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Positivismo Jurídico

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Centro Universitário UniNovafapi
Disciplina: Filosofia e Direito
Professor(a): Macell Leitão
Aluno(a): Maria Eduarda Costa & Thalyta Melo
Turma: 1º período manhã
O positivismo jurídico: lições de filosofia do direito
(Noberto Bobbio)
Teresina, 13/04/2020
O caso dos laços coloridos
No vilarejo de Bacurau, localizado nos confins do sertão nordestino e distante de todo aparato burocrático estatal, os habitantes vivem em uma comunidade em que suas condutas são reguladas basicamente pelos costumes. De acordo com a tradição religiosa dos bacurauenses, as pessoas devem se congregar aos sábados com o objetivo de louvar conjuntamente o Deus superior que criou todas as coisas, sendo essa uma prática naturalizada para as pessoas da região. 
Nos últimos dias, o líder local de Bacurau foi informado que a longínqua autoridade estatal publicou um decreto proibindo a realização de quaisquer atividades que aglomerassem as pessoas, incluindo, é claro, a realização de seus cultos religiosos. A pena para quem descumprir a referida determinação legal vai desde multa à prisão do infrator.
Muito confuso sobre como levar tal informação e recomendar uma ação a sociedade, o líder local intimou a uma reunião os três juristas residentes no vilarejo, Tomás de Aquino, Savigny e Bugnet, para lhe clarear as ideias, por serem bastante capacitados e formados no assunto em questão. Um mensageiro entrega uma carta escrita a mão, no mesmo dia, para os juristas.
“Caro jurista,
Venho por meio dessa carta, convidá-lo a comparecer em meu gabinete amanhã, quarta-feira, ás 11 horas. O assunto será revelado em nossa conversa, em comunhão com outros 2 convidados. Espero sua presença.
Atenciosamente, 
Líder Local.”
Passado o anoitecer, os juristas mantinham-se curiosos acerca do assunto a ser tratado em tal reunião, enquanto seu líder preocupava-se em criar uma linha de raciocínio e fala clara para ambos. Chegada a hora da reunião, todos se encontravam no gabinete quando são convidados a entrar:
- Líder: Bom dia a todos, sejam bem vindos. 
- Juristas: Bom dia!
- Líder: Primeiramente gostaria de agradecer a presença de todos.
- Tomás de Aquino: Peço a permissão para falar em nome de meus colegas, é uma honra estar aqui. Como podemos ajuda-lo?
E a reunião seguiu por horas a fio, sendo findada quando a situação fora entedida por ambos.
- Líder: Agradeço a presença, mais uma vez. Tudo está bem mais claro, nos vemos na assembleia.
Por ser um vilarejo onde a conduta social é regulada basicamente por seus costumes, tornou-se costumeira a existência de uma assembleia, afim de expor e resolver os assuntos do vilarejo, toda quarta-feira à noite. Com isso, foi pedido aos juristas que nela explicitassem seus pensamentos e ideologias acerca do novo decreto, para que haja uma discussão entre a sociedade para enfim tomarem uma decisão.
- Líder: Boa noite, se possível peço que todos se sentem para darmos início a nossa assembleia. 
- Comunidade: Boa noite!
- Líder: Hoje teremos um diferente desenrolar, há alguns dias recebi um decreto estatal no qual há algumas restrições sociais, afim de lhes explicar de uma forma mais sucinta convidei três juristas para expressarem seus pensamentos. A palavra é de vocês.
- Tomás de Aquino: Bom, para começar devo informar que tal decreto proibi a realização de quaisquer atividades que aglomere as pessoas.
- Savigny: O que inclui a realização de seus cultos religiosos, e até mesmo essa assembleia.
- Morador 1: Mas isso é um absurdo! Não podemos ficar sem nossos encontros. – dando início, assim, a uma série de múrmurios.
 - Bugnet: Se me permitem a palavra, como a maioria já sabe sou Bugnet, ensino em meio a Escola da Exegese, e por exemplo, eu desconheço o Direito, apenas ensino o código atuante da época em que vivemos. A lei demanda a vontade do legislador, não temos que questioná-la, apenas a por em prática. 
- Tomás de Aquino: Eu discordo! Na vida não se pode basear apenas na racionalidade, temos que buscar uma confirmação em nossa herança religiosa. As leis deveriam basear-se no direito natural.
-Savigny: Vocês não sabem do que falam, o Direito é classificado pela existência cultural de um povo, é a soma de suas experiências e não uma criação do Estado.
- Morador 2: Se o poder maior dessa comunidade publicou um decreto, devemos segui-lo. Essa é a lei,
- Morador 3: Discordo, não somos obrigados a isso. Qual motivo explica tal decisão?
Várias indagações foram levantadas, opiniões foram proferidas e não se tomou uma decisão. Os juristas discutiram qual tese era mais correta, o que só causou aborrecimentos.
- Líder: Ordem, ordem! Não podemos ficar nesse bate boca, acalmem-se. Já que não chegamos a uma única decisão, terei que pensar em um novo plano.
A tensão tomou conta do local, mas com o intuito de acalmar os ânimos, após muito pensar, decidiu-se fazer uma votação, porém a mesma não seria da forma tradicional.
No dia seguinte, todos os cantos do vilarejo encontrava-se com um laço colorido em sua porta, a cor de laço que obtivesse o maior número seria a tese apoiada, indicando assim a decisão tomada pela sociedade.

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