Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE ITUVERAVA FACULDADE DR. FRANCISCO MAEDA ANA FAUSTA CORREIA DE CARVALHO DINIZ ARTUR CAVALINI LAVRADOR GABRIELA FERREIRA LEMES JAIME ALFREDO SALAZAR ABARCA MARCELO CASTRO ANGELO NADIA PALOMA ROGÉRIO DA SILVA NATHÁLIA SILVA DE OLIVEIRA KARINA DE CASTRO MACHADO CIRURGIAS RECONSTRUTIVAS EM GRANDES ANIMIAIS ITUVERAVA – SP 2020 ANA FAUSTA CORREIA DE CARVALHO DINIZ ARTUR CAVALINI LAVRADOR GABRIELA FERREIRA LEMES JAIME ALFREDO SALAZAR ABARCA MARCELO CASTRO ANGELO NADIA PALOMA ROGÉRIO DA SILVA NATHÁLIA SILVA DE OLIVEIRA KARINA DE CASTRO MACHADO CIRURGIAS RECONSTRUTIVAS EM GRANDES ANIMAIS Trabalho apresentado à Faculdade Dr. Francisco Maeda - FAFRAM, como pré- requisito avaliativo da disciplina de Clínica Cirúrgica de Grandes Animais da graduação em Medicina Veterinária. Discente: Prof. MSc. Luiz Roberto P. de A. Jr. ITUVERAVA – SP 2020 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................... 3 2. CIRURGIAS RECONSTRUTIVAS ..................................................... 3 3. FERIMENTOS .................................................................................. 10 4. CIRURGIAS ORTOPÉDICAS .......................................................... 15 4.1. TENORRAFIA ............................................................................... 16 5. CIRURGIAS UROGENITAIS ............................................................ 18 5.1. VULVOPLASTIA EM ÉGUAS ....................................................... 19 5.2. SUTURA DA VULVA BOVINA EM CASO DE RETENÇÃO ......... 23 5.3. URETROPLASTIA ........................................................................ 31 5.4. REPARO DE LACERAÇÃO PERINEAL ...................................... 33 6. CIRURGIAS GASTROINTESTINAIS ............................................... 36 6.1. HERNIORRAFIA UMBILICAL EM POTRO .................................. 37 6.2. HERNIORRAFIA INGUINAL NO TOURO .................................... 38 6.3. ENTERECTOMIA E ENTEROANASTOMOSE ............................. 38 7. OUTRAS CIRURGIAS ..................................................................... 40 7.1. REPARO DE LACERAÇÃO DE TETA ......................................... 40 7.2. DESCORNA COSMÉTICA ........................................................... 42 CONCLUSÃO.......................................................................................... 42 REFERÊNCIAS ....................................................................................... 43 3 1. INTRODUÇÃO A prática de cirurgias plásticas em animais domésticos para a correção de problemas funcionais e estéticos, de causa congênita ou decorrente de traumatismos, vem se intensificando no País. À medida que as técnicas operatórias evoluem e se difundem, os custos são reduzidos, tornando viável o tratamento para praticamente todos os tipos de grandes animais. A proposta é a utilização de técnicas para reparação tecidual com o uso de enxertos por exemplo, na correção de defeitos de pele traumáticos, quando fechamento primário não é possível devido ao excesso de tensão tecidual (TURNER; MCILWRAITH, 2011). Outra razão para o uso da cirurgia reconstrutiva é auxiliar a diminuir o tempo de cicatrização, diminuindo assim as chances do desenvolvimento de infecções. Várias são as técnicas de reconstrução, por isso no momento da escolha da técnica deve-se levar em conta a localização da ferida, tamanho, as linhas de tensão, disponibilidade de pele e principalmente a preferência e experiência do cirurgião quanto à técnica a ser utilizada (FOSSUM, 2015). A utilização de cadáveres para estudo e aprimoramento das técnicas de reconstrução é indicada, pois assim o cirurgião estará mais capacitado no momento do procedimento, evitando futuras complicações. Cirurgia reconstrutiva exige que o cirurgião seja flexível, tenha boa imaginação. Este trabalho tem como objetivo falar sobre a importância da utilização das técnicas de cirurgia reconstrutiva no tratamento de feridas traumáticas, apresentando algumas técnicas de fácil aplicação, bem como outras que requerem experiência profissional e conhecimento anatômico. 2. CIRURGIAS RECONSTRUTIVAS As cirurgias plásticas vêm sendo amplamente utilizadas em equinos e em bovinos. As cirurgias objetivam a correção de problemas funcionais e estéticos, que podem ter causa congênita ou serem decorrente de traumatismos. À medida que as técnicas operatórias evoluem e se difundem, os custos são reduzidos, tornando viável o tratamento. As cirurgias mais comuns são as reparadoras de traumatismos em que ocorreu cicatrização natural, sem o tratamento cirúrgico a cicatriz é exuberante, 4 semelhante à queloide em humanos, nessas cirurgias o excesso de tecido é retirado. Se houver a formação de grandes áreas sem pelo, é necessário fazer o tracionamento da pele para o local desejado, e a depender da gravidade pode ser preciso fazer um implante autógeno. O problema pode ser corrigido com o uso de técnicas cirúrgicas apropriadas, o tecido cicatrizado será removido e a aproximação deixará o local próximo do normal tendo em conta que em algumas situações o proprietário presa pela estética de seu animal. Algumas feridas, possuem processos de suturas conhecidos, como excisão elíptica escavada para reparo de um defeito alongado: na qual há um defeito alongado que não permite que as suas bordas sejam suturadas. Com isso será necessário o auxílio de tesouras para escavar a pele adjacente em talhe elíptico. Com isso, os retalhos de pele serão dispostos em direção, um ao outro, assim realizando o fechamento primário. Uma das indicações é a utilização de suturas de tensão, juntamente com uma linha de sutura interrompida simples. Retalho deslizante em “H”: usada em reparos de falhas quadradas ou retangulares. O regular é a utilização de dois retalhos de pele, entretanto se não é possível, pode-se realizar uma metade da plastia em “H”. Recortam-se triângulos nas pontas de cada braço, para evitar o enrugamento do tecido epitelial, no momento da escavação e aproximação no interior do “H”. Realiza-se uma sutura vertical de colchoeiro nos retalhos escavados, pois essa atuará como sutura de tensão. Os retalhos já suturados, são levados juntos e suturados no modelo de sutura interrompida. Se as suturas forem realizadas de forma correta, haverá o fechamento das falhas triangulares, vale ressaltar que, as linhas de incisão também serão suturadas, através de suturas interrompidas simples. Quatro processos simples de reconstituição para permitir o fechamento primário são descritos na literatura (TURNER; MCILWRAITH, 2011). Três utilizam métodos de produção de retalho deslizante e o quarto envolve a remoção do tecido excessivo para facilitar o fechamento da pele. Entre as diversas técnicas de suturas existentes vamos falar das principais para as plásticas. A Excisão Elíptica Escavada para reparo de defeitos alongados que é amplo para que as suas bordas sejam suturadas, nesta técnica com o auxilio de um par de tersouras o cirurgião escava a pele adjacente em talhe elíptico. Assim os retalhos da pele mobilizados poderão ser dispostos em direção um do outro 5 permitindo o fechamento. É indicada a aplicação de sutura de tensão associada a uma linha de sutura interrompida simples (figura 1). Figura 1: Excisão elíptica subdérmica para reparo de um defeito alongado. Fonte: (TURNER; MCILWRAITH, 2002). Retalho deslizante em “H” é uma técnica praticada para o reparo das falhas retangulares ou quadradas, sendo criado doisretalhos, entretanto se não tiver como obter pele em ambos os lados, uma metade da plástica é realizada em formato da letra “H”. São recortados triângulos em cada uma das pontas de cada braço para impedir o enrugamento da pele quando os retalhos no interior do “H” são escavados e aproximados com uma sutura vertical de colchoeiro, atuando como suturas de tensão. Os dois retalhos são então colocados juntos e suturados no modelo de sutura interrompida. Assim com a precisão da técnica os retalhos escorregam corretamente e fecham as falhas triangulares (figura 2). 6 Figura 2: Sutura plástica em técnica de retalho em “H” deslizante. Fonte: (TURNER; MCILWRAITH, 2011). Plástica em “Z” (Zetaplastia): é recomendada em duas situações distintas. A primeira é para o relaxamento de defeitos elípticos (figura 3) e a segunda, pode ser usada como revisão da cicatriz da pálpebra quando a formação de cicatriz produziu um ectrópio adquirido (figura 4). No processo de relaxamento do defeito elíptico, realiza-se a incisão em “Z”, próxima ao defeito, já a incisão central em “Z” deve ser realizada perpendicularmente ao defeito. Serão criados dois triângulos, esses deverão ser equiláteros e formar uma angulação de 60º. Eles serão escavados, para a criação de dois retalhos de pele, que serão permutados e suturados. Essa técnica, baseia-se na permutação dos dois retalhos que emcompridará em 50% a linha original. Já o segundo caso, leva a uma tensão exacerbada ao longo do eixo longitudinal, gerando um ectrópio adquirido na parte superior da pálpebra. A mesma plástica em “Z”, descrita anteriormente será realizada, gerando um alívio da tensão na parte superior da pálpebra, levando-a ao relaxamento. Figura 3: Técnica de plástica em “Z” – Zetaplastia. Fonte: (TURNER; MCILWRAITH, 2011). 7 Figura 4: Técnica de zetaplastia para aliviar o ectrópio da pálpebra. Fonte: (TURNER; MCILWRAITH, 2011). Remoção do tecido de cicatrização excessivo – Debulking – (figura 5), se dá a partir de um corte transversal, na qual há a presença de tecido de granulação abundante ou tecido cicatricial com fechamento incompleto da epiderme. Deverá ser realizada uma incisão para remover o excesso de tecido, sendo retirado por dissecação fina, fazendo com que haja um fechamento primário do tecido sobre o espaço morto. Nessa situação, o ideal é a colocação de um dreno subcutâneo. Figura 5: Técnica de remoção do tecido de cicatrização excessivo – Debulking – para permitir o fechamento primário da ferida. Fonte: (TURNER; MCILWRAITH, 2011). 