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1 UNIDADE I – EQUAÇÕES DIFERENCIAIS Elaine Gaspar 1. Introdução Esta unidade fará uma introdução ao estudo das equações diferenciais, no qual será abordado o assunto primordialmente sob o ponto de vista prático, incluindo o método das transformadas de Laplace e a de séries de potências. 2. Equação Diferencial 2.1. Definição: Chama-se de equação diferencial a toda equação que estabelece uma relação entre uma variável independente, uma variável dependente e suas derivadas. Exemplos: 1) 2) 3) . / 4) 5) 6) 7) . / . / . / 8) 9) 10) ̈ ̇ ( )√ 2.2. Classificação de uma Equação Diferencial 2.2.1. Equação Diferencial Ordinária (EDO) Chame-se EDO se a função incógnita depende de apenas uma variável independente. Exemplos: 1) 2) 3) . / 4) 5) 2 6) 7) . / . / . / 8) 2.2.2. Equação Diferencial Parcial (EDP) Chama-se EDP se a função incógnita depende de mais de uma variável independente. Exemplos: 1) 2.3. Ordem de uma Equação Diferencial Chama-se ordem de uma equação diferencial à ordem da derivada mais elevada contida nessa equação. Exemplos: Equação de primeira ordem 1) 2) 3) 4) 5) Exemplos: Equação de segunda ordem 1) . / 2) 3) Exemplos: Equação de terceira ordem 1) 2) 2.4. Grau de uma Equação Diferencial Chama-se grau de uma equação diferencial à potência a que ela se acha elevada a derivada de ordem mais alta. 3 Exemplos: Equação de grau um 1) 2) 3) Exemplos: Equação de grau dois 1) ( ) Exemplos: Equação de grau três 1) . / . / . / 2.5. Equações Diferenciais Lineares Uma EDO de ordem n na função incógnita y e na variável independente x é linear se tem a forma: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Obs.: (1) ( )( ) e g(x) supõem-se conhecidas e dependem apenas da variável x. (2) As equações que não podem ser postas sob a forma (I) dizem-se não lineares. Exemplos: EDO Lineares 1) { ( ) ( ) ( ) 2) { ( ) 3) { ( ) ( ) ( ) Exemplos: EDO Não Lineares 1) . / (Não é um polinômio em x) 2) . / . / . / (Não é um polinômio em x) 4 EXERCÍCIOS 1) Classificar cada uma das equações diferenciais abaixo, segunda a ordem, o grau (quando possível) e a linearidade. Determine a função incógnita e a variável independente: a) b) c) ( ) d) e) ̈ ̇ ( )√ f) . / . / g) 2.6. Soluções de uma Equação Diferencial Chama-se solução ou integral particular de uma equação diferencial a toda função que depende da variável independente, de uma constante fixa e que satisfaz as condições da equação. Exemplos: (1) A função ( ) é uma solução particular da equação (2) A função ( ) é uma solução particular da equação (3) A função ( ) não é uma solução particular da equação 2.6.1. Solução Particular Uma solução é dita particular de uma equação diferencial quando esta é qualquer solução da equação. 2.6.2. Solução Geral A solução geral da equação diferencial é o conjunto de todas as suas soluções. 2.7. Problemas de Valor Inicial Um problema de valor inicial consiste em uma equação diferencial, juntamente com condições subsidiárias relativas a função incógnita e suas derivadas tudo dado para um mesmo valor. 5 Exemplos: 1) ( ) ( ) ( ) x = 0 um mesmo valor para variável independente 2) ( ) ( ) ( ) x = um mesmo valor para variável independente 2.8. Problemas de Valor no Contorno Se as condições subsidiárias são condições iniciais e se as condições subsidiárias se referem a mais de um valor da variável independente, o problema é um problema de valores de contorno e as condições dizem-se condições de contorno. Exemplos: 1) . / . / 2) ( ) ( ) ( ) EXERCÍCIOS 1) Verificar se as funções seguintes são as soluções das equações diferenciais dadas: a) b) c) 2) Dada a função ( ) . Determinar de modo que satisfaça as condições dadas, em seguida, determine se tais condições são iniciais ou de contorno: