Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Investigação, 14(1):78-82, 2015 ISSN 21774780 78 Revista INVESTIGAÇÃO medicina veterinária Revisão de Literatura | RESUMO O presente trabalho tem como objetivo discorrer sobre a displasia coxofemoral em cães, envolvendo principalmente meios diagnósticos e diferentes opções terapêuticas, enfatizando as medidas conservativas. A displasia coxofemoral é uma afecção ortopédica de etiologia multifatorial, que comumente acomete os cães de raças grandes e gigantes e de crescimento rápido. Caracteriza-se pelo desenvolvimento anormal da articulação coxofemoral, causando doença articular degenerativa secundária irreversível. Os sinais clínicos comumente observados nos animais acometidos são claudicação e relutância a exercícios intensos. O diagnóstico deve ser baseado agregando informações como o histórico do paciente, sinais clínicos e exame radiográfi co da pelve. O tratamento instituído pode ser conservador ou cirúrgico e a escolha varia de acordo com idade, grau de dor, achados clínicos e radiográfi cos. O tratamento clínico inclui perda de peso, exercício controlados, medicações anti-infl amatórias e analgésicas, acupuntura, e ainda terapia com ondas de choque e células tronco mesenquimais; contudo, os mesmos agem de forma paliativa para alívio da dor, sendo muitas vezes necessário evolução para tratamento cirúrgico. Palavras-chave: cão; claudicação; pelve; ortopedia veterinária Bruna Bressianini Lima1, Fernanda Gosuen Gonçalves Dias2, Lucas de Freitas Pereira2, Maria Eduarda Bastos Andrade da Conceição1, Thiago André Salvitti de Sá Rocha1, Cristiane dos Santos Honsho2, Luis Gustavo Gosuen Gonçalves Dias1 DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO CONSERVADOR DA DISPLASIA COXOFEMORAL EM CÃES DIAGNOSIS AND TREATMENT CONSERVATIVE IN THE HIP DYSPLASIA IN DOGS: LITERATURE REVIEW ABSTRACT This paper aims to discuss the hip dysplasia in dogs, mainly involving diagnostic methods and diff erent treatment options, emphasizing conservative measures. Hip dysplasia is an orthopedic disease of multifactorial etiology that commonly aff ects dogs of large and giant breeds and rapid growth. It is characterized by abnormal development of the hip joint, causing irreversible secondary degenerative joint disease. Clinical signs commonly observed in aff ected animals are lameness and reluctance to intense exercise. The diagnosis should be based on adding information such as patient history, clinical signs and radiographic examination of the pelvis. The treatment can be conservative or surgical and the choice varies according to age, level of pain and fi ndings clinical and radiographic. Medical treatment includes losing weight, controlled exercise, anti-infl ammatory and analgesic medications, acupuncture, and even therapy with shock waves and mesenchymal stem cells, however, they act in the palliative treatment of pain relief, and often is necessary surgical treatment Keywords: dog; lameness; hip; veterinary orthopedic 1. UESP-Univ Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP, Jaboticabal, São Paulo, Brasil. E-mail: felipefariaspcb@yahoo.com.br 2. Pós-graduação em Ciência Animal, Hospital Veterinário, Universidade de Franca (UNIFRAN), Franca, São Paulo, Brasil. Investigação, 14(1):78-82, 2015 Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais Investigação, 14(1):78-82, 2015 ISSN 21774780 79 INTRODUÇÃO A displasia coxofemoral é uma afecção ortopédica comumente observada na espécie canina (ROCHA et al. 2013), principalmente nos animais de porte grande e com crescimento rápido. Cães pequenos apresentam menor risco de desenvolvimento da doença, porém não podem ser excluídos dessa condição (MINTO et al. 2012). Caracteriza-se pelo desenvolvimento anormal uni ou bilateral da articulação coxofemoral (ROCHA et al. 2013), demonstrando diferentes graus de sub-luxação e alteração articular degenerativa (MINTO et al. 2012), o que favorece a frouxidão de tecidos moles e instabilidade local (ROCHA et al. 2013). Os principais fatores associados à etiologia e a gravidade da doença são hereditariedade, nutrição, infl uência hormonal e meio ambiente (GUO et al. 2011; BARTOLOME