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ESTADO DO RIO DE JANEIRO PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BONITO. SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE ENSINO Código de Ética do Tradutor Intérprete de Libras e Modelo Educacional na Educação de Surdos : Oralismo , Comunicação Total e Bilinguismo. Escola Municipal Maurício Kopke Curso: Libras -Módulo 2 Aluna :Thaís Barreto Silva Professora : Rosana Rio Bonito –RJ Novembro -2019 Introdução: A pesquisa é sobre o Código de Ética do Tradutor Intérprete de Libras e o Modelo Educacional na Educação de Surdos tem o objetivo de enriquecer o conhecimento do aluno. Apontando as principais definições para esclarecer dúvidas frequentes nos iniciantes em Libras. Para Rousseau : “ A educação do homem já começa antes do seu nascimento, antes de falar , antes de entender, já se instrui “. Histórico da Educação dos Surdos Desde a Antiguidade, os surdos eram considerados incapazes, pois a língua oral que utilizavam não era tão desenvolvida como a dos ouvintes.De acordo com Quadros (2006), nessa época, havia pouco conhecimento sobre as pessoas com deficiência. A maioria das pessoas consideradas diferentes e eram ignoradas pela sociedade eram vistos como “não humanos”. Por muito tempo foram desqualificados e inferiorizados e por isso deveriam ser eliminados do convívio da sociedade. Então, os surdos eram considerados excluídos, dessa forma, a voz social produzida por essa concepção era de que o surdo não tinha linguagem. Nesse momento não se compreendia que, a visão também poderia captar as informações linguísticas em detrimento da audição Código de Ética do Tradutor Intérprete de Libras Capítulo 1 Princípios fundamentais Artigo 1º. São deveres fundamentais do intérprete: 1º. O intérprete deve ser uma pessoa de alto caráter moral, honesto, consciente, confidente e de equilíbrio emocional. Ele guardará informações confidenciais e não poderá trair confidencias, as quais foram confiadas a ele; 2º. O intérprete deve manter uma atitude imparcial durante o transcurso da interpretação, evitando interferências e opiniões próprias, a menos que seja requerido pelo grupo a fazê-lo; 3º. O intérprete deve interpretar fielmente e com o melhor da sua habilidade, sempre transmitindo o pensamento, a intenção e o espírito do palestrante. Ele deve lembrar-se dos limites de sua função e não ir além de a responsabilidade; 4º. O intérprete deve reconhecer seu próprio nível de competência e ser prudente em aceitar tarefas, procurando assistência de outros intérpretes e/ou profissionais, quando necessário, especialmente em palestras técnicas; 5º. O intérprete deve adotar uma conduta adequada de se vestir, sem adereços, mantendo a dignidade da profissão e não chamando atenção indevida sobre si mesmo, durante o exercício da função. Capítulo 2 Relações com o contratante do serviço 6º. O intérprete deve ser remunerado por serviços prestados e se dispor a providenciar serviços de interpretação, em situações onde fundos não são possíveis; 7º. Acordos em níveis profissionais devem ter remuneração de acordo com a tabela de cada estado, aprovada pela FENEIS.Capítulo 3 Responsabilidade profissional 8º. O intérprete jamais deve encorajar pessoas surdas a buscarem decisões legais ou outras em seu favor; 9º. O intérprete deve considerar os diversos níveis da Língua Brasileira de Sinais bem como da Língua Portuguesa; 10º. Em casos legais, o intérprete deve informar à autoridade qual o nível de comunicação da pessoa envolvida, informando quando a interpretação literal não é possível e o intérprete, então terá que parafrasear de modo claro o que está sendo dito à pessoa surda e o que ela está dizendo à autoridade; 11º. O intérprete deve procurar manter a dignidade, o respeito e a pureza das línguas envolvidas. Ele também deve estar pronto para aprender e aceitar novos sinais, se isso for necessário para o entendimento; 12º. O intérprete deve esforçar-se para reconhecer os vários tipos de assistência ao surdo e fazer o melhor para atender as suas necessidades particulares. Capítulo 4 Relações com os colegas 13º. Reconhecendo a necessidade para o seu desenvolvimento profissional, o intérprete deve agrupar-se com colegas profissionais com o propósito de dividir novos conhecimentos de vida e desenvolver suas capacidades expressivas e receptivas em interpretação e tradução. Parágrafo único. O intérprete deve esclarecer o público no que diz respeito ao surdo sempre que possível, reconhecendo que muitos equívocos (má informação) têm surgido devido à falta de conhecimento do público sobre a área da surdez e a comunicação com o surdo. Modelo Educacinal na Educação de Surdos Oralismo Surgiu por volta do século XVIII e a partir das resoluções do Congresso de Milão (1880). Na época a língua de sinais foi oficialmente proibida nas escolas e a comunidade surda foi excluída da política e instituições de ensino Essa proposta pretendia que os surdos fossem reabilitados, ou “normalizados”, pois, a surdez era considerada uma patologia, uma anormalidade. Eles deveriam comportar-se como se ouvissem, ou seja, deveriam aprender a falar. A oralização foi imposta a fim de que eles fossem aceitos socialmente. Como nem todos eram capazes de desenvolver a oralidade, muitos eram excluídos da possibilidade educativa e do meio social. Portanto, a maioria dos surdos vivia de forma clandestina. Para os oralistas, a linguagem falada é prioritária como forma de comunicação dos surdos, sendo indispensável para o desenvolvimento integral das crianças. Sinais e alfabeto digitais são proibidos, recomenda-se que a comunicação seja feita pela via auditiva e pela leitura orofacial. Por quase um século essa abordagem não foi questionada, embora a maioria dos surdos profundos não desenvolvesse a fala satisfatoriamente, conforme era exigido pelos ouvintes. Essa filosofia educacional desencadeava um atraso global no desenvolvido, que resultava em falta de estímulo e evasão escolar. Os alunos frequentavam a escola mais para aprender a falar do que propriamente para receber os conteúdos escolares. Houve o incremento do uso de próteses, mesmo assim, os métodos eram basicamente treinamentos de fala, desvinculados de contextos dialógicos propriamente ditos. Por volta de 1960, surgiram alguns estudos sobre a língua de sinais utilizada pelas comunidades surdas. Apesar da proibição, era natural encontrarem em escolas ou instituições de surdos a comunicação por sinais de modo velado. O pioneiro trabalho de William C. Stokoe (1919 – 2000) revelou que as línguas de sinais eram verdadeiras línguas, preenchendo em grande parte os requisitos das línguas orais urgiu por volta do século XVIII e a partir das resoluções do Congresso de Milão O oralismo tem como característica principal a ideia de que o surdo necessita aprender a língua oral de seu país (no nosso caso o português), podendo assim integrar-se à comunidade ouvinte. O oralismo percebe a surdez como uma deficiência que deve ser minimizada pela estimulação auditiva. Essa estimulação possibilita a aprendizagem da língua oral, proporcionando a integração do surdo na comunidade ouvinte. Pelo fato da Língua de Sinais ser mais fácil, o oralismo não faz uso da mesma, pois acredita-se que sem a linguagem oral o surdo fica restrito à sua própria comunidade, não tendo assim a possibilidade de comunicar-se com a sociedade em geral. Estima-se que mais de95% dos surdos são filhos de pais ouvintes que não conhecem a Língua de Sinais. Com isso, as crianças apresentam isolamento psicológico e prejuízo no desenvolvimento linguístico, cognitivo e social, com consequências negativas no acesso à informação. Durante todo o tratamento a participação familiar é de fundamental importância, pois é a família que irá fornecer as reais estimulações de linguagem, já que a mesma convive com o surdo a maior parte do tempo, conhecendo assim a vivência da criança, podendo então contextualizar o discurso. O aprendizado da língua oral pelo surdo é difícil e o processo é muito longo, podendo durar de 8 a 12 anos, dependendo de inúmeros fatores, como a época da perda auditiva, o grau da perda, a participação da família, entre outros. O surdo (portador de surdez severa e/ou profunda) não tem condições de adquirir a língua oral naturalmente. Ele necessita sempre de terapia fonoaudiológica que possa oferecer estimulação sistematizada da língua oral. A criança, a família e os profissionais envolvidos devem se esforçar bastante para obtenção do sucesso desejado. Comunicação Total O insucesso do Oralismo deu origem a novas propostas em relação á educação da pessoa surda. A abordagem que surgiu por volta de 1970 foi chamada de Comunicação Total. Nessa abordagem educacional foi permitida a prática de uma série de recursos: língua de sinais, leitura orofacial, utilização de aparelhos de amplificação sonora, alfabeto digital. Os estudantes surdos poderiam então expressar-se como achassem mais conveniente. O objetivo era que a criança pudesse se comunicar com todos: familiares, professores, surdos, ouvintes, e