Prévia do material em texto
509Rev Bras Med Esporte – Vol. 25, No 6 – Nov/Dez, 2019 RESUMO Introdução: Não existe nenhum estudo anterior que tenha analisado as respostas às lesões musculares decor- rentes das alterações da carga de treinamento em indivíduos treinados exclusivamente com exercícios repetitivos de corrida. Objetivos: A proposta deste estudo foi examinar o efeito das alterações da carga de treinamento sobre o desempenho físico e as lesões musculares induzidas pelo exercício em atletas universitários do sexo masculino que foram treinados usando um protocolo de sprint (treinamento de alta intensidade) de 30 metros repetido. Métodos: Doze participantes concluíram o período de treinamento de 6 semanas (três sessões/semana), que consistiu em aumentar progressivamente o treinamento de intensidade nas primeiras 5 semanas. No primeiro dia do período de treinamento, todos os sprints foram realizados com 70% a 80% do esforço máximo. Na primeira sessão da 5ª semana (treinamento de intensidade máxima, TIM), todos os sprints (10 × 30 m) foram realizados na velocidade máxima. As séries (10 sprints na velocidade máxima em cada série) foram repetidas até a exaustão (treinamento exaustivo, TE) na primeira sessão de treinamento da 6ª semana, seguidas de duas sessões de treinamento normal. A força isométrica, o desempenho no sprint de 30 metros, a flexibilidade, a creatina quinase sérica (CK) e o cortisol foram medidos periodicamente durante o período de treinamento. Resultados: A força isométrica, o desempenho no sprint de 30 metros e a flexibilidade diminuíram significativamente depois do TE e não foram recuperados durante o período de 9 dias seguintes, que consistiu em duas sessões de treinamento e 6 dias de recuperação. O cortisol teve elevação significativa imediatamente após o TE, mas não teve alteração depois do treinamento no primeiro dia e durante o TIM. A CK teve aumento significativo depois do treinamento em cada semana, mas o aumento 24 horas depois de TE foi expressivamente maior do que depois do primeiro dia e do TIM. Conclusões: O aumento drástico da intensidade máxima do exercício de sprint repetido resulta em maior dano muscular relativo, mesmo em indivíduos treinados, o que limitará substancialmente seu desempenho. Outras sessões de treina- mento, mesmo em intensidade e volume normais, com tempo insuficiente para recuperação muscular, podem prolongar a duração da fadiga. Nível de evidência II; Estudos Diagnósticos – Investigação de exame diagnóstico. Descritores: Creatina Quinase; Cortisol; Flexibilidade; Força Muscular; Treinamento Intervalado de Arranque; Fadiga Muscular. ABSTRACT Introduction: There is no previous study examining muscle damage responses from training load changes in individuals trained exclusively with repeated sprint exercise. Objectives: The purpose of this study was to examine the effect of training load changes on physical performance and exercise-induced muscle damage in male college athletes who were trained using a 30m repeated sprint protocol. Methods: Twelve participants completed the 6-week training period (three sessions/week), which consisted of progressively increasing intensity training in the first 5 weeks. On the first day of the training period, all sprints were performed at 70–80% of maximum effort. In the first session of the 5th week (Maximal intensity training; MIT), all sprints (10×30m sprints) were performed at maximal speed. The sets (10 sprints at maximal speed in each set) were repeated until exhaustion (Exhaustive training; ET) in the first training session of the 6th week, followed by two sessions of the normal training. Isometric strength, 30m sprint performance, flexibility, serum creatine kinase (CK) and cortisol were measured peri- odically during the examination period. Results: Isometric strength, 30m sprint performance, and flexibility were significantly decreased following the ET, and did not recover during the following 9-day period, which consisted of two training sessions and 6 days of recovery. Cortisol was significantly elevated immediately after the ET but was not changed after training on first day and during MIT. CK was significantly elevated after training every week, but the increase at 24 hours after ET was significantly higher than after the first day and MIT. Conclusions: Dramatically increasing the volume of maximal intensity repeated sprint exercise results in greater relative muscle damage even in trained individuals, which will significantly limit their performance. Further training sessions, even at normal