et al. 2015; SANCHEZ- MOLANO et al. 2015). Há relatos da ocorrência da doença tanto em machos quanto em fêmeas de qualquer idade (MINTO et al. 2012). Os sinais clínicos dependem do grau de evolução da doença e quando percebidos pelo proprietário já podem estar em estágio avançado. Os mais comumente demonstrados são dor, claudicação unilateral ou bilateral progressiva e crônica, marcha rígida, atrofi a muscular e relutância durante a realização de exercícios constantes (ROCHA et al. 2013; SOUZA et al. 2015). O diagnóstico deve ser baseado na resenha, histórico completo, sinais clínicos, exame ortopédico e radiográfi co (BETTINI et al. 2007). A escolha de tratamento conservador ou cirúrgico depende da idade do paciente, gravidade da displasia e presença ou não de afecções concomitantes, no entanto, o intuito de ambas é diminuir a dor, melhorar a função do membro afetado e garantir qualidade de vida ao paciente (SANTANA et al. 2010). DESENVOLVIMENTO A articulação coxofemoral é composta pela cabeça e colo femoral e acetábulo. Tal confi guração anatômica confere estabilidade e congruência, concomitantemente permitindo grande amplitude de movimentos como lateralidade e rotação dos membros pélvicos (VEZZONI, 2007). Nesse sentido, a displasia coxofemoral ocorre por falha no desenvolvimento da articulação, caracterizado por vários graus de frouxidão de tecidos moles ao redor, má formação da cabeça femoral e acetábulo, os quais podem contribuir para subluxação em idade precoce (BETTINI et al. 2007), principalmente nos animais de grande porte e com crescimento rápido (MINTO et al. 2012; ROCHA et al. 2013). Esta afecção ortopédica ocorre por problemas entre o desenvolvimento muscular e esquelético, que podem levar a instabilidade e subluxação das mesmas à medida que os fi lhotes crescem (VEZZONI, 2007; BARROS et al. 2008). Devido à pressão que é submetida, a cartilagem é a que mais sofre modifi cações, onde, no início da doença se encontra áspera e com presença de fi ssuras, e no decorrer da afecção seu estado fi siológico transparente esbranquiçado se torna amarelo acinzentado e algumas vezes pode ser vermelho-amarronzado, uma vez que pode ocorrer extensa lesão e consequentemente exposição do osso subcondral. Microfraturas provocadas no osso subcondral, devido à distribuição anormal das forças, se consolidam e alteram a elasticidade óssea. O estresse contínuo sobre a cartilagem intensifi ca sua degeneração e promove a exposição do osso (SANTANA et al. 2010). O processo seguinte é caracterizado pela formação de osteófi tos, espessamento de cápsula articular e hipertrofi a das vilosidades da membrana sinovial. Ocorre também morte de condrócitos superfi ciais, alterações na matriz de proteoglicanos e na cadeia de colágeno (SANTANA et al. 2010). Os fatores intrínsecos e extrínsecos envolvidos incluem estrutura e conformação corpórea, alteração no desenvolvimento ósseo- muscular, crescimento rápido, nutrição defi ciente ou excessiva (proteínas, cálcio e fósforo), distrofi a do músculo pectíneo, atrofi a muscular pélvica, excesso de exercícios em cães jovens, distúrbios hormonais e fatores ambientais como tipo de piso, presença de escadas, entre outros (BETTINI et al. 2007). Há descrições na literatura da ocorrência da doença tanto em machos quanto em fêmeas de qualquer idade (MINTO et al. 2012). Diante do caráter genético desta doença, aconselha-se que os animais acometidos sejam selecionados por triagem rigorosa e retirados da reprodução por meio de esterilização, principalmente nos centros criadouros (BETTINI et al. 2007). A displasia coxofemoral é uma síndrome comumente encontrada na espécie canina; por outro lado, Barros et al. (2008) relatou que a importância ainda é questionável em gatos. Raças caninas com alto índice de massa corporal como as de grandeporte e gigantes têm alto predomínio para a displasia coxofemoral (SANTANA et al. 2010; MINTO et al. 2012) tais como border collie, sheepdog (BETTINI et al. 2007), pastor alemão, labrador, rottweiler, pointer, fi la brasileiro e são bernardo, em geral afetando as duas articulações coxofemorais. Ocorre em Diante da ocorrência comum da displasia coxofemoral em