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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2° VARA CRIMINAL DA COMARCA DE AMAPÁ-AP PROCESSO Nº XXXXXX-XX.XXXX.X.XX.XXX Paulo Las Vegas, brasileiro, casado, funcionário público do INSS, portador da cédula de identidade RG nº xxxxxxxx, inscrito no CPF sob nº xxxxxxxxx, residente e domiciliado na Rua xxxxxxxx, xxx, por seu advogado que abaixo subscrevem, na ação penal promovida pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE AMAPÁ-AP, que alega a suposta consumação de crime de HOMICIDIO QUALIFICADO POR MOTIVO FUTIL, vêm respeitosamente à presença de Vossa Excelência, apresentar tempestivamente, com fulcro nos artigos 396 caput e 396-A do Código de Processo Penal, a presente RESPOSTA À ACUSAÇÃO nos termos que em linhas se aduzem; 1. DOS FATOS O Ministério Público do Estado de Amapá ofereceu denúncia em face do cidadão acusado, imputando ao mesmo, os delitos descritos respectivamente, no artigo 121, §2°, inc. II e IV do Código Penal. Segundo as alegações do i. parquet, o cidadão acusado, teria cometido o crime de homicídio por motivo fútil contra o seu vizinho e também prefeito da cidade de Amapá Lucas Califórnia, após uma discussão sobre futebol, assim alegado pela testemunha Douglas Texas. deixando de narrar, na denúncia, fatos ilícitos e que se relacionem às qualificadoras. Contudo, como já narrado pelo acusado houve excludentes de ilicitude, quando o mesmo alega ter agido em legitima defesa de sua filha menor, que estaria sendo abusada sexualmente pela suposta vítima, e tendo assim cometido o crime de homicídio movido por violenta emoção, assim, deixando de ser configurado crime conforme o Art. 23, inc. II do Código Penal e Art. 25 do Código. Paralelamente, houve pedido de Revogação da Prisão Preventiva, que foi deferida por esse D. Juízo, por verificar a ausência de motivos para que a segregação subsistisse, aplicando, cumulativamente, medida cautelar diversa da prisão, nos termos dos artigos 319 e 321 do CPP. Recebida a denúncia, o cidadão acusado foi intimado para, no prazo de 10 dias, apresentar sua Resposta à Acusação, o que vem fazer, tempestivamente, pelos motivos de fato e direito a seguir delineados. 2. DA CONDUTA DO CIDADÃO ACUSADO http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641920/artigo-396-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/28003939/artigo-396a-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10651224/artigo-319-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10650238/artigo-321-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 Preliminarmente, cumpre ressaltar que, o cidadão acusado Paulo Las Vegas, é pessoa íntegra, de bons antecedentes, provedor de sua família, que jamais respondeu qualquer processo crime, conforme certidão de antecedentes anexa aos autos. Indubitável que o cidadão acusado jamais teve participação em qualquer tipo de delito, visto que é primário, possui bons antecedentes, sempre foi pessoa honesta, trabalha como funcionário público do INSS... E possui residência fixa, qual seja na Rua xxxxxxxxxxxx, xxx, onde reside com sua esposa e filha. Cumpre ratificar que, dentre os elementares do delito conta a excludente de ilicitude e a legitima defesa. Ainda, o fato de não ter havido excesso culposo nem doloso. 3. DA INÉPCIA DA DENÚNCIA Tratando-se da apreciação de esqualidez da denúncia, dois são os parâmetros objetivos que devem orientar o exame da questão, quais sejam, o artigo 41, que detalha o fato criminoso com todas as suas circunstâncias, e o artigo 395, que avalia as condições da ação e os pressupostos processuais descritos, ambos do CPP. Da simples leitura da denúncia oferecida, verifica-se que foi imputado ao cidadão acusado, os crimes acima mencionados, onde constata-se que o mesmo agiu em legitima defesa da filha e foi movido por violenta emoção diante do acontecido conforme termo de declaração acostada nos autos. Todavia, a denúncia ofertada, diverge em seu detalhamento, tendo em vista que não consta detalhes oferecido pelo próprio acusado, aonde por vontade própria contou com detalhes o ocorrido, assim, oferecendo também documentos e imagens que comprovam o caso narrado pelo mesmo. Pretende o i. Parquet consubstanciar a exordial acusatória, com uma tese que difere dos documentos acostados aos autos, eivada, portanto, de vícios que impedem a instauração da relação processual. Neste sentido pronunciou-se o E. STJ, nos autos do HC 214.862/SC, 5º T, Rel. Min. Laurita Vaz, DJ-E 07/03/2012: “A ausência absoluta de elementos individualizados que apontem a relação entre os fatos delituosos e a autoria ofende o princípio constitucional da ampla defesa, assim inepta a denúncia.” E, quanto ao momento processual para se admitir a inépcia da Denúncia, transcrevemos o também posicionamento do E. STJ, no sentido de que é absolutamente cabível o presente momento processual para a rejeição da peça acusatória, conforme pronunciamento no Recurso Especial nº 1.318.180 STJ, 6º Turma, Rel. Min. Sebastião Reis Junior, julgado em 16/05/2013, publicado no DJ em 29/05/2013, discorre: http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10676044/artigo-41-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10642160/artigo-395-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 (...) O fato de a denúncia já ter sido recebida não impede o Juízo de primeiro grau de, logo após o oferecimento da resposta do acusado, prevista nos arts. 396 e 396-A do Código de Processo Penal, reconsiderar a anterior decisão e rejeitar a peça acusatória, ao constatar a presença de uma das hipóteses elencadas nos incisos do art. 395 do Código de Processo Penal suscitada pela defesa. (...) Assim, requer-se a rejeição da exordial acusatória, vez que a mesma é inepta nos termos do art. 395, inciso I e II do CPP. 4. DO DIREITO a) Da excludente de ilicitude – Art. 23, inc. II do Código Penal Está previsto no artigo 23 do Código penal que, não se qualifica crime quando se age em legitima defesa. Art. