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2018 Inovação e DesenvolvImento De novos ProDutos Profa. Christiane Fabíola Momm Profa. Luciana Ronchi Copyright © UNIASSELVI 2018 Elaboração: Profa. Christiane Fabíola Momm Profa. Luciana Ronchi Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. M733i Momm, Christiane Fabíola Inovação e desenvolvimento de novos produtos / Christiane Fabíola Momm, Luciana Ronchi – Indaial: UNIASSELVI, 2018. 215 p.; il. ISBN 978-85-515-0174-0 1.Inovações tecnológicas - Administração – Brasil. 2.Administração de empresas – Brasil. 3.Administração de produtos – Brasil. I. Ronchi, Luciana. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 658.575 III aPresentação Caro acadêmico! A disciplina “Inovação e Desenvolvimento de Novos Produtos” integra um referencial estratégico em meio ao cenário global e a constante concorrência acirrada entre organizações. Também pode ser considerada uma das disciplinas mais importantes da administração, especialmente, para quem está interessado em analisar os interesses do mercado e do consumidor e colocar em prática ideias que podem gerar melhorias para a sociedade e retorno financeiro para a organização. Nos dias atuais, os reflexos do desenvolvimento de novos produtos, são muitos, e o objetivo deste Livro de Estudos é, entre outros, entender os aspectos estratégicos que envolvem a inovação e o desenvolvimento de novos produtos e fornecer mecanismos para a compreensão e percepção da importância dessa disciplina ao longo de sua trajetória acadêmica e profissional. Para tanto, este Livro de Estudos está dividido em três unidades. Cada uma das unidades contém as autoatividades e as leituras complementares, além de conteúdos específicos como veremos a seguir. Na Unidade 1 serão abordados os conceitos de invenção e inovação e o que não é inovação; os tipos de inovação existentes: por objeto de inovação e por novidade de resultados, bem como, a inovação por estratégia, os aspectos estratégicos da inovação e o que envolve a vantagem competitiva da inovação. Na Unidade 2 vamos estudar os estágios dos processos de inovação, como se desenvolve o processo de inovação e seus estágios, o ciclo de vida do produto e a gestão dos processos de inovação. Além disso, estudaremos os fatores que influenciam e incentivam a inovação, os obstáculos e as fontes de inovação. Na sequência serão estudadas as medidas de inovação e as métricas mais utilizadas, os investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e os registros de patentes. Na Unidade 3 vamos estudar as etapas de desenvolvimento de produto, serviços e processos, a partir da perspectiva da avaliação das oportunidades (do mercado), do planejamento necessário para o desenvolvimento de novos produtos, e da própria etapa do desenvolvimento que exige o envolvimento de uma série de profissionais especializados e capazes de utilizar da melhor forma as suas habilidades para concluir essa etapa. Na sequência, vamos ver que há necessidade de realizar testes e avaliações para que o novo produto seja IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA colocado no mercado, a partir de sua liberação e lançamento para o mercado e consumidor. Estudaremos as diferentes metodologias de desenvolvimento de produtos e serviços, incluindo o design thinking, a cocriação, o scamper e outras técnicas criativas existentes. Ao final da Unidade 3 vamos estudar o conceito de gerenciamento de projetos, a propriedade intelectual e a sua importância, bem como, patentes e registros de propriedade intelectual. Esperamos que você encontre neste Livro de Estudos um meio para construir seus conhecimentos e aprofundá-los ao longo de sua jornada acadêmica e profissional! Sucesso e bons estudos! Profa. Christiane Fabíola Momm Profa. Luciana Ronchi V VI VII UNIDADE 1 - INOVAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS ........... 1 TÓPICO 1 - ENTENDENDO A INOVAÇÃO ................................................................................. 3 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 3 2 DEFINIÇÃO DE INOVAÇÃO ........................................................................................................ 3 3 O QUE NÃO É INOVAÇÃO? ......................................................................................................... 7 LEITURA COMPLEMENTAR 1 ........................................................................................................ 12 LEITURA COMPLEMENTAR 2 ........................................................................................................ 14 RESUMO DO TÓPICO 1.................................................................................................................... 21 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 23 TÓPICO 2 - TIPOS DE INOVAÇÃO ............................................................................................... 25 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 25 2 TIPOS DE INOVAÇÃO POR NOVIDADE DE RESULTADOS ............................................. 25 2.1 INCREMENTAL........................................................................................................................... 26 2.2 RADICAL ...................................................................................................................................... 27 2.3 DISRUPTIVA ................................................................................................................................ 28 3 TIPOS DE INOVAÇÃO POR OBJETO DE INOVAÇÃO ......................................................... 30 3.1 PRODUTO .................................................................................................................................... 31 3.2 MARKETING ............................................................................................................................... 32 3.3 PROCESSOS ................................................................................................................................. 33 3.4 ORGANIZACIONAL ..................................................................................................................34 4 TIPOS DE INOVAÇÃO POR ESTRATÉGIA .............................................................................. 36 4.1 FECHADA .................................................................................................................................... 37 4.2 ABERTA ......................................................................................................................................... 39 4.3 SUSTENTÁVEL/SUSTENTADORA ......................................................................................... 40 4.4 DISRUPTIVA ................................................................................................................................ 41 LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................................... 42 RESUMO DO TÓPICO 2.................................................................................................................... 48 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 50 TÓPICO 3 - ASPECTO ESTRATÉGICO E VANTAGEM COMPETITIVA DA INOVAÇÃO .............................................................................. 51 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 51 2 ASPECTOS ESTRATÉGICOS DA INOVAÇÃO ........................................................................ 51 3 VANTAGEM COMPETITIVA DA INOVAÇÃO ........................................................................ 54 LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................................... 57 RESUMO DO TÓPICO 3.................................................................................................................... 60 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 62 UNIDADE 2 - O PROCESSO DE INOVAÇÃO ............................................................................. 65 TÓPICO 1 - O PROCESSO DE INOVAÇÃO ................................................................................. 67 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 67 sumárIo VIII 2 OS MODELOS DE INOVAÇÃO ................................................................................................... 67 3 GESTÃO DO PROCESSO DE INOVAÇÃO ............................................................................... 75 4 CICLO DA INOVAÇÃO .................................................................................................................. 87 RESUMO DO TÓPICO 1.................................................................................................................... 89 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 90 TÓPICO 2 - FATORES QUE INFLUENCIAM A INOVAÇÃO ................................................... 91 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 91 2 OBSTÁCULOS À INOVAÇÃO ...................................................................................................... 91 3 FATORES QUE INCENTIVAM A INOVAÇÃO ......................................................................... 97 4 CULTURA DE INOVAÇÃO ........................................................................................................... 102 5 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO .................................................................................... 111 RESUMO DO TÓPICO 2.................................................................................................................... 