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1 CRCC01- 1 Curso Online: Contagem de Carboidratos APOSTILA CURSO ONLINE: CONTAGEM DE CARBOIDRATOS 2 CRCC01- 1 Curso Online: Contagem de Carboidratos SUMÁRIO 1. EPIDEMIOLOGIA................................................................................3 2. CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA................................................................3 3. DIAGNÓSTICO....................................................................................5 4.COMPLICAÇÕES...............................................................................................7 5. TRATAMENTO PARA CONTROLE DO DIABETES MELITTUS..........................8 6. MÉTODOS PARA AVALIAÇÃO DO CONTROLE GLICÊMICO.............................11 7. HIPOGLICEMIA...............................................................................................12 8. DIABETES E EXERCÍCIO FÍSICO.......................................................................13 9. MÉTODO DE CONTAGEM DE CARBOIDRATOS...............................................14 10. CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................21 3 CRCC01- 1 Curso Online: Contagem de Carboidratos 1. EPIDEMIOLOGIA Uma epidemia de diabetes está em curso. Em 2002 estimava-se haver 173 milhões de pessoas com DM e a projeção para 2030 é de 300 milhões. Dois terços desses indivíduos com DM vivem em países em desenvolvimento, onde a epidemia tem maior intensidade (SBD, 2014). Dados de pesquisas recentes apontam para taxas elevadas de prevalência, como 13,5% em São Carlos-SP e 15% em Ribeirão Preto –SP baseado na população adulta. Dados alarmantes uma vez que em 1980 um estudo estimou que 7,6% da população adulta era portador de DM. Em populações idosas entre 60 e 69 anos as taxas chegam a 17,4% (SBD,2014). 2. CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA: 2.1 PRÉ-DIABETES Chamado também de intolerância a glicose ou resistência à insulina. O diagnóstico de pré-diabetes é obtido através de exame bioquímico de glicemia de jejum e teste de tolerância oral a glicose (TTOG). O TTOG deve ser realizado quando a glicemia de jejum se encontra ente 100 e 125mg/dl para auxiliar no diagnóstico. 2.2 DIABETES MELITO TIPO 1 Presente em 5 a 10% dos casos é o resultado da destruição de células betapancreáticas. Na maioria dos casos essa destruição é mediada por autoimunidade, porém existem casos em que não há evidencias de processo autoimune, sendo referidos como forma idiopática de DM1. Os marcadores de autoimunidade são os autoanticorpos anti-insulina, antidescarboxilase do ácido glutâmico (GAD 65), antitirosina-fosfatases (IA2 e IA2B) e antitransportador de zinco (Znt) (1A) (SBD,2014). A taxa de destruição de células beta é variável, sendo, em geral, mais rápida entre as crianças. A forma lentamente progressiva ocorre em adultos, sendo referida como diabetes autoimune latente do adulto (LADA, latent autoimune diabetes in adults) (SBD,2014). O DM1 idiopático corresponde à minoria dos casos e caracteriza-se pela ausência de marcadores de autoimunidade e não associação a haplótipos do sistema HLA (SBD,2014). 2.2.1 Sinais e sintomas ( SOUTO;ROSADO, 2010): Polidipsia Poliúria Perda de peso Fome exagerada Alteração visual Infecções repetitivas na pele ou nas mucosas Dificuldade na cicatrização de feridas Cansaço 4 CRCC01- 1 Curso Online: Contagem de Carboidratos DIABETES LADA - LATENT AUTOIMUNE DIABETES IN ADULTS Surgimento tardio do diabetes melito tipo 1, sendo normalmente confundido com o Diabetes Melito tipo 2 pois as vezes não apresenta os sinais e sintomas abruptos característicos do DMI. Possui progressão lenta para a dependência de insulina. Características: Idade entre 35 e 50 anos Não associação com sobrepeso ou obesidade Isenção de Cetose Presença de anticorpos GAD (ácido glutâmico descarboxilase) 2.3 DIABETES MELITO TIPO 2 Presente em 90% a 95% dos casos. Caracteriza-se por defeitos na ação e/ou secreção da insulina. Geralmente diagnosticado após os 40 anos (SBD,2014). Sinais e sintomas (SOUTO;ROSADO,2010): Infecções freqüentes Excesso de peso ou obesidade Dificuldade visual Dificuldade na cicatrização de feridas Dores no corpo Formigamento nos pés 2.4 MODY Comumente confundido com DM2. Para o diagnóstico é necessário: História familiar de diabetes diagnosticado antes dos 25 anos de idade em pelo menos um membro da família. Transmissão autossômica dominante, com pelo menos três gerações atingidas pela doença, controle da glicemia sem necessidade da insulina e sem desenvolver cetose