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Bioquímica dos Alimentos Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. Anderson Sena Barnabe Revisão Textual: Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira Bioquímica de Carboidratos • Introdução; • Estereoisometria Ótica; • Classificação; • Bioenergética e Metabolismo; • Carboidratos importantes. • Dar base sobre o conhecimento técnico a respeito das características dos carboidra- tos, suas funções no organismo e fontes nutricionais. OBJETIVO DE APRENDIZADO Bioquímica de Carboidratos Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Bioquímica de Carboidratos Introdução Quimicamente, podem ser definidos como poliidroxialdeídos ou poliidroxicetonas, ou substâncias que, mediante hidrólise, liberem tais compostos (Figura 1). D-glicose e a D-frutose são exemplos de isômeros de função, pois apresentam a mesma fórmula molecular e diferentes grupos funcionais (grupos aldeído e cetona, respectivamente). D-Fructose L-Fructose CH2OH CH2OH CH2OHCH2OH OH HO HO HO OH OH O O H H H H H H Figura 1 – Representação das estruturas químicas da D-glicose e D-frutose, respectivamente, uma Aldose (poliidroxialdeído) e uma Cetose (poliidroxicetona) Fonte: Marzzoco & Torres (2015) Apresentam uma formulação geral (CH2O)n, com raras exceções. Assim, a deso- xirribose (encontrada no DNA) apresenta fórmula C5H10O4, onde a relação H: O não é de 2:1. Igualmente, podemos encontrar carboidratos com outros elementos além do C, H e O. Embora não muito frequente, N, S e P podem integrar moléculas de carboidratos. Outras denominações: hidratos de carbono, açúcares, glucídios e glúcides. Os carboidratos desempenham funções importantes como: • Fonte de energia: os carboidratos servem como combustível energético para o corpo, sendo utilizados para acionar a contração muscular, assim como todas as outras formas de trabalho biológico. São armazenados no organismo humano sob a forma de glicogênio, e nos vegetais como amido. • Preservação das proteínas: as proteínas desempenham papel na manuten- ção, no reparo e no crescimento dos tecidos corporais, podendo inclusive ser fonte de energia alimentar. Quando as reservas de glicogênio estão re- duzidas, a produção de glicose começa a ser realizada a partir da proteína. 8 9 Isto acontece muito no exercício prolongado e de resistência. Consequen- temente, há uma redução temporária nas “reservas” corporais de proteína muscular. Em condições extremas, pode causar uma redução significativa no tecido magro (perda de massa muscular). • Proteção contra Corpos Cetônicos: se a quantidade de carboidratos é insufi- ciente devido a uma dieta inadequada ou pelo excesso de exercícios, o corpo mo- biliza mais gorduras, que também atuam na produção de energia para o consumo (do mesmo modo como faz com as proteínas). Isso pode resultar no acúmulo de substâncias ácidas (corpos cetônicos), prejudiciais ao organismo. • Combustível para o Sistema Nervoso Central: carboidratos são os com- bustíveis do sistema nervoso central, sendo essenciais para o funciona- mento do cérebro, cuja única fonte energética é a glicose. Primariamente, o combustível, glicose, vai para o cérebro, medula nervos periféricos e células vermelhas do sangue. Assim, uma ingestão insuficiente pode trazer prejuízos não só ao sistema nervoso central, mas ao organismo em geral (PINHEIRO; PORTO; MENEZES, 2005). Estereoisometria Ótica É um fenômeno muito difundido entre os carboidratos, e vem a ser decorrência do composto apresentar um ou mais átomos de carbono assimétrico na molécula. Átomo de carbono assimétrico é aquele que se liga a 4 radicais diferentes, e resulta, geralmente, que os compostos que os apresentam se mostram oticamente ativos, ou seja, desviam o plano da luz polarizada. Se o desvio for para a direita, o composto é dito de “dextrorrotatório” (+) e se para a esquerda “levorrotatório” (-). Como refe- rência, utilizando o gliceraldeido que apresenta 2 isômeros óticos (Figura 2). As configurações D e L estão relacionadas com o posicionamento da hidroxila (OH) do carbono assimétrico mais distante do grupo funcional (aldeído ou cetona), e necessariamente, nada tem com as propriedades dextro ou levorrotatória desses compostos, exceto para o gliceraldeído. São denominados de isômeros enanciômeros, pois apresentam as mesmas propriedades químicas e físicas (ponto de fusão, ebulição, solubilidade em água, entre outros). Os estereisômeros são imagens especulares um do outro. O modelo bola palito mostra a configuração real da molécula. Por convenção, nas fórmulas de projeção de Fisher, ligações horizontais projetam-se para fora do plano do papel. Frente para o leitor. Ligações verticais projetam-se para trás do plano do papel. 