115 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 116 TÓPICO 3 - MEDIDAS DE INOVAÇÃO ........................................................................................ 117 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 117 2 POR QUE MEDIR INOVAÇÃO? ................................................................................................... 117 3 MÉTRICAS DE INOVAÇÃO MAIS UTILIZADAS .................................................................. 118 4 ANÁLISE DOS DADOS E AVALIAÇÃO .................................................................................... 126 5 ÍNDICE GLOBAL DE INOVAÇÃO .............................................................................................. 127 LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................................... 131 RESUMO DO TÓPICO 3.................................................................................................................... 135 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 136 UNIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO ............................................................... 137 TÓPICO 1 - ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS, SERVIÇOS E PROCESSOS ............................................................... 139 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 139 2 AVALIAÇÃO DAS OPORTUNIDADES ...................................................................................... 139 3 PLANEJAMENTO ............................................................................................................................ 141 4 DESENVOLVIMENTO .................................................................................................................... 143 5 TESTE E AVALIAÇÃO ..................................................................................................................... 147 6 LIBERAÇÃO E LANÇAMENTO DO PRODUTO, SERVIÇOS OU PROCESSOS ............. 148 RESUMO DO TÓPICO 1.................................................................................................................... 149 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 150 TÓPICO 2 - DESIGN THINKING COMO METODOLOGIA PARA CRIAR PRODUTOS, SERVIÇOS E PROCESSOS ...................................... 153 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 153 2 ORIGEM DO DESIGN THINKING ............................................................................................... 154 3 DESIGN THINKING COMO METODOLOGIA PARA DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS .................................................................... 156 4 APLICANDO A METODOLOGIA DE DESIGN THINKING .................................................. 158 RESUMO DO TÓPICO 2.................................................................................................................... 173 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 174 TÓPICO 3 - GERENCIAMENTO DE PROJETOS......................................................................... 177 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 177 2 CONCEITOS DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS ........................................................... 177 3 CICLO DE VIDA DO PROJETO ...................................................................................................181 IX 4 ETAPAS PARA O GERENCIAMENTO DE PROJETOS ........................................................... 182 5 PROPRIEDADE INTELECTUAL .................................................................................................. 193 LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................................... 200 RESUMO DO TÓPICO 3.................................................................................................................... 203 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 205 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................... 209 X 1 UNIDADE 1 INOVAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS Esta unidade tem por objetivos: • apresentar o contexto da inovação e do desenvolvimento de novos produtos; • conhecer os principais tipos de inovação; • explorar os principais tipos de inovação: por novidade de resultados, por objetivo de inovação e a inovação por estratégia; • entender os aspectos estratégicos que envolvem a inovação e o desenvol- vimento de novos produtos; • compreender a vantagem competitiva da inovação. A primeira unidade está dividida em três tópicos. Em cada um deles, você encontrará atividades visando à compreensão dos conteúdos apresentados. TÓPICO 1 – ENTENDENDO A INOVAÇÃO TÓPICO 2 – TIPOS DE INOVAÇÃO TÓPICO 3 – ASPECTO ESTRATÉGICO E VANTAGEM COMPETITIVA DA INOVAÇÃO 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 ENTENDENDO A INOVAÇÃO 1 INTRODUÇÃO Para muitos, a inovação surgiu como uma vantagem para incrementar os lucros das empresas e organizações e ser o diferencial em meio aos concorrentes. A inovação também foi e ainda é considerada, por muitos, um mecanismo, uma ferramenta para tornar processos mais dinâmicos, colaboradores mais produtivos e produtos mais atrativos para o mercado consumidor. Antes de tudo, para entender a inovação é necessário diferenciar dois termos: invenção e inovação, pois a maior parte das pessoas acredita que a invenção se apresenta de uma maneira similar à inovação, e isso pode nem sempre apresentar-se como uma verdade. Logo, compreender o contexto em que surge a inovação poderá auxiliar na definição do termo e na identificação do que é ou não é a inovação. Nesse primeiro tópico, você vai aprender sobre o contexto da inovação e do desenvolvimento de novos produtos. Na sequência, serão apresentadas as diferenças entre invenção e inovação para que você possa conhecer os principais tipos de inovação. Ao final deste tópico você encontrará o resumo do Tópico 1 e as autoatividades para melhor fixar o conteúdo do caderno de estudos. Então, vamos lá? 2 DEFINIÇÃO DE INOVAÇÃO Há inúmeras definições de inovação e que variam de acordo com diferentes áreas do conhecimento, entre elas: a história, a sociologia e a economia. No contexto da economia, Joseph Schumpeter (1930) foi um dos primeiros a utilizar o termo ‘inovação’ partindo de uma perspectiva que criticava a percepção dos economistas clássicos e associando o termo à tecnologia. Então, foi a partir de 1930 que o termo ‘inovação’, utilizado por Joseph Schumpeter (1939), em seus estudos, passou a ser relacionado aos produtos e à indústria, e assim, ele o associava aos impactos no desenvolvimento econômico da primeira metade do século XX. Para Andreassi (2007, p. 6), o economista austríaco Schumpeter concentrou a “atenção nos efeitos positivos das inovações de processo e produto no desenvolvimento econômico e analisando também o papel da empresa e dos empreendedores”. De todo modo, é importante você saber que para Schumpeter a definição de inovação pode ser expressa pela mudança, ou nas palavras do autor, a inovação seria “a criação de uma nova função de produção. Isso abrange o caso de uma UNIDADE 1 | INOVAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS 4 nova mercadoria, bem como, as de uma nova forma de organização ou fusão, ou a abertura de novos mercados” (SCHUMPETER, 1939, p. 84). Algumas críticas surgiram em torno da conceituação adotada por Schumpeter, pelo fato de estar vinculada aos elementos mais técnicos, de mercado e organizacionais. Também porque a maior parte de seus estudos rejeita a invenção como algo sinônimo a inovação. Outro autor reconhecido que escreve a respeito da inovação e que a relaciona com o empreendedorismo, desde a década de 1950, é Peter Drucker. Drucker (1984, p. 19), professor nas áreas de ciências sociais e administração, e também austríaco, considerava que a “inovação é a ferramenta específica dos empreendedores, o meio pelo qual eles exploram a mudança como uma oportunidade para um negócio diferente ou um serviço diferente”. Para Drucker (1984), a inovação cria um recurso. De todo modo, Schumpeter e Drucker não foram os únicos que trataram da inovação. Como o termo passou a ganhar cada vez mais atenção, outros autores passaram a pesquisar e a escrever sobre o assunto. A inovação passou a ser associada não somente ao desenvolvimento de novos produtos, mas também aos modelos de negócios, processos, sistemas e serviços. No Manual de Oslo, documento norteador para desenvolver análises em torno da inovação e com a primeira edição publicada em 1990 pela Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico – OCDE, o conceito de inovação é mais abrangente e o termo é conceituado como a “implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas” (MANUAL DE OSLO, 2005). Ainda de acordo com o Manual de Oslo, há uma diferenciação importante em relação à inovação e que cabe aqui mencionar, há a inovação tecnológica de produto e há a inovação tecnológica de processo. O Manual de Oslo (2005, p. 21) descreve o seguinte: uma inovação tecnológica de produto é a implantação/comercialização de um produto com características de desempenho aprimoradas de modo a fornecer objetivamente ao consumidor serviços novos ou aprimorados. Uma inovação de processo tecnológico é a implantação/ adoção de métodos de produção ou comercialização novos ou significativamente aprimorados. Ela pode envolver mudanças de equipamento, recursos humanos, métodos de trabalho ou uma combinação destes. No entanto, é importante destacar que há uma série de definições de inovação. No Quadro 1, a seguir, é possível visualizar o desenvolvimento da definição de inovação, incluindo alguns dos conceitos propostos por outros autores, não somente por Schumpeter (1939) e Drucker (1984), ou pelo disposto no OECD (2005): TÓPICO 1 | ENTENDENDO A INOVAÇÃO 5 Ano Autor Definição 1930 Joseph Schumpeter • Introduzir um novo produto ou modificar um produto existente; • Um novo processo de inovação em uma indústria; • A descoberta de um novo mercado; • Desenvolver novas fontes de suprimentos com matérias-primas; • Outras mudanças na organização. 