a) ( ) ( ) b) ( ) . / c) ( ) ( ) d) ( ) ( ) 2.9. Equações Diferenciais Homogêneas Uma equação diferencial na forma y’ = f(x, y) é dita homogênea se ( ) ( ) . Exemplos: 1) ( ) 2) ( ) 6 2.10. Equações Diferenciais de Variáveis Separáveis Chama-se de equação de variáveis separáveis a toda equação da forma M(x)dx = N(y)dy, ou seja, M é função somente de x e N somente de y. Exemplos: 1) 2) 3) ( ) 4) 2.11. Equações Diferenciais de Primeira Ordem de Variáveis Separáveis Para se obter a solução geral de uma equação de variáveis basta: o Separar as variáveis o Integrar membro a membro a equação Exemplos: 1) Resolva as equações diferenciáveis abaixo: a) b) c) ( ) ( ) d) ( ) e) f) g) h) i) j) k) l) ( ) ( ) m) ( ) ( ) n) o) ( ) 7 2) Achar as soluções particulares das seguintes equações, que satisfazem as condições iniciais indicadas. a) ( ) b) ( ) c) ( ) d) ( ) ( ) Questões Aplicativas 1) Mostre que se uma função derivável for igual a sua própria derivada, então a função deverá ser da forma 2) Achar a equação da curva que passa pelo ponto (1, - 1), sabendo que o declive de sua tangente em um ponto qualquer é igual ao triplo do quadrado da ordenada do mesmo ponto. 3) O declive da tangente a uma curva num ponto genérico é igual a xy. Achar a equação da curva que passa pelo ponto (0,3). 4) O valor da revenda de determinado equipamento industrial decresce, num período de 10 anos, segundo uma razão que é função da idade do equipamento. Quando este tem x anos de idade, a razão de variação de seu custo é de $220(x – 10) por ano. Exprima o valor do equipamento como função de sua idade e seu custo inicial. Se este era de $12 000,00 quanto valerá o equipamento aos 10 anos de idade? 5) Um poço de petróleo, cuja razão é de 300 barris/mês, secará em três anos. Calcula-se que, daqui a t meses, o preço do barril de petróleo será de $P(t) = 18 + 0,3√ . Admitindo que o petróleo seja vendido tão logo extraído,qual será a receita futura total do poço? 6) O preço de venda de determinada máquina industrial decresce a uma taxa proporcional à idade da máquina, de modo que, quando esta tiver t anos, a razão de variação do respectivo preço é de /ano. a) Exprimir o valor da máquina em função da sua idade e do seu valor inicial. b) Se o custo original da máquina foi $5 200,00 qual será o respectivo valor aos 10 anos de idade. 7) As estatísticas demográficas indicam que, x anos após 1970, determinada comunidade crescia à taxa aproximada de pessoas/ano. Sabendo que em 1979 a população era de 39 000 pessoas. 8 a) Qual era a população em 1970? b) Qual será a população, se permanecer constante aquela razão de crescimento? 8) Uma colônia de bactérias é cultivada sob condições ideais em laboratório, de modo que a população aumente exponencialmente. Ao final de 3 horas existem 10 000 bactérias. Ao final de 5 horas, 40 000. Quantas bactérias haviam inicialmente. 9 2.12. Equações Diferenciais Ordinárias de Primeira Ordem Lineares Seja a equação diferencial ordinária de primeira ordem linear y’ + p(x).y = q(x) (I) Tomemos como fator integrante para esta equação ( ) ∫ ( ) Método de Resolução Multiplicando-se a equação (I) pelo fator integrante, temos: I(x, y).y’ + I(x, y).p(x).y = I(x, y).q(x) , ( )- ∫ ( ) ( ) Exemplos: 1) Resolva as equações diferenciáveis abaixo: a) b) c) d) e) ( ) f) ( ) g) h) Aplicações das Equações Diferenciais de 1ªOrdem o Problemas de Variação de Temperatura Lei da Variação de Temperatura de Newton A taxa de variação de temperatura de um corpo é proporcional à diferença de temperatura entre o corpo e o meio ambiente. T temperatura do corpo temperatura do meio ambiente taxa de variação da temperatura do corpo ( ) ; Sendo k uma constante positiva de proporcionalidade Exemplos: 1) Segundo a Lei de Newton para resfriamento / aquecimento de um corpo a velocidade de arrefecimento de um corpo no ar é proporcional à diferença entre a temperatura do corpo e o meio 10 ambiente. Sabendo que a temperatura do ar é de 20º C e que um corpo arrefece de 100ºC a 60ºC num intervalo de 20 minutos. Quanto tempo demorará até a temperatura chegar a 30ºC? 2) Certo corpo, cuja temperatura desconhecemos, é posto numa sala mantida a 30ºC. Após 10 minutos, a temperatura do corpo é de 0ºC e após 20 minutos é de 15ºC. Qual era a temperatura inicial do corpo? 