9 UNIDADE Bioquímica de Carboidratos Figura 2 – Estrutura de isômeros óticos do gliceraldeído Fonte: Adaptado de Marzzoco & Torres, 2015 Estrutura Cíclica Apesar de apresentarmos as moléculas com cadeia aberta, a maior parte dos monossacarídeos em solução aquosa apresenta-se com cadeia cíclica (em forma de anel). Acontece uma reação entre o grupo carbonila e um grupo OH da própria molécula, formando compostos de hemiacetais, quando têm a função aldeído e hemicetais, quando têm a função cetona. Formação de Hemiacetais e Hemicetais. Um aldeído ou uma cetona pode reagir com um álcool numa relação de 1:1 para produzir um hemiacetal ou hemicetal, respectivamente, criando um novo centro quiral no carbono carbonílico (Figura 3). Aldeído Álcool Álcool + + + + Cetona Hemiacetal Acetal H2O OH HO HO HO HO H H HOO O H C C CC C C HO HO R1 R2 R2 R2 R2 R2 R1 R3 R3 OR3 OR2OR2 OR3 OR3 OR4 R4 R4 R1 R1R1 OH H2O CetalHemicetal Figura 3 – Formação de Hemiacetais e Hemicetais Fonte: Adaptado de Pinheiro M. D., Porto, K. R. de A., Menezes M. E. S., 2005 Mais de 99% da molécula de glicose, quando em solução, encontra-se na forma de piranose. Cetose também pode formar anéis, por exemplo, a frutose na forma cíclica e a D-frutofuranose. Para identificarmos então os isômeros α e β, basta analisarmos a posição da hidroxila do carbono anomérico. O isômero que possui a hidroxila voltada para baixo do plano é o isômero, e aquele quepossui a hidroxila voltada para cima do plano é o isômero β. 10 11 Figura 4 – Formação do hemiacetal, do hemicetal e a representação dos isômeros α e β Fonte: Adaptado de Pinheiro M. D., Porto, K. R. de A., Menezes M. E. S., 2005 Classificação Os carboidratos podem ser divididos em três classes principais, de acordo com o número de ligações glicosídicas: monossacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos. Monossacarídeos São os mais simples dos açúcares, não sofrem hidrólise; possuem baixo peso molecular e são solúveis em água. Apresentam sabor doce, são cristalinos quando no estado sólido. São todos considerados “açúcares redutores”. Os monossacarídeos se subdividem segundo o número de átomos de carbono na molécula (Tabela 1). 11 UNIDADE Bioquímica de Carboidratos Tabela 1– Moléculas de monossacarídeos Número de átomos de carbonos Nome genérico Representantes de importância fisiológica 2 Diose glicaldeido 3 Tritose gliceraldeido, dihidroxiacetona 4 Tetrose eritrose, treose 5 Pentose xilose, xilulose, ribose 6 Hexose glicose, frutose, manose, galactose 7 Heptose edoheptulos 8 Octose _ 9 Nonose _ Fonte: Nelson e Cox, adaptada pelo autor, 2018 As pentoses formam os ácidos nucleicos. Os ácidos nucleicos são unidades de nucleotídeos formados por uma base nitrogenada, grupo fosfato e a pentose (Figura 5). Açúcar Base Fosfatos Nucleosídeo Nucleotídeo O O -O O O O O O C OH H H H HH PPP CH2 C C C C C C CH HC N N N N NH2 O- O- O- � � � Figura 5 – Estrutura de nucleotídeos e nucleosídeos Fonte: Adaptado de Schrank, 2001 As moléculas de ácido ribonucleico (RNA) são polímeros constituídos basicamente por quatro tipos de nucleotídeos que diferem quanto às bases nitrogenadas. Cada ácido nucleico contém quatro tipos de bases nitrogenadas. As purinas, adeni- na e guanina estão presentes tanto no DNA quanto no RNA. Contudo, no DNA, as pirimidinas são citosina e timina; no RNA, a uracila é encontrada no lugar da timina. O RNA apresenta como função primordial a síntese de proteínas (LEWIN, 2009). Quando comparado ao DNA, o RNA apresenta duas diferenças básicas no que se refere à composição: enquanto o açúcar do DNA é a desoxirribose, o RNA apre- senta em sua constituição a ribose (Figura 6), que possui um grupo hidroxila (OH) adicional, localizado no carbono 2’; no RNA, a base pirimídica uracila está presen- te no lugar da timina. E diferente do DNA, moléculas de RNA têm a capacidade de catalisar reações biológicas. 12 13 Ribose Desoxirribose OH OHOH HOCH2HOCH2 OH OH O H H H H H HHHH O Figura 6 – Fórmulas estruturais da ribose e desoxirribose Fonte: Adaptado de Lewin, 2009 Em relação às hexoses, estas são os principais açúcares de muitas frutas e cereais. Diferem estruturalmente em composição química (Figura 7). Figura 7 – Fórmulas estruturais dos monossacarídeos hexoses Fonte: Marzzoco & Torres, 2015 Glicose e frutose são os principais açúcares de muitas frutas, como uva, maçã, laranja, pêssego, entre outras. A presença da glicose e da frutose possibilita, devido à fermentação, a produção de bebidas como o vinho e as sidras, cujo processo é anae- róbio e envolve a ação de microrganismos. Nesse processo, os monossacarídeos são convertidos, principalmente, em etanol e dióxido de carbono com liberação de energia. Nos seres humanos, o metabolismo da glicose é a principal forma de supri- mento energético. Oligossacarídeos Os oligossacarídeos são formados por cadeias curtas de monossacarídeos, por meio de ligações glicosídicas. Essas ligações são formadas por duas hidroxilas, pre- sentes nas moléculas de monossacarídeos, apresentando a exclusão de uma mo- lécula de água (Figura 8). As ligações glicosídicas são hidrolisadas facilmente pelo 13 UNIDADE Bioquímica de Carboidratos aquecimento com ácido diluído. Tal ligação ocorre pela condensação entre o grupo hidroxila de um monossacarídeo com o carbono anomérico 