intensity and volume with insufficient time for muscle recovery, may prolong the duration of fatigue. Level of evidence II; Diagnostic Studies - Investigating a diagnostic test. Keywords: Creatine kinase; Cortisol; Flexibility; Muscle strength; Sprint interval training; Muscle Fatigue. EFEITOS DAS MUDANÇAS DE CARGA DE TREINAMENTO SOBRE O DESEMPENHO FÍSICO E DANO MUSCULAR INDUZIDO POR EXERCÍCIO EFFECTS OF TRAINING LOAD CHANGES ON PHYSICAL PERFORMANCE AND EXERCISE-INDUCED MUSCLE DAMAGE EFECTOS DE LOS CAMBIOS DE CARGA DE ENTRENAMIENTO SOBRE EL DESEMPEÑO FÍSICO Y DAÑO MUSCULAR INDUCIDO POR EJERCICIO Selcen Korkmaz Eryılmaz1 (Profissional de Educação Física) Zübeyde Aslankeser2 (Profissional de Educação Física) Çiğdem Özdemir3 (Fisiologista) Kerem Özgünen3 (Fisiologista) Sadi Kurdak3 (Fisiologista) 1. Çukurova University, Escola de Educação Física e Esportes, Balcalı, Adana, Turquia. 2. Selçuk University, Faculdade de Ciência do Esporte, Konya, Turquia. 3. Çukurova University, Faculdade de Medicina, Departamento de Fisiologia, Divisão de Fisiologia dos Esportes, Balcalı, Adana, Turquia. Correspondência: Selcen Korkmaz Eryılmaz. Çukurova University, Escola de Educação Física e Esportes, Balcalı, Sarıçam, Adana, Turkey.1380. selcen_korkmaz@yahoo.com Artigo originAl Original article artículO Original 510 Rev Bras Med Esporte – Vol. 25, No 6 – Nov/Dez, 2019 RESUMEN Introducción: No existe ningún estudio anterior que haya analizado las respuestas a las lesiones musculares provenien- tes de las alteraciones de la carga de entrenamiento en individuos entrenados exclusivamente con ejercicios repetitivos de carrera. Objetivos: La propuesta de este estudio fue examinar el efecto de las alteraciones de la carga de entrenamiento sobre el desempeño físico y las lesiones musculares inducidas por el ejercicio en atletas universitarios del sexo masculino que fueron entrenados usando un protocolo de sprint (entrenamiento de alta intensidad) de 30 metros repetido. Métodos: Doce participantes concluyeron el período de entrenamiento de seis semanas (tres sesiones/semana), que consistió en aumentar progresivamente el entrenamiento de intensidad en las primeras cinco semanas. En el primer día del período de entrenamiento, todos los sprints fueron realizados con 70% a 80% del esfuerzo máximo. En la primera sesión de la 5ª semana (entrenamiento de intensidad máxima, EIM), todos los sprints (10 × 30 m) fueron realizados en la velocidad máxima. Las series (10 sprints en la velocidad máxima en cada serie) fueron repetidas hasta la extenuación (entrenamiento exhaustivo, EE) en la primera sesión de entrenamiento de la 6ª semana, seguidas de dos sesiones de entrenamiento normal. La fuerza isométrica, el desempeño en el sprint de 30 metros, la flexibilidad, la creatina quinasa sérica (CK) y el cortisol fueron medidos periódicamente durante el período de entrenamiento. Resultados: La fuerza isométrica, el desempeño en el sprint de 30 metros y la flexibilidad dismi- nuyeron significativamente después del EE y no fueron recuperados durante el período de 9 días siguientes, que consistió en dos sesiones de entrenamiento y seis días de recuperación. El cortisol tuvo elevación significativa inmediatamente después del EE, pero no tuvo alteración después del entrenamiento en el primerdía y durante el EIM. La CK tuvo aumento significativo después del entrenamiento en cada semana, pero el aumento 24 horas después de EE fue expresivamente mayor que después del primer día y del EIM. Conclusiones: El aumento drástico de la intensidad máxima del ejercicio de sprint repetido resulta en mayor daño muscular relativo, aún en individuos entrenados, lo que limitará sustancialmente su desempeño. Otras sesiones de entrenamiento, aún en intensidad y volumen normales, con tiempo insuficiente para recuperación muscular, pueden prolongar la duración de la fatiga. Nivel de evidencia II; Estudios Diagnósticos – Investigación de examen diagnóstico. Descriptores: Creatina Quinasa; Cortisol; Flexibilidad; Fuerza Muscular; Entrenamiento por Intervalos de Sprint; Fatiga Muscular. Artigo recebido em 17/12/2017 aprovado em 11/08/2019DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1517-869220192506189248 INTRODUÇÃO Os esportes com vários sprints, como basquete, rúgbi e futebol, exigem breves períodos de alta intensidade e de baixa intensidade, repetidos durante a prática diária ou em partidas.1 Comprovou-se que, nos sprints, as contrações musculares excêntricas durante a fase de apoio resultam em dano muscular.2-4 É de ampla aceitação que os microtraumas