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Aula 2 - MODELOS INOVADORES DE GESTÃO

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AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MODELOS DE NEGÓCIOS 
INOVADORES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Anelise Jensen 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Em plena onda de economia colaborativa e empreendedora, o contexto 
empresarial pede cada vez inovações em conceitos, produtos e serviços. Já não 
adianta mais oferecer “mais do mesmo”. A inovação é um tema complexo e que, 
por vezes, gera resistência entre as pessoas e as organizações. 
Assim, perguntamos: o que será que faz com que tantas empresas 
consigam se manter anos no mercado, enquanto outras desaparecem 
rapidamente? 
Quando falamos em modelos inovadores de negócios, estamos nos 
referindo não somente a ter à disposição tecnologias de última geração na 
empresa, ou a inovar em produtos e serviços – trata-se também de estabelecer 
formas diferentes de administrar os negócios, pensando, por exemplo, em 
maneiras de simplificar processos já executados na organização. Isso inclui poder 
contar com pessoas dispostas a implementar novidades nos modelos de 
negócios, chegando assim mais perto da realidade daquilo que muitas 
organizações estão vivendo e buscando hoje. 
Existem vários modelos de inovação; neste módulo, iremos percorrer 
alguns desses principais modelos, conhecendo como funcionam os processos de 
inovação e quais os aspectos que contribuem para que esses processos tenham 
maior chance de êxito. 
CONTEXTUALIZANDO 
Segundo dados do Fórum Econômico Mundial, divulgados em 2017, o 
Brasil figura na 81a posição no Ranking de Competitividade Internacional, depois 
de uma sequência de quedas desde 2013. Nesse mesmo ano de 2017, a 
Universidade de Cornell, nos EUA, em parceria com a escola de negócios Insead 
e a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), apontaram o Brasil 
na 69a posição no Índice Nacional de Inovação (130 economias foram objeto de 
análise). 
Apesar do contexto de crise no país e da decorrente redução dos 
investimentos em inovação, o panorama empresarial conduz as empresas no 
caminho de inovar sempre, o que é fundamental para manter a competitividade 
das organizações. É fato que empresas que não acompanharem esses 
 
 
3 
movimentos estarão fadadas ao fracasso. Afinal, inovar não é mais somente uma 
opção para as empresas, é uma necessidade! 
Hoje temos muitas possibilidades de marcas e produtos à nossa escolha e, 
com muita oferta, o consumidor detém o poder de escolha, o que implica na 
manutenção, por parte das organizações, de seus níveis de competitividade. A 
partir disso, vimos surgir modelos diferenciados de organizações, com base em 
um pensamento estratégico mais flexível, no que diz respeito tanto aos conceitos 
de novos negócios, quanto à maneira de gerenciar as empresas. 
TEMA 1 – MODELOS INOVADORES DE GESTÃO 
A inovação surgiu essencialmente por meio das descobertas científicas, 
como por exemplo a invenção da lâmpada (por Thomas Edison), ou ainda pela 
absorção de demandas de mercado, como no caso de uma simples capinha para 
celular. 
Apesar de existir todo um empenho para que essas duas direções (a 
ciência e o mercado) possam estar associadas, atendendo de forma mais apurada 
a demandas sociais, infelizmente em nosso país ainda há uma série de barreiras 
financeiras, legais e culturais que dificultam essa aproximação. 
É a partir desse cenário que começam a surgir espaços voltados para a 
inovação, nos quais são viabilizados modelos de negócios inovadores. As 
incubadoras são um exemplo claro desse tipo de espaço, destinado ao 
desenvolvimento de novos projetos e ideias, visando estimular o 
empreendedorismo. Nas incubadoras, há suporte na parte gerencial, jurídica, 
contábil e de controle financeiro do negócio; dados de pesquisa são transportados 
para a realidade da atividade de produção e da gestão de empresas. 
As incubadoras funcionam principalmente por meio de processos de 
mentoria ou mentoring (quando um gestor mais experiente, da área de atuação, 
supervisiona projetos) e consultoria (quando o diagnóstico é feito e acompanhado 
pelos diversos profissionais habilitados da incubadora). Outro exemplo desse tipo 
de espaço são os parques tecnológicos, destinados a validar pesquisas em 
produtos, que aproximam o saber acadêmico elaborado nas universidades dos 
setores produtivos. 
A inovação, quando somada à criatividade e à diferenciação, é apontada 
como uma maneira de sobrevivência das empresas no mercado. O fato é que as 
 
