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ANAIS DO III SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE POLITICAS PÚBLICAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA E SUPERIOR E DA IX SEMANA ACADÊMICA DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO EDUCACIONAL - UFSM Marilene Gabriel Dalla Corte Rosane Carneiro Sarturi (Organizadoras) ANAIS DO III SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE POLITICAS PÚBLICAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA E SUPERIOR E DA IX SEMANA ACADÊMICA DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO EDUCACIONAL - UFSM Santa Maria, RS, Brasil. LABORATÓRIO DE PESQ. E DOC. – CE 2015 S471t Seminário Internacional de Políticas Públicas (3. : 2015 : Santa Maria, RS) Anais [recurso eletrônico] / III Seminário Internacional de Políticas Públicas da Educação Básica e Superior e IX Semana Acadêmica do Curso de Especialização em Gestão Educacional : UFSM 16 a 18 de junho de 2015 ; Marilene Gabriel Dalla Corte, Rosane Carneiro Sarturi (organizadoras). – Santa Maria : UFSM, Centro de Educação, Laboratório de Pesq. e Doc., 2015. Disponível em: http://coral.ufsm.br/seminariopoliticasegestao/2015/ ISBN 978-85-61128-45-6 1. Educação 2. Ensino superior 3. Educação básica 4. Políticas públicas 5. Política educacional 6. Gestão educacional I. Semana Acadêmica do Curso de Especialização em Gestão Educacional (9. : 2015 : Santa Maria, RS) II. Dalla Corte, Marilene Gabriel III. Sarturi, Rosane Carneiro IV. Título CDU 378.014.5 http://coral.ufsm.br/seminariopoliticasegestao/2015/ ORGANIZADORAS Profª. Dra. Marilene Gabriel Dalla Corte Profª. Dra. Rosane Carneiro Sarturi COORDENADORES DOS EIXOS TEMÁTICOS Profª. Dra. Ana Carla Hollweg Powaczuk (UFSM) Profª. Ms. Andrelisa Goulart de Mello (UFSM) Profª. Dra. Graziela Escandiel de Lima (UFSM) Prof. Ms. Joacir Marques da Costa (UNIPAMPA) Profª. Ms. Jucemara Antunes (UFSM) Profª. Dra. Leandra Boer Possa (UFSM) Profª. Dra. Taciana Câmera Segat (UFSM) Prof. Dr. Valmor Scott (UFSM) COMISSÃO CIENTÍFICA Profª. Dra. Adriana Martins Figuera (UFSM) Profª. Ms. Alana Claudia Mohr (UFSM) Profª. Dra. Alessandra Giuliani Pimenta (UFPB) Profª. Ms. Andreia Vedoin (UFSM) Profª. Dra. Aruna Noal (UFSM) Profª. Dra. Carla Cristina Dutra Burigo (UFSC) Profª. Ms. Claucia Honnef (UFSM) Profª. Ms. Daliana Loffler (UFSM) Profª. Dra. Elisane Maria Rampelotto (UFSM) Profª. Dra. Elisiane Machado Lunardi (UNIFRA) Profª. Dra. Graziela Franceschet Farias (UFSM) Profª. Ms. Fernanda Figueira Marquezan (UNIFRA) Prof. Ms. Gabriel dos Santos Kehler (UNIPAMPA) Prof. Ms. Guilherme Howes (UNIFRA) Profª. Ms. Julia Bolsoni Dolwitsch (UFSM) Profª. Ms. Juliana Rhoden (UFSM) Profª. Dra. Greice Scremim (UNIFRA) Profª. Ms. Karine Sefrin Speroni (UFPEL) Profª. Dra. Kelly Werle (Rede Municipal de Santa Maria-RS) Profª. Ms. Leandra Costa da Costa (UFSM) Profª. Ms. Maria Arlita da Silveira Soares (UNIPAMPA) Profª. Ms. Maria Talita Fleig (UFSM) Profª. Dra. Márcia Lise Lunardi Lazzarin (UFSM) Profª. Ms. Monique da Silva (UFSM) Profª. Dra. Rejane Cavalheiro (UFSM) Profª. Ms. Silvana Martins de Freitas Millani (UFSM) Profª. Ms. Silvana Zancan (UFSM) Profª. Ms. Tatiani Negrini (UFSM) Profª. Ms. Thais Virgínea Borges Marchi (UFSM) REVISÃO E EDITORAÇÃO Evandro Bolzan (Pró-Conselho – UFSM) Marilene Gabriel Dalla Corte (UFSM) Marina Lara Silva dos Santos Teixeira (OBEDUC/CAPES – UFSM) APOIO TÉCNICO Daiane Lanes de Souza (Licencianda Pedagogia UFSM) Edenise Favarin (Mestranda em Educação PPGE – UFSM) Francine Mendonça da Silva (Pró-Conselho – UFSM) Gabriela Barichello (Licencianda Educação Especial UFSM) Marina Lara Silva dos Santos Teixeira (OBEDUC/CAPES – UFSM) Ticiane de Arruda da Silva (OBDUC/CAPES – UFSM) REALIZAÇÃO Observatório de Educação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES. Grupo de Pesquisa ELOS da Universidade Federal de Santa Maria. Curso de Especialização em Gestão Educacional (Presencial), do Centro de Educação da Universidade Federal de Santa Maria. Programa de Capacitação de Conselheiros Municipais de Educação – Pró- Conselho/UFSM APOIO Centro de Educação – CE/UFSM Comissão de Avaliação Institucional do Centro de Educação da UFSM – CAICE/UFSM Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação – SEB/MEC Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES Programa Nacional de Capacitação de Conselheiros Municipais de Educação – PRÓ- CONSELHO Associação Desportiva da Universidade Federal de Santa Maria – ADUFSM SITE: http://coral.ufsm.br/seminariopoliticasegestao/2015/ http://portal.mec.gov.br/?option=com_content&view=article&id=251:pro-conselho-apresentacao&catid=158:pro-conselho&Itemid=470 http://coral.ufsm.br/seminariopoliticasegestao/2015/ APRESENTAÇÃO O III Seminário Internacional de Políticas Públicas da Educação Básica e Superior e a IX Semana acadêmica do curso de Especialização em Gestão Educacional da Universidade Federal de Santa Maria, realizados no período de 16 a 18 de junho de 2015, abordaram o tema geral “PERSPECTIVAS EPISTEMOLÓGICAS DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS: TEORIA E PRÁTICA”. O público foi constituído por estudantes de graduação e de pós-graduação, professores e técnicos da educação básica e superior, bem como demais interessados na temática. Ambos eventos estiveram voltados para a construção do debate teórico-prático que realizam alguns investigadores acerca da compreensão e fortalecimento das pesquisas nesse campo do conhecimento. Destaca-se que as discussões sobre diferentes perspectivas epistemológicas podem vir a contribuir para fortalecer o campo da investigação em políticas educacionais, assim como contribuir para que o público alvo [re]construa, [re]signifique e aprofunde seus conhecimentos acerca dos aspectos teóricos e práticos entrelaçados às políticas públicas e o cenário educacional. O III Seminário Internacional de Políticas Públicas da Educação Básica e Superior, em sua segunda edição, diz respeito a ação integrada do Projeto do Observatório de Educação (OBEDUC) vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), proposto a partir dos estudos do Grupo de Pesquisa Elos e da linha de pesquisa Práticas Escolares e Políticas Públicas/LP2. O OBEDUC objetiva identificar e analisar os limites e as possibilidades das ações pedagógicas no contexto da gestão educacional, a partir dos impactos, impasses e desafios enfrentados pelos sistemas e respectivas instituições no contexto de implementação e interferência das políticas públicas educacionais nas reformas regionais e locais realizadas a partir do processo de interlocução entre Educação Básica e Superior. A IX Semana Acadêmica do Curso de Especialização em Gestão Educacional da Universidade Federal de Santa Maria, objetiva fomentar a formação continuada dos profissionais da educação através da socialização e produção de conhecimentos pertinentes ao campo da gestão educacional, no que diz respeito a análise político- pedagógica do sistema educacional brasileiro a partir das políticas públicas e seus aspectos epistemológicos. Assim sendo, com a realização dos referidos eventos, que se constituem integrados, buscou-se a ampliação e fortalecimento da interlocução entre a Educação Básica e a Educação Superior, na perspectiva de potencializar elementos para a [re]construção de conhecimentos inter-relacionados aos aspectos epistemológicos das políticas educativas no que diz respeito às suas dimensões teórico-práticas, bem como na abertura de novos caminhos e perspectivas para o desenvolvimento de políticas públicas educacionais. Essa integração vai muito além das reflexões que cerceiam os espaços escolar e universitário, implica, antes de tudo, criar possibilidades de se analisar questões e desafios considerados fundamentais no âmbitodas políticas educativas e, consequentemente, da gestão educacional, em face às demandas que a educação enfrenta no contexto de uma sociedade em transformação. Compreender significativamente a relação sociedade e educação, é ir além do contexto micro educacional, o que sugere uma análise mais profunda de seus elementos epistemológicos inter-relacionados a aspectos culturais, econômicos, históricos e políticos. Objetivo Geral Promover espaços de discussões acerca das perspectivas epistemológicas das políticas públicas e seus aspectos teórico-metodológicos inter-relacionados aos processos de gestão da educação. Objetivos Específicos Discutir acerca dos pressupostos epistemológicos que fundam as políticas educativas e suas relações com os processos de gestão educacional e escolar. Problematizar as decorrências das políticas públicas nos processos de gestão democrática, considerando a implementação dos programas educacionais e interlocução entre educação básica e educação superior. Aprofundar laços de parceria e cooperação entre Universidades, Redes e Sistemas de Ensino, na perspectiva de intensificar estudos e ações relacionados à produção do conhecimento na educação básica e superior. SUMÁRIO EIXO 1 A EPISTEMOLOGIA NAS POLÍTICAS PÚBLICAS E NA GESTÃO DA EDUCAÇÃO UM RECORTE DA PROPOSTA EXPERIMENTAL DE AVALIAÇÃO DO PROJETO POLITICO-PEDAGÓGICO .................................................................................................. 18 Izidora Ali Malonn Glades Tereza Felix Marlei Terezinha Mainardi O ENSINO MÉDIO POLITÉCNICO NO RIO GRANDE DO SUL (2011-2014): FATORES QUE INTERFEREM NA RESSIGNIFICAÇÃO DA POLÍTICA, NO CONTEXTO DA PRÁTICA, EM ESCOLAS DE FARROUPILHA/RS ..................................................................................... 