Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Filosofia do Direito Prof. Gusttavo Arossi OAB 1ª Fase Autores que já caíram em provas anteriores: Aristóteles, Kant.... isso significa que não irão aparecer novamente? Não, isso mostra: 1) a importância desses autores para Filosofia do Direito e 2) a possibilidade de centrar o estudo em alguns pontos chave. Hermenêutica é outro ponto que vem se repetindo em todas as avaliações da OAB, sendo imprescindível a leitura de bases teóricas modernas para prova. Porém já caíram coisas triviais a respeito da hermenêutica, como por exemplo o que é a interpretação teleológica (é um método de interpretação legal que tem por critério a finalidade da norma. De acordo com esse método, ao se interpretar um dispositivo legal deve-se levar em conta as exigências econômicas e sociais que ele buscou atender e conformá-lo aos princípios da justiça e do bem comum) ou seja um questionamento quanto ao alcance, busca revelar o escopo da lei. Assim como já foram abordados autores de impacto na chamada hermenêutica filosófica. Caso de Gadamer, a fim de questionar um viés de prudência na interpretação. Sendo que esse autor é muito abordado e aprofundado por autores nacionais, os quais podem servir de base de estudo para prova como o caso de Lenio Streck, especialmente na obra Verdade e Consenso. Gadamer aborda elementos importantes do chamado giro linguístico ontológico, tal como a pré-compreensão, interpretação e compreensão no processo decisão (que segundo ele é uno), além de dar continuidade as ideias de Heidegger na superação da dicotomia sujeito-objeto e na adoção da linguagem como ponto essencial de compreensão do mundo. Outros dois autores cobrados foram: Perelman e Dworkin Tópicos essenciais de revisão 1) Teoria do conhecimento Estudos caracterizados no período da Modernidade (após a Idade Média), contando com contribuições de processos como o racionalismo, que tem expoentes em Descartes, Locke, Kant e Hegel. A preocupação é como se forma o conhecimento. De um lado o homem dotado de saber (sujeito que conhece) de outro lado os objetos com os quais o homem se relaciona (relação sujeito – objeto – linguagem é um meio entre eles). Filosofia do Direito Prof. Gusttavo Arossi OAB 1ª Fase Onde está o conhecimento? Racionalistas – irão dizer que o conhecimento está no homem, dotado de razão, é capaz de processar a realidade através de seu conhecimento racional e, portanto as vezes de forma inata, forma o conhecimento e se relaciona com o mundo. Empiristas – Conhecimento está nos objetos e através dos sentidos o homem traria aquele conhecimento do objeto para si. A razão está a serviço dos objetos. Criticismo/Visão de Kant – Funciona em um meio termo dizendo que a razão nos dá conhecimentos a priori e na interação com os objetos que se desenvolve e forma o conhecimento. Assim em Kant o homem é o centro com os objetos ao seu redor e o conhecimento se desenvolve na relação sujeito objeto. Em relação ao Direito, fica claro que os empiristas vêem o direito como um fenômeno social e que eventualmente seria normatizado (e alguns acham isso até irrelevante). Os racionalistas vêem o direito como um modelo ideal e vislumbram nele um fenômeno ideal. OBS: Ver também o Direito Natural (fases do Jusnaturalismo grego clássico, do período medieval, racionalista). A partir da viragem linguistica a busca por Justiça ou por um ideal semelhante aos princípios de Direito Natural, agora desnecessário pela positivação jurídica, se dá através da linguagem, a qual a partir da escola de Frankfurt se busca através do estudo da linguagem jurídica estabelecer os preceitos inerentes a formação do Direito. 2) Ética (já foi explorado mais de 3 vezes pelo examinador da OAB) Encontra-se ligada as ideias da filosofia prática Ética é a ação humana voltada a uma finalidade. A finalidade da conduta humana é a busca dos valores do bem. As escolas éticas divergem na determinação do que seria esse bem. Escolas como: utilitarista (já caiu na OAB – Jeremy Benthan – maximização do prazer e minimização da dor), hedonismo (busca do prazer a qualquer custo – carpe die), epicurismo (pondere sobre a busca dos prazeres – prazer momentâneo por exemplo), eudemonista (busca da felicidade – ação virtuosa – autores gregos Platão, Aristóteles e Sócrates), ética racionalista de Filosofia do Direito Prof. Gusttavo Arossi OAB 1ª Fase Kant, responsável pela dicotomia que diferencia o direito (coerção) e a moral (liberdades). 