3) Um corpo a temperatura inicial de 50ºF é colocado ao ar livre, onde a temperatura ambiente é de 100ºF. Se após 5 minutos a temperatura do corpo é de 60ºF, determine: a) O tempo necessário para a temperatura do corpo atingir 75ºF b) A temperatura do corpo após 20 minutos. 4) Quando é cometido um assassinato o corpo originalmente a 37ºC, esfria de acordo com a Lei de Resfriamento de Newton. Suponha que após duas horas a temperatura seja de 35ºC, e que a temperatura ambiente permaneça constante e igual a 20ºC, determine a temperatura do corpo em função do tempo desde que o assassinato foi cometido. 11 2.13. Equações Diferenciais de Primeira Ordem Homogênea Sejam as equações homogêneas ( ) ( ), derivando (I), temos: ( ) Obs.: A equação diferencial acima após a simplificação resultará com variáveis (x, v) separáveis, que resolvida usando as equações diferenciais de primeira ordem separáveis. Temos também a equação homogênea ( ) e ( ); derivando (II), obtemos: ( ( )) Exemplos: Resolva as equações abaixo (verifique a homogeneidade da equação) 1) 2) 3) 4) 5) 6) 7) 8) 9) 10) 12 2.14. Equação de Bernoulli É toda equação da forma ( ) ( ) (I) com onde p(x) e q(x) são funções contínuas de x ou constantes. A equação de Bernoulli pode ser reduzida a uma equação linear fazendo as seguintes transformações: 1) Dividindo-se todos os termos da equação (I) por , obtemos: ( ) ( ) 2) Fazendo a mudança de variável para ( ), obtemos: ( ) , temos ( ) ( ) ( ) ( ) Soluções da equação de Bernoulli: ( ) ( ) Solução Constante: Se n > 0 a equação admitirá solução constante y(x) = 0, x em I (intervalo aberto) Soluções não constantes: 1º passo: Multiplica-se os dois membros por 2º passo: Faz-se a mudança de variável ( ) Exemplos: Resolva as equações de Bernoulli 1) 2) 3) 4) √ 5) 6) ( ) 7) 13 2.15. Equações Diferenciais de Primeira Ordem Exatas Uma equação diferencial da forma ( ) ( ) ( ) é exata se existir uma função u = u (x, y) tal que: ( ) ( ) ( ) ( ) Teste para verificar se a equação diferencial é exata Se M(x, y) e N(x, y) são funções contínuas com derivadas parciais primeiras contínuas em um retângulo do plano xy, então a equação ( ) ( ) é exata, se e somente se, ( ) ( ) , sendo ( ) e ( ) . Obs.: Sua solução é determinar a função u(x, y) tal que ( ) e ( ) , ou seja, ( ) ( ) ( ) . Método de Resolução Para resolver ( ) ( ) , supondo exata, primeiramente resolve-se as equações: { ( ) ( ) ( ) ( ) em relação a u(x, y) A solução de (I) é então dada implicitamente por: u(x, y) = c (III), sendo c uma constante arbitrária. A equação (III) é decorrência imediata de (I) e (II), desde que substituindo-se (II) em (I), obtendo ( ( )) . Integrando, temos: ∫ ( ) ∫ ∫ ( ( )) ∫ ( ) Exemplos: Dadas as equações abaixo, verifique se é exata e depois, calcule a sua solução: a) ( ) b) c) ( ) ( ) d) ( ) ( ) e) f) g) ( ) h) i) ( ) ( ) j) ( )) ( ) k) 14 2.16. Equações Diferencias Lineares: Teoria das Soluções – Soluções Independentes: O Wronskiano. Teorema 1: A equação diferencial linear homogênea de ordem “n” L(y) = 0 sempre tem n soluções linearmente independente (L.I.), se ( ) ( ) ( ) representam essas soluções, então a solução geral de L(x) = 0 é ( ) ( ) ( ) (I), sendo constantes arbitrárias. Método de verificação se um conjunto de funções L(x) = 0 é L.I. ou