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FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE VITÓRIA
Teorias da Comunicação
Professor: José Carlos Corrêa
ANOTAÇÕES DE AULA
1º semestre de 2020
3ª Parte – material para a aula de 30-3-2020
VI - Escola de Frankfourt
Teoria Crítica e a Indústria Cultural
Os pesquisadores da Escola de Palo Alto usam a metáfora de uma orquestra para entender a comunicação, ou seja, um processo de canais múltiplos em que o autor social participa a todo momento a partir dos seus gestos, sua visão e até do seu silêncio, na qualidade de um indivíduo participante de uma certa cultura, assim como um músico é parte integrante de uma orquestra.
Como observa Olgária Matos, a Escola de Frankfurt “se define mais por uma linguagem do que pela forma consagrada do livro, dos grandes sistemas persuasivos” (MATOS, 1993, p. 23).
Nesse sentido cabe dividir esse conteúdo pensando essa linguagem de Frankfurt num primeiro eixo mais voltado para a Escola em si e num segundo vetor, traduzindo o termo “Indústria Cultural”.
Eixo 1: a crítica ao Esclarecimento
A origem da Escola de Frankfurt data de 1924, por iniciativa de Felix Weil (jovem marxista que tinha escrito a sua dissertação sobre problemas práticos de se implementar o socialismo e financiador do grupo).
Ela reuniu um círculo de filósofos e cientistas de mentalidade marxista que cultivavam a Teoria Crítica da Sociedade: Theodor Adorno, Max Horkheimer, Walter Benjamin, Herbert Marcuse, Leo Lowenthal, Erich Fromm, e Junger Habermas.
De Hegel e sua máxima de que “a natureza é a cultura que não se sabe cultura” ( MATOS, 1999, p.21), os frankfurtianos refletiram parte de sua teoria crítica, intimamente apoiada na ideia de ideologia. Dessa forma, as bases para a crítica ao aufklärung (esclarecimento, por vezes traduzido como iluminismo) se dá.
Nessa primeira parte devemos citar as principais figuras da Escola: Theodor Adorno (1903-1969), Max Horkeimer (1885-1873, Herbert Marcuse ( 1898 – 1979) e Walter Benjamin (1882-1940).
Enfatizando a noção de teoria crítica da sociedade criada nos anos 1930 pela Escola e revista por Habermas nos anos 1970 nos limites do "eclipse da razão" entendemos um pouco mais a proposta da Escola.
A Escola tinha uma sede, o Instituto para Pesquisas Sociais; um mestre (Horkheimer, substituído depois por Adorno; uma doutrina (marxista); um modelo (união do materialismo marxista com a psicanálise criada por Freud) e uma revista. O programa adotado passou a ser conhecido como Teoria Crítica.
Os integrantes da Escola assistiram a deflagração da Revolução Russa em 1917, a implantação do Nazismo na Alemanha que culminou com o exílio forçado do grupo (composto em grande parte por judeus) a partir de 1933. Walter Benjamin suicidou-se em 1940 quando provavelmente tentava atravessar os Pirineus, temeroso de ser capturado pelos nazistas.
Eles se tornaram nômades, viajando de Genebra para Paris, e daí para os EUA, até se fixarem na Universidade de Columbia, em Nova York. Em Paris o grupo lançou a obra “Estudos sobre Autoridade e Família” que se distanciava do marxismo, tendência concretizada em “Dialética do Esclarecimento” (1947).
O grupo, com exceção de Marcuse (que permaneceu nos EUA) retornou à Alemanha em 1948.
Todos esses problemas são interpretados como resultado da “crise da razão” e do Iluminismo.
Para os autores, o Iluminismo inaugurou a modernidade ao colocar a razão e a ciência como elementos potencializadores do desenvolvimento e progresso social e, por conseguinte, da emancipação humana.
Adorno e Horkheimer, assim como todos os intelectuais frankfurtianos, não renegam o projeto de modernidade – cujo núcleo é formado pela racionalidade ou reflexividade e a crença nos princípios do progresso científico – mas argumentam que tanto a racionalidade como a ciência se transformaram em instrumentos de dominação política, social e econômica.
A crítica é dirigida contra os obstáculos à concretização do projeto emancipador do homem, preconizados séculos atrás pelos ideólogos e filósofos iluministas. Os autores notam que, no mundo moderno, o avanço da ciência e da técnica é um processo inexorável, ou seja, permanente. O progresso científico representou o domínio do homem sobre a natureza, mas desvirtuou por completo ao ser utilizado para ampliar a dominação do homem sobre o próprio homem.
