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UNIÃO DAS FACULDADES DE MATO GROSSO – UNIFAMA Camila Ferreira Gama ÉTICA NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA Guarantã do Norte – MT 2020 Camila Ferreira Gama ÉTICA NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA Trabalho acadêmico apresentado à União das Faculdades de Mato Grosso - UNIFAMA como requisito parcial para obtenção de nota, prof.° Bruna Dayane Pereira. Guarantã do Norte – MT 2020 1. INTRODUÇÃO Para que o ambiente de trabalho seja harmônico e agradável a todos, existem regras, que devem ser seguidas por seus colaboradores, conjunto de regras morais. A ética profissional é o grande conjunto de normas morais que os colaboradores devem ter para exercer qualquer atividade. O conceito é um ramo da filosofia que diz respeito àquilo que é considerado certo ou errado pela sociedade. Dessa forma, a ética tem a finalidade de garantir uma convivência que seja harmoniosa dentro das empresas e também dessa organização com o corpo social em que é atuante. Os códigos de conduta estipulados para o bem comum de todos no ambiente corporativo é definido pela ética. Na sua definição mais genérica, a ética vai ser traduzida em leis e outras normas obrigatórias. Entretanto, a ética profissional é redigida por meio de códigos de conduta internos e estatutos específicos para cada empresa. Normalmente as empresas acabam disponibilizando esse conjunto de normas que irá formar a ética profissional. Assim sendo, o colaborador precisa ler e aprender a colocá-las em prática. A finalidade principal desse código é permitir que os objetivos da empresa sejam alcançados ao tornar algumas condutas padronizadas. Dessa forma, vai ser possível construir um ambiente de respeito, o que tornará mais nítidas essas regras de convivência. 2. ÉTICA DO PROFISSIONAL NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA A profissão farmacêutica vem passando por significativas transformações. O desenvolvimento da ciência e da tecnologia ao longo do século XX contribuiu para o advento da indústria farmacêutica e surgimento de novos fármacos e medicamentos que revolucionaram não só as ciências farmacêuticas como as ciências médicas de uma forma geral. Assim, a produção artesanal dos medicamentos e a relação mais próxima dos farmacêuticos ou antigos boticários junto à comunidade foram gradualmente perdendo espaço. A Farmácia e os farmacêuticos se viram diante de certa “crise de identidade”. Este contexto contribuiu para que os profissionais farmacêuticos desviassem o foco de sua atuação para outras áreas, principalmente para indústria e laboratório de análises clínicas. As operações contra grandes indústrias e empreiteiras fizeram vir à tona a discussão sobre ética nos negócios. Felizmente muitos setores levam a integridade moral muito a sério. A ética na indústria farmacêutica, por exemplo, é bastante rígida. E isso é essencial para essa indústria, que depende em boa parte da sua credibilidade para crescer e atrair profissionais que sejam ao mesmo tempo ambiciosos e socialmente responsáveis. Vontade de crescer e respeito aos valores da indústria podem abrir portas nesse segmento. Saiba por que a ética é tão importante para a indústria farmacêutica. A indústria farmacêutica, consciente da inevitabilidade das enfermidades, colabora com a melhora da qualidade de vida das pessoas, disponibilizando medicamentos especializados, cada vez mais baratos e de melhor qualidade. Devido à escala dos problemas relacionados à saúde, o potencial econômico dessas indústrias atinge valores elevados, e atrai investimentos financeiros, pouco interessados em melhorar a qualidade de vida das outras pessoas. Tais investimentos tem por objetivo a maximização do seu retorno, o que, por si só não é errado, pois aliados aos retornos financeiros e sociais, todos ganham. Ocorre que, no exercício de sua liberdade econômica, a indústria farmacêutica pode comprometer a dignidade humana enquanto fundamento do Estado, por exemplo, ao elevar desmedidamente o preço dos medicamentos, ou reduzir sua qualidade, em nome da produção. Em razão disso, o Estado deve intervir para assegurar o equilíbrio entre a liberdade da indústria na busca do retorno financeiro, e o respeito à dignidade humana. 