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SEMINÁRIO II

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Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário
SEMINÁRIO II - SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO, MANDADO DE SEGURANÇA E TUTELAS PROVISÓRIAS
Leitura básica
•	CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: linguagem e método. 7ª ed. São Paulo: Noeses, 2018, Item 2.8 (Suspensão da exigibilidade do crédito tributário) do Capítulo 2 da segunda parte.
•	CARVALHO, Paulo de Barros. Derivação e positivação no direito tributário. v.3. São Paulo: Noeses, 2016, Tema XXXIII (Medida liminar concedida em mandado de segurança: direito processual e certeza do direito). 
· DALLA PRIA, Rodrigo. Direito Processual Tributário. São Paulo: Noeses, 2020. Título I, Capítulo IV, item 4.1.3.2; e Título II, Capítulo I, item 1.5.5.1.
· Vergueiro, Camila Campos. CPC/2015, as ações antiexacionais do contribuinte, a tutela provisória cautelar e de evidência. In: CONRADO, Paulo Cesar. Processo Tributário Analítico, v.3. São Paulo: Noeses, 2016.
Leitura complementar
•	VERGUEIRO, Camila Campos. A suspensão da exigibilidade como agente inibidor do “ciclo de vida” da obrigação tributária. In Revista de Direito Tributário contemporâneo (RDTC). CARVALHO, Paulo de Barros (coord.). São Paulo: Revista dos Tribunais. Ano 1, setembro-outubro/2016.
•	VERGUEIRO, Camila Campos. A tutela provisória, o código de processo civil de 2015 e o processo tributário. In: CONRADO, Paulo Cesar; ARAUJO, Juliana Furtado Costa (Coord.). O Novo CPC e seu impacto no Direito Tributário. São Paulo: Thomson Reuters, 2016.
•	CATUNDA, Camila Campos Vergueiro. Concessão de liminares em mandado de segurança: vedações jurisprudenciais e legais. In: IX Congresso Nacional de Estudos Tributários. São Paulo: Noeses. 
•	VERGUEIRO, Camila Campos; ARAUJO, Juliana Furtado Costa. Tutelas provisórias no código de processo civil de 2015 e o processo tributário. In Programa de Atualização em Direito. CARVALHO, Paulo de Barros; TOMÉ, Fabiana Del Padre; BRITTO, Lucas Galvão de (coords.). Porto Alegre: Artmed Panamericana. Vol. 4, 2018.
•	CONRADO, Paulo César. Tutela de evidência em mandado de segurança afeta Direito Tributário. Disponível em: http://www.conjur.com.br/2016-mai-25/paulo-conrado-tutela-evidencia-ms-afeta-direito-tributario. Acesso em: 17 jun. 2019. 
•	CONRADO, Paulo César. Artigo: “O ‘novo’ art. 151, II, do Código Tributário Nacional: o impacto do art. 835, § 2º, do novo Código de Processo Civil em relação à suspensão, via depósito, da exigibilidade do crédito tributário.” de Paulo Cesar Conrado, in Revista de Direito Tributário Contemporâneo n. 1. São Paulo: RT.
· CASTRO, Danilo Monteiro de. A suspensão da exigibilidade do crédito tributário é um efeito sempre presente na transação?. In: CONRADO, Paulo Cesar; ARAUJO, Juliana Furtado Costa. Transação Tributária na prática da lei nº 13.988/2020. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2020. 
•	PANDOLFO, Rafael. Mandado de segurança em matéria tributária: cabimento, utilidade e reflexos das alterações promovidas pela Lei n. 12.016/09. In: In: SOUZA, Priscila de (Coord.). Sistema tributário brasileiro e a crise atual. São Paulo: Noeses, 2009.
•	TOMÉ, Fabiana Del Padre. Exigibilidade do crédito tributário: amplitude e efeitos de sua suspensão. In: SOUZA, Priscila de (Coord.). Direito tributário e os conceitos de direito privado. São Paulo: Noeses, 2010. 
•	VIEIRA, Maria Leonor Leite. A suspensão da exigibilidade do crédito tributário. São Paulo: Dialética .Capítulo V.
Questões
1.	No art. 151 do CTN, que significa o termo “exigibilidade”? Quando surge essa “exigibilidade”? E qual o efeito da suspensão da exigibilidade? Impede-se (i) o lançamento, (ii) a inscrição na dívida ativa, (iii) a execução fiscal; (iv) todos estes atos? (vide anexo I a IV).
O termo exigibilidade prevista no Art. 151 do CTN, significa o direito que o credor tem de postular o objeto da obrigação. Ou seja, para que o crédito tributário seja considerado exigível, deve ter o seu prazo de pagamento ultrapassado sem que este tenha sido adimplido, somente quando concretizado esse fator estará o Fisco habilitado a cobrar o crédito tributário, mediante inscrição do débito na Dívida Ativa e consequente ajuizamento da execução fiscal. 