8 São diversos os tipos de enxertos possíveis, como os de espessura total, parcial e enxertos em malhas. A indicação para um enxerto de pele livre em grandes animais e para diversas regiões onde há a presença de tecido de granulação com cicatrização lenta derivada de uma laceração da parte distal dos membros posteriores dos equinos Para esses casos, o enxerto cutâneo parcial tem se mostrado mais eficaz, todavia é um procedimento complexo e caro. O enxerto pode ser mais bem sucedido na presença de um leito de enxertia relativamente hostil e quando existir um baixo impedimento de movimentação. Só a presença do enxerto, mesmo se não pegar, já estimula a epitelização partindo da periferia da lesão. Em alguns casos o uso de medicação, paro regular e enfaixamento geram melhores chances de uma cicatrização bem sucedida. O local de doação do enxerto deve ser próximo a dobra do flanco, sendo preparado para uma cirurgia asséptica, com uma anestesia subcutânea em formato de “U” invertido no local. O local receptor é preparado com uma solução diluída de iodo-povidona em solução salina estéril, utilizando compressas. Uma serie de bolsas rasas são realizadas no leito do tecido de granulação. Essas aberturas devem apontar para cima de cada bolsa, sendo paralelas de 1 a 2mm abaixo da superfície do ferimento (figura 6). Cada bolsa devera ter por volta de 0,5 cm2 e com distanciamento de 1 cm. As bolsas devem cobrir o ferimento, depois de todas prontas, deve-se realizar a compressão do local por cerca de 3 a 4 minutos, para reduzir a hemorragia de novas bolsas criadas no leito de granulação. Com o auxílio de uma pinça para tecido fino, deve-se elevar a menor quantidade de pele possível da região doadora, retirando-a com um bisturi. Esses retalhos são transferidos para uma gaze umedecida com solução fisiológica ou sangue e devem ser implantadas no ferimento. Esses pequenos enxertos são inseridos um a cada bolsa do leito de granulação, deixando o lado epitelial exteriorizado (figura 7). Depois de preencher todas as bolsas, o ferimento deve ser seco, não permitindo a saída desses enxertos, devendo ser colocados um ou mais curativos estéreis e não aderentes e posteriormente enfaixado. O cavalo deve ser mantido em baia, para que haja a menor movimentação possível. A bandagem deve ser trocada pela primeira vez, após o 5º dia da realização da cirurgia. Haverá uma quantidade considerável de exsudato acumulado sobre o ferimento, devendo ser higienizado com o auxílio de esponjas estéreis embebidas em solução estéril, não podendo esfregá-lo de forma vigorosa. Ainda não é possível avaliar o grau de “pegamento” do enxerto, devendo ser enfaixado de forma similar a anterior. A troca 9 de ataduras deve ser realizada a cada 4 a 7 dias ou quando necessário, para identificar os enxertos demora cerca de 2 a 3 semas. Uma falha na identificação não significa que o procedimento foi mal sucedido. Esse resultara em um aumento na velocidade de epitelização da periferia e em uma acentuada redução do tempo de cicatrização. Figura 6: Criação das “bolsas” no leito do tecido de granulação. Fonte: (TURNER; MCILWRAITH, 2011). Figura 7: Ilustração técnica de enxertar pequenos retalhos. Fonte: (TURNER; MCILWRAITH, 2011). 10 3. FERIMENTOS Segundo Turner e Mcilwraith (2011), os cirurgiões de animais de grande porte frequentemente se defrontam com várias situações onde o animal apresente ferimentos. Já os proprietários tentam driblar estas situações tratando a ferida com diversos remédios na expectativa de economizar dinheiro. Remédios esses que muitas das vezes atrapalha o fechamento correto e a cicatrização. A profilaxia de tétano é sempre indicada e pode ser realizada pelo proprietário com a autorização do seu médico veterinário, enquanto este se desloca para o local do atendimento. A ferida em si, é a interrupção da continuidade de um tecido corpóreo, em maior ou menor extensão, causada por qualquer tipo de trauma físico, químico, mecânico ou desencadeado por uma afecção clínica, que aciona as frentes de defesa orgânica para contra o ataque. As feridas são classificadas em fechadas e abertas. As fechadas são as que não atingem a espessura total da pele, como abrasões, contusões, hematomas. As abertas são as que penetram a derme e comumente envolvem estruturas mais profundas, como incisões, lacerações, perfurações. Para uma correta cicatrização de uma ferida, deve-se entender que esta passa por em três fases primordiais. Primeira fase é a Fase de Reparação Tecidual que se subdivide em mais duas fazes: primeiro a Fase Inflamatória onde temos as respostas vasculares (vasoconstrição, adesão das plaquetas ao colágeno que secretam substancias vasoconstritoras) e celulares (macrófagos e neutrófilos, que fagocitam os debris celulares resultantes da injúria); e segundo a Fase de Debridamento que é (início 6 horas após a formação da ferida, dura até 12 horas) após a fagocitose dos neutrófilos, as enzimas dos mesmos contribuem com o processo inflamatório, ajudando os macrófagos na remoção de tecidos mortos. Segundo é a Fase de Reparação onde as primeiras 12horas são cruciais para a Epitelização (mitose das células epiteliais, cessando quando há contato de célula com célula – é lenta, 1cm ao mês, – começadentro das primeiras 12 horas); Fibroplasia (decorrente da inflamação há a produção de fibrinogênio, que é degradado em fibrina, formando a rede, onde existe multiplicação e acumulo de fibroblastos – células do tecido conjuntivo, que ajuda na produção de colágeno, dando resistência à tensão da ferida); Processo de Granulação (começa do 3º-6º dia, composto por muitos vasos sanguíneos, protege contra infecções, forma um 11 leito para as células epiteliais se multiplicarem, apenas atrapalha se cresce em excesso); Processo de Contração (os fibroblastos tem miofibroblastos, que fazem a contração das miofibrilas, onde as fibras de colágeno se sobrepõem e se interlaçam – em equinos, o crescimento é de 1 a 2mm/dia). E por final, a Fase de Maturação, onde começa a redução do número dos fibroblastos, reduzir a produção de colágeno, aumenta a resistência da ferida, pois as fibras de colágeno estão mais alinhadas, redução do conteúdo aquoso da matriz juntamente com o aumento da agregação das fibras de colágeno – essa fase pode levar até um ano, e a resistência de tensão da cicatriz é 20% menor. Devido ao meio ambiente que os animais de grande porte residem, a contaminação pode ser um grande empecilho, por tanto sempre manter atenção para a assepsia ao manipular um ferimento. Os tipos de reparação relatados para as feridas são por cicatrização por 1ª intenção e 2ª intenção. A cicatrização por 1ª intenção é indicada quando não há grandes perdas de tecidos, onde faremos a sutura (figura 8). Após incisões cirúrgicas não complicadas, em feridas sem risco de tensão excessiva e infecção. Esse tipo reduz a quantidade de colágeno necessário para epitelização e contração. Para decidir, devemos saber o tempo entre a lesão e a realização de sutura. Se passar de 8 horas, não é recomendado fazer a sutura. Figura 8: Exemplo de ferida de cicatrização por 1ª intenção. Fonte: Arquivo pessoal. A cicatrização por 2ª intenção é indicada quando não é possível o fechamento por 1ª intenção. Devemos escolher visando o grau de contaminação, as perdas de tecidos, falha no fechamento primário. Nesse caso, necessitamos do tecido de 12 granulação até que a epitelização e contração aconteçam (figura 9). Também haverá formação de maior cicatriz e possível perda funcional. Figura 9: Exemplo de ferida com cicatrização por 2º intenção. Fonte: Arquivo pessoal. A avaliação da ferida se dá ao saber diferenciar contaminação de infecção, todas as lesões de ocorrência natural são consideradas contaminadas, mas nem todas se tornam infectadas. A manipulação dos tecidos afetados não deve promover contaminação ou infecção. Devemos utilizar técnicas de higiene e antissepsia. A preparação do paciente e da ferida baseia-se em dar instruções ao proprietário, como jogar água gelada, lavar com sabão neutro, se estiver sangrando muito enrolar o ferimento em uma toalha limpa, fazendo uma bandagem. Sempre fazer antissepsia e tricotomia em volta do local. Em seguida, remoção do tecido necrótico, desvitalizado e contaminantes. Manter o limite do debridamento é importante e deve parar quando começar a sangrar. Em resumo geral este processo cabe em conter o animal (figura 10), controlar sangramento, avaliar a ferida e estruturas envolvidas, avaliar prioridades (casos especiais: obstrução respiratória, abertura de crânio, de abdômen/tórax, hemorragia), limpeza da ferida e ter um plano de tratamento (curativo simples, sutura, cuidado intensivo, eutanásia). 