado, um cego) ou relativa (decorrente do lugar, do tempo, das circunstâncias do abandono da vítima, deixada à própria sorte enquanto embriagada, enferma, amarrada).
· Elemento subjetivo: É o dolo, consistente na vontade livre e consciente de abandonar a vítima, de modo a expor a perigo a sua vida ou saúde. Admite-se o dolo tanto na modalidade direta quanto na eventual. Não há forma culposa.
· Consuma-se o delito com o abandono do incapaz, desde que haja perigo concreto para a vida ou a saúde da vítima.
· A tentativa é admissível nos crimes de perigo, desde que o delito seja praticado na modalidade comissiva. 
· Formas:
· Simples (art. 133, caput) - É a figura descrita no caput.
· Qualificada (art. 133, §§ 1º e 2º) - São as figuras descritas nos §§ 1º e 2º. O legislador previu a majoração da pena em duas hipóteses: 
(i) se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave (pena – reclusão, de 1 a 5 anos); (ii) se do abandono resulta morte (pena – reclusão, de 4 a 12 anos).
· Causa de aumento de pena (art. 133, § 3º) - O § 3º prevê três circunstâncias que agravam a pena (aumento de 1/3):
a) Se o abandono ocorre em lugar ermo (inciso I).
b) Se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima (inciso II).
c) Se a vítima é maior de 60 anos (inciso III).
· Trata-se de crime de ação penal pública incondicionada, que independe de representação da vítima ou de seu representante legal.
· O estado de necessidade atua como causa excludente da ilicitude desde que preenchidos os requisitos constantes no art. 24 do Código Penal.
· Pena: detenção de 6 meses a 3 anos.
ART. 134 – EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE RECÉM-NASCIDO
· O especial motivo que impele o agente a praticar o crime: ocultar a desonra própria.
· Tutela-se a vida e a saúde do recém-nascido; sua incolumidade pessoal.
· São ações nucleares os verbos expor ou abandonar. Ambos significam deixar o recém-nascido sem assistência, ao desamparo. O primeiro verbo exprime uma conduta ativa, o recém-nascido é removido do local onde lhe é prestada a assistência para outro diverso, em que esta inexiste; ao passo que o segundo exprime uma conduta omissiva: o sujeito ativo, sem remover a vítima para outro local, deixa de prestar-lhe a devida assistência. Trata-se aqui do abandono físico.
· Sujeito ativo- Crime próprio. O sujeito ativo é a mãe, solteira, adúltera, viúva, que concebeu fora do matrimonio. Entretanto, há controvérsias acerca se o pai também pode responder por esse crime (abandono de recém-nascido para ocultar incesto ou relação adulterina).
· Sujeito passivo - É o recém-nascido, ao contrário do art. 133, que pode ser qualquer incapaz.
· Elemento subjetivo - É o dolo direto de perigo, consistente na vontade e consciência de expor ou abandonar o recém nascido, acrescido do fim especial do agente, de “ocultar desonra própria”. Não Há forma culposa.
· Consuma-se o delito com o abandono, desde que resulte perigo concreto para o recém-nascido. Trata-se de crime instantâneo de efeitos permanentes. 
· A tentativa é admissível nos crimes de perigo, desde que o delito seja praticado na modalidade comissiva.
· Formas:
· Simples (art. 134, caput) - Está descrita no caput.
· Qualificada (art. 134, §§ 1º e 2º) - estão previstas nos §§ 1º e 2º do art. 134. São elas:
(i) se do fato resulta lesão corporal de natureza grave (pena – detenção, de 1 a 3 anos); 
(ii) se resulta morte (pena – detenção, de 2 a 6 anos). 
· Trata-se de crime de ação penal pública incondicionada.
· Pena: detenção de 6 meses a 2 anos.
ART. 135 – OMISSÃO DE SOCORRO
· Cuida o dispositivo de um dever a todos imposto de prestar mútua assistência. Antes de constituir um dever jurídico, constitui sobretudo um dever ético de solidariedade.
· Omissão é uma forma de conduta (comportamento negativo).
· Crimes omissivos próprios são aqueles que se consumam com um simples "não fazer", não se ligando, via de regra, a um resultado, ou seja, à relação de causalidade naturalística. 
· Elementos do tipo:
· Perfaz-se o crime de duas formas: 
(i) Deixar de prestar assistência: cuida aqui o dispositivo do dever de assistência imediata. O agente, podendo diretamente prestar imediato socorro, desde que sem risco pessoal, não o faz.