durante um período de pelo menos dois anos (SOUTO;ROSADO, 2010, SBD, 2014). Existem 6 subtipos de MODY classificados de acordo com a expressão do gene nas células betapancreáticas 5 CRCC01- 1 Curso Online: Contagem de Carboidratos Subtipo Gene Presença de hiperglicemia MODY 1 HNF-4-alfa (fator hepatocítico nuclear) progressiva MODY 2 GCK (glicocinase) leve MODY 3 HNF – 1-alfa (fator hepatocítico nuclear) progressiva MODY 4 IPF -1 (fator promotor de insulina) progressiva MODY 5 HNF – 1- beta progressiva MODY 6 NEUROD - SOUTO;ROSADO, 2010 2.5 DIABETES GESTACIONAL Trata-se de qualquer intolerância à glicose, de magnitude variável, com início ou diagnóstico durante a gestação. Ocorre em 1% a 14% de todas as gestações, dependendo da população estudada. Deve-se reavaliar pacientes com DM gestacional 4 a 6 semanas após o parto, na maioria dos casos há reversão do quadro, porém há 10% a 63% de risco de desenvolver DM2 dentro de cinco a 16 anos (SBD,2014). A Placenta produz hormônios anti-insulínicos, capazes de gerar resistência à ação da insulina no organismo materno. Todas as mulheres grávidas evidenciam algum grau de resistência a insulina. Geralmente aparece por volta da 24 semanas de gestação e torna-se mais prevalente quando (SBD,2014): Idade acima de 25 anos Ganho excessivo de peso durante a gestação Excessiva deposição de gordura abdominal História familiar de diabetes Baixa estatura (<1,50m) Crescimento fetal excessivo Pré-eclampsia (hipertensão, edema e proteinúria) 3. DIAGNÓSTICO Exames periódicos devem incluir a glicemia de jejum justamente para o rastreamento de alterações glicêmicas provenientes de resistência a insulina ou Diabetes Mellitus. Caso haja alteração na glicemia de jejum outros exames devem ser solicitados para a confirmação do diagnóstico como o TTOG e a hemoglobina glicada. 6 CRCC01- 1 Curso Online: Contagem de Carboidratos Classificação: Categoria Jejum* 2 h após 75g de glicose Casual Glicemia normal <100 < 140 Pré-Diabetes > 100 a < 126 ≥ 140 a < 200 Diabetes mellitus ≥ 126 ≥200 ≥200 *O jejum é conhecido como a falta de ingestão calórica por no mínimo 8 horas. (SBD, 2014). 3.1 DIAGNÓSTICO DE DIABETES GESTACIONAL O diabetes gestacional pode ocorrer em qualquer mulher. Não é comum a presença de sintomas. Por isso, recomenda-se que todas as gestantes pesquisem, a partir da 24ª semana (início do 6º mês) de gravidez, como está a glicose em jejum e, mais importante ainda, a glicemia após sobrecarga de glicose através do TTOG. Diagnóstico de DMG com TOTG com ingestão de 75g de glicose (SBD,2014). OMS NIH/2012* IADPSG, 2010** SBD,2011 Jejum - ≥95 mg/dl ≥92 mg/dl 1 hora - ≥180 mg/dl ≥180 mg/dl 2 horas ≥ 140 mg/dl ≥155 mg/dl ≥153 mg/dl *Um valor alterado confirma diagnóstico ** Dois valores alterados confirmam diagnóstico A Diabetes também pode surgir em pessoas sem históricofamiliar causada por distúrbios genéticos, infecções, doenças pancreáticas, uso de medicamentos, drogas ilícitas ou outras doenças endócrinas. 7 CRCC01- 1 Curso Online: Contagem de Carboidratos 4.COMPLICAÇÕES 4.1 RETINOPATIA DIABÉTICA Um material anormal advindo da hiperglicemia é depositado nas paredes dos vasos sanguíneos da retina que é a região conhecida como "fundo de olho", causando estreitamento e às vezes bloqueio do vaso sanguíneo, além de enfraquecimento da sua parede – o que ocasiona deformidades conhecidas como micro-aneurismas. Estes micro-aneurismas freqüentemente rompem ou extravasam sangue causando hemorragia e infiltração de gordura na retina. Existem duas formas de retinopatia diabética: exsudativa e proliferativa. Em ambos os casos, a retinopatia pode levar a uma perda parcial ou total da visão (CBO, 2014). 4.2 NEFROPATIA DIABÉTICA A nefropatia diabética acomete cerca de 35% dos pacientes diabéticos, em 25% a anormalidade observada é o aumento da excreção urinária de albumina e em 17% observa-se a redução isolada da Taxa de Filtração Glomerular (TGF). O rastreamento da Doença Renal do Diabetes (DRD) deve começar no início da doença para DM2 e após 5 anos no DM1. O rastreamento deve basear-se na medida da albuminúria e na estimativa da TGF (SBD, 2014). O quadro abaixo mostra os estágios de classificação da doença renal crônica de acordo com a TGF: Outra equação utilizada para mensurar a função renal é o MDRD obtido através do estudo Modification of Diet in Renal Disease. Neste cálculo usa-se o valor da creatinina e pode ser facilmente acessado através do site: http://www.mdcalc.com/mdrd-gfr-equation/. Os valores de TGF ou MDRD são norteadores da conduta nutricional, e exigem modificações na dieta em caso de alteração importante, como restrição proteica, sódio, potássio e fósforo. Estágios TGF (ml/min) 1 ≥90 2 60-89 3A 45-59 3B 30-44 4 15-29 5 <5 http://www.mdcalc.com/mdrd-gfr-equation/ 8 CRCC01- 1 Curso Online: Contagem de Carboidratos 4.3 DOENÇAS CARDIOVASCULARES A glicação de proteínas extracelulares e geração de radicais livres pode elevar a permeabilidade vascular, proliferação celular, a produção de proteínas de fase aguda, coagulação e redução da trombólise (SBD, 2014). 