cães, o objetivo do presente trabalho foi discorrer sobre esta afecção nesta espécie, enfatizando alguns aspectos envolvidos, principalmente o diagnóstico e protocolos terapêuticos conservadores. Investigação, 14(1):78-82, 2015 ISSN 21774780 80 ambos os sexos com a mesma frequência e não há relatos de predisposição em relação à idade (BARROS et al. 2008). Os sinais clínicos demonstrados por animais jovens acometidos são diversos e incluem claudicação unilateral com aparecimento repentino e redução da atividade locomotora associada à dor, dorso arqueado e peso corporal deslocado para os membros torácicos. Nesses animais é observada intolerância ao exercício e musculatura fracamente desenvolvida. Nos mais senis, a claudicação normalmente é bilateral, podendo ser classifi cada em leve a grave; tais sinais são decorrentes das alterações articulares degenerativas crônicas. Também pode ser observada hipertrofi a da musculatura dos membros torácicos em virtude do alívio de peso da região pélvica (HULSEN & JOHNSON, 2002). Para o diagnóstico desta afecção deve-se agregar uma série de dados e informações como o histórico do animal, sinais clínicos observados durante o exame físico e exame radiográfi co da pelve obtido na incidência ventrodorsal (TUDURY et al. 2004; BETTINI et al. 2007; SANTANA et al. 2010), porém deve-se considerar que nem sempre os sinais clínicos são compatíveis com os achados radiográfi cos (BARROS et al. 2008). Na anamnese, o proprietário deve ser questionado sobre o tipo de ambiente que o animal permanece, se apresenta difi culdade ou não de se levantar, intolerância ao exercício, claudicação, crepitação ao movimento, dor, hipertrofi a da musculatura torácica e atrofi a da musculatura pélvica (OHLERTH et al. 2001). A maioria dos animais é assintomática ou demonstram sinais leves (ANDERSON, 2011). Dentre os achados esperados em animais jovens durante o exame físico ortopédico está a claudicação, dor aguda, intolerância a exercícios e atrofi a dos músculos da região pélvica (MANLEY et al. 2007). Grande diversidade de alterações pode ser encontrada nas articulações, desta forma, a doença pode ser ponderada de discreta até severa, havendo diferenças clínicas entre os pacientes dos diversos graus, principalmente relacionadas à marcha, de acordo com o nível de dor (SOUZA et al. 2015). Em casos crônico, devido osteoartrite, encontra-se dor durante a extensão da articulação coxofemoral, alterações na marcha, difi culdade para subir ou descer escadas. Crepitação, sensibilidade e amplitude de movimentação restrita da articulação também podem ser observadas durante o teste ortopédico de Ortolani (GINJA et al. 2009). Para realização deste exame, o paciente sob contenção física ou química, deve ser posicionado em decúbito lateral com o membro a ser avaliado para cima. Deve- se aplicar uma força no fêmur no sentido ventrodorsal fazendo com que a cabeça do fêmur saia parcialmente ou totalmente do acetábulo. Ato contínuo realiza-se abdução do fêmur voltando à cabeça femoral para a fossa acetabular, que ao sair da borda do acetábulo, produz som de estalo que pode ser ouvido ou sentido pelas mãos do examinador, caracterizando o sinal de Ortolani positivo (TUDURY et al. 2003). Para o diagnóstico defi nitivo são necessárias radiografi as na incidência ventrodorsal obtidas com o paciente bem posicionado, de maneira que possam ser visibilizados cabeça e colo femorais, além do bordo acetabular (BETTINI et al. 2007); para isso, os membros posteriores devem fi car estendidos e os fêmures paralelos entre si e em relação à coluna vertebral. Os membros pélvicos devem ser rotacionados internamente, permitindo que as patelas se centralizem nos côndilos femorais e a pelve fi que em simetria. Existem alguns escores de avaliação radiográfi ca como da Fédération Cynologique Internationale (FCI) usada na Europa e OFA (Orthopedic Foundation for Animals), usada principalmente nos Estados Unidos (FLUCKIGER, 2007). A primeira avalia nove parâmetros e cria escore entre zero a 106, onde zero é uma articulação normal e 106, displasia coxofemoral severa. Os parâmetros avaliados são ângulo de Norberg, subluxação, borda acetabular cranial, borda