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Ciclo gravídico puerperal UNINOVE Profª Josefa Vieira ASSISTENCIA PRÉ-NATAL � A assistência pré-natal – modelo sistematizado específico de atenção à saúde da mulher durante o ciclo gravídico-puerperal. � A assistência pré-natal deve ser organizada para atender as reais necessidades da população de gestantes, por meio da utilização de conhecimentos técnico-científicos e de recursos adequados e disponíveis. ASSISTENCIA PRÉ-NATAL � Importância do pré-natal A assistência pré-natal representa papel fundamental na prevenção e/ou detecção precoce de patologias tanto maternas como fetais, permitindo um desenvolvimento saudável do bebê e reduzindo os índices de morbimortalidade materna. ASSISTENCIA PRÉ-NATAL Objetivos do Pré-natal: � Nascimento de uma criança saudável � Gestação isenta de complicações � Permitir o parto vaginal � Permitir o aleitamento materno � Orientar a gestante sobre hábitos saudáveis durante a gravidez. ASSISTENCIA PRÉ-NATAL � Elementos fundamentais para assistência pré-natal � Captação precoce da gestante ; � Recursos humanos adequadamente treinados; � Área física adequada; � Equipamento e instrumentos mínimos; � Apoio laboratorial; � Medicamentos básicos acessíveis; � Instrumentos de registro: cartão da gestante, ficha de acompanhamento pré-natal (prontuário), mapa de atendimento diário, relatório de encaminhamento. � Sistema eficiente de referência, contra-referência. ASSISTENCIA PRÉ-NATAL � A Assistência de Enfermagem à gestante começa no diagnóstico da gravidez com a 1ª consulta de pré-natal e continua por todo o período de gestação. � As condutas e os achados diagnósticos devem ser anotados na Ficha de Pré- Natal e no Cartão da Gestante. � É importante constar explicitamente no Cartão da Gestante, o número do Cartão Nacional da Saúde e o nome do hospital de referência para o parto. ASSISTENCIA PRÉ-NATAL � Atribuições do enfermeiro na consulta de pré-natal � Acompanhamento da gestação de baixo risco (consulta pré-natal); � Solicitação de exames laboratoriais de rotina (preconizados pelo Ministério da Saúde); � Realização da coleta do exame preventivo (Papanicolaou) � Organização das atividades com grupos de gestantes. ASSISTENCIA PRÉ-NATAL � CALENDÁRIO DAS CONSULTAS: Número de consultas (baixo risco): mínimo 6 (seis) (Ministério da Saúde); � mensais até 32 semanas de gestação; � quinzenais de 32 até 36 semanas; � semanais de 36 até o parto. A maior frequência das consultas no final da gestação objetiva a avaliação de risco perinatal e das intercorrências clínica-obstétricas mais comuns neste período como: trabalho de parto prematuro, pré-eclâmpsia e eclâmpsia, amniorrexe prematura e óbito fetal. Roteiro da primeira consulta Identificação Nome, idade, cor, naturalidade, procedência, endereço atual. Anamnese Dados socioeconômicos Instrução, profissão, situação conjugal, nº e idade de dependentes, renda familiar, condições de moradia, condições de saneamento. Motivo da consulta Motivo da procura pelo serviço Antecedentes familiares Hipertensão, diabetes, doenças congênitas, gemelaridade, câncer. Antecedentes pessoais Hipertensão, cardiopatias, diabetes, doenças renais, transfusão de sangue, doenças neuropsicológicas, alergias. Antecedentes ginecológicos Menarca, ciclos menstruais, uso de contraceptivo, IST, início da atividade sexual, número de parceiros. Roteiro da primeira consulta Gestação atual DUM, DPP, IG, hábitos (fumo...) ocupação atual. Solicitação de exames Complementares/Rotina Hemograma, tipagem sanguinea e fator Rh, (coombs indireto se Rh-), glicemia de jejum, urina I e urocultura com antibiograma, Protoparasitologico de fezes (PPF), colpocitologia oncótica (Papanicolaou), sorologias para sífilis (VDRL), HIV, rubéola, toxoplasmose (IGG e IGM), hepaite B (HBsAg), hepatite C (grupos de risco), US obstétrica. Exame Geral Peso, altura, estado nutricional, FC, PA, inspeção de pele e mucosas, ausculta- pulmonar, pesquisa de edema. Exames laboratoriais Exames Resultado Conduta Hemogra ma Hematimetria – dosagem de Hemoglobina e Hematócrito Hemoglobina ≥ 11 g/dl – ausência de anemia. Manter a suplementação de ferro a partir da 20ª semana gestacional, 01 drágea de sulfato ferroso/dia (300 mg), recomenda-se a ingestão antes das