assim não sofresse consequências do isolamento que a surdez proporciona. A surdez então não era entendida como patologia, mas como um fenômeno com significações sociais. Poderiam ser utilizados os sinais da língua de sinais da comunidade surda, assim como sinais gramaticais modificados. Igualmente, tudo que era falado poderia ser acompanhado de elementos visuais. A intenção também era facilitar a aquisição da língua oral e da leitura e escrita. Os alunos então utilizavam os sinais em contato com outros surdos fluentes. Nos ambientes escolares o uso dos sinais ocorria, porém, obedecendo à estrutura da Língua Portuguesa. Eles chamavam essa estratégia de “português sinalizado”. Mesmo com a pretensão de facilitar a aprendizagem, o português sinalizado produzia certa confusão para o aluno surdo. Em relação ao Oralismo, a Comunicação Total trouxe benefícios, fazendo com que houvesse melhora na comunicação dos surdos. Entretanto, verificaram-se alguns problemas em relação à comunicação fora da escola. As dificuldades escolares continuaram. Alguns casos bem-sucedidos, mas a maioria com resultados acadêmicos muito abaixo do esperado. Entre os surdos era possível desenvolver a língua de sinais propriamente dita, e nos ambientes escolares havia um misto de sinais e língua oral. Então, estudos sobre a língua de sinais foram cada vez mais apontando para propostas educacionais alternativas que orientavam para uma educação bilíngue. A preocupação da Comunicação Total são os processos comunicativos entre surdos e surdos e entre surdos e ouvintes. Preocupa-se também com a aprendizagem da língua oral pela criança surda e acredita que devemos estimular os aspectos cognitivos, emocionais e sociais para que ocorra o aprendizado da língua oral. Utiliza-se de recursos espaços-visuais como facilitadores da comunicação. A Comunicação Total considera o surdo com características diferentes do Oralismo. Dessa forma, o surdo não é visto apenas como portador de uma doença de ordem médica, que poderia ser eliminada, considerada a surdez como uma marca que compromete suas relações sociais e seu desenvolvimento afetivo e cognitivo. Acredita que somente o aprendizado da língua oral não seja suficiente para o pleno desenvolvimento da criança surda. A Comunicação Total defende a utilização de inúmeros recursos linguísticos, tais como, a língua de sinais; linguagem oral; códigos manuais, entre outros. Todos eles são facilitadores de comunicação com as pessoas surdas, privilegiando a comunicação e a interação entre as línguas (orais e sinalizadas). Bilinguismo Em 1980, o Bilinguismo no Brasil começa a despontar, tendo como pressuposto básico de que surdo precisa ser bilíngue ou deve adquirir como língua materna a língua de sinais, sendo essa considerada a língua natural dos surdos, e como segunda língua, a língua oficial do seu país. Já no final dos anos 80, no Brasil, os surdos começaram a liderar o movimento de oficialização da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS A abordagem bilíngue parte do pressuposto que a educação para surdos acontece em duas línguas: L1 – Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e L2 – Língua Portuguesa (a escrita obrigatoriamente e oral possivelmente, já que nem todos os surdos tem oportunidades de desenvolver a oralidade, como segunda língua). Dessa maneira, o Bilinguismo é uma proposta de ensino usada por escolas que se propõem a tomar acessível à criança surda as duas línguas no contexto escolar. Nesse momento, essa é uma das abordagens surdos com grande repercussão atualmente no Brasil A LIBRAS já é reconhecida pela Lei nº 10.436/2002. Nessa lei, a LIBRAS é considerada como língua oficial da comunidade surda, defende a educação bilíngue para os surdos e reconhece existência da cultura surda. O Decreto Federal nº 5.626/2005 apresenta uma definição de sujeito surdo, sendo aquele que: “por ter perda auditiva, compreender e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manisfestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS”. Porém, Goldfeld (2002) aponta que infelizmente a aceitação da educação bilíngue ainda é pequena no Brasil, mesmo essa sendo oficializada em documentos nacionais Atualmente, o Bilinguismo tem sido muito discutido na área da surdez devido à inclusão dos alunos surdos nas escolas regulares assim como as políticas públicas desenvolvidas no Brasil nos últimos 10 anos. Lacerda (1998) defende que o Bilinguismo na área da surdez propõe um espaço efetivo para que a língua de