1954 Peter Drucker Uma das duas funções básicas de uma organização. 1969 Howard e Sheth Qualquer novo elemento trazido ao comprador, sendo ou não, novo para a organização. 1969 Mohr O grau em que novas mudanças específicas são implementadas em uma organização. 1984 Damampour e Evan Conceito de utilidade geral definido de várias maneiras para refletir um requisito específico e característica de um estudo particular. 1986 Kenneth Simmonds As inovações são novas ideias que consistem em: novos produtos e serviços, o novo uso de produtos existentes, novos mercados para produtos existentes ou novos métodos de marketing. 1986 Kenneth Simmonds Processo criativo básico. 1991 Damanpour Desenvolvimento e adoção de novas ideias por uma empresa. 1991 Davenport Completa o desenvolvimento de tarefasde uma forma radicalmente nova. 1991 Evans A capacidade de descobrir novos relacionamentos, de ver as coisas a partir de novas perspectivas e formar novas combinações a partir de conceitos existentes. 1991 1996 2002 Covin şi Slevin Lumpkin e Dess Knox Inovação pode ser definida como um processo que fornece valor agregado e um nível de novidades na organização, fornecedores e clientes, desenvolvimento de novos processos, soluções, produtos e serviços e novas formas de marketing. 1993 Business Council Australia Adoção de elementos novos ou significativamente melhorados para criar valor agregado à organização, direta ou indiretamente, para seus clientes. 1995 Henderson and Lentz Implementação de ideias inovadoras. QUADRO 1 – DEFINIÇÕES DE INOVAÇÃO UNIDADE 1 | INOVAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS 6 1996 Nohria and Gulati Qualquer política, estrutura, método, processo, produto ou oportunidade de mercado que o gerente de uma unidade de negócios de trabalho deve perceber como novo. 1998 Rogers Envolve a criação de conhecimento e a difusão do conhecimento existente. 1999 The European Commission Green Produção, assimilação e exploração bem- sucedidas da novidade no ambiente econômico ou social. 2001 Boer and During Criar uma nova associação (combinação) entre produto-mercado-tecnologia-organização. Além disso, os conceitos relacionados à inovação não surgiram ao acaso. Como vimos, com o passar do tempo, e com as mudanças que surgiram no contexto das organizações, outras definições sobre inovação foram sendo elaboradas por pesquisadores de diversas áreas. Também é válido ressaltar que a partir da perspectiva de mudanças ou melhorias, surgiram inovações em produtos, processos, serviços e sistemas, que foram desenvolvidas e aplicadas com o intuito de torná-los mais dinâmicos, e de modo a beneficiar a vida da sociedade e incrementar os lucros de empresas/organizações que buscavam e buscam pela liderança de mercado em meio à concorrência e competição acirrada em função de estarmos vivendo o que muitos autores denominam de a “Era do Conhecimento”. Isso ocorre porque o contexto global apresenta-se pautado em uma economia baseada no conhecimento (em sua essência), como você pode conferir a seguir. FONTE: Adaptado por Momm (2018) com base em Popa, Preda e Boldea (2010) “O conhecimento, em todas as suas formas, desempenha hoje um papel crucial em processos econômicos. As nações que desenvolvem e gerenciam efetivamente seus ativos de conhecimento têm melhor desempenho que as outras. Os indivíduos com maior conhecimento obtêm empregos mais bem remunerados. Este papel estratégico do conhecimento é ressaltado pelos crescentes “A expressão “economia baseada no conhecimento” foi cunhada para descrever as tendências, verificadas nas economias mais avançadas, e a uma maior dependência de conhecimento, informações e altos níveis de competência e a uma crescente necessidade de pronto acesso a tudo isto. Um importante estudo da OCDE deu grande ênfase à importância dessas tendências para políticas. DICAS TÓPICO 1 | ENTENDENDO A INOVAÇÃO 7 investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D), educação e treinamento e outros investimentos intangíveis, que cresceram mais rapidamente que os investimentos físicos na maioria dos países, e na maior parte das últimas décadas. A estrutura de políticas deve, portanto, dar ênfase à capacidade de inovação e criação de conhecimento nas economias da OCDE. A mudança tecnológica resulta de atividades inovadoras, incluindo investimentos imateriais como P&D, e cria oportunidades para maior investimento na capacidade produtiva. É por isto que, a longo prazo, ela gera empregos e renda adicionais. Uma das principais tarefas dos governos é criar condições que induzam as empresas a realizarem os investimentos e as atividades inovadoras necessárias para promover a mudança técnica”. FONTE: Manual de Oslo, 2005, p. 31. Disponível em: <http://www.finep.gov.br/images/apoio-e- financiamento/manualoslo.pdf>. Acesso em: 5 jan. 2018. Então, aprendemos o que é inovação, os conceitos que foram surgindo ao longo das últimas décadas e o contexto que impulsiona o surgimento de inovações e pressiona empresas/organizações na corrida pela liderança no mercado de inovações. Mas, tudo que é desenvolvido pode ser considerado inovação? Ou melhor, poderíamos separar o que é desenvolvido por empresas/organizações como sendo inovação daquilo que não é inovação? Veja a seguir o que não é inovação. 3 O QUE NÃO É INOVAÇÃO? Agora você já sabe a definição do termo inovação, o que não é inovação? Muitas pessoas confundem inovação com invenção e é importante diferenciar uma inovação de uma invenção. A invenção pode ser definida como uma criação ou um novo processo que se apresenta pela primeira vez em um contexto específico, seja em uma organização ou em outros ambientes. As invenções nem sempre são comercializadas ou promovem alguma melhoria comprovada, porém, há confusões entre seu significado e o termo “inovação”. Já a inovação consiste em desenvolver uma ideia ou algo relacionado a uma criação (Figura 1). A inovação, Dentro de uma economia baseada no conhecimento, a inovação parece desempenhar um papel central. Até recentemente, no entanto, os processos de inovação não eram suficientemente compreendidos. Um melhor entendimento surgiu em decorrência de vários estudos feitos nos últimos anos. No nível macro, há um substancial conjunto de evidências de que a inovação é o fator dominante no crescimento econômico nacional e nos padrões do comércio internacional. No nível micro — dentro das empresas — a P&D é vista como o fator de maior capacidade de absorção e utilização pela empresa de novos conhecimentos de todo o tipo, não apenas conhecimento tecnológico. UNIDADE 1 | INOVAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS 8 de alguma maneira, gera um tipo de benefício para a organização ou para a sociedade e, ao mesmo tempo, se for um produto, pode vir a ser comercializado, gerando divisas para a empresa/organização e até mesmo para o país no qual esta organização está sediada. A inovação surge como uma forma de esperança para transformar produtos, processos ou atividades cotidianas e minimizar custos, alavancando, de certo modo, a economia. FIGURA 1 – STEVE JOBS, O ‘INVENTOR’ QUE REVOLUCIONOU AS INDÚSTRIAS DE COMPUTADORES PESSOAIS, FILMES DE ANIMAÇÃO, MÚSICA, TELEFONIA CELULAR, TABLETS E PUBLICAÇÕES DIGITAIS FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/SULZDM> Acesso em: 1 jan. 2018. Trott (2012, p. 15) descreve que “a inovação, em si, é um conceito muito amplo, que pode ser entendido de várias maneiras”. Ao mesmo tempo, o autor esclarece que muitos autores relatam que há diferenças entre inovação e invenção e sugere que a inovação possui uma aplicação comercial e prática de ideias ou invenções. Então, a invenção é a concepção da ideia (TROTT, 2012, p. 15). Assim, pode- se dizer que a inovação é a ‘ideia’ comercializada. No entanto, há outros autores (GOVINDARAJAN; TRIMBLE, 2006; CHRISTENSEN, 2001), que ao pesquisar a concepção de gestores e/ou gerentes de grandes organizações, descrevem que a maioria dos entrevistados atribui a inovação à criatividade. No entanto, inovação não se trata de criatividade ou de uma ideia criativa, apenas. Há outros aspectos que também indicam o que não é inovação. Para Carlomagno (2014), há quatro erros de entendimento sobre inovação: a) Erro de perspectiva; b) Erro de referência; c) Erro de impacto e d) Erro de abrangência. O erro de perspectiva faz menção ao fato de que inovação não é melhoria do existente. Já o erro de referência trata de que inovação não é adequação àquilo que todo mercado já pratica. Quanto ao erro de impacto, TÓPICO 1 | ENTENDENDO A INOVAÇÃO 9 inovação não é criatividade. Carlomagno (2014) descreve que não é suficiente fazer algo diferente ou novo, é necessário que haja resultado com a implantação do novo. O último dos erros, o erro de abrangência,refere-se ao fato de que inovação não é apenas um novo produto (CARLOMAGNO, 2014). Uma organização pode ser