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Laboratório de Engenharia Química – Filtração com tortas incompressíveis 1. Introdução A filtração é um dos processos mais usados na indústria química para separar sólidos e líquidos. Além de ter custo relativamente baixo por demandar equipamentos simples, este processo é eficaz tanto nas situações em que o sólido é o produto de interesse, quanto naquelas em que o líquido está sendo purificado. Como exemplo, podemos citar a síntese de fármacos ou de bebidas fermentadas em um meio contendo microrganismos e partículas de substrato. Nas indústrias de alimentos e bebidas, o papel da filtração está centralizado na produção de suco de frutas, óleos vegetais, leite e derivados, entre outros produtos. Um dos equipamentos mais empregados na filtração é o filtro prensa. Figura 01 – Filtro prensa Num filtro-prensa simples (sem quadros específicos para lavagem), há dois tipos de quadros. Os do tipo 1 são apenas uma moldura e servem para estocar a torta que vai formando ao longo da operação. Já o tipo 2 possui uma parede rugosa e servem apenas para direcionar o filtrado para o tubo de saída. Cada quadro possui dois furos circulares nas diagonais, que formam dois tubos, o de alimentação e o de saída de filtrado, quando o filtro é montado. Para que seja feita a filtração, os quadros do tipo 2 são revestidos dos dois lados com meio filtrante. Sendo assim, a suspensão a ser filtrada é bombeada pelo tubo de alimentação, entra nos quadros do tipo 1, passa pelo meio filtrante e é direcionada pelos quadros do tipo 2 para o tubo de saída. O ciclo termina quando o quadro está cheio dos sólidos retidos na filtração, o que é indicado pelo aumento da queda de pressão e diminuição da vazão do filtrado. Independentemente do tipo de filtração, a escolha adequada do meio filtrante é essencial, pois a qualidade do produto obtido depende, em grande parte, da eleição correta desse material. A escolha adequado do meio filtrante deve ser baseada na sua capacidade, entre outras, para: produzir um filtrado límpido; possibilitar uma retirada fácil da torta; ser resistente o suficiente para não sofrer fissuras, romper-se ou mesmo para não sofrer ataque químico dos constituintes presentes na suspensão a ser tratada; apresentar uma boa e adequada distribuição de poros de modo a não comprometer o curso da filtração e que apresente baixo custo e de fácil limpeza. 2. Materiais e métodos Uma suspensão de CaCO3 com concentração C a ser determinada foi filtrada usando um filtro prensa em escala piloto, composto por quadros dos tipos 1 e 2, e tendo como meio filtrante o papel paraná. O filtrado foi recolhido e seu volume anotado em função do tempo. Ao ser alcançado a condição de quadro cheio, observado pela redução da vazão e aumento da pressão na leitura do manômetro, a bomba foi desligada e foram extraídas amostras da torta para avaliação. (a) Determinação da concentração Foram retiradas amostras da suspensão inicial, que foram pesadas. Estas amostras foram secas em estufas por vários dias, e a massa seca foi novamente pesada. (b) Aumento de pressão na bomba (P) A pressão da bomba foi medida através da leitura de um manômetro, e se manteve constante durante todo o processo de filtração, até a situação de quadro cheio. (c) Medições do tempo (t) e Volume de filtrado (V) O filtrado foi recolhido em uma proveta, e com auxílio de um cronômetro foi construída uma tabela de filtrado em função do tempo. A partir destes dados, pode ser construída uma tabela t/V em função de V, que será usada para determinação da resistência específica da torta () e resistência do meio filtrante (Rm). (d) Calculo da porosidade da torta (): A porosidade é igual ao volume de líquido sobre o volume total da torta. Calculando a massa de água perdida, pode-se calcular ser volume; com a massa de sólido, podemos também obter seu volume usando a densidade do CaCO3. 3. Resultados e Discussão 3.1 – Dados do equipamento piloto: Área do filtro prensa (quadro 2): 3.2 – Dados da solução em estudo: Pesar a solução inicial (sólidos CaCO3 + H2O): 3.3 – Dados operacionais do sistema e propriedades físico químicas da solução: Perda de Pressão (P): Viscosidade da água (Pa.s): 3.4 - Os dados de tempo e vazão são apresentados a seguir: A tabela abaixo apresenta a coleta de dados experimentais referente ao tempo de filtração versus o volume de filtrado. Tabela 01 – tempo da filtração versus volume de filtrado t (s) V (m³) t/V (s/m³) 3.5 - Resultados: Os resultados de tempo e volume podem ser plotados e a partir deles pode ser feito um ajuste linear, como representado a seguir: Figura 02 – Gráfico de t/V em função de V Os últimos pontos estão em uma situação próxima à de quadro cheio, e não serão utilizados como parâmetro de referência. Ajustando linearmente os pontos sinalizados, e consequentemente o coeficiente angular (a) e coeficiente linear (b), logo: Onde: KP/2 = Coeficiente angular da reta; B = coeficiente linear da reta. Com KP e B pode-se determinar diretamente o tempo de filtração. Conhecendo os parâmetros , Cs, A e P é possível determinar a resistência específica da torta () e resistência do meio filtrante (Rm). Logo, o cálculo de a e x permite obter a equação do tempo de filtração em termos dos parâmetros básicos da operação: 4. Dados e Resultados experimentais Pontos t (s) V (m³) 1 101 0,000800 2 108 0,000900 3 115 0,001000 4 147 0,001400 5 155 0,001500 6 165 0,001600 7 174 0,001700 8 183 0,001800 9 193 0,001900 10 202 0,002000 11 245 0,002400 12 256 0,002500 13 268 0,002600 14 281 0,002700 15 294 0,002800 16 306 0,002900 17 319 0,003000 18 371 0,003400 19 386 0,003500 20 402 0,003600 21 418 0,003700 22 434 0,003800 23 449 0,003900 24 466 0,004000 25 714 0,004400 26 825 0,004500 27 976 0,004600 28 1170 0,004700 29 1439 0,004800 30 1781 0,004900 31 1977 0,004950 Dados de Entrada Área do filtro prensa (A) 0,0484 m² Concentração de alimentação (Cs) 50,0 kg/m³ Pressão (P) 50000 N/m² Viscosidade da água () 0,0008937 Pa.s 5. Conclusões Pode-se observa que a construção de um filtro piloto antes da extrapolação para escala industrial é muito eficaz, no sentido de conferir maior segurança ao projeto a partir de experimentos simples. Portanto, diante dos resultados apresentados, estime o tempo necessário para filtrar 2 m³ da mesma suspensão em um filtro industrial com 1,2 m² de área. 6. Referência Bibliográfica Cremasco, Marco Aurélio, Operações Unitárias em sistemas particulados e fluidomecânicos, 2ª edição, São Paulo: Blucher, 2014. MCCABE, W. L.; SMITH, J. C.; HARRIOTT, P. Unit Operations of Chemical Engineering. 5th Edition. ed. Singapore: McGraw-Hill, Inc., 1993
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