(ii) Não pedir socorro a autoridade pública: cuida-se, no caso, do dever de assistência mediata. O sujeito não podendo prestar imediato socorro, sem risco pessoal, deverá solicitá-lo à autoridade pública.
· Sujeito ativo: Qualquer pessoa, independentemente de vinculação especial com o sujeito passivo, poderá praticar o crime em tela.
· O ausente comete o delito em tela? 
· Há duas posições: 
(i) Não. O sujeito ativo deve estar em presença do periclitante. 
(ii) Sim. O ausente comete o delito de omissão de socorro, desde que tenha consciência do grave e iminente perigo em que se encontra o sujeito passivo. A jurisprudência também assim admite. 
· Vale salientar que pode haver concurso de pessoas quando todos se omitem, caso um socorra descaracteriza o tipo para todos.
· Sujeito passivo: são os expressamente elencados no tipo. 
a) Criança abandonada.
b) Criança extraviada (criança perdida).
c) Pessoa inválida. 
d) Pessoa ferida. 
e) Pessoa em grave e iminente perigo.
· Risco moral ou material não exime o delito.
· O garante responderá pelo resultado naturalístico previsto.
· Considera-se criança a pessoa de até 12 anos de idade incompletos.
· Segundo a doutrina, nas hipóteses “a”, “b”, “c” e “d”, o perigo é presumido jures et de jure, isto é, basta a prova de que o indivíduo se enquadra em uma delas. presunção de perigo será absoluta.
· Elemento subjetivo: É o dolo de perigo. A vontadede não prestar a assistência ou não pedir o socorro da autoridade pública. O dolo deve abranger a consciência de que a vítima está em situação de perigo, pois o erro exclui o dolo (CP, art. 20). Não há forma culposa.
· Trata-se de crime omissivo puro; portanto a consumação ocorre no exato momento da abstenção do comportamento devido.
· Cabe acentuar, que o retorno do agente ao local onde se encontra o periclitante, não impede a consumação do delito. Frise-se que o auxílio deve ser imediato.
· A tentativa do crime é inadmissível por ser crime omissivo puro.
· Formas:
· Simples (art. 135, caput) - Está descrita no caput. 
· Causas de aumento (art. 135, parágrafo único) - Está descrita no parágrafo único: “a pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte”. Trata-se de crime preterdoloso. 
· Trata-se de ação penal pública incondicionada, que independe de representação do ofendido ou de seu representante legal.
· Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.
ART. 135-A – CONDICIONAMENTO DE ATENDIMENTO MÉDICO HOSPITALAR EMERGENCIAL
· O crime consiste no ato de exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico hospitalar emergencial.
· O tipo penal consiste em forma especial de omissão de socorro, praticada mediante o condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial. 
· Só teremos crime se o atendimento médico-hospitalar emergencial estiver condicionado. Exigir qualquer garantia, em outro momento que não o emergencial, não é crime.
· Sujeito ativo: O crime só pode ser praticado por quem tenha autoridade para impedir tratamento condicionando.
· Sujeito passivo: pessoa em estado de emergência.
· Elemento subjetivo: somente admite a forma dolosa. Não há previsão da modalidade culposa no tipo penal.
· Consuma-se no exato momento de exigência de garantia ou burocracia, impedindo o atendimento emergencial.
· Trata-se de delito plurissubsistente, ou seja, pode ser praticado em diversos atos, logo, admite tentativa.
· Causa de aumento de pena - a pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento resulta lesão corporal de natureza grave e até o triplo, se resulta a morte. Os resultados majorantes decorrentes de culpa.
· Trata-se de ação penal pública incondicionada.
ART. 136 – MAUS-TRATOS
· Tutela-se a vida e a saúde humana daquele que se encontra sob a autoridade, guarda ou vigilância do sujeito ativo, para fins de educação, ensino, tratamento ou custódia.
· Trata-se de crime de ação múltipla. Dessa forma, poderá o agente expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob a sua autoridade através dos seguintes meios executivos:
a) Privando de alimentos (pode ser relativa ou absoluta).
b) Privando de cuidados necessários (ex: assistência médica, condições para higiene pessoal).
c) Sujeitando a trabalho excessivo (provoca fadiga extraordinária).
d) Sujeitando a trabalho inadequado (trabalho incompatível com as condições da vítima).
e) Abusando de meio corretivo ou disciplina (consiste no uso ilegítimo, imoderado, excessivo, dos meios de correção).
