Buscar

Módulo 22 - HISTÓRIA DA AMÉRICA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 59 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 59 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 59 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Continue navegando


Prévia do material em texto

MATERIAL DIDÁTICO 
 
 
HISTÓRIA DA AMÉRICA 
 
 
 
 
CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA 
PORTARIA Nº 2.861 DO DIA 13/09/2004 
 
0800 283 8380 
 
www.portalprominas .com.br 
 
2 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3 
UNIDADE 1 – CIVILIZAÇÕES PRIMITIVAS DO NOVO MUNDO . ............................. 5 
1.1 As civilizações primitivas da Mesoamérica – um bom começo de conversa .. 5 
1.2 Maias e Astecas ............................................................................................. 8 
1.3 Incas ............................................................................................................. 12 
UNIDADE 2 – O NOVO MUNDO .............................................................................. 14 
2.1 A divisão do mundo segundo os europeus .................................................. 14 
2.2 O novo mundo pelo geógrafo Elisée Reclus ................................................ 15 
2.3 As Américas ................................................................................................. 17 
2.4 O pacto colonial ........................................................................................... 21 
2.5 A independência dos países americanos ..................................................... 23 
2.6 A Organização dos Países Americanos (OEA) ............................................ 23 
UNIDADE 3 – AMÉRICA ANGLO-SAXÔNICA ................ ........................................ 25 
3.1 Características geofísicas e economia ......................................................... 25 
3.2 Canadá ......................................................................................................... 27 
3.3 Estados Unidos ............................................................................................ 33 
UNIDADE 4 – AMÉRICA ESPANHOLA ..................... .............................................. 36 
UNIDADE 5 – AMÉRICA PORTUGUESA .................... ............................................ 42 
5.1 América portuguesa Pré-Colonial: (1500-1530) ........................................... 43 
5.2 América portuguesa no período colonial: (1530-1822)................................. 44 
5.3 O período de dominação ibérica (1580-1640) .............................................. 47 
UNIDADE 6 – AS COLÔNIAS FRANCESAS E HOLANDESAS .... .......................... 51 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 57 
 
3 
 
INTRODUÇÃO 
 
Américas! Novo Mundo! Desafio para Estados Europeus que estavam em 
busca de novas conquistas! Espanhóis, franceses, ingleses, italianos, portugueses, 
todos tinham seus desejos. Cada um a sua maneira traçou caminhos diferentes e 
numa visão simplista, o primeiro objetivo seria encontrar um novo caminho para as 
Índias e comercializar as especiarias que para chegar até eles passava por 
atravessadores. 
As especiarias, entre elas a canela, o cravo da Índia, anis e muitos outros, 
passaram a ser apreciadas pela burguesia europeia, dava-lhes a possibilidade de 
distinguir-se enquanto elite das demais classes sociais da época. 
Mas problemas em negociar com os mercadores que as traziam do Oriente, 
dentre outras dificuldades, foram se acumulando até que resolveram eles próprios 
encontrar caminhos para trazer à Europa mercadorias que rendiam muito. Era o 
começo de um “novo capitalismo”. 
Espanhóis e portugueses ao sul; ingleses rumando ao norte! Eis que temos 
hoje várias Américas, várias línguas! Civilizações antigas como Incas, Maias, Asteca 
se perderam no tempo em decorrência da própria evolução do planeta Terra, outras 
foram praticamente dizimadas pelos conquistadores, “novas civilizações” surgiram. 
Em se tratando da Inglaterra, nos séculos XVI e XVII, eram muitas as 
questões religiosas acontecendo por lá, sendo este um dos motivos que levaram os 
ingleses a radicar na América. 
Os índios já eram habitantes das Américas milhares de anos e boa parte 
deles foi usada como mão de obra escrava, dizimada ao longo dos séculos num 
processo que até hoje podemos dizer nos deixam com a consciência em conflito. 
Riqueza e lucro também resumem os objetivos de portugueses e outros 
europeus na conquista da América. Aos espanhóis, especificamente, interessava o 
ouro, tanto que quando descobriram as primeiras reservas, começaram a explorar 
com pressa e avidez, utilizando o trabalho forçado indígena. 
Pois bem, vamos estudar o processo de conquista, colonização e formação 
dos povos no “novo mundo”. Sejam bem-vindos a esta longa viagem! 
4 
 
Não temos como objetivo defender, muito menos explicar as teorias que 
ainda hoje prevalecem entre alguns de que nas Américas é assim: “ricos no norte” e 
“pobres no sul”, mas contar a história e deixar nas entrelinhas que vocês façam seus 
julgamentos. 
Lembramos que: 
Em primeiro lugar, sabemos que a escrita acadêmica tem como premissa 
ser científica, ou seja, baseada em normas e padrões da academia. Pedimos licença 
para fugir um pouco às regras com o objetivo de nos aproximarmos de vocês e para 
que os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos 
científicos. 
Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação das 
ideias de vários autores, incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se 
tratando, portanto, de uma redação original. 
Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se 
muitas outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas e que podem servir 
para sanar lacunas que por ventura surgirem ao longo dos estudos. 
5 
 
UNIDADE 1 – CIVILIZAÇÕES PRIMITIVAS DO NOVO 
MUNDO 
 
Não há como falar em história das Américas sem passarmos pelos povos 
pré-colombianos / ameríndios que habitaram o que hoje chamamos de América 
Central e partes da América do Sul. 
Povos que nos surpreenderam com valores culturais muito desenvolvidos, 
alguns foram dizimados pelos conquistadores/colonizadores, outros desapareceram 
sem que soubéssemos o motivo até a atualidade. Igualmente não se sabe com 
certeza como, quando e por onde chegaram à América. Existem histórias e há 
controvérsias, isso é verdade! 
 
1.1 As civilizações primitivas da Mesoamérica – um bom começo de 
conversa 
O México, a Guatemala, El Salvador, Honduras e, em menor grau, a 
Nicarágua e a Costa Rica, assim como o Equador, o Peru e a Bolívia nos Andes 
centrais, têm suas raízes profundamente enterradas no subsolo de suas civilizações 
pré-colombianas (BETHELL, 2004). 
Cada um desses povos pré-colombianos desenvolveu à sua maneira uma 
organização política e socioeconômica peculiar; cultura intelectual e artística 
variando com o período de predominância. 
Falamos em Mesoamérica tomando emprestado o pensamento do estudioso 
alemão, Eduard Seler (1849-1922) que, junto como outros, introduziu há mais de 
setenta anos a expressão Mittel America para designar a região onde floresceu uma 
alta cultura indígena no México central e meridional e no território contíguo dos 
países do norte da América Central. Muitos anos depois, em 1943, Paul Kirchhoff, 
em seu “Mesoamérica: Sus Limites Geográficos, Composición Étnica y Caracteres 
Culturales”, Acta Anthropohgica, I: 92-107 (Escuela Nacional de Antropologia. 
México, 1943), focalizou sua atenção nos limites geográficos do que ele chamou 
Mesoamérica. 
Como diz Bethell (2004), Mesoamérica é mais que um termo geográfico: 
designa também a região em que altas culturas e civilizações nativas se 
6 
 
desenvolveram e disseminaram sob várias formas e em épocas diferentes. No 
momento da invasão europeia, em 1519, suas fronteiras ao norte eram o rio Sinaloa 
a noroeste e o Panuco a nordeste, enquanto que no centro-norte ela não se 
estendeu além da bacia do rio Lerma. Seus limites ao sul eram o rio Motagua, quedesemboca no golfo de Honduras no mar dos Caraíbas, as praias meridionais do 
lago Nicarágua e a península de Nicoya na Costa Rica. 
Mesoamérica 
 
Situada entre as vastas massas de terra continental da América do Norte e 
da América do Sul, a Mesoamérica (uma área de 906 mil quilômetros quadrados) 
apresenta um aspecto nitidamente ístmico com várias características geográficas 
notáveis, como os golfos de Tehuantepec e de Fonseca do lado do Pacífico e a 
península de Yucatán e o golfo de Honduras do lado do mar dos Caraíbas (ou 
Caribe na atualidade). Essa região, onde se desenvolveram as altas culturas, revela 
talvez maior diversidade ecológica e geográfica do que qualquer outra de tamanho 
análogo no mundo. Tem uma história geológica complexa. Principalmente, o 
soerguimento de montanhas e a atividade vulcânica recentes – como a constituição 
de duas cadeias montanhosas de origem vulcânica (uma que corre de leste para 
oeste ao longo dos limites sul do vale do México e a outra na direção noroeste-
sudeste através do México e da América Central) – foram responsáveis pela 
formação de regiões naturais distintas. 
7 
 
Embora a Mesoamérica se localize nos trópicos, a complexidade de seu 
relevo e a variedade de suas formas de terreno, solos e sistemas de drenagem, 
aliadas aos efeitos dos ventos e das correntes marítimas, resultam numa 
diversidade de clima, de vegetação e de vida animal. Essa diversidade é bastante 
acentuada nas bacias fluviais, e nas áreas lacustres do vale do México ou Patzcuaro 
em Michoacán; e é significativo que as mais importantes mudanças culturais da 
Mesoamérica tenham ocorrido nessas regiões. As sub-regiões realmente tropicais 
da Mesoamérica compreendem as planícies bem irrigadas de Veracruz e Tabasco: a 
península de Yucatán, coberta por uma vegetação baixa; a área da floresta tropical 
das Antilhas na América Central; as planícies costeiras do México central e 
meridional do lado do Pacífico (Chiapas, Oaxaca, Guerrero, Michoacán, Colima) e 
da Guatemala, El Salvador, Honduras, Nicarágua, juntamente com a península de 
Nicoya e a província de Huanacazte na Costa Rica. 
As principais sub-regiões de montanha – as Sierras (as montanhas da 
América Central, o sul de Sierra Madre, bem como porções do oeste e do leste de 
Sierra Madre, e a cadeia vulcânica transversal) e as duas grandes mesas, ou 
planaltos, do centro e do sul –, embora se localizem na região tropical, têm clima e 
vegetação temperados. A vasta região ao norte da Mesoamérica, entre o planalto 
central e a atual fronteira México – Estados Unidos, é muito diferente em termos 
ecológicos e assemelha-se, sob muitos aspectos, aos grandes desertos norte-
americanos. A vegetação limita-se, em geral, a uma diversidade de cactos e alguns 
capões de arbustos, iúcas ou palmillas e, perto dos rios periódicos, algarobos. Em 
alguma época, a alta cultura da Mesoamérica disseminou-se de forma atenuada 
para algumas das sub-regiões do planalto norte (como em La Quemada e em 
Calchihuites em Zacatecas). No entanto, de modo geral o norte árido sempre foi o 
lar permanente dos belicosos chichimecas que várias vezes ameaçaram a existência 
dos povoados mesoamericanos do norte (BETHELL, 2004). 
Essa riqueza de detalhes proporcionada por Bethell nos levam a 
compreender ou pelo menos aceitar o quanto foram superiores as culturas que ali se 
desenvolveram. Dizemos aceitar devido ao fato de que até hoje é um mistério o 
desaparecimento de alguns desses povos. 
Concordamos com Alencar (2010) ao nos lembrar a verdade: nossa história 
é marcada por colonizações, guerras, lutas por terras, poder, escravidão entre 
8 
 