28 Suelen Marchetto Berenice Corsetti POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL: PROPOSTAS E DESAFIOS NO SISTEMA EDUCACIONAL DO MUNICÍPIO DE SANTA MARIA - RS ................................................. 42 Camila Moresco Possebon Daiane Lanes de Souza Guilherme da Silva Kieling Rosane Carneiro Sarturi AVALIAÇÕES EDUCACIONAIS NO BRASIL E OS INDICADORES DE QUALIDADE: AS RELAÇÕES COM O TRABALHO DO GESTOR EDUCACIONAL ...................................... 58 Camila Campagnolo O SISTEMA MUNICIPAL DE ENSINO EM ANÁLISE: UM ESTUDO DE CASO ................. 70 Sueli Menezes Pereira Clides Aliande Pereira INTERLOCUÇÕES ENTRE AS POLÍTICAS PÚBLICAS E A GESTÃO ESCOLAR: LIMITES E POSSIBILIDADES NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL .................................... 87 Patrícia Miolo Patrícia dos Santos Zwetsch Nathana Fernandes Rosane Sarturi EPISTEMOLOGIA, EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE PROFESSORES .................. 103 Marcos Alexandre Alves Karla Jaqueline Tatsch EDUCAÇÃO DO CAMPO E POLÍTICAS PÚBLICAS: DESAFIOS EM BUSCA DE ESPAÇO/TEMPO DE FORMAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO ............................................. 117 Julia Bolssoni Dolwitsch Helenise Sangoi Antunes HISTORICIDADE E VALORIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO NO CURSO NORMAL .......................................................................................................................................... 128 Douglas Moraes Machado Luiza da Silva Braido Cristiane Cavalheiro Milani Liliana Soares Ferreira PRINCIPIOS E MECANISMOS DA GESTÃO DEMOCRÁTICA E ATUAÇÃO DO GESTOR NO CONTEXTO ESCOLAR .............................................................................................. 141 Franciele Belinazzo Elisiane Machado Lunardi DEFASAGEM IDADE/SÉRIE E FRACASSO ESCOLAR: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE POLÍTICAS E ADMINISTRAÇÃO EDUCACIONAL NOS PEQUENOS MUNICIPIOS DO VALE DO RIO DOS SINOS/RS ................................................................................... 155 Tatiane Kovalski Martins Flávia Obino Corrêa Werle ARTICULAÇÕES ARGUMENTATIVAS INICIAIS SOBRE ESTADO, POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO DEMOCRÁTICA DA ESCOLA ....................................................................... 164 Liliana Soares Ferreira Andreia Vedoin RELAÇÕES ENTRE MOBILIDADE URBANA E RURAL E A ESCOLARIZAÇÃO FORMAL DOS ALUNOS: APONTAMENTOS PARA CONSTRUÇÃO DE POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO INTEGRAL NO MUNICIPO DE SAPIRANGA-RS ............................................................. 179 Tiane Fernanda de Aguiar Simone Henn Maria Raquel Caetano AS POLÍTICAS PÚBLICAS E A GESTÃO DA EDUCAÇÃO ............................................ 197 Martha Luci Maria Sozo Clarice Antunes do Nascimento RELAÇÕES ENTRE O PÚBLICO E O PRIVADO: A PRIVATIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO PÚBLICA E AS INFLUÊNCIAS PARA A ESCOLA ........................................................... 208 Maria Raquel Caetano A GESTÃO DEMOCRÁTICA EDUCACIONAL E O PAPEL DOS CONSELHO MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO ................................................................................................................ 224 Elisiane Machado Lunardi Cristina Magalhães Foletto Machado DA GESTÃO AO GERENCIALISMO: AS AMBIGUIDADES DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS NA ATUAL FASE DO CAPITALISMO E O TRABALHO DOS PROFESSORES ............................................................................................................... 234 Cláudia Letícia de Castro do Amaral Liliana Soares Ferreira DO MACRO AO MICRO CONTEXTO DAS POLÍTICAS: UM BREVE ESTUDO DA LEGISLAÇÃO NACIONAL E MUNICIPAL VOLTADA À EDUCAÇÃO NA INFÂNCIA ..... 246 Diolinda Franciele Winterhalter Cleonice Maria Tomazzetti O JOVEM ESTUDANTE DO ENSINO MÉDIO NO CONTEXTO DAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO INFANTIL DA CIDADE DE SANTA MARIA - BRASIL: INVESTIGAÇÕES SOBRE A EPISTEMOLOGIA DAS POLÍTICAS ................................................................ 260 Rosa Maria Bortolotti de Camargo Rosane Carneiro Sarturi OS PROCESSOS DIÁLOGICOS ENTRE GESTÃO ESCOLAR E EDUCAÇÃO INFANTIL EM UM ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL ..................................................................... 271 Caroline da Silva dos Santos Graziela Escandiel de Lima QUALIDADE EDUCACIONAL: DIMENSÕES E CONJUNTURAS DE ANÁLISE DO PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO 2014 .................................................................................... 282 Camila Moresco Possebon Diego Dartagnan da Silva Tormes Joacir Marques da Costa Rosane Carneiro Sarturi A GESTÃO NA POLÍTICA DO PROEJA ........................................................................... 296 Mariglei Severo Maraschin Liliana Soares Ferreira QUALIDADE DE EDUCAÇÃO: REFLEXÕES A PARTIR DOS PRINCIPAIS INDICADORES DE QUALIDADE DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL ............................ 309 Gabriela Cedalia Cardoso Elisiane Severo da Silva CONSELHOS DO FUNDO DE MANUTENÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA (FUNDEB) E SUAS ATUAÇÕES DENTRO DO PROCESSO DE GESTÃO DEMOCRÁTICA ................................................................................................................ 320 Juliane Martins Moreira Vinicius Braga Comaretto Sylvia Messer A [RE]CONSTRUÇÃO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO NA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL: EVIDENCIANDO ELEMENTOS FUNDANTES E CONTEXTUAIS DESSE PROCESSO ......................................................................................................... 330 Luciana Guilhermano da Silva Marilene Gabriel Dalla Corte CONCEPÇÕES DOCENTE SOBRE OS PRINCÍPIOS DA PROPOSTA PEDAGÓGICA DO RIO GRANDE DO SUL: DESDOBRAMENTOS DA IMPLEMENTAÇÃO DO ENSINO MÉDIO POLITÉCNICO .................................................................................................................. 349 Andrelisa Goulart de Mello Rosa Maria Bortolotti de Camargo Rosane Carneiro Sarturi Sonia Marli Righi Aita POLÍTICA DEMOCRATIZAÇÃO DA GESTÃO EDUCACIONAL E A FORMAÇÃO CONTINUADA DE CONSELHEIROS MUNICIPAISDE EDUCAÇÃO NO BRASIL .......... 364 Francine Mendonça da Silva Marina Lara Silva dos Santos Teixeira Marilene Gabriel Dalla Corte CAMPO EPISTEMOLÓGICO DAS POLÍTICAS EDUCATIVAS NO CENÁRIO DOS CONSELHOS MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO ................................................................... 381 Ticiane Arruda da Silva Andrelisa Goulart de Mello Marilene Gabriel Dalla Corte Rosane Carneiro Sarturi EIXO 2 A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NA PERSPECTIVA EPISTEMOLÓGICA OS ESTÁGIOS SUPERVISIONADOS NAS LICENCIATURAS: REFLEXÕES SOBRE A FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA DE PROFESSORES .......................................... 393 Cláudia Regina Costa Pacheco NOVOS PARADIGMAS NA FORMAÇÃO INICIAL DAS LICENCIATURAS PARA EJA .. 404 Nisiael de Oliveira Kaufman Larissa Martins Freitas Celso Ilgo Henz INTERFACES ENTRE O ENSINO MÉDIO REGULAR E A JUVENILIZAÇÃO NA EJA: DESAFIOS PARA A FORMAÇÃO PERMANENTE DE EDUCADORES A PARTIR DAS VOZES DOS EDUCADORES E DOS ESTUDANTES ....................................................... 416 Larissa Martins Freitas Nisiael de Oliveira Kaufman Celso Ilgo Henz REVOLUÇÕES CIENTÍFICAS E ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA NA PERSPECTIVA EPISTEMOLÓGICA DE KUHN ............................................................... 428 Janice Rachelli Marcos Alexandre Alves A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NA PERSPECTIVA EPISTEMOLÓGICA NO ENSINO SUPERIOR ........................................................................................................................ 441 Lorena Inês Peterini Marquezan Denise Valduga Batalha Thaís Rigão Dias Helenise Sangoi Antunes OS PRINCÍPIOS QUE PERMEIAM A RELAÇÃO ENTRE A GESTÃO ESCOLAR E A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES ........................................................... 453 Leila Fernandes Grahl Mariglei Severo Maraschin PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E FORMAÇÃO PERMANENTE DE PROFESSORES: UM OLHAR COM BASE NA EPISTEMOLOGIA DE PAULO FREIRE .............................. 468 Samuel Robaert Damaris Wehrmann Robaert DESAFIOS ENFRENTADOS PELAS ESCOLAS DE EDUCAÇÃO BÁSICA NA ORGANIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DAS AÇÕES DE FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES EM SERVIÇO ................................................................................ 483 Vânessa Soares Leal Maria Eliza Gama Eduardo Adolfo Terrazzan CONTRIBUIÇÕES DA GESTÃO ESCOLAR NA ORGANIZAÇÃO DA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES: ENFOQUE NAS PRÁTICAS LÚDICAS ................. 496 Danielly Bitencourt Borges Franciele Comazzetto Belinazzo Greice Scremin FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM CURSOS DE EAD: LIMITES E POSSIBILIDADES NA PERSPECTIVA EPISTEMOLÓGICA ................................................................................ 507 Laura Wunsch Naila Cohen Pomnitz Fernanda Cristófari Machado Rosane Carneiro Sarturi IMPLICAÇÕES METODOLÓGICAS DE OPÇÕES EPISTEMOLÓGICSA NA FORMAÇÃO DE DOCENTES EM FILOSOFIA ....................................................................................... 