13 Figura 10: Equino com ferimento, em tronco de contenção. Fonte: Arquivo pessoal. Os antissépticos a serem utilizados devem ser de baixa toxicidade, ter atividade bactericida e suprir os efeitos deletérios ao tecido. Solução fisiológica, PVPI, clorexidine álcoolica 0,05%, líquido de dakin e peróxido de hidrogênio devem ser usados para limpeza e desinfecção da ferida. Sempre que for refazer o curativo deve-se fazer a assepsia. As pomadas também devem fazer parte do tratamento, dê preferência para as não irritantes, solúveis em água, fácil remoção, que ajudam a prevenir o desenvolvimento de resistência bacteriana e que possuem associação com soluções antissépticas e bandagem. Por fim sempre procurar passar uma solução repelente como a nitrofurazona, Tanidil®, safe gel, ricinus assept, alantol e/ou vulketan. Atenção especial para a sulfadiazina de prata que não é recomendada dependendo do caso, e em equinos gera fechamento superficial da ferida com aumento do tecido de granulação. Desta forma a ferida não fecha por dentro, e a cicatrização pensando na estética do animal será um processo feio. Devemos dar uma atenção especial para o ricinus assept que promove a atividade debridante autolitica, facilita entrada de fatores de crescimento, mitose e a proliferação celular, estimula neovascularização e exerce efeitos quimiotáticos dos leucócitos. Os medicamentos fitoterápicos vêm ganhando seu lugar, principalmente no tratamento de feridas. O barbatimão contém o tanino, que precipita proteínas dos tecidos lesados, reduz permeabilidade e exsudação da ferida. E a babosa: estimula a cicatrização, varredura dos radicais livres produzidos pelos neutrófilos, bloqueia inflamação, estimula crescimento dos fibroblastos. No caso dos equinos deve ser feito um controle do tecido de granulação com a remoção cirúrgica do tecido de granulação em excesso. O tecido é removido até que sua superfície fique abaixo das margens teciduais cutâneas. Para controlar a hemorragia após a excisão, fazemos bandagem ou cauterização. Se o tecido de granulação cresce em excesso, ele atrapalha a epitelização e a contração da pele para aproximação dos bordos por isso faz o debridamento. No corte, deve ser feito um garrote para evitar grandes sangramentos, cortar o excesso com o bisturi, fatiando aos poucos. A remoção química com utilização de 14 agentes cáusticos, como o sulfato de cobre, que causa lesão tecidual por necrose de coagulação (desnaturação das proteínas do tecido superficial) – devemos tomar cuidado com os bordos da ferida, proteger com pomadas, para não queimar as bordas e prejudicar a epitelização. Enfaixar e deixar agir 2 dias após a aplicação para o medicamento agir melhor. Refazer todo o processo de curativo todos os dias ou a cada no máximo dois dias, depende da recomendação do médico veterinário. Para realização de suturas deve-se avaliar o tipo de fio (em pele usa-se inabsorvivel), o tipo de sutura depende de casa situação – lembrar-se da estética. O modelo da sutura interrompido ou contínuo depende da tensão no local, lembrando que as suturas captonadas auxiliam no alivio da tensão (figura 11). Figura 11: Exemplo de sutura captonada para o alivio de tensão local. Fonte: Arquivo pessoal. As bandagens evitam a formação de hematomas, seromas e edemas, reduz a motilidade excessiva das bordas, diminui as perdas de calor e de água através da pele e proteger contra contaminação. Sempre utilizar algodão para não garrotear a região, tomar cuidado com as articulações (nunca terminar a bandagem em cima de uma). Feridas com cicatrização tardia é importante estabelecer a causa (infecção, corpo estranho, sequestro ósseo, importante também estabelecer diagnósticos diferenciais, como pitiose (fungo, zoonose, comum em membros que tem contato com água e regiões alagadiças), habronemose e sarcóide (neoplasia). Importante falar sobre a anestesia no fechamento imediato do ferimento, em um reparo primário. A maioria dos ferimentos no animal de grande porte podem ser controlados com o auxílio de um tranquilizante (avaliar temperamento do animal e a 15 dor) e/ou anestesia local. A infiltração direta no ferimento anestésico local ao longo das bordas deve ser evitada quando possível. 4. CIRURGIAS ORTOPÉDICAS A equinocultura vem se desenvolvendo exponencialmente em todo o mundo,em especial para animais de esporte, mantidos geralmente em confinamento, fato que associado ao temperamento sanguíneo destes animais predispõe a lesões traumáticas em baias e piquetes. Estas lesões acometem em especial os membros locomotores dos equinos e resultam em grande parte da casuística encontrada neste seguimento da medicina veterinária, sendo, na maioria dos casos, causadas por arame. Grandes partes destes traumas atingem não só as porções mais externas da pele, mas também musculatura, tendões, tecido nervosa e vascular do membro, sendo necessárias intervenções cirúrgicas nos casos mais graves. Quando estas lesões atingem tendões, extensores ou flexores, alguns autores indicam que sempre se realize a tenorrafia, técnica reconstrutiva que aumenta as chances do animal de retornar a sua atividade normal, seja ela trabalho ou esporte, já que as condições presentes neste tipo de trauma impedem que a cicatrização ocorra da maneira correta devido, por exemplo, ao distanciamento dos cotos tendíneos (ZAVILENSKI et al., 2015). A secção traumática do tendão digital comum do membro pélvico é relativamente comum, geralmente a lesão ocorre no terço distal da região metatársica, sendo na maioria dos casos decorrente de lacerações causadas por fio de arame. O equino apresenta nesse quadro a incapacidade de estender adequadamente a pinça, podendo arrastá-la ou projetar o boleto dorsalmente sobre ela, comprometendo seu desempenho atlético se a lesão não for tratada rapidamente de maneira adequada. O tratamento consiste primariamente em manter o ferimento limpo e desbridado. Geralmente o procedimento cirúrgico não é empregado, porém quando não realizado espera-se que a função plena de locomoção demore mais de seis meses para ser alcançada. O prognóstico na grande maioria dos casos é considerado reservado para as lesões que acometem os tendões flexores digitais e prognóstico bom para as os tendões extensores digital. Ainda assim a recuperação demanda semanas ou até 16 meses, representando perdas funcionais e econômicas significativas (AUER; STICK, 2006; THOMASSIAN, 2005). 4.1. TENORRAFIA A tenorrafia quando possível é o método mais indicado para lesões recentes, desde que essas não estejam contaminadas ou infeccionadas, pois o procedimento minimiza os danos teciduais devido à quantidade reduzida de materiais de sutura utilizados e preserva a microcirculação tendínea (CARVALHO et al., 2017). Os tendões mais comuns de se romper são: Tendão extensor digital comum ou longo, Tendão flexor digital superficial, Tendão flexor digital profundo e Ligamento suspensor do boleto (figura 12). A lesão de tendão flexor as suturas são realizadas por dentro do tendão, pode-se fazer a de bunnel. Deve-se suturar e manter o animal com tala em torno de 60 dias. Já as lesões no tendão extensor digital comum ou longo: normalmente não suturamos, faz-se a cicatrização por segunda intenção, isso leva mais de 6 meses e requer imobilização do membro. O posicionamento do casco do animal dá toda a informação necessária para sabermos quais estruturas foram afetadas. Além disso deve ser realizada a palpação das estruturas. Figura 12: A – Rompimento de tendão flexor digital superficial o animal abaixa o boleto; B – Rompimento de tendão flexor digital superficial e profundo abaixa mais o boleto e levanta a pinça; C – Rompimento toda a paraflexura e ligamento suspensor do boleto o animal encosta a quartela no chão. Fonte: Arquivo pessoal. Recomenda-se a cirurgia em centro cirúrgico preparado devido a sua complexidade e utilização do aparelho anestésico inalatório e por sua assepsia, para evitar complicações no trans e pós-operatório por contato com microrganismos que 17 possam vir a causar alguma infecção ou contaminação do local de correção cirúrgica. Devido ao grande tempo de recuperação o acompanhamento pós- operatório não necessita de internação em clinica caso o proprietário tenha em sua propriedade um local adequado para que o animal passe pelo período de recuperação sem riscos, caso isso não seja possível, o animal deve ser internado para definitiva melhora e acompanhamento, sempre levando em primeiro lugar o bem estar e a recuperação eficaz (LORGA et al., 2014). A técnica cirúrgica se baseia na ancoragem do tendão, usa-se o fio vycril nº2, aplicando o padrão de sutura locking loop simples. Nessa técnica o fio sai centro-longitudinalmente do tendão, diminuindo assim a tensão da sutura. Ao sair do tendão, o fio deve ser ancorado, cerca de um palmo da articulação do tarso. A redução do espaço morto é feita com vycril n°2, em padrão de sutura simples contínuo. A dermorrafia é feita com fio de sutura polipropileno nº2-0, em padrão Wolf (CARVALHO et al., 2017). Também é utilizada a técnica de Kessler modificada com fio de polipropileno nº2. Para redução do subcutâneo utiliza-se fio de ácido poliglicólico nº0, com pontos simples contínuos e por fim a sutura da pele com polipropileno nº2 usando ponto Wolf. A sutura é realizada com fio polipropileno nº0 e utiliza-se a técnica de sutura em alça, dependendo do caso. Nos casos de tenorrafia a melhor opção de fio seria o polipropileno nº2, permitindo uma melhor resistência da sutura. Nos casos de tenorrafia a melhor opção de fio seria o polipropileno nº2, permitindo uma melhor resistência da sutura (LORGA et al., 2014) Para MPA pode-se utilizar Detomidina 1% (0,02 mg/kg), e bloqueio local infiltrativo com Lidocaína 2% sem vasoconstritor (4mg/kg). A sedação é feita com xilazina 1mg/kg, indução com cetamina 2mg/kg e manutenção com isoflurano (DOWICH et al., 2018). Na terapia pós-operatória utiliza-se, Ceftiofur (3mg/kg a cada 24h, por dez dias) antibiótico do grupo das cefalosporinas; Amicacina (20mg/kg a cada 24h por dez dias) outro antibiótico do grupo dos aminoglicosídeos; Dexametasona (0,05mg/kg a cada 24h, por três dias) anti-inflamatório do grupo dos glicocorticoides e Flunixina meglumina (1,1mg/kg a cada 24h, por três dias) um anti-inflamatório não esteroidal e também analgésico e antipirético, administrando pela via intramuscular. Para