acetabular caudal, borda acetabular dorsal, rima acetabular cranial, fossa acetabular (arrasamento) e conformação da cabeça e colo femoral (LEWIS et al. 2010; SANCHEZ-MOLANO et al. 2015). O ângulo de Norberg, o mais utilizado em cães, é avaliado a partir da linha traçada entre o centro das duas cabeças femorais e outra linha entre esse ponto e a borda acetabular, devendo ser 105º, quando menor confi rma subluxação. Entretanto há conformação pélvica distinta para cada raça, logo, os valores do ângulo de Norberg que distinguiria animais normais de displásicos deveriam ser específi cos para cada raça. A variação do ângulo de Norberg é classifi cada em distintos graus, de acordo com os achados radiográfi cos; neste contexto, grau A (articulações coxofemorais normais: congruência entre cabeça femoral e acetábulo), grau B (articulações próximas da normalidade: incongruência leve entre cabeça femoral e acetábulo, com ângulo de aproximadamente 105°), grau C (presença de displasia coxofemoral leve: a cabeça femoral e o acetábulo são incongruentes; o ângulo acetabular é de aproximadamente 100°), grau D (displasia coxofemoral moderada: incongruência entre a cabeça femoral e o acetábulo evidente, podendo observar subluxação) e grau E (displasia coxofemoral grave: alterações articulares evidentes de displasia, com sinais de luxação ou subluxação) (BETTINI et al. 2007). Segunda a OFA, outra forma de diagnosticar subluxação é por meio da cobertura acetabular, ou seja, percentual da cabeça do fêmur coberto pelo acetábulo. Assim, quanto maior a porcentagem, melhor a congruência da articulação, desta forma, se a cobertura for menor que 50%, caracteriza-se subluxação (MCLAUGHLIN & TOMLINSON, 1996). Investigação, 14(1):78-82, 2015 ISSN 21774780 81 Outras formas de avaliação da articulação incluem ultrassonografi a, principalmente para detecção de produção exacerbada de fl uido sinovial (GINJA et al. 2009). Ressonância magnética apesar de usada com menor frequência, revela detalhes não visibilizados na radiografi a comum (ROCHA et al. 2008). Contudo sabe-se que as características fenotípicas muitas vezes não estão evidentes, principalmente em animais jovens, desta forma o controle da displasia coxofemoral em cães não tem sido tão efetivo nas últimas décadas, havendo pequena evolução com esses métodos diagnósticos (JANUTTA et al. 2008; HOU et al. 2010), de tal forma que tem sido determinado genoma de cães que apresentem a doença em diversos graus, afetando diferentes genes (BARTOLOMÉ et al. 2015; SANCHEZ-MOLANO et al. 2015). Inúmeros problemas ortopédicos e neurológicos em cães provocam sinais clínicos parecidos, portanto a claudicação deve ser diferenciada de panosteíte, osteocondrite, osteocondrose, separação fi seal, osteodistrofi a hipertrófi ca, fraturas, neoplasias ósseas, doença do disco intervertebral, mielopatia degenerativa, síndrome da cauda equina, poliartrite e lesão completa do ligamento cruzado cranial (KIRKBY & LEWIS, 2012). A escolha do tratamento correto para um cão com displasia coxofemoral depende de inúmeros fatores como idade, tamanho e atividade do paciente, ambiente doméstico, grau de displasia e de osteoartrite, qualidade e profundidade do acetábulo, formato da cabeça femoral, presença ou não de afecções concomitantes, além dos custos do tratamento médico e cirúrgico e preferênciasdo Médico Veterinário (HULSE & JOHNSON, 2002). Quando a doença já se encontra em estágio avançado, os benefícios do tratamento clínico são temporários, evoluindo na maioria das vezes, para a terapia cirúrgica (FERRIGNO et al. 2007). No entanto, o tratamento conservador é indicado principalmente para os casos de displasia coxofemoral leves, mostrando-se menos efi caz no retardo a evolução da doença articular degenerativa em animais jovens quando comparado às técnicas cirúrgicas (ANDERSON, 2011; KIRKBY & LEWIS, 2012). Controle de peso é um dos fatores mais importantes para impedir a evolução de osteoartrite (KIRKBY & LEWIS, 2012). O paciente deve ser acompanhado semanalmente, determinando-se ingestão calórica diária necessária (HULSE & JOHNSON, 2002). Outras técnicas podem ser incluídas ao plano de exercícios em pacientes