repetitivos ao longo de uma temporada durante o treinamento e a competição podem ocasionar certo grau de sensibilização dos múscu- los.5 A liberação da enzima creatina quinase (CK) intramuscular para o sangue6 e a perda prolongada da função muscular, como as reduções da força isométrica,7,8,9 da amplitude de movimento9 e das funções musculares dinâmicas rápidas10-12 são analisadas na literatura como alguns dos sintomas de dano muscular. Quando esses sintomas persis- tem, provavelmente o desempenho atlético é afetado. A magnitude do dano muscular é determinada pela carga de treinamento, juntamente com a capacidade de recuperação do indivíduo.13-15 A capacidade de realizar sprints repetidos com recuperação míni- ma entre as sessões é considerada um importante componente do condicionamento físico em esportes que exigem múltiplos sprints.1 Documentou-se que um protocolo de sprint de 30 metros repetido resulta em dano muscular.4,16 Contudo, não há estudos que tenham examinado as respostas ao dano muscular decorrente de alterações na carga de treinamento em indivíduos treinados apenas pelo protocolo de exercícios de sprint repetido durante o período de treinamento. O objetivo deste estudo foi examinar o efeito das alterações da carga de treinamento sobre o desempenho físico e os danos musculares induzidos pelo exercício em atletas universitários treinados com sprints repetidos. MÉTODOS Participantes Doze indivíduos saudáveis do sexo masculino (média ± DP; idade 24 ± 3,5 anos, altura 178,5 ± 5,8 cm, peso 72,8 ± 8,6 kg) foram voluntários para participar do presente estudo. Todos eles eram atletas universitários de diversas modalidades esportivas em equipe, que competiam há pelo menos 4 anos e treinavam pelo menos três vezes por semana. O desenho do estudo foi explicado detalhadamente a todos os participantes, e os termos de consentimento livre e esclarecidos foram obtidos. As medições foram realizadas após a aprovação do Comitê de Ética da Faculdade de Medicina da Universidade de Çukurova e realizadas de acordo com a Declaração de Helsinque (200711). Durante o estudo, não foi permitido que os indivíduos praticassem atividade física que pudesse afetar os resultados do estudo. Procedimentos de treinamento e teste Os indivíduos foram treinados três dias por semana durante seis semanas. Todas as sessões de treinamento foram realizadas às segundas, terças e quartas-feiras. Durante o treinamento, os participantes foram solicitados a realizar sprints consecutivos de 30 metros. Uma série foi composta por 10 repetições e os indivíduos realizaram uma série na 1ª e 2ª sessões de cada semana e duas séries na 3ª sessão de cada semana. Nas primeiras 5 semanas, os sujeitos foram adaptados à intensidade (com base na porcentagem do esforço individual máximo) do treinamento, a qual aumentou gradualmente na primeira sessão de treinamento de cada semana (Tabela 1; Figura 2). Sessão de treinamento de intensidade máxima (TIM): Na 1a sessão da 5a semana, todos os sprints foram realizados na velocidade máxima. Sessão de treinamento exaustivo (TE): Na 1a sessão de treinamento da 6a semana, os indivíduos foram solicitados a realizar um número máximo de séries até o ponto da exaustão. O exercício era encerrado quando o indivíduo atingia a fadiga volitiva. Todas as séries de sprints foram realizadas na velocidade máxima. O TE foi seguido por sessões de treinamento regular como no período de treinamento adaptativo. Os indivíduos foram solicitados a treinar a rotina semanal na 2a e 3a sessão da 6a semana. No final da sessão de treinamento, transcorreram 6 dias de recuperação sem nenhum treinamento. 511Rev Bras Med Esporte – Vol. 25, No 6 – Nov/Dez, 2019 O desempenho de 30 metros dos participantes foi medido antes e 24 horas depois do treinamento na primeira sessão de cada semana durante o período de treinamento. A força e a flexibilidade isométricas foram medidas antes, imediatamente após e 24 horas depois do primeiro dia do programa de treinamento, TIM e TE. Além disso, todas as medidas de desempenho (depois de aquecimento padronizado de 15 minutos) foram feitas 72 horas depois do TE e do 2º, 4º e 6º dia de recuperação. As amostras de sangue foram coletadas antes, imediatamente depois e 24 horas depois do primeiro dia, TIM e TE, e 72 horas depois do TE (Figura 1). Para minimizar o efeito do tempo, todos os treinamentos e medições foram realizados na mesma hora do dia em todos os indivíduos. Protocolo de treinamento Todas as sessões de treinamento foram realizadas em uma pista de 60 metros em ambiente fechado no Laboratório de Fisiologia