1 de outro monossa- carídeo. A extremidade na qual se localiza o carbono anomérico é a extremidade redutora. Quando o carbono anomérico de ambos os monossacarídeos reage para formar a ligação glicosídica, o açúcar não é mais redutor. Ou seja, o açúcar redutor é aquele que apresenta um grupo aldeído ou um grupo cetônico livre. A ligação hemiacetal, responsável pela estrutura cíclica de alguns açucares, não compromete o caráter redutor. Os açúcares redutores são assim chamados por poderem reduzir o íon Cu++ em meio alcalino. Esse é o caso da sacarose (uma molécula de glicose e outra de frutose). A lactose (uma molécula de galactose e outra de glicose) comporta-se, dife- rentemente da sacarose, como açúcar redutor, pois o carbono anomérico en- contra-se disponível. Figura 8 – Ligação glicosídica Fonte: Adaptado de Marzzoco & Torres, 2015 Entre os oligossacarídeos, os mais comuns são os dissacarídeos, estes incluem a sacarose, a lactose e a maltose (link a seguir). Estruturas dos principais dissacarídeos – http://bit.ly/2D8KSuL Ex pl or Polissacarídeos São os carboidratos complexos, macromoléculas formadas por milhares de uni- dades monossacarídicas ligadas entre si por ligações glicosídicas, unidas em longas cadeias lineares ou ramificadas. São insípidos, insolúveis em água e amorfos no estado sólido. Apresentam ele- vado peso molecular. Diversos representantes desempenham funções estrutural e energética nos diversos organismos. Dentre os principais polissacarídeos, encontram-se o amido, o glicogênio, a celu- lose e a quitina. Sua diferenciação é dada pela unidade monomérica, comprimento e ramificação das cadeias. 14 15 O amido é a principal reserva energética dos organismos vegetais, constituído de amilose e amilopectina (Figura 9). A amilose é constituída de glicose manti- da pela ligação α-1,4 glicosídica, apresentando peso molecular entre 4.000 e 150.000. A amilopectina é formada de glicose mantida por ligações α-1,4 e α-1,6 com peso molecular de até 500.000. O amido encontra-se amplamente distribuído em diversas espécies vegetais como um carboidrato de reserva, sendo abundante em grãos de cereais (40% a 90% do peso seco), leguminosas (30% a 50% do peso seco), tubérculos (65% a 85% do peso seco) e frutas imaturas ou verdes (40% a 70% do peso seco). É encontrado em todas as formas de vegetais de folhas verdes, sejam nas suas raízes, caules, sementes ou frutas (LAJOLO; MENEZES, 2006). Ele é também a fonte mais importante de carboidratos na alimentação humana, representando 80% a 90% de todos os polissacarídeos da dieta (DENARDIN; SILVA, 2008). Do ponto de vista nutricional, este é o único polissacarídeo prontamente meta- bolizado pelo intestino humano. Na indústria, o amido é o principal responsável pelas propriedades tecnológicas que caracterizam grande parte dos produtos processados, uma vez que contribui para diversas propriedades de textura em alimentos, possuindo aplicações industriais como espessante, estabilizador de coloides, agente gelificante e de volume, adesivo, na retenção de água, dentre outros (SINGH et al., 2003). Figura 9 – Estrutura química do amido Fonte: Marzzoco & Torres, 2015 Em relação ao glicogênio, este é um polissacarídeo de reserva energética dos organismos animais, estruturalmente semelhantes à amilopectina, porém mais ra- mificado, isto é, com maior proporção de ligações α- 1,6, o que torna a molécula mais compacta. Apresenta peso molecular de até 2.000,000 (Figura 10). 15 UNIDADE Bioquímica de Carboidratos Ele é armazenado nos hepatócitos (10% peso do órgão) e no músculo estriado esquelético em menor proporção (0,7% de seu peso). A função do glicogênio he- pático é a manutenção da glicemia entre as refeições, ou seja, é uma reserva de glicose que pode ser exportada para outros órgãos, caso necessitem. O glicogênio muscular, ao contrário, não pode ser exportado, é usado pela própria fibra como fonte emergencial de energia quando a necessidade desta é muito intensa, como em uma corrida de velocidade. Figura 10 – Estrutura químicado glicogênio Fonte: Wikimedia Commons A celulose é um polissacarídeo formado de β-glucose, unidas pela ligação β-1,4; constitui a parede celular das células vegetais (Figura 11). Essas ligações interagem entre si formandeo microfibrilas, estruturas que são refratárias ao ataque de enzimas. É esse tipo de ligação que confere à celulose a propriedade de não ser digerível, uma vez que a torna insolúvel em água e confere resistência nas reações químicas. Figura 11 – Estrutura química da celulose Fonte: Marzzoco & Torres, 2015 A celulose microcristalina (MCC, em inglês ou em português, CMC) é preparada a partir da celulose natural, após purificação. A hidrólise sob condições controladas libera os microcristais celulósicos estáveis, os quais são compostos de feixes firmes de cadeias de celulose em um arranjo linear rígido. MCC tem sido amplamente utilizada como um aditivo para fármacos, alimentos, cosméticos e uso industrial em geral. Porém, recentemente sua aplicação como fi- bra dietética tem chamado atenção na área da indústria alimentícia. A MCC possui uma série de propriedades únicas, como um insolúvel aquoso, partícula em forma de haste, o que tem explicado sua ampla aplicabilidade, especialmente no campo dos alimentos. 