4.4 NEUROPATIA DIABÉTICA Chega a atingir 50% dos pacientes com diabetes ao longo dos anos de doença. Os principais sinais e sintomas são: dormência ou queimação em membros inferiores, formigamento, pontadas, choques, agulhadas em pernas e pés, desconforto ou dor ao toque, perda de sensibilidade tátil, térmica ou dolorosa. O controle glicêmico tende a diminuir ou causa a regressão dos sintomas, porém em alguns casos é necessário usar medicação (SBD,2014). 5. TRATAMENTO PARA CONTROLE DO DIABETES MELITTUS 5.1 MEDICAMENTOS Hipoglicemiantes orais/injetáveis: Classe Mecanismo de ação Medicamentos Sulfonilureias Estimulam o pâncreas a liberar insulina Glibenclamida, Clorpropamida, Glimepirida , Glipizida e gliclazida Meglitinidas Atuam de maneira similar às sulfonilureias, porém agem mais rapidamente Nateglinida e Repaglinida Biguanidas Reduzem a liberação da glicose hepática e reduzem a resistência à insulina Metformina Inibidores de alfaglicosidase Retardam a absorção de glicose Acarbose Glitazona Aumento da sensibilidade à insulina Pioglitazona Inibidores da DPP- IV (gliptinas) Aumento do nível de GLP-1, com aumento da síntese e secreção de insulina, redução de glucagon Sitagliptina, Vidagliptina, Saxagliptina, Linagliptina Mimético e análogo de GLP-1 Aumento da secreção de insulina e redução de glucagon Exenatida, Liraglutida SBD,2011. 5.2 INSULINOTERAPIA: Aspectos gerais 9 CRCC01- 1 Curso Online: Contagem de Carboidratos No diagnóstico do DM1 a insulinoterapia é iniciada prontamente, já no DM2, a insulina pode ser escolhida como segundo agente terapêutico quando a HbA1c estiver >8,5% ou após a dose máxima de metformina (SBD, 2014). No início da insulinoterapia, uma única dose de insulina basal ao deitar é considerada a estratégia preferencial para início de insulinoterapia do DM2 em uso de medicação oral. A dose inicial recomendade para iniciar a insulina basal é de 10 a 15 unidades ou 0,2 U/kg/dia nos pacientes mais obesos (SBD,2014). O ajuste de dose de insulina pode ser feito, de preferência, pelo próprio paciente, com aumentos de 2UI ou 4UI (dependendo do valor das glicemias capilares do jejum, se consistentemente maiores que 130 ou 180 mg/dl respectivamente) a cada 3 dias, até atingir o alvo de glicemia de de jejum menor que 110 a 120 mg/dl, desde que não ocorra hipoglicemia noturna (SBD,2014). Se os valores de glicemia antes do almoço, jantar e ao deitar permanecerem acima da meta, deve-se acrescentar uma segunda injeção (geralmente iniciando com aproximadamente 4 UI e ajustando com 2UI a cada 3 dias). Se a medida antes do almoço permanecer acima da meta deve-se adicionar a insulina de ação rápida ou ultrarrápida no café da manhã e posteriormente verificar a necessidade de inserir também no almoço e no jantar. No jantar a necessidade de insulina de ação rápida/ultrarrápida deve ser avaliada através da glicemia ao deitar. (SBD,2014). Após três meses se a HbA1c permanece alterada, deve-se reavaliar as doses de insulina e pode ser necessário acrescentar mais uma dosagem de NPH no almoço (SBD,2014). No quadro abaixo consta a descrição dos tipos de insulina (SOUTO, ROSADO, 2010): Tipos de insulinas Marca comercial Ação Início Pico Duração Ultrarrápidas Lispro Humalog 15 minutos 1 hora 3 a 5 horas Aspart Novorapid 10 a 15 minutos 1 a 2 horas 4 a 6 horas Glusina Apidra Rápidas Regular 30 minutos 2 a 3 horas 6 a 8 horas Intermediárias NPH 2 a 4 horas 6 a 8 horas 10 a 18 horas Ultralentas ou prolongadas Glargina Lantus 2 horas Sem pico 20 a 24 horas Detemir Levemir 6 a 8 horas 18 horas 10 CRCC01- 1 Curso Online: Contagem de Carboidratos 5.3 USO DE INSULINA E HIPOGLICEMIANTE ORAL NO DM2 Na insulinização plena é habitual descontinuar o uso de secretagogos por via oral. Entretanto, poderá ser benéfico manter os agentes sensibilizadores da insulina em combinação com a insulinoterapia. A terapia combinada de insulina e metformina ou insulina e pioglitazona possibilita controle glicêmico efetivo com doses menores de insulina. Porém em pacientes com risco de descompensação cardíaca, é mais sensato aumentar a