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MATERIAL DIDÁTICO HISTÓRIA DA AMÉRICA CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA PORTARIA Nº 2.861 DO DIA 13/09/2004 0800 283 8380 www.portalprominas .com.br 2 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3 UNIDADE 1 – CIVILIZAÇÕES PRIMITIVAS DO NOVO MUNDO . ............................. 5 1.1 As civilizações primitivas da Mesoamérica – um bom começo de conversa .. 5 1.2 Maias e Astecas ............................................................................................. 8 1.3 Incas ............................................................................................................. 12 UNIDADE 2 – O NOVO MUNDO .............................................................................. 14 2.1 A divisão do mundo segundo os europeus .................................................. 14 2.2 O novo mundo pelo geógrafo Elisée Reclus ................................................ 15 2.3 As Américas ................................................................................................. 17 2.4 O pacto colonial ........................................................................................... 21 2.5 A independência dos países americanos ..................................................... 23 2.6 A Organização dos Países Americanos (OEA) ............................................ 23 UNIDADE 3 – AMÉRICA ANGLO-SAXÔNICA ................ ........................................ 25 3.1 Características geofísicas e economia ......................................................... 25 3.2 Canadá ......................................................................................................... 27 3.3 Estados Unidos ............................................................................................ 33 UNIDADE 4 – AMÉRICA ESPANHOLA ..................... .............................................. 36 UNIDADE 5 – AMÉRICA PORTUGUESA .................... ............................................ 42 5.1 América portuguesa Pré-Colonial: (1500-1530) ........................................... 43 5.2 América portuguesa no período colonial: (1530-1822)................................. 44 5.3 O período de dominação ibérica (1580-1640) .............................................. 47 UNIDADE 6 – AS COLÔNIAS FRANCESAS E HOLANDESAS .... .......................... 51 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 57 3 INTRODUÇÃO Américas! Novo Mundo! Desafio para Estados Europeus que estavam em busca de novas conquistas! Espanhóis, franceses, ingleses, italianos, portugueses, todos tinham seus desejos. Cada um a sua maneira traçou caminhos diferentes e numa visão simplista, o primeiro objetivo seria encontrar um novo caminho para as Índias e comercializar as especiarias que para chegar até eles passava por atravessadores. As especiarias, entre elas a canela, o cravo da Índia, anis e muitos outros, passaram a ser apreciadas pela burguesia europeia, dava-lhes a possibilidade de distinguir-se enquanto elite das demais classes sociais da época. Mas problemas em negociar com os mercadores que as traziam do Oriente, dentre outras dificuldades, foram se acumulando até que resolveram eles próprios encontrar caminhos para trazer à Europa mercadorias que rendiam muito. Era o começo de um “novo capitalismo”. Espanhóis e portugueses ao sul; ingleses rumando ao norte! Eis que temos hoje várias Américas, várias línguas! Civilizações antigas como Incas, Maias, Asteca se perderam no tempo em decorrência da própria evolução do planeta Terra, outras foram praticamente dizimadas pelos conquistadores, “novas civilizações” surgiram. Em se tratando da Inglaterra, nos séculos XVI e XVII, eram muitas as questões religiosas acontecendo por lá, sendo este um dos motivos que levaram os ingleses a radicar na América. Os índios já eram habitantes das Américas milhares de anos e boa parte deles foi usada como mão de obra escrava, dizimada ao longo dos séculos num processo que até hoje podemos dizer nos deixam com a consciência em conflito. Riqueza e lucro também resumem os objetivos de portugueses e outros europeus na conquista da América. Aos espanhóis, especificamente, interessava o ouro, tanto que quando descobriram as primeiras reservas, começaram a explorar com pressa e avidez, utilizando o trabalho forçado indígena. Pois bem, vamos estudar o processo de conquista, colonização e formação dos povos no “novo mundo”. Sejam bem-vindos a esta longa viagem! 4 Não temos como objetivo defender, muito menos explicar as teorias que ainda hoje prevalecem entre alguns de que nas Américas é assim: “ricos no norte” e “pobres no sul”, mas contar a história e deixar nas entrelinhas que vocês façam seus julgamentos. Lembramos que: Em primeiro lugar, sabemos que a escrita acadêmica tem como premissa ser científica, ou seja, baseada em normas e padrões da academia. Pedimos licença para fugir um pouco às regras com o objetivo de nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma redação original. Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se muitas outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas e que podem servir para sanar lacunas que por ventura surgirem ao longo dos estudos. 5 UNIDADE 1 – CIVILIZAÇÕES PRIMITIVAS DO NOVO MUNDO Não há como falar em história das Américas sem passarmos pelos povos pré-colombianos / ameríndios que habitaram o que hoje chamamos de América Central e partes da América do Sul. Povos que nos surpreenderam com valores culturais muito desenvolvidos, alguns foram dizimados pelos conquistadores/colonizadores, outros desapareceram sem que soubéssemos o motivo até a atualidade. Igualmente não se sabe com certeza como, quando e por onde chegaram à América. Existem histórias e há controvérsias, isso é verdade! 1.1 As civilizações primitivas da Mesoamérica – um bom começo de conversa O México, a Guatemala, El Salvador, Honduras e, em menor grau, a Nicarágua e a Costa Rica, assim como o Equador, o Peru e a Bolívia nos Andes centrais, têm suas raízes profundamente enterradas no subsolo de suas civilizações pré-colombianas (BETHELL, 2004). Cada um desses povos pré-colombianos desenvolveu à sua maneira uma organização política e socioeconômica peculiar; cultura intelectual e artística variando com o período de predominância. Falamos em Mesoamérica tomando emprestado o pensamento do estudioso alemão, Eduard Seler (1849-1922) que, junto como outros, introduziu há mais de setenta anos a expressão Mittel America para designar a região onde floresceu uma alta cultura indígena no México central e meridional e no território contíguo dos países do norte da América Central. Muitos anos depois, em 1943, Paul Kirchhoff, em seu “Mesoamérica: Sus Limites Geográficos, Composición Étnica y Caracteres Culturales”, Acta Anthropohgica, I: 92-107 (Escuela Nacional de Antropologia. México, 1943), focalizou sua atenção nos limites geográficos do que ele chamou Mesoamérica. Como diz Bethell (2004), Mesoamérica é mais que um termo geográfico: designa também a região em que altas culturas e civilizações nativas se 6 desenvolveram e disseminaram sob várias formas e em épocas diferentes. No momento da invasão europeia, em 1519, suas fronteiras ao norte eram o rio Sinaloa a noroeste e o Panuco a nordeste, enquanto que no centro-norte ela não se estendeu além da bacia do rio Lerma. Seus limites ao sul eram o rio Motagua, quedesemboca no golfo de Honduras no mar dos Caraíbas, as praias meridionais do lago Nicarágua e a península de Nicoya na Costa Rica. Mesoamérica Situada entre as vastas massas de terra continental da América do Norte e da América do Sul, a Mesoamérica (uma área de 906 mil quilômetros quadrados) apresenta um aspecto nitidamente ístmico com várias características geográficas notáveis, como os golfos de Tehuantepec e de Fonseca do lado do Pacífico e a península de Yucatán e o golfo de Honduras do lado do mar dos Caraíbas (ou Caribe na atualidade). Essa região, onde se desenvolveram as altas culturas, revela talvez maior diversidade ecológica e geográfica do que qualquer outra de tamanho análogo no mundo. Tem uma história geológica complexa. Principalmente, o soerguimento de montanhas e a atividade vulcânica recentes – como a constituição de duas cadeias montanhosas de origem vulcânica (uma que corre de leste para oeste ao longo dos limites sul do vale do México e a outra na direção noroeste- sudeste através do México e da América Central) – foram responsáveis pela formação de regiões naturais distintas. 