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LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO Definição O líquor é um fluído aquoso, não hemático, límpido e incolor, oligocelular e oligoprotéico, intimamente relacionado ao sistema nervoso central e seus envoltórios, preenchendo o espaço subaracnóideo e as cavidades ventriculares. Funções · Distribuir nutrientes; · Retirar resíduos metabólicos; · Barreira mecânica (cérebro e medula espinhal) Composição · Semelhante a um ultrafiltrado de plasma; · Contém 99% de água; · Maior concentração de: magnésio e íons clorídricos; · Menor concentração: Glicose, proteínas, aminoácidos, ácido úrico, cálcio, Fosfato e íons de magnésio; Formação Filtração sob pressão hidrostática · Filtração passiva do sangue pelo endotélio capilar coroidal: pressão hidrostática entre o sangue e o fluido intersticial coroide; · Secreção ativa pelo epitélio monoestratificado: bombas, co-transportadores e antiportadores, canais iônicos e aquaporinas (modulação neuroendócrina e hormonal) · Pequena parcela de LCR é produzida por células ependimais, as quais se localizam na região ventricular. · 20 mL por hora nos plexos coróides; · Absorção: vilos aracnóides; · Volume total de 140 a 170 mL em adultos e de 10 a 60 mL em recém-nascidos; · Absorção Subaracnoide, chamados de vilosidades aracnoides, que cercam nervos cranianos, pela placa cribriforme, pelos vasos linfáticos da região cervical e ao longo dos nervos espinhais. O líquido retorna, assim, à circulação venosa. Todo esse trajeto exige aproximadamente 1 hora para ser completado, e o fluxo é mais rápido no sentido da gravidade; Colheita · Medir a pressão intracraniana · Punção lombar: 3º e 4º vertebra lombar · Punção ventricular: 4º e 5º vertebra lombar Posição da Coleta · Decúbito lateral · Sentado · Punção ventricular · Punção suboccipital Indicações do exame de LCR · Processos infecciosos do SN e seu envoltórios · Processos granulomatosos com imagem especifica · Processos desmielinizantes · Leucemias e linfomas (Estadiamento e Tratamento) · Imunodeficiências · Hemorragia subaracnóidea · Processos infecciosos com foco não identificado Coleta O médico geralmente faz a punção lombar que é a mais utilizado. A pressão de abertura normal, em adultos é de 90 mm H2O a 10mm H2O. O tubo utilizado é um tubo sem anticoagulantes, onde se faz a disposição em 3 tubos estéreis e devidamente identificados com os números 1, 2 e 3. Transporte · Máximo de 2h, para evitar degradação e/ou alterações morfológicas de hemácias, leucócitos e outros tipos celulares, diminuição da glicose, aumento de concentração das proteínas e de bactérias; · Fixação da amostra com formalina (1:1); · A temperatura de armazenamento do líquor nativo deve estar entre 5 °C e 12 °C; · Após realizadas as análises, uma pequena porção do LCR centrifugado deve ser devidamente identificada e armazenada na geladeira, durante 30 dias, para eventual necessidade de se realizar outras dosagens; Preparo da Amostra · Fresca e centrifugada, para a análise visual; · Fresca, não centrifugada e devidamente homogeneizada, para a contagem de leucócitos e hemácias em câmaras; · Para a confecção da lâmina, deve ser utilizada a amostra total ou o sedimento obtido por centrifugação em baixa rotação. · A preparação da lâmina deve ser rápida, já que as células se deterioram rapidamente, em virtude de o LCR ser um meio inapropriado para a manutenção da viabilidade das células. Exame Físico · Normalmente: incolor e cristalino · Cristalino ou Límpido · Opaco, Turvo ou Leitoso: ↑ Proteínas, lipídeos, leucócitos e hemácias · Xantocrômico: Sobrenadante rosado, laranja, amarelo, avermelhado (Hemoglobina, bilirrubina) · Sanguinolento · O aspecto da amostra deve ser observado em local com boa iluminação · LÍMPIDO: LCR normal ou com celularidade de até 200 leucócitos/µl ou 400 hemácias/µl; · Levemente turvo, turvo ou turvo-leitoso, em virtude da presença de células sanguíneas, microrganismos ou taxas elevadas de proteínas ou lipídeos Punção traumática Sanguinolento: Hemorragia intracraniana, punção traumática de algum vaso. Distribuição desigual do sangue: Punção T. = sg em > qde no 1º tubo Formação de coágulos: Não há fibrinogênio suficiente no líquor para coagulação. Sobrenadante xantocrômico: Hemólise – após 2 h de contato do líquor com as hemácias, hemorragias recentes podem apresentar sobrenadante transparente. Coágulo A formação de coagulo também deve ser registrada e é observada em amostras de pacientes com acidente de punção, bloqueio espinhal completo (síndrome de Froin) e meningite tuberculosa e supurativa. Esse coágulo formado pode interferir na exatidão das contagens de células, por capturarem células inflamatórias. Contagem Celular · Leucocitos · Hemácias · Imediatamente: Leucocitos se desintegram após 2h. · Amostras transparentes: Sem diluição, (Caso contrário fazer diluições com salina). · Fazer leitura câmara de neubauer Valores de Referência Variam com o local da punção · Adultos: 0 a 5 leucócitos/mm3 (lombar) 0 a 3 leucócitos/mm3 (cisternal) 0 a 1 leucócitos/mm3 (ventricular) · Recém-nascidos: Até 30 células mononucleares/mm Contagem diferencial · Identificação dos tipos celulares · Número máximo de células · Métodos: filtração, sedimentação, citocentrifugação e centrifugação comum. · Centrifugação comum: 5 a 10 min. · Lâminas são feitas com o sedimento. · Coradas e 100 células são contadas e diferenciadas. Normal: Predomínio de Linfomononucleares Anormal: Pleocitose, leucócitos imaturos, eosinófilos, plasmócitos, macrófagos, células teciduais em grande número, células malignas. Linfocitos: Normal, meningite viral, tiberculosa ou fungica, esclerose multipla (discreta elevação). Neutrofilos: Mengite bacteriana Manócitos: Mengite crônica, viral, tuberculosa ou fúngica. Macrófagos: Meningite viral e tuberculosa. Celulas mesoteliais da pia-mater aracnóide: Normal, reacional. Blastos: Leucemia aguda (linfoblastos, mieloblastos). Plamócitos: Esclerose multipla. Células ependimárias e do plexo coróide: Traumatismo. Células neoplásicas: Carcinoma metastático. Ánalises bioquímicas Ultrafiltrado do plasma, proveniente de uma filtração seletiva. Valores anormais: · Não são os mesmo do plasma. · Decorrem de alterações na barreira hematoencefálica. · Grande produção ou metabolismo das células neurais em resposta a quadro patológico. Proteínas – Proteínorraquia · Mais frequente · Normalmente a quantidade é muito pequena · Valores ligeiramente em idosos ou lactentes. · Método: Turbidimetria, nefelometria ou colorimetria Valor normal: Varia de acordo com o local da punção. · Lombar: 12 a 45 mg/dL · Cisternal: 10 a 25 mg/dL · Ventricular: 5 a 15 mg/dL Valores elevados: meningite, hemorragia e esclerose múltipla. Glicose – Glicorraquia · 60 a 70% da glicose plasmática. · Avaliação precisa é necessário o exame de glicemia (2 h antes da punção – equilíbrio entre o sangue e o líquor) · Glicólise é rápida no líquor; · Método: Enzimático · Níveis reduzidos na meningite bacteriana (↑ de leucócitos e neutrófilos) e tuberculosa (↑ de linfócitos) · Níveis normais com ↑ de linfócitos = meningite viral Lactato Valor de referência: 9 a 19mg/dL Diagnóstico e