Espor- tiva da Universidade Çukurova. Antes das sessões de treinamento, os indivíduos concluíram um aquecimento de 15 minutos, que envolveu jogging leve, uma série de sprint drills dinâmicos, alongamento e várias corridas de aceleração. Os indivíduos foram testados antes da 1a e da 2a sessão de treinamento de cada semana e na sessão de treinamento final, completando, dessa forma, o aquecimento regular antes do teste. O treinamento consistiu em sprints repetidos de 30 metros, intercalados com 30 segundos de recuperação com jogging ativo. Cada série foi intercalada com 5 minutos de recuperação passiva. Durante o período de recuperação ativa entre os sprints, os indivíduos desaceleraram em uma distância de 10 metros depois da linha de chegada e voltaram para a linha de partida. Os tempos de sprint foram medidos com sensores de luz infravermelha conectados a um dispositivo de tempo (New test Oy, Oulu, Finlândia). O tempo de recuperação foi controlado por cronômetro manual. Força isométrica máxima A força isométrica máxima de extensão do joelho da perna dominante foi medida com um dinamômetro isocinético (Cybex, Norm 6000). O dinamômetro foi configurado de acordo com as instruções do fabricante; o ângulo da articulação foi fixado em 60º de extensão e a compensação da gravidade foi empregada para permitir variações interindividuais no momento que atua sobre o peso do membro. Todos os participantes concluíram dois testes com duração de 5 segundos, com período de recuperação de 60 segundos entre eles. Instruções e incentivos verbais padronizados foram usados em todo o protocolo. O melhor valor da força isométrica de pico foi utilizado na análise dos dados. Teste de sentar e alcançar (SRT) Uma caixa padrão para sentar e alcançar foi usada para medir a flexibilidade dos indivíduos.17 O SRT, em geral, é usado para avaliar a flexibilidade da coluna lombar e os músculos isquiotibiais. Os indivíduos sentaram no chão com os pés descalçostocando a caixa. A seguir, avan- çaram lentamente na direção dos dedos dos pés, mantendo as pernas retas e as mãos juntas e empurraram a régua deslizante centralizada no topo da caixa para obter as pontuações do SRT. O teste foi realizado três vezes e a melhor pontuação foi registrada. Teste de sprint de 30 metros Os indivíduos ficaram 30 cm atrás da linha de partida para evitar o disparo prematuro do sistema de tempo e realizaram três sprints máximos com intervalos de 60 segundos de recuperação. O menor tempo de sprint de 30 metros foi registrado para a análise de dados. Exame de sangue Amostras de sangue (10 ml) foram coletadas da veia antecubital para medições de CK e cortisol séricos. Foi permitido que o sangue total coagulasse à temperatura ambiente. A seguir, o sangue foi centrifugado a 3.500 rpm por 5 minutos e o soro foi separado. Os níveis séricos de CK e cortisol foram determinados imediatamente. A CK foi medida por ensaio enzimático colorimétrico e o cortisol foi medido por imunoen- saio eletroquimioluminescente (Elecsys Modular Analytics E170; Roche Diagnostics, Mannheim, Alemanha). Todos os processos de amostragem de sangue foram realizados na mesma hora do dia. Análises estatísticas As alterações de força isométrica, flexibilidade, tempo de corrida de 30 metros e do cortisol ao longo do tempo foram analisadas usando Figura 1. Desenho do estudo. BS= Amostra de sangue, IS= Força isométrica, FL= Flexibilidade, MS = Sprint máximo. Tabela 1. Programa semanal para 6 semanas de treinamento com sprint repetido. Sessão Volume séries × repetições Intensidade % de esforço máximo Semana 1 1o 1 × 10 70 – 80 % 2o 1 × 10 70 – 80 % 3o 2 × 10 70 – 80 % Semana 2 1o 1 × 10 2 sprints at 100 % 8 sprints at 70–80% 2o 1 × 10 70 – 80 % 3o 2 × 10 80 – 90 % Semana 3 1o 1 × 10 4 sprints at 100 % 6 sprints at 70–80% 2o 1 × 10 70 – 80 % 3o 2 × 10 80 – 90 % Semana 4 1o 1 × 10 5 sprints at 100 % 5 sprints at 90 % 2o 1 × 10 80 – 90 % 3o 2 × 10 80 – 90 % Semana 5 1o (TIM) 1 × 10 100 % 2o 1 × 10 80 – 90 % 3o 2 × 10 80 % Semana 6 1o (TE) All out 100 % 2o 1 × 10 80 – 90 % 3o 2 × 10 80 % 1ST Sessão Pré BS IS FL MS Semana 1 Semana 5 Semana 6 Semana 7 Semana 2-3-4 Pré BS IS FL MS Pré BS IS FL MS Pré BS IS FL MS IS FL MS IS FL ML IS FL ML Pré MS Pré MS Pré BS IS FL MS Pós BS IS FL MS Pós BS IS FL Pós BS IS FL 1ST Sessão 1ST Sessão TE 1ST Sessão TIM 2nd Sessão 2nd Sessão 2nd Sessão 2nd Sessão 3rd Sessão 3rd Sessão 3rd Sessão 3rd Sessão Repouso Repouso Repouso Repouso Repouso Repouso Repouso Recuperação Recuperação Recuperação Recuperação Recuperação Recuperação Rest Repouso Repouso Repouso Repouso