· MAUS TRATOS X TORTURA:
· Crime de maus-tratos e a Lei de Tortura muito se assemelham. O crime de tortura, contudo, ao contrário do crime de maus-tratos, apresenta-se da seguinte maneira: exige para a sua configuração típica que a vítima seja submetida a intenso sofrimento físico ou mental; (situações extremadas) e exige-se que o móvel propulsor da conduta seja a vontade de fazer a
vítima sofrer por sadismo, ódio. 
· Outrossim, no delito de maus-tratos ocorre abuso nos meios de correção e disciplina, de maneira que o elemento subjetivo que o informa é o animus corrigendi, e não o sadismo, e o ódio. 
· Sujeito ativo: Só pode ser autor a pessoa que tem outra sob sua guarda, autoridade ou vigilância para fins de educação, ensino, tratamento ou custódia (crime próprio).
· Sujeito passivo: As pessoas que se encontram sob a autoridade, guarda ou vigilância para fins de educação, ensino, tratamento ou custódia de outra. Deve haver necessariamente uma relação subordinativa entre o agente e a vítima.
· Elemento subjetivo: É o dolo, consistente na vontade livre e consciente de maltratar a vítima. Trata-se aqui de crime de perigo; contudo, se a intenção do agente for causar lesão na vítima ou a sua morte o crime será outro (lesão corporal ou homicídio). Não há modalidade culposa no crime em tela.
· Consuma-se o delito com a exposição do sujeito passivo ao perigo de dano através de uma conduta ativa ou omissiva. Cuida-se de crime de perigo concreto, de modo que ele não se presume, devendo ser comprovada.
· A tentativa não é possível nas modalidades omissivas do crime em tela. É admissível somente na modalidade comissiva.
· Formas:
· Simples (art. 136, caput) - Está prevista no caput do art. 136 do CP.
· Qualificada (art. 136, §§ 1º e 2º) - Está prevista nos §§ 1º e 2º. O crime será qualificado quando da exposição resultar: (i) lesão corporal grave e (ii) morte (reclusão, de 4 a 12 anos). O resultado qualificador jamais poderá ter sido querido pelo agente.
· Ressalve-se que a lesão corporal leve é absorvida pelo crime de maus tratos.
· Causa de aumento de pena (art. 136, § 3º) - Está prevista no § 3º. Prevê o aumento de pena de um terço se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 anos. 
· Diferença entre maus-tratos e lesões corporais :
· Lesões corporais: Constitui crime de dano; o elemento subjetivo é a vontade de causar dano à integridade física ou psíquica do agente.
· Maus-tratos: Constitui crime de perigo; o elemento subjetivo é o ânimo de maltratar o sujeito passivo. Embora possa acarretar dano ao sujeito passivo, o crime é essencialmente de perigo.
· Trata-se de ação penal pública incondicionada.
CRIMES CONTRA A HONRA
· Trata-se de delitos que ofendem bens imateriais da pessoa humana, no caso, a sua honra pessoal. São eles: calúnia (CP, art. 138), difamação (CP, art. 139) e injúria (CP, art. 140). Tutela-se um bem imaterial, relativo à personalidade humana.
· A doutrina costuma conceituar a honra sob vários aspectos. Primeiramente, distingue-se a objetiva da subjetiva. Vejamos: 
(i) Honra objetiva: diz respeito à opinião de terceiros no tocante aos atributos físicos, intelectuais, morais de alguém. É o respeito que o indivíduo goza no meio social. A calúnia e a difamação ofendem a honra objetiva, pois atingem o valor social do indivíduo. 
(ii) Honra subjetiva: refere-se à opinião do sujeito a respeito de si mesmo, ou seja, de seus atributos físicos, intelectuais e morais. Aqui não importa a opinião de terceiros. O crime de injúria atinge a honra subjetiva. 
· A doutrina, também, distingue a honra dignidade da honra decoro: 
(i) Honra dignidade: compreende aspectos morais, como a honestidade, a lealdade e a conduta moral como um todo. 
(ii) Honra decoro: consiste nos demais atributos desvinculados da moral, tais como a inteligência, a sagacidade, a dedicação ao trabalho, a forma física etc. 
· Finalmente, distingue a doutrina a honra comum da honra profissional: 
(i) Honra comum: é aquela que todos os homens possuem.
