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Atividade 05 - Rito Sumarissimo

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À ......... VARA DO TRABALHO DA JUSTIÇA DO TRABALHO DE GRAVATAI /RS 
 
 
 
 
 
EFEMÉRIDES DAS GRAÇAS, brasileira, solteira, doméstica, CPF 
nº 001.002.003-00, RG nº 6002222555, residente na Rua Paquistão, nº 
20, Gravataí, CEP 94.000-100, neste ato representado por seu 
Advogado xx, inscrito na OAB/xx n° xx, com escritório profissional na 
Rua xx, n° xx, bairro xx, na cidade xx, e-mail xx, vem respeitosamente 
perante Vossa Excelência, em consonância com o disposto no artigo 
840 § 1 e Art 252-A, ambos da Consolidação das Leis de Trabalho, 
propor 
 
RECLAMATÓRIA TRABALHISTA PELO 
RITO SUMARISSÍMO 
 
Em face do reclamado EQUINÓCIO CARVALHO, brasileiro, 
separado, médico, com endereço na Rua Campos Novos, nº 101, 
apartamento 405, Gravataí, Cep 94.010-200, pelas razões de fato e de 
direito a seguir: 
 
1 – DA CONTRATUALIDADE 
A Reclamante foi admitida pelo Reclamado no dia 1º de dezembro de 2019 e 
imotivadamente demitido em 20 de dezembro de 2019. Exercia a função de doméstica, com 
remuneração de R$ 1.200,00, (mil duzentos reais) sem qualquer outro adicional. Com Jornada 
de trabalho de segundas à sextas, das 8 às 18 horas, com uma hora de intervalo para refeição. 
Ultrapassava, assim, a jornada semanal de 44 horas. No exercício de suas atividades lidava com 
produtos como: detergentes e água sanitária, lavando louça e limpando banheiros. Mantinha, 
ainda, contato com fezes dos animais domésticos da família (cão e gato). Em um domingos, das 
08 horas às 13 horas, trabalhou junto ao sítio de lazer do reclamante. tendo de dar comida aos 
cavalos de raça do seu patrão, mantendo contado com agentes insalubres como fezes e urina 
dos animais. Teve, também, que subir em escadas para apanhar frutas nas árvores, correndo 
 
risco de quedas. Não lhe foi concedida folga compensatória correspondente. Pontuou também 
que as verbas rescisórias não foram pagas, e o reclamado nunca anotou a CTPS da mesma. 
Sendo demitida sem justa causa, não recebendo as verbas decorrentes de tal decisão arbitrária 
do empregador. 
Efemérides das Graças relata, que a despedida foi pelo fato de não ter cedido a uma 
atitude de assédio sexual provocada pelo reclamado. Na sua despedida, foi-lhe dito que 
procurasse seus direitos, pois não seriam pagas as suas verbas rescisórias, nem seu saldo de 
salário. Relata ainda que esteve este mês em duas residências procurando novo emprego, tendo 
notícias da existência de informações desabonatórias fornecidas na vizinhança pelo seu ex-
patrão, o qual tem divulgado no bairro inteiro ser ela “uma vagabunda, preguiçosa, que só 
assiste televisão, além de ser uma ladrona e mulher de vida fácil”. 
 
2 – DO DIREITO 
Os direitos do empregado doméstico tiveram uma expressiva ampliação a partir da EC 
72/13, ao introduzir na redação do Art. 7º da Constituição Federal: 
 
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que 
visem à melhoria de sua condição social: 
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os 
direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, 
XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas 
as condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento 
das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de 
trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV 
e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social. 
 
Dessa forma, inúmeros direitos passaram a ser incorporados e de observação obrigatória 
pelo empregador, o que não foi respeitado pelo reclamado. 
 
2.1 - DO RECONHECIMENTO DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO 
O vínculo do empregado doméstico foi devidamente caracterizado pela Lei 
Complementar nº 150/15 ao dispor: 
 
Art. 1º Ao empregado doméstico, assim considerado aquele que presta 
serviços de forma contínua, subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade 
não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas, por mais de 
2 (dois) dias por semana, aplica-se o disposto nesta Lei. 
 