Repouso Pré BS IS FL MS Pré BS IS FL MS 512 Rev Bras Med Esporte – Vol. 25, No 6 – Nov/Dez, 2019 uma análise de variância de medidas repetidas (ANOVA). A correção de Bonferroni foi usada como teste post hoc quando os principais efeitos foram considerados significantes. Os dados de CK foram distribuídos normalmente e determinados pelos testes de normalidade de Kolmogrov- -Smirnov e Shapiro-Wilk. Portanto, o teste não paramétrico de Friedman foi usado para determinar se as alterações significantes ocorreram com o tempo para os dados de CK, e as alterações foram localizadas com o teste dos postos sinalizados de Wilcoxon para amostras emparelhadas. Outros parâmetros do estudo foram distribuídos normalmente. A significância estatística foi aceita em p< 0,05. Os valores foram relatados como média ± desvio padrão (DP). O SPSS versão 16 foi usado para todas as análises (16, SPSS Inc. Chicago, IL). RESULTADOS No TE, um indivíduo fez 17 sprints, quatro indivíduos fizeram 20 sprints, um fez 24 sprints, um indivíduo realizou 26 sprints, um realizou 30 sprints, um fez 30 sprints, um fez 35 sprints, um realizou 40 sprints, um realizou 46 sprints e um indivíduo realizou 50 sprints. Não houve diferença significante no tempo médio do sprint (10 repetições) entre TIM (4,28 ± 0,1 segundos) e a primeira série de TE (4,27 ± 0,1 segundos) (p > 0,05) (Figura 2). Os tempos de corrida de 30 metros medidos antes da primeira sessão de treinamento de cada semana foram 4,28 ± 0,2, 4,21 ± 0,1, 4,17 ± 0,1, 4,09 ± 0,1, 4,11 ± 0,1 e 4,07 ± 0,1 segundos, respectivamente para a 1a, 2a, 3a, 4a, 5a e 6a semanas. O desempenho no sprint de 30 metros melhorou significativamente na 3a, 4a, 5a e 6a semana em comparação com o inicial (p < 0,01) (Figura 3). Os tempos de corrida de 30 metros medidos depois do treinamento na 1a (4,28 ± 0,2 segundos), 2a (4,27 ± 0,2 segundos), 3a (4,2 ± 0,2 segun- dos), 4a (4,11 ± 0,1 segundos) e 5a (4,11 ± 0,2 segundos) semanas, não apresentaram diferença significante com relação ao valor pré-treino (p > 0,05). Contudo, verificou-se redução significativa no desempenho do sprint 24 (4,18 ± 0,2 segundos, p < 0,05) e 72 horas (4,24 ± 0,2 segundos, p < 0,001) depois de TE. O desempenho no sprint durante o período de recuperação de 6 dias ainda era significativamente menor do que o valor pré-TE (4,29 ± 0,3, 4,2 ± 0,2 e 4,17 ± 0,1 segundos para os 2º, 4º e 6º dias de recuperação, respectivamente, p < 0,05, Fig. 3). A força isométrica pré-treinamento no TE foi significativamente maior do que no primeiro dia e no TIM (p <0,05) (Tabela 2). Imediatamente depois e 24 horas após o TIM, a força isométrica permaneceu inalterada com relação ao valor pré-treinamento (p > 0,05). Constatou-se diminuição imediata significativa da força isométrica no primeiro dia (p < 0,05) e Tabela 2. Alterações na força isométrica e flexibilidade dos indivíduos durante o período do estudo. Medida Força isométrica (N) Flexibilidade (cm) Primeiro dia Semana 1 Pré-treinamento 250 ± 35.2# 28.3 ± 4.4 Pós-treinamento 231 ± 27.5* 28.4 ± 4.7 24 horas depois 234.3 ± 36.1 26.5 ± 5* TIM Semana 5 Pré-treinamento 267.8 ± 45.1# 28.2 ± 4.6 Pós-treinamento 258.8 ± 39.3 27.7 ± 4.2 24 horas depois 275.6 ± 39.3 26.4 ± 4.7* TE Semana 6 Pré-treinamento 284.4 ± 52.5 28.1 ± 4.2 Pós-treinamento 243.9 ± 32.4* 26.3 ± 4.1* 24 horas depois 259.7 ± 40.4* 25.3 ± 5.5* 72 horas depois 267.1 ± 45.6* 25.5 ± 5.5* Recuperação 2o dia 260.7 ± 42.1# 24.8 ± 5# 4o dia 266.2 ± 47.3# 25.8± 5.1# 6o dia 262.2 ± 49.9# 26.5 ± 4.9# Os valores são médias ± DP; *Significativamente diferente dos valores pré-treinamento de cada semana (p < 0,05). &Significativamente diferente dos valores pré-treinamento da primeira semana (p < 0,05). #Significativamente diferente dos valores pré-treinamento da 6ª semana (p < 0,05). Figura 2. Intensidade semanal de treinamento (tempo médio de sprint de 10 × 30 metros ± DP) para as três sessões de treinamento de cada semana (a velocidade média do sprint não foi diferente no TIM e no TE. Nota: o valor médio do primeiro conjunto de dados é apresentado na figura para o TE e a 3ª sessão de cada semana). Semana 1 te m po m áx im o em s eg un do s de s pr in t de 3 0 m et ro s 6,5 6,0 5,5 5,0 4,5 4,0 3,5 TIM Semana 5 TE Semana 6 1ª sessão da semana 2ª sessão da semana 3ª sessão da semana Figura 3. Mudanças no desempenho do sprint de 30 metros antes e depois da primeira sessão de treinamento de cada semana (média ± DP). #Significativamente diferente do valor pré-treinamento da 1ª semana e significativamente diferente do valor pré-treinamento na 2ª e na 3ª