7 Embora a Mesoamérica se localize nos trópicos, a complexidade de seu relevo e a variedade de suas formas de terreno, solos e sistemas de drenagem, aliadas aos efeitos dos ventos e das correntes marítimas, resultam numa diversidade de clima, de vegetação e de vida animal. Essa diversidade é bastante acentuada nas bacias fluviais, e nas áreas lacustres do vale do México ou Patzcuaro em Michoacán; e é significativo que as mais importantes mudanças culturais da Mesoamérica tenham ocorrido nessas regiões. As sub-regiões realmente tropicais da Mesoamérica compreendem as planícies bem irrigadas de Veracruz e Tabasco: a península de Yucatán, coberta por uma vegetação baixa; a área da floresta tropical das Antilhas na América Central; as planícies costeiras do México central e meridional do lado do Pacífico (Chiapas, Oaxaca, Guerrero, Michoacán, Colima) e da Guatemala, El Salvador, Honduras, Nicarágua, juntamente com a península de Nicoya e a província de Huanacazte na Costa Rica. As principais sub-regiões de montanha – as Sierras (as montanhas da América Central, o sul de Sierra Madre, bem como porções do oeste e do leste de Sierra Madre, e a cadeia vulcânica transversal) e as duas grandes mesas, ou planaltos, do centro e do sul –, embora se localizem na região tropical, têm clima e vegetação temperados. A vasta região ao norte da Mesoamérica, entre o planalto central e a atual fronteira México – Estados Unidos, é muito diferente em termos ecológicos e assemelha-se, sob muitos aspectos, aos grandes desertos norte- americanos. A vegetação limita-se, em geral, a uma diversidade de cactos e alguns capões de arbustos, iúcas ou palmillas e, perto dos rios periódicos, algarobos. Em alguma época, a alta cultura da Mesoamérica disseminou-se de forma atenuada para algumas das sub-regiões do planalto norte (como em La Quemada e em Calchihuites em Zacatecas). No entanto, de modo geral o norte árido sempre foi o lar permanente dos belicosos chichimecas que várias vezes ameaçaram a existência dos povoados mesoamericanos do norte (BETHELL, 2004). Essa riqueza de detalhes proporcionada por Bethell nos levam a compreender ou pelo menos aceitar o quanto foram superiores as culturas que ali se desenvolveram. Dizemos aceitar devido ao fato de que até hoje é um mistério o desaparecimento de alguns desses povos. Concordamos com Alencar (2010) ao nos lembrar a verdade: nossa história é marcada por colonizações, guerras, lutas por terras, poder, escravidão entre 8 outros. E tudo isso deixou marcas insuperáveis na Terra, além do extermínio de diversas civilizações, como a dos pré-colombianos: astecas, maias e incas, que desapareceram no fim do século XV, em consequência da colonização espanhola. O contato entre nativos e europeus resultou em um dos maiores casos de genocídio da evolução da humanidade, a exemplo dos índios que habitavam o Brasil na época do descobrimento que chegaram a números entre 4 e 5 milhões e hoje somam algo em torno de 400 mil. Mas a herança histórica desses povos não morreu e se mantém presente até hoje. Chega a ser inacreditável os avanços dos nativos do continente americano. Eles apresentavam dois estágios: os habitantes “adiantados” do México, do Peru, da Guatemala e da Colômbia e os demais, que se encontravam em estado “selvagem”. Evidentemente, existem historiadores que questionam se os europeus eram a civilização mais avançada da história. Uma parcela acredita que o conhecimento dos ameríndios para aquela época era bem avançada. A verdade é que ao chegarem, as embarcações do Velho Mundo se depararam com povos complexos que conheciam a vida urbana, a metalurgia, a escrita – mesmo sendo uma forma rudimentar –, sistemas matemáticos, calendários, entre outros. Sem contar as enormes construções de centros urbanos que, em sua maioria, eram mais vastos que cidades espanholas. Em síntese, os nativos se desenvolveram da maneira deles e, estabelecendo relações sociais complicadas, determinaram suas próprias instituições políticas, ou seja, um modo de vida peculiar (ALENCAR, 2010). 1.2 Maias e Astecas A região em que se desenvolveu a civilização maia corresponde ao que é hoje a península do Yucatán, no México, englobando os atuais Estados de Campeche, Tabasco, Chiapas, Iucatã e Quintana Roo; as terras baixas e altas da Guatemala; Belize; a porção ocidental de Honduras e El Salvador, reunindo territórios que pertencem à área denominada Mesoamérica. A área maia, situada na confluência entre a América do Norte e a América Central, apresenta no aspecto geográfico, duas grandes divisões, comumente 9 designadas de Terras Altas e Terras Baixas, subdividindo-se nas regiões meridional, central e setentrional. Tradicionalmente, os arqueólogos dividiram a História maia em três períodos principais: Pré-Clássico (800 a.C. a 300 d.C.), Clássico (300 d.C. a 900 d.C.), Pós- Clássico (900 d.C. a 1520 d.C.). Cada um destes períodos possui estilos distintos de cerâmica e arquitetura. O período Clássico tem sido tradicionalmente visto como o auge da civilização maia, devido à imponência de seus palácios e templos, às estelas – monumentos verticais onde foram registradas inscrições hieroglíficas –, além de sua elaborada cerâmica policrômica. O período Pré-Clássico teria sido formado por vilas rurais modestas e desprovido de realizações arquitetônicas tão expressivas quanto às do Clássico. Já o Pós-Clássico foi um período de decadência cultural e artística. Este modelo, que ainda é muito difundido, apresenta muitas discrepâncias. No intuito de reformular, e não refutar, os dados apresentados pelos estudiosos ao longo da primeira metade do século XX, o esforço dos arqueólogos hoje é a reinterpretação destas informações a fim de se buscar uma periodização mais adequada. Além deles, outras culturas também viviam no local, astecas, teotihuacan, toltec, quichemaia, olmec, entre outros, ou seja, a civilização maia era a junção de vários grupos étnicos. Os maias dominavam a escrita e registravam seu cotidiano por meio dela, sendo os primeiros a ter um registro histórico. Sem contar seus brilhantes calendários, que diziam quando plantar e colher, sobre os dias malditos, enfim, um objeto que ultrapassava a mera contação dos dias. Essa civilização não formou um império unificado e havia diversos centros urbanos independentes, mas como em toda sociedade existe a segregação, com os maias não foi diferente. Nobres, sacerdotes, administradores do império e chefes militares habitavam a zona urbana. Já os trabalhadores urbanos, camponeses e artesãos, classe menos privilegiada, viviam em outras regiões e eram obrigados a trabalhar e a pagar impostos com valores exorbitantes. A agricultura era a base da economia, principalmentede feijão, milho, tabaco, algodão e tubérculos. Todos os produtos excedentes eram comercializados. Além da avançada técnica de irrigação, os maias apresentavam um amplo avanço arquitetônico, comprovado por meio da construção de seus palácios, templos e pirâmides. Inúmeros arcos, templos e colunas eram construídos em homenagem aos 10 deuses celebrados pela cultura maia, pois a religião ocupava um espaço grande na vida dessa civilização. Acreditavam em diversos deuses ligados à natureza, na vida após a morte e realizavam sacrifícios humanos assiduamente. O feito mais incrível, além do desenvolvimento da matemática e do conhecimento da astronomia, era a sua escrita (hieróglifos), cujos signos podiam representar ideias, sons ou os dois simultaneamente. Considerados mais avançados tecnologicamente que os europeus, o seu colapso se deu por volta do século 9º, mas seu verdadeiro motivo permanece misterioso para historiadores, arqueólogos, antropólogos e para o senso comum (ALENCAR, 2010). Um aspecto surpreendente das grandes estruturas maias é a carência de muitas das tecnologias avançadas que poderiam parecer necessárias a tais construções. Não há notícia do uso de ferramentas de metal, polias ou veículos com rodas. A construção maia requeria um elemento com abundância, muita força humana, embora contasse com abundância dos materiais restantes, facilmente disponíveis. Toda a pedra usada nas construções maias parece ter sido extraída de pedreiras locais; com maior frequência era usada pedra calcária, que, ainda que extraída e exposta, permanecia adequada para ser trabalhada e polida com ferramentas de pedra, só endurecendo muito tempo depois. Os astecas: Povo guerreiro que se desenvolveu entre os séculos XIV e XVI, na região do atual México. Responsáveis por fundar a cidade de Tenochtitlán, atual Cidade do México. Assim como os maias, os astecas também viviam em uma sociedade hierarquizada, entre nobres e pobres. A classe baixa se via obrigada a trabalhar 11 para o imperador, em canais de irrigação, estradas, templos, entre outros. O seu governo era monárquico e, o poder do rei, hereditário. Suas técnicas agrícolas eram muito desenvolvidas, plantavam milho, tabaco, cacau, entre outros, inclusive, as sementes de cacau eram as moedas daquele povo. Os astecas também acreditavam em vários deuses na natureza, além de uma deusa representada por uma serpente emplumada. Construíram pirâmides e templos para os cultos religiosos, que contavam com sacrifícios humanos, pois acreditavam que, assim, os deuses ficariam mais felizes e calmos. Sua escrita era feita por meio de desenhos e símbolos, desenvolveram conceitos de astronomia e matemática e modificaram o calendário maia. O artesanato era presente, tendo destaque para os objetos de ouro e prata, confecção de tecidos e artigos com pinturas. Eles se sobressaíram também no campo da literatura, deixando vários livros nos colégios dos nobres. O fim desse vasto império se deu quando espanhóis massacraram milhares deles em Tenochtitlán (ALENCAR, 2010). Os Astecas tinham uma sociedade muito organizada, com o poder de um rei soberano e absoluto, auxiliado pelo conselho, sacerdotes e guerreiros, com leis severas que permitiam a expansão e a administração do império. A religião era o fundamento básico dessa civilização, exercendo grande influência nas decisões, pois as pessoas deviam obediência aos deuses e praticavam rituais de sacrifícios humanos para o deus Sol. Templos foram erguidos para as reverências religiosas e para o estudo da Astronomia, ciência, igualmente desenvolvida entre esse povo andino. Embora detivessem poderio militar e inúmeras riquezas, foram conquistados por seiscentos espanhóis no ano de 1519 d.C., que procuravam ouro, devastando grande parte de sua cultura, por considerá-la pagã (MACHADO; LITZ; BRAGA, 2005). Enfim, os astecas constituíam uma sociedade em que as boas maneiras se revestiam de importância, por conta dos rituais que cercavam o cotidiano. Esperava- se que os ideais de abnegação, autocontrole, moderação das paixões, fizessem parte do cotidiano e eram considerados como “preceitos antigos”, ensinado em casa e nas escolas (FREITAS, 2013). 