Buscar

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO CONSERVADOR DA DISPLASIA COXOFEMORAL EM CÃES

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Investigação, 14(1):78-82, 2015
ISSN 21774780
78
Revista
INVESTIGAÇÃO
medicina veterinária
Revisão de Literatura |
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo discorrer sobre a displasia coxofemoral em cães, envolvendo 
principalmente meios diagnósticos e diferentes opções terapêuticas, enfatizando as medidas conservativas. 
A displasia coxofemoral é uma afecção ortopédica de etiologia multifatorial, que comumente acomete 
os cães de raças grandes e gigantes e de crescimento rápido. Caracteriza-se pelo desenvolvimento 
anormal da articulação coxofemoral, causando doença articular degenerativa secundária irreversível. Os 
sinais clínicos comumente observados nos animais acometidos são claudicação e relutância a exercícios 
intensos. O diagnóstico deve ser baseado agregando informações como o histórico do paciente, sinais 
clínicos e exame radiográfi co da pelve. O tratamento instituído pode ser conservador ou cirúrgico e a 
escolha varia de acordo com idade, grau de dor, achados clínicos e radiográfi cos. O tratamento clínico 
inclui perda de peso, exercício controlados, medicações anti-infl amatórias e analgésicas, acupuntura, 
e ainda terapia com ondas de choque e células tronco mesenquimais; contudo, os mesmos agem de 
forma paliativa para alívio da dor, sendo muitas vezes necessário evolução para tratamento cirúrgico.
Palavras-chave: cão; claudicação; pelve; ortopedia veterinária
Bruna Bressianini Lima1, Fernanda Gosuen Gonçalves Dias2, Lucas de Freitas Pereira2,
Maria Eduarda Bastos Andrade da Conceição1, Thiago André Salvitti de Sá Rocha1,
Cristiane dos Santos Honsho2, Luis Gustavo Gosuen Gonçalves Dias1
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO 
CONSERVADOR DA DISPLASIA 
COXOFEMORAL EM CÃES
DIAGNOSIS AND TREATMENT CONSERVATIVE IN THE 
HIP DYSPLASIA IN DOGS: LITERATURE REVIEW
ABSTRACT
This paper aims to discuss the hip dysplasia in dogs, mainly involving diagnostic methods and diff erent 
treatment options, emphasizing conservative measures. Hip dysplasia is an orthopedic disease of 
multifactorial etiology that commonly aff ects dogs of large and giant breeds and rapid growth. It is 
characterized by abnormal development of the hip joint, causing irreversible secondary degenerative 
joint disease. Clinical signs commonly observed in aff ected animals are lameness and reluctance to 
intense exercise. The diagnosis should be based on adding information such as patient history, clinical 
signs and radiographic examination of the pelvis. The treatment can be conservative or surgical and the 
choice varies according to age, level of pain and fi ndings clinical and radiographic. Medical treatment 
includes losing weight, controlled exercise, anti-infl ammatory and analgesic medications, acupuncture, 
and even therapy with shock waves and mesenchymal stem cells, however, they act in the palliative 
treatment of pain relief, and often is necessary surgical treatment
Keywords: dog; lameness; hip; veterinary orthopedic 
1. UESP-Univ Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP, Jaboticabal, São Paulo, Brasil. 
E-mail: felipefariaspcb@yahoo.com.br
2. Pós-graduação em Ciência Animal, Hospital Veterinário, Universidade de Franca (UNIFRAN), 
Franca, São Paulo, Brasil.
Investigação, 14(1):78-82, 2015
Clínica e Cirurgia de 
Pequenos Animais
Investigação, 14(1):78-82, 2015
ISSN 21774780
79
INTRODUÇÃO
A displasia coxofemoral é uma afecção ortopédica comumente 
observada na espécie canina (ROCHA et al. 2013), principalmente 
nos animais de porte grande e com crescimento rápido. Cães 
pequenos apresentam menor risco de desenvolvimento da 
doença, porém não podem ser excluídos dessa condição (MINTO 
et al. 2012).