tratamento da meningite Patologias em que há de oxigênio no SNC · Níveis superiores a 25 mg/dL são mais comuns que a diminuição da glicose na meningite bacteriana, tuberculosa e fúngica. · Aumenta no início da infecção · Diminuem rapidamente com tratamento eficaz · Xantocromia: Valores ↑ Análises imunológicas · Sorologia para Sífilis (VDRL-Neurossífilis ativa) · Só fazer no líquor se for positivo no soro. · Contra-imunoeletroforese (identificar antígenos bacterianos) · Aglutinação do látex para antígenos bacterianos (estreptococos grupo B, Haemophilus influenzae, Streptococcus pneumoniae, Neisseria meningitides A, B, C, Y W135 e E. coli). · ELISA Análises microbiológicas · Identificar a etiologia da meningite. · Cultura em meios específicos (A. Sangue, A. chocolate, BHI lactosado). · Bacterioscopia: Gram, Ziehl Neelsen, tinta da China. AULA 2 - LÍQUIDO BIOLÓGICOS Tipos · Líquido pleural · Líquido Ascítico· Líquido sinovial · Líquido pericárdico · Líquido cefalorraquiano (LCR) · Líquido seminal Líquidos serosos Cavidades fechadas (pleural, pericárdica e peritoneal), revestidas por duas membranas (parietal e visceral). Seroso: Líquido situado entre as duas membranas com função de lubrificação e amortização dos impactos sobre os órgãos. Formação Ultrafiltrados de plasma. A pequena quantidade protéica é retirada pela drenagem linfática. A produção e reabsorção: Pressões hidrostáticas e oncóticas exercidas pelos capilares que irrigam as cavidades. Coleta: Aspiração por agulha (Citologia, bacteriologia e bioquímica). Toracocentese (Pleural) Pericardiocentese (Péricardio) Paracentese (Peritoneal) Edema: Acúmulo de líquido no espaço intercelular (Intersticial), nos espaços ou cavidades do corpo. Compartimentos líquidos do corpo Líquido intracelular: 28 litros (40% peso corporal) Líquido extracelular: 14 litros (20% peso corporal) Líquido intersticial: 11 litros e plasma 3 litros Causas da formação dos edemas 1. Pressão hidrostática sanguínea aumentada: Saída do líquido do vaso 2. Pressão hidrostática intersticial: O líquido não retorna para o meio intravascular. 3. Pressão oncótica sanguínea: Não deslocamento do líquido do meio intersticial para o interior do vaso. 4. Pressão oncótica intersticial 5. Vasos linfáticos: Função comprometida. 6. Acúmulo de sódio no interstício Transudato: Processos passivos (mecânicos) de origem não inflamatória com baixa celularidade e baixa concentração de proteínas. Exudato: Processos ativos de origem inflamatória com grande quantidade de células e proteínas. LIQUÍDO PLEURAL · Líquido seroso que envolve o pulmão · Ultrafiltrado do plasma · Não há participação de outro material · Menos de 10 mL · Acúmulo é influenciado pela drenagem do sistema linfático e troca de fluidos capilares Função: · Proteção mecânica, nutrição e excreção. Derrame pleural Acúmulo anormal de líquido pleural entre as pleuras parietal e visceral. Ocorrência: Pressão hidrostática: Insuficiência cardíaca congestiva. Pressão coloidal: Queimaduras, hepatopatias e nefropatias. Permeabilidade vascular: Processos infecciosos, inflamatórios e tumores. Drenagem linfática: Nódulos linfáticos com metástase. Coleta de Líquido Pleural 3 Tubos: · Sem anticoagulante: Bioquímica e Sorologia · EDTA: Citologia · Heparina: Microbiologia 1. Exame Físico Cor: Transudatos - amarelo-palha e Exsudatos - amarelo turvo, ouro, branco, leitoso ou quiloso. Aspecto: Transudatos - límpidos, transparentes, serosos e Exsudatos - turvos, purulentos, fibrinosos, hemorrágico. Densidade: Medida com urodensímetro ou refratômetro. Transudatos: abaixo de 1,020 (refratômetro) Exsudatos: acima de 1,020 (refratômetro) Coágulo: Transudatos - geralmente não coagulam e não formam fibrina. Exsudatos -geralmente coagulam ou tem fibrina. pH: Transudatos - geralmente acima de 7,20 Exsudatos - geralmente abaixo de 7,20., tuberculose, neoplasia, ruptura esofágica. 