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Resenha - A nova Terceirização como fonte de geração de Empregos - Direito do Trabalho I


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A nova Terceirização como fonte de geração de Empregos 
Para Karl Marx, célebre filósofo socialista, a desvalorização do mundo humano 
aumenta em proporção direta com a valorização do mundo das coisas. Nessa 
perspectiva, é mister discutir acerca das relações e condições de trabalho que 
foram marcadas ao longo de sua evolução histórica por desigualdade entre 
empregado e empregador. Nesse sentido, é possível citar o surgimento de 
novas modalidades, como a terceirização, que se origina no período pós 
Segunda Guerra Mundial nos Estados Unidos que concentrava seus meios de 
produção na indústria bélica e delegavam algumas atividades às empresas 
prestadoras de serviços. 
 Por outras palavras, na concepção de Valentim Carrion (2009, p. 307), 
“terceirização é o ato pelo qual a empresa produtora, mediante contrato, 
entrega a outra empresa certa tarefa, para que esta a realize habitualmente 
com empregados desta”. No entanto, entre a teoria e a prática, o capitalismo e 
o sistema liberal criam uma disputa entre mercado empresarial e os 
trabalhadores. De um lado empresários ávidos por lucros, de outro, uma classe 
operária facilmente atacável pela condição de hipossuficiência se vê acuada 
tendo que aceitar contratos desproporcionais em prol da manutenção de seu 
sustento. 
Nesta esteira, sempre cabe uma flexibilização dos direitos, e das leis celetistas, 
o que provoca em maior ou menor escala um esvaziamento da verdadeira 
função do direito do trabalho, qual seja a agregação social e a sobrevivência. 
Assim, em nosso país, os principais retratos da flexibilização das normas 
trabalhistas dizem respeito ao aumento do poder potestativo dos empregadores 
de poder unilateralmente e de modo implícito deliberar sobre às formas de 
contratação, às jornadas de trabalho e à política salarial. 
Em contra partida, no âmbito jurídico brasileiro, temos a exemplo a Lei n° 
13.467 de 13 de julho de 2017 – Reforma Trabalhista – que trouxe uma 
regulamentação mais consistente sobre a terceirização, a qual pessoas físicas 
ou jurídicas(Contratantes) podem celebrar contrato de prestação de serviços a 
quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade principal junto a empresa 
que possua CNPJ e Registro Junta Comercial. Logo, também se fez necessária 
a presença de normas que transmitem segurança aos trabalhadores conforme 
nos aduz o §5°, do Art 5° da referida lei. Esta nos concerne a responsabilidade 
subsidiária pelo tomador de serviços referente ao inadimplemento das 
obrigações trabalhistas por parte do trabalhador, que abrange todas as verbas 
decorrentes referente ao período da prestação laboral. Essa norma fez com 
que prevalecesse a mesma previsão dos incisos IV e VI da súmula 331 do 
TST. 
Ademais, no que se refere a mesma legislação, verifica-se que no âmbito da 
Administração pública direta ou indireta os entes integrantes respondem 
subsidiariamente caso evidenciada sua conduta culposa no cumprimento das 
obrigações da Lei n° 8.666/1993, especialmente na fiscalização do 
cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço 
como empregadora. Dessa maneira, os trabalhadores possuem um amparo 
jurídico diante de um cenário onde as relações de trabalho mais desfavorecem 
o empregado. 
Portanto, torna-se irrefutável, que a terceirização, bastante criticada pelos 
sindicatos, gera a possibilidade de desfalecimento da categoria, 
enfraquecimento do poder de negociação, redução de salários e vantagens 
previstos em convenções coletivas e acordos coletivos. Ademais, a 
flexibilização é benéfica ao empregador que diminui suas responsabilidades 
financeiras com o empregador e utiliza da mão de obra como bem entender, a 
exemplo de pequenas empresas que para não assinar a carteira, criam MEI 
aos funcionários. Abaixo, segue uma decisão do STF à respeito do tema: 
“Direito do Trabalho. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental. 
Terceirização de atividade-fim e de atividade-meio. Constitucionalidade. 1. A 
Constituição não impõe a adoção de um modelo de produção específico, não 
impede o desenvolvimento de estratégias empresariais flexíveis, tampouco 
veda a terceirização. Todavia, a jurisprudência trabalhista sobre o tema tem 
sido oscilante e não estabelece critérios e condições claras e objetivas, que 
permitam sua adoção com segurança. O direito do trabalho e o sistema 
sindical precisam se adequar às transformações no mercado de trabalho e na 
sociedade. 2. A terceirização das atividades-meio ou das atividades-fim de 
uma empresa tem amparo nos princípios constitucionais da livre iniciativa e 
da livre concorrência, que asseguram aos agentes econômicos a liberdade de 
formular estratégias negociais indutoras de maior eficiência econômica e 
competitividade. 3. A terceirização não enseja, por si só, precarização do 
trabalho, violação da dignidade do trabalhador ou desrespeito a direitos 
previdenciários. É o exercício abusivo da sua contratação que pode produzir 
tais violações. 4. Para evitar tal exercício abusivo, os princípios que amparam 
a constitucionalidade da terceirização devem ser compatibilizados com as 
normas constitucionais de tutela do trabalhador, cabendo à contratante: i) 
verificar a idoneidade e a capacidade econômica da terceirizada; e ii) 
responder subsidiariamente pelo descumprimento das normas trabalhistas, 
bem como por obrigações previdenciárias (art. 31 da Lei 8.212/1993). 5. A 
responsabilização subsidiária da tomadora dos serviços pressupõe a sua 
participação no processo judicial, bem como a sua inclusão no título executivo 
judicial. 6. Mesmo com a superveniência da Lei 13.467/2017, persiste o objeto 
da ação, entre outras razões porque, a despeito dela, não foi revogada ou 
alterada a Súmula 331 do TST, que consolidava o conjunto de decisões da 
Justiça do Trabalho sobre a matéria, a indicar que o tema continua a 
demandar a manifestação do Supremo Tribunal Federal a respeito dos 
aspectos constitucionais da terceirização. Além disso, a aprovação da lei 
ocorreu após o pedido de inclusão do feito em pauta. 7. Firmo a seguinte 
tese: “ 1. É lícita a terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou fim, 
não se configurando relação de emprego entre a contratante e o empregado 
da contratada. 2. Na terceirização, compete à contratante: i) verificar a 
idoneidade e a capacidade econômica da terceirizada; e ii) responder 
subsidiariamente pelo descumprimento das normas trabalhistas, bem como 
por obrigações previdenciárias, na forma do art. 31 da Lei 8.212/1993” . 8. 
ADPF julgada procedente para assentar a licitude da terceirização de 
atividade-fim ou meio. Restou explicitado pela maioria que a decisão não 
afeta automaticamente decisões transitadas em julgado. 
(STF - ADPF: 324 DF - DISTRITO FEDERAL 9997591-98.2014.1.00.0000, 
Relator: Min. ROBERTO BARROSO, Data de Julgamento: 30/08/2018, 
Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-194 06-09-2019)” 
 
Referências: Apostila de Direito do Trabalho I, Hector Luiz Martins Figueira; 
Site Jusbrasil. 
Aluno: Francesco Barros Cauteruccio 
Matrícula: 201902645286