Caracteriza-se pelo desenvolvimento anormal uni ou bilateral 
da articulação coxofemoral (ROCHA et al. 2013), demonstrando 
diferentes graus de sub-luxação e alteração articular 
degenerativa (MINTO et al. 2012), o que favorece a frouxidão 
de tecidos moles e instabilidade local (ROCHA et al. 2013). Os 
principais fatores associados à etiologia e a gravidade da doença 
são hereditariedade, nutrição, infl uência hormonal e meio 
ambiente (GUO et al. 2011; BARTOLOME et al. 2015; SANCHEZ-
MOLANO et al. 2015). Há relatos da ocorrência da doença tanto 
em machos quanto em fêmeas de qualquer idade (MINTO et al. 
2012).
Os sinais clínicos dependem do grau de evolução da doença 
e quando percebidos pelo proprietário já podem estar em 
estágio avançado. Os mais comumente demonstrados são dor, 
claudicação unilateral ou bilateral progressiva e crônica, marcha 
rígida, atrofi a muscular e relutância durante a realização de 
exercícios constantes (ROCHA et al. 2013; SOUZA et al. 2015).
O diagnóstico deve ser baseado na resenha, histórico completo, 
sinais clínicos, exame ortopédico e radiográfi co (BETTINI et al. 
2007).
A escolha de tratamento conservador ou cirúrgico depende da 
idade do paciente, gravidade da displasia e presença ou não 
de afecções concomitantes, no entanto, o intuito de ambas é 
diminuir a dor, melhorar a função do membro afetado e garantir 
qualidade de vida ao paciente (SANTANA et al. 2010).
DESENVOLVIMENTO
A articulação coxofemoral é composta pela cabeça e colo 
femoral e acetábulo. Tal confi guração anatômica confere 
estabilidade e congruência, concomitantemente permitindo 
grande amplitude de movimentos como lateralidade e rotação 
dos membros pélvicos (VEZZONI, 2007).
Nesse sentido, a displasia coxofemoral ocorre por falha no 
desenvolvimento da articulação, caracterizado por vários graus 
de frouxidão de tecidos moles ao redor, má formação da cabeça 
femoral e acetábulo, os quais podem contribuir para subluxação 
em idade precoce (BETTINI et al. 2007), principalmente nos 
animais de grande porte e com crescimento rápido (MINTO et 
al. 2012; ROCHA et al. 2013). Esta afecção ortopédica ocorre por 
problemas entre o desenvolvimento muscular e esquelético, 
que podem levar a instabilidade e subluxação das mesmas à 
medida que os fi lhotes crescem (VEZZONI, 2007; BARROS et al. 
2008). 
Devido à pressão que é submetida, a cartilagem é a que mais 
sofre modifi cações, onde, no início da doença se encontra 
áspera e com presença de fi ssuras, e no decorrer da afecção seu 
estado fi siológico transparente esbranquiçado se torna amarelo 
acinzentado e algumas vezes pode ser vermelho-amarronzado, 
uma vez que pode ocorrer extensa lesão e consequentemente 
exposição do osso subcondral. Microfraturas provocadas no 
osso subcondral, devido à distribuição anormal das forças, se 
consolidam e alteram a elasticidade óssea. O estresse contínuo 
sobre a cartilagem intensifi ca sua degeneração e promove a 
exposição do osso (SANTANA et al. 2010). O processo seguinte 
é caracterizado pela formação de osteófi tos, espessamento de 
cápsula articular e hipertrofi a das vilosidades da membrana 
sinovial. Ocorre também morte de condrócitos superfi ciais, 
alterações na matriz de proteoglicanos e na cadeia de colágeno 
(SANTANA et al. 2010). 
Os fatores intrínsecos e extrínsecos envolvidos incluem estrutura 
e conformação corpórea, alteração no desenvolvimento ósseo-
muscular, crescimento rápido, nutrição defi ciente ou excessiva 
(proteínas, cálcio e fósforo), distrofi a do músculo pectíneo, 
atrofi a muscular pélvica, excesso de exercícios em cães jovens, 
distúrbios hormonais e fatores ambientais como tipo de piso, 
presença de escadas, entre outros (BETTINI et al. 2007).