2.1 Os limites impostos pela lei Ao contrário de outros produtos como roupas, veículos e até mesmo bebidas alcoólicas, a indústria farmacêutica não pode anunciar livremente seus produtos. As leis brasileiras ditam que “medicamentos éticos”, ou seja, medicamentos em que a venda depende de receita médica, não podem ser objeto de anúncios publicitários. É por isso que você não vê na TV propaganda de antibióticos ou calmantes. Mesmo os medicamentos que não exigem prescrição médica possuem publicidade limitada. Suas peças publicitárias não podem, por exemplo, apresentar celebridades incentivando a compra do remédio, nem utilizar frases como “tome” ou “use”. Tudo isso para garantir que o consumidor só comprará aquele remédio caso seja realmente necessário e indicado por um especialista, e não por impulso. As restrições também impedem o incentivo à automedicação. Atire a primeira pedra quem nunca sentiu vontade de comprar alguma coisa só para experimentar, depois de ter visto na TV. 2.2 Regras éticas na indústria farmacêutica As indústrias farmacêuticas colocam grandes investimentos em seus propagandistas e, em contrapartida, exigem não só elevado conhecimento técnico e de relações públicas, mas também correção ética. Os propagandistas são proibidos de oferecerem incentivos financeiros ou presentes aos médicos. Mesmo o apoio ou patrocínio de eventos científicos não pode estar condicionado à prescrição de medicamentos. As indústrias que convidam médicos a participarem de congressos e palestras são proibidas até mesmo de pagarem passagens ou hospedagens de acompanhantes, tudo em nome da transparência. Como principal elo de ligação entre a indústria e os médicos, o propagandista precisa conseguir apresentar os produtos e seus benefícios sem ultrapassar os limites auto impostos pela indústria farmacêutica. A conquista do profissional de saúde deve ser feita por meio da apresentação dos benefícios aos pacientes e com estratégias de marketing e vendas. Dessa forma, o paciente pode estar seguro de que o remédio que está na receita foi escolhido pelo pediatra do seu filho não porque o doutor ganhou uma viagem para Bahamas, mas porque aquele produto traz as melhores soluções para a saúde do garoto. 2.3 Ética do profissional farmacêutico na indústria O Código de Ética Farmacêutica Brasileiro rege que o profissional deve atuar buscando a saúde do paciente, orientando-o em todos os sentidos. Sua atuação profissional inclui uma somatória de atitudes, comportamentos, coresponsabilidades e habilidades na prestação da farmacoterapia, com o objetivo de alcançar resultados terapêuticos eficientes e seguros, privilegiando a saúde e a qualidade de vida do paciente. A ética vem conquistando o direito de se tornar fator de produção. Não por uma transformação espontânea, natural, positiva e humanística dos gestores do capital, mas porque as pressões oriundas da sociedade forçam essa nova tomada de consciência. Exemplos de conduta ética na indústria: - Tenha sempre em mente a Missão, Visão e Valores da sua empresa. - Saibam quais são as suas atribuições e responsabilidades. - Respeite a hierarquia. - Esteja 100% comprometido e envolvido com a missão. - Seja assíduo e pontual. - Trate todos com respeito (urbanidade). - Assume uma atitude imparcial, impessoal e com isenção. - Exerça suas funções com zelo, competência e eficiência. - Demonstre confiança e energia (conheça suas forças efraquezas). - Conheça os aspectos legais dos seus direitos e deveres. Segundo código de ética do farmacêutico, Art. 2º - O farmacêutico atuará com respeito à vida humana, ao meio ambiente e à liberdade de consciência nas situações de conflito entre a ciência e os direitos e garantias fundamentais previstos na Constituição Federal. Tem o dever de zelar pela saúde, promovendo a saúde da melhor maneira possível. Tendo total responsabilidade de seus atos, segundo Art. 4º - O farmacêutico responde individual ou solidariamente, ainda que por omissão, pelos atos que praticar, autorizar ou delegar no exercício da profissão. Os próximos artigos mostram como deve ser a conduta do farmacêutico na indústria ou em qualquer área de atuação: Art. 5º - O farmacêutico deve exercer a profissão com honra e dignidade, devendo dispor de condições