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RESENHA ADOLESCENCIA - Calligaris

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FACULDADE ANHANGUERA DE SOROCABA
Av. Dr. Armando Pannunzio, 1478 – Itanguá – Sorocaba
São Paulo, CEP 18050-000 – Tel.: (15) 33211478
RESENHA 
	Referência
	Texto Nº
	CALLIGARIS, C. A Adolescência. São Paulo: Publifolha, 2000.
	1
Conflitos para o adolescente
O primeiro capítulo do livro nos traz uma alusão sobre a adolescência diante uma perspectiva exploratória num contexto desconhecido, isso se dá por meio da comparação da vida em um lugar nunca vivido, na qual você é acolhido e por 12 anos, passa por um preparo, tido como a forma correta de se conquistar o prestigio social e a integração total naquela tribo, e a partir disso, você passa a aprender habilidades manuais, verbais, valores e etc. Embora, esteve em treinamento por 12 anos e já possua experiência no manejo de alguns recursos como a maioria dos outros, os seus líderes decidem que ainda não há experiência o suficiente para estar totalmente em seu grupo e dizem que levaria em torno de 10 anos para que alcançasse. 
Esse atraso na integração do grupo é justificado como algo para o próprio bem e mesmo que não faça parte integral, poderá utilizar dos recursos oferecidos e das habilidades adquiridas sem tanta responsabilidade e sem o ganho do prestigio social. Em comparação ao contexto real, o autor utiliza do preparo por 12 anos para descrever a infância e o início da adolescência, onde nada sabem e estão a todo momento observando e imitando os “lideres”, que seriam os adultos, na tentativa de aprender o que é certo a se fazer quando estiverem no lugar deles. 
Sendo assim, ao alcançar a adolescência, cria-se uma expectativa de que agora está maduro o suficiente para não ser comparado a uma criança, portanto, entende que agora irá usufruir daquele ideal de independência que foi criado, pois compete por igual e, aliás, ao seu ver possuí habilidades semelhantes, porte físico parecido, é capaz de amar e fazer tudo o que os outros fazem, portanto, se identifica como adulto, porém, a liberdade que lhe é almejada ainda não o pertence e é imposto, que por cerca de mais 10 anos estará respondendo ás ordens de um adulto. Essa experiência, o autor descreve como sendo uma adolescência moratória, que podemos entender o uso desse nome no sentido da palavra “moratória”, que pode ser atribuída como o ato de atrasar ou suspender alguma coisa que havia sido acordada, como um pagamento. Portanto, como dito no início, este individuo treinou bastante e mesmo que possua habilidades requisitadas, ainda não é digno de adentrar ao tão sonhado grupo.
Como consequência a isso surge a adolescência como reação e rebeldia, que é justificada pelo autor por meio da contradição sobre a ideia de imaturidade dos jovens, que são apontados como irresponsáveis por não possuírem requisitos para serem independentes e que em contrapartida, antigamente, aos 15 anos durante a guerra, muitos foram mandados a campos, inclusive como comandantes e, portanto, se justifica a ideia de uma adolescência construída culturalmente com o passar do tempo, que limita os jovens e não permite que desenvolvam a maturidade esperada, aliás, isso se dá a partir das experiências e por isso aquele “ideal de independência” é tão sonhado, pois ser independente é ser adulto e poder gozar dos benefícios da autonomia. Essa incisão, comumente traz ao adolescente uma sensação de isolamento pela falta de identificação, pois não é mais uma criança e não é permitido ser um adulto. Por estar nesse “meio termo”, quando necessário não há um cuidado como se fosse uma criança, por muitas vezes, se sente negligenciado, pois há a justificativa de que uma criança não sabe o que faz e, portanto, necessita de um cuidado maior, já um adolescente sabe se cuidar.
Essas contradições dão força a revolta, que atrelada ao isolamento que sentem, é comum que se juntem aos seus semelhantes, ou seja, há outros que se encontram nessa fase e com as mesmas dificuldades na busca por espaço, voz e identificação. A partir disso, surgem grupos, que influenciam e são influenciados, por meio de bens materiais, como vestuários, itens, eletroeletrônicos e etc. Isso ganha força, devido a identificação, pois se o grupo “X” utiliza, e o desejo é pertencer a ele, portanto, é necessário possuir, se vestir e agir igual. Além disso, a reação por essa moratória, influencia na sustentação e desejo por pertencimento de grupos como gangues, que cometem atos ilícitos, na qual podemos entender como uma reação a toda repressão, satisfazendo assim o seu ego e que comumente obtém prestigio, visto que se rebelaram e devido isso, são admirados por outros jovens. 