12 1.3 Incas Quando os espanhóis chegaram ao Peru, em 1532, os Incas já haviam estabelecido o seu domínio sobre o planalto e a planície costeira dos Andes. Seu Império estendia-se desde Cuzco até a Colômbia, ao norte; e até o Chile e a Argentina, ao sul. O brilho de sua civilização atingia o Panamá e chegava mesmo às longínquas praias atlânticas do Brasil, sob a forma de utensílios de cobre ou ornamentos de ouro e prata transportados de tribo em tribo, através da floresta amazônica. Em toda a América do Sul, vivendo ainda na Idade da Pedra, somente a Terra do Fogo escapava ao fascínio de sua magnificência, que deveria dar origem ao mito do Eldorado quando os espanhóis, por sua vez, foram por ela atraídos. Os Incas, no entanto, tiveram origens obscuras e um difícil começo na região onde, por longo tempo, desempenharam a figura de intrusos. Sua expansão começou apenas em meados do século XV sob o reinado de Pachakuti, nono soberano de Cuzco. Embora tardia, essa expansão assegurou-lhes rapidamente a herança de uma tradição cultural que muitos povos haviam contribuído para forjar e enriquecer ao longo de um passado muitas vezes milenário (FAVRE, 1987). Machu Picchu – cidade perdida das Incas Desenvolvida na região da Cordilheira dos Andes, atualmente Peru, Bolívia, Chile e Equador, os incas foram os responsáveis por fundar a capital de seu império, a sagrada cidade de Cusco. Assim como os outros povos, eles também viviam em uma sociedade formada por nobres e pobres. Exímia na arquitetura, essa civilização construiu grandes palácios, templos e casas. Além de ter uma rica plantação, que contava com feijão, batata e milho. Na religião, a divindade principal era o deus Sol, conhecido como deus Inti, mas também adoravam animais tidos como sagrados: o 13 condor e o jaguar. Foram os criadores do sistema de contagem, chamado quipo, objeto de cordões coloridos, em que cada cor representava uma contagem. Assim como seus conterrâneos, eles foram dominados pelos espanhóis. Mesmo resumidamente, percebemos a fartura da cultura dos pré- colombianos e como eles foram importantes para a evolução da nossa história. A arqueologia continuará a sua busca para desvendar os enigmas acerca desses povos e nós permaneceremos na expectativa de mais descobertas enriquecedoras para somar na nossa bagagem cultural. 14 UNIDADE 2 – O NOVO MUNDO 2.1 A divisão do mundo segundo os europeus O mundo em que vivemos recebe diversas regionalizações. Tais divisões possuem o fim de facilitar a compreensão das informações requeridas e de partes específicas do espaço geográfico, impedindo que haja generalizações dos dados. Dentre as muitas divisões que o mundo é sujeitado, as principais são: divisão em hemisférios (norte/sul e oriental/ocidental), em continentes (América, Europa, África, Ásia e Oceania), e assim por diante. Mas o mundo é regionalizado também do ponto de vista histórico, tomando como base os continentes já conhecidos. Nessa abordagem, o mundo é divido em três: Velho Mundo, Novo Mundo e Novíssimo Mundo. O Velho Mundo é uma expressão usada para designar a visão de mundo que os europeus detinham por volta do século XV. Naquela época, os europeus conheciam somente os continentes da Europa, África e Ásia. Novo Mundo é um termo criado pelos europeus para designar o continente americano. A expressão teve seu uso difundido no período do descobrimento do novo continente, a América, pois até então era desconhecido pelos europeus, vindo a ser algo novo em relação aos continentes já conhecidos. Já o Novíssimo Mundo compreende o continente da Oceania, constituída pela Austrália, Nova Guiné,Nova Zelândia, entre outras ilhas. Tal denominação se deu em razão do continente ter sido o último a ser descoberto (FREITAS, 2013). 15 2.2 O novo mundo pelo geógrafo Elisée Reclus O geógrafo francês Élisée Reclus que esteve no continente americano em duas ocasiões (1892 e 1890) explica que apesar de comumente se identificar o Novo Mundo com a América, existe diferenças entre os dois. Entre a descoberta do continente e a adoção definitiva do termo América para designar o conjunto das terras encontradas há um lapso de tempo, no qual essas terras ficaram conhecidas apenas como “Novo Mundo”, pois a descoberta se deu em 1492 e a primeira aparição do termo América, aponta Reclus, aconteceu em 1507, sem entretanto ter caído no gosto popular. A denominação de América para o novo continente só se tornaria consensual por volta do século XVII. Quando atingiu a costa das ilhas caribenhas, Colombo acreditava que tinha chegado, na verdade, à Índia. E assim os nativos da América ficaram conhecidos por índios, como se tratassem serem os naturais da Índia. Entre os espanhóis eram chamados às vezes até mesmo de chinos, em alusão aos chineses. O “Novo Mundo” era a princípio a Ásia. Diz Reclus (1890 apud REGIANI, 2011): Os primeiros descobridores, entre os quais estava o próprio Vespúcio, mal podiam evitar usar a expressão, ‘Novo Mundo’, sem que isso implicasse necessariamente que a América era geograficamente distinta da Ásia. Posteriormente, quando se percebeu não ter chegado ao destino proposto, mas a um lugar diferente, essas localidades passaram a ser chamadas de Índias Ocidentais, em oposição às Índias Orientais, a Índia verdadeira. Mas as diferenças entre o Novo Mundo e a América vão além de um simples erro de identificação, como se pode ver nas figuras abaixo. 16 O Novo Mundo à época de Colombo (esq.), e o continente da América (dir.) Fonte: Reclus (1890, p. 2 apud REGIANI, 2011, p. 3) Como é possível observar, comparando-se as figuras, o Novo Mundo se trata de um espaço sem localização precisa, sem limites conhecidos, sem nome próprio, e uma geografia a ser explorada e trabalhada pelo homem. Por outro lado, América se refere a um espaço com localização cartográfica conhecida, limites definidos, identidade toponímica, e uma geografia singular. A América é, no entendimento de Regiani (2011), um fato geográfico, enquanto o Novo Mundo é uma geografia em devir. Além de Novo Mundo, a América também era referida às vezes como Mundo Ocidental. Essa concepção, no entanto, alega Reclus ser relativa, pois não tendo a esfera terrestre um centro real, o que se considera Ocidente e Oriente, Norte e Sul, depende do referencial adotado. No caso em questão, a referência que permite à América receber tal designação é a Europa imbuída de um pensamento eurocêntrico. Contudo, se analisar-se a posição da América do ponto de vista, por exemplo, dos chineses, também um povo etnocêntrico e que alguns estudiosos defendem terem visitado a América através das expedições do famoso almirante Zheng He antes mesmo dos europeus, a América seria considerada como oriente, porque fica ao leste da China. Reclus defende este mesmo ponto de vista da América. Em favor da orientalidade da 17 América, o geógrafo anarquista recorre a argumentos de geografia física relacionando as estruturas de relevo da costa americana do Pacífico com as da Ásia. Em suas próprias palavras: “Sob muitos aspectos, e especialmente em seu relevo, a forma e disposição da costa marítima, a América deveria antes ser chamada de “continente oriental”, porque ela fica ao leste do Velho Mundo, com o qual é conectada por ilhas, penínsulas, leitos marinhos, e a capa de gelo do Mar de Bering”. A defesa que Reclus faz da “orientalidade” da América se estende também à etnologia das populações ameríndias, em que ele ressalta a ascendência asiática dos indígenas, e cita autores que defendem uma influência budista em algumas culturas indígenas onde símbolos similares aos dessa religião foram encontrados em esculturas e imagens. Como explica Regiani: Élisée Reclus é ciente da hipótese de no passado América e Europa forem uma só terra com base na familiaridade litológica entre rochas encontradas nos montes Apalaches e Escandinavos, nos dois continentes. Hoje, sabe-se que a América do Norte e Europa já estiveram juntas no supercontinente da Laurásia, confirmando a hipótese. Mas à época de Reclus, a Teoria da Tectônica de Placas estava longe de ser provada, não lhe dando motivos para acreditar. Talvez se o geógrafo estivesse ainda vivo pensasse diferente, mas ao seu favor ,ele poderia dizer que tectonicamente, a América do Norte e parte da Ásia estão unidas sobre a mesma placa. 2.3 As Américas Este continente imenso, no sentido de que é o único que se estende desde o Círculo Polar Ártico até quase ao Círculo Polar Antártico é, por muitos, dividido em dois: América do Norte (incluindo a clássica América Central e as Antilhas) e América do Sul. O segundo maior continente do mundo, com 35 países e 18 dependências, banhado a leste pelo Oceano Atlântico e a oeste pelo Oceano Pacífico. Formado por duas grandes massas de terra, unidas por uma faixa estreita, divide-se em três partes: do Norte, Central (englobando as nações do mar do Caribe) e do Sul. O continente reúne países marcados por grandes diferenças econômicas. Estados Unidos (EUA) e Canadá possuem PIB entre os mais altos do mundo, enquanto a 18 maior parte dos demais países do continente permanece mergulhada em dificuldades crônicas que agravam a pobreza na região. Brasil, Chile, México, Argentina e Colômbia, pela ordem, estão entre os países que estão saindo da pobreza. Área total em km²: 39.901.863 (terras firmes). População: 910.720.588 (2008). Densidade (habitantes/km2): 22,82 (2008). Países: 35 países independentes, Américas do Norte (03), do Sul (12) e Central (20). Religiões principais: Católicos romanos (63,7%) e Protestantes (14,2%) Média de idade da população: América do Norte (35,2 anos); América Latina e Caribe (23,9 anos) (2005). Maiores cidades (população): São Paulo, Cidade do México, Nova Iorque, Lima, Bogotá, Rio de Janeiro, Santiago, Caracas, Los Angeles, Maracaibo, Medellín, Salvador, Chicago, Buenos Aires, Cáli, Guayaquil, Brasília, Toronto, Fortaleza e Havana - pela ordem (2010). Maior país: Canadá: 9.984.60 km². Menor país: São Cristóvão e Névis: 261 km². Maior população: Estados Unidos (313.847.465 - 2012). Idiomas: Espanhol, inglês, português, francês e holandês. Total das áreas emersas do planeta: 28,4% (2012). Distância do sentido norte-sul: Aproximadamente 15.000 km. Ponto mais elevado: Monte Aconcágua (Argentina) - 6.962 metros. Ponto mais baixo: Laguna del Carbón (Argentina) - 105 metros abaixo do nível do mar. Maiores bacias hidrográficas: Amazonas e do Paraná. Maior rio em volume de águas e extensão: Amazonas. 