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ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL Algumas das principais meningites ou encefalomeningites em cães e gatos. Agentes etiológicos: Origem viral, bacteriana, fúngica e parasitária. DOENÇAS INFLAMATÓRIAS NÃO INFECCIOSAS ETIOLOGIA DESCONHECIDA Polioencefalite felina → Uma encefalomielite sem agente etiológico identificado ocasionalmente causa convulsões progressivas ou sinais medulares em gatos adultos jovens. A idade dos gatos acometidos varia de 3 meses a 6 anos, mas a maioria tem menos de 2 anos de idade. Sinais clínicos e neurológicos: Os animais acometidos apresentam uma evolução progressiva subaguda a crônica dos sinais neurológicos.Ataxia, paresia e deficits proprioceptivos que afetam os membros pélvicos ou membros pélvicos e torácicos são comuns. Quando a inflamação se estende às raízes nervosas, surgem hiporreflexia e atrofia muscular. Tremores intencionais, andar em círculos, mudança de comportamento, convulsões, cegueira e nistagmo são observados em alguns gatos. Não há alterações clinicopatológicas na maior parte dos gatos afetados. Diagnóstico: A análise de LCR revela um leve aumento nas células mononucleares no LCR e concentração de proteínas no LCR normal ou levemente aumentada. O diagnóstico definitivo somente pode ser confirmado na necropsia, onde lesões são confinadas ao SNC e encontradas da medula espinal e no cérebro, preferencialmente na substância cinzenta. Essas lesões incluem infiltrado perivascular com células mononucleares, gliose e degeneração neuronal. Degeneração da substância branca e desmielinização também são presentes. Meningite-arterite responsiva a esteroides (MARE) → É a forma de meningite mais frequentemente diagnosticada na maioria dos hospitais veterinários. Suspeita-se de uma causa imunológica, resultando em uma vasculite/arterite que afeta os vasos meníngeos ao longo de todo o comprimento da medula espinal e do tronco encefálico. Cães acometidos são geralmente jovens ou jovens adultos (6-18 meses de idade), mas cães de meia-idade e mais velhos são ocasionalmente envolvidos. Cães de raça grande são mais comumente acometidos. A MARE pode ser encarada como uma síndrome associada à raça no caso de Beagles, Bernese Mountain Dogs, Boxers, Bracos Alemães de pelo curto e Nova Escócia Duck Tolling Retrievers. Sinais clínicos e neurológicos: Febre, relutância ao movimento, dor cervical e dor vertebral. Diagnóstico: Hemograma: Leucocitose neutrofílica com ou sem desvio à esquerda. Análise de fluido espinal: Apresenta concentração de proteínas e pleocitose neutrofílica aumentadas. ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL PARASITÁRIA Babesiose → Babésia Canis circula na corrente sanguínea até chegar aos capilares encefálicos e se aglutinam umas às outras formando um congestionamento. O encéfalo fica extremamente vermelho, enquanto o tronco e a medula espinhal permanecem “branquinhos “ → Lesão patognomônica. DOENÇAS INFLAMATÓRIAS INFECCIOSAS VIRAL Cinomose (VCC) → Causada pelo Morbillivirus, acomete cães jovens. Este vírus possui tropismo por todas as células, desde as células da bexiga até as células do SNC. Predileção por células epiteliais e linfóides, e tecido nervoso. O vírus chega ao animal através de aerossóis (tosse, espirro), penetra na mucosa nasal e infecta os macrófagos ali residentes, estes macrófagos migram para os linfonodos submandibulares e colonizam as tonsilas palatinas e faringianas, onde se multiplica. Viremia primária – Ocorre nos linfonodos submandibulares 48h após a entrada do vírus no animal. Causa conjuntivite, rinite e broncopneumonia. Viremia secundária – Tráfego de leucócitos infectados causam infecção do sistema nervoso, células epiteliais, sistema respiratório, sistema urinário e sistema gastrointestinal, ocorre 4 dias após a primeira viremia. Pode causar diarreia, febre e infecções bacterianas secundárias em pacientes imunossuprimidos. 