16 17 Age como controlador de viscosidade, agente de geleificação, modificador de textura, estabilizador de suspensão, desengordurante, inibidor na formação de cris- tais de gelo, estabilizador de formas, absorvente de água, agente não adesivo, emulsificador (Aditivos e alimentos, 2018). A hemicelulose é um um polímero que deriva da celulose, porém, pode ter outros monossacarídeos na cadeia principal como amanose e a xilose. Nestes dois casos, as ligações formadas são do tipo β-1,4 o que confere às moléculas uma conformação linear (Figura 12). Ela constui a parede celular dos vegetais. (CRIVELLARI, 2012). Figura 12 – Estrutura da hemicelulose Fonte: Crivellari A. C., 2012 Em relação a quitina, esta é um polissacarídeo encontrado na formação do esque- leto de muitos artrópodes e parede celular de fungos. Sua estrutura química é muito similar a da celulose, na qual a única diferença é a substituição do grupo hidroxila no carbono C-2 do anel piranosídico por um grupo acetamido (link a seguir). Essa similaridade das estruturas é refletida no papel de ambos os polímeros na natureza, agindo como materiais estruturais e de defesa, quase sempre associados a proteínas. É o biopolímero mais abundante encontrado na natureza, depois da celulose. Estrutura química da quitina – http://bit.ly/2UbPLc1 Ex pl or E, finalmente, a Pectina é um hidrocoloide natural utilizado na indústria de ali- mentos, bebidas e fármacos devido à sua propriedade funcional geleificante e es- tabilizante. Esse polissacarídeo é um componente multifuncional na parede celular dos vegetais, participando na manutenção da união intercelular, juntamente com a celulose e hemicelulose. Frutas cítricas e tecidos vegetais jovens são suas prin- cipais fontes de extração. A interface entre os estudos que envolvem a botânica e a ciência e tecnologia de alimentos desenvolvidos ao longo de 200 anos vem possibilitando o entendimento da composição e funcionalidade dos polissacarídeos pécticos, em nível celular e molecular, o que permitiu uma maior compreensão de sua complexa e fina estrutura e das enzimas envolvidas em sua despolimerização. 17 UNIDADE Bioquímica de Carboidratos Ainda sobre a pectina, são hidrocoloides naturais presentes em plantas superio- res que formam um grupo heteromolecular de polissacarídeos estruturais encon- trados na parede celular primária das células vegetais e nas camadas intercelulares (lamela média), contribuindo para adesão entre as células, firmeza e resistência mecânica do tecido. Este polissacarídeo é um componente multifuncional na parede celular dos vege- tais, participando na manutenção da união intercelular, juntamente com a celulose e hemicelulose. A importância da pectina na tecnologia e no processamento de alimentos está associada à sua função de conferir firmeza, retenção de sabor e aroma, bem como ao seu papel como hidrocoloide na dispersão e estabilização de diversas emulsões. A formação de gel é a principal característica funcional da pectina e depende essencialmente das características do meio: pH, teores de sólidos solú- veis e cátions divalentes, além de depender dos níveis de pectinas e do seu grau de metoxilação. Frutas cítricas e tecidos vegetais jovens são suas principais fontes de extração (PAIVA et al., 2009). Bioenergética e Metabolismo Os organismos vivos podem ser divididos em dois grupos de acordo com a forma química pela qual obtêm carbono do meio ambiente. Os autotróficos (como bactérias fotossintéticas, algas verdes e plantas vasculares) podem usar o dióxido de carbono da atmosfera como sua única fonte de carbono, a partir da qual formam todas as suas biomoléculas constituídas de carbono. Alguns organismos autotróficos, como as cia- nobactérias, também podem utilizar nitrogênio atmosférico para gerar todos os seus componentes nitrogenados. Já os heterotróficos (animais e microrganismos) não con- seguem utilizar o dióxido de carbono atmosférico e devem obter carbono a partir do ambiente na forma de moléculas orgânicas relativamente complexas, como a glicose. O metabolismo é uma atividade celular altamente coordenada, em que muitos sistemas multienzimáticos (vias metabólicas) cooperam para, primeiramente, obter energia química capturando energia solar ou degradando nutrientes energetica- mente ricos obtidos do meio ambiente; segundo, para converter as moléculas dos nutrientes em moléculas com características próprias de cada célula, incluindo pre- cursores de macromoléculas; terceiro, para polimerizar precursores monoméricos em macromoléculas (proteínas, ácidos nucleicos e polissacarídeos); e, por último, sintetizar e degradar as biomoléculas necessárias para as funções celulares especia- lizadas, como lipídios de membrana, mensageiros intracelulares e pigmentos. 