 
4 
pessoas não querem mais produtos idênticos! Elas querem produtos e serviços 
que tenham a identidade e que ao mesmo tempo resolvam seus problemas. 
Sendo assim, qualquer modelo de negócios que se proponha a ser 
inovador – seja no conceito; seja na gestão do negócio - deve, necessariamente, 
buscar se diferenciar da concorrência. E para isso, é preciso conhecer os gostos 
e preferências dos clientes, os recursos disponíveis e as formas de 
comercialização e entrega, oferecendo então uma proposta de valor única. A 
proposta de valor é um conjunto de benefícios únicos ofertados pela empresa que 
irão atender as necessidades do mercado; é uma promessa da empresa que deve 
ser entregue. 
Se antes todas as entregas eram iguais, através de modelos de negócios 
inovadores temos novas possibilidades: ter uma geração de ideias mescladas ao 
design (como é o caso da modelagem de negócios através de protótipos), ter 
produtos customizados (como um tênis que você possa configurar da cor do 
cadarço ao material da sola) ou ainda ter serviços flexíveis (como a marcação de 
exames de laboratório, em que o profissional vai até a casa do cliente para a coleta 
de material). Isso só é possível hoje por podermos contar com estruturas de 
gestão com custos de produção menores e tecnologias que permitem oferecer o 
diferente. 
Por conta de todas essas possibilidades, muitos modelos de negócios 
inovadores em conceitos chegaram ao mercado nos últimos tempos. É o caso do 
Uber (motoristas de carro particulares), do Airbnb (aluguel de casas em qualquer 
lugar do mundo direto do proprietário), do Netflix (disponibilização de séries e 
filmes em uma plataforma única) e da Dog Hero (serviço de hospedagem para 
cães e gatos). 
É importante destacar que o modelo de gestão dessas empresas está 
baseado tanto na experiência do usuário quanto na sua colaboração. Essas 
empresas são consideradas como corporações mais modernas e mais abertas à 
inovação. 
Uma outra modalidade são os conceitos de negócios inovadores quanto à 
forma de gestão: 
 Estratégia do oceano azul: a metodologia proposta por W. Chan Kim e 
Renée Maubourgne aposta na aplicação de matrizes para encontrar 
mercados inexplorados, chamados de “oceano azul”, que representam 
 
 
5 
oportunidades de lucro (considera-se que estamos em um oceano 
vermelho de concorrência acirrada). 
 Design thinking: desenvolvida por David M. Kelley e Tim Brown, esta 
abordagem de inovação consiste em repassar para os negócios o 
“pensamento dos designers”, considerando que esse tipo de profissional 
apreende que é preciso entender o que atrapalha a experiência e o bem-
estar das pessoas, e, portanto, das organizações. Forma-se uma equipe 
com múltiplas especialidades. 
 Modelagem de negócios: a metodologia, criada por Alexander 
Osterwalder e Yves Pigneur, trabalha a ideia da geração e entrega de valor 
em uma empresa por meio de um quadro com nove diferentes campos. 
Assim, a inovação em modelo de negócios leva em conta a forma como os 
produtos e serviços chegam ao consumidor. Antigamente, por exemplo, uma 
pessoa interessada em fazer um financiamento de veículo se dirigia até a loja de 
carros e efetuava as negociações e trâmites necessários. Hoje, fora as questões 
burocráticas, é possível realizar o mesmo financiamento de modo que, passado 
certo período de pagamento contratado, o consumidor tem acesso a um veículo 
do ano – novinho! 
Das teorias e experimentação derivam oito modelosde negócios que vêm 
revolucionando as práticas de mercado, segundo a empresa de soluções no 
mundo digital GhFly (2017). Vamos a eles. 
Figura 1 – Modelos 
 
Fonte: GH Fly, 2017. 
 