sinais seja utilizada no trabalho educacional, propondo que sejam ensinadas duas línguas à criança surda: a língua de sinais por ser sua língua natural e a língua oficial do país (no caso do Brasil, a LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais e o Português). Nesse sentido, ao sinalizar, a criança poderá desenvolver sua competência e capacidade linguística em uma língua que irá lhe auxiliar na aprendizagem de segunda língua, tornando-se bilíngue . O conceito mais importante que a filosofia traz é que os surdos formam uma comunidade, com cultura e língua próprias. Durante muitos anos as línguas de sinais foram proibidas aos surdos por serem consideradas um meio de comunicação inferior, inconveniente e destituída de rigor científico. A partir de Stokoe (1960), passou-se a ver a língua de sinais como realmente uma língua e não apenas como mero gesto. As Línguas de Sinais são línguas naturais, que utilizam o canal visual manual, criadas por comunidades surdas através de gerações. Estas línguas, sendo diferentes em cada comunidade, têm estruturas gramaticais próprias, independentes das línguas orais dos países em que são utilizados. As Línguas de Sinais possuem todas as características das línguas orais, como a polissemia, possibilidade de utilização de metáforas, piadas, jogos de linguagem, etc. A LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais – possui um nível morfossintático bastante complexo que envolve relações de usos de localizações no espaço de sinalização para construção e manutenção da referência pronominal, para a troca de papéis da pessoa do discurso e para as relações de concordância dos verbos comseus argumentos. As línguas de sinais são basicamente diferentes das línguas orais devido à sua modalidade espaço-visual, que faz com que sejam percebidas através da visão e produzidas através das mãos e das expressões faciais e corporais. A aquisição da LIBRAS pela criança surda, ao contrário da língua oral, deve ocorrer espontaneamente, ou seja, através do diálogo. O surdo não necessita de aulas de LIBRAS e sim de conviver com indivíduos que tenham fluência nessa língua. A língua oral é aprendida mais lentamente pelo surdo porque esse aprendizado requer uma sistematização e utilização de recursos e técnicas específicas para suprir a falta do órgão sensorial da audição. O bilinguismo acredita que dominando a Língua de Sinais é mais fácil para o surdo perceber estes aspectos na língua oral, já que ele tem exemplos na língua de sinais para se guiar. No dia 24/04/2002, através da lei nº 10.436, o governo federal reconheceu a LIBRAS como meio legal de comunicação e expressão oficial da comunidade surda brasileira. Com isso, sua difusão é um dever do poder público, empresas concessionárias de serviços públicos e institucionalizados, cabendo também aos sistemas educacionais estaduais e municipais a sua inclusão nas grades curriculares pedagógicas, contribuindo com a difusão desta forma de comunicação, evitando a discriminação e a exclusão social que há anos os surdos vêm enfrentando em nosso país, onde eles também têm o direito de participação. Bilinguismo : Considerações finais. O Bilinguismo tem apresentado grandes avanços na vida educacional de surdos que podem participar dessa educação, sendo fundamental para o seu desenvolvimento. Como realidade, pode-se constatar por meio da literatura analisada que ainda faltam profissionais bilíngues nas escolas, a real aceitação da proposta bilíngue nas escolas inclusivas e a contratação de mais intérpretes de LIBRAS nas escolas para o apoio de necessidades aos alunos surdos Conclusão: Percebe-se, pela pesquisa bibliográfica apresentada, que o ensino bilíngüe é o método que mais se aproxima do respeito ao sujeito surdo em sua identidade e cultura.. Além disso, dentre as propostas para o ensino de surdos, esta é a que mais aparece, hoje, nos documentos oficiais brasileiros, sendo recomendada como modelo para as escolas inclusivas. Portanto, através dos dados observados na pesquisa, pode-se verificar que esta língua não é uma forma do português; ao contrário, tem suas próprias estruturas gramaticais, que deve ser aprendida do mesmo modo que outras línguas, difere das línguas orais por utilizar outro canal comunicativo, isto é, a visão em vez da audição. Referências Bibliograficas: Mec.com.br Portal Educação FELIPE, T. LIBRAS em Contexto: Curso Básico: Livro do Estudante. 8ª ed. Rio de Janeiro: WalPrint Gráfica e Editora, 2007
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