complexidade do esquema de insulinização. Em pacientes recebendo insulina basal, com ou sem metformina, a adição de um inibidor da dipeptidade 4 (DPP-4) ou um agonista de GLP1 pode melhorar os perfis glicêmicos de jejum e pós-prandial, reduzindo significativamente a HbA1c, além de diminuir o risco de hipoglicemia com a redução da dose de insulina (SBD, 2014). No DM2 a dose total de insulina veria em torno de 0,5 a 1,5U/kg/dia, dependendo do grau de resistência a insulina e do IMC (SBD, 2014). O fornecimento da maior parte da insulina intermediária pela manhã, como estabelecido no passado e ainda utilizado por muitos médicos , poderia induzir o risco de hipoglicemia antes do almoço. Sendo assim, o regime conhecido como 2/3 e 1/3 (da dose de NPH) deve ser evitado (SBD, 2014). 5.4 USO DA INSULINA NO DM1 A dose diária de insulina preconizada para pacientes com DM1 recém-diagnosticados varia de 0,5 a 1,0 U/kg/dia. Durante a fase de remissão parcial, a dose diária total de insulina administrada é geralmente inferior a 0,5 U/kg/dia, após essa fase com a evolução da doença, a necessidade diária de insulina aumenta para0,7 a 1 U/kg/dia em crianças pré-puberes podendo alcançar 1 a 2 U/kg/dia durante a puberdade ou em situações de estresse físico e emocional. Recomenda-se que a dose da insulina basal diária varie de 40% a 60% e o restante da dose seja de insulina rápida ou ultrarrápida (SBD, 2014). 5.5 METAS TERAPÊUTICAS As metas terapêuticas variam conforme a idade do indivíduo e seu acompanhamento norteia o tratamento medicamentoso e nutricional. Para que o paciente seja coresponsável em seu tratamento é necessário que sejam estabelecidas e esclarecidas as metas terapêuticas do tratamento. Os quadros abaixo demonstram as metas terapêuticas conforme idade: 11 CRCC01- 1 Curso Online: Contagem de Carboidratos Metas glicêmicas e de HbA1c para crianças e adolescentes (SBD,2014): Idade Pré-prandial Mg/dl Pós -prandial Mg/dl HbA1c (%) Menos de 6 anos 100 a 180 110 a 200 Mais de 7,5 Menos de 8,5 De 6 a 12 anos 90 a 180 100 a 180 Menos de 8 De 13 a 19 anos 90 a 130 90 a 150 Menos de 7,5 Metas de controle glicêmico para o paciente adulto (SBD, 2014; ADA, EASD, 2012): Glicemia de jejum Pré-prandial Pós-prandial ADA/EASD <100 mg/dl <130 mg/dl <180 mg/dl SBD <100 mg/dl <130 mg/dl Até 160 mg/dl Valores de glicemia preconizados para pacientes diabéticos adultos (ADA,2008): Valores recomendados de glicemia Pré -prandial Pós-prandial Pequenas e grandes refeições 70 a 130 mg/dl Até 160 mg/dl Antes de dormir 110 a 150 mg/dl - Valores de glicemia e hemoglobina glicada para adultos e idosos (SBD,2011): 6. MÉTODOS PARA AVALIAÇÃO DO CONTROLE GLICÊMICO 6.1 GLICEMIA A dosagem de glicemia geralmente é feita no soro ou plasma, mas alguns laboratórios medem-na no sangue total que é 10% a 15% mais baixa. O método mais utilizado atualmente Glicemia pré-prandial Glicemia pós-prandial HbA1c (%) Adultos 70 a 130 mg/dl <160 mg/dl <7 Idosos Até 150 mg/dl Até 180 mg/dl ≤ 8,0 12 CRCC01- 1 Curso Online: Contagem de Carboidratos para dosagem de glicemia é o enzimático, com oxidase ou hexoquinase. O tubo ideal para coleta deve conter fluoreto evitando a glicogenólise feita pelas hemácias (SDB,2010). 6.2 HEMOGLOBINA GLICADA Deve ser solicitada em média a cada 3 meses para pessoas que tem Diabetes e reflete o histórico da glicemia ao longo de 120 dias. O método ideal de dosagem é a cromatografia líquida de alta performance (HPLC).Tem sido proposta a utilização da glicemia média estimada (GME), obtida através de um cálculo simples, sendo GME=28,7 x A1c – 46,7 (SBD,2014). O quadro abaixo relaciona os valores da HbA1c e a glicemia média estimada. NETTO, 2012 6.3 FRUTOSAMINA Mede a glicação das proteínas séricas de um modo geral, das quais a principal é a albumina. Como a albumina tem um turnover de duas semanas, a frutosamina reflete o controle glicêmico ao longo desse período (SBD, 2014). 