(ii) Honra profissional: diz respeito a determinado grupo profissional ou social, por exemplo, chamar um médico de açougueiro.
· Consentimento do ofendido: cada uma das ações típicas descritas nos arts. 138, 139 e 140 do CP pressupõe que a ofensa se dê contra a vontade do ofendido, razão pela qual o seu consentimento opera uma causa geradora de atipicidade.
· Natureza Jurídica: Os crimes contra a honra são considerados crimes formais. Para se ter o crime como consumado prescinde-se que o agente cause dano à reputação do ofendido.
· Crimes contra a honra e legislação especial: A previsão de crimes contra a honra não se exaure no Código Penal.
· Dessa forma, primeiramente devemos sempre analisar se a ofensa à honra se enquadra em um dos tipos penais previstos nas leis especiais, e só depois tentar enquadrar o fato em um dos tipos do Código Penal. 
·Podemos citar as seguintes leis especiais: Código Eleitoral, Lei de Segurança Nacional, Código Militar.
ART. 138 – CALÚNIA
· Tutela-se a honra objetiva (reputação) - aquilo que as pessoas pensam a respeito do indivíduo no tocante às suas qualidades.
ELEMENTOS DO TIPO:
· Elemento normativo do tipo: não basta a imputação de fato definido como crime, exige-se que este seja falso. Se o fato for verdadeiro, não há que se falar em crime de calúnia.
· De acordo com o § 1º, na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.
· Sujeito ativo: Trata-se de crime comum. Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime de calúnia.
· Sujeito passivo: Qualquer pessoa. Em face do previsto pelos arts. 225, § 3º, e 173, § 5º, da Constituição Federal, passou-se a admitir a responsabilidade penal das pessoas jurídicas nos crimes contra a ordem econômica e financeira, economia popular e meio ambiente. Doentes mentais e menores de 18 anos podem ser sujeitos passivos. Inclusive, desonrados, depravados, prostituidos e marginais.
· Elemento subjetivo: É o dolo de dano, consistente na vontade e consciência de caluniar alguém, atribuindo-lhe falsamente a prática de fato definido como crime, de que o sabe inocente.
· Hipóteses em que o animus injuriandi vel diffamandi ficará excluído nos crimes contra a honra:
a) Animus jocandi : o agente age com o ânimo de fazer gracejo, de caçoar; não há a intenção de ofender, desde que os limites toleráveis não sejam excedidos.
b) Animus narrandi : é a intenção de narrar ou relatar um fato. Não haverá crime se a testemunha ou a vítima, no estrito cumprimento do dever jurídico, narram fatos pertinentes à causa, atribuindo o crime a outrem. 
c) Animus defendendi : é a intenção de se defender em processo. Em se tratando de crime de injúria e difamação. Trata-se de hipótese de imunidade judiciária. Embora não incida essa imunidade no crime de calúnia, há entendimento no sentido de que o advogado, quando imputa a outrem fato definido como crime, no exercício de sua atividade profissional e na defesa de seu constituinte, não responde pelo crime de calúnia.
 d) Animus corrigendi vel disciplinandi : é a intenção de corrigir. O agente, na realidade, não quer ofender, mas apenas corrigir os erros daquele que se encontra sob a sua autoridade, guarda ou vigilância, e, para tanto, exaspera-se no emprego dos termos (dentro dos limites). toleráveis. 
e) Animus consulendi: é a intenção de aconselhar, de informar acerca dos atributos de determinada pessoa, mediante solicitação de outrem ou por livre iniciativa. 
f) Exaltação emocional ou discussão: Não há crime contra a honra, se o discurso contumelioso do agente foi motivado por um estado de justa indignação, pronunciadas em momento de exaltação emocional ou proferidas no calor de uma discussão.
· Momento consumativo: Dá-se quando a falsa imputação torna-se conhecida de outrem, que não o sujeito passivo. É necessário haver publicidade (basta que uma pessoa tome conhecimento), pois apenas desse modo atingir-se-á a honra da pessoa (reputação). 
· Se houver consentimento do ofendido, inexiste o crime.
· Tentativa: não admite tentativa.
· Formas: 
· Simples (art. 138, caput) Está prevista no caput - No § 1º estamos diante de um subtipo do crime de calúnia.