A suspensão da exigibilidade do crédito tributário tem como principal efeito a impossibilidade de dar prosseguimento a quaisquer medidas voltadas à exequibilidade do crédito tributário., ou seja, se a suspensão ocorrer no curso do procedimento administrativo, impede-se a inscrição do crédito na dívida ativa e a execução fiscal. Caso a suspensão ocorra no curso de processo judicial, o Fisco não poderá continuar com o procedimento de execução fiscal.
2.	Em que sentido a expressão “crédito tributário” foi utilizada no art. 151 do CTN? Essa expressão congrega também liames decorrentes da prática de atos ilícitos (e.g. multa por desrespeito aos deveres instrumentais)?
No caput do Art. 151 do CTN, encontra-se a expressão “crédito tributário”, podendo atribuir o conceito de “obrigação tributária” que nada mais é do que a possibilidade do sujeito ativo (fisco) cobrar do sujeito passivo (contribuinte) o pagamento de determinado tributo. 
Entretanto, a expressão crédito tributário não congrega os liames decorrente da prática de atos ilícitos, como a multa por deveres instrumentais. A obrigação tributária está relacionada aos tributos, ou seja, diferencia-se a multa, uma vez que sua natureza jurídica é sancionatória. 
3.	As hipóteses de “suspensão da exigibilidade do crédito tributário” previstas no art. 151 do CTN são taxativas? (vide anexo V). Considerando que não houve alteração nos art. 151 do CTN, pergunta-se:
Para a doutrina e jurisprudência, as hipóteses previstas no Art. 151 do CTN são taxativas, sob o fundamento do Art. 111, inciso I do CTN, que exige interpretação literal da legislação tributária que disponha sobre suspensão da exigibilidade do crédito tributário e pela disposição do Art. 141,cujo apenas a lei complementar poderia dispor sobre suspensão da exigibilidade do crédito tributário. 
Entretanto, de forma pragmática, é fácil observar o caráter exemplificativo deste artigo, pois o próprio CTN tem institutos com efeitos equiparados, tal como o Para. 2º do Art. 161 do CTN. 
	a) A equiparação, prescrita pelo §2º do art. 835 do CPC/15, a dinheiro da fiança bancária e do seguro garantia, tem o condão de consagrar a hipótese de suspensão do crédito tributário prevista no art. 151, II, do CTN? 
De acordo com a Súmula 112 do STJ, o depósito do montante integral que está disposto no Art. 151, II do CTN, somente será admitido se for integral e em dinheiro, afastando completamente a possibilidade de a fiança bancária suspender a exigibilidade do crédito tributário. 
	b) As espécies de tutela provisória previstas no CPC/15 se aplicam ao Processo Tributário? Tais medidas têm o condão de suspender a exigibilidade do crédito tributário?
Sim, conforme disposto no inciso V do Art. 151 do CTN, “ a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial” é uma das hipóteses que tem o condão de suspender a exigibilidade do crédito tributário. 
4.	Sobre o depósito judicial efetuado nos autos de uma ação declaratória proposta antes da constituição do crédito tributário, pergunta-se: 
(a) trata-se de faculdade do contribuinte? 
O depósito judicial nos autos de uma ação declaratória proposta antes da constituição do crédito tributário é faculdade do contribuinte, não sendo necessário a autorização judicial. Analisando o Art. 151 do CTN, percebe-se que o depósito judicial é uma das causas de suspensão da exigibilidade, não sendo expresso a necessidade de autorização judicial para tanto. Sendo assim, percebe-se que a suspensão decorre da simples efetivação do depósito e não da decisão judicial que a permitiu. Dessa forma, não houve ainda a constituição do crédito tributário, sendo este uma faculdade do contribuinte, não sendo um requisito de admissibilidade da referida ação declaratória. 
(b) Há distinção entre depósito judicial para fins do art. 151, II do CTN e prestação de caução?
Há distinçãoentre depósito judicial e prestação de caução, pois a caução pode servir tão somente para antecipação de uma futura execução com o fim de emissão de Certidões Negativas com Efeito de Positiva sem ocasionar na automática suspensão da exigibilidade, conforme previsto no Art. 206 do CTN. 
(c) O levantamento do depósito judicial vincula-se ao êxito (com trânsito em julgado) da ação proposta pelo contribuinte ou o juiz pode a qualquer tempo autorizar o levantamento? (vide anexo VI).
Quanto ao levantamento do valor do depósito judicial, a jurisprudência entende que somente pode ser efetuado após o trânsito em julgado, no caso de decisão favorável ao contribuinte, pois durante o tempo em que o crédito esteve suspenso não pode o Fisco promover a execução fiscal, dessa forma não restaria prejudicada com a proibição do levantamento pelo contribuinte. 
Entretanto, parte da doutrina entende que se o depósito for de forma voluntária, o levantamento pode ser feito a qualquer tempo. 
5. A partir da vigência do CPC/15 foi instituído um novo fundamento para a concessão de tutela provisória, a evidência do direito, tal como preveem os arts. 294 e 311. Pergunta-se: 
	a) Identifique a diferença entre tutela antecipada e tutela cautelar. É possível a concessão de tutela provisória antecipada em mandado de segurança? Ou em mandado de segurança tão somente é admissível medidas provisórias de natureza cautelar?