a imobilização do membro pode-se utilizar gesso sintético, por 15 dias. Após a retirada do gesso, emprega-se imobilização com tala de 30 à 70 dias dependendo 18 do caso, a qual deve ser trocada a cada três dias para realização do curativo. Após a retirada da tala o equino permanece 20 dias em observação, posteriormente ao se recuperar como previsto, o animal obtêm alta e é recomendado que permaneça em baia por mais 30 dias (LORGA et al., 2014). A imobilização do membro afetado é o ponto chave para obter-se um resultado favorável, sendo assim, quando a secção do tendão for manejada corretamente e a imobilização realizada seguindo os métodos indicados, é possível que o animal volte normalmente ao seu desempenho atlético (LORGA et al., 2014). Indica-se também a fisioterapia como pós-operatório, relata-se grande efetividade e aceleração na melhora do animal, podendo diminuir o seu tempo de recuperação, feito da seguinte forma: caminhada começa a ser realizada ao passo, por 15 minutos 2 vezes ao dia, acrescentando 1 minuto de caminhada ao trote, a cada 5 dias de recuperação, durante 30 dias. Depois da fisioterapia, é feito ducha de água fria por 15 minutos, para redução de edema e melhoria da qualidade circulatória. Após 30 dias o animal pode receber alta, com recomendação de ser montado, inicialmente, executando caminhadas e trotes leves em pista de areia, e ser introduzido progressivamente ao seu trabalho de costume (PEDRO; MIKAIL, 2009). 5. CIRURGIAS UROGENITAIS Os princípios dos conjuntos das técnicas operatórias independem da espécie. Existem diferenças entre os fatores de susceptibilidade a infecções de determinadas espécies: o cavalo tem mais susceptibilidade a ter infecção peritoneal, por exemplo. Apesar dessas diferençasentre espécies, a técnica operatória pode ser aplicada à diferentes espécies da mesma forma, pois os princípios são os mesmos (ACADEMIA, 2020). Em grandes animais ainda é realizado com frequência procedimentos cirúrgicos no campo. Cirurgias de campanha que podem ser realizadas em quaisquer espécies, a diferença é que em animais de grande porte são procedimentos de rotina e em animais de pequeno porte são casos excepcionais (ACADEMIA, 2020). Uma cirurgia realizada em um ambiente de campanha pode ser qualquer ambiente que não seja um ambiente cirúrgico, restrito a um público, a uma necessidade e deverá seguir as indicações do médico veterinário. 19 Na operação a campo não pode haver falha na antissepsia, além de ser necessário agilidade, dobro de atenção (pois não há um local operatório isolado). A cirurgia de campo para bovinos é questão de bem estar: não retira o animal do ambiente, não interfere na rotina do animal (ordenha), não muda a alimentação, não muda o ambiente, consequentemente haverá menor estresse e menor risco de infecção hospitalar (ACADEMIA, 2020). No centro cirúrgico temos proteção ambiental, proteção do pano de campo e ambiente mais controlado. Por esse motivo no campo usamos uma ampla antissepsia e tricotomia (ACADEMIA, 2020). Essa técnica é indicada para cirurgias de maior complexidade e maior risco de infecções. 5.1. VULVOPLASTIA EM ÉGUAS A importância da vulva como mecanismo de defesa contra infecções uterinas na égua foi ressaltada pela primeira vez por Caslick (1937), que descreveu também os bons resultados sobre a fertilidade obtidos com a realização da sutura dos lábios vulvares. A vulvoplastia é o procedimento mais frequentemente realizado como forma de tratamento para problemas reprodutivos. Segundo Dias, (2007) a vulvoplastia consiste em reduzir a abertura da vulva de modo a evitar a aspiração de ar e, consequentemente, a possibilidade de infecção e inflamação do trato urogenital. A idade também é considerada um fator predisponente, podendo prejudicar o desempenho reprodutivo de éguas mais velhas, como resultado de alterações vulvares e perineais que predispõe a infecções ascendentes e endometrites (CAMOZZATO, 2010). Caso a égua, em boa condição corporal, tenha queixa do proprietário de dificuldade de emprenhar, é preciso verificar a conformação do períneo vulvar. Caso o direcionamento do períneo vulvar esteja voltado para o lado direito e aberta, a qual pode ocorrer a entrada de ar para dentro da vagina, resultará em infecções que podem interferir na prenhez e até cólica. Nesse caso, pode ser indicado fazer uma correção da vulva através de uma vulvoplastia. O primeiro passo é a contenção da égua em um tronco e a utilização de uma bandagem em volta da cauda que foi presa em uma posição elevada no tronco (Figura 13). É necessário jejum prévio de 24h horas, e a administração de 1 mL de Detomidina (derivado do imidazol e agonista α-adrenérgico) por via intravenosa para consequente sedação do animal, remoção das fezes do reto, limpeza e desinfecção 20 com antissepsia com degermante ou sabão neutro, iodo alcoólico do períneo, dos lábios da vulva e da entrada do vestíbulo. Também podem ser feitos botões de anestesia local na região de cada borda dos lábios vulvares e entre o ânus e a vagina. Cada ponto de botão anestésico deve ser infiltrado com 5 ml de Lidocaína (anestésico local, antiarrítmicos da classe I usado no tratamento da arritmia cardíaca e da dor local, pouco tóxica) a 2%, totalizando 40ml. A intervenção cirúrgica deve começar com a reparação e o debridamento das bordas dos lábios de cada lado da vulva com bisturi, removendo com uma tesoura de dissecação Mayo, uma tira de mucosa de aproximadamente 0,5 cm (Figura 14). Após a remoção das mucosas, começa-se a sutura, que deve ser feita com fio de nylon nº 2.0 com pontos isolados simples com auxílio de uma pinça dente de rato. A sutura deverá ser feita em 2/3 da comissura labial, começando da comissura ventral para a dorsal, e deixando 1/3 da parte ventral para o animal poder urinar (Figura 15). Ao fim do procedimento, pode ser usado spray prata (organofosforado, tendo em sua formulação fósforo e clorexidina) a fim de prevenir contaminações e miíases (Figura 16). Os pontos devem ser retirados aproximadamente 10 dias após o procedimento e deve ser usado Banamine® (potente analgésico não-narcótico, não- esteroidal com atividade anti-inflamatória e antipirética) por 3 dias e cefalosporina (antibióticos beta-lactâmicos relacionados com as penicilinas, usados no tratamento de infecções bacterianas) por 5 dias. Figura 13: Bandagem em volta da cauda do animal. Fonte: (HOFFMANN et al., 2012). 21 Figura 14: Reparação das bordas da vulva. Fonte: (HOFFMANN et al., 2012). Figura 15: Sutura das bordas da vulva. Fonte: (HOFFMANN et al., 2012). 22 Figura 16: Finalização com spray prata. Fonte: (HOFFMANN et al., 2012). A vulva posiciona-se abaixo do ânus (com risco de contaminação por fezes), normalmente quase vertical com os lábios firmemente fechados. O mau fechamento vulvar está relacionado com baixa fertilidade (CASLIK, 1937; CAMOZZATO, 2010) sendo um dos principais mecanismos de defesa contra infecções uterinas. A pneumovagina é a consequência de infecção uterina mais comum, expondo sucessivamente o útero a agentes contaminantes e irritantes, facilitando o estabelecimento de uma endometrite (PASCOE, 1979; CAMOZZATO, 2010). Algumas éguas mostram alterações de forma permanente, e outras esporadicamente, especialmente durante o cio, sendo que esta manifestação intermitente de pneumovagina é, no entanto, suficiente para levar a infertilidade (SILVA, 1983; CAMOZZATO, 2010). Os traumatismos da vagina, vestíbulo e vulva normalmente ocorrem durante o parto. Rupturas perineais e vulvares podem ocorrer em qualquer direção, mas normalmente resultam em: • ruptura em qualquer ângulo espontaneamente ou como resultado de fechamento vulvar prévio que não tenha sido aberto; 23 • ruptura de uma vulva normal devido a um potro grande (sutura é normalmente necessária, e pode ser realizada sem anestésico local se a égua pariu poucas horas antes). Pascoe (1979) e Malschitzky et al. (1997), demonstraram ainda o efeito da conformação perineal da égua sobre a taxa de prenhez, sendo que as éguas classificadas como candidatas à vulvoplastia apresentaram um índice de prenhes significativamente menor do que aquelas que não necessitavam cirurgia, ou do que aquelas que já haviam sido suturadas anteriormente. A realização da sutura dos lábios vulvares até o nível do assoalho da pelve, em éguas com grande inclinação vulvar e grande abertura vulvar eleva a taxa de prenhes dessas éguas a níveis semelhantes aos obtidos em éguas cuja conformação não requer a correção cirúrgica. Caslick (1937) e LÖF (2009), descreveram como a utilização da vulvoplastia aumentou o índice de fertilidade em éguas que apresentavam pneumovagina. Segundo a Resolução nº 877, de 15 de fevereiro de 2008, a vulvoplastia em equinos requer sedação, utilização de antibióticos e analgésicos, bem como anestesia local. As éguas que sofreram vulvoplastia devem ser submetidas à epizotomia (corte) minutos antes do parto. Isso facilita a correção da vulva no dia seguinte e ainda evita sua dilaceração. No pós-operatório geralmente não é necessário antibiótico terapia tópica nem sistêmica. As suturas podem ser retiradas em 7 a 10 dias. 5.2. SUTURA DA VULVA BOVINA EM CASO DE RETENÇÃO O prolapso do útero pode ocorrer em qualquer espécie; porém, ele é mais comum nas vacas leiteiras e nas porcas, menos frequente nas ovelhas e raro nas éguas, nas cadelas e nas gatas. A etiologia é obscura e a ocorrência é esporádica (MANUAL MERCK DE VETERINARIA, 2006). A administração de estilbestrol (estrógeno sintético não esteroide utilizadono tratamento da menopausa e distúrbios pós-menopausais, também utilizado como promotor de crescimento em animais) é conhecida como amolecedora dos ligamentos genitais pelo fato de aumentar o volume do trato genital. Segundo o Manual Merck de Veterinária (2006) o decúbito com os quartos posteriores mais baixos que os quartos anteriores, a invaginação do útero, o excesso de tração para aliviar uma distocia e a hipocalcemia têm sido todos 24 incriminados como causas contribuintes. O prolapso do útero geralmente ocorre dentro de poucas horas após o parto, quando a cervix está aberta, o útero perdeu o tônus e os ligamentos uterinos encontram-se bastante distendidos. Figura 17: Esquema do ligamento largo do útero, no início da gestação de uma fêmea bovina. Fonte: (SILVA et al., 2011). Figura 18: Prolapso uterino pós-parto em uma vaca da raça holandesa com sete anos de idade. (Fonte: SILVA et al., 2011). 