 
6 
O primeiro modelo, modelo de assinatura, se resume ao acesso gratuito 
por um período determinado a um serviço (que normalmente é pago). Após o 
tempo estipulado, o usuário escolhe se quer continuar utilizando o serviço, 
mediante remuneração, ou se quer cancelar o uso. O segundo modelo, modelo 
freemium, concede acesso a um produto inicial em troca do preenchimento de 
um cadastro. No modelo gratuito o usuário não paga pelo serviço e a empresa 
lucra através da comercialização de dados dos usuários. 
O modelo marketplace é a reunião de diversos vendedores, cada qual 
com seus produtos, dentro de uma mesma plataforma, o que possibilita atender 
os mais variados segmentos. Já o modelo de acesso sobre a propriedade cede 
o acesso a um bem, mediante remuneração e conhecimento das partes. O 
modelo de hipermercado, por sua vez, se fundamenta no lançamento de 
produtos próprios de baixo custo. 
O modelo da pirâmide busca recrutar revendedores, procurando filiar os 
usuários em troca de mais benefícios na pirâmide. E, por fim, o modelo 
ecossistema procura comercializar produtos que sejam interligados e 
interdependentes, criando uma ligação entre as vendas. 
Devemos considerar que as empresas mais arrojadas do mercado são 
aquelas que buscam modelar e aperfeiçoar seus padrões de gestão, tanto quanto 
seus produtos e serviços. 
Sendo assim, inovar é um dos aspectos essenciais para qualquer 
organização que deseja se manter saudável no mercado. Em geral, modelos de 
negócios que procuram contemplar inovações em gestão acabam por conquistar 
vantagens competitivas que os fortalecem e os tornam mais resilientes para 
enfrentar a forte concorrência. 
TEMA 2 – PROCESSOS DE INOVAÇÃO 
Se o objetivo da organização é se destacar em um mercado que é 
altamente competitivo, é preciso permitir a presença do pensamento criativo e é 
preciso inovar, apresentando, para isso, uma proposta de valor que contenha em 
si um diferencial (que faça a empresa ou serviço serem vistos como singulares e 
únicos frente à concorrência). 
Geralmente, processos de inovação começam pequenos, passo a passo, 
levando em conta o tamanho do mercado atendido, os recursos financeiros 
disponíveis e a equipe de pessoas envolvida. Para Davila, Epstein e Shelton 
 
 
7 
(2009, p. 134), em empresas pequenas isso “normalmente é um fato natural 
decorrente do insight, talento e interação de um pequeno grupo de pessoas.” 
Contudo, quando as organizações começam a crescer, isso já não acontece mais 
dessa maneira, muitas vezes culminando em setores (Produção, Marketing, 
Pesquisa e Desenvolvimento, Finanças etc.) que não “conversam” dentro da 
empresa para a mesma inovação. 
E é muitas vezes nesse sentido que empresas e empreendedores se 
questionam: “Se era tão evidente, por que não pensei nisso antes?!”. Mas, para 
que se realize de maneira adequada, o processo de inovação precisa ser 
administrado, de acordo com o seguinte fluxo. 
Figura 2 – Fluxo de inovação 
 
Fonte: Elaborado com base em Scherer e Carlomagno, 2016, p. 53. 
O fluxo segue a ordem exposta na figura: na fase da idealização, contém 
em si o espaço para a geração das ideias, oportunidades e negócios; a partir da 
análise de tendências, são ideias dadas por clientes ou a adaptação de velhas 
ideias. Feito isso, temos a apropriação e o aprimoramento do conceito, quando 
ele é claramente definido. A experimentação serve, na sequência, para fazer os 
ajustes no conceito agora aplicado, buscando diminuir incertezas. É então que 
ocorre a implementação da ideia: ela ganha volume de produção e avaliação 
posterior. Lembramos que, para chegar nesse processo, a empresa precisa definir 
os critérios para que se prossiga de um estágio ao outro. 
Há ainda um outro modelo teórico que traz pontos complementares, no qual 
o processo de inovação é comparado a um funil, que inicialmente é maior para 
acomodar um volume grande de ideias, e depois vai ficando estreito à medida que 
fiquem apenas as ideias passíveis de comercialização. 
 