Eixo 2: A indústria Cultural 
É recomendável a leitura do texto “A Indústria Cultural” no livro “Dialética do Esclarecimento”, por se tratar-se da principal obra dos frankfurtianos.
Explorando o conceito de Indústria Cultural: a conversão da cultura em mercadoria, a função da cultura no âmbito da sociedade capitalista. Não somente os veículos, mas o uso dos media pela classe dominante.
O conceito de Indústria Cultural foi um dos mais importantes produzidos pelos teóricos da Escola de Frankfurt, Theodor Adorno e Max Horkheimer. Segundo eles, há um fenômeno cultural mundial em curso desde o início do século XX – o capitalismo industrial, que entrou em curso com a Revolução Industrial, necessitava de uma força de propaganda ideológica para ser assimilado pelas pessoas.
Para que as indústrias produzam muito é necessário que se venda muito. Para vender-se muito é preciso que as pessoas comprem muito. A ideia do consumismo (excesso de consumo sem necessidade) é veiculada por formas de arte também produzidas em escala industrial. Para Benjamin, esse fenômeno da reprodução em massa de música e imagens, por exemplo, retira da arte a sua autenticidade.
Para Adorno e Horkheimer, o capitalismo não só utilizou a Indústria Cultural para criar um movimento de consumismo, como utilizou a própria arte como forma de produto para ser consumido. Dessa maneira, o cinema, a música e as artes plásticas passaram a ter uma produção baseada em uma fórmula que agrada aos espectadores pela facilidade de assimilar-se o conteúdo da obra.
O espectador médio da indústria cultural é alguém que não pretende encontrar a obra de arte nada além do entretenimento, caindo numa massificação absoluta dos produtos culturais.
A cultura de massa (produzida pela Indústria Cultural) pega elementos da cultura erudita (que é a cultura autêntica e bem elaborada), junta os elementos da cultura popular e lança sobre a junção de elementos que agradem ao público.
O resultado é a obra de arte produzida em escala industrial.
Vale ressaltar que cultura de massa difere-se de cultura popular pois, enquanto esta é autêntica, aquela é uma degeneração capitalista da arte.
Para Adorno, a mercantilização da cultura, transformada em um empreendimento empresarial, tolhe a consciência dos indivíduos e os transforma em meros consumidores de bens culturais. As consequências são muitas, entre elas, a homogeneização ou massificação dos gostos a partir da imposição de um estilo de consumo. Nesse aspecto, não existe cultura de massa, pois é a indústria cultural que determina e impõe à sociedade o consumo de bens culturais. 
“A Indústria cultural impede a formação de indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e decidir conscientemente” (ADORNO).
2ª fase da Escola de Frankfurt
A morte de Adorno marca a passagem para a segunda fase da Escola de Frankfurt que encontra como seu principal líder Junger Habermas, ex-assessor de Adorno e, posteriormente, seu crítico mais ardoroso.
A crítica da indústria cultural, principalmente dos chamados meios de comunicação de massa, se aprofundou nos estudos de Habermas.
Habermas se afasta do marxismo ortodoxo, mas continua fiel teoria crítica, embora admita que ela é contraditória pois diz que a autocrítica da razão conduz à verdade mas descrê no acesso a ela já que tudo se reduz na alienação, repressão, desumanização e irracionalização. 
Para Habermas, a razão pode emancipar o homem se estiver fundada na comunicação (a razão comunicativa).
Visão de Habermas: o otimismo democrático das formas de convivência social em que a sociedade civil passa a ter uma função especial de decisão de modo a regular e controlar a atuação do Estado. É a teoria da emancipação humana pela livre discussão.
Novo paradigma: a comunicaçãoservindo como antídoto ao pessimismo.
As patologias da modernidade técnico-científica em crise podem ser redimidas pelas vias de uma racionalidade comunicativa. O pensamento marxiano de crítica da sociedade exige complementação para atender às novas situações surgidas em relação ao problema social (novas relações de produção, inclusive culturais). Aposta na ideia de uma esfera pública independente que conduz a um tipo de razão emancipatória: a comunicativa. 
O papel do cinema e a "heroificação do indíviduo mediano". A crítica feita ao cinema como uma forma de obliterar a consciência.
Aqui, de forma assintótica, pode-se contrapor a visão benjaminiana.
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