7. HIPOGLICEMIA Não existe uma definição clara de valor para hipoglicemia. No entanto, há certo consenso na literatura de que valores entre 60 e 70 mg/dl indicam um risco de hipoglicemia grave. Em crianças pode-se observar deterioração aguda da função cerebral em valores inferiores a 60 mg/dl (SBD, 2014). Segundo Souto e Rosado (2010) os sinais e sintomas de hipoglicemia são: Fome excessiva Dificuldade para raciocinar Sensação de fraqueza Cansaço extremo Sudorese exagerada Sonolência Visão dupla Tremores Perda de consciência Coma CRCC01- 1 Curso Online: Contagem de Carboidrato Tipo de exercício Glicemia Suplementação de carboidratos Antes Depois Curta duração e < 70 Adiar o exercício Sem ajuste Baixa intensidade 70 a 100 10 a 15g Sem ajuste >100 Sem ajuste Sem ajuste Duração e intensidade <70 Adiar o exercício Sem ajuste moderada 70 a 100 25 a 50g Sem ajuste 100 a 180 15g 15 g a cada hora 180 a 300 Sem ajuste Sem ajuste >300 Adiar o exercício Sem ajuste Intenso < 70 Adiar o exercício Sem ajuste 70 a 100 50g 50g a cada 3 horas 100 a 180 25 a 50g Sem ajuste 180 a 300 15g Sem ajuste >300 Adiar o exercício Sem ajuste Em caso de glicemia inferior a 60 mg/dl ingerir: 1 colher de sopa rasa de açúcar diluída em 150ml de água 1 copo pequeno de refrigerante (200ml) 1 copo de suco de laranja (200ml) 8. DIABETES E EXERCÍCIO FÍSICO O Exercício físico é amplamente recomendando como adjuvante no tratamento do Diebetes Mellitus, porém, a pessoa com diabetes precisa estar atenta a glicemia pré e pós exercício devido ao risco de hipoglicemia e cetoacidose. A hipoglicemia pode ocorrer durante ou até 48 horas após o exercício. Em casos específicos pode ser necessário a suplementação de carboidratos. (SOUTO;ROSADO, 2010) Este quadro orienta a suplementação de carboidratos para a prática de exercícios físicos baseado na intensidade e duração do exercício e na glicemia no momento da atividade (ADA, 2006 apud SOUTO;ROSADO, 2010): 14 CRCC01- 1 Curso Online: Contagem de Carboidratos 9. MÉTODO DE CONTAGEM DE CARBOIDRATOS (baseado no livro de SOUTO;ROSADO,2010) A contagem de carboidratos vem sendo utilizada desde 1935 na Europa, porém somente em 1994, a ADA iniciou as discussões sobre o índice glicêmico dos alimentos. No Brasil a contagem de carboidratos começou a ser utilizada em 1997. O método de contagem de carboidratos consiste em calcular os gramas de carboidratos a serem ingeridos em cada refeição ajustando a dose de insulina necessária. 9.1 INFLUÊNCIA DOS NUTRIENTES NA GLICEMIA Carboidratos, proteínas e lipídios possuem estruturas químicas próprias e diferentes formas de digestão e absorção e por esta razão o impacto na glicemia também difere. Quando aos carboidratos segundo a ADA (2008), independente do tipo ao da fonte, a quantidade total de carboidrato ingerido (sendo complexo ou simples) se transformará em glicose. Não existe diferença entre o carboidrato simples e o complexo em relação a velocidade do aumento glicêmico. Os amidos ao serem digeridos, são hidrolisados à glicose para serem absorvidos, assim como acontece quando ingerimos a sacarose. Carboidratos que possuem fibras devem ser preconizados pois as fibras geram maior saciedade ao aumentar o tempo de digestão e portanto uma absorção mais lenta da glicose. CARBOIDRATOS: 100% são convertidos em glicose em um período de 15min a 2 horas PROTEINAS: 35% a 60% são convertidas em glicose em 3 a 4 horas LIPIDIOS: 10% são convertidos em glicose em aproximadamente 5 horas Alguns alimentos não apresentam efeito significativo na glicemia. Estes contém menos de 5g de carboidratos e menos de 20kcal/porção. Assim não precisam ser contabilizados no plano alimentar, se consumidos dentro de uma porção limite. FIBRAS O consumo de fibras solúveis proporciona a formação de um gel capaz de reduzir a absorção intestinal de glicose. Assim, ao consumir um alimento rico em fibra (>5g de fibras/porção), pode-se subtrair a quantidade em gramas de fibras da quantidade total de carboidratos por porção e desta forma obter uma informação mais precisa sobre o impacto deste alimento na glicemia. Estes cálculos não são práticos de serem feitos no dia-a-dia da pessoa com diabetes e por isso não é comum que a quantidade de fibras seja subtraída das refeições no cotidiano do paciente que pratica a contagem de carboidratos. Porém a titulo de conhecimento esta pode ser uma ferramenta importante para estimular o consumo de fibras. Ex: feijão-preto cozido: 14g de carboidrato – 8,4g de fibras = 5,6g de carboidrato 15 CRCC01- 1 Curso Online: Contagem de Carboidratos PROTEÍNAS A principal função das proteínas é a síntese celular portantoapenas 35% a 60% são convertidas em glicose. Geralmente quando a porção de carne é inferior a 90 gramas não contabilizamos na contagem de carboidratos, pois seu impacto glicêmico é baixo. Porém quando a quantidade chega a 90g iniciamos a contagem de 15g de carboidrato para cada 90g de proteína. Para calcular a quantidade de glicose que será obtida de certa quantidade de proteína é só multiplicar por 0,6. Ex: 90g de carne = 25g de proteína 25g de proteína x 0,6 = 15g de carboidrato 9.2 INGESTÃO DE AÇÚCAR OU DOCES O paciente diabético pode incluir o açúcar em sua alimentação desde que o total de carboidratos fornecidos por ele esteja contabilizado em seu plano alimentar. Porém, aconselha-se iniciar com isenção de sacarose, após algumas semanas permitir com moderação. 