Idealização Conceituação Experimentação Implementação
 
 
8 
Figura 3 – O processo de inovação 
 
Fonte: Elaborado com base em Davila; Epstein; Shelton, 2009, p. 139 
A inovação representa, dessa maneira, a forma pela qual as mudanças 
podem acontecer nas organizações. A inovação é, afinal, um processo de 
reinvenção contínua do negócio, ao mesmo tempo em que cria novos conceitos 
de negócio (Hamel, 2001). Logo, os processos de inovação devem ser pensados 
para o presente (e não apenas para o futuro), pois os impactos, decorrentes das 
escolhas nessas fases, deverão ser sentidos e irão guiar a organização. 
TEMA 3 – FATORES CRÍTICOS PARA O PROCESSO DE INOVAÇÃO 
Como comentamos, inovação exige administração. Nesse sentido, precisa 
estar apoiada em um trabalho estruturado e em um ambiente propício. Drucker 
(1986, p.190) estabelece que “uma inovação para ser eficaz precisa ser simples 
e tem que ser concentrada”. 
Levando em conta as mudanças na sociedade e na economia, temos que 
que, “com o passar do tempo, os modelos de negócios e as estratégias se tornam 
antiquados em nossa economia de rápido avanço, e as estratégias chegam a sua 
data-limite de validade mais depressa do que antes” (Davila; Epstein; Shelton, 
2009, p. 93). 
Então, com base na concepção de Davila, Epstein e Shelton (2009, p. 93), 
temos que os fatores críticos para o processo de inovação estão divididos 
basicamente em fatores internos e fatores externos. 
Os fatores internos contemplam: 
 
 
9 
 Condições técnicas; 
 Condições organizacionais; 
 Sucesso do atual modelo de negócios; 
 Financiamento; 
 Visão da alta administração/ direção. 
Os fatores externos, por sua vez, contemplam: 
 Capacidade da rede externa; 
 Estrutura da indústria; 
 Concorrência; 
 Índice de mudança tecnológica. 
Como cada organização é diferente uma da outra, com condições e 
recursos distintos, será sempre necessário acompanhar tais fatores, pois o que 
para uma empresa pode representar uma oportunidade, para outra, nas mesmas 
condições, pode representar uma ameaça. 
Acima de tudo, os objetivos de inovação estabelecidos pela organização 
precisam atender a alguns aspectos: em primeiro lugar, devem ser relevantes 
para a própria organização (que “comprará” a ideia), com uma orientação voltada 
ao atendimento das demandas de mercado, tendo para isso um adequado 
sistema de gerenciamento. É preciso ainda ter um clima corporativo que permita 
inovar, no qual as resistências são contornadas e as experiências em relação às 
taxas de implantação das inovações sejam positivas, contando com o 
comprometimento da direção. 
TEMA 4 – INOVAÇÃO ABERTA 
Quantas e quantas empresas nós conseguimos nos lembrar que tiveram 
muito sucesso no passado e que hoje não existem mais porque algum item ou 
ideia mais inovador chegou ao mercado? 
Os fabricantes de CDs (aqueles pequenos discos portáteis que a maioria 
de nós ouviu durante um bom tempo_ não desapareceram porque surgiram os 
serviços de streaming (serviços em que é possível comprar ou baixar 
gratuitamente arquivos de músicas)? Os fabricantes de máquinas de escrever ou 
das máquinas fotográficas, idem. Eles desapareceram porque não encontraram 
maneiras para se adaptar ao mercado. Certamente faltaram ideias inovadoras. 
 