Há descrições na literatura da ocorrência da doença tanto em 
machos quanto em fêmeas de qualquer idade (MINTO et al. 
2012). Diante do caráter genético desta doença, aconselha-se 
que os animais acometidos sejam selecionados por triagem 
rigorosa e retirados da reprodução por meio de esterilização, 
principalmente nos centros criadouros (BETTINI et al. 2007). 
 A displasia coxofemoral é uma síndrome comumente 
encontrada na espécie canina; por outro lado, Barros et al. 
(2008) relatou que a importância ainda é questionável em 
gatos. Raças caninas com alto índice de massa corporal como as 
de grandeporte e gigantes têm alto predomínio para a displasia 
coxofemoral (SANTANA et al. 2010; MINTO et al. 2012) tais como 
border collie, sheepdog (BETTINI et al. 2007), pastor alemão, 
labrador, rottweiler, pointer, fi la brasileiro e são bernardo, em 
geral afetando as duas articulações coxofemorais. Ocorre em 
Diante da ocorrência comum da displasia coxofemoral em 
cães, o objetivo do presente trabalho foi discorrer sobre esta 
afecção nesta espécie, enfatizando alguns aspectos envolvidos, 
principalmente o diagnóstico e protocolos terapêuticos 
conservadores.
Investigação, 14(1):78-82, 2015
ISSN 21774780
80
ambos os sexos com a mesma frequência e não há relatos de 
predisposição em relação à idade (BARROS et al. 2008). 
 Os sinais clínicos demonstrados por animais jovens 
acometidos são diversos e incluem claudicação unilateral com 
aparecimento repentino e redução da atividade locomotora 
associada à dor, dorso arqueado e peso corporal deslocado para 
os membros torácicos. Nesses animais é observada intolerância 
ao exercício e musculatura fracamente desenvolvida. Nos mais 
senis, a claudicação normalmente é bilateral, podendo ser 
classifi cada em leve a grave; tais sinais são decorrentes das 
alterações articulares degenerativas crônicas. Também pode ser 
observada hipertrofi a da musculatura dos membros torácicos 
em virtude do alívio de peso da região pélvica (HULSEN & 
JOHNSON, 2002).
Para o diagnóstico desta afecção deve-se agregar uma série de 
dados e informações como o histórico do animal, sinais clínicos 
observados durante o exame físico e exame radiográfi co da pelve 
obtido na incidência ventrodorsal (TUDURY et al. 2004; BETTINI 
et al. 2007; SANTANA et al. 2010), porém deve-se considerar que 
nem sempre os sinais clínicos são compatíveis com os achados 
radiográfi cos (BARROS et al. 2008). 
Na anamnese, o proprietário deve ser questionado sobre o tipo 
de ambiente que o animal permanece, se apresenta difi culdade 
ou não de se levantar, intolerância ao exercício, claudicação, 
crepitação ao movimento, dor, hipertrofi a da musculatura 
torácica e atrofi a da musculatura pélvica (OHLERTH et al. 2001). 
A maioria dos animais é assintomática ou demonstram sinais leves 
(ANDERSON, 2011). Dentre os achados esperados em animais 
jovens durante o exame físico ortopédico está a claudicação, dor 
aguda, intolerância a exercícios e atrofi a dos músculos da região 
pélvica (MANLEY et al. 2007). Grande diversidade de alterações 
pode ser encontrada nas articulações, desta forma, a doença 
pode ser ponderada de discreta até severa, havendo diferenças 
clínicas entre os pacientes dos diversos graus, principalmente 
relacionadas à marcha, de acordo com o nível de dor (SOUZA et 
al. 2015). 