25 Figura 19: Prolapso uterino pós-parto em uma vaca holandesa com quatro anos de idade. Fonte: (SILVA et al., 2011). Figura 20: Esquema do ligamento largo do útero em gestação avançada de uma fêmea bovina. Fonte: (SILVA et al., 2011). O prolapso geralmente é completo e a massa do útero geralmente pende por baixo dos jarretes do animal afetado. Nas vacas, o tratamento envolve a remoção da placenta (se ainda estiver presa) e a limpeza completa da superfície endometrial. Retorna-se então o útero para a sua posição normal por um de vários métodos. Primeiro, deve-se administrar uma anestesia epidural. Se a vaca ficar de pé, deve-se limpar o útero, elevá-lo ao nível da vulva sobre uma bandeja (ou por meio de uma maca segura por dois assistentes) e então ao colocá-lo por meio da aplicação de uma pressão anterior firme, começando na porção cervical e progredindo gradualmente para o ápice. Uma vez recolocado o útero, deve-se inserir a mão na extremidade de ambos os cornos uterinos para se certificar de que não haja uma invaginação remanescente. Se a vaca ficar em decúbito, deve-se posicioná-la com os quartos posteriores elevados para movimentá-la para uma área 26 inclinada ou para colocá-la em decúbito esternal com as patas traseiras estendidas para trás. (MANUAL MERCK DE VETERINARIA, 2006). Um método alternativo envolve a elevação dos quartos posteriores com algum tipo de elevador preso às patas anteriores, colocando assim a vaca em decúbito dorsal. Recoloca-se o útero como indicado anteriormente. Indica-se a ressecção do útero prolapsado nos casos de longa posição em pé em que ocorreu necrose tecidual. Uma vez que o útero esteja em sua posição normal, antibióticos são colocados no mesmo, administra-se ocitocina (hormônio produzido pelo hipotálamo e armazenado na hipófise posterior tendo como função: promover as contrações musculares uterinas; reduzir o sangramento durante o parto) e faz-se uma sutura de Caslick na vulva. As infusões de solução salina estéril e morna podem ajudar a evitar a recidiva (MANUAL MERCK DE VETERINARIA, 2006). A fim de impedir possíveis recidivas, utilizam-se métodos de fechamento da vulva, tais como o de Flessa ou de Bühner (figura 23), a vulva é untada com pomada de oxido de zinco adicionado a óleo de fígado de bacalhau. Após seis ou oito dias são retirados os pontos da sutura. A sutura de Flessa pode ser feita com a agulha de flessa ou mesmo com a agulha em S, são feitos pontos de Wolf em dois ou três lugares, dependendo do tamanho da vulva, são utilizados captons para proteger a pele e evitar corte do fio. A sutura de Bühner é mais utilizada para vacas de vulva pequena, sendo feita com a agulha de Bühner ou com a agulha em S, é feito um ponto grande de Wolf na vertical usando captons na parte superior e inferior da vulva, ficando perpendicular a comissura vulvar, a agulha não se aprofunda tanto quanto na sutura de Flessa (GRUNERT e BIRGEL, 1982). O prognóstico depende do grau de lesão e de contaminação do útero. A reposição imediata de um útero limpo e minimamente traumatizado permite um prognóstico favorável. Não há tendência da afecção para recidivar nos partos subsequentes. As complicações tendem a se desenvolver quando ocorrem laceração, necrose e infecção, ou quando se retarda o tratamento. (MANUAL MERCK DE VETERINARIA, 2006). 27 Figura 21: Realização da sutura de Flessa, com agulha de Flessa em uma vaca da raça holandesa. Fonte: (SILVA et al., 2011). O choque, a hemorragia e o tromboembolismo são sequelas comuns de um prolapso prolongado e requerem uma terapia de suporte agressiva. Em alguns casos, a bexiga e os intestinos podem se prolapsar no útero evertido. Isso requer uma recolocação cuidadosa antes da recolocação do útero. Pode-se drenar a bexiga com um cateter ou uma agulha através da parede uterina. A elevação dos quartos posteriores e a pressão no útero ajudam na reposição da bexiga e dos intestinos. Figura 22: Desenho esquemático da sutura de Caslick feita na vulva de uma fêmea bovina com fio cat-gute tipo C número 4 utilizando agulha curva cortante ponta triangular. Fonte: (SUSAN L. FUBINI; NORM G. DUCHARME, 2004). 28 Figura 23: Sutura de Buhner e agulha de Gerlach. Indicada para redução de prolapso vaginal e uterino em bovinos. Fonte: (SUSAN L. FUBINI; NORM G. DUCHARME, 2004). Pode-se tornar necessária a incisão do útero para se recolocarem esses órgãos. Na vaca, a amputação do útero severamente traumatizado ou necrótico pode ser o único meio de salvação do animal. O tratamento de suporte e a antibioticoterapia são indicados. O prolapso da vagina, com ou sem o prolapso da cervix, ocorrem em todas as espécies, mas são mais frequentes nos bovinos e nos ovinos. Ocasionalmente, a bexiga pode estar contida na vagina prolapsada. A afecção geralmente ocorre nas fêmeas adultas no final da prenhes. Os fatores predisponentes incluem o relaxamento e o aumento da mobilidade das estruturas de tecido mole no canal pélvico e no períneo à medida que o parto se aproxima e ao aumento da pressão intra-abdominal devido ao aumento do tamanho fetal, à gordura intra-abdominal ou à distensão do rúmen. O Manual Merck de Veterinária (2006) cita que a afecção também pode ter um componente genético, já que frequentemente é descrita como ocorrendo em algumas famílias e podem ocorrer em animais não prenhes jovens. No entanto, a maioria dos prolapsos ocorre nas vacas multíparas, o que sugere que os partos múltiplos predisponham a eversão. O relaxamento da vulva, da vagina e do tecido mole que a circunda no final da prenhes permite um aumento da mobilidade do trato reprodutivo caudal. 29 Figura 24: Início do prolapso de vagina e reto na gestação avançada de uma vaca da raça nelore com quatro anos de idade. Fonte: (SILVA et al., 2011). Figura 25: Prolapso de vagina e cervix acompanhado do quadro de hipocalcemia em uma vaca de cinco anos de raça mestiça com aptidão leiteira. Fonte: (SILVA et al., 2011). Quando o animal se deita, a gravidade e o aumento da pressão intra- abdominal evertem temporariamente a vagina através da vulva. Uma irritação e um inchaço da mucosa exposta se seguem a uma eversão repetida, isto resulta em uma distensão e ocorre um prolapso. O assoalho da vagina se prolapsa primeiro e as eversões repetidas podem resultar em um divertículo de um ou ambos os lados da vagina. A cervix se prolapsa ocasionalmente através da vulva. A abertura cervical externa pode ficar aumentada e eritematosa; no entanto, geralmente não se interrompe a prenhes. Pode-se obstruir a uretra e impedir a micção, o que pode levar à ruptura da bexiga. Se não for tratada, resulta em uremia, estase vascular, necrose e infecção da vagina, e finalmente, morte. 30 Figura 26: Vaca anã de quatro anos de idade com prolapso de vagina e cervix pós- parto. Fonte: (SILVA et al., 2011). Nãose devem acasalar as famílias predispostas à afecção e os animais que já tenham sido afetados anteriormente. As práticas de alimentação devem ser avaliadas para se assegurar que os animais estejam ganhando peso no último trimestre, mas não estejam sendo superalimentados, e que se tenham eliminado as fontes estrogênicas. Os animais devem ser mantidos no nível do chão, durante o final da prenhes. Os métodos para impedir um prolapso intermitente no final da prenhes incluem várias técnicas de sutura ou o uso de um dispositivo de retenção (retentor de prolapso de Johnson). A ressecção de uma parte da mucosa da parede vaginal, a fixação da parede cervical ou vaginal e a anestesia epidural com a utilização de álcool para impedir a distensão constituem outras soluções a longo prazo para o prolapso recidivante. Após a administração do anestésico epidural, lava-se o órgão com sabão e água e enxagua-se completamente; se necessário, esvazia-se a bexiga; a congestão e o edema são reduzidos por meio da aplicação de uma pressão gentil; recoloca-se a vagina e aplica-se um antibiótico tópico. Figura 27: Demonstração da anestesia epidural baixa em bovinos, realizada entre as vértebras coxígenas 1 e 2. Fonte: (SILVA et al., 2011). 31 Então deve ser retida a vagina na posição. Somente o último procedimento apresenta uma dificuldade séria. A irritação da mucosa vaginal resulta em um tenesmo extremo, e os dispositivos de retenção devem ser fortes para impedir a recidiva. A retenção é conseguida temporária ou permanente por meio de vários métodos de sutura da vulva. Grampos metálicos de prolapso com botões pesados ou dispositivos semelhantes também têm sido utilizados. Esses dispositivos são removidos durante o primeiro estágio do parto (MANUAL MERCK DE VETERINARIA, 2006.). Como uma complicação rara do prolapso de vagina durante a realização do parto, foram apresentados alguns casos de fistulas vesico-vaginal, com derrame de urina nos tecidos circundantes a pelve, formação de abscessos urinários, peritonite séptica e consecutiva morte do animal. Figura 28: Grampos metálicos de Flessa. Fonte: (Catálogo de Hauptner, GIUSEPPE VATTI, 1962). 