520 Luiz Gilberto Kronbauer ANÁLISE PARADIGMÁTICA DAS DISSERTAÇÕES DO CURSO MESTRADO EM EDUCAÇÃO: FORMAÇÃO DO PROFESSOR PESQUISADOR ....................................... 531 Deise Becker Kirsch PACTO PELO FORTALECIMENTO DO ENSINO MÉDIO: CONTRIBUIÇÕES EPISTEMOLÓGICAS PARA FORMAÇÃO CONTINUADA NA PRÁTICA DOCENTE ...... 547 Lucas Rech da Silva Cláudia Rosana dos Santos Athaídes Denise Dalpiaz Antunes O PROGRAMA NACIONAL DA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA E O PROCESSO DE FORMAÇÃO DOS PROFESSORES: O CONTEXTO DA PRÁTICA ................................. 562 Maria Aline da Silva Maria Angélica de Oliveira Maria Raquel Caetano O PACTO NACIONAL DA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA: PROCESSOS FORMATIVOS E A REFLEXÃO NAS PROPOSTAS PEDAGÓGICAS ............................. 578 Ticiane Arruda da Silva Nicole Zanon Veleda Gabriela Barichello Mello Rosane Carneiro Sarturi EIXO 3 AS PRÁTICAS EDUCATIVAS E INTER-RELAÇÕES EPISTEMOLÓGICAS TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS EM REDE NO ENSINO MÉDIO POLITÉCNICO ......... 592 Eliandra Gomes Marques Denise Cogo Miletto Ilse Abegg Carmen Elisa Oliveira Ribeiro POLÍTICAS PÚBLICAS NO ENSINO SUPERIOR: FLUÊNCIA TECNOLÓGICO- PEDAGÓGICA NAS PRÁTICAS EM AMBIENTES VIRTUAIS ......................................... 605 Sabrina Bagetti Juliana Sales Jacques Iris Cristina Datsch Toebe Vívian Alkaim Elena Maria Mallmann O USO DAS TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇAO E INFORMAÇÃOCOMO UMA POSSIBILIDADE NO PROCESSO DE GESTAO ESCOLAR ............................................ 616 Priscila Silva Linassi Elisane Maria Rampelotto Adriane Melara AS PRÁTICAS EDUCATIVAS NO CONTEXTO DA CLASSE HOSPITALAR .................. 626 Patrícia dos Santos Zwetsch Rosane Carneiro Sarturi A EPISTEMOLOGIA DOCENTE E AS INTERLOCUÇÕES NA CONSTRUÇÃO DO PROJETO POLÍTICO- PEDAGÓGICO ............................................................................. 638 Diego Tormes Lucila Guedes de Oliveira PROTAGONISMO RESPONSÁVEL E CO-PARTICIPAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DAS NORMAS DE CONVIVÊNCIA ESCOLAR ......................................................................... 651 Daniele Barros Vargas Furtado Estela Maris Giordani BULLYNG E AS POSSIBILIDADES DA GESTÃO ESCOLAR ......................................... 667 Andreia Ines Dillenburg TRABALHO PEDAGÓGICO E EDUCAÇÃO FÍSICA: RUPTURAS COM A LÓGICA DO CAPITAL ........................................................................................................................... 678 Ana Paula da Rosa Cristino Zimmermann Liliana Soares Ferreira A INFLUÊNCIA DAS PRÁTICAS EDUCATIVAS NO (IN)SUCESSO ESCOLAR ............. 691 Ana Lucia da Luz Mazzardo AS PRÁTICAS EDUCATIVAS COM ADOLESCENTES EM CONFLITO COM A LEI: PERSPECTIVAS DE HUMANIZAÇÃO E CIDADANIA ..................................................... 705 Camila da Rosa Parigi Eliziane Tainá Lunardi Ribeiro Celso Ilgo Henz O PROCESSO DE [RE]CONSTRUÇÃO DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO ESCOLAS MUNICIPAIS DE ENSINO FUNDAMENTAL DE SANTA MARIA-RS EM DISCUSSÃO ..................................................................................................................... 715 Gabriela Barichello Mello Marilene Gabriel Dalla Corte EIXO 4 PERSPECTIVAS EPISTEMOLÓGICAS NAS POLÍTICAS EDUCATIVAS DE INCLUSÃO EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO VERSUS ENSINO MÉDIO POLITÉCNICO: APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS ............................................ 729 Josiane Marques da Silva Everton Lüdke ENSINO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR: PERFIL DOCENTE, ESTRATÉGIAS DE ENSINO E AVALIAÇÃO.................................................................... 740 Danieli Wayss Messerschmidt Sabrina Fernandes de Castro FORMAÇÃO DE PROFESSORES COMO ALTERNATIVA FULCRAL PARA A INCLUSÃO ESCOLAR? DESAFIOS DA INCLUSÃO ESCOLAR BRASILEIRA SOB A PERSPECTIVA INTERNACIONAL ............................................................................................................. 754 Cínthia Cardona de Ávila Thaís Virgínea Borges Marchi O CURRÍCULO E O DESAFIO DE ENSINAR FRENTE ÀS INCERTEZAS: (RE) LIGAÇÃO DOS SABERES PARA A INCLUSÃO NO ENSINO SUPERIOR....................................... 769 Mariane Carloto da Silva Amanda do Prado Ferreira Cezar Sílvia Maria de Oliveira Pavão PRÊMIO EXPERIÊNCIAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS: A ESCOLA APRENDENDO COM AS DIFERENÇAS UMA ANÁLISE DOS INDICADORES QUE TRANSFORMAM AS “BOAS PRÁTICAS INCLUSIVAS” EM BONS EXPERIMENTOS INCLUSIVOS .............. 779 Leandra Bôer Possa Denise Ferreira da Rosa REFLEXÕES SOBRE A CONCRETIZAÇÃO DE POLÍTICAS INCLUSIVAS NA EDUCAÇÃO SUPERIOR ........................................................................................................................ 791 BrunaTelmo Alvarenga Alessandra Nery Obelar da Silva Fernanda Fátima Cofferri Gionara Tauchen 18 UM RECORTE DA PROPOSTA EXPERIMENTAL DE AVALIAÇÃO DO PROJETO POLITICO-PEDAGÓGICO Izidora Ali Malonn1 Glades Tereza Felix2 Marlei Terezinha Mainardi3 Eixo 1 - A epistemologia nas políticas públicas e na gestão da educação Resumo Este trabalho objetiva apresentar um recorte de um projeto de pesquisa e eventos elaborado no âmbito de uma unidade de ensino pública de formação de professores, visando implementar uma Proposta Experimental de Avaliação do Projeto Político-Pedagógico (PPP). A metodologia baseada na Avaliação Institucional participativa (AIP) de LEITE (2005) representa uma prática capaz de formar um campo de conhecimento e ação política no espaço público, além de uma construção de 4conhecimento. Na fase inicial do projeto participarão somente os cursos de graduação presenciais do Centro de ensino. Será utilizada a plataforma institucional através do SIE (Sistema de Informações Educacionais) para aplicação dos instrumentos e constituição de um banco de dados. Serão previstos 11 instrumentos on- line combinados entre avaliação e autoavaliação envolvendo os membros da comunidade. A intenção é atingir da entrada (portaria) a sala da Direção, as salas de aula, docentes, os setores, a pesquisa a extensão, as chefias, as coordenações, os egressos, os serviços terceirizados, indo até os parceiros externos que contribuem com os estágios. Cada avaliação se desenvolverá por meio de quatro fases: sensibilização, implementação, resultados e meta avaliação. Os instrumentos serão elaborados, validados e aprovados no âmbito interno os primeiros a serem aplicados será aos docentes e aos estudantes. Este processo se propõe ser um projeto continuado, de livre adesão, dentro de um ciclo, cujo período terá validade de quatro anos (2014 a 2017), até completar a avaliação da totalidade da unidade. Espera-se a médio e longo prazo, que a implementação desta propositiva proporcione mudanças significativas no Projeto Político-pedagógico desta unidade por meio das consultas aos segmentos integrantes da comunidade universitária. Palavras-chave: Avaliação. Qualidade. Projeto político-pedagógico. Gestão universitária Introdução Há muito a unidade de ensino vem se empenhando num processo intenso de conhecimento e acompanhamento de seu Projeto político-pedagógico (PPP) Em função disso, a comissão responsável pela Avaliação Institucional, no ano de 2013, implementou um conjunto de ações articuladas visando ouvir os alunos e os 1 Acadêmica do curso de Educação Especial/UFSM. E-mail: izimalonn@yahoo.com.br 2 Professora Adjunta do Departamento de Administração Escolar do Centro de Educação da Universidade Federal de Santa Maria. E-mail: felix@smail.ufsm.br 3 Fonoaudióloga, Técnica-administrativa em Educação no Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Educação Especial da Universidade Federal de Santa Maria. E-mail: marleimainardi@gmail.com 19 servidores docentes e técnico-administrativos quanto à expectativa da construção e consolidação de uma cultura de avaliação. Em decorrência disso, as respostas diversificadas dadas às outras questões, indiretamente, demonstraram um grande descontentamento em relação a questões infraestruturais que analisadas no conjunto, evoluem para problemas mais complexos e relacionados a problemas didático-pedagógicas envoltos na relação estudantes versus docente. Busca-se a centralização nas atividades didáticas, além da participação da instituição (direção, chefias departamentais, coordenações de cursos, corpo técnico, docentes e estudantes) tanto na aplicação como na avaliação dos resultados, prevendo desde as fases iniciais a prévia mudança e a reflexão de melhorias para o ensino de qualidade. Assim, a comunidade é instigada a participar, refletir e tomar parte nas decisões levadas a cabo pela escola e, neste caso, a descentralização posta pela legislação, oportuniza importantes mecanismos para se alcançar uma democracia realmente participativa, onde a comunidade possa ultrapassar a condição histórica de mera presença física na instituição escolar e desempenhar o seu papel de direito, isto é, atuar de forma efetiva na tomada de decisões em busca de uma escola engajada numa proposta de transformação da sociedade e de construção de cidadania (ALONSO, 2005, p.148). Por isso, justifica-se tal iniciativa numa perspectiva reativa e independente, cujo compromisso é procurar a qualidade fazendo