beneficiada por diferentes tipos de inovação (não somente de produtos, mas também, de processos, serviços e sistemas). É importante ressaltar que há gestores que imaginam que investir em tecnologia pode ser considerado uma inovação para a organização ou que simplesmente investir, seja em infraestrutura ou tecnologia, entre outros aspectos, seja inovar. McFarthing (2016) destaca que inovação não é sinônimo de apresentar gráficos em forma de esferas (bolhas), também não é apresentar uma invenção como inovação, ou ainda apresentar relatórios com somas do que foi investido em infraestrutura ou gastos governamentais ou industriais. Para o autor, para ser considerado uma inovação é importante que algo novo seja implementado e que agregue valor à organização, e o ‘novo’ pode ocorrer nas mais variadas formas. Assim, percebe-se que há diferenças entre invenção e inovação. No contexto das organizações, as inovações são bem vistas quando surgem para reduzir o tempo gasto, os custos com atividades, processos e produção e quando agregam valor para a organização. À inovação é possível conceber a ideia comercializada e obter resultados positivos para a organização. Logo, nem sempre tudo que é desenvolvido, criado ou lançado no mercado é sinônimo de inovação, certo? Assim, é importante ficarmos atentos ao cenário e percebermos que há dicas essenciais que nos auxiliam na diferenciação entre o que é inovação e o que não é. O Manual de Oslo (2005, p. 63-65) também traz informações sobre o que não é inovação, diferenciando por processo e/ou produto, conforme você verá a seguir: a) Deixando de usar um processo ou de comercializar um produto Parar de fazer alguma coisa não é inovação TPP, ainda que possa melhorar o desempenho da empresa. Por exemplo: não ocorre inovação TPP quando um fabricante de televisores deixa de produzir e vender um aparelho combinado de televisão e vídeo, ou quando um incorporador ou construtor para de construir condomínios para aposentados. b) Simples substituição ou aumento de capital A aquisição de mais máquinas de um modelo já instalado, mesmo que este seja extremamente sofisticado, não é uma inovação tecnológica de processo. Um novo modelo é definido como um modelo com especificações claramente aprimoradas, não apenas um modelo com um novo número ou nome no catálogo do fabricante. No caso de programas de computador (software), por exemplo, a compra de uma nova versão de um conjunto de programas para Windows pode ser considerada uma melhoria tecnológica de processo, enquanto que as atualizações intermediárias que não acrescentem nada significativo aos desempenhos dos programas não. DICAS UNIDADE 1 | INOVAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS 10 Um teste que pode ser feito aqui é ver se o pessoal envolvido precisará ou não de treinamento antes de poder usar a nova máquina ou programa. Isto não cobre, contudo, a difusão de mais cópias através da empresa. c) Mudanças que resultam exclusivamente de alterações nos preços dos fatores A inovação TPP requer uma mudança na natureza (ou uso) do produto ou processo. Uma mudança no preço de um produto ou na produtividade de um processo que resulte exclusivamente de alteração nos fatores de preço de produção não é uma inovação. Por exemplo: não ocorre inovação quando o mesmo modelo de PC é construído e vendido a um preço mais baixo simplesmente porque caiu o preço dos chips de computadores. d) Produção por encomenda As empresas envolvidas em produção por encomenda, que fazem itens únicos e frequentemente complexos para atender a pedido de um cliente, precisam analisar todos os produtos para ver se eles se enquadram nas definições de inovação TPP estabelecidas acima. Salvo se tal produto único exibir atributos significativamente diferentes dos produtos que a empresa fazia anteriormente, ele não deverá ser considerado como produto com inovação tecnológica. Em casos limítrofes, um critério para qualificação como inovação TPP pode ser que a fase de planejamento inclua a construção e teste de um protótipo ou outras atividades de pesquisa e desenvolvimento para mudar um ou mais dos atributos do produto. e) Variações sazonais e outras variações cíclicas Em certos setores, como vestuário e calçados, há variações sazonais no tipo dos produtos ou serviços providos que podem ser seguidas por mudanças de moda nos produtos envolvidos. Tipicamente, um dado tipo de produto reaparecerá após um período de ausência. Isto não deve ser tratado como inovação, salvo se o produto que retorna tiver sido aprimorado tecnologicamente. Por exemplo: a introdução de um novo anoraque da estação por um fabricante de roupas não será uma inovação TPP a menos que, por exemplo, tenha um forro com características aprimoradas; nem o é a reabertura dos departamentos de esqui de uma loja. FIGURA 2 – PROFESSOR PARDAL, O GÊNIO INVENTOR, PERSONAGEM FICTÍCIO DAS ESTÓRIAS EM QUADRINHOS DA DISNEY. FAMOSO POR DESENVOLVER INÚMERAS INVENÇÕES FONTE: Disponível em: <http://images.universohq.com//2017/05/ Almanaque-do-Prof-Pardal-1.jpg>. Acesso em: 1 jan. 2018. TÓPICO 1 | ENTENDENDO A INOVAÇÃO 11 f) Diferenciação de produto A diferenciação de produto é a introdução de pequenas modificações técnicas (ou estéticas) para atingir um novo segmento do mercado, para aumentar a linha aparente de produtos ou para reposicionar um produto em relação a um concorrente. Somente pode ser considerado um produto tecnologicamente aprimorado se a mudança afetar significativamente o desempenho ou as propriedades do produto envolvido ou o uso nele de materiais ou componentes. Por exemplo: a mudança de nome e embalagem de um refrigerante existente, popular com as pessoas de mais idade, para estabelecer vínculo com um time de futebol e atingir o mercado mais jovem não é uma inovação TPP. Novos modelos de produtos complexos, como carros ou televisores, constituem diferenciação de produto se as mudanças forem menores em comparação com os modelos anteriores, por exemplo, a inclusão de um rádio na oferta de um carro. Se as mudanças forem significativas, baseadas em novo projeto ou modificações técnicas em subsistemas, por exemplo, os produtos melhorados podem ser considerados como inovação, produto tecnologicamente aprimorado. Inovações TPP e outras melhorias criativas de produto. A inovação tecnológica requer uma melhoria objetiva no desempenho de um produto ou na forma como ele será entregue. No caso de muitos bens e serviços vendidos diretamente aos consumidores ou domicílios, a empresa pode fazer melhoramentos em seus produtos que os tornem mais atraentes aos compradores sem alterar suas características “tecnológicas”. As melhorias podem ter considerável impacto nas vendas da empresa, e podem mesmo fazer com que sejam vistos como inovações. Não são, contudo, inovações TPP. Por exemplo, a mudança na produção de vestuário é função principalmente da moda. Para essas empresas, a rápida introdução nas últimas cores e cortes é um elemento fundamental de sua competitividade. Mas cor e corte não mudam as características essenciais ou o desempenho das roupas, isto é, que elas devem manter o corpo a uma temperatura apropriada, serem confortáveis de trajar e fácil de manter. Aqui, produtos tecnologicamente aprimorados quase sempre envolvem o uso de novos materiais difundidos pela indústria têxtil e, antes dela, pela indústria química. Por exemplo, a introdução de camisas que não precisam ser passadas (drip-dry), e de material à prova d’água que “respira” para montanhismo constituem inovações tecnológicas de produto. Na indústria de viagens, os serviços de informações e reserva on-line são uma inovação tecnológica, enquanto a oferta de pacotes de turismo com novas temáticas não é. A oferta de serviços telefônicos a bordo de um trem é uma inovação tecnológica, a mudança do esquema de cores dos vagões não. Em algumas indústrias,o ambiente ou local onde os serviços são oferecidos é importante. A manutenção ou melhoria do ambiente não é uma inovação TPP, salvo se for associada a uma melhoria objetiva significativa no serviço/produto ou na forma como é produzido ou entregue. Por exemplo, uma nova pintura ou novo carpete ou a redecoração completa de um restaurante não constitui uma inovação TPP. A introdução de comandas e contas controlados por computador, ou de fornos micro-ondas, constitui inovação TPP. Agora que você já sabe o que é inovação e consegue diferenciar do que não é inovação, vamos seguir com nossas descobertas! Faça a leitura complementar e na sequência desenvolva as autoatividades para melhor fixar o conteúdo. Em seguida, teremos a apresentação do Tópico 2 do livro de estudos, onde vamos aprender sobre os tipos de inovação. UNIDADE 1 | INOVAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS 12 CURIOSIDADES! VOCÊ SABIA? 1. Fogo (400.000 a.C.) – O uso controlado do fogo foi uma invenção precoce no período da Idade da Pedra, com algumas das primeiras evidências que remontam a centenas de milhares de anos. Não é exatamente certo quando o fogo foi usado pela primeira vez por seres humanos, mas a maioria das pesquisas data entre 200.000 e 600.000 anos atrás. 2. Linguagem (100.000 a.C.) – A linguagem (fonética e semântica) verdadeira foi usada em torno de 100.000 a.C., tornando muito mais fácil transmitir conhecimentos de geração em geração e acelerar a propagação da inovação. 