9.3 TABELAS COMPARATIVAS PARA EDUCAÇÃO NUTRICIONAL O uso de tabelas comparativas podem auxiliar pacientes e profissionais a orientar as escolhas, por exemplo: Alimento (240 ml) Carboidratos Calorias Caldo de cana 49 g 197 Kcal Suco de laranja 31 g 140 Kcal Suco de maracujá 5 g 24 kcal 9.4 MÉTODOS DE CONTAGEM DE CARBOIDRATOS Existem dois métodos de contagem de carboidratos o método de substituição e o método contagem por gramas. A escolha do método deve levar em consideração principalmente o grau de instrução, a rotina do paciente e a idade. Pois o método substituição é mais simples, porém mais engessado, enquanto o método de contagem por gramas exige cálculos mentais constantes, porém é mais flexível. 9.4.1 MÉTODO DE CONTAGEM DE CARBOIDRATOS POR SUBSTITUIÇÃO O método da substituição consiste planejar refeições que produzam um impacto glicêmico semelhante e limitando as porções. Quando o nutricionista elabora uma dieta para emagrecimento ele 16 CRCC01- 1 Curso Online: Contagem de Carboidratos também orienta o paciente sobre os equivalentes calóricos para que a dieta não fique monótona. Geralmente junto com a dieta o paciente recebe uma lista de substituições certo? No método de substituição usamos a mesma lógica, porém a lista de substituição é elaborado com foco no carboidrato e não nas calorias. Digamos que um paciente costuma comer no café da manhã: 1 fatia de pão integral com margarina, queijo e presunto e café com leite e adoçante. Quais seriam as outras opções possíveis para que ele varie o cardápio e mantenha a mesma quantidade de carboidrato na refeição? Caso ele mantenha o café com leite podemos orientar que ele substitua o 1 fatia de pão integral por 3 unidade de biscoito salgado ou 1 pão de queijo. Além destas opções podemos entregar ao paciente uma tabela de equivalente como esta: Tabela de equivalentes do grupo PÃO Equivale a: Medidas caseiras Equivale a: Medidas caseiras Aveia em flocos 2 c. sopa cheias Pão centeio/integral 1 fatia média Biscoito salgado 3 unidades Pão de forma 1 fatia Biscoito de polvilho 7 unidades. Massa de pastel 1 unidades Biscoito doce s/ recheio 3 unidades Biscoito de maisena 4 unidades Maisena 1 colher de sopa cheias Pão de milho 1 fatia média Pão de batata ½ unidade Pão de queijo 1 unidade média Pão francês/trigo ½ unidade (25g) Pão light 1 fatia Farinha láctea/Neston 1 c. sopa Farinha de trigo 1 c. sopa Granola 2 c.. sopa cheias Torrada (pão trigo) 5 fatias finas Bisnaguinha 2 unidades Pão sírio ½ unid. média Sucrilhos c/ açúcar ½ xícara Torradas (Bauducco) 3 unidades Sucrilhos s/ açúcar 1 xícara Barra de cereais light 1 1/2 unidade Bolo simples 1 fatia média Barra de cereais 1 unidade *A lista de substituição na íntegra está anexada como material de apoio e foi elaborada a partir dos dados da tabela de composição de alimentos TACO) Desta forma o paciente poderá variar o cardápio sem grandes surpresas em relação a resposta glicêmica. O método de substituição tem sido utilizado por pacientes com DM2 em uso de medicamentos orais ou em pacientes em uso de insulina. No caso de pacientes com doses fixas de insulina o planejamento alimentar deve ser feito considerando a dose prescrita de insulina rápida ou ultrarápida e a razão insulina carboidrato. Por exemplo: Se um adolescente possui prescrição de 4 UI de insulina ultrarrápida no café da manhã e razão insulina X carboidrato 1:15g quais seriam as opções de cardápio para o café da manhã? Abaixo estão descritos 3 opções de cardápio, porém existem outras combinações possíveis. Alguns nutricionistas entregam um lista de combinações possíveis, outros entregam uma dieta base e uma lista de substituição para que o próprio paciente ou cuidador monte o cardápio. 17 CRCC01- 1 Curso Online: Contagem de Carboidratos Cardápio 1 Cardápio 2 Cardápio 3 2 fatias de pão integral Margarina light 1 fatia de presunto 1 fatia de queijo mussarela 1 copo de suco de laranja 6 torradas requeijão Geléia diet 1 copo de leite integral 2 colheres de sopa de achocolatado diet 4 colheres de Granola sem açúcar 240 ml de iogurte natural 1 banana- maça picada Total : 55g de CHO Total: 59g de CHO Total: 63g de CHO 9.4.2 MÉTODO DE CONTAGEM DE CARBOIDRATOS POR GRAMAS O método de contagem de carboidratos por gramas é mais trabalhoso e exige que o paciente leia os rótulos dos alimentos, pesquise o manual de contagem de carboidratos, mensure a quantidade de carboidratos presente nas preparações