semanas; *Significativamente diferente do valor pré-treinamento do TE (p < 0,05). te m po m áx im o em s eg un do s de s pr in t de 3 0 m et ro s 4,6 4,4 4,2 4,0 3,8# #,& #,& #,& * Pré-1a sessão de treinamento da semana 1 dia depois 3 dias depois 2o, 4o, 6o dia de recuperação, respectivamente * * * * TE (p < 0,01). Vinte e quatro horas depois do primeiro dia, a força iso- métrica retornou ao valor pré-treinamento (p > 0,05). Foi verificado um decréscimo significativo da força isométrica 24 e 72 horas depois de TE (p < 0,05). Os indivíduos não se recuperaram completamente durante o período de recuperação de 6 dias e todos os valores foram bastante inferiores ao valor pré-TE (p < 0,05). A flexibilidade pré-treinamento não teve diferença significativa entre o primeiro dia, TIM e TE (p > 0,05) (Tabela 2). A flexibilidade dos indivíduos no primeiro dia e no TIM não mudou de imediato depois do treinamento, mas diminuiu significativamente 24 horas depois do treinamento em comparação com o valor pré-treinamento (p < 0,05). Constatou-se decréscimo significativo da flexibilidade imediatamente, 24 horas e 72 horas depois de TE (p < 0,05). A flexibilidade dos indivíduos permaneceu significativamente menor durante o período de recuperação quando comparada com o valor pré-TE (p < 0,05). Os níveis séricos de CK e cortisol pré-treinamento não foram signifi- cativamente diferentes entre o primeiro dia, TIM e TE (p > 0,05) (Tabela 3). Semana 4 Semana 3 Semana 2 Semana 1 TIM Semana 5 Semana4 Semana 3 Semana 2 TE Semana 6 513Rev Bras Med Esporte – Vol. 25, No 6 – Nov/Dez, 2019 A CK aumentou significativamente logo após o treinamento (p < 0,01) e 24 horas depois do treinamento (p < 0,01) quando comparada com os valores pré-treinamento. Vinte e quatro horas depois do TE, o aumento foi significativamente maior quando comparado com o primeiro dia e TIM (p < 0,01). A CK ainda estava expressivamente mais elevada 72 horas depois do treinamento em comparação com os valores pré-treinamento do TE (p < 0,01). O cortisol só teve elevação significante imediatamente depois do TE (p < 0,001) em comparação com os valores pré-treinamento. DISCUSSÃO A principal descoberta deste estudo é que, durante o período de treinamento, uma única sessão de exercício exaustivo pode causar re- dução prolongada do desempenho, mesmo em indivíduos que treinam regularmente. Esses dados sugerem que a avaliação regular do desem- penho, juntamente com a CK e o cortisol, pode ser útil para monitorar o estresse e a tolerância ao treinamento. Neste estudo, o programa de treinamento baseou-se no princípio da sobrecarga progressiva18,19 e a intensidade do treino foi progres- siva durante o período de 5 semanas. O aumento do desempenho do sprint pode ser aceito como evidência da efetividade de nosso programa de treinamento. No período de 5 semanas, os indivíduos conseguiram recuperar-se 24 horas depois da sessão de treinamento de cada semana. Por outro lado, o exercício até o ponto de exaustão realizado na 6ª semana do estudo foi um estresse para os indivíduos e causou decréscimo significativo do desempenho do sprint de 30 metros, da força muscular e da flexibilidade. Além disso, os indivíduos não conseguiram recuperar-se no período seguinte de 9 dias que consistiu em duas sessões de treinamento e 6 dias de recuperação. Como já se mencionou,15,19,20 redução de desempenho depois de treinamento extenuante pode ser atribuída a danos musculares. Foi relatada a redução prolongada do desempenho atlético em con- junto com o aumento da CK durante e/ou depois do período de treinamento intensificado.19,20,21 Somente uma sessão de treinamento exaustiva de um dia, como a de nosso estudo, resultou em redução prolongada do desempenho. O tempo necessário para recuperar o desempenho depois de TE foi maior que as sessões de treinamento das semanas anteriores. Apesar de intensidade e volumes baixos de treinamento realizado nas duas sessões seguintes, o desequilíbrio entre treinamento e recuperação pode ter prolongado a duração da fadiga. Esse tipo de redução de desempenho também pode ser visto depois de competição “all out”. Há relatos de que sprint repetido com desaceleração rápida pode induzir danos musculares.4,16 O aumento da CK depois de exercícios repetidos de sprint fornece evidências de danos nas fibras dos múscu- los esqueléticos.4,16 Acredita-se que a força isométrica seja o marcador indireto mais preciso e confiável de danos musculares,8 e é conhecida por permanecer reduzida por vários dias depois do exercício.7,9 Foi demonstrado que a força isométrica dos extensores do