com que a unidade e a instituição, em uma atitude diagnóstica, olhem para si mesmas e a partir de práticas reflexivas, promovam melhorias na educação superior. Objetivando incorporar novas vivências por parte dos alunos, docentes, gestores e TAEs, com práticas diversificadas que levem as novas relações sociais na unidade, tornando estes mais atentos a questão da crítica e da participação, promovendo reconhecimento das atitudes como pessoas da comunidade escolar. Para desencadear o processo de avaliação, o caminho a ser percorrido contemplará quatro fases distintas, a saber: a sensibilização, a implementação, os resultados e a meta-avaliação, conforme metodologia da Avaliação Institucional Participativa (AIP) e conforme as fases forem se desenvolvendo, ocorrerá à 20 constatação e a percepção dos envolvidos, que desde o inicio sejam participativos e ativos da construção da proposta. Breve percurso do Projeto político-pedagógico Entre 2005 e 2008 novas tentativas surgem, quando a Direção chama inúmeras assembleias de esclarecimento, formando subcomissões, debatem-se documentos, objetivando o resgate histórico da unidade por meio de entrevistas, com antigos gestores, além de reuniões tratando de políticas de gestão, políticas de ensino, pesquisa e extensão, esclarecimentos sobre o Índice de distribuição de recursos (IDR) do Centro. Cabe resgatar que o evento politicamente mais significativo, foi à organização de uma mesa redonda de caráter consultivo com os movimentos sociais da cidade, objetivando “ouvir o que eles esperavam de um Centro de formação de docentes”, um momento rico e festivo de âmbito popular, quando a academia e o povo conseguiram partilhar anseios e expectativas. Pode-se considerar esta reunião um momento, de caráter político-pedagógico e de fundamental importância para construção da identidade política e filosófica do Centro em consonância com a conjuntura social e política da época; ou seja, desigualdades sociais, baixa escolaridade, elitização do ensino; questões que persistem até hoje. No entanto, apesar da intenção de escuta aos grupos representativos organizados, foi um diálogo que não encontrou eco, tão pouco reflexo nas reformas curriculares implementadas, após. Foi a partir de um conjunto de realizações tanto na área da pesquisa, do ensino e da extensão que o Centro aderiu ao Programa de Reestruturação das Universidades Federais (REUNI) criando novos cursos de graduação da unidade (2005), o que elevou a matrícula e os recursos humanos para além de sua estrutura física, exigindo a construção de um prédio anexo. Nesta época intensificaram-se os debates em torno do (PPP). Isso veio na esteira das grandes transformações mundiais, que requerem, cada vez mais, um contexto social, político, econômico e acadêmico institucional em consonância com tais mudanças, atenta as demandas para a formação de profissionais da educação para os novos tempos. 21 Mesmo com todas as dificuldades e os períodos de estagnação, o Centro conseguiu organizar, em 2009 uma minuta de proposta, uma versão preliminar, que foi denominada de “Projeto político-pedagógico – um Documento em construção” (2012). Contudo, nada foi de imediato. São momentos de velhos e novos atores que entram em cena e juntam-se aos embates, aos grupose as perspectivas, até então, acumuladas. Em 2012, finalmente, foi aprovado o documento final, de conteúdo mais genérico. A palavra projeto traz imiscuída a ideia de futuro, de vir-a-ser, que tem como ponto de partida o presente (daí a expressão “projetar o futuro”). É extensão, ampliação, recriação, inovação, do presente já construído e, sendo histórico, pode ser transformado: um projeto necessita rever o instituído para, a partir dele, instituir outra coisa. Tornar-se instituinte. (GADOTTI, 2000, 12). O referido documento está estruturando contendo quatro grandes temas abordados; a saber: 1. Breve histórico do Centro 2. Processo de construção do projeto Político-pedagógico do Centro 3. Pressupostos e perspectivas: a. Gestão b. Ensino, pesquisa e extensão. c. Avaliação Institucional d. Interações sociais 4. Metas e ações estratégicas. Entende-se que tal processo sistematizado procurou refletir o espírito de determinado contexto, tentando dar à unidade de ensino, coerência interna e coesão, pois é um texto de múltiplas mentes e mãos, e que, sem dúvida, transparece a diversidade dos participantes. Frente a tal relação indissociável “avaliação versus projeto pedagógico”, cabe resgatarmos a opção da unidade sobre a avaliação institucional, quando no Projeto Pedagógico (2012) apresenta sete metas, dentre estas, podemos destacar duas como as mais importantes e de urgente responsabilidade e cumprimento por parte da 22 Comissão de Avaliação de construir espaços de discussão sobre questões concernentes ao Centro a partir do (PPP) e da Avaliação Institucional. A partir disso pode-se concluir que desde o primeiro momento, três razões nos impulsionam para tal revisão; A. As mudanças conjunturais que rapidamente descontextualizam as instituições, as profissões e as relações sociais; B. Os resultados dos sucessivos processos de autoavaliação institucional e; C. A resposta afirmativa da comunidade do Centro na enquete (2013), para a realização de uma avaliação interna: autoavaliação participativa e global. Frente a tais elementos não há argumentos, mas prioridades a serem estabelecidas e perseguidas, dentre estas, é preciso ousar e ir além de reformulações curriculares e revisar as bases filosóficas e políticas do Centro de Ensino, isso só será possível com base na globalidade que abarca o conjunto de relações, a função e a missão que estão demarcadas no (PPP). Uma concepção de Avaliação Conforme a realidade do Centro de Ensino, elegemos, entre a diversidade de modelos de avaliação de cunho crítico, a (AIP), com base nos estudos de Leite (2005) e Barber (1997), para fundamentar o presente projeto. Isso se justifica porque os anseios da comunidade se encontram melhor explicitados nos princípios e referentes deste formato avaliativo. Em princípio, Leite (2005, p. 109), aponta que as ações de onde surgiu esta formulação é um processo de “transformação e reforma permanente da universidade”. A avaliação de cunho participativa é indissociável a uma forma de democracia forte, plena ou direta, um regime de governo capaz de resolver problemas e conflitos por meio de uma política de participação, com autocrítica e autolegislação. Para Leite, 2005, “o contexto institucional que privilegia as decisões autônomas de grupos e colegiados e respeita a liberdade acadêmica parecem dar maiores suporte as práticas de AIP”. Não é o tamanho da instituição, a quantidade de estudantes, docentes e TAEs, a modalidade de cursos oferecidos, que vai dizer se a prática de AIP será bem sucedida. A vivência de tais pressupostos gera um clima institucional favorável, capaz de estimular certos valores, tais como a consulta, a 23 discussão, a transparência, a prestação de contas, a responsabilidade democrática e a preservação da autonomia universitária”. Os atores da (AIP), pelo contato, resolução de conflitos, ação e reação política vivenciada nas diferentes esferas da participação, produzem aprendizagem política e conhecimento social sobre a própria realidade. Por isso, para Leite (2005), esta é uma epistemologia subjetiva porque é “pouco visível no decorrer do processo de avaliação, pois os seus produtos demoram a aparecer,” exatamente, porque são produtos qualitativos, valores e princípios referentes ao aprendizado da democracia. Por outro lado, a (AIP) tem uma ética objetiva; sua intenção é a formação de relações de democracia direta, forte e plena, capaz de motivar e desenvolver a cidadania nos sujeitos participantes, garantindo a construção coletiva na defesa do bem público. Leite (2005, p. 114) afirma que a (AIP) é uma prática que forma um campo epistemológico de construção de conhecimentos e, ao mesmo tempo, “institui uma ação política no espaço público das universidades”. Esta condição não está pronta, não nos é dada, é conquistada, quanto mais participação com negociação e sensibilização permanentes, mais vai se construindo este espaço. Assim, pode-se criar uma rede voluntária de subjetividades e interesses dirigidos para a defesa consciente do bem público; isso distingue a “avaliação das instituições universitárias” como uma ferramenta de responsabilidade democrática para um movimento autossustentado de mudanças permanentes. Na defesa de Leite (2005), isso “necessita de um tempo para se desenvolver, nem longo, nem curto, um tempo próprio que não segue cronogramas rígidos”. Portanto, cada caso terá um tempo de maturação, fortalecimento e consolidação próprios. Por outro lado, a (AIP), mesmo sendo a mais adequada aos processos de avaliação interna: autoavaliação das instituições de educação superior, não substitui a prática da avaliação externa, pois segundo Leite (2005), a democracia direta pode ser “autobenevolente e produzir um retrato fictício de uma dada realidade”. O certo é a busca do aprimoramento do processo, sempre, pela escuta, a autocrítica, a autolegislação, a autofiscalização e a autovigilância das e nas decisões e ações, pois eficiência e eficácia em avaliação sempre serão conceitos associados, mesmo quando o poder é uma relação de autoridade partilhada (Avaliação Institucional participativa). 