outros. E tudo isso deixou marcas insuperáveis na Terra, além do extermínio de 
diversas civilizações, como a dos pré-colombianos: astecas, maias e incas, que 
desapareceram no fim do século XV, em consequência da colonização espanhola. 
O contato entre nativos e europeus resultou em um dos maiores casos de 
genocídio da evolução da humanidade, a exemplo dos índios que habitavam o Brasil 
na época do descobrimento que chegaram a números entre 4 e 5 milhões e hoje 
somam algo em torno de 400 mil. Mas a herança histórica desses povos não morreu 
e se mantém presente até hoje. Chega a ser inacreditável os avanços dos nativos do 
continente americano. Eles apresentavam dois estágios: os habitantes “adiantados” 
do México, do Peru, da Guatemala e da Colômbia e os demais, que se encontravam 
em estado “selvagem”. 
Evidentemente, existem historiadores que questionam se os europeus eram 
a civilização mais avançada da história. Uma parcela acredita que o conhecimento 
dos ameríndios para aquela época era bem avançada. 
A verdade é que ao chegarem, as embarcações do Velho Mundo se 
depararam com povos complexos que conheciam a vida urbana, a metalurgia, a 
escrita – mesmo sendo uma forma rudimentar –, sistemas matemáticos, calendários, 
entre outros. Sem contar as enormes construções de centros urbanos que, em sua 
maioria, eram mais vastos que cidades espanholas. Em síntese, os nativos se 
desenvolveram da maneira deles e, estabelecendo relações sociais complicadas, 
determinaram suas próprias instituições políticas, ou seja, um modo de vida peculiar 
(ALENCAR, 2010). 
 
1.2 Maias e Astecas 
A região em que se desenvolveu a civilização maia corresponde ao que é 
hoje a península do Yucatán, no México, englobando os atuais Estados de 
Campeche, Tabasco, Chiapas, Iucatã e Quintana Roo; as terras baixas e altas da 
Guatemala; Belize; a porção ocidental de Honduras e El Salvador, reunindo 
territórios que pertencem à área denominada Mesoamérica. 
A área maia, situada na confluência entre a América do Norte e a América 
Central, apresenta no aspecto geográfico, duas grandes divisões, comumente 
9 
 
designadas de Terras Altas e Terras Baixas, subdividindo-se nas regiões meridional, 
central e setentrional. 
Tradicionalmente, os arqueólogos dividiram a História maia em três períodos 
principais: Pré-Clássico (800 a.C. a 300 d.C.), Clássico (300 d.C. a 900 d.C.), Pós-
Clássico (900 d.C. a 1520 d.C.). Cada um destes períodos possui estilos distintos de 
cerâmica e arquitetura. O período Clássico tem sido tradicionalmente visto como o 
auge da civilização maia, devido à imponência de seus palácios e templos, às 
estelas – monumentos verticais onde foram registradas inscrições hieroglíficas –, 
além de sua elaborada cerâmica policrômica. O período Pré-Clássico teria sido 
formado por vilas rurais modestas e desprovido de realizações arquitetônicas tão 
expressivas quanto às do Clássico. Já o Pós-Clássico foi um período de decadência 
cultural e artística. Este modelo, que ainda é muito difundido, apresenta muitas 
discrepâncias. No intuito de reformular, e não refutar, os dados apresentados pelos 
estudiosos ao longo da primeira metade do século XX, o esforço dos arqueólogos 
hoje é a reinterpretação destas informações a fim de se buscar uma periodização 
mais adequada. 
Além deles, outras culturas também viviam no local, astecas, teotihuacan, 
toltec, quichemaia, olmec, entre outros, ou seja, a civilização maia era a junção de 
vários grupos étnicos. Os maias dominavam a escrita e registravam seu cotidiano 
por meio dela, sendo os primeiros a ter um registro histórico. Sem contar seus 
brilhantes calendários, que diziam quando plantar e colher, sobre os dias malditos, 
enfim, um objeto que ultrapassava a mera contação dos dias. 
Essa civilização não formou um império unificado e havia diversos centros 
urbanos independentes, mas como em toda sociedade existe a segregação, com os 
maias não foi diferente. Nobres, sacerdotes, administradores do império e chefes 
militares habitavam a zona urbana. Já os trabalhadores urbanos, camponeses e 
artesãos, classe menos privilegiada, viviam em outras regiões e eram obrigados a 
trabalhar e a pagar impostos com valores exorbitantes. 
A agricultura era a base da economia, principalmentede feijão, milho, 
tabaco, algodão e tubérculos. Todos os produtos excedentes eram comercializados. 
Além da avançada técnica de irrigação, os maias apresentavam um amplo avanço 
arquitetônico, comprovado por meio da construção de seus palácios, templos e 
pirâmides. Inúmeros arcos, templos e colunas eram construídos em homenagem aos 
10 
 
deuses celebrados pela cultura maia, pois a religião ocupava um espaço grande na 
vida dessa civilização. Acreditavam em diversos deuses ligados à natureza, na vida 
após a morte e realizavam sacrifícios humanos assiduamente. 
O feito mais incrível, além do desenvolvimento da matemática e do 
conhecimento da astronomia, era a sua escrita (hieróglifos), cujos signos podiam 
representar ideias, sons ou os dois simultaneamente. Considerados mais avançados 
tecnologicamente que os europeus, o seu colapso se deu por volta do século 9º, 
mas seu verdadeiro motivo permanece misterioso para historiadores, arqueólogos, 
antropólogos e para o senso comum (ALENCAR, 2010). 
Um aspecto surpreendente das grandes estruturas maias é a carência de 
muitas das tecnologias avançadas que poderiam parecer necessárias a tais 
construções. Não há notícia do uso de ferramentas de metal, polias ou veículos com 
rodas. A construção maia requeria um elemento com abundância, muita força 
humana, embora contasse com abundância dos materiais restantes, facilmente 
disponíveis. 
Toda a pedra usada nas construções maias parece ter sido extraída de 
pedreiras locais; com maior frequência era usada pedra calcária, que, ainda que 
extraída e exposta, permanecia adequada para ser trabalhada e polida com 
ferramentas de pedra, só endurecendo muito tempo depois. 
 
Os astecas: 
Povo guerreiro que se desenvolveu entre os séculos XIV e XVI, na região do 
atual México. Responsáveis por fundar a cidade de Tenochtitlán, atual Cidade do 
México. Assim como os maias, os astecas também viviam em uma sociedade 
hierarquizada, entre nobres e pobres. A classe baixa se via obrigada a trabalhar 
11 
 
para o imperador, em canais de irrigação, estradas, templos, entre outros. O seu 
governo era monárquico e, o poder do rei, hereditário. Suas técnicas agrícolas eram 
muito desenvolvidas, plantavam milho, tabaco, cacau, entre outros, inclusive, as 
sementes de cacau eram as moedas daquele povo. 
Os astecas também acreditavam em vários deuses na natureza, além de 
uma deusa representada por uma serpente emplumada. Construíram pirâmides e 
templos para os cultos religiosos, que contavam com sacrifícios humanos, pois 
acreditavam que, assim, os deuses ficariam mais felizes e calmos. Sua escrita era 
feita por meio de desenhos e símbolos, desenvolveram conceitos de astronomia e 
matemática e modificaram o calendário maia. O artesanato era presente, tendo 
destaque para os objetos de ouro e prata, confecção de tecidos e artigos com 
pinturas. Eles se sobressaíram também no campo da literatura, deixando vários 
livros nos colégios dos nobres. O fim desse vasto império se deu quando espanhóis 
massacraram milhares deles em Tenochtitlán (ALENCAR, 2010). 
Os Astecas tinham uma sociedade muito organizada, com o poder de um rei 
soberano e absoluto, auxiliado pelo conselho, sacerdotes e guerreiros, com leis 
severas que permitiam a expansão e a administração do império. 
A religião era o fundamento básico dessa civilização, exercendo grande 
influência nas decisões, pois as pessoas deviam obediência aos deuses e 
praticavam rituais de sacrifícios humanos para o deus Sol. Templos foram erguidos 
para as reverências religiosas e para o estudo da Astronomia, ciência, igualmente 
desenvolvida entre esse povo andino. Embora detivessem poderio militar e inúmeras 
riquezas, foram conquistados por seiscentos espanhóis no ano de 1519 d.C., que 
procuravam ouro, devastando grande parte de sua cultura, por considerá-la pagã 
(MACHADO; LITZ; BRAGA, 2005). 
Enfim, os astecas constituíam uma sociedade em que as boas maneiras se 
revestiam de importância, por conta dos rituais que cercavam o cotidiano. Esperava-
se que os ideais de abnegação, autocontrole, moderação das paixões, fizessem 
parte do cotidiano e eram considerados como “preceitos antigos”, ensinado em casa 
e nas escolas (FREITAS, 2013). 
12 
 