· Majorada (art. 141) 
· Exceção da verdade (exceptio veritatis – art. 138, § 3º) - A calúnia é a imputação falsa de um crime. O objeto da imputação falsa pode recair sobre o fato, quando este, atribuído à vítima, não ocorreu; 
· A falsidade da imputação é sempre presumida e a ofensa à honra só deixa de existir se ficar provada a veracidade do crime atribuído ao ofendido. Admite-se em regra, a lei penal, que o agente prove que a ofensa é verdadeira, afastando, dessa forma, o crime. 
· Provada a veracidade do fato criminoso imputado, não há que se falar na configuração do crime de calúnia, ante a ausência do elemento normativo “falsamente”. 
· A Lei Penal admite a exceção da verdade como regra geral para o crime de calúnia e, como exceção, para o crime de difamação. 
	CALÚNIA
	DIFAMAÇÃO
	INJÚRIA
	Regra geral: é admissível a exceção da verdade. 
	Regra geral: não é admissível a exceção da verdade. 
	Regra geral: jamais será admissível a exceção da verdade, pois não se trata de imputação de fato, mas de qualidade negativa.
	Exceção: não é admissível nas hipóteses do § 3º, I, II e III, do art. 138.
	Exceção: é admissível na hipótese do parágrafo único do art. 139.
	
· Em regra, é admissível a exceção da verdade no crime de calúnia, salvo nas seguintes hipóteses: 
(i) Se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível (inciso I).
(ii) Se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no n. I do art. 141 (inciso II): se o fato for imputado ao Presidente da República, ou chefe de governo estrangeiro, a exceção da verdade também é inadmissível. Em virtude do cargo e função que ocupam, evita-se com tal vedação macular o prestígio dessas pessoas, expondo-as ao vexame.
(iii) Se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível (inciso III): a proibição da exceção da verdade nesse caso funda-se na autoridade da coisa julgada.
EXCEÇÃO DA VERDADE. PRERROGATIVA DE FORO. COMPETÊNCIA 
· Prevê o art. 85 do Código de Processo Penal que, “nos processos por crime contra a honra, em que forem querelantes as pessoas que a Constituição sujeita à jurisdição do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais de Apelação, àquele ou a estes caberá o julgamento, quando oposta e admitida a exceção da verdade”. 
· Trata o citado artigo da competência para julgar a exceção da verdade oposta contra querelante dotado de foro privilegiado.
· Exemplo: “A” afirma que “B”, deputado federal, vem, continuadamente, desde a sua posse, se apropriando de dinheiro público. “B” propõe ação penal privada contra “A” por crime de calúnia, que se processa na 1ª Vara Criminal do Foro Central da Capital. Se “A” opuser exceção da verdade contra “B”, ela deverá ser julgada pelo Supremo Tribunal Federal (CF, art. 102, I, b), que é o Tribunal competente para julgar membros do Congresso Nacional. 
· Ressalve-se que o artigo em comento fala apenas que ao tribunal competente caberá o julgamento e não o processamento da exceção da verdade. Dessa forma, o juízo de admissibilidade e o processamento da exceção serão realizados pelo Juízo a quo, no exemplo, pelo Juiz da 1ª Vara Criminal do Foro Central da Capital, e o seu julgamento pelo Supremo Tribunal Federal.
· OBS: No tocante ao crime de difamação, é inaplicável o disposto no art. 85 do CPP, de modo que a exceção da verdade oposta contra querelante detentor de foro privilegiado deverá ser processada e julgada pelo próprio juiz do processo de conhecimento.
· Por ocasião do oferecimento da defesa inicial, o querelado poderá apresentar a exceção da verdade ou da notoriedade do fato. Deve ser alegada nos próprios autos principais, juntamente com essa defesa.
· Se a exceção não for oposta por ocasião da defesa inicial (antiga defesa prévia), não se presumirão verdadeiros os fatos.
· O art. 523 do CPP faz menção à exceção da verdade ou da notoriedade do fato imputado. Consiste na oportunidade facultada ao réu de demonstrar que suas afirmações são do domínio público. Sendo admitida tanto no crime de calúnia quanto no delito de difamação.
CALÚNIA DISTINÇÕES
· Calunia e denunciação caluniosa: Na calúnia, há apenas a imputação falsa da prática de um fato definido como crime. Na denunciação caluniosa (CP, art. 339), o agente não só atribui à vítima, falsamente, a prática de um delito, como o leva ao conhecimento da autoridade, causando a instauração de um inquérito policial ou de ação penal contra ela.
· A calúnia constitui crime contra a honra, ao passo que a denunciação caluniosa é crime contra a administração da Justiça.