5.3. URETROPLASTIA Segundo Turner e McIlwraith (2011), é uma técnica de reconstrução, indicada para o tratamento da retenção urinária presente na vagina. Essa técnica é mais comum em éguas velhas e multíparas, que apresentam o desenvolvimento de vaginas afundadas. Esse procedimento requer um afastador auto estático que é colocado sobre a vulva para exibir a região cirúrgica. O orifício uretral abre-se em direção imediatamente caudal e logo abaixo da dobra transversa. A dobra transversa da mucosa é identificada cranialmente aproximadamente de 5 a 10 cm ao rebordo da pelve sobre o assoalho da vagina. Instrumentos longos facilitam a execução do 32 procedimento. A dobra transversa é agarrada pela esquerda do centro por um par de pinças de polegar e retraída para a direção caudal aproximadamente 5 cm aplicando uma tensão moderada. Fazendo o uso de tesouras curvas o cirurgião remove a borda lateral da borda transversa retraída, partindo do ponto de fixação da pinça de polegar até a junção da dobra com a parede do vestíbulo. Então a dobra transversa é posicionada ao longo da parede ventrolateral do vestíbulo para averiguar a linha de fixação proposta, e uma segunda incisão é feita com tesoura curva na parede do vestíbulo. Esta incisão também se estende na direção cranial à junção da dobra transversa com a parede do vestíbulo. A linha desnuda ao longo da dobra transversa é suturada à linha desnuda da parede ventrolateral do vestíbulo. Uma única sutura interrompida simples de nylon ou de polipropileno é posicionada na extremidade de caudal e a posição e completada com padrão de sutura contínua com fio absorvível sintético, este procedimento é repedido do lado direito da borda transversa. A dobra transversa agora tem uma aparência em forma de um “V” com ápice em posição cranial. É importante manter uma tensão mínima sobre a dobra transversa enquanto ela está sendo suturada na nova posição; de outro modo, a cirurgia falha devida a necrose de pressão sobre a sutura. Além disso, a dobra transversa não deve ser suturada acima de 2 cm do assoalho do vestíbulo ou a dobra irá dilacerar-se durante a cópula. Também é importante que a nova fenda uretral tem o tamanho suficiente, assim o fluxo normal de urina não é restringido (TURNER; MCILWRAITH, 2011). O pré-operatório é realizado começando pelo preparo da égua feito dentro de uma baia ou com um tronco, a égua fica em pé, posição quadrupedal. É feita a tranquilização e anestésico epidural, caso não for eficaz, é realizado infiltração no local da incisão cirúrgica. A sedação pode ser feita com cloridrato de detomidina 0,02 mg/kg. Para analgesia epidural utiliza-se 0,17 mg/kg de xilazina a 10% e 0,22 mg/kg de cloridrato de lidocaína a 2% ou cloridrato de mepivacaina diluída até um volume total de 10 ml. O rabo é enrolado com faixas e amarrado lateralmente evitando contato com o campo cirúrgico. É utilizado solução de iodo-povidona para a lavagem do vestíbulo e vagina e toda assepsia da região perineal. No pós-operatório é realizado o antitetânico e antibióticos sistêmicos. Limpeza do períneo e curativos. A sutura é retirada após 10 a 14 dias. Em caso de 33 infecção uterina, deve ser tratado e se possível feita a coleta de material para cultura bacteriana, para um tratamento correto e eficaz. 5.4. REPARO DE LACERAÇÃO PERINEAL As lacerações perineais de éguas acontecem frequentemente durante o trabalho de parto quando os membros do potro e a cabeça são forçados na direção caudal e dorsal (TURNER; MCILWRAITH, 2011). As lacerações de primeiro grau somente ocorrem quando envolvem a mucosa da vagina e vulva. As lacerações de segundo grau, acontecem quando a submucosa, a muscular da vulva, o esfíncter anal e o corpo perineal, estão comprometidos, mais não há rotura da mucosa retal. As lacerações perineais de terceiro grau, ocorre quando existe laceração através do septo retrovaginal, da musculatura do reto, da vagina e do corpo perineal (TURNER; MCILWRAITH, 2011). De uma forma geral, a cirurgia não é realizada de urgência. Os tecidos rasgados são edematosos, necróticos e gravemente contaminados, e é aconselhado esperar o mínimo de 4 a 6 semanas, antes de tentar o reparo (TURNER; MCILWRAITH, 2011). Turner e McIlwraith (2011) relatam que a técnica é realizada em dois estágios: Na primeira operação, uma saliência é formada entre o reto e a vagina. Já na segunda operação, é feito a reconstrução do corpo perineal. A finalidade dos dois estágios é a diminuição da tensão para que não ocorra ruptura da sutura. O pré-operatório da cirurgia de reparação de laceração perineal tem início com um ajuste na dieta para que a égua tenha fezes moles e desta forma evite uma constipação em decorrência da irritação do campo cirúrgico. Esta mudança dietética deve ser realizada com antecedência para que a égua se adapte e deve ser estender por 3 a 4 semanas após a cirurgia (ADAMS e FESSLER, 2000; WOODIE, 2012). Durante a prepação cirúrgica deve-se remover completamente as fezes da ampola retal e um tampão de gazes deve ser colocado cranial ao campo cirúrgico para se evitar o contato com o ferimento cirúrgico recente. A cauda deve ser enfaixada e a região perineal deve ser lavada com degermente ou sabão neutro liquido fazendo movimentos com a mão de forma a limpar toda a região, deve-se lavar com água abundante e repetir três vezes, em seguida deve ser feita a antissepsia com solução iodada e solução fisiológica para dimunuir a contaminação 34 do campo cirúrgico. Os procedimentos devem ser realizados com bloqueio local e anestesia epidural, além da sedação que pode ser feita com cloridrato de detomidina 0,02 mg/kg (HENDRICKSON, 2013).A cirurgia é realizada coma égua em estação devidamente contida no brete. Para a analgesia epidural caudal utiliza-se 0,17 mg/kg de xilazina a 10% e 0,22 mg/kg de cloridrato de lidocaína a 2% ou cloridrato de mepivacaina diluída até um volume total de 10ml. Esta combinação de fármacos proporciona um início rápido de analgesia e duração de ação de aproximadamente de 5 horas (ADAMS e FESSLER, 2000). As técnicas descritas na literatura para reparação perineal em caso de laceração são: técnica de Gadd, técnica de Aanes e técnica de modificação de Goetze. A técnica de Gadd é também conhecida como episioplastia ou reconstrução do corpo perineal. O objetivo desta técnica é a restauração do vestíbulo no seu aspecto dorsal e da função do esfíncter vestibular, pois essas estruturas são lesionadas nas lacerações de segundo grau. Após a adequada contenção, sedação, bloqueio e preparação do campo cirúrgico, os lábios vulvares são afastados lateralmente e em seguida é realizada uma incisão na junção mucocutânea dos lábios, em direção ao aspecto dorsoventral, posteriormente, estendida cranialmente ao longo da comissura dorsal do vestíbulo até o esfíncter vestíbulo-vaginal. A submucosa do aspecto dorsal e dorsolateral do vestíbulo também é dissecada. A posição desejada para o fechamento dos tecidos é adotada usando a retração dorsocaudal das suturas de ancoragem. A mucosa vestibular é suturada com fio absorvível 2-0 ou 0 em um padrão de sutura colchoeiro, invertendo a mucosa para o vestíbulo. O tecido submucoso é suturado com fio absorvível 0 ou 1 em padrão interrompido, no sentido crânio caudal. Para a pele, é realizada a técnica de Caslick. É fundamental que a vulva fique orientada mais vertical possível para se evitar infecções e pneumovagina. Vale ressaltar que os futuros partos de égua que passem por este procedimento sejam assistidos, pois algumas necessitarão de episiotomia no momento do parto, uma vez que o diâmetro do vestíbulo é reduzido durante a técnica (WOODIE, 2012). A segunda técnica citada é a técnica de Aanes. Essa técnica consiste em duas etapas, com o objetivo de reduzir as falhas de reparo em decorrência da constipação. A primeira etapa reconstrói-se somente o assoalho reto-vestibular, o corpo perineal é reconstituído apenas na segunda etapa, três a quatro semanas 35 depois. Para facilitar o acesso ao campo cirúrgico, suturas fixas ou retratores de Balfour podem ser utilizados. Inicialmente, faz-se a dissecação do assoalho reto- vestibular em um plano frontal. Para facilitar a dissecação sendo que o polegar pode ser utilizado para se aplicar uma tensão no assoalho. O assoalho retal e vestibular são separados, de forma que dois terços da espessura do assoalho seja retal e um terço vestibular. Continua-se a dissecação cranialmente três a cinco centímetros com o objetivo de aliviar a tensão da borda tecidual. A dissecação é continuada lateralmente até que o tecido possa ser posicionado na linha média sem tensão. Se necessário, hemostasias com eletrocauterização ou ligaduras podem ser realizadas durante a manobra. Após uma dissecação satisfatória, o assoalho tecidual pode ser reconstituído. A primeira linha de sutura é realizada no assoalho vestibular, num padrão de sutura colchoeiro contínuo com fio absorvível 1-0 ou 2-0, invertendo a mucosa vestibular no vestíbulo. Para um melhor acesso à aplicação da segunda sutura, esta primeira linha de sutura deve fechar até no máximo a metade do defeito vestibular. A segunda sutura é realizada dorsal à primeira de forma interrompida, no tecido perirretal e perivestibular (WOODIE, 2012). Posteriormente, uma sutura em bolsa de tabaco com quatro pontos de fixação é realizada, impreterivelmente sem penetrar a mucosa retal. O primeiro ponto de fixação é realizado na camada mucosa subretal à direita, seguido da mucosa subvestibular à direita, o terceiro ponto no tecido subvestibular à esquerda e o último ponto no tecido da mucosa subretal à esquerda. Após passar o fio nessas camadas, seguindo esta ordem, finalizar o nó. Os dois padrões de sutura