A tutela provisória visa garantir que o direito em discussão, ou a tutela principal, sejam protegidos até o provimento final, seja de forma cautelar, seja de forma antecipada. Em outras palavras, a tutela provisória é uma proteção que é marcada pelo signo da futura transformação de provisória para definitiva. 
A tutela cautelar pretende conservar o direito, possuindo como requisitos o recurso processual contra um dano irreparável ou de difícil reparação e possui caráter temporário, já a tutela antecipada satisfaz o direito da parte contra qualquer perigo da demora e possui como característica a provisoriedade. 
Por outro lado, temos também a tutela de evidência, que é uma espécia de tutela provisória que visa assegurar o direito e garantir a distribuição do tempo entre os litigantes, ou seja, essa tutela em si é mais fundamentada nas questões do direito do que nas questões de fato, uma vez que sua análise parte de fatos jurídicos, como força probatória, alegações infundadas e a observação do direito jurisprudencial, conforme disposto no Art. 311 do CPC de 2015. 
Isto posto, analisando o mandado de segurança temos que existe a possibilidade de aplicação da tutela antecipada (provisória) pela via do mandado de segurança, da mesma forma que também existe a possibilidade de medidas de natureza cautelar, como a repetição de indébito, por exemplo. 
	b) É cabível o requerimento de liminar em mandado de segurança fundada na evidência do direito a partir da vigência do CPC/15? Ou diante das disposições da Lei Federal n. 12.016/09, apenas é cabível o requerimento de liminares fundadas em urgência, a outra espécie de tutela provisória prevista no CPC/15?
No caso da concessão da tutela provisória na modalidade evidência, previsto no Art. 311 do CPC/15, entende-se que é possível, já que nesse caso em específico não é necessário demonstrar o perigo da demora, mas sim a evidência do direito (Inciso II do Art. 311 do CPC/15). 
Por outro lado, no caso da tutela de urgência em sede de mandado de segurança, conforme previsto no Art. 7º, Par. 2º da Lei nº 12.016/2009 existe uma série de vedações a concessão de tutela de urgência, porém pode existir a possibilidade de cabimento da tutela de urgência em matéria tributária pela via do mandado de segurança deve ser feito uma análise caso a caso, uma vez que não pode-se confundir o interesse público (interesses coletivos individuais e difusos) com o interesse do fisco. 
6.	Dado o seguinte caso concreto: Gênesis Waves Ltda. obteve liminar em Mandado de Segurança para suspender a exigibilidade do crédito tributário que posteriormente foi “cassada” pela sentença de denegação da segurança. Pergunta-se: 
	a) na hipótese de a empresa apelar da sentença que “cassou” a liminar, o recebimento de sua apelação, nos efeitos suspensivo e devolutivo, tem o condão de afastar os efeitos da sentença e reconstituir os efeitos da liminar? Responder a pergunta considerando as disposições do CPC/15 a respeito dos efeitos da apelação (vide anexo VII). 
O recurso de apelação com duplo efeito (suspensivo e devolutivo) tem o condão de reestabelecer a liminar anteriormente deferida, uma vez que o efeito suspensivo incide sobre a decisão, ou seja, volta-se para a decisão provisória que vigorava antes da decisão definitiva. 
	b) Há incidência de multa e juros moratórios em relação ao período em que o crédito tributário esteve com sua exigibilidade suspensa, por força de liminar concedida em Mandado de Segurança, posteriormente cassada por ocasião da sentença? E se a liminar foi concedida depois de vencido o prazo para pagamento do tributo? (vide anexos VIII e IX). 
Se, dentro do prazo legal para o pagamento do referido tributo, o credor formular consulta à Administração e vencido o prazo ainda estiver pendente a manifestação pelo fisco, não correção juros moratórios e não serão aplicados multas, uma vez que não houve mora. 
Entende-se que tal interrupção é hipótese de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, pois paralisa o processo de positivação. A administração Pública fica impedida de promover quaisquer atos de cobrança, ao passo que para o polo passivo não ocorrerão nem mesmo juros moratórios, pois nessas condições não encontra-se em mora, como dito anteriormente. 
7.	Antes de responder a esta pergunta aponte a distinção entre tutela antecipada e tutela cautelar tal como colocada na resposta à questão “5. a)”. Fixados esses conceitos, responda à seguinte pergunta: diante do novo cenário das tutelas provisórias do código de processo civil de 2015, a ordem judicial suspensiva da exigibilidade da obrigação tributária, tenha fundamento na urgência ou na evidência, assume natureza antecipada ou cautelar?
A tutela provisória visa garantir que o direito em discussão, ou a tutela principal, sejam protegidos até o provimento final, seja de forma cautelar, seja de forma antecipada. Em outras palavras, a tutela provisória é uma proteção que é marcada pelo signo da futura transformação de provisória para definitiva. 
A tutela cautelar pretende conservar o direito, possuindo como requisitos o recurso processual contra um dano irreparável ou de difícil reparação e possui caráter temporário, já a tutela antecipada satisfaz o direito da parte contra qualquer perigo da demora e possui como característica a provisoriedade. 
