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Aula 16-04-2020 - PLANO DE AULA - agravo de instrumento

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PLANO DE AULA
Processo Civil – Recursos
Turma: 5AM
Professora: Daniele Barreto Fernandes Data: 16/04/2020
Recursos em espécie: AGRAVO DE INSTRUMENTO
1. Noções gerais
a) - O artigo 1015, CPC, apresenta uma tipologia de decisões interlocutórias e que são agraváveis de instrumento. 
Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:
I - tutelas provisórias;
II - mérito do processo;
III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem; 
IV – incidente (PEDIDO FEITO DENTRO DO PROCESSO) de desconsideração da personalidade jurídica;
V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação;
VI - exibição ou posse de documento ou coisa;
VII - exclusão de litisconsorte; (QUE MANTER O LITISCONSORTE NÃO)
VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio; 
IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;
X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução;
XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º ; (CABE ATÉ NOS CASOS DE URGÊNCIA NO CODIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR) Art. 373. O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. § 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.
XII - (VETADO);
XIII - outros casos expressamente referidos em lei.
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário.
b) - As interlocutórias não referidas não são agraváveis de instrumento, mas recorríveis por apelação (ou seja, é errado concluir que contra elas não cabe recurso).
c) - O rol é taxativo, porém, segundo STJ, TAXATIVIDADE MITIGADA
· Tese fixada pelo STJ - STJ. Corte Especial. REsp 1.704.520-MT, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/12/2018 (recurso repetitivo) (Info 639) - O rol do art. 1.015 do CPC é de taxatividade mitigada, por isso admite a interposição de agravo de instrumento quando verificada a urgência decorrente da inutilidade do julgamento da questão no recurso de apelação.
· Por que esse nome “taxatividade mitigada”? Foi uma expressão cunhada pela Min. Nancy Andrighi, com o seguinte: o objetivo do legislador foi o de prever um rol taxativo e isso deve ser, na medida do possível, respeitado. No entanto, trata-se de uma taxatividade mitigada (suavizada, abrandada, relativizada); desde que preenchido um requisito objetivo: a urgência (urgência, para os fins de cabimento de agravo de instrumento, significa que a decisão interlocutória proferida trouxe, para a parte, uma situação na qual ela não pode aguardar para rediscutir futuramente no recurso de apelação – não terá nenhum proveito para a parte).
· Concluindo: o agravo de instrumento será cabível: 1) nos casos previstos expressamente no art. 1.105 do CPC (aqui a urgência foi presumida pelo legislador); 2) mesmo que a situação esteja fora da lista do art. 1.015, desde que verificada a urgência decorrente da inutilidade do julgamento da questão no recurso de apelação (o Tribunal irá analisar se existe urgência ou não para admitir o conhecimento do agravo).
· STJ - REsp 1704520/MT - É cabível a interposição de agravo de instrumento contra decisão relacionada à definição de competência, a despeito de não previsto expressamente no rol do art. 1.015 do CPC/2015.Apesar de não previsto expressamente no rol do art. 1.015 do CPC/2015, a decisão interlocutória que acolhe ou rejeita a alegação de incompetência desafia recurso de agravo de instrumento.
2. Requisitos da petição de interposição
a) O agravo de instrumento é dirigido para o Tribunal; (NÃO PASSA PARA O JUIZ DE 1ºGRAU)
b) Requisitos art. 1.016.
Art. 1.016. O agravo de instrumento será dirigido diretamente ao tribunal competente, por meio de petição com os seguintes requisitos:
I - os nomes das partes;
II - a exposição do fato e do direito;
III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão e o próprio pedido;
IV - o nome e o endereço completo dos advogados constantes do processo.
3. Instrução da petição de interposição (ART 1.017) 
Art. 1.017. A petição de agravo de instrumento será instruída:
I - obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da contestação, da petição que ensejou a decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que comprove a tempestividade e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado;
II - com declaração de inexistência de qualquer dos documentos referidos no inciso I, feita pelo advogado do agravante, sob pena de sua responsabilidade pessoal;
III - facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis.
§ 1º Acompanhará a petição o comprovante do pagamento das respectivas custas e do porte de retorno, quando devidos, conforme tabela publicada pelos tribunais.
§ 2º No prazo do recurso, o agravo será interposto por:
I - protocolo realizado diretamente no tribunal competente para julgá-lo;
II - protocolo realizado na própria comarca, seção ou subseção judiciárias;
III - postagem, sob registro, com aviso de recebimento;
IV - transmissão de dados tipo fac-símile, nos termos da lei;
V - outra forma prevista em lei.
§ 3º Na falta da cópia de qualquer peça ou no caso de algum outro vício que comprometa a admissibilidade do agravo de instrumento, deve o relator aplicar o disposto no art. 932, parágrafo único .
§ 4º Se o recurso for interposto por sistema de transmissão de dados tipo fac-símile ou similar, as peças devem ser juntadas no momento de protocolo da petição original.
§ 5º Sendo eletrônicos os autos do processo, dispensam-se as peças referidas nos incisos I e II do caput , facultando-se ao agravante anexar outros documentos que entender úteis para a compreensão da controvérsia.
a) Obrigatória (I);
b) Facultativas (III).
c) Declaração de inexistência pelo advogado (II); que não existe os documentos obrigatórios indicados.
d) Dispensa em caso de documento eletrônico; podendo juntar outros documentos que repute útil.