24 Frente às expectativas dos atores que compõem o (PPP) do Centro de Educação, entendemos que as propostas contidas nas ideias expressas na teoria da (AIP) defendida por Leite (2005), Barber (1997) e Sousa Santos (1975), poderão subsidiar a construção das regras do jogo democrático numa instituição pública que se propõe a formar profissionais cidadãos. Metodologia Por ser uma prática que forma um campo epistemológico de construção de conhecimento e, ao mesmo tempo, institui uma ação política no espaço público das universidades (Leite, 2005), escolheu-se trabalhar pelo viés da Avaliação Institucional participativa, que se organizará da seguinte forma: - Caráter Experimental (1ª fase - somente cursos de graduação) - Combinação de heteroavaliação e autoavaliação - De livre adesão - Duração de 4 anos (2014/2017 - um ciclo) Na 1ª fase, participarão somente os cursos de graduação presenciais e gradativamente serão incluídos os cursos EAD e a pós-graduação mediante acordos com os envolvidos. Participarão do processo: Comissão de Avaliação, Direção, Chefias departamentais, Coordenações de cursos, Laboratório de Informática, corpo técnico, docente e discente. Tanto nos procedimentos e nas implementações, como na utilização dos resultados. A partir do embasamento teórico-prático oriundo de estudos, debates, seminários e enquetes, a Comissão de Avaliação, em um trabalho coletivo com a comunidade, elaboram instrumentos de avaliação on-line, que deverão ser validados por uma amostra da comunidade, antes da aplicação definitiva. Ficará a cargo da Comissão de Avaliação também a coordenação dos diversos grupos que viabilizarão a implementação das sucessivas avaliações planejadas.Em relação aos assuntos atinentes à ética, a lisura e a transparência do processo, em qualquer tempo, deverão a Direção e a Comissão de Avaliação evitar a identificação dos respondentes, assegurando sigilo absoluto de dados confidenciais, objetivando tão somente a melhoria da unidade. 25 Assegura-se que os dados sistematizados constituirão Relatórios Finais por população aplicada e serão analisados qualitativamente pelos participantes e gestores evolvidos, em reuniões conjuntas e debatidos pelo coletivo envolvido, sendo divulgados junto à comunidade do Centro de Ensino e em debates e assembleias internas. Será utilizada a plataforma institucional através do SIE para aplicação dos instrumentos e constituição de um banco de dados. A implementação do processo, para todos os investigados, se dará em quatro etapas distintas e relacionadas: I – Sensibilização A motivação dos segmentos para o processo deverá começar, no mínimo, três meses antes da implementação. Serão utilizadas estratégias diversificadas de divulgação: campanha visual, mensagens eletrônicas, seminários, enquetes, reuniões específicas por segmento, rodas de conversa, bate-papo, corpo-a-corpo. A seguir inicia-se a organização pedagógica, técnica, a testagem manual e a validação dos instrumentos no sistema operacional, realizando-se assim: 1. Elaboração de instrumentos (IA) piloto por subcomissões de membros da Comissão de Avaliação (1º momento); 2. Discussão com as Chefias e Coordenadores de Cursos (2º momento) 3. Discussão com docentes (3º momento) 4. Discussão com estudantes (4º momento); 5. Testagem manual e aprovação pelo Conselho do Centro (5º momento) e 6. Validação dos instrumentos, por amostragem na web (6º momento) II - Implementação Realizar-se-á com a aplicação dos instrumentos de avaliação (IA) on-line, e cada uma constituirá um evento de onde decorrerão os dados que alimentarão o projeto de pesquisa durante o ciclo. Os participantes são alunos e docentes dos cursos de graduação presenciais da unidade. Por meio do portal da instituição, com login e senha especifica, o participante acessará o questionário disponível na web ou podendo utilizar o Laboratório de informática da unidade. III - Resultados 26 Após a coleta e o fechamento do processo por evento, o Centro de Processamento de Dados (CPD) irá gerar e fornecer os resultados parciais e totais em forma de tabela Excel. A partir de tais relatórios os dados passarão a serem analisados e tratados estatisticamente, visando atender o objetivo deste projeto. Serão divulgados e debatidos com cada segmento, assim como em reuniões departamentais e coordenações dos cursos. Os dados da autoavaliação dos docentes serão entregues em forma de relatório individual e confidencial ao professor solicitante. IV - Meta-avaliação Imediatamente, após aplicação e analise de cada instrumento será de responsabilidade da CAICE, escutar e respeitar os diferentes pontos de vista sobre a organização de todo o evento desenvolvido, promovendo os ajustes necessários á melhoria da qualidade da avaliação da unidade de ensino. [In] conclusões Como é um projeto de grande porte em fase inicial de implementação, aprovado nas instâncias de colegiados internos, ainda não dispondo de resultados, pois recentemente foi aplicada à primeira amostra visando testar a metodologia. Frente a isso se espera que a metodologia da Avaliação Institucional Participativa possa dar conta da pesquisa e dos eventos que foram planejados, privilegiando a construção, o diálogo e a consulta permanente aos envolvidos, subsidiando assim, com dados consistentes a investigação que objetiva verificar a necessidade de revisão e ou atualização do projeto Pedagógico. Espera-se que o papel desta proposta esteja circunscrito a dimensão formativa e educativa da (AIP), a qual possa nos encaminhar, de fato, para uma educação superior de qualidade, sendo uma ferramenta de reação e complementação as limitações das avaliações regulatórias. Referências ALONSO, C. M. M. C. I Encontro Internacional de Pesquisadores de Políticas Educativas/ Reflexões sobre as políticas Educativas, de 16 a 19 de maio de 2005, Santa Maria, RS UFSM/AUGM, 160 p, 2005. 27 BARBER, B. Democracia forte. Paris, Desclée Brower, 1997. GADOTTI, M. Projeto político-pedagógico da escola: fundamentos para sua realização. IN: GADOTTI, M, ROMÃO, J. E (Orgs.) Autonomia da Escola, princípios e práticas. 2 ed. São Paulo. Cortez, 2000. LEITE, D. Reformas universitárias. Avaliação Institucional Participativa (AIP) Petrópolis, RJ: Vozes, 2005. SOUSA SANTOS, B. Democratizar a universidade. Coimbra: Centelha, 1975. UFSM. Centro de Educação. Projeto político-pedagógico do CE/UFSM. Santa Maria, 2012. 28 O ENSINO MÉDIO POLITÉCNICO NO RIO GRANDE DO SUL (2011-2014): FATORES QUE INTERFEREM NA RESSIGNIFICAÇÃO DA POLÍTICA, NO CONTEXTO DA PRÁTICA, EM ESCOLAS DE FARROUPILHA/RS Suelen Marchetto1 Berenice Corsetti2 Eixo 1 – A epistemologia nas políticas públicas e na gestão da educação Resumo Este trabalho constitui-se na proposta de investigação de que vem sendo desenvolvida no curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS, entre os anos 2014 e 2015. O tema desta investigação é a implementação da política educacional do Rio Grande do Sul entre os anos 2012 e 2014. A partir deste tema pretendo identificar os fatores que conduzem, no contexto da prática, as resistências e ressignificações dadas à política educacional do Ensino Médio Politécnico. Esta política foi lançada no ano 2011, pela Secretaria de Educação do Estado do Rio Grande do Sul, para todas as escolas estaduais de Ensino Médio. O campo empírico escolhido para a realização da investigação são duas escolas de Ensino Médio da cidade de Farroupilha/RS, que apresentam realidades sociais e econômicas diferentes. A fundamentação teórica da pesquisa foi feita a partir da busca de teses e de dissertações, de artigos científicos na Revista Educação e Sociedade e na Revista Brasileira de Política e Administração da Educação, bem como de trabalhos apresentados nas reuniões anuais da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPED). A metodologia utilizada nesta investigação será a dialética, como modo de compreender a realidade como essencialmente contraditória e em permanente transformação. (Konder, 2008). A pesquisa utilizará a Análise Documental e a Análise de Conteúdo, conforme Bardin (1977), analisando entrevistas, questionários e atas de reuniões pedagógicas. Como instrumento metodológico, utilizarei o Ciclo de Políticas de Stephen Ball e Richard Bowe. O projeto de investigação está em andamento, na fase de análise do material coletado no campo empírico. Palavras-chave: Política Educacional. Materialismo Histórico-Dialético. Ciclo de Políticas. Ensino Médio Politécnico. Introdução A proposta de investigação trata da implementação1 da política educacional do Governo do Estado do Rio Grande do Sul entre 2012 e 2014. No decorrer do ano 2011, o primeiro ano do mandato do governador Tarso Genro no Rio Grande do Sul, a Secretaria de Educação do Estado (SEDUC-RS) propôs uma discussão para as 1 Mestranda em Educação do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS. E-mail: professorasuelen@hotmail.com . 2 Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas. Professora-pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos. E-mail: bcorsetti@unisinos.br . 1 Duas palavras semelhantes são utilizadas para o estabelecimento da prática de uma política: implantação e implementação. Nos documentos do Estado encontramos, em sua maioria, implantação. Prefiro a utilização da palavra implementação, pois, este se refereao processo de execução da política. E o estudo será justamente baseado no processo, com os olhares sobre a escola e sua prática a partir da política. 