Sugestão para pesquisa suplementar
•	Capítulos 1, 5, 8 e 9 do livro Mandado de Segurança, de Lúcia Valle Figueiredo. São Paulo: Malheiros. 
•	Itens 7.2.1.1, 7.2.1.1.1, 7.2.1.1.2, 7.2.1.1.3, 7.2.1.1.4 e 7.2.1.2 do Capítulo 7 do livro Competência administrativa na aplicação do direito tributário, de Daniel Monteiro Peixoto. São Paulo: Quartier Latin. 
•	Artigo: “Significado da expressão ‘lei em tese’ no âmbito do mandado de segurança”, de Hugo de Brito Machado, Revista Dialética de Direito Processual n. 140.
•	Artigo: “Mandado de segurança em matéria tributária, definindo e inter-relacionando conceitos fundamentais”, de Eurico Marcos Diniz de Santi e Paulo Cesar Conrado, Revista Dialética de Direito Tributário n. 90.
•	Capítulo III da dissertação de mestrado de Marcos Rogério Lyrio Pimenta: A suspensão da exigibilidade do crédito tributário. PUC/SP.
•	Capítulo 5 do livro Introdução à teoria geral do processo civil, de Paulo Cesar Conrado. São Paulo: Max Limonad. 
•	Artigo: “Suspensão da exigibilidade do crédito tributário por liminar em ação cautelar”, de José Antonio Minatel, in Problemas de processo judicial tributário, vol. III. São Paulo: Dialética. 
•	Artigo: “Ingresso em parcelamento: efeitos da confissão de dívida e a possibilidade de discutir a exigibilidade do débito parcelado”, deEdvaldo Brito, in X Congresso Nacional de Estudos Tributários. São Paulo: Noeses. 
•	Artigo: “A execução fiscal e as tutelas de urgência condicionadas a caução: impossibilidade de exigência de depósito como causa suspensiva do crédito tributário no NCPC (art. 300, §1º)”, de Rodrigo Griz, in XII Congresso Nacional de Estudos Tributários do IBET. São Paulo: Noeses. 
Anexo I
REsp n. 843.027
DJ 20/10/2008
TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. IRPJ E CSSL. DEPÓSITO JUDICIAL DA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL ACRESCIDA DE CORREÇÃO MONETÁRIA. NÃO CONFIGURAÇÃO DA HIPÓTESE PREVISTA NO ART. 151, II, DO CTN. LAVRATURA DE AUTO DE INFRAÇÃO SOB A ÉGIDE DE VIGÊNCIA DE MEDIDA LIMINAR. CAUSA SUSPENSIVA DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA.
1. A sentença substitui a liminar, tornando, inclusive, prejudicado o agravo por força da teoria da cognição adotada pelo STJ. (Precedente: REsp 673291/CE, DJ 21/03/2005)
2. A eficácia declaratória ex tunc da sentença faz retroagir a mesma ao termo da liminar, época em que obstada a lavratura de auto de infração.
3. Deveras, a vigência de norma proibitiva à lavratura do auto de infração, qual seja, medida liminar suspensiva da exigibilidade do crédito (art. 151, do CTN), nulifica o referido ato administrativo, possibilitando a expedição de certidão positiva com efeito de negativa.
4. A tutela antecipada revela hipótese de suspensão da exigibilidade do crédito (art. 151, do CTN), por isso que dispensável o depósito.
5. Não obstante, verifica-se, in casu, que o depósito realizado é indiferente para o deslinde da controvérsia, diante da invalidade do auto de infração, o que impede, de per si, o prosseguimento da cobrança do crédito tributário.
6. Isto porque as causas suspensivas da exigibilidade do crédito tributário (art. 151 do CTN) impedem tão-somente a realização, pelo Fisco, de atos de cobrança, os quais têm início exatamente com a lavratura do auto de infração. Destarte, as causas suspensivas da exigibilidade não têm qualquer repercussão quanto à não-consecução do lançamento, máxime por estar-se diante de ato administrativo vinculado, cujo prazo decadencial opera-se em cinco anos.
7. O ato do lançamento não se confunde com o ato do auto de infração, ainda que o fisco possa integrá-los no mesmo suporte físico.
8. O lançamento contém, no seu antecedente, a descrição de fato jurídico tributário lícito, juridicizado pela regra matriz de incidência tributária, constituindo, destarte, o crédito tributário. Ao revés, o auto de infração é cabível somente nos casos de tributos sujeitos originariamente ao “autolançamento”, cuja regular constituição foi frustrada, por isso trazendo, em sua hipótese, fato ilícito, vale dizer, o não pagamento da obrigação tributária e/ou o não cumprimento da obrigação tributária instrumental, e, no seu conseqüente, o dever de pagar multa pelo descumprimento da obrigação principal e/ou acessória, multa de mora e demais encargos legais, como os juros e a correção monetária.