25 dias após a exposição ao vírus, leucócitos perivasculares infectados desaparecem, entretanto, neurônios e células da glia são infectados, ocorre desmielinização da bainha de mielina muito evidente, o animal passa a apresentar mioclonias, convulsão, movimentos de pedalagem, caminhar em círculos e nestes casos não há mais tratamento. Sinais clínicos: Conjuntivite, rinite, tosse, febre, anorexia, desidratação, perda de peso, corrimento ocular e nasal purulento (bactérias secundárias). Em casos mais graves: Mioclonia, convulsões, incoordenação, ataxia, caminhar em círculos, rigidez muscular, vocalização, cegueira, hiperqueratose evidente no focinho e coxins. Diagnóstico: Sinais clínicos Achado microscópico de Corpúsculos de Lentz (no citoplasma e no núcleo observa-se com facilidade nas células da bexiga) Hemograma (leucopenia por linfopenia e a presença dos corpúsculos de Lentz nas hemácias e leucócitos) Imuno-histoquímica Isolamento viral PCR da urina ou sangue na fase inicial e fezes na fase mais tardia. Sorologia. ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL Raiva → Causada pelo Lyssavírus, acomete todas as espécies, este vírus migra para a glândula salivar do cão, gato e morcego e é inoculado através da mordida. O vírus chega ao SNC através do transporte axonal, migra até os gânglios, consegue acesso à medula espinhal, chega ao encéfalo e é distribuído para o sistema ocular (lágrima) e para as glândulas salivares, podendo ser liberado por ambos. Sinais clínicos: Animal caminha em círculos, apresenta incoordenação, decúbito, movimento de pedalagem, cegueira. Quanto maior o número de terminações nervosas no local da mordida, mais rápido o vírus chegará ao SNC. Período de incubação: de 7 dias à 1 ano. Média de 10 dias. Diagnóstico: Não há nenhuma alteração macroscópica (Necrópsia branca). Na microscopia encontra-se manguito perivascular linfocitário e corpúsculos de Negri (acúmulo de proteína viral dentro do citoplasma dos neurônios) que é patognomônico. Imunofluorescência direta e inoculação em camundongos, onde o vírus se manifesta em até 20 dias em amostra colhida de carnívoros, e até 30 dias se colhida de herbívoros. Histopatologia e imuno-histoquímicaciosa. Peritonite infecciosa felina (PIF) → Causada pelo Coronavirus felino, acomete felinos, principalmente os jovens que vivem nas ruas, causando imunodeficiência. Possui uma fase torácica e abdominal (Efusiva) e uma fase neurológica (Não efusiva) Efusiva: Acúmulo de líquido intra-torácico e intra-abdominal devido à infecção viral > o vírus coloniza o endotélio dos vasos sanguíneos > causa vasodilatação aumentando a permeabilidade vascular, ocorre passagem do plasma do vaso para as cavidades, ocorre reação inflamatória com deposição de fibrina em grande quantidade, resultante de um líquido turvo. Não efusiva: Pode causar meningite, alterações convulsivas, perda de equilíbrio, ataxia, desmielinização. PARASITÁRIA Toxoplasmose → Infecções por Toxoplasma gondii podem ser adquiridas por via transplacentária pela ingestão de tecidos contendo organismos encistados ou ingestão de alimentos ou água contaminada por fezes de gatos contendo oocistos. A maioria das infecções é assintomática. Filhotes de gato infectados por via transplacentária podem desenvolver sinais fulminantes agudos de envolvimento hepático, pulmonar, ocular e do SNC. A doença em animais mais velhos resulta da reativação de cistos encistados. A infecção é evidente no pulmão, SNC, músculo, fígado, pâncreas, coração e olho em gatos. Em cães, infecções de pulmão, SNC e músculo predominam, mas infecções oculares também ocorrem. ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL Sinais clínicos e neurológicos: Alterações comportamentais, convulsões, andar em círculos, tremores, ataxia, paresia, paralisia, dor e fraqueza muscular causada pela miosite. Diagnóstico: O diagnóstico de toxoplasmose do SNC pode ser difícil em vida, porque antígenos e anticorpos específicos contraT. gondii podem ser detectados no soro de gatos normais. Testes laboratoriais de rotina podem estar normais em cães e gatos com toxoplasmose do SNC, ou leucocitose neutrofílica e eosinofilia podem ser encontradas. Globulinas séricas podem estar aumentadas. Enzimas hepáticas encontram-se aumentadas quando há uma infecção hepática, e a CK está aumentada em animais com miosite. A análise do LCR geralmente revela uma concentração de proteínas elevada e uma contagem de células nucleadas leve ou moderadamente aumentada. A identificação de anticorpos IgM específicos para T. gondii e de DNA do organismo (por PCR) no LCR ou humor aquoso de animais sintomáticos sugere meningoencefalomielite por T. gondii. Neosporose → Doença neuromuscular e do SNC em cães, causada pelo parasita Neospora caninum (a doença clínica em gatos naturalmente infectados não foi relatada). Cães domésticos e coiotes