Em casos crônico, devido osteoartrite, encontra-se dor durante 
a extensão da articulação coxofemoral, alterações na marcha, 
difi culdade para subir ou descer escadas. Crepitação, sensibilidade 
e amplitude de movimentação restrita da articulação também 
podem ser observadas durante o teste ortopédico de Ortolani 
(GINJA et al. 2009). Para realização deste exame, o paciente 
sob contenção física ou química, deve ser posicionado em 
decúbito lateral com o membro a ser avaliado para cima. Deve-
se aplicar uma força no fêmur no sentido ventrodorsal fazendo 
com que a cabeça do fêmur saia parcialmente ou totalmente do 
acetábulo. Ato contínuo realiza-se abdução do fêmur voltando 
à cabeça femoral para a fossa acetabular, que ao sair da borda 
do acetábulo, produz som de estalo que pode ser ouvido ou 
sentido pelas mãos do examinador, caracterizando o sinal de 
Ortolani positivo (TUDURY et al. 2003).
Para o diagnóstico defi nitivo são necessárias radiografi as 
na incidência ventrodorsal obtidas com o paciente bem 
posicionado, de maneira que possam ser visibilizados cabeça e 
colo femorais, além do bordo acetabular (BETTINI et al. 2007); 
para isso, os membros posteriores devem fi car estendidos e 
os fêmures paralelos entre si e em relação à coluna vertebral. 
Os membros pélvicos devem ser rotacionados internamente, 
permitindo que as patelas se centralizem nos côndilos femorais 
e a pelve fi que em simetria. Existem alguns escores de avaliação 
radiográfi ca como da Fédération Cynologique Internationale 
(FCI) usada na Europa e OFA (Orthopedic Foundation for Animals), 
usada principalmente nos Estados Unidos (FLUCKIGER, 2007). A 
primeira avalia nove parâmetros e cria escore entre zero a 106, 
onde zero é uma articulação normal e 106, displasia coxofemoral 
severa. Os parâmetros avaliados são ângulo de Norberg, 
subluxação, borda acetabular cranial, borda acetabular caudal, 
borda acetabular dorsal, rima acetabular cranial, fossa acetabular 
(arrasamento) e conformação da cabeça e colo femoral (LEWIS 
et al. 2010; SANCHEZ-MOLANO et al. 2015). 
O ângulo de Norberg, o mais utilizado em cães, é avaliado a partir 
da linha traçada entre o centro das duas cabeças femorais e outra 
linha entre esse ponto e a borda acetabular, devendo ser 105º, 
quando menor confi rma subluxação. Entretanto há conformação 
pélvica distinta para cada raça, logo, os valores do ângulo de 
Norberg que distinguiria animais normais de displásicos deveriam 
ser específi cos para cada raça. A variação do ângulo de Norberg 
é classifi cada em distintos graus, de acordo com os achados 
radiográfi cos; neste contexto, grau A (articulações coxofemorais 
normais: congruência entre cabeça femoral e acetábulo), grau B 
(articulações próximas da normalidade: incongruência leve entre 
cabeça femoral e acetábulo, com ângulo de aproximadamente 
105°), grau C (presença de displasia coxofemoral leve: a cabeça 
femoral e o acetábulo são incongruentes; o ângulo acetabular 
é de aproximadamente 100°), grau D (displasia coxofemoral 
moderada: incongruência entre a cabeça femoral e o acetábulo 
evidente, podendo observar subluxação) e grau E (displasia 
coxofemoral grave: alterações articulares evidentes de displasia, 
com sinais de luxação ou subluxação) (BETTINI et al. 2007).
Segunda a OFA, outra forma de diagnosticar subluxação é por 
meio da cobertura acetabular, ou seja, percentual da cabeça 
do fêmur coberto pelo acetábulo. Assim, quanto maior a 
porcentagem, melhor a congruência da articulação, desta forma, 
se a cobertura for menor que 50%, caracteriza-se subluxação 
(MCLAUGHLIN & TOMLINSON, 1996).
Investigação, 14(1):78-82, 2015
ISSN 21774780
81
Outras formas de avaliação da articulação incluem 
ultrassonografi a, principalmente para detecção de produção 
exacerbada de fl uido sinovial (GINJA et al. 2009). Ressonância 
magnética apesar de usada com menor frequência, revela 
detalhes não visibilizados na radiografi a comum (ROCHA et al. 