No presente caso, a reclamante sempre cumpriu determinações do reclamado mediante 
remuneração pactuada, preenchendo todos os requisitos necessários para reconhecimento do 
 
vínculo empregatício igualmente previstos no art. 3º da CLT, a saber: Continuidade - A 
reclamante prestava serviços ao reclamado segundas à sextas, das 8 às 18 horas, com uma hora 
de intervalo para refeição. 
Subordinação – A reclamante era subordinada ao reclamado, uma vez que toda 
execução do serviço era mediante ordens e determinações de Epitáfio Carvalho. 
Onerosidade – A reclamante recebia habitualmente a remuneração de R$ 1.200,00 
por mês, caracterizando a onerosidade das tarefas realizadas. 
Pessoalidade – Os encargos eram executados exclusivamente pela Reclamante que 
recebia as atribuições, prestando os serviços com pessoalidade, comprometimento e zelo. 
A Reclamante tem todas as características do vínculo empregatício, conforme 
entendimento firmado pelo TST: 
 
EMENTA: VÍNCULO DE EMPREGO. DIARISTA. ÔNUS DA PROVA. Por 
ser fato impeditivo do direito do reclamante, cabe ao reclamado, ao admitir a 
prestação de serviços, demonstrar a existência de relação jurídica diversa, nos 
termos dos artigos 818 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e 373, 
inciso II, do Código de Processo Civil (CPC). Se o conjunto probatório não 
evidencia a alegada relação eventual, mas, ao contrário, revela traços da 
subordinação ínsita ao contrato de emprego - pessoalidade, onerosidade, 
não-eventualidade e subordinação jurídica -, impõe-se reconhecer que a 
relação entre as partes encontra adequação típica nas normas a que 
aludem os artigos 2.º e 3.º da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). 
Recurso ordinário do reclamado conhecido e desprovido. (TRT-9 - RO: 
00016350720155090651 PR, Relator: ALTINO PEDROZO DOS SANTOS, 
Data de Julgamento: 26/04/2018). 
 
2.2 - DAS HORAS EXTRAS 
Conforme Lei Complementar nº 150/15 que regulamenta o trabalho doméstico: 
 
Art. 2º A duração normal do trabalho doméstico não excederá 8 (oito) horas 
diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais, observado o disposto nesta Lei. 
§ 1º A remuneração da hora extraordinária será, no mínimo, 50% (cinquenta 
por cento) superior ao valor da hora normal. 
 
No entanto, diferentemente desta previsão, a jornada semanal de trabalho era das 8 às 
18 horas, ultrapassando a jornada de 44 horas semanais. 
Cabe destacar que o limite da carga horária do empregado doméstico passou a ter 
previsão constitucional a partir da EC 72/13, devendo ser obrigatoriamente observada conforme 
precedentes sobre o tema: 
 
RECURSO DA SUCESSÃO RECLAMANTE. EMPREGADO 
DOMÉSTICO. HORAS EXTRAS. EMENDA CONSTITUCIONAL 
 
72/2013. O direito à jornada de trabalho de oito horas e de carga semanal de 
quarenta e quatro horas, dentre outros, foi assegurado aos empregados 
domésticos com a promulgação da EC 72/2013, a qual passou a viger em 
02/04/2013 e que alterou a redação do art. 7º, parágrafo único, da 
Constituição da República. Faz jus ao pagamento de horas extras o 
empregado doméstico que teve o seu contrato de trabalho regido por essas 
normas. (TRT-4 - RO: 00202854120165040026, Data de Julgamento: 
03/07/2017, 2ª Turma) 
 
Cabe destacar que com a entrada em vigor da LC 150/15, passou a ser obrigação do 
empregador o controle da jornada de trabalho, fato não existente nesta relação, motivo que 
autoriza a inversão do ônus da prova. 
 