1.3 Incas 
Quando os espanhóis chegaram ao Peru, em 1532, os Incas já haviam 
estabelecido o seu domínio sobre o planalto e a planície costeira dos Andes. Seu 
Império estendia-se desde Cuzco até a Colômbia, ao norte; e até o Chile e a 
Argentina, ao sul. O brilho de sua civilização atingia o Panamá e chegava mesmo às 
longínquas praias atlânticas do Brasil, sob a forma de utensílios de cobre ou 
ornamentos de ouro e prata transportados de tribo em tribo, através da floresta 
amazônica. Em toda a América do Sul, vivendo ainda na Idade da Pedra, somente a 
Terra do Fogo escapava ao fascínio de sua magnificência, que deveria dar origem 
ao mito do Eldorado quando os espanhóis, por sua vez, foram por ela atraídos. 
Os Incas, no entanto, tiveram origens obscuras e um difícil começo na região 
onde, por longo tempo, desempenharam a figura de intrusos. Sua expansão 
começou apenas em meados do século XV sob o reinado de Pachakuti, nono 
soberano de Cuzco. Embora tardia, essa expansão assegurou-lhes rapidamente a 
herança de uma tradição cultural que muitos povos haviam contribuído para forjar e 
enriquecer ao longo de um passado muitas vezes milenário (FAVRE, 1987). 
Machu Picchu – cidade perdida das Incas 
 
Desenvolvida na região da Cordilheira dos Andes, atualmente Peru, Bolívia, 
Chile e Equador, os incas foram os responsáveis por fundar a capital de seu império, 
a sagrada cidade de Cusco. Assim como os outros povos, eles também viviam em 
uma sociedade formada por nobres e pobres. Exímia na arquitetura, essa civilização 
construiu grandes palácios, templos e casas. Além de ter uma rica plantação, que 
contava com feijão, batata e milho. Na religião, a divindade principal era o deus Sol, 
conhecido como deus Inti, mas também adoravam animais tidos como sagrados: o 
13 
 
condor e o jaguar. Foram os criadores do sistema de contagem, chamado quipo, 
objeto de cordões coloridos, em que cada cor representava uma contagem. Assim 
como seus conterrâneos, eles foram dominados pelos espanhóis. 
Mesmo resumidamente, percebemos a fartura da cultura dos pré-
colombianos e como eles foram importantes para a evolução da nossa história. A 
arqueologia continuará a sua busca para desvendar os enigmas acerca desses 
povos e nós permaneceremos na expectativa de mais descobertas enriquecedoras 
para somar na nossa bagagem cultural. 
14 
 
UNIDADE 2 – O NOVO MUNDO 
 
2.1 A divisão do mundo segundo os europeus 
O mundo em que vivemos recebe diversas regionalizações. Tais divisões 
possuem o fim de facilitar a compreensão das informações requeridas e de partes 
específicas do espaço geográfico, impedindo que haja generalizações dos dados. 
Dentre as muitas divisões que o mundo é sujeitado, as principais são: 
divisão em hemisférios (norte/sul e oriental/ocidental), em continentes (América, 
Europa, África, Ásia e Oceania), e assim por diante. 
Mas o mundo é regionalizado também do ponto de vista histórico, tomando 
como base os continentes já conhecidos. Nessa abordagem, o mundo é divido em 
três: Velho Mundo, Novo Mundo e Novíssimo Mundo. 
 
O Velho Mundo é uma expressão usada para designar a visão de mundo 
que os europeus detinham por volta do século XV. Naquela época, os europeus 
conheciam somente os continentes da Europa, África e Ásia. 
Novo Mundo é um termo criado pelos europeus para designar o continente 
americano. A expressão teve seu uso difundido no período do descobrimento do 
novo continente, a América, pois até então era desconhecido pelos europeus, vindo 
a ser algo novo em relação aos continentes já conhecidos. 
Já o Novíssimo Mundo compreende o continente da Oceania, constituída 
pela Austrália, Nova Guiné,Nova Zelândia, entre outras ilhas. Tal denominação se 
deu em razão do continente ter sido o último a ser descoberto (FREITAS, 2013). 
15 
 
2.2 O novo mundo pelo geógrafo Elisée Reclus 
O geógrafo francês Élisée Reclus que esteve no continente americano em 
duas ocasiões (1892 e 1890) explica que apesar de comumente se identificar o 
Novo Mundo com a América, existe diferenças entre os dois. Entre a descoberta do 
continente e a adoção definitiva do termo América para designar o conjunto das 
terras encontradas há um lapso de tempo, no qual essas terras ficaram conhecidas 
apenas como “Novo Mundo”, pois a descoberta se deu em 1492 e a primeira 
aparição do termo América, aponta Reclus, aconteceu em 1507, sem entretanto ter 
caído no gosto popular. A denominação de América para o novo continente só se 
tornaria consensual por volta do século XVII. Quando atingiu a costa das ilhas 
caribenhas, Colombo acreditava que tinha chegado, na verdade, à Índia. E assim os 
nativos da América ficaram conhecidos por índios, como se tratassem serem os 
naturais da Índia. Entre os espanhóis eram chamados às vezes até mesmo de 
chinos, em alusão aos chineses. O “Novo Mundo” era a princípio a Ásia. 
Diz Reclus (1890 apud REGIANI, 2011): 
 
Os primeiros descobridores, entre os quais estava o próprio Vespúcio, mal 
podiam evitar usar a expressão, ‘Novo Mundo’, sem que isso implicasse 
necessariamente que a América era geograficamente distinta da Ásia. 
 
Posteriormente, quando se percebeu não ter chegado ao destino proposto, 
mas a um lugar diferente, essas localidades passaram a ser chamadas de Índias 
Ocidentais, em oposição às Índias Orientais, a Índia verdadeira. Mas as diferenças 
entre o Novo Mundo e a América vão além de um simples erro de identificação, 
como se pode ver nas figuras abaixo. 
16 
 
O Novo Mundo à época de Colombo (esq.), 
e o continente da América (dir.) 
 
 
Fonte: Reclus (1890, p. 2 apud REGIANI, 2011, p. 3) 
 
Como é possível observar, comparando-se as figuras, o Novo Mundo se 
trata de um espaço sem localização precisa, sem limites conhecidos, sem nome 
próprio, e uma geografia a ser explorada e trabalhada pelo homem. Por outro lado, 
América se refere a um espaço com localização cartográfica conhecida, limites 
definidos, identidade toponímica, e uma geografia singular. 
A América é, no entendimento de Regiani (2011), um fato geográfico, 
enquanto o Novo Mundo é uma geografia em devir. Além de Novo Mundo, a 
América também era referida às vezes como Mundo Ocidental. Essa concepção, no 
entanto, alega Reclus ser relativa, pois não tendo a esfera terrestre um centro real, o 
que se considera Ocidente e Oriente, Norte e Sul, depende do referencial adotado. 
No caso em questão, a referência que permite à América receber tal designação é a 
Europa imbuída de um pensamento eurocêntrico. Contudo, se analisar-se a posição 
da América do ponto de vista, por exemplo, dos chineses, também um povo 
etnocêntrico e que alguns estudiosos defendem terem visitado a América através 
das expedições do famoso almirante Zheng He antes mesmo dos europeus, a 
América seria considerada como oriente, porque fica ao leste da China. Reclus 
defende este mesmo ponto de vista da América. Em favor da orientalidade da 
17 
 
América, o geógrafo anarquista recorre a argumentos de geografia física 
relacionando as estruturas de relevo da costa americana do Pacífico com as da 
Ásia. Em suas próprias palavras: “Sob muitos aspectos, e especialmente em seu 
relevo, a forma e disposição da costa marítima, a América deveria antes ser 
chamada de “continente oriental”, porque ela fica ao leste do Velho Mundo, com o 
qual é conectada por ilhas, penínsulas, leitos marinhos, e a capa de gelo do Mar de 
Bering”. 
A defesa que Reclus faz da “orientalidade” da América se estende também à 
etnologia das populações ameríndias, em que ele ressalta a ascendência asiática 
dos indígenas, e cita autores que defendem uma influência budista em algumas 
culturas indígenas onde símbolos similares aos dessa religião foram encontrados em 
esculturas e imagens. Como explica Regiani: Élisée Reclus é ciente da hipótese de 
no passado América e Europa forem uma só terra com base na familiaridade 
litológica entre rochas encontradas nos montes Apalaches e Escandinavos, nos dois 
continentes. Hoje, sabe-se que a América do Norte e Europa já estiveram juntas no 
supercontinente da Laurásia, confirmando a hipótese. Mas à época de Reclus, a 
Teoria da Tectônica de Placas estava longe de ser provada, não lhe dando motivos 
para acreditar. Talvez se o geógrafo estivesse ainda vivo pensasse diferente, mas 
ao seu favor ,ele poderia dizer que tectonicamente, a América do Norte e parte da 
Ásia estão unidas sobre a mesma placa. 
 
2.3 As Américas 
Este continente imenso, no sentido de que é o único que se estende desde o 
Círculo Polar Ártico até quase ao Círculo Polar Antártico é, por muitos, dividido em 
dois: América do Norte (incluindo a clássica América Central e as Antilhas) e 
América do Sul. 
O segundo maior continente do mundo, com 35 países e 18 dependências, 
banhado a leste pelo Oceano Atlântico e a oeste pelo Oceano Pacífico. Formado por 
duas grandes massas de terra, unidas por uma faixa estreita, divide-se em três 
partes: do Norte, Central (englobando as nações do mar do Caribe) e do Sul. O 
continente reúne países marcados por grandes diferenças econômicas. Estados 
Unidos (EUA) e Canadá possuem PIB entre os mais altos do mundo, enquanto a 
18 
 
maior parte dos demais países do continente permanece mergulhada em 
dificuldades crônicas que agravam a pobreza na região. Brasil, Chile, México, 
Argentina e Colômbia, pela ordem, estão entre os países que estão saindo da 
pobreza. 
Área total em km²: 39.901.863 (terras firmes). 
População: 910.720.588 (2008). 
Densidade (habitantes/km2): 22,82 (2008). 
Países: 35 países independentes, Américas do Norte (03), do Sul (12) e 
Central (20). 
Religiões principais: Católicos romanos (63,7%) e Protestantes (14,2%) 
Média de idade da população: América do Norte (35,2 anos); América Latina 
e Caribe (23,9 anos) (2005). 
Maiores cidades (população): São Paulo, Cidade do México, Nova Iorque, 
Lima, Bogotá, Rio de Janeiro, Santiago, Caracas, Los Angeles, Maracaibo, Medellín, 
Salvador, Chicago, Buenos Aires, Cáli, Guayaquil, Brasília, Toronto, Fortaleza e 
Havana - pela ordem (2010). 
Maior país: Canadá: 9.984.60 km². 
Menor país: São Cristóvão e Névis: 261 km². 
Maior população: Estados Unidos (313.847.465 - 2012). 
Idiomas: Espanhol, inglês, português, francês e holandês. 
Total das áreas emersas do planeta: 28,4% (2012). 
Distância do sentido norte-sul: Aproximadamente 15.000 km. 
Ponto mais elevado: Monte Aconcágua (Argentina) - 6.962 metros. 
Ponto mais baixo: Laguna del Carbón (Argentina) - 105 metros abaixo do 
nível do mar. 
Maiores bacias hidrográficas: Amazonas e do Paraná. 
Maior rio em volume de águas e extensão: Amazonas. 
19 
 
Maiores PIBs: Estados Unidos (US$ 15,094 trilhões) - 1º do mundo; Brasil 
(US$ 2,492 trilhões) - 6º do mundo; Canadá (US$ 1,389 trilhões), México (US$ 1,155 
trilhões) e Argentina (US$ 447,6 bilhões) - 2011. 
Principais blocos econômicos: Nafta, Mercosul e Pacto Andino. 
 