2.1 Utilitarismo Séc. XVIII e XIX Em Filosofia, o utilitarismo é uma doutrina ética que prescreve a ação (ou inação) de forma a optimizar o bem-estar do conjunto dos seres sencientes. O utilitarismo é então uma forma de consequencialismo, ou seja, ele avalia uma ação (ou regra) unicamente em função de suas consequências. Filosoficamente, pode-se resumir a doutrina utilitarista pela frase: “Agir sempre de forma a produzir a maior quantidade de bem-estar (Princípio do bem-estar máximo)”. O utilitarismo é uma corrente filosófico-jurídica desenvolvida na Inglaterra, cujo principal expoente é Jeremy Benthan. Este foi o principal (teórico) autor do utilitarismo, considerado o “Newton das Codificações”. Como o sistema do direito inglês e consuetudinário (common law), Benthan vai elaborar críticas severas a este sistema. Ele considerou, entre os principais problemas do Common Law, à possibilidade se retroagir através do precedente judicial (julgado anterior que vai se tornar uma referência para casos análogos). Uma outra dura crítica está ligada à possibilidade de o juiz legislar, pois a produção do Direito por parte dos juízes inibe o controle popular. 2.2 Liberalismo Séc. XVII e XVIII Liberalismo pode ser definido como um conjunto de princípios e teorias políticas, que apresenta como ponto principal a defesa da liberdade política e econômica. Neste sentido, os liberais são contrários ao forte controle do Estado na economia e na vida das pessoas. Princípios básicos do liberalismo: - Defesa da propriedade privada; - Liberdade econômica (livre mercado); - Mínima participação do Estado nos assuntos econômicos da nação (governo limitado); - Igualdade (formal) perante a lei (estado de direito); 3) Hermenêutica Filosofia do Direito Prof. Gusttavo Arossi OAB 1ª Fase Inicialmente observa-se um quadro distintivo entre o jusnaturalismo e o positivismo, sem contudo, esquecer que cada um deles possui suas próprias fases e detalhamentos teóricos na construção da teoria jurídica de fundamentação do Direito. Quanto à/ ao(s) Jusnaturalismo Positivismo 1 Universalidade Tem em todas as partes a mesma força obrigatória Conteúdo é decidido pelo legislador 2 (I)mutabilidade Permanece o mesmo, imutável Muda no tempo 3 Origem Tem sua força na natureza No povo ou na assembleia a qual se confere o poder de ditar leis 4 Modo como o direito é conhecido por seus destinatários O conhecem por meio da razão Através de uma declaração de vontade de parte de quem produz 5 Comportamentos regulados Regula comportamentos que se consideram bem ou mal em si mesmos São indiferentes e assumem o caráter de justos ou injustos segundo a classificação que haja deles no próprio direito positivo 6 Valoração das ações Estabelece o bom Estabelece o útil Lembrar sempre do princípio do Positivismo (primitivo)e sua escola da Exegese. Como ela foi aplicada (Código Napoleônico e o contexto do séc. XIX). O ordenamento jurídico perfeito e completo, juntamente com o raciocínio dedutivo e silogístico. Perde força pelas modificações sociais que geram as lacunas da lei. Como dar coesão e coerência? Analogia, costumes (preter legem, secundum legem e contra legem) e princípios gerais do direito (art. 4º da LINB). Filosofia do Direito Prof. Gusttavo Arossi OAB 1ª Fase Normas = Regras e Princípios Já caiu na prova da OAB com base em Dworkin (e pode cair com base em Alexy também que é um pouco diferente), lembrar dos conflitos entre regras e princípios – como resolver. Sobre as teorias que se destacam no debate sobre princípios e sobre a própria interpretação é importante conhecer ao menos algumas das teorias mais modernas ligadas ao campo da hermenêutica: a) Direito como integridade – Dworkin (sendo sua influência visível inclusive no novo CPC, que inicia sua vigência em 2016). b) Teoria da Argumentação – um dos autores mais relevantes é Alexy (mas não é o único). c) Hermenêutica Filosófica – Heidegger e Gadamer (além de autores nacionais de relevo como Streck). OBS1: Ihering – a Luta pelo direito – caiu na prova 2015. OBS 2: Autores que são importantes lembrar para prova e alguns ainda não foram cobrados: Kelsen (teoria pura do direito), Bobbio (positivista mais moderno e muito utilizado – caiu no último exame de 2014), Miguel Reale (ainda não caiu também – lembrar a teoria tridimensional do Direito), John Rawls (neocontratualista – mais moderno, ainda não caiu e fala muito sobre as instituições públicas e justiça política com base na equidade – princípio da igualdade e da diferença) e