29 escolas de Ensino Médio do Rio Grande do Sul, a partir do documento-base denominado Proposta Pedagógica para o Ensino Médio Politécnico enviado para as escolas estaduais do referido Estado. A discussão aconteceu em conferências, entre os meses de Outubro e Dezembro de 2011, nas seguintes etapas: (1) Escolar; (2) Municipal; (3) Regional; (4) Inter-regional; (5) Estadual. Para o mês de Janeiro de 2012 reservou-se a Elaboração do Documento Final e do Regimento Padrão (PROPOSTA PEDAGÓGICA PARA O ENSINO MÉDIO POLITÉCNICO - 2011-2014). No entanto, o único documento, que se encontra disponível no site da SEDUC-RS, além do documento-base para as conferências, é o Regimento Padrão. Conforme apresentado pela professora Rosângela Fritsch, no texto para IV Congresso Ibero-Americano de Política e Administração da Educação, em Portugal: "As contribuições levadas às plenárias municipais, regionais e inter-regionais não foram ouvidas" (FRITSCH, 2014, p. 11). A partir do ano 2012 as escolas de Ensino Médio deveriam implementar o Ensino Médio Politécnico2. As orientações seguiram via coordenadorias através do Regimento Padrão e das exigências de aumento de carga horária com a inclusão do Seminário Integrado. Segundo Fritsch: Em janeiro de 2012, os grupos gestores das escolas foram chamados para uma formação em Porto Alegre. A partir deste momento segundo relatos, foi feita uma explanação sobre a proposta de Ensino Médio Politécnico. Estes grupos ao chegarem às escolas tinham que elaborar o panorama novo e preparar a divulgação na sua escola sobre esta proposta. Portanto, o início de implantação da proposta foi um período de muitos questionamentos e incertezas para todas as escolas. (FRITSCH, 2014, p 10). A SEDUC-RS, em sua página na internet, informando sobre a proposta do Seminário Integrado e sobre a implementação da política, indica: No seminário Integrado os alunos desenvolvem atividades de pesquisa, colocando em prática os conhecimentos teóricos. A nova modalidade também busca preparar os jovens para a sua futura inserção no mundo do trabalho ou para a continuidade dos estudos no nível superior. O Ensino Médio Politécnico começou a ser implantado em 2012 para o 1º ano, em 2013 no 2º ano e em 2014 chegará ao 3ºano (SEDUC-RS). 2 Assinalo que em algumas escolas do Rio Grande do Sul, em exceção, a política começou a ser implementada somente a partir de 2013. 30 Para estudar o processo de implementação da política escolhi a cidade onde nasci, resido e trabalho, Farroupilha. Portanto, meu locus de análise será em Escolas de Ensino Médio da Rede Estadual em Farroupilha/RS. Farroupilha é uma cidade do interior do Rio Grande do Sul, localizada na Região Metropolitana da Serra Gaúcha (Atlas Socioeconômico do Rio Grande do Sul), fica a 111 km da capital do Estado e faz divisa com Caxias do Sul, pólo da região. Tem 63.635 habitantes e, aproximadamente 91% da população é alfabetizada (IBGE - 2010). Figura 1 – Mapa localizando Farroupilha no Rio Grande do Sul Fonte: Wikipédia Em termos de ensino, há quarenta e três instituições de ensino (uma federal, vinte e sete municipais, onze estaduais e duas particulares). Cinco escolas da Rede Estadual possuem Ensino Médio, uma está na área Rural e quatro estão na área Urbana. As escolas estaduais pertencem à quarta Coordenadoria de Educação do Estado do Rio Grande do Sul (4ª CRE). 31 Tabela 1 - Dados das Escolas Estaduais de Ensino Médio em Farroupilha/RS (Censo Escolar 2013).3 Escola Localização Matrículas Ensino Médio Matrículas Educação Profissional Total de matrículas Escola Estadual de Ensino Médio Júlio Mangoni Rural 92 ------ 290 Colégio Estadual Farroupilha Urbana 1.043 ------ 1.188 Escola Estadual de Ensino Médio São Pio X Urbana 96 ------ 407 Colégio Estadual São Tiago Urbana 1.055 7 1.441 Colégio Estadual Olga Ramos Brentano Urbana 255 ------ 255 Fonte: Adaptado pelo autor (dados da Secretaria da Educação do Estado do Rio Grande do Sul) Os Colégios Estaduais Farroupilha e São Tiago são escolas que atendem o maior número de alunos do município. Isso se deve ao fator histórico, pois foram, por muitos anos, as únicas escolas a oferecer o Ensino Médio no Município. As escolas Júlio Mangoni e São Pio X eram escolas apenas de Ensino Fundamental que ampliaram a oferta para Ensino Médio nos anos 2000. O Colégio Olga Ramos Brentano foi fundado em 2004, oferecendo somente o Ensino Médio. Para estabelecer meu campo empírico estou considerando o fator de distanciamento do pesquisador com mesmo, por isso, descartando o estudo no Colégio Estadual Farroupilha, escola onde atuo como professora de História e de Seminário Integrado. Levando em consideração que pesquisarei uma política educacional implementada pelo Estado do Rio Grande do Sul, descarto o estudo no Colégio São Tiago, pois a escola adiou a implementação da política por um ano. Ou seja, a implementação ainda está em curso e apenas no ano 2015 o Colégio implementa o terceiro ano do Ensino Médio Politécnico. Restaram, portanto, as 3 Dados disponíveis na página da Secretaria da Educação do Estado do Rio Grande do Sul (http://www.educacao.rs.gov.br/dados/estatisticas_mi_est_2013.pdf). 32 escolas Júlio Mangoni, São Pio X e Olga Ramos Brentano. Considerando que uma escola está na zona rural da cidade e outras duas na zona urbana, delimitei meu estudo nas escolas Júlio Mangoni (na zona rural) e Olga Ramos Brentano (na zona urbana). O estudo em duas escolas com realidades diferentes, em relação ao público atendido, deve qualificar a análise, explicitando diferentes fatores que interferem na implementação da política pelas realidades locais. Para escolher entre as escolas São Pio X e Olga Ramos Brentano levei em consideração alguns fatores observados em visitas prévias. Inicialmente nas duas escolas fui bem recebida pelas direções das escolas. A diretora da escola São Pio X por seu carácter democrático, na primeira visita no dia 18 de Junho de 2014, me informou que conversaria com o corpo diretivo e posteriormente com os professores. Na segunda visita, no dia 05 de Agosto de 2014, a diretora me informou que os professores não aceitaram a realização da pesquisa na escola. Justificou que eles não se sentiam preparados para responder questões relativas ao Ensino Médio Politécnico, tema de minha pesquisa. Que eles ainda têm dificuldades de entender a proposta e que existe uma relação desconfortável entre a coordenadoria de ensino e o corpo de professores que estão à frente de atividades. A partir desta delimitação apresento como problema desta investigação o seguinte: Que fatores interferem no processo de implementação da política educacional do Governo do Estado do Rio Grande do Sul - entre os anos 2011 e 2014 -, no contexto da prática, em escolas de Farroupilha/RS? O objetivo aqui é investigar como aconteceram as ressignificações e resistências dadas pelas escolas para a implementação da política. Utilizando o Ciclo de Políticas de Stephen Ball e Richard Bowe, apresentados por Jefferson Mainardes (2006), estabeleço minhas questões de pesquisa para o contexto da prática da política: 1. Como a política foi recebida? 2. Como os professores, diretores, pedagogos e demais envolvidos interpretam os textos? Há mudanças, alterações e adaptações do texto da política para a concretização da política? Há variações no modo pelo qual o texto é interpretado, nos diferentes espaços observados na pesquisa? 3. Como aconteceram os processos de formação docente na implementação da política?33 4. Houve modificação nas estruturas físicas e de pessoal para adaptação da nova política? 5. Há evidências de resistência individual ou coletiva? 6. Há contradições, conflitos e tensões entre as interpretações expressas pelos profissionais que atuam na prática e as expressas nos textos da política? 7. Quais são as principais dificuldades identificadas no contexto da prática? Como os professores e demais profissionais lidam com elas? 8. Como são as relações de poder dentro do contexto da prática (escola, por exemplo) e no relacionamento dos profissionais que atuam na escola com os órgãos educacionais oficiais e dirigentes educacionais? Há formas de opressão, mecanismos de pressão, silenciamentos? Há espaços de vivências democráticas e emancipatórias? 9. Existem diferenças que interferem na implementação da política na escola urbana e na escola rural? Que diferenças são estas? Revisão da literatura A Revisão de Literatura para esta pesquisa foi realizada a partir da busca de teses e de dissertações, de trabalhos publicados nas Reuniões Anuais da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPED) e de artigos da Revista Educação e Sociedade do Centro de Estudos Educação e Sociedade (CEDES) e da Revista Brasileira de Política e Administração da Educação, da Associação Nacional de Política e Administração da Educação (ANPAE). A busca por teses e dissertações, com temas semelhantes ao que estou estudando, foi feita por meio de descritores em duas Bibliotecas. Os descritores escolhidos foram: “Ensino Médio e Reforma do Ensino” e “Ensino Médio e Politecnia”. As pesquisas foram realizadas primeiramente na Biblioteca da Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS, buscando teses e dissertações realizadas pelos programas de pós-graduação desta instituição e, posteriormente, na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT). Tabela 2 – Revisão de Literatura 34 Descritores Biblioteca UNISINOS BDTB Ensino Médio + Reforma do Ensino 1 28 Ensino Médio + Politecnia 0 6 Fonte: Elaborado pelo autor Na Biblioteca da UNISINOS, com os descritores “Ensino Médio e Reforma do Ensino” encontrei a dissertação de Mestrado de Aline Aparecida Martini Alves sobre a