joelho diminui 24 e 48 horas depois do sprint repetido.4 Também se demonstrou que o desempenho do sprint10,22 e a flexibilidade23,24 são associados a danos musculares. Neste estudo, o desempenho do sprint, a força isométrica e a flexibilidade foram reduzidos após o TE. Todos esses achados, juntamente com o aumento da CK pós-treinamento, podem indicar a presença de danos do tecido muscular causados pelo sprint repetido. Sabe-se que o aumento do número de contrações excêntricas pro- duz maior dano muscular.13,14 O tempo necessário para a recuperação muscular depende da gravidade do dano.13,14 Neste estudo, embora o treinamento tenha aumentado a CK sérica depois do primeiro dia e do TIM, isso não afetou negativamente o desempenho durante dias sucessivos. Observou-se um aumento maior da CK quando as séries foram repetidas até a exaustão no TE. Além disso, o TE teve efeito negativo a longo prazo no desempenho muscular. O volume de treinamento foi possivelmente maior do que os indivíduos estavam acostumados, causando dano muscular mais grave, apesar de os indivíduos serem relativamente bem treinados. O exercício é uma forma particular de estresse metabólico e físico que se mostra um potente ativador do eixo hipotálamo-hipófise- -adrenal (HHA), que aumenta os níveis de cortisol.25,26 A intensidade e a duração do treinamento são um dos determinantes da resposta do HHA ao exercício.26,27 O aumento do cortisol sérico induzido pelo exercício é essencial para a resposta metabólica normal e a adaptação ao exercício.28 Por outro lado, considerou-se que o cortisol em repouso em geral reflete estresse de treinamento em longo prazo.28, 29 Níveis significativamente elevados de cortisol depois de TE indicam que esse tipo de atividade física foi suficiente para causar uma situação estressante para o corpo. As alterações insignificantes de cortisol pós-treinamento no primeiro dia do programa podem ser explicadas pela baixa intensidade do treinamento. Enquanto no TIM, devido à possível adaptação adrenal dos indivíduos,30 o cortisol pode não ter mudado expressivamente, mesmo quando a intensidade do exercício foi aumentada em comparação com o início. CONCLUSÃO Danos musculares relativamente maiores e, portanto, sintomas mais graves podem ser observados mesmo em indivíduos que trei- nam regularmente, quando o volume da intensidade máxima do sprint repetido aumenta drasticamente durante o período de treinamento. Quando não se permite a recuperação adequada durante as sessões subsequentes, mesmo com intensidade e volume normais, isso pode prolongar a duração da fadiga. Todos os autores declararam não haver qualquer potencial conflito de interesses referente a este artigo. Tabela 3. Alterações nos níveis séricos de creatina quinase e cortisol após o primeiro dia, TIM e TE. Primeiro dia Semana 1 TIM Semana 5 TE Semana 6 Creatina quinase (U/L) Pré-treinamento 196 ± 103,3 176,2 ± 70,3 153,7 ± 29,5 Pós-treinamento 248,8 ± 121,6* 223,8 ± 86,1* 223,6 ± 47* 24 horas depois 406 ± 304,1*,& 377,7 ± 245,9*,& 647,7 ± 366* 72 horas depois 380,7 ± 247* Cortisol (µg/dl) Pré-treinamento 13,5 ± 3,3 13,2 ± 4 13,5 ± 4,2 Pós-treinamento 14 ± 6 15,2 ± 4,6 25,9 ± 3,9* 24 horas depois 13,5 ± 5,6 12,9 ± 3 12,5 ± 2,7 72 horas depois 15,1 ± 3,9 Os valores sãomédias ± DP; *Significativamente diferente do valor pré-treinamento de cada sessão de treinamento (p < 0,05); &Significativamente diferente de 24 horas depois de TE (p < 0,05). CONTRIBUIÇÕES DOS AUTORES: Cada autor fez contribuições individuais significativas para este original. SKE (0000-0002-3680-3580)* e ZA (0000-0003-1850-7048)* foram responsáveis pela coleta de dados, análise e interpretação dos dados e pela redação da versão preliminar; ÇÖ (0000-0003-3360-8541)* auxiliou na análise e interpretação de dados; KÖ (0000-0002-6840-6299)* e SK (0000-0002-0797-046X)* elaboraram o desenho do estudo e supervisionaram a coleta e análise de dados e a redação do original. Todos os autores leram e aprovaram o original após a finalização. *ORCID (Open Researcher and Contributor ID). 514 Rev Bras Med Esporte – Vol. 25, No 6 – Nov/Dez, 2019 REFERÊNCIAS 1. Spencer M, Bishop D, Dawson DB, Goodman C. Physiological and metabolic responses of repeated sprint activities: specific to field based team sports. Sports Med. 2005;35(12):1025-44. 2. Thompson D, Nicholas CW, Williams C. Muscular soreness following prolonged intermittent high-intensity shuttle running. J Sports Sciences. 1999;17(5):387-95. 3. Fridén J, Seger J, Ekblom B. Sublethal muscle fibre injuries after high-tension anaerobic exercise. Eur J Appl Physiol. 