devem ser alternados até atingir o nível da comissura dorsal da vulva. Como mencionado anteriormente, a reparação do esfíncter anal e do corpo perineal só será realizado na segunda fase de reparo, três a quatro semanas mais tarde e consiste na remoção do epitélio da superfície triangular do corpo perineal e o posicionamento desses tecidos na linha média. Não é feita nenhuma sutura das fibras musculares do esfíncter anal e a função do mesmo é obtida por meio da sutura dos tecidos do corpo perineal. Caso seja necessário, a técnica de Caslick pode ser realizada (WOODIE, 2012). Por final a técnica de Modificação de Goetze, consiste na reparação em uma única etapa. A reconstituição do assoalho reto-vestibular segue a mesma técnica inicial de dissecação que é utilizada na reparação em etapa única, porém a sutura segue um padrão diferente da descrição feita anteriormente. A sutura é realizada 36 com fio absorvível tamanho 2-0, padrão interrompido e são feitos seis pontos de fixação, ao invés de quatro, como na técnica anterior. O primeiro ponto de sutura é colocado na borda craniana do assoalho dissecado, seguindo a sequência: fixa profundamente na borda vestibular esquerda numa direção ventrodorsal, submucosa retal esquerda, submucosa retal direita, borda vestibular direita em uma direção dorsoventral, penetra novamente o assoalho vestibular direito axial numa direção ventrodorsal e por último na borda vestibular esquerda numa posição dorsoventral, posicionada axialmente ao primeiro ponto de fixação. É importante ressaltar que as suturas devem ficar distantes umas das outras aproximadamente 1,5 cm para que não haja comprometimento durante a reparação e que a mucosa retal não deve ser penetrada, suturando somente a submucosa retal (WOODIE, 2012). Após finalizar todos os pontos de sutura e realizar o nó, as bordas retais devem ser fixadas e as bordas vestibulares devem ser evertidas para o interior do lúmen vestibular. Não é necessário o fechamento da mucosa retal. Mas, caso se opte por este reparo, o fechamento deve ser realizado até aproximadamente quatro a seis centímetros cranial ao períneo cutâneo, a partir deste ponto, o corpo perineal é reparado conforme descrito anteriormente e se necessário, o procedimento de Caslick pode ser realizado (WOODIE, 2012). 6. CIRURGIAS GASTROINTESTINAIS O termo hérnia inguinal se refere à passagem de parte do conteúdo abdominal através do canal inguinal. Quando o conteúdo herniário passa pelo canal inguinal e entra no escroto é denominada hérnia escrotal, embora o termo hérnia inguinal seja usado para designar as duas situações. As hérnias inguinais podem ocorrer em ambos os sexos, mas sua incidência é muito maior nos machos que nas fêmeas. Embora a hérnia possa envolver vesícula urinária, cólon menor, omento ou flexura pélvica do cólon maior, são o jejuno e o íleo as vísceras mais comumente envolvidas. As hérnias umbilicais podem ser congênitas ou adquiridas e são observadas em potros, bezerros e suínos. Muitas hérnias umbilicais pequenas podem aparecer e resolver-se espontaneamente, mas as grandes ou estranguladas requerem correção cirúrgica (HENDRICKSON, 2018). 37 A hérnia inguinal ocorre quando uma alça de intestino delgado, ocasionalmente o omento, ou ambos, passa através do anel vaginal para o canal, o que pode ser verificado a palpação retal. Se houver exteriorização total do intestino e/ou do omento para o escroto, será uma hérnia escrotal. As hérnias inguinais podem ser classificadas em diretas e indiretas. Ocorre uma hérnia indireta quando as alças intestinais estão contidas dentro da túnica vaginal, enquanto uma hérnia direta ocorre quando o saco herniário está separado cranial ao anel vaginal. A maioria das hérnias em touros é indireta, mas também são encontradashérnias diretas (HENDRICKSON, 2018). 6.1. HERNIORRAFIA UMBILICAL EM POTRO Para a realização da herniorrafia em potros é preferível a anestesia de inalação. Os potros pequenos podem ser induzidos com halotano administrado por máscara. A anestesia nos animais até 2 anos de idade é induzida intravenosamente e mantida com um anestésico de inalação. O animal é posicionado em decúbito dorsal e preparado para a cirurgia asséptica de forma rotineira (TURNER, McILWRAITH, 2011). A técnica consiste em realizar uma incisão de pele elíptica, que é afilada em ambas as extremidades, ao redor do saco herniário. Aplica-se a dissecção ou com uma tesoura de ponta romba, o cirurgião disseca o tecido subcutâneo para baixo até o saco herniário e o anel. A porção da pele sobre o saco herniário é deslocada e os pontos sangrentos são ligados e cauterizados conforme os mesmos venham sendo encontrados. A dissecção deve se estender ao redor do anel da base do saco herniário e delinear o anel herniário; esta dissecção deve se estender ao redor do anel e para fora por volta de 1cm. Nos casos em que o intestino foi encarcerado no saco, geralmente será necessário entrar no saco cuidadosamente para repor o pedaço do intestino no interior da cavidade abdominal. Quando o saco e o anel forem liberados da fáscia, o saco é invertido no interior do abdome e o anel herniário é fechado com um padrão de sutura horizontal de colchoeiro modificada. Após suturar o retalho, o fechamento consiste na realização de sutura subcutânea continua simples com material absorvível sintético 2-0 ou 0. O fechamento de pele é efetuado com material inabsorvível da preferência do cirurgião (TURNER, McLLWRAITH, 2011). 38 Deixa-se a critério do cirurgião a escolha dos antibióticos, os pontos são retirados em 10 a 14 dias (TURNER, McLLWRAITH, 2011). 6.2. HERNIORRAFIA INGUINAL NO TOURO A melhor maneira de realizar esse procedimento cirúrgico é com o animal sob anestesia geral em decúbito lateral e o membro posterior elevado e em direção caudal para ajudar na redução da hérnia. Uma alternativa menos satisfatória é a sedação com cloridrato de xilazina, associada com anestesia local com lidocaína. Faz-se a tricotomia local da área inguinal, seguida pela preparação asséptica cirúrgica e pela colocação dos panos de campo (HENDRICKSON, 2018). O cirurgião irá realizar uma incisão horizontal de 15 a 25 cm através da pele e do tecido subcutâneo sobre o anel inguinal externo na base do escroto, mantendo a hemostasia. Se a hérnia tiver sido reduzida sozinha quando o touro foi posicionado para a cirurgia, não será necessário incisar a túnica vaginal comum. Caso tenham ocorrido aderências das vísceras dentro do escroto, será necessário incisar a túnica vaginal comum para reduzir a hérnia. O anel herniário é reparado com pontos interrompidos simples de fio de nylon ou polipropileno 2. Deve-se evitar que qualquer parte do cordão espermático fique presa nos pontos. Se a túnica vaginal comum tiver entrado para reduzir a hérnia, é fechada com pontos simples contínuos de fio absorvível 0. O fechamento do subcutâneo é feito com fio sintético absorvível 0. O uso de um dreno penrose está indicado. Fecha-se a pele com pontos interrompidos simples de fio monofilamentar sintético (HENDRICKSON,2018). No pós-operatório é realizada a antibioticoterapia a escolha do cirurgião, hidroterapia e exercícios são recomendados para diminuir a inflamação local. O animal deve ser confinado em uma baia limpa por 4 semanas após a cirurgia, com exercício limitado por cerca de 8 semanas. Não deve ser usado para fins reprodutivos por 3 a 6 meses, dependendo do resultado da avaliação do sêmen (HENDRICKSON, 2018). 6.3. ENTERECTOMIA E ENTEROANASTOMOSE Realizada nos casos de afecções isquêmicas com por exemplo na síndrome de abdômen agudo, nas quais é necessário retirar um segmento intestinal. Na maioria dos casos envolve o jejuno. Ao realizar uma enterectomia devemos cuidar para que nenhum segmento fique sem suprimento sanguíneo. Após delimitar o segmento que será retirado, colocamos dois clamps intestinais para diminuir a 39 contaminação da cavidade e ligamos os vasos sanguíneos que serão incididos. Com um bisturi fazemos uma incisão na alça, retirando a porção necrosada. A sutura deve ser realizada com vycril 0. O padrão utilizado pode ser simples contínuo, simples separado. Devemos suturar o mesentério com vycril 0 e padrão simples contínuo (GODOY, 2015). Para retirada de corpos estranhos o paciente é colocado em decúbito dorsal e o abdômen é abordado através de incisão na linha mediana ventral. Os intestinos são revisados de maneira sistemática (inspeção e palpação) e a alça do intestino delgado que contém o corpo estranho é tracionada para fora do abdome. Pinças intestinais atraumáticas são colocadas cranial e caudalmente à área onde decide-se por fazer a incisão. Pode-se ocluir temporariamente (pinça vascular) os vasos mesentéricos da porção a ser incidida, para diminuir o sangramento no momento da incisão intestinal. A incisão é feita de preferência no tecido sadio imediatamente aboral ao corpo estranho, e não no tecido comprometido acima deste. A parede intestinal é seccionada longitudinalmente no lado anti-mesentérico. Após a remoção do corpo estranho, a enterorrafia é executada. Os fios indicados são os absorvíveis nº 4.0 ou 3.0, e as técnicas de sutura podem variar entre Schmieden e Cushing, Schmieden e Lambert, apenas uma sutura invaginante, isolado simples, Cushing, entre outras. Após a sutura intestinal pode-se proceder a omentalização da ferida cirúrgica. A laparotomia é fechada de forma usual. Quando é realizada a anastomose término-terminal o paciente é colocado em decúbito dorsal e é feita uma incisão na linha média ventral de comprimento suficiente para explorar todo o trato gastrintestinal. O segmento intestinal é exposto e a cavidade abdominal é protegida por compressas úmidas. Após ter sido determinado a extensão da ressecção, será ligado, um a um, os vasos mesentéricos adjacentes a porção a ser seccionada categute nº 3.0 – 2.0. O segmento intestinal é duplamente clampeado por uma pinça de Doyen e seccionado. O posicionamento dos clampes deve ser o mais próximo possível da linha de ressecção para evitar extravasamento de conteúdo sobre o campo cirúrgico. Os segmentos devem ser seccionados em um ângulo de 60º para evitar a estenose, pois esta secção torna maior a circunferência da luz intestinal. A sutura é iniciada pela borda mesentérica do intestino, o fio indicado é o sintético absorvível nº 4.0 ou 3.0 agulhados. Os pontos utilizados são os simples 40 isolados ou o Cushing. Após o ponto inicial na borda mesentérica, o segundo ponto será no lado oposto, o terceiro na face lateral e o quarto na borda contra-lateral. A sutura deverá prosseguir assim sucessivamente até o completo fechamento de toda a circunferência intestinal. Após o término da anastomose, retira-se os clampes e testa-se o grau de permeabilidade da sutura forçando a passagem do conteúdo intestinal pela região dos pontos. Por último, deve-se proceder a omentalização da linha de anastomose. A cavidade abdominal é lavada e fechada de forma usual. Deve ser dada a devida atenção no pós-cirúrgico pois o maior risco deste procedimento é de necrose dos segmentos manipulados. Devido aos riscos o animal deve ficar em observação. 