não. Definição: Seja * ( ) ( ) ( )+ um conjunto de funções em , cada uma das quais possui n – 1 derivadas. O determinante | | ( ) ( ) ( ) | | é chamado de Wronskiano do dado conjunto de funções. Teorema 2: Seja * ( ) ( ) ( )+ um conjunto de n soluções da equação diferencial linear homogênea de ordem n L(y) = 0. Esse conjunto é L.I. em , se e somente se, o Wronskian do conjunto não é identicamente nulo nesse intervalo. Obs.: Os coeficientes de L(y) devem ser contínuos para que o teorema seja satisfeito. Teorema 3: A equação diferencial geral não homogênea ( ) ( ) tem como solução geral sendo uma solução particular qualquer da mesma e a solução geral da equação homogênea associada a L(y) = 0.Exemplos: 1) Determine se as funções ex, e-x que são ambas soluções da equação diferencial y’’- y = 0 são L.I. 2) Duas soluções de y’’ – 2y + y = 0 são e-x e 5e-x. Pergunta-se y = c1e -x + c25e -x é a solução geral? 3) Ache a solução geral de y’’+ y = x2, se uma solução y = x2 – 2 e, se duas soluções de y’’ + y = 0 são senx e cosx. 4) Determine a solução geral y’’’ – y = x2, se uma solução é y = - x2 – 2, e se duas soluções de y’’ – y = 0 são ex e 3ex. 5) Ache a solução geral y’’’ – y’’– y + 1 = 5, se uma solução é y = - 4, e se três soluções de y’’’ – y’’ – y + 1 = 0 são ex, e-x e xex. 6) Determine a solução geral y’’- 2y’ + y = x2, sabendo que uma solução particular é y = x2 + 4x + 6, e que duas soluções da equação homogênea associada são ex e xex. 15 2.17. Equações Diferenciais Lineares de Ordem Superior 2.17.1. Introdução: Muitos problemas físicos podem ser reduzidos a equações diferenciais, em particular a equações de segunda ordem. As EDOs lineares de segunda ordem são as mais importantes, por causa de suas aplicações a engenharia, especialmente em conexões com as vibrações mecânicas e elétricas bem como no movimento ondulatório, na condução de calor e em outras partes da física. Neste item estudaremos a obtenção de soluções gerais e particulares, sendo as particulares estando em conexão com os problemas de valor inicial. 2.17.2. Definição: Uma EDO de segunda ordem é chamada de linear quando pode ser escrita na forma: ( ) ( ) ( ) (Forma padrão) Obs.: 1) A característica distintiva dessa equação é que ela linear em y e em suas derivadas, enquanto as funções p, q e à direita da equação podem ser quaisquer funções dadas de x. 2) Se a equação começar, digamos f(x).y’’, devemos então dividi-la por f(x) para obtermos a forma padrão com y’’ como primeiro termo, o que é prático de se fazer. 3) Se r(x) = 0, então a equação se reduz a forma ( ) ( ) e é chamda de homogênea. Exemplos: 1) EDO lineares homogêneas a) b) c) 2) EDO lineares não homogêneas a) b) ( ) 3) EDO não lineares a) ( ) 16 2.17.3. Equações diferenciais lineares, homogêneas, de 2ª ordem com coeficientes constantes Definição: É toda equação diferencial da forma y’’ + ay’ + by = 0 (I) (Forma padrão), com a e b números reais dados. Substituindo e , obtemos equação característica, cuja forma fatorada é ( ) ( ) (II), onde são as raízes da equação características. Solução em termos das raízes características A solução da equação (I) se obtém diretamente a partir das raízes da forma fatorada de (II). Assim, há três casos a considerar: 1º caso) Se e reais, e são duas soluções L.I. (linearmente independente). A solução geral será: ( ) 2º caso) Se (são pares conjugados) raízes complexas. Duas soluções L.I. são ( ) e ( ) , e a solução geral complexa é dada por: ( ) ( ) ou Usando a relação de Euler, a solução geral é dada por: A equação geral é dada por: 3º caso) Se , então são duas soluções L.I. (linearmente independente) e a solução geral é dada por: Exemplos.: Resolva as equações abaixo: 1) 2) 3) 4) 5) 6) 7) 17 8) 9) 10)
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