3. Comércio e especialização (17.000 a.C.) – No Capítulo 2 do livro “O otimista racional”, o autor Matt Ridley ressalta a importância da especialização e do comércio em nosso avanço como seres humanos. Matt dá o exemplo de dois primeiros humanos, Oz e Adam. Oz se concentra em ficar realmente bom em pegar peixes e Adam se concentra em ficar realmente bom em fazer ganchos de peixe. Então, eles trocam aquilo em que são realmente bons, conforme necessário, para que os dois se beneficiem. A primeira instância conhecida de seres humanos que comercializam com outros seres humanos vem da Nova Guiné em torno de 17.000 a.C., onde os locais trocaram obsidiana, um vidro vulcânico preto usado para fazer pontas de flecha de caça, por outros bens necessários. Por volta de 3.000 a.C., as rotas comerciais na Ásia e no Oriente Médio se desenvolveram, seguiram a domesticação do camelo e a criação da caravana comercial. Os comerciantes, que adquiriram bens e mantiveram o inventário à medida que os transportaram eram, é claro, os empreendedores originais. Os empreendedores reorganizaram a terra, o trabalho, os bens e o capital para permitir que a soma dos resultados tivesse um valor mais alto do que a soma das entradas. 4. Agricultura (15.000 a.C.) – Cerca de 15.000 a.C. (cerca de 17.000 anos atrás), ocorreu a primeira domesticação animal, e em torno de 10.000 a.C., a primeira “domesticação” de plantas. Este passo foi fundamental para o avanço da espécie humana. Em vez de ter que ser uma espécie nômade (que continuamente se movia em busca de novos lugares para caçar e se reunir), poderiam ficar em um só lugar. Isso permitiu começar a formar comunidades e cidades (a base para as civilizações), o que tem sido fundamental no desenvolvimento do conhecimento humano. Cerca de 12.000 a.C., a “preservação” de alimentos começou quando as civilizações no Oriente Médio prolongaram a vida de seus alimentos através da secagem ao Sol. Com a capacidade de manter o alimento comestível por mais tempo do que o alimento ao natural foi possível armazená- lo para o futuro. Mais tempo e energia foram disponibilizados para trabalhar em outras coisas, além de simplesmente cultivar, caçar e reunir, permitindo um grande avanço em nossa capacidade para se especializar e comercializar. Com LEITURA COMPLEMENTAR 1 TÓPICO 1 | ENTENDENDO A INOVAÇÃO 13 maior especialização e comércio, houve um aumento substancial na variedade de ferramentas e bens disponíveis. 5. O Navio (4000 a.C.) – Cerca de 4.000 a.C., os antigos egípcios estavam fazendo veleiros de madeira e, por volta de 1200 a.C., os fenícios e os gregos começaram a fazer navios de vela ainda maiores. O advento do navio foi um enorme passo à frente da humanidade, porque foi uma das primeiras formas de transporte que permitiram que o comércio começasse a acontecer entre diferentes partes do mundo. 6. A Roda (3400 a.C.) – O próximo passo significativo na história da inovação veio com a criação da roda, entre 3300 e 3500 a.C. Conhecemos isso graças à descoberta no sul da Polônia da primeira descrição conhecida de uma roda veículo em uma panela de barro. 7. Dinheiro (3000 a.C.) – A próxima inovação criticamente importante que contribuiu para o desenvolvimento de uma forte civilização humana foi o dinheiro. Cerca de 3000 a.C., os sumérios foram uma das primeiras sociedades (se não a primeira) a começar a usar dinheiro para facilitar o comércio e troca de bens, substituindo o sistema de troca. 8. Ferro (3000 a.C.) – Toda ciência da metalurgia começou em torno de 4400 a.C., quando as civilizações humanas começaram a usar cobre e prata, e logo depois, descobriram como fundir cobre e lata para formar bronze. Cerca de 3000 a.C., encontraram uma substância ainda mais forte chamada ferro, que deu origem a uma nova era da história humana. 9. Linguagem Escrita (2900 a.C.) – Embora a linguagem tenha existido durante dezenas de milhares de anos, a invenção da linguagem escrita foi extremamente importante porque fez registros escritos e cálculos numéricos possíveis. A primeira língua escrita gravada foi cuneiforme suméria, que começou em torno de 2900 a.C. 10. O Sistema Legal (1780 aC) – Em 1780 a.C., Hammurabi, o sexto rei da Babilônia, foi um dos primeiros a anotar um código de leis formalizado. Ele criou uma estrutura que permitiu que seu povo compreendesse quais eram as normas sociais. Outros exemplos incluem o Livro Egípcio dos Mortos, os Dez Mandamentos, as Doze Tábuas de Roma (ou a Lei das Doze Tábuas) e o Livro do Levítico – sistemas legais iniciais que permitiram que a sociedade abordasse a resolução de disputas a um custo menor e criasse uma compreensão sobre quais eram as normas. Esses sistemas ajudaram a criar um avanço incrível em nossa capacidade de conduzir o comércio em um ambiente sem atrito. FONTE: Disponível em: <http://startupguide.com/tag/history-of-innovation/>. Acesso em: 5 jan. 2018. UNIDADE 1 | INOVAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS 14 COMO AS EMPRESAS BRASILEIRAS INOVAM NA PRÁTICA Maurício Vianna, Ysmar Vianna, Clarice Falcão e Bruno Medina Inovação, no Brasil, é uma palavra de múltiplos significados; a percepção se ampara, possivelmente, no fato de que – comparado aos mercados mais maduros – o país parece ainda estar na adolescência quanto à sua identidade inovadora. Assim como ocorre na vida, o período turbulento de aprendizados nem sempre agradáveis se prova a longo prazo um mal necessário, imprescindível para a definição da personalidade. Num futuro não muito distante, ao olhar uma fotografia tirada hoje, como se pareceria a inovação no Brasil? Inovação no Brasil: a fotografia de hoje Na última edição do Global Innovation Index – estudo anual que compara indicadores de inovação extraídos em mais de 140 países, o Brasil amargou apenas a 70a posição. A bem da verdade, a América Latina como um todo teve um desempenho que poderia ser considerado no mínimo frustrante, abaixo do alcançado, por exemplo, por nações menos abastadas, como Quênia ou Uganda. Ainda de acordo com o estudo, há ambiente favorável à inovação sobretudo no Brasil, Argentina e México; entretanto, este potencial ainda é muito pouco explorado por empresas e governos. LEITURA COMPLEMENTAR 2 Um dado interessante deste recorte é que, dentre os países em desenvolvimento, o Brasil aparece apenas atrás da China no quesito “qualidade de inovação”, conceito que corresponde à produção acadêmica e às patentes registradas. Isso, por si só, apoia a teoriado potencial inexplorado, provando que temos conteúdo sendo gerado, mas nos falta ainda empreender. Aspectos como este nos levam a crer que ainda há um caminho relativamente extenso a ser percorrido, mas isto não significa que, ao longo do trajeto, não será possível deparar com valiosas oportunidades. No portfólio de clientes de consultorias como a MJV, especializada em inovação e tecnologia, figuram empresas nacionais de diversos segmentos, o que atesta quão promissor pode ser o ambiente brasileiro. Construindo a empresa de amanhã “O Mapa da Inovação no Brasil” é o título do estudo desenvolvido pela MJV no fim de 2015 com o intuito de mapear a produção nacional obtida a partir do emprego de metodologias e ferramentas de inovação, bem como a estruturação A MAIORIA DOS ENTREVISTADOS(82%) AFIRMA QUE A EMPRESA EM QUE ATUAM DESENVOLVEU AO MENOS UM PROJETO LIGADO À INOVAÇÃO NO ANO DE 2015 TÓPICO 1 | ENTENDENDO A INOVAÇÃO 15 do trabalho em torno do tema e o montante investido. Participaram da pesquisa cerca de 200 líderes das maiores empresas situadas nos principais estados do país e pertencentes aos segmentos de TI, alimentos, telecomunicações, varejo, educação, finanças, seguros, construção civil, mídia, saúde e serviços diversos. A maioria dos entrevistados (82%) afirma que a empresa em que atuam desenvolveu ao menos um projeto ligado à inovação no ano de 2015, ao passo que 36% deles estiveram envolvidos em mais de dez projetos dessa natureza durante o ano passado. Já para 72%, a inovação está na lista de prioridades da empresa, em maior ou menor grau de relevância. Esses dados reforçam a ideia de que o conceito de inovação é ainda fragmentado e se traduz em mudanças incrementais. “É como ter duas empresas dentro de cada empresa: uma que sustenta a estrutura hoje e outra que ainda não performa, mas deve prosperar no futuro”, diz Manuel Falcão, diretor de marketing da Globosat, empresa que tem, em sua missão, buscar constantemente inovação nos modelos de negócio. Por estarmos vivendo a inovação no Brasil em sua infância – ou adolescência – o resultado dos projetos ainda não se apresenta como algo disruptivo, na maioria dos casos. São geradas alterações na ordem vigente, mas os grandes paradigmas ainda se mantêm. A ordem natural é que depois de tantas mudanças incrementais possamos, então, iniciar a inovação disruptiva. O principal foco dos projetos de inovação tem sido, em sua maioria, alavancar a vantagem competitiva através da geração de novos produtos e serviços, da digitalização dos canais de comunicação com o cliente e da otimização de processos de venda. Em menor destaque, aparecem também o redesenho de processos internos, a transformação cultural da empresa e de sua infraestrutura, o que denota que o cliente tem sido priorizado no que tange aos projetos de inovação. Essa priorização se justifica pela escassez de recursos decorrente do corte de investimentos deflagrado pela crise. Em 2016, o panorama previsto será conforme o diagrama a seguir. Qual será o foco do investimento em inovação da sua empresa em 2016? Novos produtos e serviços Experiência do cliente Transforma- ção digital RH (atrair, reter e desenvolver talentos) Infra- estrutura Processos internos Cultura interna Não sei 