7. OUTRAS CIRURGIAS As cirurgias reconstrutivas, tem como proposta a utilização de técnicas para reparação tecidual, por isso falamos que o cirurgião ser flexível e ter boa imaginação. Dentro de todas as técnicas citadas, existem outros diversos tipos de acidentes que originam feridas que podem ter encaminhamento reconstrutivo sendo assim uma cirurgia plástica. A literatura relata como cirurgias diversas como a de laceração de teta e a de descorna cosmética. Porémtodo caso deve ser avaliado individualmente e cabe ao cirurgião saber a melhor conduta a ser realizada. 7.1. REPARO DE LACERAÇÃO DE TETA As lacerações de tetas são razoavelmente comuns nas vacas, elas ocorrem por vários motivos, como: ambientes pouco higiênicos, exposição intensa das tetos a fatores agressivos, falta de manutenção da ordenha, uso de teteiras rachadas, excesso de ordenhas mesmo depois de encerrado o fluxo de leite, número grande de animais no mesmo espaço e próximo a objetos pontiagudos, uso inadequado de desinfetantes cáusticos. Há dois tipos de lacerações, as que penetram a mucosa e as que não penetram. As que não penetram a mucosa geralmente cicatrizam rapidamente por segunda intenção com auxílio de medicações tópicas, antissépticos e pomadas epitelizantes e ataduras. As lacerações que penetram a mucosa temos que efetuar 41 sutura para manter a função normal de ordenha e impedir o desencadeamento de fístulas ou mastite aguda e ocorrer a perda do quarto. A preparação cirúrgica e a anestesia para esta cirurgia é simples e fundamental. Devido a localização anatômica dos tetos, há possibilidade de realizar o procedimento com o paciente posicionado em pé sendo submetido a anestesia local. O anestésico é injetado ao redor da teta, em bloqueio circular, é o mais empregado. A anestesia mais indicada é a lidocaína e como método alternativo temos a epidural. Quando as lacerações são na base da teta, fazemos a sutura sem o uso de torniquete de borracha, caso ao contrário, usamos o torniquete de borracha na base da teta para controlar a hemorragia e o fluxo de leite. Podemos usar uma pinça de Doyen campeada na base da teta também, que será um método efetivo. O úbere e as tetas devem ser lavados e deve ser evitado o uso de desinfetantes adstringentes pois podem causar necrose. Para esse procedimento requer uma sonda para teta de Larson. A técnica cirúrgica administrada é restaurar as bordas do ferimento para retirar qualquer tecido morto ou corpo estranho. O desbridamento é um dos procedimentos mais importantes envolvido na restauração. A hemorragia deve ser controlada porque coágulos sanguíneos no lúmen retardam a cicatrização tomando a ordenha difícil e dolorosa. A menor tensão possível tem que ser feita nas bordas do ferimento e o método deve ser o mais simples possível. O aparecimento de fístulas será maior se a mucosa for penetrada por suturas, por isso que é primordial que a primeira camada de suturas seja colocada somente na submucosa, aproximando as mucosas sem entrar na luz da teta. Lacerações largas, é aconselhável suturar também a camada muscular. Usa-se o categute cromado médio fino. A sutura de escolha é a simples separado, porém as simples continuam sendo empregadas também. O torniquete deve ser extraído no final da sutura, sendo que se deve testar a linha de sutura para ver se há vazamento de leite. Uma bandagem adevisa ajuda a proteger o ferimento. O pós-operatório usa-se uma sonda para teta auto estática que é inserido por uma semana. A teta que foi realizada o procedimento não pode ser ordenhada 42 mecanicamente e nem manualmente. Antibióticos sistêmicos devem ser aplicados em via intra-mamaria. As suturas são retiradas em 10 a 14 dias. 7.2. DESCORNA COSMÉTICA A descorna cirúrgica é realizada comumente em um rebanho para facilitar o manejo, o transporte, diminuir a competição nos comedouros e bebedouros, evitar acidentes entre os animais e, além disso, obter uma uniformidade e estética do rebanho. Como pode ser usada também em casos de fraturas que podem trazer consequências à saúde do animal exigindo tratamento cirúrgico. Quando se elimina um corno doente é preciso retirar o outro para conservar a simetria. Por ser um procedimento de caráter simples, no campo ainda é comum a realização de descorna por práticos, porém sabemos que só deve ser realizado com o acompanhamento de um médico veterinário. A preparação do paciente é encabrestar a cabeça do animal, e colocá-lo em decúbito lateral, esta contenção pode ser realizada com auxilio de cordas. Em seguida fazer a tricotomia da base da orelha e na fronte do animal, e é feito assepsia lavando o local com degermante e iodo polvidine. O bloqueio é feito no nervo córneo (zigomático). É feito uma incisão rostral ao corno e uma caudal ao corno, e são juntadas, divulsionamos e com uma serra obstétrica, serramos na base do chifre. Depois que o chifre for removido a base é lixada e é suturada a pele, antes reduzimos o espaço morto. No pós-operatório o curativo é realizado mantendo a ferida cirúrgica limpa e passando repelentes, 24h à 48h após a cirurgia e as suturas são retiradas depois de 2 a 3 semanas. CONCLUSÃO Ao concluirmos este trabalho, vemos a importância da utilização das técnicas de cirurgia reconstrutiva no tratamento de feridas traumáticas, apresentando algumas técnicas de fácil aplicação, bem como outras que requerem experiência profissional e conhecimento anatômico. 43 REFERÊNCIAS ACADEMIA: Técnicas cirúrgicas em grandes animais. Acesso em 03 de abril de 2020. Disponível em: <https://www.academia.edu/34274926/T%C3%A9cnicas_Cir%C3%BA rgicas_em_Grandes_Animais>. ADMS SB, Fessler JF. 2000. Atlas of Equine Surgery. Philadelphia: W.B. Saunders Company. 428 p. CASLICK, E.A. 1937. The vulva and the vulvo-vaginal orifice and its relation to the genital health of the thoroughbred mare. Cornell Vet., 27(2):178-187. CAMOZZATO, C. Giovani; Endometrite em éguas. Monografia (Graduação) UFRGS, Faculdade de Veterinária, Comissão de Estágio, Porto Alegre RS-BR, 2010. CARVALHO, Anna Beatriz Borges de et al. TENORRAFIA DE EXTENSOR DIGITAL COMUM EM QUARTO-DEMILHA: RELATO DE CASO. Goiânia: I SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ORTOPEDIA EQUINA, 2017, Jatai. Soequi, 2017. 47 p. Disponível em: http://soequianais.com/gallery/anaissoequi.pdf#page=47. Acesso em: 01 abr. 2020. CRMV. RESOLUÇÃO Nº 877, DE 15 DE FEVEREIRO DE 2008. Disponível em: http://www.apascs.org.br/federal15.php. Acesso em 06 abr. 2020. DIAS, L, M, B. Clínica Das Espécies Pecuárias. Cirurgias Corretivas. 2007 Disponível em: http://www.veterinaria.com.pt/media//DIR_26901/Cirurgias$20Correctivas.pdf. Acesso em: 06 abr. 2020. DOWICH, Gabriela et al. RELATO DE CASO: RUPTURA TENDÍNEA EM EQUINO. Rio Grande do Sul : SALÃO INTERNACIONAL DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO DA UNIPAMPA, 10., 2018, Santana do Livramento. : Unipampa, 2018. 44 Disponível em: http://200.132.146.161/index.php/siepe/article/view/40803/25616. Acesso em: 01 abr. 2020. FOSSUM, Theresa, Welch. Cirurgia De Pequenos Animais. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. 1640 p. Tradução de: Small animal surgery, 4 ed. GODOY, R; F; Laparotomia exploratória em equinos: indicações e técnicas. UNIFIL – Clínicas de Equinos, 2015. GURNERT E.; BIRGEL E. H.; Obstetrícia veterinária. Porto Alegre; Editora Sulina, (1982). 323 p. HENDRICKSON, D, A. 2013. Equine Urogenital Surgery. In: Hendrickson DA, Baird AN. Turner and McIlwraith’s techniques in large animal surgery. 4.ed. Nova Jersey: Wiley Blackwell. 139-176. HENDRICKSON, D, A. Técnicas cirúrgicas em grandes animais. 3 ed. Guanabara – 2018. 318 p. LÖF, Henrique K. A conformação vulvar e a espessura placentária são indicativas de plascentite ascendente na égua? Dissertação de Mestrado, UFRGS, Faculdade de Veterinária, Programa de Pós Graduação em Ciências Veterinárias, Porto Alegre RS-BR, 2009. LORGA, Andressa Duarte et al. Tenorrafia do extensor digital comum do membro pélvico esquerdo de equino. Revista de Ciência Veterinária e Saúde Pública, Maringá, v. 1, n. 2, p. 066, 28 out. 2014. Disponível em: https://doi.org/10.4025/revcivet.v1i2.25314. Acesso em: 02 abr. 2020. TURNER, A. Simon. MCILWRAITH, C. Wayne. Técnicas cirúrgicas em animais de grande porte. 2 ed. São Paulo: Roca,
Compartilhar