1988;57(3):360-8. 4. Howatson G, Milak A. Exercise-induced muscle damage following a bout of sport specific repeated sprints. J Strength Cond Res. 2009;23(8):2419-24. 5. Hoffman JR, Kang J, Ratamess NA, Faigenbaum AD. Biochemical and hormonal responses during an intercollegiate football season. Med Sci Sports Exerc. 2005;37(7):1237-41. 6. Brancaccio P, Maffulli N, Limongelli FM. Creatine kinase monitoring in sport medicine. Br Med Bull. 2007;81-82:209-30. 7. Clarkson PM, Nosaka K, Braun B. Muscle function after exercise-induced muscle damage and rapid adaptation. Med Sci Sports Exerc. 1992;24(5):512-20. 8. Warren GL, Lowe DA, Armstrong RB. Measurement tools used in the study of eccentric contraction induced injury. Sports Med. 1999;27(1):43-59. 9. Cleak MJ, Eston RG. Muscle soreness, swelling, stiffness and strength loss after intense eccentric exercise. Br J Sports Med. 1992;26(4):267-72. 10. Twist C, Eston RG. The effects of exercise-induced muscle damage on maximal intensity intermittent exercise performance. Eur J Appl Physiol. 2005;94(5-6):652-8. 11. Byrne C, Twist C, Eston RG. Neuromuscular function following exercise-induced muscle damage: theoretical and applied implications. Sports Med. 2004;34(1):49-69. 12. Byrne C, Eston RG. The effect of exercise induced muscle damage on isometric and dynamic knee extensor strength and vertical jump performance. J Sport Sci. 2002;20(5):417-25. 13. Nosaka K, Newton M. Difference in the magnitude of muscle damage between maximal and submaximal eccentric loading. J Strength Cond Res. 2002;16(2):202-8. 14. Clarkson PM, Tremblay I. Exercise-induced muscle damage, repair and adaptation in humans. J Appl Physiol. 1988;65(1):1-6. 15. Simith LL. Cytokine hypothesis of overtraining: A physiological adaptation to excessive stress? Med Sci Sports Exerc. 2000;32(2):317-31. 16. Keane KM, Salicki R, Goodall S, Thomas K, Howatson G. Muscle damage response in female collegiate athletes after repeated sprint activity. J Strength Cond Res. 2015;29(10):2802-7. 17. Hopkins DR, Hoeger WWK. A comparison of the sit-and-reach test and the modified sit-and-reach test in the measurement of flexibility for males. J Appl Sport Sci Res. 1992;6(1):7-11. 18. Fry AC, Kraemer WJ. Resistance exercise overtraining and overreaching. Neuroendocrine responses. Sports Med. 1997;23(2):106-29. 19. Coutts AJ, Reaburn P, Piva TJ. Murphy A. Changes in selected biochemical, muscular strength, power, and endurance measures during deliberate overreaching and tapering in rugby league players. Int J Sports Med. 2007;28(2):116-24. 20. Coutts AJ, Reaburn P, Rowsell GJ. Monitoring for overreaching in rugby league players. Eur J Appl Physiol. 2007;99(3):313-24. 21. Halson SL, Lancaster G, Jeukendrup AE, Gleeson M. Immunological responses to overreaching in cyclists. Med Sci Sports Exerc. 2003;35(5):854-61. 22. Highton J, Twist C, Eston RG. The effects of exercise-induced muscle damage on agility and sprint running performance. J Exerc Sci Fit. 2009;7(1):24-30. 23. Worrell TW, Perrin DH, Cansneder B, Cieck I. Comparison of isokinetic strength and flexibility measures between hamstring injured and noninjured athletes. J Orthop Sports Phys Ther. 1991;13(3):118-25. 24. Askling C, Saartok T, Thorstensson A. Type of acute hamstring strain affects flexibility, strength, and time to return to pre-injury level. Br J Sports Med. 2006;40(1):40-1. 25. Buono MJ, Yeager JE, Hodgon JA. Plasma adrenocorticotropin and cortisol responses to brief high-intensity exercise in humans. J Appl Physiol. 1986;61(4):1337-9. 26. Luger A, Deuster PA, Kyle SB, Gallucci WT, Montgomery LC, Gold PW, et al. Acute hypothalamic-pituitary adrenal responses to the stress of treadmill exercise. Physiologic adaptations to physical training. N Engl J Med. 1987;316(21):1309-15. 27. Kuoppasalmi K, Naveri H, Harkonen M, Adlercreutz H. Plasma cortisol, androstenedione, testosterone and luteinizing hormone in running exercise of different intensities. Scand J Clin Lab Invest. 1980;40(5):403-9. 28. Kraemer WJ, Ratamess NA. Hormonal Responses and Adaptations to Resistance Exercise and Training. Sports Med. 2005;35(4):339-61. 29. Purge P, Jürimäe T, Jürimäe J. Hormonal and psychological adaptation in elite male rowers during prolonged training. J Sports Sciences. 2006;24(10):1075-82. 30. Silva TS, Longui CA, Faria CDC, Rocha MN, Melo MR, Faria TG, et al. Impact of prolonged physical training on the pituitary glucocorticoid sensitivity determined by very low dose intravenous dexamethasone suppression test. Horm Metab Res. 2008;40:718-21.