implementação da política do Ensino Médio Politécnico em uma escola de Gravataí/RS; com os descritores “Ensino Médio e Politecnia” não encontrei resultados. Na BDTD, com os descritores “Ensino Médio e Reforma do Ensino” encontrei vinte e oito teses e dissertações. Realizando uma leitura prévia de títulos e resumos, selecionei dez teses e dissertações cujas discussões se aproximam do tema discutido neste projeto. A maior parte delas discorrem sobre reformas no Ensino Médio em outros Estados do Brasil durante e após a década de 1990. Uma apenas é sobre o Ensino no Rio Grande do Sul. Refiro-me a uma dissertação de mestrado sobre o programa de expansão e melhoria do Ensino Médio no Rio Grande do Sul entre os anos 1999 e 2002. As teses e dissertações que considerei mais distantes do meu tema de pesquisa e, portanto não foram fichadas, discorrem sobre reformas em outros períodos históricos ou em disciplinas específicas. Com os descritores “Ensino Médio e Politécnico”, encontrei seis teses e dissertações. Cinco destes trabalhos foram considerados, já que um não está disponível para consulta4. A partir deste levantamento escolhi dois trabalhos para estudar com maior detalhamento. Tratam-se de dissertações que analisam reformas de ensino no Rio Grande do Sul, de Romir de Oliveira Rodrigues (2006) e de Aline Aparecida Martini Alves (2014). A dissertação de Rodrigues colabora com a pesquisa que estou desenvolvendo, porque analisa o campo de disputas de projetos no Ensino Médio no Rio Grande do 4 No ano 2015, voltando ao site da BDTD encontrei mais uma Dissertação apresentada no ano 2014 ao Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, intitulada Implantação do Ensino Médio Politécnico da Rede Pública do Rio Grande do Sul e a pesquisa na escola: Estudo de Caso. 35 Sul, no período da reforma promovida no final da década de 1990. Diversos pressupostos desta reforma são presentes nas escolas de Ensino Médio de todo o país e, em específico, nas escolas que servirão de campo empírico deste projeto de pesquisa. As dissertações de Rodrigues (2006) e Alves (2014) apontam caminhos utilizados pelos autores no processo de pesquisa. Estes caminhos serviram para qualificar o ponto inicial de meu projeto de pesquisa. A partir das reflexões dos autores pude estabelecer meu objeto de pesquisa em busca de compreender os fatores que ressignificam a política educacional em escolas de Farroupilha. A revisão de teses e dissertações demonstra a originalidade do tema na pesquisa sobre ressignificações da política educacional no Estado do Rio Grande do Sul, denominada Ensino Médio Politécnico, no município de Farroupilha/RS. A única dissertação finalizada, que encontrei no ano 2014, sobre esta reforma é do Programa de Pós-Graduação da UNISINOS, analisando em um campo empírico diferente e ainda em processo, visto que, a implementação total se deu no final do ano letivo de 2014, quando as primeiras turmas de Ensino Médio concluíram esta etapa. A viabilidade da pesquisa existe porque há uma abertura para o diálogo nas escolas selecionadas. A coleta das principais informações já foi realizada através de entrevistas e questionários à direção e aos professores. Além de teses e dissertações busquei trabalhos das Reuniões Anuais da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPED) e artigos da Revista Educação e Sociedade do Centro de Estudos Educação e Sociedade (CEDES) e da Revista Brasileira de Política e Administração da Educação, da Associação Nacional de Política e Administração da Educação (ANPAE). Das Reuniões Anuais da ANPED, os trabalhos pesquisados foram dos grupos de trabalho (GT’s) 05 e 09, entre os anos 2009 e 2013. O GT 05 é denominado Estado e Políticas Educacionais e, portanto, relevante para estudar a implementação de uma política educacional. O GT 09 é denominado Trabalho e Educação, o tema é a base da discussão de conceitos adotados pelo governo do Estado do Rio Grande do Sul na implementação da política educacional. Desta maneira, entre cento e cinquenta e três trabalhos apresentados, selecionei quinze deles que se aproximam do tema de minha pesquisa. 36 A Revista Educação e Sociedade e a Revista Brasileira de Política e Administração da Educação são duas das mais importantes revistas sobre Educação no Brasil. Sua importância no meio acadêmico me levou a buscar publicações com os mesmos descritores da busca de teses e dissertações: “Ensino Médio e Reforma do Ensino” e “Ensino Médio e Politecnia”. Com os descritores “Ensino Médio e Reforma do Ensino”, encontrei cinco artigos na revista Educação e Sociedade e cinquenta e um artigos na Revista Brasileira de Política e Administração da Educação. Fazendo uma leitura prévia dos títulos e resumo, selecionei os cinco artigos da Revista Educação e Sociedade e treze artigos da Revista Brasileira de Política e Administração da Educação. Com os descritores “Ensino Médio e Politecnia”, encontrei um artigo na Revista Educação e Sociedade e nenhum artigo na Revista Brasileira de Política e Administração da Educação. Tabela 3 - Artigos e Trabalhos apresentados Fonte de Pesquisa Trabalhos analisados Trabalhos aproveitados neste projeto ANPED GT 05 90 4 GT 09 63 11 Revista Educação e Sociedade Ensino Médio + Reforma do Ensino 5 5 Ensino Médio + Politecnia 1 1 Revista Brasileira de Política e Administração da Educação Ensino Médio+ Reforma do Ensino 51 13 Ensino Médio + Politecnia 0 0 Fonte: Elaborado pelo autor A partir da leitura atenta aos artigos e trabalhos publicados, bem como consulta a obras indicadas por professores e colegas, identifiquei que é necessário compreender, para a qualificação da pesquisa, alguns conceitos. Estes conceitos foram divididos em quatro temas: o contexto histórico das políticas educacionais que universalizaram o Ensino Médio no Brasil, partindo da implantação da república no Brasil; a forma da organização do Estado Brasileiro e sua relação com as políticas 37 educacionais; a conceituação de Trabalho e sobre sua organização no Brasil contemporâneo; os textos oficiais do Ensino Médio Politécnico no Rio Grande do Sul. Estes temas, bem como a análise dos dados da pesquisa, vão compor capítulos do trabalho final. Metodologia A pesquisa é de caráter qualitativo e terá por base epistemológica o materialismo histórico-dialético. Utilizarei como instrumento metodológico o Ciclo de Políticas elaborado pelo pesquisador Stephen Ball, analisando o contexto da prática da Política Educacional em escolas de Ensino Médio de Farroupilha/RS. Para a interpretação dos dados, será utilizada a Análise de Conteúdo (Bardin, 1977). O Materialismo Histórico-Dialético é uma como forma de entender o modo humano de produção social da existência. Partimos do pressuposto que tudo o que tem no universo é de existência material, concreta e pode ser racionalmente conhecido. Esse conhecimento visa superar a aparência mediata das coisas e atingir sua essência. (GOMIDE, 2013). Diante da perspectiva epistemológica do Materialismo-Dialético, acredito ser possível a utilização do Ciclo de Político de Stephen Ball como instrumento metodológico. O mesmo demonstra, através de uma relação dialética, que o contexto da prática de uma política é dotada de contradições. Os conceitos centrais da abordagem do Ciclo de Políticas foram apresentados por Jefferson Mainardes (2006), no artigo Abordagem do Ciclo de Políticas: uma contribuição para análise de políticas educacionais. Nesta abordagem os autores sugerem que as políticas passam por contextos de implementação: Contexto da Influência quando as políticas são iniciadas e os discursos são construídos; Contexto da Produção de Texto quando se apresenta o resultado das disputas e acordos e normalmente estão articulados com a linguagem do interesse do público mais geral; Contexto da Prática quando a política está sujeita à interpretação e a própria recriação; Contexto dos Resultados (efeitos) quando se identificam os impactos da política; Contexto da Estratégia Política quando se identifica as atividades sociais e políticas que seriam necessárias para lidar com as desigualdades criadas ou reproduzidas pela política investigada. 38 O Ciclo de Políticas sugerido no artigo “[...] oferece instrumentos para uma análise crítica da trajetória de políticas e programas educacionais”. (MAINARDES, 2006, p.58). Este modelo de análise é entendido pela complexidade das políticas educacionais, articulando as perspectivas macro e micro. Assim, o contexto analisado neste trabalho será o contexto da prática. Os instrumentos de coleta de dados utilizados foram: questionários abertos para os professores atuantes no Ensino Médio no ano 2014; entrevistas semi-estruturadas para um gestor e para um professor de Seminário Integrado de cada escola; atas de reuniões pedagógicas entre os anos 2011 e 2014. Os professores de Seminário Integrado escolhidos para conceder as entrevistas atuaram desde as primeiras discussões do Ensino Médio Politécnico até o ano de 2014 em sua organização. Os gestores, escolhidos para entrevista, foram aqueles que estão mais diretamente envolvidos com o processo. O questionário e as entrevistas foram elaborados com o objetivo de responder ao problema de pesquisa, orientadas pelas questões de pesquisa. A Análise de Conteúdo será utilizada para interpretação dos dados, obtidos através dos instrumentos de pesquisa já citados, que serão considerados como documentos. O tipo de análise utilizada, dentro do conjunto de possibilidades da Análise de Conteúdo, será a análise categorial. Conforme Bardin (1977, p. 36): Esta pretende tomar em consideração a totalidade de um “texto”, passando- o pelo crivo da classificação e do recenseamento, segundo a frequência de presença (ou ausência) de itens de sentido. Isso pode construir um primeiro passo, obedecendo o princípio de objetividade e racionalizando através de números e percentagem, uma interpretação que, sem ela, teria de ser sujeita a aval. É o método das categorias, espécie de gavetas ou rubricas significativas que permitem a classificação de elementos de significação constitutivas, da mensagem. O objetivo de categorizar o texto é a inferência sobre o todo da comunicação, procurando articular a superfície do texto com os fatores que determinam estas características. Segundo Bardin (1977, p. 41): “A leitura efetuada pelo analista, do conteúdo, das comunicações não é unicamente, uma leitura ‘à letra’, mas antes o realçar de um sentido que se encontra em segundo plano”. 