com grave perda muscular e fraqueza, como por exemplo, a eletroestimulação neuromuscular na recuperação da força. A utilização de exercícios ativos e passivos visa à recuperação da amplitude de movimentos, metabolismo e difusão de nutrientes na cartilagem. A melhora na amplitude de movimentos em cães portadores de displasia coxofemoral ainda pode ocorrer apenas com o alongamento passivo (KIRKBY & LEWIS, 2012). Acupuntura também é indicada nos pacientes acometidos, é considerada efi caz no alívio da dor, melhorando a mobilidade da articulação e marcha do paciente e fortalecendo os músculos que envolvem a articulação afetada (JAEGER et al. 2007). O uso de anti-infl amatórios não esteroidais e analgésicos são importante no alívio da dor, contudo não podem ser utilizados prolongadamente, de forma que podem promover úlceras gástricas, sendo necessário o uso de protetores gástricos concomitantes ao anti-infl amatório (BARROS et al. 2008). Diacereina é inibidor de citocina pró-infl amatórias, além de estimular componentes cartilaginosos, havendo ação antiosteoartrósica, analgésica e anti-infl amatória (FIGER & RICCI JUNIOR, 2012). Além da dieta convencional, o uso de nutraceuticos tem sido amplamente difundido na medicina veterinária com função imunomoduladora para prevenção de diversas doenças, incluindo osteoartose, aumentando a qualidade de vida e longevidade do animal (BORGES, 2013). Dentre os nutraceuticos, condroitina e glucosamina possuem efeito anti-infl amatório benéfi co e condroprotetor, por ser importante constituinte da cartilagem hialina (SANTANA et al. 2010). O primeiro inibe ação de enzimas que degradam cartilagem, já a glucosamina estimula produção de colágeno e proteoglicanos pelos condrócitos, havendo efeito codroprotetor sinérgico pelas duas moléculas (BEYNEN, 2003). Contudo o efeito desses compostos é tardio, sendo necessário 6 a 8 semanas para observar melhora no quadro clínico do animal (Henrotin et al., 2005). Terapia com onda de choque utiliza ondas sonoras de alta energia através da pele para aumentar as citocinas e fatores de crescimento no organismo, demonstrando boa resposta no tratamento clínico de osteoartrite (MUELLER et al. 2007). Outro tratamento menos utilizado clinicamente, mas que tem mostrado bons resultados em estudos experimentais inclui a utilização de células tronco mesenquimal autógena, por meio da retirada e cultivo de células adiposas (BLACK et al. 2007). Em contrapartida, o tratamento cirúrgico deve ser instituído quando a terapia conservativa não estiver mais surtindo efeito ou o paciente se encontrar incapacitado por período extenso (MUELLER et al. 2007). Devido à alta incidência da displasia coxofemoral e sua consequente infl uência no desempenho locomotor dos cães acometidos, o interesse pela busca de novas alternativas terapêuticas é incessante, visto proporcionar minimização da Investigação, 14(1):78-82, 2015 ISSN 21774780 82 sintomatologia, com consequente melhora na qualidade de vida do paciente. Além disso, é de suma importância que o médico veterinário avalie cada paciente para estabelecer o melhor protocolo terapêutico individual diante de cada condição, sendo a terapêutica clínica paliativa e, em muitos casos, é necessário evolução para cirurgia. REFERÊNCIAS Anderson A. 2011. Treatment of hip dysplasia. Journal of Small Animal Practice. 52(1):182-189. Barros G.S. et al. 2008. Frequência da displasia coxofemoral em cães da raça Pastor Alemão. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. 60(6): 1557- 1559. Bartolome N. et al. 2015. A Genetic Predictive Model for Canine Hip Dysplasia: Integration of Genome Wide Association Study (GWAS) and Candidate Gene Approaches. 10(4): 1-13. Bettini C.M. et al. 2007. Incidência de displasia coxofemoral em cães da raça Border Collie. Arquivo de Ciências Veterinárias e Zoológicas Unipar. 10(1): 21-25. Beynen AC. 2003. Nutraceuticals: Claims vs. evidence. In: Anais of Production Symposium Trade Show – Pet Food Forum, Chicago, p. 169 a 175. Black L.L. et al. 2007. Eff ect of adipose-derived mesenchymal stem and regenerative cells on lameness in dogs with chronic osteoarthritis of the coxofemoral joints: a randomized, double-blind, multi-center, controlled trial. Veterinary Therapeuthics. 