18 19 O metabolismo divide-se classicamente em catabolismo, processo pelo qual se obtém energia e poder redutor a partir de macromoléculas como proteínas, triacil- gliceróis. As vias catabólicas liberam energia, e parte dessa energia é conservada na forma de adenosinatrifosfato (ATP) e de transportadores de elétrons reduzidos (NADH, NADPH e FADH2); o restante é perdido como calor. E o anabolismo, pro- cesso pelo qual a ocorre produção de novos componentes celulares, em processos que geralmente utilizam a energia e o poder redutor a partir de moléculas menores como aminoácidos. As reações anabólicas necessitam de fornecimento de energia, geralmente na forma de potencial de transferência do grupo fosforil do ATP e do poder redutor de NADH, NADPH e FADH2 (Figura 13). Figura 13 – A relação energética entre as vias catabólicas e anabólicas. As vias catabólicas liberam energia química na forma de ATP, NADH,NADPH e FADH2. Esses transportadores de energia são usados em vias anabólicas para converter precursores pequenos em macromoléculas celulares Fonte: Nelson & Cox, 2014 19 UNIDADE Bioquímica de Carboidratos A glicose ocupa posição central no metabolismo de plantas, animais e muitos microrganismos. Ela é relativamente rica em energia potencial e, por isso, é um bom combustível; a oxidação completa da glicose a dióxido de carbono e água ocorre com uma variação da energia livre padrão de 22.840 kJ/mol. Por meio do armaze- namento da glicose na forma de polímero de alta massa molecular, como o amido e o glicogênio, a célula pode estocar grandes quantidades de unidades de hexose, enquanto mantém a osmolaridade citosólica relativamente baixa. Quando a demanda de energia aumenta, a glicose pode ser liberada desses polímeros de armazenamento intracelulares e utilizada para produzir ATP de maneira aeróbia ou anaeróbia. Em animais e em vegetais vasculares, a glicose tem quatro destinos principais: ela pode ser usada na síntesede polissacarídeos complexos direcionados ao espaço extracelular; ser armazenada nas células (como polissacarídeo ou como sacarose); ser oxidada a compostos de três átomos de carbonos (piruvato) por meio da gli- cólise, para fornecer ATP e intermediários metabólicos; ou ser oxidada pela via das pentoses-fosfato (fosfogliconato), produzindo ribose-5-fosfato para a síntese de ácidos nucleicos e NADPH para processos biossintéticos redutores. Existe uma grande variedade de vias metabólicas. Em humanos, as vias metabó- licas mais importantes são: Glicólise (do grego glykys, “doce” ou “açúcar”, e lysis,“quebra”) ou via glicolítica É o processo pelo qual uma molécula de glicose é degradada em uma série de reações catalisadas por enzimas, gerando duas moléculas do composto de três átomos de carbono, o piruvato. Durante as reações sequenciais da glicólise, parte da energia livre da glicose é conservada na forma de ATP e NADH. A quebra glicolítica da glicose é a única fonte de energia metabólica em alguns tecidos e células de mamíferos (por exemplo, eritrócitos, medula renal, cérebro e es- perma). Alguns tecidos vegetais modificados para o armazenamento de amido (como os tubérculos da batata) e algumas plantas aquáticas (por exemplo, agrião) derivam a maior parte de sua energia da glicólise; muitos microrganismos anaeróbios são totalmente dependentes da glicólise. Esse processo é realizado em duas etapas: a primeira em que se trata da fosfo- rilação da glicose para que seja mantida presa na célula onde é oxidada ao Glice- raldeido-3P e à Dihidroxiacetona-P. Nessa primeira etapa, só há gasto de energia. A segunda, a Dihidroxiacetona-P é transformada em Gliceraldeido 3P para con- tinuar a via. As duas moléculas de Gliceraldeido-3P são transformadas em duas moléculas de piruvato. Nessa segunda etapa, há compensação da energia perdida na primeira etapa, apresentando um saldo positivo de ATP (no link a seguir). 20 21 Passos e Etapas da Glicólise Para cada molécula de glicose que passa pela fase preparatória (a), duas moléculas de gli- ceraldeído-3-fosfato são formadas; as duas passam pela fase de pagamento (b). O piruvato é o produto fi nal da segunda fase da glicólise. Para cada molécula de glicose, dois ATP são consumidos na fase preparatória e quatro ATP são produzidos na fase de pagamento, dando um rendimento líquido de dois ATP por molécula de glicose convertida em piruvato. Acesse no link a seguir: http://bit.ly/2KvGXyf Ex pl or A glicoquinase é uma enzima específica que usa como substrato a glicose e atua somente no fígado ou pâncreas, já a hexoquinase pode atuar sobre a glicose, fru- tose ou manose somente no músculo. Todas as enzimas da via glicolítica, ∆G das reações e gasto ou produção de energia estão na Tabela 2. É importante salientar que NADH+ H+ citosólico, produzido na via glicolítica, dependendo do órgão, pode ser transportado para mitocôndria no processo aeróbico através de duas formas: en- trando como o próprio NADH ou como FAH2. Se transportado para a mitocôndria em forma de NADH+ H+, conta-se como 2,5 ATPs. Se