RECURSO OBREIRO. DIREITO DO TRABALHO. HORAS EXTRAS. 
EMPREGADA DOMÉSTICA. ÔNUS DA PROVA. A partir de junho de 
2015, com a entrada em vigor da Lei Complementar nº 150, o empregador 
passou a ter a obrigação de registrar a jornada cumprida pelo empregado 
doméstico por instrumento idôneo, nos termos do art. 12 do referido 
diploma legal. Significa dizer que ao empregador doméstico pertence o 
ônus de demonstrar a jornada de trabalho efetivamente praticada, poisdetém a posse dos documentos hábeis para esse fim. In casu, o período 
laboral encontra-se integralmente abrangido pela vigência da LC em comento 
e o reclamado não juntou controles de frequência, de forma que são devidas 
as horas extras, conforme inicial e provas produzidas nos autos. Recurso 
parcialmente provido. (Processo: RO - 0000960-23.2017.5.06.0242, Redator: 
Maria do Socorro Silva Emerenciano, Data de julgamento: 29/11/2017, 
Primeira Turma, Data da assinatura: 12/12/2017) 
 
Assim, deve o Reclamado pagar as horas extras, com os adicionais devidos. Requer 
ainda, os reflexos em repouso semanal remunerado, aviso prévio, décimo terceiro salário, férias 
acrescidas do terço constitucional e FGTS com multa de 40%. 
 
2.3 - DO TRABALHO AOS DOMINGOS E FERIADOS 
A Constituição Federal, por meio do artigo 7º, inciso XV, bem como o artigo 67 da CLT 
estabelece o repouso semanal remunerado preferentemente aos domingos e, quando realizado, 
será sempre subordinado à permissão prévia da autoridade competente em matéria de trabalho, 
o que de fato não ocorreu com o Reclamante. 
Dessa forma, diante da súmula 146 do TST, os dias trabalhados em domingos e feriados 
deverão ser pagos em dobro sem prejuízo à remuneração relativa ao repouso semanal., 
conforme precedentes sobre o tema: 
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. PROCESSO 
SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. NORMA COLETIVA. BANCO DE 
HORAS - TRABALHO PRESTADO AOS SÁBADOS, DOMINGOS E 
FERIADOS (COMPENSAÇÃO DE PLANTÕES). INVALIDADE. 
 
PRESTAÇÃO DE HORAS EXTRAS ALÉM DO LIMITE DE 10 HORAS 
DIÁRIAS. ART. 59, § 2º, DA CLT. SÚMULA 85, V/TST. A Corte de origem, 
com alicerce no conjunto fático-probatório produzido nos autos, concluiu que 
o regime de banco de horas relativo ao trabalho prestado aos sábados, 
domingos e feriados (compensação de plantões), ainda que previsto em norma 
coletiva, era inválido, pois, pela avaliação dos registros de ponto, constatou a 
prestação de horas extras além da 10ª diária. Com efeito, o art. 59, § 2º, da 
CLT condiciona a validade do banco de horas à observância do limite máximo 
de 10 horas diárias. Frise-se que as situações de desrespeito à regularidade do 
banco de horas conduzem à automática sobre remuneração das horas diárias 
em excesso, como se fossem efetivas horas extras. Essa conduta resulta do 
sentido da norma disposta no § 3º do art. 59 da CLT, o qual dispõe: "Na 
hipótese de rescisão do contrato de trabalho sem que tenha havido a 
compensação integral da jornada extraordinária, na forma do parágrafo 
anterior, fará o trabalhador jus ao pagamento das horas extras não 
compensadas, calculadas sobre o valor da remuneração na data da rescisão". 
Assente-se, ainda, que a Súmula 85/TST refere-se somente ao regime 
compensatório clássico, não se aplicando ao banco de horas os critérios 
atenuadores fixados em seus incisos. Agravo de instrumento desprovido. (TST 
- AIRR: 7954220135090303, Relator: Mauricio Godinho Delgado, Data de 
Julgamento: 16/11/2016, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 18/11/2016) 
 
Nesse sentido, considerando que a reclamante laborou um domingo, das 08 horas às 13 
horas, conforme provas que junta em anexo, deve usufruir da devida remuneração. 
 
2.4 - DO NÃO PAGAMENTO DAS VERBAS RESCISÓRIAS 
Conforme narrado, a Reclamante prestou serviços para o Reclamado do dia 01/12/2019 
a 20/12/2019, data em que foi despedido sem justa causa, e, sem receber nenhuma verba 
rescisória. 
Ocorre que, trata-se de contrato por prazo indeterminado, além dos pagamentos 
proporcionais de saldo de salário, férias e 13º devidos, a reclamante ainda faz jus: 
 
a) à indenização proporcional por tempo de serviço, nos termos do Art. 478 
da CLT; 
b) ao aviso prévio, nos termos do Art. 487 da CLT; 
c) FGTS sobre verbas rescisórias e Multa de 40% sobre saldo do FGTS; 
d) Multa do Art. 477, § 8º, da CLT. 
 