refeições, e 01 comprimido de ácido fólico ao dia na prevenção da ocorrência de defeitos no tubo neural. (Também pode ajudar a diminuir outros defeitos congênitos, como fenda palatina, lábio leporino e alguns defeitos cardíacos). Hemoglobina < 11g/dl e > 8g/dl - significa anemia leve a moderada. Deverá ser prescrito sulfato ferroso em dose de tratamento de anemia ferropriva, de 3 a 4 drágeas de sulfato ferroso/dia (900 a 1200 mg/dia), via oral, uma hora antes das principais refeições. É preciso ainda: - repetir o exame em 60 dias – se os níveis estiverem subindo, manter o tratamento até a hemoglobina atingir 11g/dl, quando deverá ser mantida a dose de suplementação (300mg ao dias). - repetir o exame aproximadamente na 30ª semana – se os níveis de hemoglobina permanecerem estacionários ou em queda, referir a gestante ao pré-natal de alto risco. Hemoglobina < 8g/dl – significa anemia grave. A gestante deve ser referida imediatamente ao pré-natal de alto risco. GLICEMIA GJ: (≥92mg/dl) TOTG(75mg/dl) entre a 24 e 28 semanas de IG Repetir a partir da 28 sem de gestação A glicemia de jejum for ≥ 92 mg/dL no jejum, ≥ a 180 mg/dL na primeira hora e ≥ a 153 mg/dL na segunda hora (DMG). O TOTG é preconizado para todas as gestantes. Exames laboratoriais Exames Resultado Conduta Tipagem sanguínea Rh negativo (gestante) e parceiro Rh positivo ou fator Rh desconhecido Solicitar o teste de Coombs indireto, se negativo, repetir entre a 28ª até no máximo a 34ª de gravidez, gestantes não sensibilizadas realizar imunoglobulina anti-D, 300 mg, (com prescrição médica,) intramuscular, ou encaminhar a referência. Quando o teste de Coombs for positivo, referir a consulta médica imediatamente ou encaminhar ao pré-natal de alto risco. Rastreamento das gestantes Rh- (negativo), e a profilaxias da Eritroblastose fetal. Sorologia para lues Sorologia para lues VDRL positivo (venereal disease researcb laboratory Sífilis – tratar com penicilina benzatina 2.400.000 UI (1.200.000 UI em cada nádega) em 3 aplicações com intervalo de uma semana, dose total 7.200.000 UI. Gestante e seu parceiro. Fazer VDRL de controle pós tratamento, quatro semanas após a terceira dose. Exames laboratoriais Exames Resultado Conduta RUBÉOLA Sorologia Negativa (IgG e IgM negativas ) Sorologia Positiva (IgG positiva IgM negativa) Sorologia Positiva (IgG negativa ou positiva IgM positiva Suscetível = Imunização pós-natal Imune= nada específico Infecção recente Diagnóstico da infecção fetal (Medicina Fetal). URINA TIPO I 1. Proteinúria “traços”: repetir em 15 dias “traços”: + hipertensão e ou edema: referir ao pré-natal de alto risco “maciça”: referir ao pré-natal de alto risco. URINA TIPO I 2. Piúria Solicitar urocultura com antibiograma. Referir ao pré-natal de alto risco. Exames laboratoriais Exames Resultado Conduta URINA TIPO I 3. Hematúria se piúria associada, solicitar urocultura se isolada, excluído sangramento genital, referir à consulta especializada URINA TIPO I 4. Outros elementos Não necessitam condutas especiais, à exceção de presença de bacteriúria HIV NEGATIVO POSITIVO a gestante deve repetir a sorologia para HIV no terceiro trimestre. a gestante terá indicação do uso de antirretrovirais a partir da 14º semana para redução do risco de transmissão vertical devendo ser encaminhada para unidade de referência para acompanhamento. � Preferncialmente realizar o teste rápido (digital, ou oral), na UBS pelo Enfermeiro. � Caso não tenha o teste rápido disponível, fazer o convencional ELISA (laboratório) � Aconselhamento pré e pós-teste, a gestante deve ser informada e orientada sobre o Teste, independentementeda situação de risco para a infecção pelo HIV. � Oferecer antiretroviral oral a toda gestante infectada pelo HIV. � Solicitar exame do parceiro, orientar sexo seguro. Exames laboratoriais Exames laboratoriais Exames Resultado Conduta Toxoplasmose Sorologia Negativa (IgG e IgM negativas Sorologia Positiva (IgG positiva IgM negativa) Sorologia Positiva (IgG e IgM positiva) Suscetível (Orientação higiênico-dietética) Repetição da sorologia 2/2 meses e, no momento do parto. Imune (Seguimento pré-natal rotineiro) Infecção recente ou Cicatriz Sorológica Proceder diagnóstico da transmissão vertical Encaminhar para Medicina Fetal. Hepatite OBSERVAÇÃO: Sorologia Negativa HBsAg negativo Anti- HBs negativo Sorologia Positiva HBsAg negativo Anti- HBs positivo Sorologia Positiva HBsAg positivo Anti-HBs negativo HBs Ag – detecta o antigeno de superficie do HBV- indica infecção ativa Seguimento pré-natal rotineiro . Fazer vacinação para HBV na gestante de acordo com PNI. Imune / Seguimento pré-natal de rotina Hepatite crônica . Cuidados no parto. Imunoglobulina para HBV + Primeira dose de vacina para o RN Anti-HBs – detecta os anticorpos contra o antígeno de superfície do HBV – a presença deste anticorpo indica infecção resolvida e imunidade (pela infecção ou por vacina). Exames laboratoriais IgG (Imunoglobulina G) e IgM (Imunoglobulina M) São anticorpos que o organismo produz quando entra em contato com algum tipo de micro-organismo invasor. A diferença entre eles é que o IgM é produzido na fase aguda (infecção recente) enquanto que o IgG, infecção antiga (meses ou anos), ou sucesso da vacina; a pessoa está protegida para essa doença, permanecendo por toda a vida. Exames laboratoriais ♦ IgG negativo (não reagente) e IgM negativo (não reagente): nunca entrou em contato com o patógeno (nunca teve a doença ou nunca tomou a vacina) e está suscetível a ter a doença; ♦ IgG negativo e IgM positivo: infecção aguda (dias , semanas). ♦ IgG positivo e IgM negativo: infecção antiga (meses ou anos) ou sucesso da vacina; a pessoa está protegida para essa doença. Exames laboratoriais � OBS: pesquisa de Streptococus aglalactiae (GBS) ou Estreptococo do grupo B entre a 35ª a 37ª semanas conforme protocolo. Exames laboratoriais Exames Resultado Conduta Streptococcus B- Hemolítico NEGATIVO POSITIVO SEM CONDUTA AMPICILINA 2 DOSES DURANTE O TRABALHO DE PARTO (prescrição médica) ULTRASSONOGRAFIA (USG): � Objetivos: � Diagnóstico de gestação, avaliar idade gestacional, avaliar volume do líquido amniótico, avaliar crescimento fetal, determinar a apresentação fetal, localizar e avaliar a maturidade da placenta, diagnosticar gestação múltipla, determinar anomalias fetais, e orientar procedimentos. � ULTRASSONOGRAFIA (USG): � Recomenda-se pelo menos uma US no pré-natal, que deve ser solicitada no primeiro trimestre. � Em gestantes de baixo rico, não há indicação para solicitar USs repetidas (seguir protocolo do serviço). ULTRASSONOGRAFIA (USG) � Alguns serviços preconizam quatro US (seguir protocolo do serviço). � - Obstétrico do primeiro trimestre; � - Morfológico do primeiro trimestre � - Morfológico do segundo trimestre � - Obstétrico de terceiro trimestre ULTRASSONOGRAFIA (USG) � O primeiro exame é transvaginal (0bstétrico do primeiro trimestre) deve ser realizado de oito a dez semanas de gestação. � Tem como objetivo: - diagnostico da gravidez - assegurar a viabilidade da gestação - confirmar sua localização - verificar o número de embrião - confirmação da idade gestacional. � ULTRASSONOGRAFIA (USG) � A segunda ultrassonografia, denominada morfológica do primeiro trimestre, deve ser realizada entre 11 e 13 semanas de gestação. Constitui importante método de rastreamento (medida da translucência nucal –TN). ULTRASSONOGRAFIA (USG) � A translucência nucal (ou TN) é uma medida realizada na região da nuca do feto. Esta medida estima o risco do feto ter algumas doenças, entre elas a Síndrome de Down e as cardiopatias congênitas. Fetos com malformações ou doenças genéticas possuem uma tendência a acumular liquido na região da nuca. Portanto uma medida aumentada significa um aumento de risco. ULTRASSONOGRAFIA (USG) � A terceira ultrassonografia, denominada morfológica do segundo trimestre, entre a 20 e 24 semanas, em que se faz uma análise morfológica detalhada do feto. Assegurar a normalidade, rastreamento de Malformações fetais, avaliação do colo uterino pela ultrassonografia transvaginal. ULTRASSONOGRAFIA (USG) � O último exame a ser realizado é a ultrassonografia obstétrica de terceiro trimestre, após 34 semanas, para avaliação do crescimento do feto (circunferência cefálica, circunferência abdominal, comprimento do fêmur, peso fetal), avaliação da placenta e do volume do líquido amniótico e para confirmação da apresentação fetal já diagnosticada no exame físico. ÁCIDO FÓLICO � O uso de ácido fólico, antes da concepção e durante os três primeiros meses da gestação, reduz o