for transportado para a mi- tocôndria na forma de FADH2, conta-se somente 1,5 ATPs, como veremos adiante. Tabela 2 – Reações da via glicolítica, energia e ATP. GK = enzima glicoquinase e HK=hexoquinase Reações da via glicolítica Enzima ∆G da reação ATP (gastos ou produzidos) 1 HK/GK -33,4 -1 2 isomerase -2,5 3 Quinase -22,2 -1 4 Aldolase -1,25 5 Desidrogenase 2,5 6 Isomerase -1,7 +2,5 ou 1,5(x2) * 7 Quinase 2,25 +1(x2) 8 Mutase 0,8 9 Aldolase -3,3 10 Quinase -16,7 +1(x2) Saldo 5 ou 3 ATPs Fonte: Guerra, adaptada pelo autor, 2018 O piruvato formado na glicólise é, mais adiante, metabolizado por três rotas catabólicas (Figura 14). Primeiramente, em organismos aeróbios ou em tecidos em condições aeróbias, a glicólise é apenas o primeiro estágio da degradação completa da glicose. O piruvato é oxidado, com a perda de seu grupo carboxil na forma de CO2, para gerar o grupo acetil da acetil-coenzima A; o grupo acetil é então com- pletamente oxidado a CO2 no ciclo do ácido cítrico. Os elétrons originados dessas oxidações são transferidos ao O2 por uma cadeia de transportadores na mitocôn- dria, formando H2O. A energia liberada nas reações de transferência de elétrons impulsiona a síntese de ATP na mitocôndria. 21 UNIDADE Bioquímica de Carboidratos O segundo destino do piruvato é a sua redução a lactato por meio da fermen- tação láctica. Quando em contração vigorosa, o músculo esquelético trabalha em condições de baixa pressão de oxigênio (hipoxia), em que NADH não pode ser reoxidado a NAD1. Contudo, NAD1 é necessário como aceptor de elétron para a oxidação do piruvato. Sob essas condições, o piruvato é reduzido a lactato, rece- bendo os elétrons do NADH, dessa forma, regenerando o NAD1 necessário para continuar a glicólise. Certos tecidos e tipos celulares (p. ex., retina e eritrócitos) convertem glicose a lactato mesmo em condições aeróbias, e o lactato também é o produto da glicólise em condições anaeróbias em alguns microrganismos. E, por último, o catabolismo do piruvato leva à produção de etanol. Em alguns tecidos vegetais e em certos invertebrados, protistas e microrganismos, como le- vedura da fabricação da cerveja e do pão, o piruvato é convertido, em hipoxia ou condições anaeróbias, em etanol e CO2, um processo chamado de fermentação etanólica (alcoólica). Figura 14 – Os três destinos catabólicos possíveis do piruvato formado na glicólise. O piruvato também serve como precursor em muitas reações anabólicas, não mostradas aqui Fonte: Nelson & Cox, 2014 Como já visto, na matriz mitocondrial, o piruvato é convertido em acetil CoA. A respiração aeróbica envolve a glicólise e o ciclo do ácido tricarboxílico (ciclo de Krebs). O piruvato é completamente degradado a dióxido de carbono (C1) e, nesse processo, o NAD é convertido à NADH. Desta forma, na via aeróbica, o NADH é gerado a partir de duas rotas, glicólise e ciclo de Krebs. A Fosforilação oxidativa converte o excesso de NADH a NAD e, no processo, mais ATP (forma de energia 22 23 armazenada) é produzido. As ubiquinonas e os citocromos são os componentes da cadeia de transporte de elétrons envolvidos neste último processo. A conversão de oxigênio à água é o passo final deste processo que é totalmente dependente de O2. Ciclo de Krebs ou do Ácido Cítrico O ciclo de Krebs é o conjunto de reações que conduz à oxidação completa da glicose. Ocorre na matriz da mitocôndria dos eucariontes e no citoplasma dos procariontes. Os principais reagentes do ciclo de Krebs são o acetato na forma de acetil-CoA, água e transportadores de elétrons. As reações são catalisadas por enzimas, dentre as quais se destacam as descarboxilases (catalisadores das descar- boxilações) e as desidrogenases (catalizadores das reações de oxidação-redução que conduzem à formação de NADH). Cada molécula de glicose conduz à formação de duas moléculas de piruvato, que originam duas moléculas de acteil-CoA, dando início a dois ciclos de Krebs (Figura 15). Ciclo de Krebs C ^ ` Oxidação de Ácidos graxos Biossíntese de Ácidos graxos Biossíntese do Colesterol Oxidação e Biossíntese de Aminoácidos Ácido aspártico Fenilalanina Tirosina Biossíntese da Porfirina Valina Isoleucina Metionina Oxidação de Ácidos graxos Oxidação e Biossíntese de Aminoácidos Figura 15 – Etapas do ciclo de Krebs Fonte: Wikimedia Commons 23 UNIDADE Bioquímica de Carboidratos Para cada molécula de glicose degradada, resultam no final do ciclo de Krebs: • 6 moléculas de NADH; • 2 moléculas de FADH2; • 2 moléculas de ATP; • 4 moléculas de CO2. O ciclo de Krebs é controlado fundamentalmente pela disponibilidade de subs- tratos, inibição pelos produtos e por outros intermediários do ciclo. A piruvato desidrogenase é inibida pelos próprios produtos, acetil-CoA e NADH. A Citra- to sintase é inibida pelo próprio produto, citrato. Também inibida por NADH e succinil-CoA, que sinalizama abundância de intermediários do ciclo de Krebs. Já a Isocitrato desidrogenase e α-cetoglutarato desidrogenase, tal como a citrato sin- tase, são inibidas por NADH e