19 Maiores PIBs: Estados Unidos (US$ 15,094 trilhões) - 1º do mundo; Brasil (US$ 2,492 trilhões) - 6º do mundo; Canadá (US$ 1,389 trilhões), México (US$ 1,155 trilhões) e Argentina (US$ 447,6 bilhões) - 2011. Principais blocos econômicos: Nafta, Mercosul e Pacto Andino. 20 Fonte: http://www.portalbrasil.net/americas.htm Os dados econômicos comparativos podem ser encontrados no site: http://www.portalbrasil.net/americas_dadoseconomicos.htm A América teve diferentes processos de colonização e implementação de distintas culturas oriundas do continente europeu, que deixou como herança cultural, dentre outras coisas, o idioma, muito numeroso no continente americano. Com isso, passou-se a existir uma espécie de “divisão” ou “regionalização” do nosso continente, separando nações que tem um idioma latino (derivado do latim) dos que tem a influência linguística anglo-saxônica (uma espécie de inglês arcaico). Sendoassim, países que usam o idioma oficial como o português, espanhol e francês foram classificados como parte da chamada América Latina. Os demais países, provenientes da língua inglesa com forte influência britânica, foram englobados na América Anglo-Saxônica. Resumindo, Canadá (exceto a província de Quebec), Estados Unidos, Belize, alguns países caribenhos (como Jamaica e Trinidad e Tobago) e a Guiana seriam considerados países anglo-saxônicos, enquanto o restante das nações faria parte da América Latina. 21 De todo modo, o termo ainda traz inúmeras controvérsias e polêmicas, alguns estudiosos, inclusive, consideram apenas Canadá e EUA como nações anglo-saxônicas, talvez pela maior influência britânica ou até mesmo por questões econômicas, já que fica claro que essas nações são mais desenvolvidas que o restante do continente americano. Neste pensamento, tudo que vier ao sul da divisa EUA-México, seria considerado um país latino. A província de Quebec, localizada no Canadá, tem o idioma francês como predominante, em alguns casos, porém, acaba sendo classificado como anglo- saxônico, em contra partida, países fora da América do Norte, por vezes, mesmo tendo o idioma inglês como o oficial, não são considerados parte Anglo-Saxônica da América. A diferença mais marcante entre as “duas Américas” é na economia e qualidade de vida, enquanto os países da América Anglo-Saxônica (EUA e Canadá) desfrutam de bons índices de qualidade na educação, saúde e grande poder no cenário mundial, sendo classificados como desenvolvidos, os países latino- americanos ainda são considerados subdesenvolvidos ou emergentes, como é o caso do Brasil. Além do nosso país, outras economias se destacam dentro desta regionalização, como o México e a Argentina. Outra diferença cultural que deve ser destacada se dá em torno da religião, enquanto os países saxônicos tem forte presença protestante (apesar dos católicos terem boa predominância na população destas nações), os latinos tem a maioria católica, inclusive, Brasil e México, alguns dos países que abrigam a maior população católica do mundo, são países latinos. Ao final do módulo deixamos um texto para reflexão com algumas teorias que levam o tom dessa separação entre os ricos do norte e os pobres do sul. 2.4 O pacto colonial É fato e a história nos conta com muita precisão que o processo de colonização da América estava intimamente ligado à consolidação das monarquias nacionais absolutas. O enriquecimento das metrópoles e de suas respectivas burguesias se fez graças à violenta exploração das colônias. 22 O processo de conquista da América pelos europeus teve consequências distintas para a Europa e para a América. Os Estados metropolitanos europeus, por meio da exploração de suas colônias, aceleraram o processo de acumulação primitiva de capitais nas mãos de suas respectivas burguesias, o que propiciou a alguns países, como a Inglaterra e a França, a passagem para a etapa industrial do desenvolvimento capitalista, a partir do século XVIII. As colônias, com exceção dos Estados Unidos e do Canadá, tiveram seu desenvolvimento histórico marcado pela herança do pacto colonial. Herdamos uma profunda desigualdade na distribuição da riqueza, opondo um pequeno grupo de ricos privilegiados e uma massa de trabalhadores exploradores e convivendo com a miséria (PEDRO; LIMA, 2004). Também é de notório saber que as colônias eram uma das mais importantes fontes de riqueza de que as monarquias nacionais europeias lançavam mão para se consolidar como Estados fortes e centralizados. Explorá-las era um dos principais objetivos da política econômica mercantilista. Portugal, como monarquia absoluta e moderna, fez exatamente isso. A relação entre colônia e metrópole determinada por essa política recebeu o nome de pacto colonial. As metrópoles detinham assim o monopólio do comércio com as colônias. Pelo monopólio, a burguesia mercantil da metrópole adquiria os produtos coloniais a baixíssimos preços e os revendia, na própria metrópole ou em outras regiões da Europa, obtendo elevados lucros. Ao mesmo tempo, a metrópole se reservava o direito exclusivo de vender produtos manufaturados às colônias, o que aumentava os lucros da burguesia mercantil. O Estado garantia a transferência para a metrópole de grande parte de renda de produção colonial, que era apropriada pela burguesia mercantil. O Estado se fortalecia ao realizar essa política favorável ao setor mercantil, pois ampliava a sua arrecadação de tributos. Enfim, esse mecanismo era a essência do sistema econômico do capitalismo na fase comercial (PEDRO; LIMA, 2004). Mas felizmente esse pacto teve fim! No ano de 1808, quando a família real portuguesa veio ao Brasil, D. João VI promoveu a abertura dos portos às nações amigas e quebrou o Pacto Colonial. Além 23 disso, houve a liberação da colônia para a produção de manufaturas, atitude por meio da qual Dom João pretendia impulsionar a produção manufatureira no Brasil, mas isso não aconteceu. Dois anos mais tarde, Portugal firmou um acordo com a Inglaterra que permitia que seus produtos entrassem no Brasil sob impostos menores. Os valores passaram a ser 24% para outros países, 16% para Portugal e a Inglaterra 15% (PETRIN, 2014). 2.5 A independência dos países americanos Na mesma época que o pacto foi sendo desfeito, entre os séculos XVIII e XIX, o Absolutismo e as práticas mercantilistas desmoronaram em quase toda a Europa ocidental. Era o prenúncio de um novo tempo, caracterizado pela produção industrial, pelo livre comércio e pela igualdade de direitos. Esses ares de renovação não tardariam a se espalhar por todo o mundo. Na América, começaram a soprar, em 1776, quando os colonos ingleses da América do Norte colocaram fim ao domínio colonial. Com isso, abriram um caminho que seria rapidamente trilhado por colonos de outras partes do continente. Os primeiros a tomar esse rumo foram os habitantes da colônia francesa de São Domingos, na América Central. Nessa região, cuja maioria da população era formada por pessoas de origens africana, teve início um dos movimentos de independência mais radicais de toda a América, que resultaria na formação do Haiti. Os colonos espanhóis, por sua vez, começariam a conquistar sua independência no início do século XIX. O vasto território controlado pelos espanhóis se fragmentaria então em vários países. 2.6 A Organização dos Países Americanos (OEA) A Organização dos Estados Americanos – OEA – Organization of American States (www.oas.org), fundada em abril de 1948, é uma organização internacional com sede em Washington (Estados Unidos), cujos membros são as 35 nações independentes do Continente Americano. É o organismo regional mais antigo do mundo. 24 A sua origem remonta à Primeira Conferência Internacional Americana, realizada em Washington, D.C., de outubro de 1889 a abril de 1890. Esta reunião resultou na criação da União Internacional das Repúblicas Americanas, e começou a se tecer uma rede de disposições e instituições, dando início ao que ficará conhecido como “Sistema Interamericano”, o mais antigo sistema institucional internacional. Inicialmente, vinte e um países1 reunidos em Bogotá (Colômbia), assinaram a Carta da Organização dos Estados Americanos. Os países-membros se comprometiam então a defender os interesses do continente americano, buscando soluções pacíficas para o desenvolvimento econômico, social e cultural. Para atingir seus objetivos mais importantes, a OEA baseia-se em seus principais pilares que são a democracia, os direitos humanos, a segurança e o desenvolvimento. Os demais Estados e suas respectivas datas de adesão à OEA são: Barbados (1967), Trinidad e Tobago (1967), Jamaica (1969), Granada (1975), Suriname (1977), Dominica (1979), Santa Lúcia (1979), Antígua e Barbuda (1981), São Vicentee Granadinas (1981), Bahamas (1982), São Cristóvão e Nevis (1984), Canadá (1990), Belize (1991) e Guiana (1991). Valem lembrar que a América Latina compreende quase a totalidade da América do Sul e Central Continental, as exceções são os países sul-americanos Guiana e Suriname e o centro-americano Belize, que são países de línguas germânicas. Também engloba alguns países da América Central Insular (países compostos de ilhas e arquipélagos banhados pelo Mar do Caribe) como Cuba, Haiti e República Dominicana. Da América do Norte, apenas o México é considerado como parte da América Latina. A Organização foi criada para alcançar nos Estados membros, como estipula o Artigo 1º da Carta, “uma ordem de paz e de justiça, para promover sua solidariedade, intensificar sua colaboração e defender sua soberania, sua integridade territorial e sua independência” (http://www.oas.org/pt/sobre/quem_somos.asp 2015). 