2. Exame Bioquímico Glicose: Normal, Baixa: tuberculose, inflamação reumatóide, neoplasia Protéinas: Aumentam: acima de 3,0 g/dL nos exsudatos. Diminuem: abaixo de 3,0 g/dL nos transudatos Amilases: Aumentam: neoplasias, pancreatites e são acentuadamente elevadas as dosagens nos casos de Ruptura de Esôfago (amilase salivar). Colesterol e triglicerídeos: DP QUILOSOS: colesterol alto e triglicérides elevados Mucoproteínas: Elevadas nos exsudatos (tuberculose, pneumonias) e neoplasias. 3. Sorologia Diferencia derrames de origem imunológica de neoplásica. · Proteína “C” Reativa · Fator Reumatóide · Dosagem do Complemento: Antígeno Carcinoembrionário (ACE) · Anticorpos Antinucleares 4. Citologia: Células 5. Microbiológico: Pesquisa de fungos, bactérias AULA 3 – LÍQUIDO SINOVIAL É um líquido viscoso: ultrafiltrado de plasma, adicionado de um mucopolissacarídeo contendo ácido hialurônico secretados pelas células da membrana sinovial (sinoviócitos). Normalmente na cavidade do joelho o volume é inferior à 3,5mL, apresentando cor amarelo-claro e transparente. Normalmente não coagula, mas em inflamações, o fibrinogênio provoca a coagulação do líquido. Função Manutenção da integridade da cartilagem (agente lubrificante que reduz a fricção durante o movimento), proteção mecânica contra choques, nutrição e excreção. Composição do líquido sinovial · Volume: 0,1 a 3,5 mL · Proteínas: 15 a 20 mg/L Ausência de proteínas de alto peso molecular · Ácido Hialurônico: 1,7 a 4,0 mg/L · Ácido Úrico: 25 a 72 mg/L · Glicose: 10% inferior ao volume plasmático · Enzimas: glicuronidase, lisossomais, antiproteases · Lipídios: 30% dos valores plasmáticos Colheita: Artrocentese Contagem celular · Diluir amostras turvas; · Amostras muito viscosas: 1 gota de hialuronidase em 0,5 mL de líquido sinovial; · Normal: Inferior a 200 leucócitos/mm3 · Neutrófilos < 25% · Células do tecido sinovial (sinoviócitos) Neutrofilia: Infecção bacteriana ou inflamação por cristais. Linfocitose: Inflamação não bacteriana. Eosinofilia: Processos alérgicos, infecções parasitárias, intoxicação medicamentosa. Células L.E.: Lúpus Eritematoso Células de Reiter (macrófagos vacuolados com neutrófilos ingeridos): Síndrome de Reiter, Inflamação inespecífica Viscosidade A viscosidade do L.S. decorre da polimerização do ácido hialurônico. A artrite afeta a produção de ácido hialurônico e sua capacidade de polimerizar-se, diminuindo assim a viscosidade do líquido. Exame Macroscópico e Físico Medida da viscosidade: Teste da filância (subjetivo): Quando cai da ponta de uma seringa, forma-se um fio de 4 a 6 cm (normal) Prova de Ropes ou coágulo de mucina (grau de polimerização do hialuronato) 5 mL de ác. acético 5% + 2 gotas de líq. Sinovial Resultado: Grumo firme (++++) = Bom Grumo mole (+++) = Regular Grumo friável (++) = Regular Formação de flocos (+) = Ruim Ausência de flocos (-) = Péssimo Pesquisa de Cristais Urato monossódico (gota) Pirofosfato de cálcio (Pseudogota/Condrocalcinose) Exame Bioquímicos Valores semelhantes aos do sangue. Ácido Úrico = importante na gota ↑ Glicose = ↓ infecções bacterianas e processos inflamatórios Proteínas = inferior a 3,0 g/dL. Aumenta em processos inflamatórios e hemorrágicos, na gota, osteoartrose, febre reumática, LES ANEXO
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