2008).
Contudo sabe-se que as características fenotípicas muitas vezes 
não estão evidentes, principalmente em animais jovens, desta 
forma o controle da displasia coxofemoral em cães não tem sido 
tão efetivo nas últimas décadas, havendo pequena evolução 
com esses métodos diagnósticos (JANUTTA et al. 2008; HOU et 
al. 2010), de tal forma que tem sido determinado genoma de 
cães que apresentem a doença em diversos graus, afetando 
diferentes genes (BARTOLOMÉ et al. 2015; SANCHEZ-MOLANO 
et al. 2015).
Inúmeros problemas ortopédicos e neurológicos em cães 
provocam sinais clínicos parecidos, portanto a claudicação deve 
ser diferenciada de panosteíte, osteocondrite, osteocondrose, 
separação fi seal, osteodistrofi a hipertrófi ca, fraturas, neoplasias 
ósseas, doença do disco intervertebral, mielopatia degenerativa, 
síndrome da cauda equina, poliartrite e lesão completa do 
ligamento cruzado cranial (KIRKBY & LEWIS, 2012).
A escolha do tratamento correto para um cão com displasia 
coxofemoral depende de inúmeros fatores como idade, tamanho 
e atividade do paciente, ambiente doméstico, grau de displasia e 
de osteoartrite, qualidade e profundidade do acetábulo, formato 
da cabeça femoral, presença ou não de afecções concomitantes, 
além dos custos do tratamento médico e cirúrgico e preferênciasdo Médico Veterinário (HULSE & JOHNSON, 2002).
Quando a doença já se encontra em estágio avançado, os 
benefícios do tratamento clínico são temporários, evoluindo 
na maioria das vezes, para a terapia cirúrgica (FERRIGNO et 
al. 2007). No entanto, o tratamento conservador é indicado 
principalmente para os casos de displasia coxofemoral leves, 
mostrando-se menos efi caz no retardo a evolução da doença 
articular degenerativa em animais jovens quando comparado 
às técnicas cirúrgicas (ANDERSON, 2011; KIRKBY & LEWIS, 2012).
Controle de peso é um dos fatores mais importantes para impedir 
a evolução de osteoartrite (KIRKBY & LEWIS, 2012). O paciente 
deve ser acompanhado semanalmente, determinando-se 
ingestão calórica diária necessária (HULSE & JOHNSON, 2002). 
Outras técnicas podem ser incluídas ao plano de exercícios 
em pacientes com grave perda muscular e fraqueza, como por 
exemplo, a eletroestimulação neuromuscular na recuperação 
da força. A utilização de exercícios ativos e passivos visa à 
recuperação da amplitude de movimentos, metabolismo e 
difusão de nutrientes na cartilagem. A melhora na amplitude 
de movimentos em cães portadores de displasia coxofemoral 
ainda pode ocorrer apenas com o alongamento passivo (KIRKBY 
& LEWIS, 2012).
Acupuntura também é indicada nos pacientes acometidos, é 
considerada efi caz no alívio da dor, melhorando a mobilidade 
da articulação e marcha do paciente e fortalecendo os músculos 
que envolvem a articulação afetada (JAEGER et al. 2007).
O uso de anti-infl amatórios não esteroidais e analgésicos são 
importante no alívio da dor, contudo não podem ser utilizados 
prolongadamente, de forma que podem promover úlceras 
gástricas, sendo necessário o uso de protetores gástricos 
concomitantes ao anti-infl amatório (BARROS et al. 2008). 
Diacereina é inibidor de citocina pró-infl amatórias, além 
de estimular componentes cartilaginosos, havendo ação 
antiosteoartrósica, analgésica e anti-infl amatória (FIGER & RICCI 
JUNIOR, 2012). 
Além da dieta convencional, o uso de nutraceuticos tem sido 
amplamente difundido na medicina veterinária com função 
imunomoduladora para prevenção de diversas doenças, 
incluindo osteoartose, aumentando a qualidade de vida e 
longevidade do animal (BORGES, 2013).