e faça cálculos mentais constantes. A vantagem principal da contagem de carboidratos por gramas é que a dose de insulina a ser administrada obedece à quantidade de carboidratos consumida, isso permite maior variedade alimentar e de quantidades. O nutricionista não pode prescrever as doses de insulina a seus pacientes, nem estabelecer a razão insulina X carboidrato ou o fator de sensibilidade, as prescrições devem partir do médico responsável pelo paciente, e qualquer alteração que seja necessária deve ser discutida com o médico. Através do acompanhamento nutricional o nutricionista pode vir a perceber que o paciente possui uma sensibilidade maior ou menor do que a prescrita, bem como uma razão insulina X carboidrato maior ou menor do que a proposta inicial. Neste momento através de registros alimentares, registros das doses e registros de glicemia capilar o nutricionista pode discutir com o médico uma nova prescrição ou instruir o paciente para que este leve os registros na próxima consulta e questione o médico sobre as descobertas. RAZÃO INSULINA X CARBOIDRATO? A razão Insulina X Carboidrato geralmente é de 1UI para 15g de CHO. Isso quer dizer que para cada 15g de carboidrato ingerido deverá ser aplicada 1 UI de insulina rápida ou ultrarrápida. Este valor pode variar conforme a sensibilidade do paciente. O cálculo utilizado para mensurar a razão insulina X carboidrato é: Cálculo da razão insulina x carboidrato = 500 / soma da insulina total diária Exemplo: Um paciente possui prescrição de: 18 CRCC01- 1 Curso Online: Contagem de Carboidratos Insulina NPH : 22 unidades antes do café manhã e 12 unidades antes do jantar Insulina ultrarrápida: 4 unidades antes do café da manhã, 6 unidades antes do almoço e 4 unidades antes do jantar Qual será a razão insulina X carboidrato para este caso? Resposta Razão insulina x carboidrato = 500/ 48 Razão insulina x carboidrato = 10,41 ou aproximadamente 10. Ou seja, 1 dose de insulina consegue cobrir 10g de carboidratos. Outra forma é estimar a razão insulina x CHO através do peso, porém este método pode apresentar variações devido a resistência à insulina estar presente também em pacientes magros. O QUE É SENSIBILIDADE À INSULINA? A sensibilidade à insulina pode variar para cada indivíduo e reflete a capacidade da insulina em diminuir a glicemia. A sensibilidade pode sofrer interferências conforme a idade eo peso. Crianças geralmente possuem uma maior sensibilidade, enquanto idosos e obesos uma sensibilidade menor. Para crianças a sensibilidade pode chegar a 1UI para 80 mg/dl, para a maioria dos adolescentes e adultos 1UI para 50 mg/dl e para obesos e idosos 1UI para 30 mg/dl. Resumindo: Consiste na resposta glicêmica do paciente a 1 unidade de insulina 19 CRCC01- 1 Curso Online: Contagem de Carboidratos O cálculo da sensibilidade pode ser feito da seguinte forma: Sensibilidade à insulina: 1800/soma de insulina total diária (se usar ultrarrápida) Sensibilidade à insulina: 1500/soma de insulina total diária (se usar rápida) Exemplo: Um paciente possui prescrição de: Insulina NPH : 22 unidades antes do café manhã e 12 unidades antes do jantar Insulina ultrarrápida: 4 unidades antes do café da manhã, 6 unidades antes do almoço e 4 unidades antes do jantar Qual é o fator de sensibilidade à insulina deste paciente? Resposta: 1800/ 48(NPH + ultrarrápida) = 37,5 mg/dl Ou seja, cada 1 UI de insulina ultrarrápida deve diminuir 37,5 mg/dl da glicemia, neste caso arredonda-se para 40 mg/dl para facilitar a orientação. BOLUS ALIMENTAÇÃO O bolus alimentar é a quantidade de insulina necessária para cobrir a refeição. Para calcular a quantidade de insulina o paciente precisa ter estabelecido a razão insulina X caboidrato. A partir disso é só calcular da seguinte forma: Cálculo do bolus alimentação: CHO(g) da refeição/razão insulina x carboidrato Ex: no desjejum, o paciente consumirá 40g de carboidratos, qual é o bolus alimentação neste caso sendo que a razão insulina x carboidrato é 1:10? Bolus alimentação = 40 (CHO da refeição) / 10 (razão insulina X carboidrato) Bolus alimentação = 4 unidades de insulina ultrarrápida Ou seja, neste caso o paciente precisa aplicar 4UI de insulina ultrarrápida para as 40g de carboidrato da refeição. Com o tempo a maioria dos pacientes e profissionais acaba fazendo cálculos mentais e não precisa utilizar a fórmula 20 CRCC01- 1 Curso Online: Contagem de Carboidratos BOLUS CORRETIVO O bolus corretivo serve para corrigir hiperglicemias a qualquer hora desde que o tempo de ação da insulina seja respeitado. Cálculo do bolus corretivo: glicemia