succinil-CoA. A isocitrato desidrogenase também é inibida por ATP, e estimulada por ADP. Todas as desidrogenases mencionadas são estimuladas pelos íons cálcio. Cadeia de Transporte de Elétrons e Fosforização Oxidativa A cadeia transportadora de elétrons é a etapa de maior síntese de ATP celular. Nesse processo, ocorre reoxidação de NADH+ H+ e FADH em NAD+ e FAD+ e ou- tros pares redoxes compostos de coenzima Q, citocromos b, c, c1, a, a3, os quais são apresentados nas suas formas oxidadas e reduzidas no processo de transporte de elétrons. O transporte de elétrons ocorre no espaço intermembrana e a fosforilação oxidativa ocorre na matriz mitocondrial em conjunto com a ATP sintetase (Figura 16). Intermembranas Figura 16 – Compartimentalização mitocondrial onde a parte vermelha representa as porções F1 e F0 da ATP sintetase, ligada na membrana mitocondrial interna Fonte: Adaptado de Guerra, 2011 Todos os elétrons capturados pelo NAD+ ou pelo FAD+ no processo de oxidação de macromoléculas como carboidratos, lipídios e proteínas são levados por essas mesmas moléculas nas formas reduzidas, NADH+ H+ e FADH2, para serem trans- portados com ajuda de outros pares redox na cadeia de transporte de elétrons. 24 25 A fosforilação oxidativa é a culminação do metabolismo produtor de energia em organismos aeróbios. Todos os passos oxidativos na degradação de carboidratos, gorduras e aminoácidos convergem para esse estágio final da respiração celular, onde a energia da oxidação governa a síntese de ATP. A fosforilação oxidativa envolve o fluxo de elétrons por meio de uma cadeia de transportadores da membrana; a energia livre que se torna disponível por esse fluxo de elétrons “montanha abaixo” (exergônico) é acoplada ao transporte “mon- tanha acima” de prótons através de uma membrana impermeável a prótons, con- servando a energia livre da oxidação do combustível na forma de um potencial eletroquímico transmembrana, enquanto o fluxo transmembrana de retorno dos prótons a favor de seu gradiente de concentração por canais proteicos específicos fornece a energia livre para a síntese de ATP, catalisada por um complexo proteico presente na membrana (ATP-sintase), que acopla o fluxo de prótons à fosforilação do ADP (Figura 17). Figura 17 – O mecanismo quimiosmótico para a síntese de ATP. Em mitocôndrias, os elétrons se movem por uma cadeia de transportadores ligados a membranas (a cadeia respiratória) espontaneamente, governados pelo alto potencial de redução do oxigênio e pelos potenciais de redução relativamente baixos dos diversos substratos reduzidos (combustível), que sofrem oxidação na mitocôndria Fonte: Nels on & Cox, 2014 A fosforilação é regulada pelas necessidades de energia da célula. A [ADP] intracelular e a razão de ação das massas [ATP]/[ADP] [Pi] são parâmetros do estado de energia da célula. Nas células em privação parcial ou total de oxigênio, como os tecidos isênquimos, um inibidor proteico bloqueia a hidrólise do ATP pela operação da ATP sintase em sentido invertido, impedindo uma queda drástica na [ATP]. 25 UNIDADE Bioquímica de Carboidratos No tecido adiposo marrom, especializado na produção de calor metabólico, a transferência de elétrons é desacoplada da síntese de ATP e a energia de oxidação dos ácidos graxos é dissipada como calor. As concentrações de ATP e ADP estabe- lecem a velocidade de transferência de elétrons através da cadeia respiratória por meio de uma série de controles interligados agindo na respiração, na glicólise e no ciclo do ácido cítrico. O papel metabólico das mitocôndrias é tão crucial para o funcionamento da célula e do organismo que defeitos na função mitocondrial têm consequências mé- dicas muito sérias. Elas são centrais para as funções neuronal e muscular e para a regulação do metabolismo energético do corpo como um todo e do peso corporal. Doenças humanas neurodegenerativas, assim como câncer, diabetes e obesidade, são reco- nhecidas como possíveis resultados do comprometimento da função mitocondrial, e uma teoria de envelhecimento baseia-se na perda gradual da integridade mitocon- drial. A produção de ATP não é a única função importante da mitocôndria; essa organela também age na termogênese, síntese de esteroides e apoptose (morte celular programada). Carboidratos Importantes A frutose é encontrada principalmente nas frutas e no mel. É o mais doce dos açú- cares simples. Fornece energia de forma gradativa, por ser absorvida lentamente, o que evita que a concentração de açúcar no sangue (glicemia) aumente muito depressa. Em relação à glicose, esta é resultado do metabolismo de carboidratos mais complexos, polissacarídeos, encontrados nos cereais, frutas e hortaliças. É rapida- mente absorvida, sendo utilizada como fonte de energia imediata ou armazenada no fígado e no músculo na forma de glicogênio muscular. A maltose é formada por duas moléculas de glicose, é resultado da quebra do amido presente nos cereais em fase de germinação e nos derivados do malte. Usa- da na fabricação de cerveja. Já a lactose é o principal açúcar presente no leite, sendo de 5 a 8% no leite huma- no e de 4 a 5% no leite de vaca. É composto por glicose e galactose, sendo o açúcar menos doce. A galactose é proveniente da lactose, o dissacarídeo do leite e seus derivados. No fígado, é transformada em glicose para fornecer energia. A sacarose é encontrada na cana-de-açúcar e na beterraba. É o açúcar mais comum, açúcar branco, formado por glicose e frutose. Tem rápida absorção e metabolização, eleva glicemia e fornece energia imediata para a atividade física, contribui para a formação das reservas de glicogênio. 