de trabalho e receber justa remuneração por seu desempenho. Art. 6º - O farmacêutico deve zelar pelo desempenho ético, mantendo o prestígio e o elevado conceito de sua profissão. O farmacêutico deve manter atualizados os seus conhecimentos técnicos e científicos para aprimorar, de forma contínua, o desempenho de sua atividade profissional. Art. 8º - A profissão farmacêutica, em qualquer circunstância, não pode ser exercida sobrepondo-se à promoção, prevenção e recuperação da saúde e com fins meramente comerciais. Art. 9º - O trabalho do farmacêutico deve ser exercido com autonomia técnica e sem a inadequada interferência de terceiros, tampouco com objetivo meramente de lucro, finalidade política, religiosa ou outra forma de exploração em desfavor da sociedade. Art. 10 - O farmacêutico deve cumprir as disposições legais e regulamentares que regem a prática profissional no país, sob pena de aplicação de sanções disciplinares e éticas regidas por este regulamento. O artigo Art. 11, mostra os direitos do farmacêutico tanto na indústria como em qualquer área de atuação: Art. 11 – É direito do farmacêutico: I - exercer a sua profissão sem qualquer discriminação, seja por motivo de religião, etnia, orientação sexual, raça, nacionalidade, idade, condição social, opinião política, deficiência ou de qualquer outra natureza vedada por lei; II - interagir com o profissional prescritor, quando necessário, para garantir a segurança e a eficácia da terapêutica, observado o uso racional de medicamentos; III - exigir dos profissionais da saúde o cumprimento da legislação sanitária vigente, em especial quanto à legibilidade da prescrição; IV - recusar-se a exercer a profissão em instituição pública ou privada sem condições dignas de trabalho ou que possam prejudicar o usuário, com direito a representação às autoridades sanitárias e profissionais; V - opor-se a exercer a profissão ou suspender a sua atividade em instituição pública ou privada sem remuneração ou condições dignas de trabalho, ressalvadas as situações de urgência ou emergência, devendo comunicá-las imediatamente às autoridades sanitárias e profissionais; VI - negar-se a realizar atos farmacêuticos que sejam contrários aos ditames da ciência, da ética e da técnica, comunicando o fato, quando for o caso, ao usuário, a outros profissionais envolvidos e ao respectivo Conselho Regional de Farmácia; VII - ser fiscalizado no âmbito profissional e sanitário, obrigatoriamente por farmacêutico; VIII - exercer sua profissão com autonomia, não sendo obrigado a prestar serviços que contrariem os ditames da legislação vigente; IX - ser valorizado e respeitado no exercício da profissão, independentemente da função que exerce ou cargo que ocupe; X - ter acesso a todas as informações técnicas relacionadas ao seu local de trabalho e ao pleno exercício da profissão; XI - decidir, justificadamente, sobre o aviamento ou não de qualquer prescrição, bem como fornecer as informações solicitadas pelo usuário; XII - não ser limitado, por disposição estatutária ou regimental de estabelecimento farmacêutico, tampouco de instituição pública ou privada, na escolha dos meios cientificamente reconhecidos a serem utilizados no exercício da sua profissão. O artigo Art. 12, mostra os deveres do farmacêutico na indústria ou qualquer área de atuação: O farmacêutico, durante o tempo em que permanecer inscrito em um Conselho Regional de Farmácia, independentemente de estar ou não no exercício efetivo da profissão, deve: I - comunicar ao Conselho Regional de Farmácia e às demais autoridades competentes os fatos que caracterizem infringência a este Código e às normas que regulam o exercício das atividades farmacêuticas; II - dispor seus serviços profissionais às autoridades constituídas, ainda que sem remuneração ou qualquer outra vantagem pessoal, em caso de conflito social interno, catástrofe ou epidemia; III - exercer a profissão farmacêutica respeitando os atos, as diretrizes, as normas técnicas e a legislação vigentes; IV - respeitar o direito de decisão do usuário sobre seu tratamento, sua própria saúde e bem-estar, excetuando-se aquele que, mediante laudo médico ou determinação judicial, for considerado incapaz de discernir sobre opções de tratamento ou decidir sobre