39 Procurando compreender a complexidade da reforma do Ensino Médio, busco apoio metodológico no Ciclo de Políticas que me permite olhar a realidade na complexa teia de relações entre as perspectivas locais, regionais e globais, que ofereçam uma perspectiva totalizante. Ou seja, uma política não é simplesmente implantada de forma linear, ela sofre as contradições nos diversos contextos. No contexto da prática, em que a política realmente toma concretude, sofre resistências e ressignificações que interferem no processo. Estas interferências, tema da análise desta pesquisa, serão percebidas através da Análise de Conteúdo assim descrito neste texto. Considerações Finais O Ensino Médio Politécnico foi, nos anos de sua implementação, motivo de grande debate nas discussões sobre educação no Estado do Rio Grande do Sul. Apesar da mudança de governo no ano 2015, continua vigorando o modelo implementado. Algumas mudanças já foram sugeridas e estão sendo debatidas nas escolas de Ensino Médio. A previsão destas mudanças, feitas a partir do entendimento que haveriam eleições estaduais no ano de 2014, fizeram com que eu coletasse os dados da pesquisa ainda no curso da implementação da proposta, quando os debates estavam mais presentes nas escolas. A atenta revisão de literatura sobre o tema foi fundamental para delimitar o campo de pesquisa e estabelecer o problema e os objetivos. Conhecer teses e dissertações que se aproximam desta pesquisa, auxiliaram na visão de caminhos possíveis para a pesquisa. Com os artigos das revistas científicas e os trabalhos apresentados na ANPED pude ter uma percepção daquilo que se discute no campo de conhecimento que estou inserida. O materialismo histórico-dialético permite uma compreensão ampliada das políticas educacionais. Elas são entendidas como uma complexa teia de relações, mediatizadas pelas contradições dos diversos contextos que se inserem. Buscando compreender o contexto da prática, é necessário considerar estas contradições, a fim de buscar uma perspectiva totalizante. Referências 40 ALVES, A. A. M. A reforma educacional do ensino médio no Rio Grande do Sul: um estudo a partir do contexto da prática. 2014. 140 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Programa de Pós-Graduação em Educação, São Leopoldo, RS, 2014. Disponível em: <http://biblioteca.asav.org.br/vinculos/00000A/00000A7B.pdf>. Acesso em: 10 de Maio de 2014. ATLAS Socioeconômico do Rio Grande do Sul. 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O Programa de Melhoria do Ensino Médio no Rio Grande do Sul (1999-2002): a afirmação do público na construção das políticas educacionais. 2006. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação, Porto Alegre/RS, 2006. Disponível em: http://hdl.handle.net/10183/8930. Acesso em 11 de junho de 2014. SEDUC/RS. Proposta Pedagógica para o Ensino Médio Politécnico e Educação Profissional Integrada ao Ensino Médio – 2011-2014. Disponível em: http://www.educacao.rs.gov.br/dados/ens_med_proposta.pdf. Acessado em 03/11/2013. SEDUC/RS. Matrícula Inicial por etapa e/ou modalidade de ensino - Rede ESTADUAL – 2013. Disponível em: http://www.educacao.rs.gov.br/dados/estatisticas_mi_est_2013.pdf. Acessado em 03/11/2013. TRIVIÑOS. A. N.S. Introdução à Pesquisa em Ciências Sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987. 42 POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL: PROPOSTAS E DESAFIOS NO SISTEMA EDUCACIONAL DO MUNICÍPIO DE SANTA MARIA - RS Camila Moresco Possebon1 Daiane Lanes de Souza2 Guilherme da Silva Kieling3 Rosane Carneiro Sarturi4 Eixo 1 – A epistemologia nas políticas públicas e na gestão da educação Resumo A educação infantil, reconhecida no Brasil como primeira etapa da educação básica, tem sido foco das discussões no âmbito das políticas públicas educacionais. Desde o ano de 2009, com a Emenda Constitucional Nº 59 (BRASIL, 2009), os municípios brasileiros recebem o desafio de gestão das escolas de educação infantil para receber as crianças de 4 e 5 anos que estão fora delas. Este trabalho apresenta um recorte de uma pesquisa em andamento, realizada com o apoio do Programa Observatório da Educação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES/BRASIL e tem por objetivo identificar as interlocuções entre as políticas educacionais que legitimam a Educação Infantil obrigatória e a realidade do município de Santa Maria, RS, enquanto ente federado responsável pela sua gestão. A metodologia está baseada na abordagem qualitativa do tipo pesquisa descritiva e apresenta uma análise da legislação brasileira para a educação infantil desde a Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988) até a Lei Nº 12.796 de 4 de abril 2013 (BRASIL, 2013) e da correlação destas com os dados estatísticos educacionais fornecidos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). A base teórica presente neste estudo está fundamentada nos pressupostos de Sônia Kramer (2011; 2013; 2014), Rosemberg (2009), Tello (2012), entre outros autores que discutem acerca das políticas educacionais. A análise frente às demandas estabelecidas na legislação brasileira e as condições do sistema municipal de educação de Santa Maria, permite concluir que a obrigatoriedade da educação infantil emerge como um meio de legitimar esta etapa da educação básica enquanto ação de democratização da educação, porém, implica em superar desafios de gestão de recursos de financiamento da educação municipal até o emergente prazo do ano de 2016. Palavras-chave: Educação Infantil; Políticas públicas; Sistema Municipal de Educação. Introdução 1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação/UFSM. Bolsista OBEDUC/CAPES. camis.mp@gmail.com. 2 Acadêmica do Curso de Pedagogia da Universidade Federal de Santa Maria. Bolsista OBEDUC/CAPES. daiahlanes@hotmail.com. 3 Especializando do curso de Gestão Educacional da Universidade Federal de Santa Maria. Participante do projeto OBEDUC/CAPES. guikieling22@gmail.com. 4 Professora Associada I no Departamento de Administração Escolar/UFSM. Coordenadora OBEDUC/CAPES. E-mail: rcsarturi@gmail.com 43 A ampliação da obrigatoriedade da Educação Básica no Brasil, que implica em garantir acesso, permanência e qualidade, está estreitamente ligada à conquista do direito à educação. Neste sentido, o artigo apresenta um recorte de uma pesquisa em andamento, realizada no âmbito do Programa Observatório da Educação (OBEDUC), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES/BRASIL, e discute a temática da ampliação da obrigatoriedade da educação básica para os dois últimos anos da educação infantil. A pesquisa está voltada para uma análise do contexto regional do estado de Rio Grande do Sul, especificamente no Sistema Municipal de Educação da cidade de Santa Maria, referente à oferta de vagas na educação infantil para as crianças de 4 e 5 anos de idade que, até o ano de 2016, deverão estar frequentando a escola. Desde o ano de 2010, um ano após a Emenda Constitucional Nº 59 de 2009 (BRASIL, 2009), até o ano de 2014, o município aumentou em 301 vagas em sua oferta na pré-escola, passando a ter sob a matrícula municipal 2553 crianças entre 4 e 5 anos, divididas em turno integral e parcial (INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA, 2014). Considerando a Emenda uma prerrogativa progressiva da obrigatoriedade da educação infantil, este aumento pouco impacta a população da cidade causando tensões e medidas de urgência. Para identificar as interlocuções entre as políticas educacionais que legitimam a Educação Infantil obrigatória e a realidade do município de Santa Maria, desenvolveu- se um estudo qualitativo, através de uma pesquisa descritiva. Pois a pesquisa qualitativa é descritiva quando: [...] as descrições dos fenômenos estão impregnadas dos significados que o ambiente lhes outorga, e como aquelas são produto de uma visão subjetiva, rejeita toda expressão quantitativa, numérica, toda medida. Desta maneira, a interpretação dos resultados surge como a totalidade de uma especulação que tem como base a percepção de um fenômeno num contexto. Por isso, não é vazia, mas coerente, lógica e consistente. Assim, os resultados são expressos, por exemplo, em retratos (ou descrições), em narrativas, ilustradas com declarações das pessoas para dar ó fundamento concreto necessário, com fotografias etc., acompanhados de documentos pessoais, fragmentos de entrevistas etc. (TRIVIÑOS, 1987, p. 128). A fim de compreender a fundo os fenômenos nas especificidades
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