26 27 O amido é um polissacarídeo encontrado nos vegetais, como cereais, raízes, tu- bérculos, leguminosas e outros. Constitui a principal fonte dietética de carboidrato. Em relação à maltodextrina, é um polímero de glicose que fornece energia devi- do ao mecanismo enzimático que ocorre no intestino, até sua forma mais simples, glicose. Evita, deste modo, picos glicêmicos, além de ser ótimo precursor para a síntese de glicogênio muscular. E, por último, a pectina que é um polissacarídeo indigerível, absorve água formando gel, retarda o esvaziamento gástrico. Está presente na casca de frutas. Utilizada em geleias, marmelada, e como estabilizante em bebidas e sorvetes. (PINHEIRO et al., 2005) Fontes de Carboidratos Os carboidratos não estão presentes apenas no pão, massas, cereais e arroz. Evidentemente, esses alimentos possuem carboidratos, mas não são suas únicas fontes. Todas as frutas e verduras contêm carboidratos, sendo também encontra- dos em alguns produtos derivados do leite. Na verdade, todo alimento à base de vegetais possui carboidrato. Através do processo de fotossíntese, as plantas arma- zenam carboidratos como sua principal fonte de energia. Os vegetais são ricos em carboidratos, que é sua forma de armazenamento de energia. Quando alimentos à base de vegetais são ingeridos, essa energia armazenada é colocada em uso dentro do organismo. Embora a proteína e a gordura possam ser utilizadas para produzir energia, o carboidrato é a fonte de combustível mais fácil para o organismo usar e, por isso, a preferida. Isso se deve principalmente à estrutura química básica do carboidrato, ou seja, as unidades de carbono, hidrogênio e oxigênio. Ingerir uma grande quantidade de carboidratos é essencial porque eles fornecem um suprimento de energia estável e facilmente disponível para o organismo. Na ver- dade, são a principal fonte de energia para o cérebro e o sistema nervoso central. 27 UNIDADE Bioquímica de Carboidratos Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Princípios de Bioquímica de Lehninger NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de bioquímica de Lehninger.6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. Harper Bioquímica Ilustrada MURRAY, R. K. et al., Harper Bioquímica Ilustrada. 29 ed., Rio de Janeiro: Atheneu, 2013. Leitura Pouco Carboidrato, muita controvérsia ALMEIDA, G. Pouco carboidrato, muita controvérsia. Cienc. Cult., São Paulo, v. 69, n. 4, p. 18-19, Oct. 2017. http://bit.ly/2UDsXXH Influência do Índice Glicêmico na Glicemia em Exercício Físico Aeróbico FARIA, Valéria Cristina de et al. Influência do índice glicêmico na glicemia em exercício físico aeróbico. Motriz: Rev. Educ. Fis. (Online), Rio Claro, v. 17, n. 3, p. 395-405, set. 2011. http://bit.ly/2UCvu4t 28 29 Referências BRASILEIRO FILHO, G. Bogliolo: Patologia. 5. ed. São Paulo: Guanabara Koogan, 2013. CELULOSE MICROCRISTALINA. Disponível em: <http://aditivosingredien- tes.com.br/upload_arquivos/201602/2016020484946001454331689.pdf> Acesso em 12 de out 2018. CRIVELLARI, A. C. Caracterização estrutural das hemiceluloses de paredes celulares da cana-de-açúcar, 2012, 93p. Dissertação de mestrado. Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. DENARDIN, C. C.; SILVA, L. P. Estrutura dos grânulos de amido e sua relação com propriedades físico-químicas. Ciência Rural, Santa Maria, 2008. GALLO, L. A.; BASSO, L. C. Fundamentos de Bioquímica para Ciências Bio- lógicas, Ciências dos Alimentos, Agronômicas e Florestais. Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. Universidade de São Paulo, 3-13p., 2012. GUERRA, R. A. T. Caderno Virtual: Bioenergética e bioquímica., ed. Universitária, João Pessoa, 63-75p., 2011. JUNQUEIRA, L. C. U.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 9. ed. São Paulo: Guanabara Koogan, 2012. HORTON, R. H., et al. Princípios de Bioquímica. 4. ed. São Paulo: Pearson Education, 2008. LAJOLO, F. M.; MENEZES, E. W. Carbohidratos em alimentos regionales Ibe- roamericanos. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2006. LEWIN, B. Genes IX. Porto Alegre: Artmed, 2009. MARZZOCO, A.; BAYARDO, T. Bioquímica Básica. 4. ed. São Paulo: Guanabara Koogan, 2015. MOREIRA, C. Respiração. Revista de Ciência Elementar. 1(01): 000, 2013. MURRAY, R. K. et al., Harper Bioquímica Ilustrada. 29 ed., Rio de Janeiro: Atheneu, 2013. NELSON, David L.; COX, M. M. 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