· Calúnia e falso testemunho: Se o depoimento é falso, o crime será o de falso testemunho, não outro. 
· Calúnia e difamação: Na calúnia, há a imputação de fato definido comocrime, e o fato imputado deve ser necessariamente falso; na difamação, o fato imputado não é criminoso, mas ofensivo à reputação;
· Calúnia e injuria: Na calúnia, há a imputação de fato definido como crime, há o atingimento da honra objetiva, e o crime se consuma quando terceiros tomam conhecimento da imputação falsa; na injúria, há a atribuição de qualidade negativa, há o atingimento da honra subjetiva, e o crime se consuma quando a própria vítima toma conhecimento da imputação.
DIFAMAÇÃO – ART. 139
· Objeto jurídico: protege-se a honra objetiva, ou seja, a reputação, a boa fama do indivíduo no meio social.
ELEMENTOS DO TIPO: 
· O núcleo do tipo é o verbo difamar, que consiste em imputar a alguém fato ofensivo à reputação (atribuir o fato ao ofendido). 
· O fato deve ser concreto, determinado, não sendo preciso, contudo, descrevê-lo em minúcias. Por outro lado, a imputação vaga e imprecisa, ou seja, em termos genéricos, não configura difamação.
· O fato ofensivo deve necessariamente chegar ao conhecimento de terceiros.
· Sujeito ativo: qualquer pessoa.
· Sujeito passivo: qualquer pessoa determinada, inclusive os menores e os doentes mentais. No tocante a pessoa jurídica, esta possui reputação, de maneira que a divulgação de fatos desabonadores de seu conceito junto à sociedade pode acarretar-lhe dano irreparável. 
· Elemento subjetivo: dolo de dano. Não basta apenas o dolo, exige-se um fim especial de agir, consistente na vontade de ofender, denegrir a reputação do ofendido.
· Momento consumativo: Consuma-se no instante em que terceiro, que não o ofendido, toma ciência da afirmação que macula a reputação.
· A tentativa não é admitida em caso de difamação perpetrada pela palavra oral, contudo por meio escrito, é plenamente possível a tentativa. por exemplo: sujeito passivo que consegue interceptar a correspondência antes que ela chegue ao seu destinatário.
· Formas:
a) Simples (art. 139, caput) Está prevista no caput.
b) Majorada (art. 141) Está prevista no art. 141 CP.
c) Exceção da verdade (art. 139, parágrafo único) Na difamação é irrelevante que o fato imputado seja falso ou verdadeiro; logo, via de regra, não cabe a exceção da verdade. Em hipóteses excepcionais, porém, a lei permite a prova da verdade quando se trate de ofensa à reputação de funcionário público, estando este no exercício de suas funções. O fato difamatório deve guardar relação com o exercício do cargo público. 
· Admite-se a prova da verdade se alguém diz de um funcionário que, todos os dias, quando no exercício de seu cargo, se embriaga. Já o mesmo não sucede se disser que, à noite, ele costuma frequentar casa mal-afamada: pois trata-se de sua vida privada no caso em que tal prova é permitida, ela funcionará como causa excludente da ilicitude. 
· A exceção da verdade, ao contrário do delito de calúnia, funciona como causa de exclusão da ilicitude, e não como causa de exclusão da tipicidade. 
· Na calúnia, a falsidade da imputação integra o tipo penal; logo, provada a sua veracidade, exclui-se o tipo penal. Na difamação, ao contrário, pouco importa que o fato seja verdadeiro ou falso, de modo que, provada a veracidade da imputação, no caso em que tal prova é permitida, ela funcionará como causa excludente da ilicitude.
· A exceção da verdade oposta contra querelante detentor de foro privilegiado deverá ser processada e julgada pelo próprio juiz do processo de conhecimento.
· Calúnia, difamação e injúria:
a) Na calúnia, o fato imputado é definido como crime; 
b) Na injúria, não há atribuição de fato, mas de qualidade; na difamação, há a imputação de fato determinado. 
· A calúnia e a difamação atingem a honra objetiva; a injúria atinge a honra subjetiva. A calúnia e a difamação consumam-se quando terceiros tomam conhecimento da imputação; a injúria consuma-se quando o próprio ofendido toma conhecimento da imputação.
INJÚRIA – ART 140
· O bem protegido por essa norma penal é a honra subjetiva, que é constituída pelo sentimento próprio de cada pessoa acerca de seus atributos morais, intelectuais e físicos.