Dentre os nutraceuticos, condroitina e glucosamina possuem 
efeito anti-infl amatório benéfi co e condroprotetor, por ser 
importante constituinte da cartilagem hialina (SANTANA et 
al. 2010). O primeiro inibe ação de enzimas que degradam 
cartilagem, já a glucosamina estimula produção de colágeno e 
proteoglicanos pelos condrócitos, havendo efeito codroprotetor 
sinérgico pelas duas moléculas (BEYNEN, 2003). Contudo o efeito 
desses compostos é tardio, sendo necessário 6 a 8 semanas para 
observar melhora no quadro clínico do animal (Henrotin et al., 
2005).
Terapia com onda de choque utiliza ondas sonoras de alta 
energia através da pele para aumentar as citocinas e fatores 
de crescimento no organismo, demonstrando boa resposta 
no tratamento clínico de osteoartrite (MUELLER et al. 2007). 
Outro tratamento menos utilizado clinicamente, mas que tem 
mostrado bons resultados em estudos experimentais inclui a 
utilização de células tronco mesenquimal autógena, por meio 
da retirada e cultivo de células adiposas (BLACK et al. 2007). 
Em contrapartida, o tratamento cirúrgico deve ser instituído 
quando a terapia conservativa não estiver mais surtindo efeito 
ou o paciente se encontrar incapacitado por período extenso 
(MUELLER et al. 2007).
Devido à alta incidência da displasia coxofemoral e sua 
consequente infl uência no desempenho locomotor dos cães 
acometidos, o interesse pela busca de novas alternativas 
terapêuticas é incessante, visto proporcionar minimização da 
Investigação, 14(1):78-82, 2015
ISSN 21774780
82
sintomatologia, com consequente melhora na qualidade de vida 
do paciente. Além disso, é de suma importância que o médico 
veterinário avalie cada paciente para estabelecer o melhor 
protocolo terapêutico individual diante de cada condição, sendo 
a terapêutica clínica paliativa e, em muitos casos, é necessário 
evolução para cirurgia.
REFERÊNCIAS
Anderson A. 2011. Treatment of hip dysplasia. Journal of Small Animal Practice. 
52(1):182-189.
Barros G.S. et al. 2008. Frequência da displasia coxofemoral em cães da raça Pastor 
Alemão. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. 60(6): 1557- 1559.
Bartolome N. et al. 2015. A Genetic Predictive Model for Canine Hip Dysplasia: 
Integration of Genome Wide Association Study (GWAS) and Candidate Gene 
Approaches. 10(4): 1-13.
Bettini C.M. et al. 2007. Incidência de displasia coxofemoral em cães da raça Border 
Collie. Arquivo de Ciências Veterinárias e Zoológicas Unipar. 10(1): 21-25.
Beynen AC. 2003. Nutraceuticals: Claims vs. evidence. In: Anais of Production 
Symposium Trade Show – Pet Food Forum, Chicago, p. 169 a 175.
Black L.L. et al. 2007. Eff ect of adipose-derived mesenchymal stem and regenerative 
cells on lameness in dogs with chronic osteoarthritis of the coxofemoral joints: a 
randomized, double-blind, multi-center, controlled trial. Veterinary Therapeuthics. 
8(1): 272–284.
Borges L.M.O.N. 2013. Uso de nutracêuticos em dietas de cães e gatos. 27f. Goiania, 
GO. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Zootecnia), Universidade Federal 
de Goiás.
Ferrigno C.R.A. et al. 2007. Denervação acetabular cranial e dorsal no tratamento da 
displasia coxofemoral em cães: 360 dias de evolução de 97 casos. Pesquisa Veterinária 
Brasileira. 27(8):333-40.
Finger A. & Ricci Junior E. 2012. Estudo do perfi l de dissolução de cápsulas manipuladas 
de diacereína. Revista Brasileira de Farmárcia. 93(3): 392-395.
Fluckiger M. 2007. Scoring radiographs for canine hip dysplasia- the big three 
organizations in the world. European Journal of Companion Animal Practice. 17(1): 
135–140.