Essa inclusão em grupos, assim como a gangue, se mantém devido ao reconhecimento que lhe é ofertado por se sentirem admirados por determinadas habilidades que possuem e com isso cria-se uma sensação de pertencimento e desta forma, assim como destaca o autor, são fortalecidos 5 tipos de adolescências durante esse percurso, sendo o gregário, delinquente, toxicômano, que se enfeia e o barulhento. O gregário se identifica com uma micro sociedade com a mesma faixa etária e a partir daí se juntam e passam a disfrutarem das mesmas influencias culturais, por exemplo: roupas, tatuagens, piercings e etc. Esse grupo está em desacordo com a família, pois ali estão os desejos reprimidos de seus familiares, portanto, causando certa negação e conflitos, além disso essa desarmonia, quando reconhecida e admirada pelo grupo tende a se intensificar como gesto de fidelidade aos seus semelhantes e por fim, o afastamento aos familiares. 
 O delinquente é intenso na revolta contra a moratória, pois está cansado de não ser ouvido e notado, e por isso passa a utilizar da violência como instrumento para esse objetivo. Quando encontra outros jovens que também estão na delinquência, se juntam e passam a transgredir diante aos seus “adultos”, pois é uma forma de confrontarem, utilizando de crimes e atos que vão em desencontro com os que foram pré-estabelecidos por seus familiares. Essas características podem se intensificarem de acordo com a experiência da moratória, ou seja, quanto mais se esforçou e não foi reconhecido, maior será sua revolta contra o controle de seus tutores. 
Há também o adolescente toxicômano, sendo o que mais preocupa o adulto, devido a sua característica de envolvimento com drogas, que pode ser entendida como uma herança das gerações anteriores, que tinham como ideal de libertação o uso de drogas. Por ser algo ilícito, esse consumo, inclusive exagerado, pode vir como uma reação a moratória também, visto que enquanto criança, não havia conselhos e avisos sobre o uso desses químicos, porém, enquanto adolescentes há uma preocupação, e desta forma se torna um elemento de uso para contrariar os pais, assim como se sentirem libertos e ocasionalmente autônomos, o que aumenta o risco do tráfico, pois o fácil acesso e o lucro exorbitante dessa atividade, seduz os jovens para o seu envolvimento.
O adolescente barulhento tende a exagerar no seu modo de ser, comumente incomodam os outros com os seus gostos, como música em alto som e exagero na sua identidade visual, que busca por referencias como ídolos famosos, que em seu entendimento possuem autenticidade e a partir disso, passam a se vestirem e se comportarem da mesma forma. Essa reprodução de estilo possibilita que outras pessoas admirem e a partir daí, passam a criarem modas, que inclusive são aderidas por adultos. 
A quinta categoria de adolescência está no que se enfeia, que possui características polemicas em meio a sociedade, pois vão de desencontro com padrões estéticos, que muitas das vezes é entendido como autoagressão estética. Essa ação certamente possui o propósito de desafiarem os adultos, contrariando todas as idealizações que fizeram sobre seus filhos e que, portanto, possui pretensão rebeldia. Por mais que respondam de forma distinta, essas categorias se encontram na mesma situação, que seria a insatisfação com a falta de reconhecimento de seus adultos e desta forma, a cultura se mantém, visto que a maneira com que seus responsáveis te “educam”,passa a ser o modelo para os próximos pais, a não ser que isso seja ressignificado.
Essa cultura se mantem por cerca de 50 anos e a sua permanência pode ser justificada através dos benefícios que traz aos adultos, pois por 12 anos alimentou, limpou e teve que proteger um filho e a partir disso, passa a delegar atividades que antes eram dos adultos, mas que felizmente pode ser efetuada por seus filhos, devido a sua capacidade física e cognitiva, portanto, o adulto passa a ter um auxiliar, que muitas das vezes assume todas as tarefas, porém, não recebe o seu reconhecimento e que pode vir acompanhado de uma fala comum, “- é sua obrigação”. Isso põem o adulto em uma posição narcisista, pois essa ação, não só traz sofrimento ao jovem, mas é imposta como algo do decorrer da vida, visto que a vida dele foi assim e por isso seu filho terá as mesmas obrigações, isso quando não menosprezam o jovem, argumentando que na sua época faziam mais coisas. Por mais que todos os adultos tenham passado por esse período de adolescência, eles negam os conflitos que viveram e passam a idealizar essa fase como umas férias permanente, isso pode acontecer como uma forma de racionalização de seus atos, o que mantem esse comportamento e impede a maturação que tanto cobram.

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