1 Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba (suspenso desde 1962), El Salvador, Equador, Estados Unidos, Guatemala, Haiti, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela. 25 UNIDADE 3 – AMÉRICA ANGLO-SAXÔNICA Justificamos de pronto que ao optarmos por trabalhar os países de acordo com a língua de colonização, o México ficará, evidentemente para a próxima unidade, uma vez ter como língua oficial e ser de colonização espanhola. Mapa da América Anglo-Saxônica Os Estados Unidos e o Canadá, de colonização inglesa, são os maiores países do continente americano e estão entre os cinco maiores do mundo. Tem uma área de 9.970.610 km2, considerando o Alasca, localizado a noroeste do Canadá, e o Havaí, situado em um arquipélago do Oceano Pacífico, com uma extensão de. 9.372.614 km2. 3.1 Características geofísicas e economia A rede hidrográfica da América Anglo-Saxônica dirige-se para diversas vertentes. Os rios que correm para o norte, no Canadá e Alasca, despejam suas águas no Estreito de Bering, Oceano Glacial Ártico e Baia de Hudson, apresentando problemas de congelamento durante o inverno. 26 O Canadá, um país com inúmeros lagos de origem glacial, tem potencial hidrelétrico muito grande, bastante aproveitado, mas com redução da oferta de energia durante o inverno. Na vertente para o norte destacam-se os rios Nelson, Mackenzie e Yukon. Os rios voltados para o pacífico, com menor extensão, atravessam um relevo acidentado e, por isso, são apropriados para a produção de energia. Destacam-se então os rios Colorado e Colúmbia ou Snake. No planalto do Colorado, sudoeste do EUA, encontramos o Grand Canyon, no fundo do qual corre o rio Colorado, terminando mais adiante no golfo da Califórnia. A vegetação e o clima desta extensa região é bem diversificado. Podemos encontrar, no território do continente norte-americano, quase todos os climas do mundo. No norte do Canadá encontramos o clima polar, com temperatura que podem atingir até 30 graus negativos. Já na região da Califórnia (EUA) o clima é mediterrâneo. Enquanto que no México, temos o clima tropical e equatorial predominando em quase todo território. No norte da América do Norte, principalmente na região do Alasca, encontramos a vegetação de tundra. Já na Flórida (EUA), desenvolve-se uma paisagem subtropical. Do ponto de vista de relevo, podemos destacar o conjunto de montanhas a oeste do continente, conhecido como Montanhas Rochosas. Já na costa leste, destaca-se a cordilheira dos Montes Apalaches. Na planície central do continente, encontramos dois rios muito importantes: Mississipi e Missouri. Antes da colonização europeia, a região era habitada somente por nações indígenas. Porém, no século XVI, a América do Norte começou a ser colonizada por espanhóis, franceses e ingleses. Os espanhóis concentraram-se na região do atual México, pois ali viviam os astecas, dominaram e exploraram esse povo, tomando suas terras e ouro. As regiões do Canadá e Estados Unidos foram colonizadas a partir do século XVI por franceses e ingleses, principalmente puritanos, que estavam sendo perseguidos na Europa por questões religiosas. Do ponto de vista econômico, os Estados Unidos é o país mais rico e desenvolvido da região (e do mundo). Possui um parque industrial muito 27 desenvolvido, mão de obra qualificada e grande produção de produtos manufaturados (automóveis, eletrônicos, equipamentos de informática, automóveis, máquinas, entre outros). Os Estados Unidos também se destacam na produção agrícola e de petróleo. Porém, é no Canadá que encontramos uma situação de melhor qualidade de vida e melhor distribuição da renda. 3.2 Canadá Contar a história do Canadá requer voltar um pouco à Europa do século XVI, porque o movimento de colonização francês na América foi extremamente atrasado, posterior aos movimentos de Portugal e Espanha e mesmo de Inglaterra e Holanda, e isso se deve a vários fatores, internos e externos. No século XV, enquanto Portugal e Espanha já haviam formado um Estado Nacional e iniciavam a expansão ultramarina, a França enfrentava a Inglaterra na Guerra dos Cem Anos (1337-1453) e sofreria as consequências dessa guerra ainda até o início do século XVI . Após a guerra, os reis procuraram aumentar a centralização do poder, mas enfrentaram problemas financeiros, a oposição de 28 setores da nobreza feudal, ao mesmo tempo em que o país envolveu-se em diversas guerras. Ainda no século XVI, desenvolveram-se as “guerras de religião” envolvendo o Partido Papista dos católicos, apoiados pela realeza, e o Partido Huguenote, onde se reuniam os protestantes calvinistas. Do ponto de vista externo, a França teria que chocar-se com a Espanha, maior potência da época, por ser detentora de um vasto império colonial. Dentre as tentativas francesas, podemos citar alguns episódios interessantes: O rei Francisco I contestou o Tratado de Tordesilhas e os direitos de espanhóis e portugueses, porém não teve condições de confrontar-se com esses países na disputa por terras na América. A França ainda estava envolvida nas Guerras da Itália (1494-1516) e ao mesmo tempo priorizava os laços de comércio com os turcos otomanos no Mediterrâneo, garantindo lucros a uma parcela da burguesia. Nesse período, as expedições realizadas por Jacques Cartier foram financiadas pelo rei, que pretendia encontrar metais preciosos na região do atual Canadá, chamada então Nova França, mas que ainda não seria colonizada no século XVI. Na Flórida houve uma tentativa de colonização comandada por Jean Ribaut entre 1563-67, onde foi fundada a cidade de Charlesfort, posteriormente destruída pelos espanhóis, assim como ocorreu no Rio de Janeiro, com a França Antártica, fundada por Nicolau de Villegagnon, entre 1555-67, destruída pelos portugueses. Por trás das duas tentativas estavam os calvinistas; porém as guerras de religião fizeram com que essa política colonial fosse efêmera. As disputas políticas internas, marcadas principalmente pelas “Guerras de Religião”, que se prolongaram pela Segunda metade do século XVI, impediram o desenvolvimento de uma política de expansão ultramarina. O início da Dinastia Bourbon, com o reinado de Henrique IV, possibilitou maior centralização política, em um processo de formação do absolutismo, tendo na política mercantilista sua base econômica. O Estado concedeu o monopólio de colonização e de comércio para empresas privadas, responsáveis pela instalação 29 dos primeiros núcleos de colonização efetiva, destacando-se Quebec, as margens do Rio São Lourenço. Porém, durante as décadas seguintes, o interesse no comércio de peles com os indígenas suplantou a política de colonização. O site do governo do Canadá também conta que na procura de um novo caminho para os ricos mercados do oriente, os exploradoresfranceses e ingleses navegavam pelas águas da América do Norte. Construíram vários postos – os franceses ficavam, na sua maioria, às margens do Rio São Lourenço, Grandes Lagos e Rio Mississipi. Os ingleses, por sua vez, ficavam em torno da Baía de Hudson e na costa atlântica. Embora exploradores como Cabot, Cartier e Champlain jamais tenham encontrado o caminho para a China e para a Índia, encontraram algo tão valioso quanto o que procuravam: ricas águas piscosas e abundantes populações de castores, raposas e ursos, todos valiosos por sua pele. A colonização permanente dos franceses e ingleses começou no limiar dos anos 1600 e cresceu durante todo o século. Junto com os povoados veio a atividade econômica, mas as colônias de Nova França e Nova Inglaterra permaneciam economicamente dependentes do comércio de peles e política e militarmente dependentes de suas metrópoles. Inevitavelmente, a América do Norte tornou-se o foco de amargas rivalidades entre a Inglaterra e a França. Após a queda da Cidade de Quebec, em 1759, o Tratado de Paris concedeu à Inglaterra todo o território francês a leste do Mississipi, com exceção das ilhas de St. Pierre e Miquelon, próximas à Ilha de Terra Nova. Sob o governo inglês, os 65000 habitantes de língua francesa do Canadá tinham um único objetivo: guardar suas tradições, língua e cultura. Em 1774, a Grã- Bretanha aprovou o Ato de Quebec, que reconhecia oficialmente os direitos civis franceses e garantia liberdade religiosa e linguística. Um grande número de colonos de língua inglesa, chamados Legalistas porque queriam se manter fiéis à Coroa Britânica, procurou refúgio no Canadá, depois que os Estados Unidos da América tornaram-se independentes, em 1776. Estabeleceram-se principalmente nas colônias de Nova Escócia e Novo Brunswick e às margens dos Grandes Lagos. O aumento da população levou à criação, em 1791, do Alto e Baixo Canadá, hoje Ontário e Quebec, respectivamente. Ambos foram autorizados a ter suas 30 próprias instituições governamentais representativas. As rebeliões no Alto e Baixo Canadá, em 1837 e 1838, levaram