Ginja M. M. D. 2009. Comparison of clinical, radiographic, computed tomographic and 
magnetic resonance imaging methods for early prediction of canine hip dysplasia. 
Veterinary Radiology and Ultrasound. 50(1): 135–143.
Guo G. et al. 2011. Canine hip dysplasia is predictable by genotyping. Osteoarthritis 
Cartilage. 19(4): 420–429.
Henrotin Y. et al. 2005. Pharmaceutical and nutraceutical management of canine 
osteoarthritis: Present and future perspetives. Veteriary Journal. 170: 113-123.
Hou Y. et al. 2010. Retrospective analysis for genetic improvement of hip joints of 
cohort labrador retrievers in the United States: 1970–2007. 5(2): e9410. doi: 10.1371/
journal.pone.0009410 PMID: 20195372.
Hulse D. A. & Johnson A.L. 2002. Tratamento da doença articular. In: FOSSUM, T. W. 
Cirurgia de Pequenos Animais. 2. ed. São Paulo: Roca. pp. 1042 - 1087.
Jaeger G.T. et al. 2007. Two years follow-up study of the pain-relieving eff ect of gold 
bead implantation in dogs with hip-joint arthritis. Acta Veterinaria Scandinavica. 
49(9):1-7.
Janutta V. et al. 2008. Genetic and phenotypic trends in canine hip dysplasia in the 
German population of German shepherd dogs. Berliner und Münchener Tierärztliche 
Wochenschrift Journal Impact Factor & Information. 121(3–4): 102–109.
Kirkby K.A. & Lewis D.D. 2012. Canine Hip Dysplasia: Reviewing the Evidence for 
Nonsurgical Management. Veterinary Surgery. 41(1): 2-9.
Lewis T.W. et al. 2010. Genetice valuation of the nine component features of hip score 
in UK Labrador retrievers. PLoSONE 5:e13610.doi:10.1371/journal.pone.0013610.
Manley P.A. et al. 2007. Longterm outcome of juvenile pubic symphysiodesis and 
triple pelvic osteotomy in dogs with hip dysplasia. Journal of the American Veterinary 
Medical Association. 230(1): 206–210. 
Mclaughlin Junior R. & Tomlinson J. 1996. Radiographic diagnosis of canine hip 
dysplasia. Veterinary Medicine. 91(2): 36-47.
Minto B.W. et al. 2012. Avaliação clínica da denervação acetabular em cães com 
displasia coxofemoral atendidos no hospital veterinário da FMVZ – Botucatu – SP. 
Veterinária e Zootecnia. 19(1):91-8.
MuellerM. et al. 2007. Eff ects of radial shockwave therapy on the limb function of 
dogs with hip osteoarthritis. Veterinary Record. 160(1): 762–765. 
Rocha F.P.C. et al. 2008. Displasia coxofemoral em cães. Revista Científi ca Eletrônica de 
Medicina Veterinária. 4 (11):1-7. 
Rocha L.B. et al. 2013. Denervação articular coxofemoral em cães com doença articular 
degenerativa secundária à displasia. Ciência Animal Brasileira. 14(1): 120-134.
Sanchez-Molano, E. et al. 2015. Genomic prediction of traits related to canine hip 
dysplasia. Frontiers in Genetics. 6 (97): 1-9.
Santana L.A. 2010. Avaliação radiográfi ca de cães com displasia coxofemoral tratados 
pela sinfi siodese púbica. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. 62(5): 
1102-1108.
Souza A.N.A. et al. 2015. Vertical forces assessment according to radiographic hip 
grade in German shepherd dogs. Journal of Small Animal Practice. 56(1): 108–111.
Tudury E.A. et al. 2004. Frequência de extrusões de núcleos pulposos cervicais e 
toracolombares, em cadáveres caninos submetidos á técnica de fenestração. Ciência 
Rural. 34(4): 1113-1118.
Vezzoni A. 2007. Defi nition and clinical diagnosis of canine hip dysplasia: early 
diagnosis and treatment options. European Journal Companion Animal Practice. 
17(1): 126-132.

Outros materiais