atual – meta glicêmica / sensibilidade à insulina Meta glicêmica: varia de acordo com o paciente e idade. Exemplo: Utilizando o caso acima e levando em consideração que o paciente é uma criança de 10 anos, sendo a meta glicêmica estabelecida pelo médico ao acordar é de até 130 mg/dl e que a criança acordou com uma glicemia de 250 no dia de hoje. Qual seria o bolus corretivo necessário para corrigir esta hiperglicemia? (Sendo o fator de sensibilidade= 1UI :40mg/dl) Resposta: Bolus corretivo = glicemia atual (250) – meta (130) / sensibilidade (40) Bolus corretivo = 120/40 Bolus corretivo= 3 UI de insulina Neste caso seriam necessárias 3UI de insulina ultrarrápida para corrigir a glicemia. 21 CRCC01- 1 Curso Online: Contagem de Carboidratos CONSIDERAÇÕES FINAIS O acompanhamento nutricional do paciente com Diabetes Mellitus exige mais dos nutricionistas do que imaginamos ao sair dos cursos de graduação. Minhas primeiras experiências com pacientes diabéticos foram extremamente angustiantes, pois eu sabia qual era a dieta indicada neste caso, mas desconhecia os medicamentos, a progressão terapêutica, as metas glicêmicas e principalmente, não fazia ideia de como identificar se a hiperglicemia mostrada nos HGTs e nos exames laboratoriais era advinda da alimentação ou de uma medicação insuficiente ou inadequada. Muitas vezes ouvi relatos de pacientes que alegavam não comer ou comer muito pouco e mesmo assim não percebiam melhora no seu controle glicêmico. Atualmente, após ter a oportunidade de trabalhar no Núcleo de Atenção em Diabetes de Blumenau- SC ao lado de uma equipe treinada e comprometida tenho segurança em atender pacientes com Diabetes de qualquer idade, em uso de qualquer medicação oral ou injetável. Quando eu comecei a trabalhar no Núcleo me embrenhei nos estudos sobre fisiopatologia do Diabetes, dietoterapia, índice glicêmico e carga glicêmica, medicamentos e diretrizes de tratamento, as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes e outras publicações se tornaram meus companheiros e entre uma consulta e outra eu aproveitava para estudar os casos que eu havia acabado de atender. Além dos estudos solitários, participei de cursos de imersão em Diabetes, cursos de contagem de carboidratos, congressos e assisti aulas destinadas a endocrinologistas (Sim! É preciso ser destemido (e intrometido) quando se busca o conhecimento). Mas acho que nada me motivou mais na busca de aprendizado do que os questionamentos dos pacientes e dos profissionais de saúde para quem eu era e sou referência. Pode comer cenoura? E beterraba? E manga? Qual a diferença entre o pão branco e o pão integral? Qual o melhor adoçante? Posso comer macarrão e mandioca? Em minha opinião poucos profissionais estão preparados para atender pacientes com diabetes, não só nutricionistas, mas enfermeiros, técnicos de enfermagem, psicólogos, médicos... As orientações são muitas vezes infundadas e trazem grandes prejuízos à qualidade de vida do paciente e a adesão ao tratamento. Além disso, temos as crenças populares, os chás e todos os mitos que envolvem essa doença descrita desde a época do Egito. Não faltam recursos para tratar os pacientes com Diabetes, mesmo no SUS temos tudo o que precisamos para começar (pelo menos em Blumenau), mas faltam momentos de educação em saúde e dispersão de conhecimento baseado em evidências, falta diálogo, falta capacitação e muitas vezes motivação. Elaborar estes materiais foi uma oportunidade de dividir minhas experiências e espero que sejam boas sementes no seu aprimoramento profissional no campo do Diabetes Mellitus. Atenciosamente, Monique Neis REFERÊNCIAS 22 CRCC01- 1 Curso Online: Contagem de Carboidratos CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA: Doenças: Retinopatia Diabética. Disponível em: < http://www.cbo.com.br/pacientes/doencas/doencas_retinopatia_diabetica.htm> Acesso em: 18 mar.2014. GOUVEIA, G. R.; BRUNO, L.P.C. Manual de contagem de carboidratos, 2001. NETTO, A. P. Atualização em Diabetes para profissionais de saúde. Europa press: 2012. MDcalc: cálculo da MDRD. Disponível em: < http://www.mdcalc.com/mdrd-gfr-equation/ Acesso em: 18 mar. 2014. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Diretrizes 2011. São Paulo: AC Farmacêutica, 2011. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Diretrizes 2013/2014. São Paulo: AC Farmacêutica, 2014. SOUTO, D. L; ROSADO, E. L. Contagem de carboidratos no Diabetes Melito. Rubio:2010. http://www.cbo.com.br/pacientes/doencas/doencas_retinopatia_diabetica.htm
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