· No tocante à injúria real, prevista no art. 140, § 2º, do Código Penal, por se tratar de um crime complexo, tutela-se também a integridade ou incolumidade física do indivíduo.
ELEMENTOS DO TIPO: 
· Trata-se de crime de ação livre. Todos os meios hábeis à manifestação do pensamento podem servir à injúria. Até mesmo por omissão é possível cometer a injúria, por exemplo, na abstenção da prática de algum ato, como o de não estender a mão a um cumprimento.
· A injúria, se consubstancia na atribuição de qualidades negativas ou de defeitos. 
· De acordo com a classificação doutrinária, a injúria pode ser: 
(i) Imediata – quando é proferida pelo próprio agente; 
(ii) Mediata – quando o agente se vale de outro meio para executá-la.
(iii) Direta – quando se referem ao próprio ofendido; 
(iv) Oblíqua – quando atinge alguém estimado pelo ofendido.
(v) Indireta ou Reflexa – quando, ao ofender alguém, também se atinge a honra de terceira pessoa; 
(vi) Equívoca – quando por meio de expressões ambíguas; 
(vii) Explícita – quando são empregadas expressões que não se revestem de dúvidas. 
· A injúria também pode ser implícita, irônica, interrogativa, reticente, simbólica, truncada.
· Sujeito ativo: qualquer pessoa.
· Sujeito passivo: Qualquer pessoa, desde que tenha capacidade de discernimento do conteúdo da expressão ou atitude ultrajante. 
· O consentimento do ofendido exclui o crime.
· Os doentes mentais podem ser injuriados, desde que haja uma residual capacidade de compreender a expressão ofensiva. De igual modo, os menores podem ser injuriados, dependendo da sua capacidade de compreensão da expressão ou atitude ofensiva.
· É inconcebível a injúria contra pessoa jurídica, na medida em que não há a autoestima, e o “amor-próprio” do agente. 
· Elemento subjetivo: É o dolo de dano, direto ou eventual, consistente na vontade livre e consciente de injuriar alguém, atribuindo-lhe qualidade negativa.
· Consumação: Trata-se de delito formal. O crime se consuma quando o sujeito passivo toma ciência da imputação ofensiva, independentemente de o ofendido sentir-se ou não atingido em sua honra subjetiva, sendo suficiente, tão só, que o ato seja revestido de idoneidade ofensiva.
· A injúria não precisa ser proferida na presença do ofendido (STF, RT 606/414); basta que chegue ao seu conhecimento. 
· Tentativa: É possível, no caso de meio escrito, contudo, se a hipótese for de injúria verbal inadmissível será a tentativa.
· Formas:
a) Simples (art. 140, caput) Está prevista no caput do art. 140.
b) Majorada (art. 141) Está prevista no art. 141 do Código Penal.
c) Perdão judicial. Provocação e retorsão (art. 140, § 1º) O Código Penal, em seu art. 140, § 1 º, prevê duas hipóteses de perdão judicial. Há, nesses casos, a configuração do crime de injúria, porém o juiz pode deixar de aplicar a pena.
· Provocação: quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria (inciso I). Diante da provocação (que pode ser um crime contra a honra, ameaça ou qualquer outra conduta reprovável), é perfeitamente aceitável que o provocado se exalte emocionalmente, e a revide assacando uma injúria contra o provocador. 
· A injúria proferida é consequência direta da ira. O Direito leva em conta o seu estado psicológico e o isenta de pena, (perdão judicial) em que pese ter praticado um crime contra a honra. 
· Frise-se que a provocação deve ser direta, ou seja, deve ser realizada face a face, pessoalmente. 
· Retorsão: no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria (inciso II). Na retorsão há uma injúria que é rebatida com outra injúria. Somente se admite a retorsão na hipótese de injúria verbal. 
· OBS: O Perdão judicial trata-se de causa extintiva da punibilidade. Nas duas hipóteses acima elencadas há a configuração do crime de injúria, mas o juiz, ao constatar as circunstâncias legais, deixa de aplicar a pena.
d) Qualificada. Injúria real (art. 140, § 2º) - Caracteriza-se pelo emprego de violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelomeio empregado, sejam considerados aviltantes (Objeto jurídico: a honra individual e a incolumidade física). 
e) Qualificada por preconceito de raça, cor, etnia, religião, origem ou condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência (art. 140, § 3º) - impôs penas de reclusão, de 1 a 3 anos, e multa, se a injúria for cometida mediante “utilização de elementos referentes a raça, cor, religião ou origem”.