os ingleses a reunir as duas colônias, formando assim a Província do Canadá. Em 1848, a colônia unida foi autorizada a ter um governo autônomo, exceto no que se referia às questões de relações exteriores. O Canadá ganhava maior autonomia, mas continuava sendo parte do Império Britânico. As colônias britânicas norte-americanas, Canadá, Nova Escócia, Novo Brunswick, Ilha do Príncipe Eduardo e Terra Nova, cresceram e prosperaram independentemente. Mas, com a ascensão dos Estados Unidos, agora mais poderosos com o fim da Guerra Civil, alguns políticos acharam que a união das colônias inglesas era o único modo de afastar eventuais possibilidades de anexação. Em 1º de julho de 1867, o Canadá Leste e o Canadá Oeste, a Nova Escócia e a Novo Brunswick uniram-se sob os termos do Ato da América do Norte Britânica e tornaram-se o Domínio do Canadá. O governo do novo país baseava-se no sistema parlamentarista britânico, com um governador geral (representante da Coroa) e um Parlamento que consistia da Câmara dos Comuns e do Senado. O Parlamento recebia o poder de legislar sobre assuntos de interesse nacional (impostos e defesa nacional, por exemplo), enquanto que às províncias eram outorgados poderes sobre assuntos de interesse local (propriedade, direitos civis, educação). Logo após a Confederação, o Canadá começou a se expandir para o noroeste. A Terra de Rupert, uma área que se estendia pelo sul e oeste, por centenas de quilômetros a partir da Baía de Hudson, foi comprada pelo Canadá da Companhia da Baía de Hudson, que havia ganhado o vasto território do Rei Carlos da Inglaterra, em 1670. A expansão para o oeste não se deu sem dificuldades. Em 1869, Louis Riel liderou uma insurreição dos Métis na tentativa de defender seus direitos ancestrais pela terra. Chegou-se a um consenso em 1870 e uma nova província, Manitoba, foi delineada a partir da Terra de Rupert. A Colúmbia Britânica, colônia da Coroa desde 1858, decidiu juntar-se ao Domínio em 1871, com a promessa de uma ferrovia que a ligasse com o resto do país. Em 1873, foi a vez da Ilha do Príncipe Eduardo. Em 1898, o território de 31 Yukon, ao norte, foi oficialmente estabelecido a fim de assegurar a jurisdição canadense sobre a área durante a corrida do ouro de Klondike. Em 1905, duas novas províncias se formaram a partir da Terra de Rupert: Alberta e Saskatchewan. O que sobrou tornou-se os Territórios do Noroeste. Terra Nova preferiu continuar como colônia inglesa até 1949, quando tornou-se a décima província do Canadá. A criação de novas províncias coincidiu com um aumento na imigração do Canadá, em especial para o oeste e atingiu o seu pico em 1913, com 400 000 pessoas vindo para o Canadá. Durante o período pré-guerra, o Canadá lucrou com a próspera economia mundial e se estabeleceu como uma potência industrial e agrícola. A contribuição substancial do Canadá durante a Primeira Guerra Mundial fez com que recebesse uma representação distinta da Grã-Bretanha na Liga das Nações, após a guerra. A sua voz independente tornou-se cada vez mais articulada e, em 1931, a autonomia constitucional do Canadá foi confirmada com a aprovação do Estatuto de Westminster. No Canadá, como em qualquer outro lugar, as consequências da Grande Depressão de 1929 trouxeram tempos difíceis. Um em cada quatro trabalhadores estava desempregado e as províncias de Alberta, Saskatchewan e Manitoba estavam arrasadas pela seca. Ironicamente, foi a necessidade de servir às Forças Aliadas, durante a Segunda Guerra, que fez o Canadá sair da Depressão. O país emergiu da guerra como a quarta maior potência industrial. Desde a Segunda Guerra, a economia do Canadá tem se expandido. Este crescimento, combinado a programas sociais do governo, tais como ajuda de custo às famílias, aposentadoria, assistência e seguro-desemprego, tem dado aos canadenses um alto padrão de vida e uma qualidade de vida invejável. Mudanças visíveis têm ocorrido nas correntes de imigração do país. Antes da Segunda Guerra, a maioria dos imigrantes vinha das Ilhas Britânicas ou do leste europeu. Desde 1945, um número crescente de pessoas do sul da Europa, da Ásia, da América do Sul e também das ilhas do Caribe tem enriquecido o mosaico multicultural do Canadá. No cenário internacional, a reputação e a influência do Canadá acompanharam o seu desenvolvimento e maturidade. O Canadá tem participado das 32 Nações Unidas desde a sua criação e é a única nação a participar das mais importantes operações da ONU em prol da paz mundial. É também membro da Comunidade Britânica, da la Francophonie, do Grupo dos Sete países industrializados, da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e da Defesa Aeroespacial da América do Norte (NORAD). O último quarto de século XX assiste ao país se debatendo novamente com questões sobre a sua identidade nacional. O descontentamento entre muitos quebequenses de língua francesa levou a província, em 1980, a um plebiscito. A questão era se Quebec deveria ou não tornar-se mais politicamente autônoma em relação ao Canadá. A maioria decidiu manter a atual situação da província. Em 1982, o processo sobre a reforma constitucional culminou na aprovação do Ato Constitucional. Segundo o Ato, o Ato da América do Norte Britânica, de 1867, e suas várias emendas tornaram-se os Atos Constitucionais 1867-1975. A Constituição, a sua Carta de Direitos e Liberdades e a sua fórmula geral de emendas estão redefinindo as funções e poderes dos governos federal e das províncias e estabelecem os direitos individuais e os dos grupos étnicos. Dois grandes esforços foram feitos no sentido de se reformar o sistema constitucional: o Acordo do Lago Meech, de 1987, que não foi implementado por não obter anuência legislativa de todas asprovíncias e o Acordo de Charlottetown, de 1991. Este teria reformado o Senado e feito grandes mudanças na Constituição. Foi decisivamente rejeitado pelos canadenses em um plebiscito nacional em 26 de outubro de 1992. Por ter sido colonizado por dois povos rivais, enriquecido por várias culturas, línguas e religiões e marcado por uma geografia altamente diversificada, o Canadá não poderia deixar de ser uma terra de concessões. “Unidade na diversidade” poderia ser o seu lema. O espírito de modernização e tolerância caracterizam a federação canadense e asseguram a sua sobrevivência, diz o Governo do Canadá em sua página na internet. 33 3.3 Estados Unidos Escolher um caminho para contar a história dos EUA é muito difícil devido uma gama de autores serem desde o começo extremamente críticos e outros na mesma proporção, enaltecedores da cultura americana desde a colonização inglesa. Na visão exposta por Morais, Purdy e Fernandes (2011) os ingleses, no século XIX, tinham certeza de pertencerem ao melhor país do mundo, com uma capacidade muito superior não apenas a “bárbaros” africanos e asiáticos, mas também em relação aos próprios europeus. Para melhor cumprirem a “missão civilizadora do homem branco”, a civilização britânica constituiu sociedades geográficas, museus antropológicos, jardins zoológicos, expedições para achar as nascentes do Nilo, atlas luxuosos e explicações ditas científicas (como o darwinismo social) para o “atraso” dos outros povos. De muitas formas, os europeus em geral (e os britânicos em particular) queriam classificar o mundo e reforçar a hierarquia profunda que dividia a Europa Ocidental do resto do planeta. O ser humano, na visão de muitos europeus do século XIX e parte do XX, tinha chegado ao seu apogeu em Londres, Paris e outros focos. Restava espalhar as luzes da civilização europeia sobre as áreas obscuras que ainda não partilhavam dos valores e do progresso que vicejava nas margens abençoadas do Tâmisa e do Sena. Enfim, vamos partir para fatos que marcaram os Estados Unidos da América do Norte sem entrar no mérito dos posicionamentos acima. Antes da Independência, os EUA eram formados por treze colônias controladas pela metrópole: a Inglaterra. Dentro do contexto histórico do século XVIII, os ingleses usavam estas colônias para obter lucros e recursos minerais e vegetais não disponíveis na Europa. Era também muito grande a exploração metropolitana, com relação aos impostos e taxas cobrados dos colonos norte- americanos (POMER, 1981). O processo de formação desse país conta com dois tipos de colonização inglesa na região no século XVII: a) Colônias do Norte: região colonizada por protestantes europeus, principalmente ingleses, que fugiam das perseguições religiosas. Chegaram na América do Norte com o objetivo de transformar a região num próspero lugar para a habitação de suas famílias. Também chamada de Nova Inglaterra, a região sofreu 34 uma colonização de povoamento com as seguintes características: mão de obra livre, economia baseada no comércio, pequenas propriedades e produção para o consumo do mercado interno. b) Colônias do Sul: colônias como a Virginia, Carolina do Norte e do Sul e Geórgia sofreram uma colonização de exploração. Eram exploradas pela Inglaterra e tinham que seguir o Pacto Colonial. Eram baseadas no latifúndio, mão de obra escrava, produção para a exportação para a metrópole e monocultura. A guerra dos Sete Anos, foi outro evento importante que ocorreu entre a Inglaterra e a França entre os anos de 1756 e 1763. Uma guerra pela posse de territórios na América do Norte e a Inglaterra saiu vencedora. Mesmo assim, a metrópole resolveu cobrar os prejuízos das batalhas dos colonos que habitavam, principalmente, as colônias do norte. Com o aumento das taxas e impostos metropolitanos, os colonos fizeram protestos e manifestações contra a Inglaterra. A Inglaterra resolveu aumentar vários impostos e taxas, além de criar novas leis que tiravam