risco de doenças do tubo neural. � A fortificação de alimentos com ácido fólico tem sido proposta como política pública. � Mesmo que haja consumo apropriado de alimentos fortificados com acido fólico, o uso de sua suplementação para prevenir doenças do tubo neural em todas as mulheres em idade fértil é recomendado pela Organização Mundial da Saúde. � A suplementação diária com 0,4 mg, no mínimo um mês antes de engravidar e até o primeiro trimestre de gestação, pode reduzir o risco de doenças do tubo neural como: anencefalia. Roteiro das demais consulta � Revisão da ficha perinatal e anamnese; � - Calculo e anotação da idade gestacional; � - Controle do calendário de vacinação � - Exame físico geral e gineco-obstétrico: � - peso e estado nutricional; � - PA; � - inspeção pele e mucosa; � - inspeção das mamas; � - pesquisa de edema; � - mensuração da altura uterina; � - palpação obstétrica; � - ausculta dos bcf � - toque vaginal, exame especular e outros s/n; � - interpretação de exames e solicitação de outros s/n; � - praticas educativa. Pré-natal A partir da 28º semana de gravidez � Glicemia de jejum � Sorologia para Sífilis � Sorologia para HIV � Urina tipo 1 � Urocultura � Realizar proteinúria (fita) SEMANALMENTE a partir 28ª a 32ª semanas se fator de risco, como: alteração da PA e ou presença de edema Exames laboratoriais � Teste de sobrecarga glicêmica (TOTG). – a partir da 24ª semana, Gestacional. A mulher precisa estar em jejum de pelo menos 8 horas. � Colhe uma amostra de sangue em jejum e, em seguida a gestante ingere 75g de Dextrosol (ou uma substância adocicada) e, é feita nova coleta de sangue após 1hora e depois de 2 horas ou conforme solicitação médica. � Citologia oncótica: se nunca colheu ou se colheu há mais de 3 anos. Pressão arterial � O controle da pressão arterial nas consultas de pré-natal é de extrema importância para o rastreamento e detecção precoce da doença hipertensiva especifica da gestação (DHEG). Nutrição � Vários fatores interferem na progressão e evolução da gestação, o estado nutricional da mulher grávida afeta a evolução de sua gravidez, especialmente em relação ao peso do recém-nascido, fator intimamente relacionado à mortalidade infantil. Estado nutricional e ganho de peso na gestação � A ausência de ganho de peso ou a perda de peso, podem estar associadas a um crescimento fetal insuficiente; o ganho de peso repentino deve levar suspeita de retenção líquida (edema) relacionada com pré-eclampsia. Estado nutricional e ganho de peso na gestação � O ganho ponderal baixo tendem a apresentar RCF (retardo do crescimento fetal) e RNs com baixo peso. � Gestantes com ganho de peso excessivo tendem a ter fetos macrosssômicos, grandes para IG ao nascer, e maior dificuldade para perder no pós parto. PESO � Ganho ponderalmédio: 9 a 13 kg � Calcula-se o IMC para IG – Baixo peso, Adequado, Sobrepeso, obesidade � Bom estado nutricional: Segue o calendário natural, orientações alimentar. � Insuficiente para idade gestacional: história alimentar, hiperêmese, infecções, anemias, parasitoses. � Peso superior: obesidade, edemas, hidrâmnios, macrossomias, gravidez múltipla. ESTADO NUTRICIONAL � Para o diagnóstico nutricional deve ser utilizado a curva de Atalah et al, que apresenta os limites para classificação de acordo com a semana gestacional BP (baixo preso), A ( adequado), S (sobrepeso) e O (obesidade). � Fórmula para calculo do IMC � Peso (kg) � ------------------ � Altura2 (m) � � Ex: Peso= 53 = 53 = 53 ------ = -------- ---------- = 20.4 Estatura = 1.612 1.61 x1.61 = 2.59 IMC: Peso (Kg) Altura ² (m) Índice de massa corpórea segundo semana de gestação Ações complementares � Referência para atendimento odontológico; � Referência para serviços especializados na mesma unidade ou unidade de maior complexidade, quando indicado; � Vacinação da gestante. REFERÊNCIAS � Manual técnico: saúde da mulher nas Unidades Básicas de Saúde / Secretaria da Saúde, Coordenação da Atenção Básica/Estratégia Saúde da Família. – 2. ed. - São Paulo: SMS, 2012. 67 p. – (Série Enfermagem). � Montenegro CAB, Filho JdeR. Obstetricia Fundamental. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 3013. � Zugaib M. Obstetricia. São Paulo: Manole; 2008.
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