· A exceção da verdade é inadmissível no crime de injúria pois não interessa ao Direito comprovar a veracidade de opiniões pessoais que consistam em ultrajes contra alguém. 
DAS DISPOSIÇÕES COMUNS AOS CRIMES CONTRA A HONRA
· As penas cominadas aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
 I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
 II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
 III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.
 IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria.        
· Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.
· Exclusão do crime:
· Não constituem injúria ou difamação punível:
 I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício.
· Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade.
· Retratação:
· O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. 
· Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa. 
· Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa. 
· Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. 
· Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código.
AÇÃO PENAL. CRIMES DE CALÚNIA, DIFAMAÇÃO E INJÚRIA 
· Regra geral: A ação penal é de iniciativa privada nos três delitos contra a honra. É aquela em que o Estado, titular exclusivo do direito de punir, transfere a legitimidade para a propositura da ação penal à vítima ou a seu representante legal. 
· Evita-se que o escândalo do processo provoque no ofendido um mal maior do que a impunidade do criminoso, decorrente da não propositura da ação penal. 
· O ofendido ou seu representante legal poderão exercer o direito de queixa dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vierem a saber quem foi o autor do crime (CPP, art. 38). O prazo é decadencial .
· Exceções:
Injúria real: 
– se da violência empregada resultam vias de fato: a ação penal é de iniciativa privada, pois as vias de fato são absorvidas pelo crime de injúria, que é delito mais grave; 
– se da violência empregada resultam lesões corporais: a ação penal é pública incondicionada, consoante o disposto no art. 145.
Injúria decorrente de preconceito de raça, cor, etnia, religião, origem ou condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência (CP, art. 140, § 3º): a ação penal é pública condicionada à representação do ofendido (CP, art. 145, parágrafo único). 
Se os delitos forem cometidos contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro (CP, art. 141, I): a ação penal é pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça. 
Se os delitos forem cometidos contra funcionário público, em razão de suas funções (CP, art. 141, II): a ação penal é pública condicionada à representação do ofendido.
· Juizado Especial - Os crimes contra a honra previstos no CP são infrações de menor potencial ofensivo e, por essa razão, estão submetidos ao procedimento dos Juizados Especiais Criminais a que a lei comine pena máxima igual ou inferior a dois anos de reclusão ou detenção, qualquer que seja o procedimento previsto. 
· Ressalve-se que apenas os crimes de calúnia majorada (CP, art. 138 c/c o art. 141) e injúria qualificada por preconceito de raça, cor, etnia, religião, origem ou condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência, por ultrapassarem o limite de pena, não se enquadram no conceito da atual lei.
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL
CONSTRANGIMENTO ILEGAL – ART 146
· Veda-se, assim, qualquer coação no sentido de obrigar outrem a fazer ou deixar de fazer algo a que por lei não está obrigado.
· “Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda”.
· Erro de tipo: se houver erro invencível, inevitável ou escusável no tocante às circunstâncias de fato que tornem a ação legítima, haverá exclusão do dolo e da culpa e, portanto, do crime em tela. 
· Erro de proibição: poderá haver erro sobre a própria legitimidade da ação, ou seja, o agente supõe que está legitimado, pelo ordenamento jurídico, a impedir determinado comportamento, quando, na realidade, está praticando o crime de constrangimento ilegal.
ELEMENTOS DO TIPO: 
· Sujeito ativo: Pode ser praticado por qualquer pessoa. Entretanto, se o agente for funcionário público no exercício de suas funções, ocorrerá outro tipo penal: art. 3º da Lei de Abuso de Autoridade.
· Sujeito passivo: Qualquer pessoa física que possua capacidade de querer. O ofendido deve ter consciência de que a sua liberdade de querer está sendo tolhida.
· Elemento subjetivo: É o dolo (direto ou eventual). 
· O dolo deve abranger o conhecimento da ilegitimidade da pretensão + o emprego dos meios coativos + nexo de causalidade entre o constrangimento e a conduta do sujeito passivo.
· Momento consumativo: Trata-se de crime material, de conduta e resultado naturalístico. O crime se consuma no momento em que a vítima faz ou deixa de fazer alguma coisa.
· Por ser crime material, a tentativa é perfeitamente possível. Isso ocorre na hipótese em que o ofendido não se submete à vontade do agente, apesar da violência.
· Formas:
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