 
10 
Muitas organizações possuem algum tipo de projeto ou programa ligado à 
inovação. No entanto, poucas são aquelas com departamentos dedicados a 
coletar ideias dos stakeholders (que são os diversos públicos interessados no seu 
negócio, como clientes, governo, fornecedores etc.). 
Então, como uma forma de promover o diálogo com públicos externos à 
organização (importante justamente para encontrar essas novasideias), a busca 
por ideias originais ultrapassa os limites das empresas, resultando, por exemplo, 
em espaços para sugestões e reclamações que podem trazer novas e diferentes 
oportunidades de negócios. 
Assim teve início o conceito de inovação aberta, também conhecida pelo 
termo open innovation, criado por um pesquisador da Universidade de Berkeley 
(em 2003 – portanto, recentemente), professor Henry Chesbrough. O conceito 
parte do princípio de que boas ideias podem brotar em espaços que vão além 
somente da empresa. Enquanto ferramenta que procura agilizar os processos de 
inovação, o que importa realmente aqui é poder decompor ideias em melhorias 
para a empresa e seus clientes. 
“A Inovação Aberta vem somar às empresas mais uma fonte de ideias para 
a solução criativa de problemas, desenvolvimento de novos produtos e em muitas 
outras áreas de gestão. Inclusive ideias para otimizar modelos de negócio” (Silva, 
2010, p.167). 
A inovação aberta não é exclusividade de nenhum perfil específico de 
organização, sendo aplicável tanto às pequenas empresas quanto às 
multinacionais, em maior ou menor grau de complexidade, como já fizeram 
Procter&Gamble, Electrolux e LG, por exemplo. 
Uma grande vantagem da adoção dessa metodologia é permitir o acesso a 
um volume muito maior e expressivo de novas ideias, em um reduzido espaço de 
tempo e com um custo muito menor para as organizações. 
Considerada por muitos como a inovação dentro da inovação, uma das 
suas principais características é ser democrática, já que ideias podem vir de 
diferentes espaços: universidades, laboratórios, estudantes, institutos de 
pesquisa e assim por diante. 
Mas afinal, como podemos fazer isso na prática? Podemos colocar em 
prática a inovação aberta de algumas maneiras. Uma delas consiste em criar um 
espaço para contribuir com ideias, como uma simples caixa de sugestões deixada 
 
 
11 
no ambiente da loja ou dentro da fábrica, nos setores que não sejam os setores 
de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação. 
Uma outra forma seria disponibilizar um site com essa finalidade, que deve 
estar aberto a quem queira contribuir; além de páginas corporativas com essa 
finalidade em redes sociais, apoiando a ação. Vejamos um exemplo. 
A Coca-Cola é uma empresa que está sempre em busca de inovações e, 
para isso, conta com a valiosa colaboração de seus consumidores. Em 2015, a 
empresa lançou o desafio Abra Ideias, convocando o público a responder como 
ter sua Coca-Cola sempre gelada, a qualquer momento. Como recompensa, a 
empresa oferecia prêmios1. 
É importante deixar claro que nem todas as ideias dadas serão 
necessariamente implementadas. Elas poderão ser objeto de uma avaliação 
prévia, a partir de critérios que a organização estabeleça, sendo colocadas em 
prática na medida em que a necessidade e a oportunidade adequadas apareçam. 
Para ilustrar, traremos um exemplo de uma empresa que já teve em suas 
estratégias um site destinado especificamente à inovação aberta, e permanece 
aprimorando este relacionamento com o consumidor através dessa ideia. 
Trata-se da Tecnisa. Um formato diferenciado dessa abordagem pode ser 
visto no mercado desde 2011, através da campanha Tecnisa Fast Dating: trata-
se de um convite para empresas ou startups que tenham em seu portfólio algum 
produto ou serviço que considerem diferenciado. Os interessados devem 
apresentar um vídeo de 10 minutos (chamado de pitch, em inglês). As ideias 
selecionadas recebem investimento da construtora (que se torna um cliente-anjo). 
TEMA 5 – ESTRATÉGIAS: INCREMENTAL, DISRUPTIVA E RADICAL 
Existem diversos conceitos e linhas de pensamento quando tratamos de 
inovação. Desse modo, é preciso entender qual é o tipo de inovação escolhida, 
pois cada tipo oferece certos riscos – e, portanto, também benefícios variados. 
Embora existam outros modelos, para efeitos de estudo optamos por trabalhar 
três grandes tipos de inovação existentes: a inovação incremental, a inovação 
disruptiva e a inovação radical. 
A inovação incremental normalmente não realiza mudanças profundas; 
por outro lado, segundo Scherer e Carlogmano (2016, p. 23) “uma inovação 
 