Habermas, ética dialógica, relação tensionada entre validade e faticidade que se dá a existência do direito (democracia). Apel e Habermas versus Kant – complemento Imperativo categórico kantiano – Princípio U (Princípio da Universalização) – normatividade Apel e Habermas – Princípio D (Princípio Discurso) – “roda do discurso”, conteúdos contingentes e históricos. Filosofia do Direito Prof. Gusttavo Arossi OAB 1ª Fase Questões OAB – Filosofia do Direito, Ética e Filosofia Segundo Chaïm Perelman, ao tratar da argumentação jurídica na obra Lógica Jurídica, a decisão judicial aceitável deve satisfazer três auditórios para os quais ela se destina. Assinale a alternativa que indica corretamente os auditórios. a) A opinião pública, o parlamento e as cortes superiores. b) As partes em litígio, os profissionais do direito e a opinião pública. c) As partes em litígio, o parlamento e as cortes superiores. d) As cortes superiores, os organismos internacionais e os profissionais do direito. Ao comentar a doutrina aristotélica da justiça, Tercio Sampaio Ferraz Júnior, em sua obra Estudos de Filosofia do Direito, indica aquele que seria o "preceito básico do direito justo, pois só por meio dele a justiça se revelaria em sua atualidade plena". Este preceito, que também pode ser definido como "uma feliz retificação do justo estritamente legal" ou ainda "o justo na concretude", é denominado: a) dignidade b) piedade c) equidade d) vontade Segundo o filósofo Immanuel Kant, em sua obra Fundamentação da Metafísica dos Costumes, a ideia de dignidade humana é entendida: a) como qualidade própria de todo ser vivo que é capaz de sentir dor e prazer, isto é, característica de todo ser senciente. b) quando membros de uma mesma espécie podem ser considerados como equivalentes e, portanto, iguais e plenamente cooperantes se eles possuem dignidade. c) como valor jurídico que se atribui às pessoas como característica de sua condição de sujeitos de direitos. d) como algo que está acima de todo o preço, pois quando uma coisa tem um preço pode-se pôr em vez dela qualquer outra como equivalente; mas quando uma coisa está acima de todo o preço, e portanto não permite equivalência, então ela tem dignidade. Filosofia do Direito Prof. Gusttavo Arossi OAB 1ª Fase Segundo o Art. 1.723 do Código Civil, “É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família”. Contudo, no ano de 2011, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), ao julgarem a Ação Direta de Inconstitucionalidade 4.277 e a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 132, reconheceram a união estável para casais do mesmo sexo. A situação acima descrita pode ser compreendida, à luz da Teoria Tridimendional do Direito de Miguel Reale, nos seguintes termos: a) uma norma jurídica, uma vez emanada, sofre alterações semânticas pela superveniência de mudanças no plano dos fatos e valores. b) toda norma jurídica é interpretada pelo poder discricionário de magistrados, no momento em que estes transformam a vontade abstrata da lei em norma para o caso concreto. c) o fato social é que determina a correta compreensão do que é a experiência jurídica e, por isso, os costumes devem ter precedência sobre a letra fria da lei. d) o ativismo judicial não pode ser confundido com o direito mesmo. Juízes não podem impor suas próprias ideologias ao julgarem os casos concretos. 2014/2 1) O filósofo inglês Jeremy Bentham, em seu livro Uma introdução aos princípios da moral e da legislação, defendeu o princípio da utilidade como fundamento para a Moral e para o Direito. Para esse autor, o princípio da utilidade é aquele que a) estabelece que a moral e a lei devem ser obedecidas porque são úteis à coexistência humana na vida em sociedade. b) aprova ou desaprova qualquer ação, segundo a tendência que tem a aumentar ou diminuir a felicidade das pessoas cujos interesses estão em jogo. c) demonstra que o direito natural é superior ao direito positivo, pois, ao longo do tempo, revelou-se mais útil à tarefa de regular a convivência humana. Filosofia do Direito Prof. Gusttavo Arossi OAB 1ª Fase d) afirma que a liberdade humana é o bem maior a ser protegido tanto pela moral quanto pelo direito, pois são a liberdade de pensamento e a ação que permitem às pessoas tornarem algo útil. 2) O jusfilósofo alemão Gustav Radbruch, após a II Guerra Mundial, escreve, como circular dirigida aos seus alunos de Heidelberg, seu texto “Cinco Minutos de Filosofia do Direito”, na qual afirma: “Esta