9. Consoante cediço, posteriormente ao lançamento, inicia-se o processo de cobrança do crédito tributário, no qual estão inseridas as seguintes etapas, visando ao efetivo recebimento do referido crédito:
a) a cobrança administrativa, que ocorrerá mediante a lavratura do auto de infração e aplicação de multa: exigibilidade-autuação (a qual, in casu, ocorreu simultaneamente com o lançamento, posto realizados, ambos os atos administrativos, no mesmo documento);
b) a inscrição em dívida ativa: exigibilidade-inscrição;
c) a cobrança judicial, via execução fiscal: exigibilidade-
execução.
10. Os efeitos da suspensão da exigibilidade pela concessão de medida liminar anteriormente ao auto de infração têm o condão de impedir a sua lavratura, assim como de coibir o ato de inscrição em dívida ativa ou o ajuizamento da execução fiscal.
11. In casu, conquanto a autoridade fiscal tenha, no exercício de seu dever legal, efetuado o lançamento do crédito tributário que entendia devido, o qual permanece hígido, a lavratura do auto de infração, realizada em 18/01/99, deu-se em momento no qual plenamente em vigor – de 04/07/97 a 21/05/99 – norma proibitiva, qual seja, medida liminar concedida em ação cautelar incidental, tornando o referido ato de cobrança inválido.
12. Inexiste ofensa ao art. 535 do Código de Processo Civil quando o Tribunal aprecia as questões fundamentais ao deslinde da controvérsia posta, não sendo exigido que o julgador exaura os argumentos expendidos pelas partes, posto incompatíveis com a solução alvitrada.
13. Recurso especial desprovido.
Anexo II
REsp n. 453.762
DJ 17/11/2003
PROCESSO CIVIL E TRIBUTÁRIO. SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. CAUSA SUSPENSIVA CONSISTENTE EM LIMINAR ANTECIPATÓRIA CONCEDIDA EM MANDADO DE SEGURANÇA. APLICAÇÃO DO ARTIGO 151, IV, DO CTN.
1. À luz das hipóteses enumeradas no artigo 151 do CTN é possível entrever que há causas suspensivas que antecedem à constituição do crédito tributário pelo lançamento e outras que o encontram constituído.
2. Em qualquer caso, emitida a ordem judicial suspensiva não é lícito à Administração Tributária proceder a qualquer atividade que afronte o comando judicial, sob pena de cometimento do delito de desobediência, hodiernamente consagrado e explicitado no art. 14, VI e parágrafo único Código de Processo Civil.
3. É vedado à Administração agir com desconsideração ao provimento liminar e com desprezo pelo Poder Judiciário sob o argumento de que a decisão liminar não corresponde ao trânsito em julgado da decisão final, porquanto esse argumento sofismático implica negar eficácia à antecipação da tutela que é autoexecutável e mandamental.
4. Exsurgindo a suspensão prevista no art. 151, IV, do CTN no curso do procedimento de constituição da obrigação tributária, o que se opera é o “impedimento à constituição do crédito tributário”.
5. O Judiciário ao sustar a exigibilidade do crédito tributário tanto pode endereçar a sua ordem à que não se constitua o crédito, posto do seu surgimento gerar ônus ao contribuinte até mesmo sob o ângulo da expedição de certidões necessárias ao exercício de atividades laborais, como também vetar a sua cobrança, ainda que lançado o tributo previamente à ordem.
6. Prosseguir na atividade constitutiva do crédito tributário, suspensa a sua exigibilidade por força de liminar judicial, caracteriza, inequivocamente, o que a doutrina do tema denomina de Contempt of Court, por influência anglo-saxônica, hodiernamente verificável nos sistemas do civil law.
7. Precedente.
8. Recurso especial conhecido e improvido.
Anexo III
AgRg no Ag em RESP n. 410.492
DJ 18/03/2014
TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. DECADÊNCIA. CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. INVIABILIDADE. VEDAÇÃO CONTIDA EM LIMINAR MANDAMENTAL. MODIFICAÇÃO. SÚMULA 7/STJ.
1. As causas suspensivas da exigibilidade do crédito tributário (art. 151 do CTN) obstam a prática de atos que visem sua cobrança, mas não impedem o lançamento, que deve ser efetuado dentro do prazo de cinco anos.
2. Contudo, no caso dos autos, o Tribunal de origem deixou expressamente delineado que liminar concedida em mandado de segurança vedava a atuação do Fisco, inclusive quanto à constituição do crédito tributário. A modificação de tal conclusão encontra óbice na Súmula 7/STJ.
Agravo regimental improvido.
Anexo IV
AgRg no REsp n. 1.454.463/RS
DJ 26/08/2014
EXECUÇÃO FISCAL. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. HIPÓTESES PREVISTAS NO ART. 151 DO CTN. PROPOSITURA DA AÇÃO EXECUTIVA FISCAL APÓS A SUSPENSÃO. EXTINÇÃO DO FEITO. 1. A jurisprudência do STJ firmou-se no sentido de que a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, por alguns dos motivos elencados nos incisos do art. 151 do CTN, conduz a inviabilidade de propositura da ação executiva fiscal, quando posterior ao fato suspensivo, ensejando a extinção do feito. Exegese do entendimento firmado no REsp 1.140.956/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em 24/11/2010, DJe 03/12/2010. 2. A existência de qualquer das hipóteses previstas no art. 151 do CTN tem como consequência: (I) a extinçãoda execução fiscal, se a causa da suspensão ocorreu antes da propositura do feito executivo; ou (II) a suspensão da execução, se a exigibilidade foi suspensa quando já proposta a execução. Agravo regimental provido. Recurso especial provido.