49,6% 39,7% 22,3% 19,0% 39,7% 35,5% 20,7% 10,7% UNIDADE 1 | INOVAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS 16 Segundo André Lauzana, vice-presidente de capitalização da SulAmérica, a crescente velocidade das mudanças no mercado torna a demanda por novas soluções de negócio ainda mais urgente. Ele reconhece a relevância da entrada dos startups nesse contexto: Os startups têm contribuído para as mudanças no mercado, impondo agilidade e foco aos negócios. Somos uma empresa inovadora e estamos sempre atentos às tendências de mercado”. No ano passado o segmento de capitalização da empresa executou dois projetos ligados à inovação e já deu início a um terceiro nos primeiros meses deste ano: “Nossa intenção é fazer cada vez mais projetos que contem com o DNA da inovação, porque o produto de capitalização em si é simples. Nossas soluções de negócio envolvem não só o produto, mas também abordagem comercial, a camada de marketing, a embalagem. É um mix”, comenta Natanael Castro, superintendente de produtos de capitalização. Seu primeiro projeto lançou um novo produto: um seguro que garante contratos de locação. Além do produto, a SulAmérica investiu ainda na experiência do cliente desenvolvendo novos canais digitais para a venda e distribuição desse seguro. Outro exemplo de inovação em vantagem competitiva vem de uma grande instituição financeira que precisava aprimorar o processo de venda voltado ao segmento de baixa renda. Neste caso, utilizaram o design thinking para definir “personas” (personagens ficcionais concebidos para gerar e validar ideias) que foram cruzadas com padrões de comportamento de compra extraídos do CRM. A partir do casamento de informações, foi possível criar uma espécie de tinder analógico entre clientes e produtos financeiros, isto é, ao abordar um novo cliente, o vendedor tem a possibilidade de encaixá-lo numa das “personas” definidas e, assim, oferecer o produto mais adequado. A taxa de conversão dos vendedores aumentou em mais de 60%. Já no caso da Kroton, empresa de educação, o foco era melhorar a experiência do usuário em seu segmento de educação a distância (EAD). Paulo de Tarso, vice-presidente de inovação e negócios, explica: “Comparado ao modelo presencial, o EAD 100% on-line enfrenta uma barreira muito maior para gerar comprometimento do aluno, não só pela distância, mas muitas vezes também pela dificuldade do aluno em usar a plataforma”. Com o objetivo de diminuir a taxa de evasão e melhorar a qualidade do EAD, a Kroton decidiu investir na experiência do usuário, remodelando seu ambiente virtual do ponto de vista da experiência do usuário (UX) e da interface propriamente dita (UI). O novo modelo tem enfoque na organização dos estudos e interação com a turma, incluindo aspectos da gamificação para atender às necessidades do consumidor. Todos esses projetos têm em comum o uso do design thinking, metodologia de inovação centrada no usuário que propõe a prototipagem rápida em ambientes e tem como princípio a geração de valor tanto para o cliente quanto para o negócio. “Identificamos que trabalhávamos as coisas muito de dentro para fora, consultando pouco o cliente para saber o que ele de fato precisava. A proposta do design thinking é justamente colocar-se no lugar do cliente ou do usuário. É um viabilizador para que a gente tenha um mínimo de estruturação”, defende Luiz Ortiz, diretor de TI da Orizon. TÓPICO 1 | ENTENDENDO A INOVAÇÃO 17 Financiando projetos Apesar da consciência predominante da necessidade de inovar, a dificuldade em obter financiamento para projetos de inovação ainda aparece como um obstáculo considerável para os gestores. Uma possível explicação para essa aparente contradição consiste no fato de que, em termos gerais, é mais fácil adotar o discurso de entusiasta da inovação do que efetivamente sê-lo. Visto que na maioria das empresas atuantes no país não existe um orçamento específico dedicado à inovação, na prática o dinheiro que financia esse tipo de projeto desfalca o investimento em áreas onde o resultado pode ser mais tangível. Liderar ou envolver-se com tais iniciativas representa um risco que nem todos estão dispostos a assumir. Não causa estranhamento, portanto, que as três principais barreiras citadas pelos entrevistados foram: “tangibilizar os resultados dos projetos”, “financiar projetos de inovação” e “identificar líderes internos que possam apoiar as iniciativas”. Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) de abril de 2015 já apontava o financiamento dos projetos como principal entrave para a inovação no Brasil. Os líderes da área explicam que, na maioria das vezes, não há orçamento específico para inovação,principalmente nos casos em que não há um departamento único dedicado ao assunto. Diante deste cenário, muitos recorrem a recursos externos, públicos e privados, para complementar seu UNIDADE 1 | INOVAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS 18 orçamento de inovação (67,5%, segundo a CNI). Outros acabam por omitir o destino da verba com o intuito de mantê-la no orçamento. Os respondentes da pesquisa mencionaram também a estratégia de executar projetos-teste a custos mais baixos no próprio cliente como forma de viabilizar a prototipagem de novos conceitos. Esses relatos explicam o porquê de muitos dos participantes, apesar de ocuparem cargos de liderança nas empresas, terem respondido “não sei” a respeito do orçamento do qual poderiam dispor. Na Europa, algumas empresas já experimentam táticas mais ousadas para custear os projetos, como se observa na instituição financeira BNP Paribas Securities Services. Por lá, seu chamado “fluxo estruturado de inovação” permite a participação de milhares de colaboradores espalhados ao redor do globo, num processo faseado que se inicia a partir de uma ideia e termina na entrega de um produto em fase beta, pronto para ir para o mercado. O processo, liderado por Sebastien Nunes, head of innovation and fintech, e Danielle Winandy, global innovation coordinator, ainda está em sua fase piloto e prevê a viabilização de projetos através de um crowdfunding corporativo, tanto de recursos financeiros quanto de recursos humanos. “Os gestores têm a possibilidade de investir parte de seus orçamentos e horas de trabalho nas ideias que acreditam ser as mais promissoras”, diz Danielle. Os investimentos variam entre 50 e 5 mil euros. O dilema cultural das empresas líderes No Brasil, a cultura corporativa hierarquizada e com processos muito definidos há anos ainda é uma questão que se faz muito presente como um balizador da inovação, sobretudo no que se refere às iniciativas mais disruptivas. “É difícil você convencer as pessoas dentro de uma empresa que há 100 anos vende o mesmo produto de que existem outras coisas com as quais se pode ganhar dinheiro”, comentou um dos respondentes. Ainda não é tão clara a percepção de que processos e hierarquias sólidos, que foram importantes para consolidar impérios corporativos ao longo do último século, a cada dia mais se revelam como ameaça para a sobrevivência dessas mesmas empresas na era digital. Outra consequência dessa inadequação cultural é o fato de que identificar um líder inovador que possa “apadrinhar” a disseminação da inovação na empresa foi a terceira dificuldade mais votada na pesquisa. “Eu já tinha como sponsor meu diretor de estratégia, sem ele eu não teria conseguido”, diz Rafael Laskier, gerente de estratégia e inovação da Vale responsável pelo desenvolvimento de um processo interno chamado “coalizões de inovação”. “É uma estrutura paralela em que você põe para trabalhar num mesmo problema gente que habitualmente não trabalha junto”. A iniciativa resulta da percepção da necessidade de reduzir a distância entre as áreas e, ao mesmo tempo, promover novas maneiras de resolver antigos impasses. Para viabilizar suas coalizões, Rafael precisou primeiro sensibilizar os líderes da empresa por meio de conversas individuais, seguidas de um encontro coletivo em que foram definidos temas a serem trabalhados — processo que durou TÓPICO 1 | ENTENDENDO A INOVAÇÃO 19 cerca de três meses. Na segunda fase, foram escolhidas as equipes temporárias de cada coalizão e elaborados os planos estratégicos para a execução do projeto. Na terceira etapa, que é aberta à participação de todos os colaboradores, o projeto é de fato posto em prática. A resposta da Orizon para dar início a uma estrutura de inovação na empresa foi a criação de um laboratório. Luiz Ortiz, diretor de TI, tinha por objetivo inicial otimizar seu time to market e decidiu montar um laboratório de inovação para tornar o processo de teste e prototipagem mais ágil. Por ter um espaço físico diferenciado e equipe dedicada, Luiz entende que o laboratório serve não só para atender demandas do negócio, mas também para influenciar uma mudança cultural interna. “É algo que tem um apelo além do funcional, de marketing também; as pessoas querem se envolver. Este foi um dos aspectos que levamos em conta na hora de decidir pelo modelo laboratório, pois estávamos em busca de uma mudança cultural”. A pesquisa abordou também outro viés da cultura corporativa, relativo às características pessoais que supostamente seriam bons indicadores de um perfil inovador; foi pedido aos participantes que indicassem o nível de maturidade de suas empresas em relação a uma lista dessas características. Entre as qualidades suficientemente maduras aparecem: curiosidade, resiliência e criatividade, que são atributos mais lúdicos ou primários num estado evolutivo. Entre