8(1): 272–284. Borges L.M.O.N. 2013. Uso de nutracêuticos em dietas de cães e gatos. 27f. Goiania, GO. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Zootecnia), Universidade Federal de Goiás. Ferrigno C.R.A. et al. 2007. Denervação acetabular cranial e dorsal no tratamento da displasia coxofemoral em cães: 360 dias de evolução de 97 casos. Pesquisa Veterinária Brasileira. 27(8):333-40. Finger A. & Ricci Junior E. 2012. Estudo do perfi l de dissolução de cápsulas manipuladas de diacereína. Revista Brasileira de Farmárcia. 93(3): 392-395. Fluckiger M. 2007. Scoring radiographs for canine hip dysplasia- the big three organizations in the world. European Journal of Companion Animal Practice. 17(1): 135–140. Ginja M. M. D. 2009. Comparison of clinical, radiographic, computed tomographic and magnetic resonance imaging methods for early prediction of canine hip dysplasia. Veterinary Radiology and Ultrasound. 50(1): 135–143. Guo G. et al. 2011. Canine hip dysplasia is predictable by genotyping. Osteoarthritis Cartilage. 19(4): 420–429. Henrotin Y. et al. 2005. Pharmaceutical and nutraceutical management of canine osteoarthritis: Present and future perspetives. Veteriary Journal. 170: 113-123. Hou Y. et al. 2010. Retrospective analysis for genetic improvement of hip joints of cohort labrador retrievers in the United States: 1970–2007. 5(2): e9410. doi: 10.1371/ journal.pone.0009410 PMID: 20195372. Hulse D. A. & Johnson A.L. 2002. Tratamento da doença articular. In: FOSSUM, T. W. Cirurgia de Pequenos Animais. 2. ed. São Paulo: Roca. pp. 1042 - 1087. Jaeger G.T. et al. 2007. Two years follow-up study of the pain-relieving eff ect of gold bead implantation in dogs with hip-joint arthritis. Acta Veterinaria Scandinavica. 49(9):1-7. Janutta V. et al. 2008. Genetic and phenotypic trends in canine hip dysplasia in the German population of German shepherd dogs. Berliner und Münchener Tierärztliche Wochenschrift Journal Impact Factor & Information. 121(3–4): 102–109. Kirkby K.A. & Lewis D.D. 2012. Canine Hip Dysplasia: Reviewing the Evidence for Nonsurgical Management. Veterinary Surgery. 41(1): 2-9. Lewis T.W. et al. 2010. Genetice valuation of the nine component features of hip score in UK Labrador retrievers. PLoSONE 5:e13610.doi:10.1371/journal.pone.0013610. Manley P.A. et al. 2007. Longterm outcome of juvenile pubic symphysiodesis and triple pelvic osteotomy in dogs with hip dysplasia. Journal of the American Veterinary Medical Association. 230(1): 206–210. Mclaughlin Junior R. & Tomlinson J. 1996. Radiographic diagnosis of canine hip dysplasia. Veterinary Medicine. 91(2): 36-47. Minto B.W. et al. 2012. Avaliação clínica da denervação acetabular em cães com displasia coxofemoral atendidos no hospital veterinário da FMVZ – Botucatu – SP. Veterinária e Zootecnia. 19(1):91-8. MuellerM. et al. 2007. Eff ects of radial shockwave therapy on the limb function of dogs with hip osteoarthritis. Veterinary Record. 160(1): 762–765. Rocha F.P.C. et al. 2008. Displasia coxofemoral em cães. Revista Científi ca Eletrônica de Medicina Veterinária. 4 (11):1-7. Rocha L.B. et al. 2013. Denervação articular coxofemoral em cães com doença articular degenerativa secundária à displasia. Ciência Animal Brasileira. 14(1): 120-134. Sanchez-Molano, E. et al. 2015. Genomic prediction of traits related to canine hip dysplasia. Frontiers in Genetics. 6 (97): 1-9. Santana L.A. 2010. Avaliação radiográfi ca de cães com displasia coxofemoral tratados pela sinfi siodese púbica. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. 62(5): 1102-1108. Souza A.N.A. et al. 2015. Vertical forces assessment according to radiographic hip grade in German shepherd dogs. Journal of Small Animal Practice. 56(1): 108–111. Tudury E.A. et al. 2004. Frequência de extrusões de núcleos pulposos cervicais e toracolombares, em cadáveres caninos submetidos á técnica de fenestração. Ciência Rural. 34(4): 1113-1118. Vezzoni A. 2007. Defi nition and clinical diagnosis of canine hip dysplasia: early diagnosis and treatment options. European Journal Companion Animal Practice. 17(1): 126-132.
Compartilhar