são hospedeiros definitivos, eliminando oocistos em suas fezes após a ingestão de cistos de N. caninum no músculo de hospedeiros intermediários (principalmente veados e gado). A via de transmissão predominante é a transplacentária, causando infecção aparente aguda em alguns filhotes de cães, e infecções inaparentes que levam ao encistamento nos tecidos neural e muscular em outros. Sinais clínicos e neurológicos: Filhotes congenitamente infectados geralmente desenvolvem, com 6 semanas a 6 meses de idade → Fraqueza nos membros pélvicos, perda dos reflexos patelares, atrofia do músculo quadríceps. Cães mais velhos → Apresentam hipermetria, ataxia cerebelar e tremor intencional os mais comuns. Paraparesia, tetraparesia, convulsões, sinais vestibulares e anormalidades do nervo craniano. A maior parte dos cães acometidos é sistemicamente normal, neosporose sistêmica ocorre ocasionalmente, causando: Febre, pneumonia, hepatite, pancreatite, esofagite e dermatite piogranulomatosa. FÚNGICA Infecções fúngicas sistêmicas disseminadas podem ocasionalmente envolver o SNC e os olhos. Os sinais clínicos dependem do fungo envolvido e geralmente inclui febre, perda de peso e sinais gastrintestinais ou respiratórios graves, linfadenopatia ou manqueira em pacientes com sinais neurológicos e oculares. Os sinais neurológicos mais comuns são: mentalidade reduzida, alterações de comportamento, convulsões, andar em círculos e paresia. Exame ocular pode revelar uveíte, coriorretinite, descolamento de retina ou neurite óptica. Infecções fúngicas que se apresentem unicamente com sinais neurológicos são por leveduras encapsuladas de Cryptococcus neoformans e Cryptococcus gatti. Esses organismos apresentam tropismo para o SNC no cão e no gato. A infecção ocorre via inalação, e a infecção do SNC ocorre por contiguidade do nariz através da placa ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL cribiforme e por disseminação hematógena. Gatos normalmente apresentam sinais de infecção nasal e do seio nasal, que progridem para um envolvimento neurológico, ocular e, às vezes, cutâneo. Sinais clínicos: Alteração da mentalização, cegueira, convulsões, sinais vestibulares, paresia, ataxia e dor cervical ou espinal. RIQUÉTSIAS Várias doenças causadas por riquétsias transmitidas por carrapatos podem provocar anormalidades neurológicas em cães. A Febre maculosa das Montanhas Rochosas (FMMR) causada pela infecção por Rickettsia rickettsii, é a causa mais provável de sinais neurológicos graves, porém também há relatos de sinais neurológicos em cães, causados por infecções por Ehrlichia canis, Anaplasma phagocytophilum e Ehrlichia ewingii. Sinais neurológicos: Em cada uma dessas doenças podem estar associados à vasculite e incluem depressão, mentalidade alterada, dor cervical ou espinal, paresia, ataxia, tremores, sinais vestibulares e convulsões. Anormalidades neurológicas não foram reconhecidas em cães sem doença sistêmica concomitante. Sinais clínicos: Dependem do organismo envolvido e do grau de envolvimento de outros órgãos, mas podem incluir febre, anorexia, depressão, vômito, corrimento nasal e ocular, tosse, dispneia, claudicação e linfadenopatia. Diagnóstico: Predomínio de neutrófilos no LRC em caso de FMMR e predomínio de linfócitos e neutrófilos no LRC em caso de Ehrlichia. Há casos em que o LCR pode ser normal nos cães com essas doenças. Em alguns cães com infecções agudas por A. phagocytophilum e E. ewingii, os neutrófilos no sangue, fluido sinovial ou LCR podem conter mórulas. Testes sorológicos ou PCR (do sangue ou do LCR) são essenciais para confirmar o diagnóstico de infecção por riquétsia e diferenciar entre essas doenças. ANATOMIA PATOLÓGICA ESPECIAL TESTES AUXILIARES NO DIAGNÓSTICO DAS DOENÇAS INFLAMATÓRIAS INFECCIOSAS DO SNC AIF, análise de anticorpo imunofluorescente; ALT, alanina aminotransferase; AST, aspartato aminotransferase; C, cão; CK, creatina cinase; G, gato; HC, hemograma completo; LCR, líquido cefalorraquidiano; PCR, reação em cadeia da polimerase; RM, ressonância magnética; RT-PCR, reação em cadeia da polimerase via transcriptase reversa; TC, tomografia computadorizada. BIBLIOGRAFIA RICHARD W., Nelson; GUILHERMO COUTO, C. Medicina Interna de Pequenos Animais. 5ª edição. Mosby ELSEVIER, 2015. ESTE ARQUIVO NÃO É COMPLETO DE TODAS AS INFORMAÇÕES, CONSULTE O LIVRO (capítulo 66)
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