Anexo V
TJ/SP AgRg n. 9072726-72.2007.8.26.0000/50000
DJ 05/02/2013
MANDADO DE SEGURANÇA. Consulta fiscal -- Formulação anterior à constituição do crédito tributário. Suspensão da exigibilidade do crédito Manutenção da segurança: Quando formulada consulta fiscal antes da constituição do crédito tributário, suspende-se a exigência tributária, os juros e a multa até que haja resposta administrativa. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO.
Anexo VI
EREsp 215.589/RJ
DJ 05/11/2007
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. DEPÓSITO JUDICIAL (ART. 151, II, CTN). EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO. CONVERSÃO EM RENDA PELO ENTE TRIBUTANTE. PRONUNCIAMENTO DA 1ª SEÇÃO.
1. Em exame embargos de divergência opostos pelo ESTADO DO RIO DE JANEIRO para se definir se seria possível o levantamento do depósito efetuado para os fins do artigo 151, II, do Código Tributário Nacional no caso em que o processo é extinto sem julgamento de mérito. O aresto embargado, originário da 2ª Turma, Relator para acórdão o Min. Castro Meira (DJ 19/09/05), assim foi ementado: 
“TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. DEPÓSITO. ART. 151, II. SENTENÇA SEM JULGAMENTO DE MÉRITO. LEVANTAMENTO. 1. Conforme entendimento da Primeira Seção quanto ao depósito previsto no artigo 151, “quando a sentença extingue o processo sem julgamento do mérito, pode o depósito ser imediatamente devolvido ao contribuinte, que fica assim privado da suspensividade, inexistindo a possibilidade de haver, em favor da Fazenda, a conversão do depósito em renda” (EREsp 270.083/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 02/09/2002).
2. Recurso especial conhecido e provido.” 
Apontou como paradigmas os seguintes julgados: 
- EREsp 479.725/BA, 1ª Seção, de minha relatoria, DJU 26/09/05 (fl. 284): “EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. TRIBUTÁRIO. AFRMM. DEPÓSITO. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM APRECIAÇÃO DO MÉRITO. DEPÓSITO. LEVANTAMENTO ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA. IMPOSSIBILIDADE. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA PROVIDOS. 
1. Em exame embargos de divergência opostos para se definir se é ou não possível o levantamento do depósito efetuado para os fins do artigo 151, II do Código Tributário Nacional nos casos em que o processo é extinto sem julgamento de mérito em face da ilegitimidade passiva da autoridade apontada como coatora. A Fazenda embargante aponta a divergência entre o acórdão embargado da relatoria do Ministro Francisco Peçanha Martins integrante da 2ª Turma e acórdão prolatado pelo Ministro Garcia Vieira da 1ª Turma. Divergência devidamente demonstrada, foram admitidos os embargos para julgamento de mérito. Sem impugnação. 
2. Conforme assinala o aresto paradigma: “O depósito efetuado para suspender a exigibilidade do crédito tributário é feito também em garantia da Fazenda e só pode ser levantado após sentença final transitada em julgado se favorável ao contribuinte”. O artigo 32 da Lei n.º 6830 de 22. 09. 1980 estabelece como requisito para levantamento do depósito judicial o trânsito em julgado da decisão. O aguardo do trânsito em julgado da decisão para possibilitar o levantamento do depósito judicial está fulcrado na possibilidade de conversão em renda em favor da Fazenda Nacional. 
3. O cumprimento da obrigação tributária só pode ser excluída por força de lei ou suspensa de acordo com o que determina o art. 151 do CTN. Fora desse contexto o contribuinte está obrigado a recolher o tributo. No caso de o devedor pretender discutir a obrigação tributária em juízo, permite a lei que faça o depósito integral da quantia devida para que seja suspensa a exigibilidade. Se a ação intentada, por qualquer motivo, resultar sem êxito, deve o depósito ser convertido em renda da Fazenda Pública. É essa a interpretação que deve prevalecer. O depósito é simples garantia impeditiva do fisco para agilizar a cobrança judicial da dívida, em face da instauração em juízo de litígio sobre a legalidade da sua exigência. Extinto o processo sem exame do mérito contra o contribuinte, têm-se uma decisão desfavorável. O passo seguinte, após o trânsito em julgado, é o recolhimento do tributo. 
4. Embargos de divergência providos.” 
- REsp 553.541/CE, 1ª Turma, de minha relatoria, julg. 16/12/03 (fl. 296): 
“TRIBUTÁRIO. DEPÓSITO JUDICIAL. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO. IMPOSSIBILIDADE DO CONTRIBUINTE EFETUAR O LEVANTAMENTO. CONVERSÃO DO DEPÓSITO EM RENDA. 