as capacidades consideradas inexistentes ou que ainda precisam evoluir estão: metodologias para a inovação, habilidades de comunicação e senso de urgência – características extremamente importantes para a inovação nas empresas. Deve-se notar que a evolução desse quadro é possível por meio de programas especiais de capacitação interna que aliam teoria e prática em projetos reais, relevantes à companhia. É muito importante que esse novo conhecimento seja aplicado imediatamente para fixar a conexão entre as ferramentas de inovação e a rotina de trabalho. Uma seguradora nacional deu início a esse processo com a implementação de um sistema no qual os próprios funcionários sugerem temas que são posteriormente aprovados por um comitê e dedicam uma parcela do seu tempo a resolvê-lo. Uma equipe de apoio os auxilia com as ferramentas de inovação necessárias ao processo e dá o suporte adequado ao desenvolvimento das atividades. Os resultados mais perceptíveis são o uso do novo instrumental para resolver problemas do dia a dia e o fomento do intraempreendedorismo, ou o empoderamento dos colaboradores em relação a questões da companhia. Agentes da inovação Assim como ocorre com as fases da vida, as transformações no contexto corporativo não se dão de uma hora para outra. Iniciam-se com pequenas e consecutivas mudanças que, embora quase imperceptíveis da óptica de atribuladas rotinas, somadas um dia enfim saltam aos olhos. “Não tem bala de prata, é um processo longo, mas que começa em algum lugar”, comenta Paulo de Tarso. UNIDADE 1 | INOVAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS 20 A pesquisa tornou evidente que a mola motriz desse processo – que coincide com a própria trajetória da inovação no Brasil – ainda está associada a indivíduos que, seja por motivação pessoal ou necessidade profissional, munidos de generosas doses de determinação e resiliência, conseguem fazer transparecer em suas empresas o valor de pensar diferente. A ação desses gestores, na prática, tem caráter quase evangelizador, pois é através deles que potenciais stakeholders do processo se sensibilizam e se dispõem a questionar constantemente. Na foto de hoje, esses “agentes da inovação” não aparecem no centro da imagem, mas é deles a mão que emana da segunda fila, instantes antes do clique, para tentar domesticar o cabelo desgrenhado do filho adolescente. FONTE: Disponível em: <http://hbrbr.uol.com.br/como-as-empresas-brasileiras-inovam-na- pratica/>. Acesso em: 2 jan. 2017. 21 Nesse tópico, você aprendeu: • Que os primeiros estudos que trataram da inovação foram, inicialmente, desenvolvidos por Joseph Schumpeter (1930) e desencadearam uma sucessão de reflexões por outros autores sobre as relações que o termo inovação exerce quando associado ao produto, processos, serviços e sistemas. • A inovação na concepção schumpeteriana trata da “criação de uma nova função de produção”, e na perspectiva druckeriana, a inovação “cria um recurso”. • Você também aprendeu que há diferenças entre o que é inovação e invenção e que as invenções nem sempre se transformam em inovações. • Eque, de acordo com o Manual de Oslo, há uma diferenciação importante em relação à inovação tecnológica de produto e inovação tecnológica de processo. A inovação tecnológica de produto é a implantação/comercialização de um produto com características de desempenho aprimoradas de modo a fornecer objetivamente ao consumidor serviços novos ou aprimorados. Uma inovação de processo tecnológico é a implantação/adoção de métodos de produção ou comercialização novos ou significativamente aprimorados. Ela pode envolver mudanças de equipamento, recursos humanos, métodos de trabalho ou uma combinação destes. • “A expressão “economia baseada no conhecimento” foi cunhada para descrever as tendências, verificadas nas economias mais avançadas, e a uma maior dependência de conhecimento, informações e altos níveis de competência e a uma crescente necessidade de pronto acesso a tudo isto. • O papel estratégico do conhecimento é ressaltado pelos crescentes investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D), educação e treinamento e outros investimentos intangíveis, que cresceram mais rapidamente que os investimentos físicos na maioria dos países, e na maior parte das últimas décadas. • Na economia baseada no conhecimento, a inovação desempenha um papel central. • A invenção pode ser definida como uma criação ou um novo processo que se apresenta pela primeira vez em um contexto específico, seja em uma organização ou em outros ambientes. As invenções nem sempre são comercializadas ou promovem alguma melhoria comprovada. RESUMO DO TÓPICO 1 22 • Inovação não se trata de criatividade ou de uma ideia criativa, apenas. • Para Carlomagno (2014), há quatro erros de entendimento sobre inovação: a) Erro de perspectiva; b) Erro de referência; c) Erro de impacto e d) Erro de abrangência. • Inovação não é sinônimo de apresentar gráficos em forma de esferas (bolhas), também não é apresentar uma invenção como inovação, ou ainda apresentar relatórios com somas do que foi investido em infraestrutura ou gastos governamentais ou industriais. • Nem sempre tudo que é desenvolvido, criado ou lançado no mercado é sinônimo de inovação, certo? Assim, é importante ficarmos atentos ao cenário e percebermos que há dicas essenciais que nos auxiliam na diferenciação entre o que é inovação e o que não é. • Não é inovação deixar de usar um processo ou de comercializar um produto; substituir simplesmente ou aumentar o capital; mudanças que resultem exclusivamente de alterações nos preços dos fatores; produzir por encomenda; variações sazonais e outras variações cíclicas; diferenciação de produto; inovações TPP e outras melhorias criativas de produto. • Por fim, você aprendeu que Inovação TPP significa inovação tecnológica em produtos e processos. 23 1 Com base no Tópico 1, alguns elementos são necessários para ‘algo’ ser considerado uma inovação. Explique, com base no Manual de Oslo (2005), qual é o principal elemento necessário para desenvolver uma inovação no contexto da economia atual: 2 Como você estudou no Tópico 1, os termos invenção e inovação, em alguns casos, são utilizados de maneira sinônima. No entanto, você percebeu que nem sempre uma invenção será necessariamente uma inovação, e no contexto organizacional e das indústrias isso pode ficar ainda mais evidente. Desse modo, descreva o que o termo inovação pode significar e no que ele se diferencia de uma invenção: 3 Quando algo novo pode ser considerado uma invenção? 4 De que maneira uma inovação pode beneficiar uma organização ou indústria? 5 ENADE 2015 – O investimento em pesquisa e desenvolvimento é um caminho importante para as empresas que desejam diferenciar-se dos seus concorrentes. Foi com este destaque que um jornal trouxe uma lista das dez empresas mais inovadoras do Brasil. Em comum entre as empresas vencedoras está a decisão dos seus líderes de manter praticamente inalterados os percentuais de investimento em inovação, mesmo diante de projeções macroeconômicas desfavoráveis. Tal cenário é possível porque os gestores acreditam que os investimentos em inovação ajudam a superar os momentos difíceis e a preparar as empresas para desafios futuros. A partir do texto, é possível definir inovação como: Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/provas/2015/01_ administracao.pdf>. Acesso em: 7 jul. 2015 (adaptado). a) ( ) Projetos de alto teor tecnológico. b) ( ) Produtos utilizados para fins muito específicos. c) ( ) Invenções que ainda não estão disponíveis no mercado. d) ( ) Bens, serviços ou processos originais que agregam valor social ou riqueza. e) ( ) Atividades que dependem de elevados investimentos em pesquisa e desenvolvimento. AUTOATIVIDADE 24 25 TÓPICO 2 TIPOS DE INOVAÇÃO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Muitos gestores e empreendedores acreditam que inovar é ser criativo em relação ao produto que é comercializado pela organização, ou pela inclusão de uma nova tecnologia nos processos, serviços ou sistemas da empresa. No entanto, você já aprendeu algumas definições de inovação e também aprendeu que há diferenças entre invenção e inovação. Em função dessas diferenças, você também já sabe identificar o que não é inovação. Agora, chegou a hora de você conhecer os tipos de inovação. Há uma série de divisões sobre os tipos de inovação, mas vamos focar nos seguintes tipos de inovação: 1) inovação por novidade de resultados, quais sejam: incremental, radical, disruptiva; 2) por objeto de inovação: produto, marketing, processos, organizacional; e, 3) inovação por estratégia: aberta, fechada, sustentável e disruptiva. O Manual de Oslo (2005) foca em quatro tipos de inovação, quais sejam: inovação de produto, processo, marketing e organizacional (o que temos listado no item 2) por objeto de inovação). Porém, há outros tipos que podem ser explorados e, para nos auxiliar na identificação do tipo que melhor representará a inovação desenvolvida, portanto, fique atento aos tipos de inovação e ao final do Tópico 2 você poderá reforçar os conhecimentos que adquiriu ao longo deste tópico por meio do resumo e as autoatividades. 