a liberdade dos norte-americanos. Dentre estas leis podemos citar: Lei do Chá (deu o monopólio do comércio de chá para uma companhia comercial inglesa); Lei do Selo (todo produto que circulava na colônia deveria ter um selo vendido pelos ingleses), Lei do Açúcar (os colonos só podiam comprar açúcar vindo das Antilhas Inglesas). Estas taxas e impostos geraram muita revolta nas colônias. Um dos acontecimentos de protesto mais conhecidos foi a Festa do Chá de Boston (The Boston Tea Party). Vários colonos invadiram, a noite, um navio inglês carregado de chá e, vestidos de índios, jogaram todo carregamento no mar. Este protesto gerou uma forte reação da metrópole, que exigiu dos habitantes os prejuízos, além de colocar soldados ingleses cercando a cidade. Os colonos do norte resolveram promover, no ano de 1774, um congresso para tomarem medidas diante de tudo que estava acontecendo. Este congresso não tinha caráter separatista, pois pretendia apenas retomar a situação anterior. Queriam o fim das medidas restritivas impostas pela metrópole e maior participação na vida política da colônia. Porém, o rei inglês George III não aceitou as propostas do congresso, muito pelo contrário, adotou mais medidas controladoras e restritivas como, por exemplo, 35 as Leis Intoleráveis. Uma destas leis, conhecida como Lei do Aquartelamento, dizia que todo colono norte-americano era obrigado a fornecer moradia, alimento e transporte para os soldados ingleses. As Leis Intoleráveis geraram muita revolta na colônia, influenciando diretamente no processo de independência. Durante o Segundo Congresso da Filadélfia, em 1776, os colonos se reuniram com o objetivo maior de conquistar a independência. Durante o congresso, Thomas Jefferson redigiu a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América. Porém, a Inglaterra não aceitou a independência de suas colônias e declarou guerra. A Guerra de Independência, que ocorreu entre 1776 e 1783, foi vencida pelos Estados Unidos com o apoio da França e da Espanha. Em 1787, ficou pronta a Constituição dos Estados Unidos com fortes características iluministas. Garantia a propriedade privada (interesse da burguesia), manteve a escravidão, optou pelo sistema de república federativa e defendia os direitos e garantias individuais do cidadão (POMER, 1981). 36 UNIDADE 4 – AMÉRICA ESPANHOLA 1492 foi o ano em que Cristóvão Colombo aportou na ilha que hoje é Santo Domingo, capital da República Dominicana e que passou a representar uma grande conquista e praticamente um eldorado de oportunidades para os espanhóis. Pena que não a recíproca não foi verdadeira para os habitantes do novo mundo. Pelo contrário, para os povos de cá passou a ser momento de tortura, trabalho escravo, um total submetimento ao jogo europeu. Claro que nos primeiros contatos tentaram ser amistosos, assim como foram os portugueses com os índios brasileiros, mas durou pouco. Vejamos o mapa com as rotas da expansão marítima dos conquistadores europeus: A busca por riquezas e a conversão dos índios ao cristianismo foram, entre outros fatores, as bases motivadoras do projeto colonial em território americano. O segundo objetivo era constantemente utilizado para mascarar o primeiro e em busca deste, inúmeras atrocidades foram cometidas contra os povos dominados. A cruel matança de indígenas, bem como a ganância e a sede espanhola por metais preciosos, foi muito bem retratada por Frei Bartolomé de Las Casas (2001) 37 (testemunha ocular de tais acontecimentos), que jamais ficou calado diante do tratamento desumano dispensado pelos colonizadores aos povos nativos: A causa pela qual os espanhóis destruíram tal infinidade de almas foi unicamente não terem outra finalidade última senão o ouro, para enriquecer em pouco tempo, subindo de um salto a posições que absolutamente não convinham a suas pessoas.Enfim não foi senão a sua avareza que causou a perda desses povos e quando os índios acreditaram encontrar algum acolhimento favorável entre esses bárbaros, viram-se tratados pior que os animais e como se fossem menos ainda que o excremento das ruas; e assim morreram sem fé e sem sacramentos, tantos milhões de pessoas (LAS CASAS, 2001, p. 32). Ao invés de abordar a colonização pelo viés do extermínio indígena (como o fez Las Casas), Vicente Tapajós (1968) preferiu defender a tese de que os primeiros momentos na América foram de pouca paz devido a divergências existentes entre os próprios colonizadores, bem como causados por desacertos ocorridos no processo de administração das terras conquistadas. Sejamos justos e concisos: uns povos de longe chegam e invadem tudo com objetivo final de enriquecimentos, escravizam, tortura, matam. E a culpa é dos povos que já se encontravam vivendo aqui? Talvez o desenvolvimento não devesse passar por esse caminho? Talvez não houvesse outro caminho? Como nossas mentes são livres, fiquem a vontade para refletir e tirar suas conclusões. Enfim, depois de alguns séculos de dominação e exploração, o Sistema Colonial Ibérico entrou em grave crise, provocada pelo desenvolvimento do Capitalismo Industrial, que não permitia as barreiras do monopólio comercial e a continuidade do regime de trabalho escravo. E a história nos leva à Independência das Colônias Espanholas da América, a qual passa pelas revoltas nacionalistas que ocorreram no período de 1810 a 1828. Simón Bolívar e San Martin foram os principais líderes dessas revoltas, principalmente na América do Sul. Também tivemos apoio da Inglaterra e dos Estados Unidos: desenvolvendo a industrialização, a Inglaterra apoiou a independência latino-americana, tendo interesse em expandir seu Mercado Consumidor de produtos industrializados. Com a Doutrina Monroe (a América para os americanos), os Estados Unidos já revelaram suas pretensões de manter o continente americano sob sua influência (LUIZ, 2012). Vejamos mais um pouco dessa história. 38 O processo de independência ganhou força no começo do século XIX, aproveitando a fragilidade política em que se encontrava a Espanha, após a invasão das tropas napoleônicas. As lutas pela independência ocorreram entre os anos de 1810 e 1833. Vale ressaltar que o grau de insatisfação e revolta da população americana com o domínio espanhol havia atingido o ponto máximo no começo do século XIX. Foi nesta época também que os criollos conseguiram organizar movimentos emancipacionistas em todos os vice-reinos. Ao contrário do que aconteceu no Brasil, o processo de independência das colônias espanholas foi violento, pois houve resistência militar por parte da Espanha. As guerras de independência geraram milhares de mortes de ambos os lados. Os movimentos de independência, embora liderados pelos criollos, contou com a participação de negros, mestiços, brancos das camadas mais pobres e até mesmo de indígenas. As colônias estavam divididas administrativamente em quatro vice-reinos (Nova Granada, Nova Espanha, Rio da Prata e Peru) e quatro capitanias-gerais (Chile, Venezuela, Guatemala e Cuba). Após o processo de independência, estes vice-reinos foram divididos e tornaram-se países. O vice-reino do Rio da Prata, por exemplo, transformou-se, após ser dividido, nos atuais: Paraguai, Argentina, Bolívia e Uruguai. Enquanto o Brasil seguiu o sistema monárquico após sua independência em 1822, os países que se formaram com a independência das colônias espanholas adoram a República. Anos da independência dos principais países da América Espanhola: • México – 1821; • Peru – 1821; • Argentina – 1816; • Paraguai – 1813; • Uruguai – 1815; • Venezuela – 1811; 39 • Bolívia – 1825; • Colômbia – 1811; • Equador – 1811; • Chile – 1818. Os principais líderes das lutas pela independência nos países da América Espanhola foram Simón Bolivar e San Martín. a) Simón Bolivar: militar e político venezuelano, foi de fundamental importância nos processos de independência da Colômbia, Bolívia, Equador, Venezuela, Panamá e Peru. Ganhou em 1813, na Venezuela, o título honorífico de Libertador. b) José de San Martín: general argentino, foi decisivo nos processos de independência da Argentina, Chile e Peru. Consequências das “independências”: • ascensão política dos criollos nas ex-colônias; • conquista da liberdade econômica, que favoreceu financeiramente e politicamente a aristocracia; • criação de dependência econômica com relação à Inglaterra, maior potência mercantil do século XIX; • infelizmente, a independência política não significou a diminuição das desigualdades e injustiças sociais nas ex-colônias espanholas. A pobreza e miséria continuaram como realidade para grande parte da população; • instalação do sistema republicano em que, através das eleições, as elites se perpetuavam no poder (POMER, 1981; BARBOSA, 1997). Guarde... A maioria dos países latino-americanos tornou-se independente já na primeira metade do século XIX. Esse processo foi motivado por inúmeros fatores, com destaque para as lutas pela abolição da escravidão, as revoltas dos nativos que sobreviveram à ocupação europeia e, principalmente, os conflitos provocados pelo 40 choque de interesses entre os colonizadores e as novas elites, que foram se constituindo ao longo de três séculos de colonização (CARVALHO; PEREIRA, 2009). Essas elites, genericamente denominadas criollas, eram descendentes dos colonizadores, mas não podiam exercer o poder político nas colônias por terem nascido e se formado na América. Com a conquista da independência, começaram a surgir conflitos de interesse entre as elites criollas distribuídas por diferentes locais, o que levou à fragmentação das colônias em diversos territórios e deu origem à maioria dos países que hoje compõem a América de colonização espanhola. As tentativas de unificação do território não foram tão fortes quanto os interesses das elites locais. Isso explica porque as fronteiras dos países latino- americanos são, de maneira geral, mais fragmentadas do que as antigas fronteiras coloniais. No México, por exemplo, os índios e mestiços, liderados por padres da Igreja Católica, iniciaram em 1810 um intenso processo de lutas de libertação, motivados principalmente pela perspectiva de que, num país independente, teriam acesso à propriedade das terras onde trabalhavam. Os colonizadores espanhóis e a elite local mexicana associaram-se contra esses levantes populares, e, após sufocarem as rebeliões, as elites locais assumiram a condução do processo de independência, concluído em 1821. Após a independência, as fronteiras mexicanas chegaram a englobar um território duas vezes maior que o atual. Além das terras que perdeu para os Estados Unidos, o México chegou a incorporar, por um curto período, praticamente toda a porção continental da América Central. As províncias da América Central, com exceção do território hoje correspondente ao Panamá, que fazia parte da Colômbia, formaram, em 1823, as Províncias Unidas do Centro da América. A Confederação, posteriormente, fragmentou-se nos diversos países que compõem essa parte do continente. 