 
20 
 
 
Fonte: http://www.portalbrasil.net/americas.htm 
 
Os dados econômicos comparativos podem ser encontrados no site: 
http://www.portalbrasil.net/americas_dadoseconomicos.htm 
A América teve diferentes processos de colonização e implementação de 
distintas culturas oriundas do continente europeu, que deixou como herança cultural, 
dentre outras coisas, o idioma, muito numeroso no continente americano. Com isso, 
passou-se a existir uma espécie de “divisão” ou “regionalização” do nosso 
continente, separando nações que tem um idioma latino (derivado do latim) dos que 
tem a influência linguística anglo-saxônica (uma espécie de inglês arcaico). Sendoassim, países que usam o idioma oficial como o português, espanhol e francês 
foram classificados como parte da chamada América Latina. Os demais países, 
provenientes da língua inglesa com forte influência britânica, foram englobados na 
América Anglo-Saxônica. 
Resumindo, Canadá (exceto a província de Quebec), Estados Unidos, 
Belize, alguns países caribenhos (como Jamaica e Trinidad e Tobago) e a Guiana 
seriam considerados países anglo-saxônicos, enquanto o restante das nações faria 
parte da América Latina. 
21 
 
De todo modo, o termo ainda traz inúmeras controvérsias e polêmicas, 
alguns estudiosos, inclusive, consideram apenas Canadá e EUA como nações 
anglo-saxônicas, talvez pela maior influência britânica ou até mesmo por questões 
econômicas, já que fica claro que essas nações são mais desenvolvidas que o 
restante do continente americano. Neste pensamento, tudo que vier ao sul da divisa 
EUA-México, seria considerado um país latino. 
A província de Quebec, localizada no Canadá, tem o idioma francês como 
predominante, em alguns casos, porém, acaba sendo classificado como anglo-
saxônico, em contra partida, países fora da América do Norte, por vezes, mesmo 
tendo o idioma inglês como o oficial, não são considerados parte Anglo-Saxônica da 
América. 
A diferença mais marcante entre as “duas Américas” é na economia e 
qualidade de vida, enquanto os países da América Anglo-Saxônica (EUA e Canadá) 
desfrutam de bons índices de qualidade na educação, saúde e grande poder no 
cenário mundial, sendo classificados como desenvolvidos, os países latino-
americanos ainda são considerados subdesenvolvidos ou emergentes, como é o 
caso do Brasil. Além do nosso país, outras economias se destacam dentro desta 
regionalização, como o México e a Argentina. 
Outra diferença cultural que deve ser destacada se dá em torno da religião, 
enquanto os países saxônicos tem forte presença protestante (apesar dos católicos 
terem boa predominância na população destas nações), os latinos tem a maioria 
católica, inclusive, Brasil e México, alguns dos países que abrigam a maior 
população católica do mundo, são países latinos. 
Ao final do módulo deixamos um texto para reflexão com algumas teorias 
que levam o tom dessa separação entre os ricos do norte e os pobres do sul. 
 
2.4 O pacto colonial 
É fato e a história nos conta com muita precisão que o processo de 
colonização da América estava intimamente ligado à consolidação das monarquias 
nacionais absolutas. O enriquecimento das metrópoles e de suas respectivas 
burguesias se fez graças à violenta exploração das colônias. 
22 
 
O processo de conquista da América pelos europeus teve consequências 
distintas para a Europa e para a América. Os Estados metropolitanos europeus, por 
meio da exploração de suas colônias, aceleraram o processo de acumulação 
primitiva de capitais nas mãos de suas respectivas burguesias, o que propiciou a 
alguns países, como a Inglaterra e a França, a passagem para a etapa industrial do 
desenvolvimento capitalista, a partir do século XVIII. 
As colônias, com exceção dos Estados Unidos e do Canadá, tiveram seu 
desenvolvimento histórico marcado pela herança do pacto colonial. Herdamos uma 
profunda desigualdade na distribuição da riqueza, opondo um pequeno grupo de 
ricos privilegiados e uma massa de trabalhadores exploradores e convivendo com a 
miséria (PEDRO; LIMA, 2004). 
Também é de notório saber que as colônias eram uma das mais importantes 
fontes de riqueza de que as monarquias nacionais europeias lançavam mão para se 
consolidar como Estados fortes e centralizados. Explorá-las era um dos principais 
objetivos da política econômica mercantilista. Portugal, como monarquia absoluta e 
moderna, fez exatamente isso. A relação entre colônia e metrópole determinada por 
essa política recebeu o nome de pacto colonial. 
As metrópoles detinham assim o monopólio do comércio com as colônias. 
Pelo monopólio, a burguesia mercantil da metrópole adquiria os produtos coloniais a 
baixíssimos preços e os revendia, na própria metrópole ou em outras regiões da 
Europa, obtendo elevados lucros. Ao mesmo tempo, a metrópole se reservava o 
direito exclusivo de vender produtos manufaturados às colônias, o que aumentava 
os lucros da burguesia mercantil. 
O Estado garantia a transferência para a metrópole de grande parte de 
renda de produção colonial, que era apropriada pela burguesia mercantil. O Estado 
se fortalecia ao realizar essa política favorável ao setor mercantil, pois ampliava a 
sua arrecadação de tributos. 
Enfim, esse mecanismo era a essência do sistema econômico do 
capitalismo na fase comercial (PEDRO; LIMA, 2004). 
Mas felizmente esse pacto teve fim! 
No ano de 1808, quando a família real portuguesa veio ao Brasil, D. João VI 
promoveu a abertura dos portos às nações amigas e quebrou o Pacto Colonial. Além 
23 
 
disso, houve a liberação da colônia para a produção de manufaturas, atitude por 
meio da qual Dom João pretendia impulsionar a produção manufatureira no Brasil, 
mas isso não aconteceu. 
Dois anos mais tarde, Portugal firmou um acordo com a Inglaterra que 
permitia que seus produtos entrassem no Brasil sob impostos menores. Os valores 
passaram a ser 24% para outros países, 16% para Portugal e a Inglaterra 15% 
(PETRIN, 2014). 
 
2.5 A independência dos países americanos 
Na mesma época que o pacto foi sendo desfeito, entre os séculos XVIII e 
XIX, o Absolutismo e as práticas mercantilistas desmoronaram em quase toda a 
Europa ocidental. Era o prenúncio de um novo tempo, caracterizado pela produção 
industrial, pelo livre comércio e pela igualdade de direitos. 
Esses ares de renovação não tardariam a se espalhar por todo o mundo. Na 
América, começaram a soprar, em 1776, quando os colonos ingleses da América do 
Norte colocaram fim ao domínio colonial. Com isso, abriram um caminho que seria 
rapidamente trilhado por colonos de outras partes do continente. 
Os primeiros a tomar esse rumo foram os habitantes da colônia francesa de 
São Domingos, na América Central. Nessa região, cuja maioria da população era 
formada por pessoas de origens africana, teve início um dos movimentos de 
independência mais radicais de toda a América, que resultaria na formação do Haiti. 
Os colonos espanhóis, por sua vez, começariam a conquistar sua 
independência no início do século XIX. O vasto território controlado pelos espanhóis 
se fragmentaria então em vários países. 
 
2.6 A Organização dos Países Americanos (OEA) 
A Organização dos Estados Americanos – OEA – Organization of American 
States (www.oas.org), fundada em abril de 1948, é uma organização internacional 
com sede em Washington (Estados Unidos), cujos membros são as 35 nações 
independentes do Continente Americano. É o organismo regional mais antigo do 
mundo. 
24 
 
A sua origem remonta à Primeira Conferência Internacional Americana, 
realizada em Washington, D.C., de outubro de 1889 a abril de 1890. Esta reunião 
resultou na criação da União Internacional das Repúblicas Americanas, e começou a 
se tecer uma rede de disposições e instituições, dando início ao que ficará 
conhecido como “Sistema Interamericano”, o mais antigo sistema institucional 
internacional. 
Inicialmente, vinte e um países1 reunidos em Bogotá (Colômbia), assinaram 
a Carta da Organização dos Estados Americanos. Os países-membros se 
comprometiam então a defender os interesses do continente americano, buscando 
soluções pacíficas para o desenvolvimento econômico, social e cultural. Para atingir 
seus objetivos mais importantes, a OEA baseia-se em seus principais pilares que 
são a democracia, os direitos humanos, a segurança e o desenvolvimento. 
Os demais Estados e suas respectivas datas de adesão à OEA são: 
Barbados (1967), Trinidad e Tobago (1967), Jamaica (1969), Granada (1975), 
Suriname (1977), Dominica (1979), Santa Lúcia (1979), Antígua e Barbuda (1981), 
São Vicentee Granadinas (1981), Bahamas (1982), São Cristóvão e Nevis (1984), 
Canadá (1990), Belize (1991) e Guiana (1991). 
Valem lembrar que a América Latina compreende quase a totalidade da 
América do Sul e Central Continental, as exceções são os países sul-americanos 
Guiana e Suriname e o centro-americano Belize, que são países de línguas 
germânicas. Também engloba alguns países da América Central Insular (países 
compostos de ilhas e arquipélagos banhados pelo Mar do Caribe) como Cuba, Haiti 
e República Dominicana. Da América do Norte, apenas o México é considerado 
como parte da América Latina. 
A Organização foi criada para alcançar nos Estados membros, como estipula 
o Artigo 1º da Carta, “uma ordem de paz e de justiça, para promover sua 
solidariedade, intensificar sua colaboração e defender sua soberania, sua 
integridade territorial e sua independência” 
(http://www.oas.org/pt/sobre/quem_somos.asp 2015). 
 