1 Os resultados podem ser vistos em ABRAIDEIAS. Disponível em: <http://abraideias.com.br/>. 
Acesso em: 28 ago. 2018 
 
 
12 
incremental se caracteriza por um grau moderado de novidade e por ganhos 
significativos nos resultados”. 
Esse tipo de inovação é caracterizado por fazer melhorias ou incluir algum 
tópico novo, sem com isso mudar as características básicas do produto. O impacto 
desse tipo de inovação é significativo para a empresa e permite uma vantagem 
de médio e longo prazo para a organização dentro do mercado em que atua. Em 
outras palavras, trata-se de melhoria contínua, aquela busca por soluções de 
problemas, oportunidades de melhoria e desafios, cujo objetivo final sempre está 
focado na eterna jornada pela perfeição de serviços, produtos e processos, para 
chegar à qualidade otimizada e à satisfação de clientes e stakeholders. 
Podemos observar exemplos dessa estratégia quando uma montadora 
lança uma nova cartela de cores de determinado carro, sem, no entanto, alterar o 
modelo; quando a fabricante de escovas de dentes coloca no mercado um modelo 
de escova com uma proposta mais ergonômica ou de material mais macio; ou 
ainda um fabricante de pilhas que oferece um produto que atesta durar mais horas 
que os produtos anteriores. 
A inovação disruptiva já apresenta outra proposta: espera encontrar 
novos mercados e impactar a concorrência, encontrando assim seu “oceano azul” 
(conceito que vimos lá atrás). A ideia aqui é quebrar padrões, apresentando itens 
até então nunca ofertados. São inovações simples, baratas e práticas. O relatório 
“Inovações Disruptivas”, apresentado pelo banco CITI em 2016, aponta alguns 
dos itens que poderão trazer grandes contribuições. 
Estão dentro dessa lista a imunoterapia (que agora está sendo bastante 
comentada), a impressão 3D (usada em algumas áreas), os carros autônomos (já 
em testes), os tratamentos de vista que utilizam nanopartículas (isentando assim 
a necessidade de gotas ou injeções), os objetos dobráveis (baseados na 
tecnologia díodo orgânico emissor de luz ou OLED), a internet das coisas, o 
comércio contextual (em que a tendência de aquisição a partir de sugestões 
cruzadas da tecnologia ganha força), e assim por diante. 
Há ainda a inovação radical (breakthrought innovation). Segundo Davila, 
Epstein e Shelton (2009, p. 69) é “aquela mudança significativa que afeta 
simultaneamente tanto o modelo de negócios quanto a tecnologia de uma 
empresa”. Então, trata-se da inserção de um produto ou atividade inteiramente 
nova. Para o instituto Radical Innovation Group, referência no assunto, para ser 
radical uma inovação precisa oferecer uma melhoria de 5 a 10 vezes na 
 
 
13 
performance, ou uma redução de 30 a 50% nos custos. Mohr et al. (2011, p. 19), 
apontam que as inovações radicais “empregam novas tecnologias e criam novos 
mercados”. Ou seja, não se comparam a nada do que já existiu no mercado. 
O lançamento das fraldas descartáveis, na década de 70, foi um grande 
exemplo desse tipo de inovação. As fitas cassete e os discos de vinil também 
estão dentro dessa linha. Quer um caso mais recente? A migração dos CDs 
(discos portáteis) para arquivos de música digitais (chamados de MP3). 
Observe também (Mohr et al., 2011, p. 20): 
Em outros casos, as inovações radicais são desenvolvidas como uma 
nova maneira de servir a uma necessidade preexistente ou em resposta 
à identificação de uma necessidade emergente. Independentemente de 
a inovação ter se originado da ciência “pura” ou em resposta a uma 
necessidade, a nova tecnologia cria para si um novo mercado. 
Mas muitos casos de inovações radicais não são desenvolvidos com 
objetivos comerciais. Por serem em sua maioria originadosem laboratórios, 
centros de pesquisa e universidades, são simplesmente criados, não se pensando 
em aplicação de uso, pelo menos a princípio (Mohr et al., 2011, p. 19). O caso do 
bloquinho de papel Post It ilustra bem esse conceito: um cientista da 3M 
(fabricante do bloco) chamado Art Fry, era integrante de um coral e marcava suas 
partituras de música com marcadores de livro, que normalmente caíam. Um dia 
ele observou um adesivo, criado por um colega cientista, que era capaz de ser 
colocado em outro local, tendo a ideia de usar esse adesivo em notas de papel. 
Surge então um novo conceito de bloco de papel, o Post It. 
FINALIZANDO 
Sabemos que ainda existem muitas restrições aos processos de inovação 
dentro das empresas; mas, ao mesmo tempo, temos notado um aumento de 
modelos de negócios inovadores chegando ao mercado. Isso é fruto de uma 
aproximação entre academia e mercado, que abriu espaços propícios para a 
inovação e disponibilizou profissionais para isto. É também fruto da inter-relação 
entre teorias de diversos autores e ideias criativas. 
Existem por aí milhares de indivíduos com capacidade de criar – dentro e 
fora das empresas –, em um cenário em que os empresários precisam de ideias 
inovadoras para gerar seus diferenciais de mercado e assim também encontrar 
uma proposta de valor única. Lembramos, nesse sentido, que o processo de 
inovação apresenta ligação direta com as estratégias definidas pelas 
 