sua própria saúde e bem-estar; V - comunicar ao Conselho Regional de Farmácia e às demais autoridades competentes a recusa em se submeter à prática de atividade contrária à lei ou regulamento, bem como a desvinculação do cargo, função ou emprego, motivadas pela necessidade de preservar os legítimos interesses da profissão e da saúde; VI - guardar sigilo de fatos e informações de que tenha conhecimento no exercício da profissão, excetuando-se os casos amparados pela legislação vigente, cujo dever legal exija comunicação, denúncia ou relato a quem de direito; VII - respeitar a vida, jamais cooperando com atos que intencionalmente atentem contra ela ou que coloquem em risco a integridade do ser humano ou da coletividade; VIII - assumir, com responsabilidade social, ética, sanitária, ambiental e educativa, sua função na determinação de padrões desejáveis em todo o âmbito profissional; IX - contribuir para a promoção, proteção e recuperação da saúde individual e coletiva, sobretudo quando, nessa área, ocupar cargo ou desempenhar função pública;IX - contribuir para a promoção, proteção e recuperação da saúde individual e coletiva, sobretudo quando, nessa área, ocupar cargo ou desempenhar função pública; X - garantir ao usuário o acesso à informação independente sobre as práticas terapêuticas oficialmente reconhecidas no país, de modo a possibilitar a sua livre escolha; XI - selecionar e supervisionar, nos limites da lei, os colaboradores para atuarem no auxílio ao exercício das suas atividades; XII - denunciar às autoridades competentes quaisquer formas de agressão ao meio ambiente e riscos inerentes ao trabalho, que sejam prejudiciais à saúde e à vida; XIII - comunicar ao Conselho Regional de Farmácia, em 5 (cinco) dias, o encerramento de seu vínculo profissional de qualquer natureza, independentemente de retenção de documentos pelo empregador; XIV - recusar o recebimento de mercadorias ou produtos sem rastreabilidade de sua origem, sem nota fiscal ou em desacordo com a legislação vigente; XV - basear suas relações com os demais profissionais, farmacêuticos ou não, na urbanidade, no respeito mútuo, na liberdade e na independência de cada um; XVI - respeitar as normas éticas nacionais vigentes, bem como proteger a vulnerabilidade dos envolvidos, ao participar de pesquisas envolvendo seres humanos ou animais. Dessa forma, os profissionais farmacêuticos devem exercer sua profissão de acordo com princípios, respeitando os valores éticos e morais, cuja transgressão poderá resultar em sanções disciplinares por parte do CRF. 6. CONCLUSÃO A ética no trabalho é o conjunto de valores, normas e atitudes que conduzem o comportamento dos profissionaisdentro de uma empresa. No ramo farmacêutico não seria diferente, o farmacêutico, deve seguir o conjunto de regras para exercer de maneira ética sua profissão. O farmacêutico, tem o seu próprio código de ética, onde existe regras, respeitando direitos, deveres, entre outros objetivos a serem seguidos. O código de ética do farmacêutico, que deve ser seguido tanto em indústria como em qualquer área de atuação desse profissional é regido pelo Conselho Federal de Farmácias (CFF) e Conselho Regional de Farmácia (CRF). Essas regras devem ser seguidas para que farmacêutico desempenhe sua função de forma ética, o profissional deve atuar buscando a saúde do paciente, respeitando as normas e seguindo à risca a ética de boas práticas de fabricação e atribuições do mesmo. REFERÊNCIAS BARROS, José Augusto Cabral. Propaganda de medicamentos. Um atentado à saúde? São Paulo, Hucitec, 1995. BRASIL. Conselho Regional de Farmacia- CRF –MT. Código de ética do farmacêutico. Disponível em: < http://crfmt.org.br/codigo-de-etica-reformulado-entra- em-vigor/>Acesso em: 10 de maio de 2020. BRASIL. Conselho Regional de Farmacia- CRF –SP. Código de ética do farmacêutico. Disponível em: < https://www.crfsp.org.br/documentos/materiaistecnicos/180308_codigo- etica_web.pdf >Acesso em: 10 de maio de 2020. JUNIOR, C. G. D. Ética na indústria farmacêutica: entenda porque isso é essencial. 2017. Disponível em: < https://blog.bmarking.com.br/etica-na-industria-farmaceutica- entenda-porque-isso-e-essencial/>Acesso em: 10 de maio de 2020.
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