41 Países que faziam parte das Províncias Unidas do Centro da América Tais processos estavam diretamente relacionados com os arranjos territoriais promovidos, principalmente, pelos interesses das elites locais que, a exemplo do que ocorreu no México, tiveram um forte papel na condução dos processos de independência dos países latino-americanos. Entretanto, a definição das fronteiras de alguns países da América espanhola não ocorreu exclusivamente dos confrontos entre as diversas elites criollas. Em alguns casos, essas elites se associaram aos remanescentes dos antigos povos e sociedades indígenas que, quando não foram totalmentedizimados, permaneceram resistindo e lutando pela afirmação de sua identidade cultural (CARVALHO; PEREIRA, 2009). 42 UNIDADE 5 – AMÉRICA PORTUGUESA Vamos fazer um recorte no tempo e no espaço, passando ao largo pelo descobrimento do Brasil no ano de 1500, embora sabedores de que a história verdadeira é muito mais complexa e mais antiga do que aprendemos nos livros de História colegiais (Vale a pena ler A Construção do Brasil de Jorge Couto, 2011 lançado pela Editora Forense, onde encontrarão detalhes minuciosos e interessantes dessa saga portuguesa). O percurso foi muito parecido com o feito pela Espanha, mas felizmente a brutalidade usada foi amena em relação a ela. Na colonização do Brasil, os portugueses demoraram a encontrar as minas de ouro, mas ainda assim desenvolveram aqui uma colônia de exploração e, em um primeiro momento, beneficiaram-se com a exploração do pau-brasil. Dom Sebastião, rei de Portugal na época, declarou a exploração de pau-brasil uma exclusividade da metrópole, sendo que quem quisesse retirar árvores deveria ter autorização da coroa, além de realizar pagamento de tributos. Na relação entre o Brasil e Portugal, outra técnica foi usada: a proibição de estabelecimentos de manufaturas em terras brasileiras, o que fez com que o Brasil passasse grande parte da fase colonial completamente dependente dos manufaturados produzidos por Portugal. Apenas o açúcar era produzido pelos colonos com a autorização de Portugal e, ainda assim, sem comercialização com outros países. Portugal explorou muitos produtos no Brasil: a) Cana-de-açúcar: o açúcar, produto de grande interesse para o mercado Europeu, começou a chamar atenção dos portugueses que já tinham experiência com a produção da cana de açúcar e encontraram em solos brasileiros as condições ideais para sua produção. O governo, então, passou a conceder terras a estrangeiros e portugueses que pudessem investir na instalação de engenho para a produção do açúcar em barra, mas somente os portugueses comprariam, pois apenas Portugal poderia comercializar com outros países. b) Mineração: ao final do século XVII, Portugal finalmente encontrou o ouro no Brasil, mas a mineração começou a partir de 1700 quando muitos portugueses 43 emigraram para a região das Minas Gerais. Assim como o açúcar, a coroa cedia aos mineradores alguns lotes e todas as minas encontradas deveriam ser informadas ao rei que ficaria com 20% de todo o ouro encontrado. Vamos falar um pouco do mercantilismo?! As perspectivas da política mercantilista2 e em seguida, em sua etapa do capitalismo comercial também prevaleceram na colonização da América portuguesa. São características do mercantilismo: a) Metalismo. Acreditava-se que a riqueza de um país era marcada pelo acumulo de metais preciosos. b) Balança Comercial Favorável: para o país ter uma economia desenvolvida era preciso exportar mais e importar menos, o que prevalece até hoje! c) Sistema Colonial: é através da colonização do Novo Mundo (América), que os países europeus vão enriquecer, acumular capital. A exploração das colônias se deu através do pacto colonial como já vimos. O pacto colonial subordinava a colônia a sua metrópole, e desta maneira, cabia a metrópole tomar as decisões econômicas e políticas com relação a colônia. 5.1 América portuguesa Pré-Colonial: (1500-1530) Nos trinta primeiros anos da chegada dos portugueses ao Brasil, o governo português não tomou medidas que visavam a colonização do Brasil. Nesse período, o interesse econômico da metrópole portuguesa estava voltada para o comércio de especiarias nas Índias, e para a exploração da costa africana (ilhas de Açores, Cabo Verde e Madeira). No entanto, Portugal enviava ao Brasil, expedições de reconhecimento, que tinham como principal objetivo buscar riquezas no território brasileiro. Umas das riquezas encontradas no litoral, na Mata Atlântica, foi o pau- brasil, que era utilizado principalmente para pintar tecidos, pois dele era extraída a cor vermelha. Vejamos a seguir, as principais características do extrativismo do pau- brasil. Como características desse período extrativista, temos: • estanco (o produto era um monopólio real); 2 O mercantilismo é a política econômica, na qual o Estado faz a sua intervenção na economia. 44 • a extração era feita com a mão de obra do índio, que recebia em troca do seu trabalho presentes, bugigangas (troca de trabalho por presente = escambo); • a madeira era armazenada em feitorias construídas no litoral; • o extrativismo do pau-brasil foi uma atividade predatória. Um dos problemas surgidos nesse momento veio das invasões francesas para roubar o pau-brasil, então, na solução do problema, Portugal enviou as chamadas expedições Guarda-costas para vigiar o litoral brasileiro. Para completar, Portugal viu que o comércio para as Índias já não estava tão rentável, que as invasões mostravam que nosso país tinha riquezas cobiçadas e aí sim, enviou sob a chefia de Martins Afonso de Sousa, em 1530, a primeira expedição para iniciar o processo de colonização do Brasil. 5.2 América portuguesa no período colonial: (1530-1 822) Chegamos ao período das Capitanias Hereditárias ou Donatárias! Sistema administrativo da colônia implantado por Portugal para colonizar o Brasil. O Brasil foi dividido em 14 capitanias, e estas foram doadas a pessoas da nobreza portuguesa. Neste sistema administrativo, o poder era descentralizado e funcionava baseado em dois documentos: a Carta de Doação e o Foral (documento no qual constava os direitos e deveres dos donatários). Somente São Vicente e o Pernambuco prosperaram. O sucesso do Pernambuco estava relacionado à produção e exportação do açúcar. 45 Entretanto, as Capitanias Hereditárias fracassaram e Portugal implantou o Governo Geral na colônia, objetivando que a colonização seguisse pelo modelo centralizador. Tomé de Sousa foi o primeiro governador geral do Brasil e para promover tal centralização foi construída a primeira capital do Brasil, Salvador na Bahia. Também aí foi instalado o primeiro Bispado selando uma aliança entre Igreja e Estado. No governo de Duarte da Costa, 2º governador geral, os franceses instalaram no Rio de Janeiro a colônia “França Antártica”. Eles fugiam das guerras religiosas entre católicos e protestantes que acontecia na França. Foi no governo do terceiro governador geral, Mem de Sá que ocorreu a Confederação dos Tamoios, a grande guerra entre os índios e os portugueses, sendo os primeiros apoiados pelos franceses. Após combater os índios, os portugueses expulsaram os franceses do Brasil. Quanto à economia do Brasil à época da colonização, voltamos à cana-de- açúcar que foi a primeira atividade econômica que promoveu a colonização do Brasil. O principal centro de produção de açúcar, como já visto, foi a Capitania do Pernambuco. Dentre os motivos que explicam o seu sucesso, podemos mencionar a 46 riqueza do solo (massapé), o clima, a proximidade da Europa e a presença do capital holandês. Os holandeses financiaram a produção do açúcar e em troca receberam o monopólio do refino e da distribuição do açúcar na Europa. O açúcar foi a principal atividade econômica do Brasil, nos século XVI e XVII. São características da economia açucareira: • lavoura que favorecia o latifúndio; • monocultura; • mercado externo; e, • escravidão (predomínio da escravidão negra). Essas características eram típicas das colônias de exploração e é denominada de plantation. No século XVII, com a expulsão dos holandeses do nordeste e a produção do açúcar nas Antilhas, a produção do açúcar no Brasil, entrou em decadência. A sociedade no Brasil colonial (séculos XVI e XVII) era tipicamente formada por dois grupos básicos: os senhores de engenhos e os escravos. Uma sociedade do tipo