 
14 
organizações, na mesma medida que diz respeito ao tipo de inovação a ser 
adotado. 
Modelos de negócios inovadores podem se diferenciar com base em quatro 
dimensões principais: a oferta, os consumidores, os processos e os canais de 
entrega. Portanto, para ter sucesso é necessário ter uma boa equipe, com 
ambiente e cultura que geram estímulos para tal fim, além de estrutura e processo 
de inovação bem definidos e desenhados. 
A mudança no modelo de negócios começa, assim, primeiro pela mudança 
no raciocínio estratégico, considerando a ótica e as necessidades do consumidor. 
A introdução de novidades nos modelos de negócios permanece sendo um 
desafio para muitas empresas. Se o futuro é incerto, isso é algo que mantém a 
empresa em permanente movimento, desafiando-a a manter sua competitividade 
e encontrar novos caminhos. Se o mercado é rápido e muda constantemente, é 
por meio de ideias e novas soluções que a inovação pode aparecer! 
LEITURA COMPLEMENTAR 
Texto de abordagem teórica 
DESIGN Thinking, Modelo de Negócio Canvas e o Processo de Criação de Novos 
Negócios. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DO CONHECIMENTO E 
INOVAÇÃO, 5., 2015, Florianópolis. Anais... Disponível em: <http://via.ufsc.br/wp-
content/uploads/2017/02/Artigo-CIKI-2015_Design-Thinking-Modelo-de-
Neg%C3%B3cio-Canvas-e-o-Processo-de-Cria%C3%A7%C3%A3o-de-Novos-
Neg%C3%B3cios-1.pdf>. Acesso em: 28 ago. 2018. 
Texto de abordagem prática 
HASHIMOTO, M. Inovação através do modelo de negócio. Pequenas Empresas 
& Grandes Negócios, 2011. Disponível em: 
<http://revistapegn.globo.com/Revista/Common/0,,EMI239920-17141,00-
INOVACAO+ATRAVES+DO+MODELO+DE+NEGOCIO.html>. Acesso em: 28 
ago. 2018. 
 
 
 
15 
Saiba mais 
GOVINDARAJAN, V. As dimensões da inovação. HSM Experience, 21 fev. 2014. 
Entrevista. Disponível em: <https://experience.hsm.com.br/posts/as-dimensoes-
da-inovacao>. Acesso em: 28 ago. 2018. 
 
 
 
 
16 
REFERÊNCIAS 
8 MODELOS de negócios inovadores que impactaram o mercado. GhFly, 22 maio 
2017. Disponível em: <http://blog.ghfly.com/8-modelos-de-negocios-inovadores-
que-impactaram-o-mercado/>. Acesso em: 28 ago. 2018. 
DAVILA, T.; EPSTEIN, M. J.; SHELTON, R. As regras da inovação: como 
gerenciar, como medir e como lucrar. 2. ed. Porto Alegre: Bookmann, 2009. 
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