Diante de todo o exposto, a Reclamante requer a procedência dos pedidos veiculados na 
presente reclamação trabalhista, com a condenação do Reclamado no pagamento das verbas 
rescisórias. 
 
2.5 – DA INDENIZAÇÃO POR ASSEDIO MORAL 
A nossa Constituição Federal vigente preceitua que: 
 
 
Art. 5º, V da CF: “É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, 
além da indenização por dano material, moral ou à imagem”. Art. 5º, X da CF: 
“São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, 
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de 
sua violação. 
 
Importante ressalvar que a Emenda Constitucional 45/2004, a Justiça do Trabalho é 
competente para julgar as ações de indenização por dano moral decorrentes da relação de 
trabalho, nos moldes do artigo 114, VII da CF, bem como a súmula 392, do TST. 
Há que se destacar que o próprio Tribunal Superior do Trabalho reconheceu a 
competência da Justiça do Trabalho para julgamento de dano moral decorrente da relação 
laboral. Dentre os direitos fundamentais estabelecidos pela Constituição Federal, estão o 
respeito à dignidade da pessoa humana e sua intimidade, expressos no art. 5º, 
incisos, III, V e X além do art. 6º no que se refere o direito à saúde (mental) da referida Carta 
Maior. 
A Reclamante, pessoa simples, foi assediada pelo reclamado, destaca ainda que sofreu 
humilhações ficando moralmente arrasada ante o referido constrangimento moral a humilhação 
pelas informações fornecidas na vizinhança pelo seu ex-patrão, o qual tem divulgado no bairro 
inteiro ser ela: uma vagabunda, preguiçosa, que só assiste televisão, além de ser uma 
ladrona e mulher de vida fácil”. 
Com efeito, as ações que têm como objetivo a reparação por dano oriundo de ato ilícito, 
indiscutivelmente, buscam a responsabilidade civil do reclamado (artigos 186 e 927 do 
novo Código Civil), devendo a questão ser resolvida à luz do direito material comum, não 
obstante, em face da causa remota do pedido emanar da relação de trabalho, a competência 
material para processar e julgar o feito seja da Justiça Federal Especializada. 
. 
2.6 - DO DANO MORAL 
O dano é definido como a redução no patrimônio jurídico, considerado este como o 
acerbo de bens materiais e imateriais (a honra, a boa fama, a paz interior, a estima própria e a 
de terceiros, a afeição, liberdade política e religiosa, etc...), que se sofre por ato, fato ou omissão 
de outrem, originando sofrimento psíquico, físico ou moral, propriamente dito. Assim, como 
dano moral havido pela falta de anotação na CPTS do reclamante, por tal ato ilícito cometido 
pela reclamada. 
 
3 – DOS PEDIDOS 
Ante o exposto, requer: 
 
a) O vínculo de emprego e anotação da CTPS; 
b) A condenação do pagamento do Aviso prévio proporcional de 30 dias. R$ 1.200,00; 
c) A condenação ao pagamento do Saldo de Salário de 20 dias. R$ 800,00; 
d) A condenação ao pagamento do 13º salário proporcional de 1/12 avos. R$ 100,00; 
e) A condenação ao pagamento de férias de 1/12 avos. R$ 100,00; 
e.1) 1/3 sobre férias. R$ 33,33; 
f) A condenação da indenização por danos morais. R$ 5.000,00 
g) Sejam devidamente remunerados em dobro as horas trabalhadas em domingos. R$ 54,50; 
h) A incidência de juros de mora a partir da data do ajuizamento da ação, conforme o artigo 
883 da CLT, e correção monetária, nos termos da Súmula 381 do TST. 
 
11 – DOS REQUERIMENTOS FINAIS 
Requer digne-se Vossa Excelência em determinar a notificação da reclamada para, 
querendo, vir a juízo responder por todos os termos e atos da presente, sendo, ao final, julgada 
totalmente procedente esta reclamatória, com a condenação da reclamada em todos os itens do 
pleito. 
 
Dá-se à causa o valor de R$ 7.287,50. 
 
 
Nestes termos, pede deferimento. 
 
 
 
Gravataí, 04 de Abril de 2020. 
 
 
 
______________________________ 
Advogado 
OAB/xx

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