1 Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba (suspenso desde 1962), El Salvador, 
Equador, Estados Unidos, Guatemala, Haiti, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, 
República Dominicana, Uruguai e Venezuela. 
 
25 
 
UNIDADE 3 – AMÉRICA ANGLO-SAXÔNICA 
 
Justificamos de pronto que ao optarmos por trabalhar os países de acordo 
com a língua de colonização, o México ficará, evidentemente para a próxima 
unidade, uma vez ter como língua oficial e ser de colonização espanhola. 
Mapa da América Anglo-Saxônica 
 
 
 
Os Estados Unidos e o Canadá, de colonização inglesa, são os maiores 
países do continente americano e estão entre os cinco maiores do mundo. Tem uma 
área de 9.970.610 km2, considerando o Alasca, localizado a noroeste do Canadá, e 
o Havaí, situado em um arquipélago do Oceano Pacífico, com uma extensão de. 
9.372.614 km2. 
 
3.1 Características geofísicas e economia 
A rede hidrográfica da América Anglo-Saxônica dirige-se para diversas 
vertentes. Os rios que correm para o norte, no Canadá e Alasca, despejam suas 
águas no Estreito de Bering, Oceano Glacial Ártico e Baia de Hudson, apresentando 
problemas de congelamento durante o inverno. 
26 
 
O Canadá, um país com inúmeros lagos de origem glacial, tem potencial 
hidrelétrico muito grande, bastante aproveitado, mas com redução da oferta de 
energia durante o inverno. Na vertente para o norte destacam-se os rios Nelson, 
Mackenzie e Yukon. 
Os rios voltados para o pacífico, com menor extensão, atravessam um 
relevo acidentado e, por isso, são apropriados para a produção de energia. 
Destacam-se então os rios Colorado e Colúmbia ou Snake. 
No planalto do Colorado, sudoeste do EUA, encontramos o Grand Canyon, 
no fundo do qual corre o rio Colorado, terminando mais adiante no golfo da 
Califórnia. 
A vegetação e o clima desta extensa região é bem diversificado. Podemos 
encontrar, no território do continente norte-americano, quase todos os climas do 
mundo. No norte do Canadá encontramos o clima polar, com temperatura que 
podem atingir até 30 graus negativos. Já na região da Califórnia (EUA) o clima é 
mediterrâneo. Enquanto que no México, temos o clima tropical e equatorial 
predominando em quase todo território. 
No norte da América do Norte, principalmente na região do Alasca, 
encontramos a vegetação de tundra. Já na Flórida (EUA), desenvolve-se uma 
paisagem subtropical. 
Do ponto de vista de relevo, podemos destacar o conjunto de montanhas a 
oeste do continente, conhecido como Montanhas Rochosas. Já na costa leste, 
destaca-se a cordilheira dos Montes Apalaches. Na planície central do continente, 
encontramos dois rios muito importantes: Mississipi e Missouri. 
Antes da colonização europeia, a região era habitada somente por nações 
indígenas. Porém, no século XVI, a América do Norte começou a ser colonizada por 
espanhóis, franceses e ingleses. Os espanhóis concentraram-se na região do atual 
México, pois ali viviam os astecas, dominaram e exploraram esse povo, tomando 
suas terras e ouro. As regiões do Canadá e Estados Unidos foram colonizadas a 
partir do século XVI por franceses e ingleses, principalmente puritanos, que estavam 
sendo perseguidos na Europa por questões religiosas. 
Do ponto de vista econômico, os Estados Unidos é o país mais rico e 
desenvolvido da região (e do mundo). Possui um parque industrial muito 
27 
 
desenvolvido, mão de obra qualificada e grande produção de produtos 
manufaturados (automóveis, eletrônicos, equipamentos de informática, automóveis, 
máquinas, entre outros). Os Estados Unidos também se destacam na produção 
agrícola e de petróleo. 
Porém, é no Canadá que encontramos uma situação de melhor qualidade de 
vida e melhor distribuição da renda. 
 
 
3.2 Canadá 
Contar a história do Canadá requer voltar um pouco à Europa do século XVI, 
porque o movimento de colonização francês na América foi extremamente atrasado, 
posterior aos movimentos de Portugal e Espanha e mesmo de Inglaterra e Holanda, 
e isso se deve a vários fatores, internos e externos. 
No século XV, enquanto Portugal e Espanha já haviam formado um Estado 
Nacional e iniciavam a expansão ultramarina, a França enfrentava a Inglaterra na 
Guerra dos Cem Anos (1337-1453) e sofreria as consequências dessa guerra ainda 
até o início do século XVI . Após a guerra, os reis procuraram aumentar a 
centralização do poder, mas enfrentaram problemas financeiros, a oposição de 
28 
 
setores da nobreza feudal, ao mesmo tempo em que o país envolveu-se em 
diversas guerras. 
Ainda no século XVI, desenvolveram-se as “guerras de religião” envolvendo 
o Partido Papista dos católicos, apoiados pela realeza, e o Partido Huguenote, onde 
se reuniam os protestantes calvinistas. Do ponto de vista externo, a França teria que 
chocar-se com a Espanha, maior potência da época, por ser detentora de um vasto 
império colonial. 
Dentre as tentativas francesas, podemos citar alguns episódios 
interessantes: 
O rei Francisco I contestou o Tratado de Tordesilhas e os direitos de 
espanhóis e portugueses, porém não teve condições de confrontar-se com esses 
países na disputa por terras na América. A França ainda estava envolvida nas 
Guerras da Itália (1494-1516) e ao mesmo tempo priorizava os laços de comércio 
com os turcos otomanos no Mediterrâneo, garantindo lucros a uma parcela da 
burguesia. 
Nesse período, as expedições realizadas por Jacques Cartier foram 
financiadas pelo rei, que pretendia encontrar metais preciosos na região do atual 
Canadá, chamada então Nova França, mas que ainda não seria colonizada no 
século XVI. 
Na Flórida houve uma tentativa de colonização comandada por Jean Ribaut 
entre 1563-67, onde foi fundada a cidade de Charlesfort, posteriormente destruída 
pelos espanhóis, assim como ocorreu no Rio de Janeiro, com a França Antártica, 
fundada por Nicolau de Villegagnon, entre 1555-67, destruída pelos portugueses. 
Por trás das duas tentativas estavam os calvinistas; porém as guerras de religião 
fizeram com que essa política colonial fosse efêmera. As disputas políticas internas, 
marcadas principalmente pelas “Guerras de Religião”, que se prolongaram pela 
Segunda metade do século XVI, impediram o desenvolvimento de uma política de 
expansão ultramarina. 
O início da Dinastia Bourbon, com o reinado de Henrique IV, possibilitou 
maior centralização política, em um processo de formação do absolutismo, tendo na 
política mercantilista sua base econômica. O Estado concedeu o monopólio de 
colonização e de comércio para empresas privadas, responsáveis pela instalação 
29 
 
dos primeiros núcleos de colonização efetiva, destacando-se Quebec, as margens 
do Rio São Lourenço. Porém, durante as décadas seguintes, o interesse no 
comércio de peles com os indígenas suplantou a política de colonização. 
O site do governo do Canadá também conta que na procura de um novo 
caminho para os ricos mercados do oriente, os exploradoresfranceses e ingleses 
navegavam pelas águas da América do Norte. Construíram vários postos – os 
franceses ficavam, na sua maioria, às margens do Rio São Lourenço, Grandes 
Lagos e Rio Mississipi. Os ingleses, por sua vez, ficavam em torno da Baía de 
Hudson e na costa atlântica. Embora exploradores como Cabot, Cartier e Champlain 
jamais tenham encontrado o caminho para a China e para a Índia, encontraram algo 
tão valioso quanto o que procuravam: ricas águas piscosas e abundantes 
populações de castores, raposas e ursos, todos valiosos por sua pele. 
A colonização permanente dos franceses e ingleses começou no limiar dos 
anos 1600 e cresceu durante todo o século. Junto com os povoados veio a atividade 
econômica, mas as colônias de Nova França e Nova Inglaterra permaneciam 
economicamente dependentes do comércio de peles e política e militarmente 
dependentes de suas metrópoles. 
Inevitavelmente, a América do Norte tornou-se o foco de amargas 
rivalidades entre a Inglaterra e a França. Após a queda da Cidade de Quebec, em 
1759, o Tratado de Paris concedeu à Inglaterra todo o território francês a leste do 
Mississipi, com exceção das ilhas de St. Pierre e Miquelon, próximas à Ilha de Terra 
Nova. Sob o governo inglês, os 65000 habitantes de língua francesa do Canadá 
tinham um único objetivo: guardar suas tradições, língua e cultura. Em 1774, a Grã-
Bretanha aprovou o Ato de Quebec, que reconhecia oficialmente os direitos civis 
franceses e garantia liberdade religiosa e linguística. 
Um grande número de colonos de língua inglesa, chamados Legalistas 
porque queriam se manter fiéis à Coroa Britânica, procurou refúgio no Canadá, 
depois que os Estados Unidos da América tornaram-se independentes, em 1776. 
Estabeleceram-se principalmente nas colônias de Nova Escócia e Novo Brunswick e 
às margens dos Grandes Lagos. 
O aumento da população levou à criação, em 1791, do Alto e Baixo Canadá, 
hoje Ontário e Quebec, respectivamente. Ambos foram autorizados a ter suas 
30 
 