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato: II- em legítima defesa; Em vista dos fatos aduzidos, nota-se que o cidadão acusado agiu sim em legitima defesa, sem apresentar excessos dolosos ou culposos, tendo o acusado se defendido com uma faca, quando a vítima tinha um estilete em punho. b) Da legítima defesa – Art. 25 do Código Penal Assim como descrito no artigo 25 do Código penal, entende-se como legitima defesa também o ato de repelir injusta agressão, atual ou iminente, a outrem. Art. 25. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. De acordo com os fatos narrado pelo réu, o mesmo agiu em legitima defesa de sua filha menor, que estaria em eventual situação de risco, aonde a suposta vítima praticava atos libidinosos com a mesma. 5. DA ATIPICIDADE DA CONDUTA DO CIDADÃO ACUSADO. Como mencionado alhures, não restou comprovado a veracidade dos argumentos elencados na exordial acusatória, uma vez que o cidadão acusado agiu em legitima defesa da filha, que conforme comprova laudos médicos já havia sido estuprada anteriormente, o mesmo agiu mediante violenta emoção ao presenciar a suposta vítima com um estilete em punhos praticando atos libidinosos com sua filha, assim como apresentado em imagens que comprovam a veracidade dos fatos, tem-se conhecimento de três novas testemunhas oculares, que podem confirmar o caso narrado pelo acusado. http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641920/artigo-396-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/28003939/artigo-396a-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10642160/artigo-395-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10642160/artigo-395-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10642107/inciso-i-do-artigo-395-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 Fica evidenciado a não caracterização de conduta criminosa de homicídio por motivo fútil por parte do cidadão acusado, uma vez que, frisa-se repetidamente, os motivos pelo tal ato cometido. Ainda, há total incongruência entre a exordial acusatória e a declaração da vítima, nos autos do inquérito policial, haja vista que, o acusado confessou o crime, porém se justificou com motivos e provas testemunhais e documentais. Nesse sentido, sempre útil e oportuna, é a lição de Cícero no exórdio da defesa de Coeli, que assevera: “uma coisa é maldizer, outra é acusar. A acusação investiga o crime, define os fatos, prova com argumentos, confirma com testemunhas; a maledicência não tem outro propósito senão a costumélia”. Destarte, vale ratificar que o Código Penal, em seu artigo 13, exige que haja a relação de causalidade para o resultado do crime: Art. 13. O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe der causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. Posto isto, conclui-se que em matéria de condenação criminal, não bastam meros indícios. A prova da autoria deve ser lógica e livre de dúvida, pois só a certeza autoriza a condenação no juízo criminal. Desta feita, restando comprovada a fragilidade da acusação, face às provas de conduta atípica, bem como as testemunhas, não há se falar em crime cometido pelo cidadão acusado. 6. DO PEDIDO Diante do exposto requer se digne Vossa Excelência: a) Seja rejeitada de plano a denúncia, com fulcro nos art. 395, e incisos, do CPP, eis que objetiva a denúncia imputar responsabilidade penal sob conduta atípica e/ou inexistentes as condições para o exercício da ação; b) Caso Vossa Excelência não entenda pela rejeição da denúncia, e a absolvição do cidadão acusado, com fundamento no art. 386, VI do Código de Processo Penal; c) Subsidiariamente, seja o cidadão acusado absolvido sumariamente, em conformidade com o art. 397, I do Código de Processo Penal; d) Caso superadas as preliminares, o que admitimos apenas por amor a argumentação – requer sejam intimados, na qualidade de informantes elencadas no rol abaixo. e) No mérito, requer a presente seja a denúncia julgada totalmente IMPROCEDENTE. http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10638340/artigo-13-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10642160/artigo-395-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10643765/artigo-386-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10643568/inciso-v-do-artigo-386-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641837/artigo-397-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 Protesta provar o alegado por todos meios de provas, documental, testemunha e demais meios de prova em direito admitidos. Termos em que, pede deferimento. Local, 16 de Setembro de 2011. _____________________ Nome e Assinatura do Advogado OAB nº
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