concepção da lei e sua validade, a que chamamos Positivismo, foi a que deixou sem defesa o povo e os juristas contra as leis mais arbitrárias, mais cruéis e mais criminosas.” De acordo com a fórmula de Radbruch, a) embora as leis injustas sejam válidas e devam ser obedecidas, as leis extremamente injustas perderão a validade e o próprio caráter de jurídicas, sendo, portanto, dispensada sua obediência. b) apenas a lei justa pode ser considerada jurídica, pois a lei injusta não será direito. c) o direito é o mínimo ético de uma sociedade, de forma que qualquer lei injusta não será direito. d) o direito natural é uma concepção superior ao positivismo jurídico; por isso, a justiça deve sempre prevalecer sobre a segurança. 2014/3 3) Ao explicar as características fundamentais da Escola da Exegese, o jusfilósofo italiano Norberto Bobbio afirma que tal Escola foi marcada por uma concepção rigidamente estatal de direito. Como consequência disso, temos o princípio da onipotência do legislador. Segundo Bobbio, a Escola da Exegese nos leva a concluirque a) a lei não deve ser interpretada segundo a razão e os critérios valorativos daquele que deve aplicá-la, mas, ao contrário, este deve submeter-se completamente à razão expressa na própria lei. b) o legislador é onipotente porque é representante democraticamente eleito pela população, e esse processo representativo deve basear-se sempre no direito consuetudinário, porque este expressa o verdadeiro espírito do Filosofia do Direito Prof. Gusttavo Arossi OAB 1ª Fase povo. c) uma vez promulgada a lei pelo legislador, o estado-juiz é competente para interpretá-la buscando aproximar a letra da lei dos valores sociais e das demandas populares legítimas. d) a única força jurídica legitimamente superior ao legislador é o direito natural; portanto, o legislador é soberano para tomar suas decisões, desde que não violem os princípios do direito natural. 4) Na Doutrina do Direito, Kant busca um conceito puramente racional e que possa explicar o direito independentemente da configuração específica de cada legislação. Mais precisamente, seria o direito entendido como expressão de uma razão pura-prática, capaz de orientar a faculdade de agir de qualquer ser racional. Assinale a opção que contém, segundo Kant, essa lei universal do direito. a) Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre e simultaneamente como fim, e nunca como meio. b) Age exteriormente, de modo que o livre uso de teu arbítrio possa se conciliar com a liberdade de todos, segundo uma lei universal. c) Age como se a máxima de tua ação se devesse tornar, pela tua vontade, lei universal da natureza. d) Age de forma que conserves sempre a tua liberdade, ainda que tenhas de resistir à liberdade alheia. 2015/1 5) O Art. 126 do CPC afirma que o juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. A questão das lacunas também é recorrente no âmbito dos estudos da Filosofia e da Teoria Geral do Direito. O jusfilósofo Norberto Bobbio, no livro Teoria do Ordenamento Jurídico, apresenta um estudo sobre essa questão. O autor denomina por lacuna ideológica a falta de uma norma a) legitimamente produzida pelo legislador democrático. Filosofia do Direito Prof. Gusttavo Arossi OAB 1ª Fase b) justa, que enseje uma solução satisfatória ao caso concreto. c) que atenda às convicções ideológicas pessoais do juiz. d) costumeira, que tenha surgido de práticas sociais inspiradas nos valores vigentes. 6) Rudolf Von Ihering, em A Luta pelo Direito, afirma que “O fim do direito é a paz, o meio de atingi-lo, a luta.” Assinale a afirmativa que melhor expressa o pensamento desse autor. a) O Direito de uma sociedade é a expressão dos conflitos sociais desta sociedade, e ele resulta de uma luta de pessoas e grupos pelos seus próprios direitos subjetivos. Por isso, o Direito é uma força viva e não uma ideia. b) O Direito é o produto do espírito do povo - volksgeist -, que é passado de geração em geração. Por isso, quando se fala em Direito, é preciso sempre olhar para a história e as lutas sociais. O Direito Romano é a melhor expressão desse processo. c) O Direito é parte da infraestrutura da sociedade e resulta de um processo de luta de classes, em que a classe dominante o usa para manter o controle sobre os dominados. d) O Direito resulta da ação institucional do Estado, e no parlamento são travadas as lutas políticas que definem os direitos subjetivos de uma sociedade. Gabarito: 1 (b), 2 (a), 3 (a), 4 (b), 5 (b), 6 (a).
Compartilhar