próprias instituições governamentais representativas. As rebeliões no Alto e Baixo 
Canadá, em 1837 e 1838, levaram os ingleses a reunir as duas colônias, formando 
assim a Província do Canadá. Em 1848, a colônia unida foi autorizada a ter um 
governo autônomo, exceto no que se referia às questões de relações exteriores. O 
Canadá ganhava maior autonomia, mas continuava sendo parte do Império 
Britânico. 
As colônias britânicas norte-americanas, Canadá, Nova Escócia, Novo 
Brunswick, Ilha do Príncipe Eduardo e Terra Nova, cresceram e prosperaram 
independentemente. Mas, com a ascensão dos Estados Unidos, agora mais 
poderosos com o fim da Guerra Civil, alguns políticos acharam que a união das 
colônias inglesas era o único modo de afastar eventuais possibilidades de anexação. 
Em 1º de julho de 1867, o Canadá Leste e o Canadá Oeste, a Nova Escócia e a 
Novo Brunswick uniram-se sob os termos do Ato da América do Norte Britânica e 
tornaram-se o Domínio do Canadá. 
O governo do novo país baseava-se no sistema parlamentarista britânico, 
com um governador geral (representante da Coroa) e um Parlamento que consistia 
da Câmara dos Comuns e do Senado. O Parlamento recebia o poder de legislar 
sobre assuntos de interesse nacional (impostos e defesa nacional, por exemplo), 
enquanto que às províncias eram outorgados poderes sobre assuntos de interesse 
local (propriedade, direitos civis, educação). 
Logo após a Confederação, o Canadá começou a se expandir para o 
noroeste. A Terra de Rupert, uma área que se estendia pelo sul e oeste, por 
centenas de quilômetros a partir da Baía de Hudson, foi comprada pelo Canadá da 
Companhia da Baía de Hudson, que havia ganhado o vasto território do Rei Carlos 
da Inglaterra, em 1670. 
A expansão para o oeste não se deu sem dificuldades. Em 1869, Louis Riel 
liderou uma insurreição dos Métis na tentativa de defender seus direitos ancestrais 
pela terra. Chegou-se a um consenso em 1870 e uma nova província, Manitoba, foi 
delineada a partir da Terra de Rupert. 
A Colúmbia Britânica, colônia da Coroa desde 1858, decidiu juntar-se ao 
Domínio em 1871, com a promessa de uma ferrovia que a ligasse com o resto do 
país. Em 1873, foi a vez da Ilha do Príncipe Eduardo. Em 1898, o território de 
31 
 
Yukon, ao norte, foi oficialmente estabelecido a fim de assegurar a jurisdição 
canadense sobre a área durante a corrida do ouro de Klondike. Em 1905, duas 
novas províncias se formaram a partir da Terra de Rupert: Alberta e Saskatchewan. 
O que sobrou tornou-se os Territórios do Noroeste. Terra Nova preferiu continuar 
como colônia inglesa até 1949, quando tornou-se a décima província do Canadá. 
A criação de novas províncias coincidiu com um aumento na imigração do 
Canadá, em especial para o oeste e atingiu o seu pico em 1913, com 400 000 
pessoas vindo para o Canadá. Durante o período pré-guerra, o Canadá lucrou com a 
próspera economia mundial e se estabeleceu como uma potência industrial e 
agrícola. 
A contribuição substancial do Canadá durante a Primeira Guerra Mundial fez 
com que recebesse uma representação distinta da Grã-Bretanha na Liga das 
Nações, após a guerra. A sua voz independente tornou-se cada vez mais articulada 
e, em 1931, a autonomia constitucional do Canadá foi confirmada com a aprovação 
do Estatuto de Westminster. 
No Canadá, como em qualquer outro lugar, as consequências da Grande 
Depressão de 1929 trouxeram tempos difíceis. Um em cada quatro trabalhadores 
estava desempregado e as províncias de Alberta, Saskatchewan e Manitoba 
estavam arrasadas pela seca. Ironicamente, foi a necessidade de servir às Forças 
Aliadas, durante a Segunda Guerra, que fez o Canadá sair da Depressão. O país 
emergiu da guerra como a quarta maior potência industrial. 
Desde a Segunda Guerra, a economia do Canadá tem se expandido. Este 
crescimento, combinado a programas sociais do governo, tais como ajuda de custo 
às famílias, aposentadoria, assistência e seguro-desemprego, tem dado aos 
canadenses um alto padrão de vida e uma qualidade de vida invejável. 
Mudanças visíveis têm ocorrido nas correntes de imigração do país. Antes 
da Segunda Guerra, a maioria dos imigrantes vinha das Ilhas Britânicas ou do leste 
europeu. Desde 1945, um número crescente de pessoas do sul da Europa, da Ásia, 
da América do Sul e também das ilhas do Caribe tem enriquecido o mosaico 
multicultural do Canadá. 
No cenário internacional, a reputação e a influência do Canadá 
acompanharam o seu desenvolvimento e maturidade. O Canadá tem participado das 
32 
 
Nações Unidas desde a sua criação e é a única nação a participar das mais 
importantes operações da ONU em prol da paz mundial. É também membro da 
Comunidade Britânica, da la Francophonie, do Grupo dos Sete países 
industrializados, da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e da Defesa 
Aeroespacial da América do Norte (NORAD). 
O último quarto de século XX assiste ao país se debatendo novamente com 
questões sobre a sua identidade nacional. O descontentamento entre muitos 
quebequenses de língua francesa levou a província, em 1980, a um plebiscito. A 
questão era se Quebec deveria ou não tornar-se mais politicamente autônoma em 
relação ao Canadá. A maioria decidiu manter a atual situação da província. 
Em 1982, o processo sobre a reforma constitucional culminou na aprovação 
do Ato Constitucional. Segundo o Ato, o Ato da América do Norte Britânica, de 1867, 
e suas várias emendas tornaram-se os Atos Constitucionais 1867-1975. A 
Constituição, a sua Carta de Direitos e Liberdades e a sua fórmula geral de 
emendas estão redefinindo as funções e poderes dos governos federal e das 
províncias e estabelecem os direitos individuais e os dos grupos étnicos. 
Dois grandes esforços foram feitos no sentido de se reformar o sistema 
constitucional: o Acordo do Lago Meech, de 1987, que não foi implementado por não 
obter anuência legislativa de todas asprovíncias e o Acordo de Charlottetown, de 
1991. Este teria reformado o Senado e feito grandes mudanças na Constituição. Foi 
decisivamente rejeitado pelos canadenses em um plebiscito nacional em 26 de 
outubro de 1992. 
Por ter sido colonizado por dois povos rivais, enriquecido por várias culturas, 
línguas e religiões e marcado por uma geografia altamente diversificada, o Canadá 
não poderia deixar de ser uma terra de concessões. “Unidade na diversidade” 
poderia ser o seu lema. O espírito de modernização e tolerância caracterizam a 
federação canadense e asseguram a sua sobrevivência, diz o Governo do Canadá 
em sua página na internet. 
 
33 
 
3.3 Estados Unidos 
Escolher um caminho para contar a história dos EUA é muito difícil devido 
uma gama de autores serem desde o começo extremamente críticos e outros na 
mesma proporção, enaltecedores da cultura americana desde a colonização inglesa. 
Na visão exposta por Morais, Purdy e Fernandes (2011) os ingleses, no 
século XIX, tinham certeza de pertencerem ao melhor país do mundo, com uma 
capacidade muito superior não apenas a “bárbaros” africanos e asiáticos, mas 
também em relação aos próprios europeus. Para melhor cumprirem a “missão 
civilizadora do homem branco”, a civilização britânica constituiu sociedades 
geográficas, museus antropológicos, jardins zoológicos, expedições para achar as 
nascentes do Nilo, atlas luxuosos e explicações ditas científicas (como o darwinismo 
social) para o “atraso” dos outros povos. De muitas formas, os europeus em geral (e 
os britânicos em particular) queriam classificar o mundo e reforçar a hierarquia 
profunda que dividia a Europa Ocidental do resto do planeta. O ser humano, na 
visão de muitos europeus do século XIX e parte do XX, tinha chegado ao seu 
apogeu em Londres, Paris e outros focos. Restava espalhar as luzes da civilização 
europeia sobre as áreas obscuras que ainda não partilhavam dos valores e do 
progresso que vicejava nas margens abençoadas do Tâmisa e do Sena. 
Enfim, vamos partir para fatos que marcaram os Estados Unidos da América 
do Norte sem entrar no mérito dos posicionamentos acima. 
Antes da Independência, os EUA eram formados por treze colônias 
controladas pela metrópole: a Inglaterra. Dentro do contexto histórico do século 
XVIII, os ingleses usavam estas colônias para obter lucros e recursos minerais e 
vegetais não disponíveis na Europa. Era também muito grande a exploração 
metropolitana, com relação aos impostos e taxas cobrados dos colonos norte-
americanos (POMER, 1981). 
O processo de formação desse país conta com dois tipos de colonização 
inglesa na região no século XVII: 
a) Colônias do Norte: região colonizada por protestantes europeus, 
principalmente ingleses, que fugiam das perseguições religiosas. Chegaram na 
América do Norte com o objetivo de transformar a região num próspero lugar para a 
habitação de suas famílias. Também chamada de Nova Inglaterra, a região sofreu 
34 
 