** No caso de ausência de algum documento aplica-se parágrafo único do artigo 932.
· Para essa dispensa deve ser eletrônico em ambas as instancias (REsp 1.643.956-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 9/5/2017.)
4. Comprovante do pagamento do preparo.
5. Formas de interposição: diretamente no tribunal; protocolo realizado na própria comarca, seção ou subseção judiciárias; postagem, sob registro, com aviso de
recebimento; por fax nos termos da lei; outra forma prevista em lei. (Meio eletrônico, por exemplo, o que depende de regra de cada tribunal).
a) Juntada em primeira instância: O agravante poderá, em 03 dias, comunicar com cópia o juízo de 1º grau que houve agravo de instrumento. A juntada é uma faculdade quando os autos forem eletrônicos (expressão “poderá” do “caput”).
· Para inviabilizar retratação (efeito regressivo) é ônus do agravante a juntada da cópia da petição do agravo. É ínsita ao recurso de agravo de instrumento a retratação no caso de interposição (efeito regressivo). Nesse caso, para viabilizar a retratação, a juntada é um ônus do agravante.
· Enquanto não julgado o agravo de instrumento, o juízo a quo poderá retratar-se (parágrafo 1º do artigo 1018). Se a retratação for completa, o tribunal julgará prejudicado o recurso; se for parcial, só reexaminará aquela parte da decisão que não foi reformada.
Art. 1.018. O agravante poderá requerer a juntada, aos autos do processo, de cópia da petição do agravo de instrumento,do comprovante de sua interposição e da relação dos documentos que instruíram o recurso. (“AUTOS ELETRÔNICOS”)
§ 1º Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão (RETRATAÇÃO), o relator considerará prejudicado o agravo de instrumento.
§ 2º Não sendo eletrônicos os autos, o agravante tomará a providência prevista no caput , no prazo de 3 (três) dias a contar da interposição do agravo de instrumento. (“AUTOS FÍSICOS”)
§ 3º O descumprimento da exigência de que trata o § 2º, desde que arguido e provado pelo agravado, importa inadmissibilidade do agravo de instrumento.
· Havendo retratação, poderá ser interposto pela parte contrária um novo agravo de instrumento, desde que a nova decisão se insira nas hipóteses do art. 1.015 do CPC.
b) Autos físico: (§ 2º): o agravante tomará a providência de juntada no prazo de 3 (três) dias. O descumprimento – inadmissibilidade do agravo desde que arguido e provado pelo agravado.
6. ATUAÇÃO DO RELATOR (artigo 1019).
a) Atuação monocrática
· O artigo 1.019 diz que o relator pode julgar monocraticamente o recurso nas hipóteses do art. 932, incisos III e IV, o relator. Essa previsão preza pela celeridade processual e pela observância os precedentes.
· Cabe agravo interno para o colegiado (é aquele que cabe contra as decisões monocráticas do relator).
b) O AI, em regra, não possui efeito suspensivo.
c) Não sendo esse caso o relator, no prazo de 05 (cinco) dias:
· Poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso (efeito suspensivo) ou deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal.
· Intimará o agravado para responder ao agravo em 15 dias. (Ordenará a intimação do agravado pessoalmente, por carta com aviso de recebimento, quando não tiver procurador constituído, ou pelo Diário da Justiça ou por carta com aviso de recebimento dirigida ao seu advogado, para que responda no prazo de 15 (quinze) dias, facultando-lhe juntar a documentação que entender necessária ao julgamento do recurso).
· Intimação do Ministério Público, preferencialmente por meio eletrônico, quando for o caso de sua intervenção, para que se manifeste no prazo de 15 (quinze) dias.
· O relator solicitará dia para inclusão do recurso na pauta de julgamento em prazo não superior a 1 (um) mês da intimação do agravado.
7. Na sessão de julgamento:
a) Exposição da causa pelo relator.
b) Sustentação oral contra decisões interlocutórias que versem sobre tutelas provisórias de urgência ou da evidência (VIII do artigo 936) • Sustentação oral do recorrente pelo prazo improrrogável de 15 (quinze) minutos. • Sustentação oral do recorrido pelo prazo improrrogável de 15 (quinze) minutos para cada * Ministério Público, pelo prazo improrrogável de 15 (quinze) minutos para
c) Haverá a discussão do mérito – recurso provido ou improvido.
8. É possível que o Tribunal, ao julgar agravo de instrumento, aplique a teoria da causa madura e aprecie desde logo o mérito? SIM. Admite-se a aplicação da teoria da causa madura (art. 515, § 3º, do CPC/1973 / art. 1.013, § 3º do CPC/2015) em julgamento
de agravo de instrumento. STJ. Corte Especial. REsp 1.215.368-ES, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 1/6/2016.
Bibliografia indicada: Bueno, Cassio Scarpinella. Manual de Direito Processual Civil - Lei Nº 13.105, de 16.03.2015 - Vol. Único - 2ª Ed. 2018 - Dos recursos em espécie.

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