1. A extinção do mandado de segurança sem julgamento de mérito não impede que o valor do depósito judicial efetuado pelo contribuinte para suspender a exigibilidade fiscal enquanto perdurar a discussão da lide seja convertido em renda da Fazenda Pública. 
2. A exigência de cumprimento da obrigação tributária só pode ser suspensa por lei. O contribuinte, sem causa legal em sentido contrário, está obrigado ao pagamento do tributo. 3. Precedentes: Resp 490641/PR, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 03.11.2003, p. 254; Resp 163045/SP, Rel. Min. Hélio Mosimann, DJ de 9.11.98, p. 74; Resp 251350/SP, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJ 12.03.2001, pg. 97; Resp 227.958, Rel. Min. Garcia Vieira, DJ 7/2/2000; Resp 258752/SP, Rel. Min. Milton Luiz Pereira, DJ de 25.02.2002, p. 218.” 
- AgRgREsp 660.203/RJ, 1ª Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJU 04/04/05 (fl. 306):
“TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. DEPÓSITO JUDICIAL DO VALOR DO TRIBUTO. NATUREZA. EFEITOS. LEVANTAMENTO, PELO CONTRIBUINTE, CONDICIONADO AO TRÂNSITO EM JULGADO DE SENTENÇA DE MÉRITO EM SEU FAVOR. PRECEDENTES. 
1. O depósito do montante integral, na forma do art. 151, II, do CTN, constituiu modo, posto à disposição do contribuinte, para suspender a exigibilidade do crédito tributário. Porém, uma vez realizado, o depósito opera imediatamente o efeito a que se destina, inibindo, assim, qualquer ato do Fisco tendente a haver o pagamento. Sob esse aspecto, tem função assemelhada à da penhora realizada na execução fiscal, que também tem o efeito de suspender os atos executivos enquanto não decididos os embargos do devedor. 
2. O direito - ou faculdade - atribuído ao contribuinte, de efetuar o depósito judicial do valor do tributo questionado, não importa o direito e nem a faculdade de, a seu critério, retirar a garantia dada, notadamente porque, suspendendo a exigibilidade do crédito tributário, ela operou, contra o réu, os efeitos próprios de impedi-lo de tomar qualquer providência no sentido de cobrar o tributo ou mesmo de, por outra forma, garanti-lo. 
3. As causas de extinção do processo sem julgamento do mérito são invariavelmente imputáveis ao autor da ação, nunca ao réu. Admitir que, em tais casos, o autor é que deve levantar o depósito judicial, significaria dar-lhe o comando sobre o destino da garantia que ofereceu, o que importaria retirar do depósito a substância fiduciária que lhe é própria. 
4. Assim, ressalvadas as óbvias situações em que a pessoa de direito público não é parte na relação de direito material questionada – e que, portanto, não é parte legítima para figurar no processo – o depósito judicial somente poderá ser levantado pelo contribuinte que, no mérito, se consagrar vencedor. Nos demais casos, extinto o processo sem julgamento de mérito, o depósito se converte em renda. 
5. Agravo regimental provido.” 
Impugnação pela parte adversa defendendo a manutenção do aresto embargado. 
2. A questão em exame já foi enfrentada em diversas ocasiões nesta Corte, tendo a 1ª Seção, por ocasião do julgamento dos EREsp 479.725/BA, de minha relatoria, DJU 26/09/05, pronunciado-se na mesma linha dos arestos paradigmas, ou seja, de que o depósito judicial efetuado para suspender a exigibilidade do crédito tributário é feito também em garantia da Fazenda e só pode ser levantado pelo depositante após sentença final transitada em julgado em seu favor, nos termos do consignado no art. 32 da Lei 6.830/80. 
3. O cumprimento da obrigação tributária só pode ser excluídapor força de lei ou suspensa de acordo com o que determina o art. 151 do CTN. Fora desse contexto o contribuinte está obrigado a recolher o tributo. No caso de o devedor pretender discutir a obrigação tributária em juízo, permite a lei que faça o depósito integral da quantia devida para que seja suspensa a exigibilidade. Se a ação intentada, por qualquer motivo, resultar sem êxito, deve o depósito ser convertido em renda da Fazenda Pública. É essa a interpretação que deve prevalecer. O depósito é simples garantia impeditiva do fisco para agilizar a cobrança judicial da dívida, em face da instauração de litígio sobre a legalidade da sua exigência. Extinto o processo sem exame do mérito contra o contribuinte, têm-se uma decisão desfavorável. O passo seguinte, após o trânsito em julgado, é o recolhimento do tributo.
4. Precedentes: EREsp 479.725/BA, de minha relatoria, DJU 26/09/05; Resp 273.860/SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJ 13/03/06; Resp 490.641/PR, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 03/11/2003; Resp 258.752/SP, Rel. Min. Milton Luiz Pereira, DJ de 25/02/2002; Resp 251.350/SP, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJ de 12/03/2001; Resp 227.958, Rel. Min. Garcia Vieira, DJ 7/2/2000; Resp 163.045/SP, Rel. Min. Hélio Mosiman, DJ de 09/11/98.