uma colonização de povoamento com as seguintes características: mão de obra 
livre, economia baseada no comércio, pequenas propriedades e produção para o 
consumo do mercado interno. 
b) Colônias do Sul: colônias como a Virginia, Carolina do Norte e do Sul e 
Geórgia sofreram uma colonização de exploração. Eram exploradas pela Inglaterra e 
tinham que seguir o Pacto Colonial. Eram baseadas no latifúndio, mão de obra 
escrava, produção para a exportação para a metrópole e monocultura. 
A guerra dos Sete Anos, foi outro evento importante que ocorreu entre a 
Inglaterra e a França entre os anos de 1756 e 1763. Uma guerra pela posse de 
territórios na América do Norte e a Inglaterra saiu vencedora. Mesmo assim, a 
metrópole resolveu cobrar os prejuízos das batalhas dos colonos que habitavam, 
principalmente, as colônias do norte. Com o aumento das taxas e impostos 
metropolitanos, os colonos fizeram protestos e manifestações contra a Inglaterra. 
A Inglaterra resolveu aumentar vários impostos e taxas, além de criar novas 
leis que tiravam a liberdade dos norte-americanos. Dentre estas leis podemos citar: 
Lei do Chá (deu o monopólio do comércio de chá para uma companhia comercial 
inglesa); Lei do Selo (todo produto que circulava na colônia deveria ter um selo 
vendido pelos ingleses), Lei do Açúcar (os colonos só podiam comprar açúcar vindo 
das Antilhas Inglesas). 
Estas taxas e impostos geraram muita revolta nas colônias. Um dos 
acontecimentos de protesto mais conhecidos foi a Festa do Chá de Boston (The 
Boston Tea Party). Vários colonos invadiram, a noite, um navio inglês carregado de 
chá e, vestidos de índios, jogaram todo carregamento no mar. Este protesto gerou 
uma forte reação da metrópole, que exigiu dos habitantes os prejuízos, além de 
colocar soldados ingleses cercando a cidade. 
Os colonos do norte resolveram promover, no ano de 1774, um congresso 
para tomarem medidas diante de tudo que estava acontecendo. Este congresso não 
tinha caráter separatista, pois pretendia apenas retomar a situação anterior. Queriam 
o fim das medidas restritivas impostas pela metrópole e maior participação na vida 
política da colônia. 
Porém, o rei inglês George III não aceitou as propostas do congresso, muito 
pelo contrário, adotou mais medidas controladoras e restritivas como, por exemplo, 
35 
 
as Leis Intoleráveis. Uma destas leis, conhecida como Lei do Aquartelamento, dizia 
que todo colono norte-americano era obrigado a fornecer moradia, alimento e 
transporte para os soldados ingleses. As Leis Intoleráveis geraram muita revolta na 
colônia, influenciando diretamente no processo de independência. 
Durante o Segundo Congresso da Filadélfia, em 1776, os colonos se 
reuniram com o objetivo maior de conquistar a independência. Durante o congresso, 
Thomas Jefferson redigiu a Declaração de Independência dos Estados Unidos da 
América. Porém, a Inglaterra não aceitou a independência de suas colônias e 
declarou guerra. A Guerra de Independência, que ocorreu entre 1776 e 1783, foi 
vencida pelos Estados Unidos com o apoio da França e da Espanha. 
Em 1787, ficou pronta a Constituição dos Estados Unidos com fortes 
características iluministas. Garantia a propriedade privada (interesse da burguesia), 
manteve a escravidão, optou pelo sistema de república federativa e defendia os 
direitos e garantias individuais do cidadão (POMER, 1981). 
36 
 
UNIDADE 4 – AMÉRICA ESPANHOLA 
 
1492 foi o ano em que Cristóvão Colombo aportou na ilha que hoje é Santo 
Domingo, capital da República Dominicana e que passou a representar uma grande 
conquista e praticamente um eldorado de oportunidades para os espanhóis. Pena 
que não a recíproca não foi verdadeira para os habitantes do novo mundo. Pelo 
contrário, para os povos de cá passou a ser momento de tortura, trabalho escravo, 
um total submetimento ao jogo europeu. 
Claro que nos primeiros contatos tentaram ser amistosos, assim como foram 
os portugueses com os índios brasileiros, mas durou pouco. 
Vejamos o mapa com as rotas da expansão marítima dos conquistadores 
europeus: 
 
A busca por riquezas e a conversão dos índios ao cristianismo foram, entre 
outros fatores, as bases motivadoras do projeto colonial em território americano. 
O segundo objetivo era constantemente utilizado para mascarar o primeiro e 
em busca deste, inúmeras atrocidades foram cometidas contra os povos dominados. 
A cruel matança de indígenas, bem como a ganância e a sede espanhola por metais 
preciosos, foi muito bem retratada por Frei Bartolomé de Las Casas (2001) 
37 
 
(testemunha ocular de tais acontecimentos), que jamais ficou calado diante do 
tratamento desumano dispensado pelos colonizadores aos povos nativos: 
 
A causa pela qual os espanhóis destruíram tal infinidade de almas foi 
unicamente não terem outra finalidade última senão o ouro, para enriquecer 
em pouco tempo, subindo de um salto a posições que absolutamente não 
convinham a suas pessoas.Enfim não foi senão a sua avareza que causou 
a perda desses povos e quando os índios acreditaram encontrar algum 
acolhimento favorável entre esses bárbaros, viram-se tratados pior que os 
animais e como se fossem menos ainda que o excremento das ruas; e 
assim morreram sem fé e sem sacramentos, tantos milhões de pessoas 
(LAS CASAS, 2001, p. 32). 
 
Ao invés de abordar a colonização pelo viés do extermínio indígena (como o 
fez Las Casas), Vicente Tapajós (1968) preferiu defender a tese de que os primeiros 
momentos na América foram de pouca paz devido a divergências existentes entre os 
próprios colonizadores, bem como causados por desacertos ocorridos no processo 
de administração das terras conquistadas. 
Sejamos justos e concisos: uns povos de longe chegam e invadem tudo com 
objetivo final de enriquecimentos, escravizam, tortura, matam. E a culpa é dos povos 
que já se encontravam vivendo aqui? Talvez o desenvolvimento não devesse passar 
por esse caminho? Talvez não houvesse outro caminho? Como nossas mentes são 
livres, fiquem a vontade para refletir e tirar suas conclusões. 
Enfim, depois de alguns séculos de dominação e exploração, o Sistema 
Colonial Ibérico entrou em grave crise, provocada pelo desenvolvimento do 
Capitalismo Industrial, que não permitia as barreiras do monopólio comercial e a 
continuidade do regime de trabalho escravo. E a história nos leva à Independência 
das Colônias Espanholas da América, a qual passa pelas revoltas nacionalistas que 
ocorreram no período de 1810 a 1828. Simón Bolívar e San Martin foram os 
principais líderes dessas revoltas, principalmente na América do Sul. 
Também tivemos apoio da Inglaterra e dos Estados Unidos: desenvolvendo 
a industrialização, a Inglaterra apoiou a independência latino-americana, tendo 
interesse em expandir seu Mercado Consumidor de produtos industrializados. Com 
a Doutrina Monroe (a América para os americanos), os Estados Unidos já revelaram 
suas pretensões de manter o continente americano sob sua influência (LUIZ, 2012). 
Vejamos mais um pouco dessa história. 
38 
 
O processo de independência ganhou força no começo do século XIX, 
aproveitando a fragilidade política em que se encontrava a Espanha, após a invasão 
das tropas napoleônicas. As lutas pela independência ocorreram entre os anos de 
1810 e 1833. 
Vale ressaltar que o grau de insatisfação e revolta da população americana 
com o domínio espanhol havia atingido o ponto máximo no começo do século XIX. 
Foi nesta época também que os criollos conseguiram organizar movimentos 
emancipacionistas em todos os vice-reinos. 
Ao contrário do que aconteceu no Brasil, o processo de independência das 
colônias espanholas foi violento, pois houve resistência militar por parte da Espanha. 
As guerras de independência geraram milhares de mortes de ambos os lados. 
Os movimentos de independência, embora liderados pelos criollos, contou 
com a participação de negros, mestiços, brancos das camadas mais pobres e até 
mesmo de indígenas. 
As colônias estavam divididas administrativamente em quatro vice-reinos 
(Nova Granada, Nova Espanha, Rio da Prata e Peru) e quatro capitanias-gerais 
(Chile, Venezuela, Guatemala e Cuba). Após o processo de independência, estes 
vice-reinos foram divididos e tornaram-se países. O vice-reino do Rio da Prata, por 
exemplo, transformou-se, após ser dividido, nos atuais: Paraguai, Argentina, Bolívia 
e Uruguai. 
Enquanto o Brasil seguiu o sistema monárquico após sua independência em 
1822, os países que se formaram com a independência das colônias espanholas 
adoram a República. 
Anos da independência dos principais países da América Espanhola: 
• México – 1821; 
• Peru – 1821; 
• Argentina – 1816; 
• Paraguai – 1813; 
• Uruguai – 1815; 
• Venezuela – 1811; 
39 
 
• Bolívia – 1825; 
• Colômbia – 1811; 
• Equador – 1811; 
• Chile – 1818. 
Os principais líderes das lutas pela independência nos países da América 
Espanhola foram Simón Bolivar e San Martín. 
a) Simón Bolivar: militar e político venezuelano, foi de fundamental 
importância nos processos de independência da Colômbia, Bolívia, Equador, 
Venezuela, Panamá e Peru. Ganhou em 1813, na Venezuela, o título honorífico 
de Libertador. 
b) José de San Martín: general argentino, foi decisivo nos processos de 
independência da Argentina, Chile e Peru. 
Consequências das “independências”: 
• ascensão política dos criollos nas ex-colônias; 
• conquista da liberdade econômica, que favoreceu financeiramente e 
politicamente a aristocracia; 
• criação de dependência econômica com relação à Inglaterra, maior potência 
mercantil do século XIX; 
• infelizmente, a independência política não significou a diminuição das 
desigualdades e injustiças sociais nas ex-colônias espanholas. A pobreza e 
miséria continuaram como realidade para grande parte da população; 
• instalação do sistema republicano em que, através das eleições, as elites se 
perpetuavam no poder (POMER, 1981; BARBOSA, 1997). 
 