2 TIPOS DE INOVAÇÃO POR NOVIDADE DE RESULTADOS Há diferentes tipos de inovações e cada um deles está relacionado a elementos distintos: produto, processo, serviços, sistemas, modelos de gestão. A inovação pode ser consolidada a partir de uma melhoria na forma de lidar com um problema específico, por exemplo, na gestão de processos inerentes a uma atividade desenvolvida no interior de organizações ou de empresas, indústrias. No entanto, é importante que você saiba que há um tipo de inovação que se constitui por uma variável denominada ‘novidade de resultados’ e que é definida por três diferentes abordagens, conforme a Figura 3. UNIDADE 1 | INOVAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS 26 A partir dessas três diferentes abordagens, como podemos diferenciar a inovação por novidade de resultados? Veja a seguir o que caracteriza cada uma delas. 2.1 INCREMENTAL Em 1995, Christopher (Chris) Freeman publicou um artigo em que relata aspectos contrastantes no Sistema Nacional de Inovação no período entre 1970 e 1980, em que diz que a inovação incremental é assim denominada porque sua origem parte de engenheiros de produção, técnicos e funcionários de “chão de fábrica”. As inovações incrementais foram relacionadas às diferentes formas de organização de trabalho e, posteriormente, muitas melhorias em produtos e em serviços passaram a vir da interação entre o mercado e as empresas associadas, por exemplo, subcontratantes, fornecedores de materiais e serviços (FREEMAN, 1995, p. 10). Para Tigre (2006), a inovação por novidade de resultado está vinculada ao grau das mudanças tecnológicas e à extensão das mudanças em relação ao que havia antes. Tigre (2006, s.p.) ainda descreve que as inovações incrementais “abrangem melhorias feitas no design ou na qualidade dos produtos, aperfeiçoamento em layout e processos, novos arranjoslogísticos e organizacionais e novas práticas de compra e venda”. Para o autor, elas ocorrem de forma contínua em qualquer indústria, embora possa variar conforme o setor ou país em função da pressão da demanda, fatores socioculturais, oportunidades e trajetórias tecnológicas. Elas não derivam necessariamente de atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), sendo mais comumente resultado do processo de aprendizado interno e da experiência acumulada (TIGRE, 2006, s.p.). Dito de outro modo, na concepção de Bessant e Tidd (2009, p. 47), a inovação por novidade de resultado incremental refere-se às “pequenas melhorias em produtos, serviços ou processos já existentes – ‘fazer o que já se faz, só que melhor’”. FIGURA 3 – TIPOS DE INOVAÇÃO POR NOVIDADE DE RESULTADOS FONTE: Elaborado por Momm (2018), com base no Manual de Oslo (2005) TÓPICO 2 | TIPOS DE INOVAÇÃO 27 2.2 RADICAL Já a inovação por novidade de resultados radical pode ser identifi cada pela sua própria denominação: uma mudança tecnológica que é considerada radical apresenta o rompimento de trajetórias existentes e abre novas rotas tecnológicas. Ela é geralmente fruto das atividades de P&D e tem como característica sua descontinuidade no tempo e nos setores (TIGRE, 2006). No entanto, Bessant e Tidd (2009, p. 47) descrevem que a inovação radical se traduz pelas “mudanças signifi cativamente diferentes em produtos, serviços ou processos – fazer o que fazemos de forma diferente”. Diferentes conceituações surgiram para explicar a inovação radical, e a ideia central é a ruptura de algo, de uma estrutura que até então vinha sendo utilizada – sempre do mesmo modo. Para Davila, Epstein e Shelton (2007, p. 69), a inovação radical “é aquela mudança signifi cativa que afeta simultaneamente tanto o modelo de negócios quanto a tecnologia de uma empresa”. Esse tipo de inovação requer certo grau de ‘desapego’ do antigo para que se possa promover o novo. Curiosidade! De acordo com Freeman (1995), o primeiro a utilizar a expressão “Sistema Nacional de Inovação” foi Bengt-Ake Lundvall e ele também foi o editor de um livro extremamente original e provocativo (1992) sobre esse assunto. No entanto, como ele e seus colegas foram os primeiros a concordar (e como o próprio Lundvall aponta), a ideia, na verdade, volta para o conceito de “Sistema Nacional de Política Econômica” (1841), o que passou a ser chamado de “Sistema Nacional de Inovação”. FIGURA 4 – GRAUS DE NOVIDADE DA INOVAÇÃO FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/SMCwNT>. Acesso em: 13 fev. 2018. UNIDADE 1 | INOVAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS 28 Além disso, há mais um recurso significativo no contexto do grau de novidade por resultado da inovação: a fonte de ideias. De acordo com Barbieri et al. (2009, p. 31), um estudo sobre as inovações radicais de grandes empresas apontou que as melhores fontes de ideias haviam sido, em ordem decrescente, os engenheiros e cientistas da unidade de P&D, os consumidores finais, os consumidores imediatos, os engenheiros e outros profissionais envolvidos em atividades operacionais e os gerentes de produtos. Em relação às inovações incrementais, as fontes mais importantes continuam sendo o pessoal da unidade de P&D, seguido pelos gerentes de produtos e, por último, pelos consumidores. Desse modo, nesse contexto, percebe-se que há grande importância da equipe de P&D e de outros membros da organização, porém, também dos consumidores. A seguir, vamos aprender o tipo de inovação por novidade de resultado disruptiva. 2.3 DISRUPTIVA Clayton Christensen, professor em Harvard, foi o responsável por cunhar o termo inovação disruptiva com base no que Schumpeter (1939) descreveu em sua obra como ‘destruição criativa’ e que visava explicar os ciclos de negócios. A inovação por novidade de resultados disruptiva é caracterizada por incitar a criação de novos mercados, desse modo, causando um impacto na concorrência de modo a provocar certa instabilidade naqueles que anteriormente dominavam o mercado. Além disso, costuma se apresentar de forma simples, com custo reduzido e voltada para atender necessidades de um público e mercados diferenciados. Essa inovação disruptiva surge como uma forma de quebrar paradigmas e, por isso, é considerada por Tigre (2006) como “uma mudança no paradigma técnico-econômico”. Christensen e Raynor (2003, p. 53) enfatizam que “a disrupção funciona porque é muito mais fácil bater os rivais, quando eles estão motivados a fugir em vez de lutar”. No entanto, se você pesquisar sobre a inovação por novidade de resultado disruptiva e encontrar autores que tratem do tema como ‘inovação de ruptura’, não se preocupe, antes de Christensen (2001) assumir o termo ‘disruptivo’, ele escreveu o livro “O dilema da inovação”, em que menciona a inovação de ruptura e os princípios da inovação de ruptura para os gestores que tenham interesse em aproveitar tais princípios. Antes de tudo, é importante esclarecer que para Christensen (2001, p. 17): Em nível mais profundo, o que se deduz é que muitos dos princípios de boa administração com grande aceitação nos dias de hoje são, na verdade, adequados apenas circunstancialmente. Há ocasiões em que o correto é não ouvir os clientes, investir em desenvolvimento de produtos de desempenho inferior, que prometem menores margens, e perseguir agressivamente mercados menores em lugar dos substanciais. Para melhor explicar o termo, vamos recorrer ao que Christensen (2001) definiu para conceituar o termo. A primeira definição proposta pelo autor refere-se ao termo tecnologia como o “conjunto de processos pelos quais uma TÓPICO 2 | TIPOS DE INOVAÇÃO 29 organização transforma mão de obra, capital, materiais e informação em produtos e serviços de grande valor” (CHRISTENSEN, 2001, p. 16). Assim, as tecnologias de ruptura surgem como: “inovações que resultam em pior desempenho de produtos, ao menos a curto prazo. [...] as tecnologias de ruptura trazem ao mercado uma proposição de valor muito diferente daquela disponível até então” (CHRISTENSEN, 2001, p. 20). Outro detalhe importante destacado pelo autor é o fato de que a tecnologia de ruptura é, a priori, utilizada por consumidores de menor renda no mercado. Em relação aos princípios propostos pelo autor, vamos apresentá-los de modo resumido para que você possa se apropriar do conteúdo posteriormente, buscando leituras complementares. Esses princípios poderão nortear seus estudos em torno da inovação de ruptura de produtos, processos, serviços, sistemas ou mesmo modelo de negócios. Com base nas pesquisas realizadas por Christensen (2001) acerca da indústria de disk drives, o autor avaliou as grandes empresas, líderes de mercado, que fracassaram durante o processo de adoção da inovação de ruptura. Os princípios são apresentados com o intuito de que você possa aproveitá-los para futuras análises. Logo, para evitar o fracasso nos negócios é importante estar atento ao fato de que (CHRISTENSEN, 2001, p. 26-28): Princípio 1) As companhias dependem de clientes e investidores para gerar recursos – os gerentes podem pensar que controlam o fluxo de recursos em suas empresas; no final das contas, são realmente os clientes e os investidores que ditam como o dinheiro será gasto, porque as empresas com padrões de investimento que não satisfazem seus clientes e investidores não sobrevivem; Princípio 2) Mercados pequenos não solucionam a necessidade de crescimento de grandes empresas – tecnologias de ruptura normalmente possibilitam o surgimento de novos mercados. Existe forte evidência que demonstra que as empresas que entram mais cedo nesses mercados emergentes têm as vantagens significativas do primeiro proponente sobre os últimos estreantes; Princípio 3) Mercados que não existem não podem ser analisados – é nas inovações de ruptura que se conhece o mínimo a respeito do mercado, que existem fortes vantagens para os primeiros proponentes; Princípio 4) As capacidades de uma
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