5. Embargos de divergência providos.
Anexo VII
AgRg no AREsp n. 183.378/SP
Julgamento: 18/12/2012
MANDADO DE SEGURANÇA. LIMINAR CONCEDIDA MAS SEGURANÇA DENEGADA EM SEDE DE SENTENÇA. APELAÇÃO. EFEITO SUSPENSIVO. EXCEPCIONALIDADE. CIRCUNSTÂNCIAS AUTORIZADORAS PRESENTES NO CASO EM CONCRETO. ANÁLISE DE FATOS E PROVAS. INVIABILIDADE EM SEDE DE RECURSO ESPECIAL. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. PRECEDENTES.
1. Não há que se falar na violação ao art. 557 do CPC alegada pela União, tendo em vista a presença de jurisprudência no sentido alcançado pela decisão agravada. Ainda que assim não fosse, é de se ressaltar que fica superada eventual ofensa ao art. 557 do Código de Processo Civil pelo julgamento colegiado do agravo regimental interposto contra a decisão singular do Relator. Precedentes.
2. A jurisprudência deste Sodalício orienta pela possibilidade de ser concedido duplo efeito à apelação interposta em face de decisão que denegou a segurança – restabelecendo-se a liminar anteriormente deferida – quando presentes circunstâncias peculiares na espécie que autorizem a tomada dessa providência excepcional. Neste sentido, os precedentes: AgRg no AREsp 113.207/SP, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/06/2012, DJe 03/08/2012; AgRg no RESp 687.040/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 02/12/2008, DJE 13/03/2009; REsp 787051/PA, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 03.08.2006, DJ 17.08.2006 p. 345.
3. No caso em tela, conforme já consignado na decisão agravada, a partir dos elementos fáticos e probatórios constantes dos autos – documentos constantes às fls. 279/289 dos autos -, foram identificados elementos pelo Tribunal a quo elementos suficientes para a concessão de efeito suspensivo à apelação, razão pela qual o revolvimento destes elementos, na via recursal eleita, é inviável a teor da Súmula 7/STJ.
4. Agravo regimental a que se nega provimento.
Anexo VIII
AgRg no REsp n. 839.962/MG
DJe 16/04/2010
TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO. FINSOCIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. LIMINAR. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. SEGURANÇA DENEGADA. PAGAMENTO DO TRIBUTO DEVIDO NO PRAZO DO ART. 63, § 2º, DA LEI N. 9.430/96. AFASTAMENTO DOS JUROS E MULTA DE MORA EM RELAÇÃO AO PERÍODO EM QUE A LIMINAR VIGEU. 
1. A Corte de origem entendeu que não incidem multa nem juros moratórios em relação ao período em que o crédito tributário esteve com sua exigibilidade suspensa, por força de liminar concedida em mandado de segurança, posteriormente cassada por ocasião da sentença. 
2. O julgado está amparado no art. 63, § 2º, da Lei n. 9.430/96, que dispõe: “a interposição da ação judicial favorecida com a medida liminar interrompe a incidência da multa de mora, desde a concessão da medida judicial, até 30 dias após a data da publicação da decisão judicial que considerar devido o tributo ou contribuição”. 
3. É de rigor a incidência da regra, para afastar a cobrança dos juros e da multa de mora em desfavor do contribuinte, nestes casos. Precedente da Turma no AgRg no REsp 1005599/MG, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 13/06/2008. 
Anexo IX
EREsp n. 839.962/MG
DJe 24/04/2013
TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE NO PERÍODO DE VIGÊNCIA DE LIMINAR EM MANDADO DE SEGURANÇA. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. EMBARGOS ACOLHIDOS.
1. Divergência jurisprudencial configurada entre acórdãos da Primeira e Segunda Turmas no tocante à possibilidade de incidência de juros de mora sobre o tributo devido no período compreendido entre a decisão que concede liminar em mandado de segurança e a denegação da ordem.
2. “Denegado o mandado de segurança pela sentença, ou no julgamento do agravo dela interposto, fica sem efeito a liminar concedida, retroagindo os efeitos da decisão contrária” (Súmula 405/STF).
3. “A multa moratória pune o descumprimento da norma tributária que determina o pagamento do tributo no vencimento. Constitui, pois, penalidade cominada para desestimular o atraso nos recolhimentos. Já os juros moratórios, diferentemente, compensam a falta da disponibilidade dos recursos pelo sujeito ativo pelo período correspondente ao atraso” (Leandro Paulsen, Direito tributário: Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência. 12ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora ESMAFE, 2012, p. 1.105).
4. O art. 63, caput e § 2º, da Lei 9.430/96 afasta tão somente a incidência de multa de ofício no lançamento tributário destinado a prevenir a decadência na hipótese em que o crédito tributário estiver com sua exigibilidade suspensa por força de medida liminar concedida em mandado de segurança ou em outra ação ou de tutela antecipada.
5. No período compreendido entre a concessão de medida liminar e a denegação da ordem incide correção monetária e juros de mora ou a Taxa SELIC, se for o caso. Afastada a imposição de multa de ofício.
6. Embargos de divergência acolhidos.

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