Guarde... 
A maioria dos países latino-americanos tornou-se independente já na 
primeira metade do século XIX. Esse processo foi motivado por inúmeros fatores, 
com destaque para as lutas pela abolição da escravidão, as revoltas dos nativos que 
sobreviveram à ocupação europeia e, principalmente, os conflitos provocados pelo 
40 
 
choque de interesses entre os colonizadores e as novas elites, que foram se 
constituindo ao longo de três séculos de colonização (CARVALHO; PEREIRA, 
2009). 
Essas elites, genericamente denominadas criollas, eram descendentes dos 
colonizadores, mas não podiam exercer o poder político nas colônias por terem 
nascido e se formado na América. Com a conquista da independência, começaram a 
surgir conflitos de interesse entre as elites criollas distribuídas por diferentes locais, 
o que levou à fragmentação das colônias em diversos territórios e deu origem à 
maioria dos países que hoje compõem a América de colonização espanhola. 
As tentativas de unificação do território não foram tão fortes quanto os 
interesses das elites locais. Isso explica porque as fronteiras dos países latino-
americanos são, de maneira geral, mais fragmentadas do que as antigas fronteiras 
coloniais. 
No México, por exemplo, os índios e mestiços, liderados por padres da Igreja 
Católica, iniciaram em 1810 um intenso processo de lutas de libertação, motivados 
principalmente pela perspectiva de que, num país independente, teriam acesso à 
propriedade das terras onde trabalhavam. 
Os colonizadores espanhóis e a elite local mexicana associaram-se contra 
esses levantes populares, e, após sufocarem as rebeliões, as elites locais 
assumiram a condução do processo de independência, concluído em 1821. 
Após a independência, as fronteiras mexicanas chegaram a englobar um 
território duas vezes maior que o atual. Além das terras que perdeu para os Estados 
Unidos, o México chegou a incorporar, por um curto período, praticamente toda a 
porção continental da América Central. 
As províncias da América Central, com exceção do território hoje 
correspondente ao Panamá, que fazia parte da Colômbia, formaram, em 1823, as 
Províncias Unidas do Centro da América. A Confederação, posteriormente, 
fragmentou-se nos diversos países que compõem essa parte do continente. 
41 
 
Países que faziam parte das Províncias Unidas do Centro da América 
 
Tais processos estavam diretamente relacionados com os arranjos 
territoriais promovidos, principalmente, pelos interesses das elites locais que, a 
exemplo do que ocorreu no México, tiveram um forte papel na condução dos 
processos de independência dos países latino-americanos. 
Entretanto, a definição das fronteiras de alguns países da América 
espanhola não ocorreu exclusivamente dos confrontos entre as diversas elites 
criollas. Em alguns casos, essas elites se associaram aos remanescentes dos 
antigos povos e sociedades indígenas que, quando não foram totalmentedizimados, 
permaneceram resistindo e lutando pela afirmação de sua identidade cultural 
(CARVALHO; PEREIRA, 2009). 
42 
 
UNIDADE 5 – AMÉRICA PORTUGUESA 
 
Vamos fazer um recorte no tempo e no espaço, passando ao largo pelo 
descobrimento do Brasil no ano de 1500, embora sabedores de que a história 
verdadeira é muito mais complexa e mais antiga do que aprendemos nos livros de 
História colegiais (Vale a pena ler A Construção do Brasil de Jorge Couto, 2011 
lançado pela Editora Forense, onde encontrarão detalhes minuciosos e 
interessantes dessa saga portuguesa). 
O percurso foi muito parecido com o feito pela Espanha, mas felizmente a 
brutalidade usada foi amena em relação a ela. 
Na colonização do Brasil, os portugueses demoraram a encontrar as minas 
de ouro, mas ainda assim desenvolveram aqui uma colônia de exploração e, em um 
primeiro momento, beneficiaram-se com a exploração do pau-brasil. Dom Sebastião, 
rei de Portugal na época, declarou a exploração de pau-brasil uma exclusividade da 
metrópole, sendo que quem quisesse retirar árvores deveria ter autorização da 
coroa, além de realizar pagamento de tributos. 
Na relação entre o Brasil e Portugal, outra técnica foi usada: a proibição de 
estabelecimentos de manufaturas em terras brasileiras, o que fez com que o Brasil 
passasse grande parte da fase colonial completamente dependente dos 
manufaturados produzidos por Portugal. Apenas o açúcar era produzido pelos 
colonos com a autorização de Portugal e, ainda assim, sem comercialização com 
outros países. Portugal explorou muitos produtos no Brasil: 
a) Cana-de-açúcar: o açúcar, produto de grande interesse para o mercado 
Europeu, começou a chamar atenção dos portugueses que já tinham experiência 
com a produção da cana de açúcar e encontraram em solos brasileiros as condições 
ideais para sua produção. 
O governo, então, passou a conceder terras a estrangeiros e portugueses 
que pudessem investir na instalação de engenho para a produção do açúcar em 
barra, mas somente os portugueses comprariam, pois apenas Portugal poderia 
comercializar com outros países. 
b) Mineração: ao final do século XVII, Portugal finalmente encontrou o ouro 
no Brasil, mas a mineração começou a partir de 1700 quando muitos portugueses 
43 
 
emigraram para a região das Minas Gerais. Assim como o açúcar, a coroa cedia aos 
mineradores alguns lotes e todas as minas encontradas deveriam ser informadas ao 
rei que ficaria com 20% de todo o ouro encontrado. 
Vamos falar um pouco do mercantilismo?! 
As perspectivas da política mercantilista2 e em seguida, em sua etapa do 
capitalismo comercial também prevaleceram na colonização da América portuguesa. 
São características do mercantilismo: 
a) Metalismo. Acreditava-se que a riqueza de um país era marcada pelo 
acumulo de metais preciosos. 
b) Balança Comercial Favorável: para o país ter uma economia desenvolvida 
era preciso exportar mais e importar menos, o que prevalece até hoje! 
c) Sistema Colonial: é através da colonização do Novo Mundo (América), 
que os países europeus vão enriquecer, acumular capital. A exploração das colônias 
se deu através do pacto colonial como já vimos. O pacto colonial subordinava a 
colônia a sua metrópole, e desta maneira, cabia a metrópole tomar as decisões 
econômicas e políticas com relação a colônia. 
 
5.1 América portuguesa Pré-Colonial: (1500-1530) 
Nos trinta primeiros anos da chegada dos portugueses ao Brasil, o governo 
português não tomou medidas que visavam a colonização do Brasil. Nesse período, 
o interesse econômico da metrópole portuguesa estava voltada para o comércio de 
especiarias nas Índias, e para a exploração da costa africana (ilhas de Açores, Cabo 
Verde e Madeira). No entanto, Portugal enviava ao Brasil, expedições de 
reconhecimento, que tinham como principal objetivo buscar riquezas no território 
brasileiro. Umas das riquezas encontradas no litoral, na Mata Atlântica, foi o pau-
brasil, que era utilizado principalmente para pintar tecidos, pois dele era extraída a 
cor vermelha. Vejamos a seguir, as principais características do extrativismo do pau-
brasil. 
Como características desse período extrativista, temos: 
• estanco (o produto era um monopólio real); 
 
2 O mercantilismo é a política econômica, na qual o Estado faz a sua intervenção na economia. 
44 
 
• a extração era feita com a mão de obra do índio, que recebia em troca do seu 
trabalho presentes, bugigangas (troca de trabalho por presente = escambo); 
• a madeira era armazenada em feitorias construídas no litoral; 
• o extrativismo do pau-brasil foi uma atividade predatória. 
Um dos problemas surgidos nesse momento veio das invasões francesas 
para roubar o pau-brasil, então, na solução do problema, Portugal enviou as 
chamadas expedições Guarda-costas para vigiar o litoral brasileiro. 
Para completar, Portugal viu que o comércio para as Índias já não estava tão 
rentável, que as invasões mostravam que nosso país tinha riquezas cobiçadas e aí 
sim, enviou sob a chefia de Martins Afonso de Sousa, em 1530, a primeira 
expedição para iniciar o processo de colonização do Brasil. 
 
5.2 América portuguesa no período colonial: (1530-1 822) 
Chegamos ao período das Capitanias Hereditárias ou Donatárias! Sistema 
administrativo da colônia implantado por Portugal para colonizar o Brasil. 
O Brasil foi dividido em 14 capitanias, e estas foram doadas a pessoas da 
nobreza portuguesa. Neste sistema administrativo, o poder era descentralizado e 
funcionava baseado em dois documentos: a Carta de Doação e o Foral (documento 
no qual constava os direitos e deveres dos donatários). 
Somente São Vicente e o Pernambuco prosperaram. O sucesso do 
Pernambuco estava relacionado à produção e exportação do açúcar. 
 
45 
 
 
 
Entretanto, as Capitanias Hereditárias fracassaram e Portugal implantou o 
Governo Geral na colônia, objetivando que a colonização seguisse pelo modelo 
centralizador. 
Tomé de Sousa foi o primeiro governador geral do Brasil e para promover tal 
centralização foi construída a primeira capital do Brasil, Salvador na Bahia. Também 
aí foi instalado o primeiro Bispado selando uma aliança entre Igreja e Estado. 
No governo de Duarte da Costa, 2º governador geral, os franceses 
instalaram no Rio de Janeiro a colônia “França Antártica”. Eles fugiam das guerras 
religiosas entre católicos e protestantes que acontecia na França. 
Foi no governo do terceiro governador geral, Mem de Sá que ocorreu a 
Confederação dos Tamoios, a grande guerra entre os índios e os portugueses, 
sendo os primeiros apoiados pelos franceses. Após combater os índios, os 
portugueses expulsaram os franceses do Brasil. 
Quanto à economia do Brasil à época da colonização, voltamos à cana-de-
açúcar que foi a primeira atividade econômica que promoveu a colonização do 
Brasil. O principal centro de produção de açúcar, como já visto, foi a Capitania do 
Pernambuco. Dentre os motivos que explicam o seu sucesso, podemos mencionar a 
46 
 
riqueza do solo (massapé), o clima, a proximidade da Europa e a presença do 
capital holandês. Os holandeses financiaram a produção do açúcar e em troca 
receberam o monopólio do refino e da distribuição do açúcar na Europa. O açúcar foi 
a principal atividade econômica do Brasil, nos século XVI e XVII. 
São características da economia açucareira: 
• lavoura que favorecia o latifúndio; 
• monocultura; 
• mercado externo; e, 
• escravidão (predomínio da escravidão negra). 
Essas características eram típicas das colônias de exploração e é 
denominada de plantation. 
No século XVII, com a expulsão dos holandeses do nordeste e a produção 
do açúcar nas Antilhas, a produção do açúcar no Brasil, entrou em decadência. 
A sociedade no Brasil colonial (séculos XVI e XVII) era tipicamente formada 
por dois grupos básicos: os senhores de engenhos e os escravos. Uma sociedade 
do tipo